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Por vezes nos deparamos com indivíduos que, a partir das suas decisões ou daquilo que outros
homens e mulheres fizeram e fazem com suas palavras, mudam todo o mundo. Inegavelmente um deles
chamou-se Jesus.
Por mais que esse indivíduo possa ser considerado excepcional, ele é filho de seu tempo (como
todos nós o somos); durante o século I, no contexto da comunidade judaica da então província da Judeia do
Império Romano, haviam três grupos principais: os saduceus, aristocratas e administradores do templo que
pregavam uma interpretação rigorosa da Lei de Moisés e davam pouca
importância para justiça social; os fariseus, que pregavam uma
discussão e interpretação da Lei mosaica com maior comprometimento
social; e os essênios, comunidades semimonásticas cujos membros
faziam votos de comprometimento com Deus (de pobreza, de não
falar, etc.) e acreditavam na ressurreição física do corpo relacionada
com o advento do reino de Deus. Além disso, frente à dominação
romana, havia uma expectativa que Deus enviaria um messias para
libertar o povo judeu.
1. O que você compreendeu como “filho do seu tempo”? Os três grupos narrados no parágrafo
anterior podem dizer algo sobre a existência do personagem histórico Jesus?
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Jesus de Nazaré é filho desse contexto. Pouco se sabe do homem Jesus. Não existem fontes sobre
ele, mas é consenso entre os historiadores que um indivíduo que deixou um legado tão transformador não
pode ser uma farsa histórica. O que sabemos sobre ele são relatos indiretos, especialmente contidos nos
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Evangelhos (textos que narram a vida de Jesus Cristo), escritos muitos anos após a sua morte. Por
exemplo, o mais antigo Evangelho, o de Mateus, foi escrito após o ano de 70 d.C, aproximadamente 30
anos após sua morte (cuja data também não é precisa). Constam nesses relatos que Jesus pregava o advento
do Reino dos Céus, o dia em que Deus viria à terra. Uma forma de se aproximar de Deus era através do
arrependimento sincero dos pecados, da pobreza como valor e do amor ao próximo, seja ele quem fosse.
Esse amor encontrava-se no íntimo, no interior de cada indivíduo, o que distanciava Jesus das autoridades
do tempo; ele criticava os rituais e as proibições, pregando um retorno à ética da Lei: “tudo o que vós
quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mateus, 7: 12).
Jesus passa a ser visto como ameaçador pelas autoridades hebraicas e pelas autoridades Romanas,
que temiam uma revolta. É preso, condenado e morto por crucificação. Após sua morte, passa a circular a
história de que Jesus teria ressuscitado no terceiro dia de sua morte. Tal fato foi interpretado como prova de
que Jesus não era apenas um profeta ou mesmo o messias, mas sim o próprio salvador divino. Os
apóstolos de Cristo passaram a viajar pelo Império, pregando seus ensinamentos. Mesmo assim, nos anos
subsequentes, a crença não passava de uma seita ligada a parte da comunidade judaica.
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Mas, por que o Cristianismo cresceu por todo o Império? A ideia cristã de um Salvador divino, de
um Pai interessado e um amor fraternal inspirou muitos, especialmente entre pobres, escravos e mulheres
(considerados socialmente inferiores), já que todos eram iguais aos olhos do Deus-salvador. Os deuses
clássicos, como Júpiter, Netuno ou Marte, não possuíam essa relação direta com seus fiéis.
Além disso, pouco a pouco desenvolveu-se a
Igreja cristã enquanto instituição, com sua hierarquia
que ligava comunidades, sacerdotes (responsáveis por
um conjunto de fiéis) e bispos (responsáveis por
grandes cidades ou regiões), responsável por disseminar os ensinamentos de Jesus e proteger seus fiéis
dentro do possível. Roma possuía o bispado mais importante, tanto por ser a capital do Império, quanto
pelo fato de que lá faleceram Paulo de Tarso e São Pedro, a quem, segundo a tradição cristã, Jesus havia
confiado a fundação da sua igreja: “tu és Pedro, e sobre essa pedra fortalecerei a minha Igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão sobre ela” (Mateus, 16:18)
O fato de Roma ser um Império universal facilitou a difusão do cristianismo por sua rede de
estradas e pela língua grega (falada em quase todo o império). O crescimento dos cristãos logo tornou-se
“perigoso”, e os mesmos foram considerados inimigos da ordem social em parte por não participarem dos
cultos públicos onde não reconheciam os deuses oficiais nem os
imperadores falecidos (que eram cultuados como deuses). Sua fidelidade era
apenas à Deus e à Jesus, que aos olhos dos romanos era um criminoso
condenado. Também não frequentavam as lutas de gladiadores, os banhos
públicos e eram pacifistas, o que os afastava muito dos costumes romanos.
Diversas perseguições foram organizadas contra os cristãos, como a de Nero
(64), as de Décio, Galo, Valeriano (250-260), quando foram criadas leis
contra os cristãos e as de Diocleciano (303-305).
4. Cite os fatores que explicam a disseminação, ainda que limitada, do cristianismo pelo Império
Romano:
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Uma mudança significativa acontece quando um imperador chamado Constantino (que governou
entre 306 e 337). Roga uma tradição que Constantino, nas vésperas da batalha da Ponte Mílvia contra
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Maxêncio, sonhou com uma cruz onde estava escrito in hoc signo vinces (sob este signo vencerás). No dia
seguinte ele vence a batalha e manda inserir signos cristãos (XP) em seus estandartes e nos escudos dos
soldados.
A conversão de Constantino é até hoje motivo de controvérsias: teria ele mesmo se convertido? Se
sim, foi uma jogada política? Foi sincera? Levando em conta o fato de que, mesmo com um crescimento
por todo o Império, os cristãos não passavam de 5-10% da população total do Império, não nos parece
apenas uma jogada política. De qualquer forma, em 313 ele promulga o Édito de Milão que legaliza o
Cristianismo. A livre circulação dos ensinamentos da Igreja, somadas às leis favoráveis e ao financiamento
pessoal do Imperador na organização da Igreja levou a um enorme crescimento do cristianismo. Calcula-se
que a proporção de cristãos no império no momento da morte de Constantino (337) era de 50%.