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Formação e consolidação do

Feudalismo

Prof. Marcello Paniz Giacomoni


Lembram do Império Romano?
Migrações dos povos germânicos
Reinos germânicos
O mundo que ser forma, ao longo da chamada “Idade
Média” europeia, é uma colcha de costumes romanos
e germânicos, costurada pelo cristianismo...
• Elementos de continuidade:
– latim, propriedade, “espírito das leis” (legislações específicas para
populações romanas), ideia de império, cristianismo
• Elementos de ruptura:
– Relações pessoais em vez de institucionais (res publica)
– Patrimonialismo: Reis = chefes militares
• Comitatus: associações de homens livres a um chefe militar 🡪 nobreza de
serviços
• Privatização do serviço militar
– Declínio da Escrita (inclusive das leis escritas, restritas ao universo da
Igreja)
– Problemas de taxação e manutenção da máquina administrativa (sob
responsabilidade particular)
Reino Franco
Por mais que os Francos fossem o reino germânico mais
bem sucedido, havia problemas...

• Arrecadação de impostos: cedidos ou


terceirizados
• Servidores pagos com benefícios (terras)
– Patrimonialismo x erário (noção que não existia)
• Problema da sucessão:
– Partilha sem primogenitura
– Patrimonialismos sobrepostos, gerando conflitos
Consequências:

Comitatus 🡪 nobreza de serviços 🡪 nobreza


fundiária

A primeira dinastia dos Francos, os Merovíngios,


entra em declínio e é substituída por uma nova
dinastia, dos Carolíngios.

Um desses reis, Carlos Magno, procura fazer uma


série de reformas visando racionalizar a
administração do reino.
Carlos Magno

• Maior extensão do reino Franco a partir das


conquistas militares;
• Proteção do papa frente aos lombardos dão a
Carlos Magno o título de “Imperador dos
Romanos”, no ano de 800.
Carlos Magno
Dificuldades de administrar...
“Estado” Carolíngio
• Limites estruturais do esforço centralizador
– Administração central = palácio
• Não há limite claro entre público e privado
(“funcionários”)
• Segue a problemática da arrecadação
• Não há exército permanente – depende das relações
pessoais do rei com os nobres e guerreiros
– Terra: principal fonte de recursos e forma de
pagamento dos “servidores”
“Estado” Carolíngio
• A administração de Carlos Magno tenta criar formas de
controle no reino:

– Juramento universal (germânico)


• A partir dos 12 anos todos devem jurar ao rei
– Reforma judiciária
• Justiça vinculada ao rei (capitulares) – tentativa de construir uma
“justiça da terra” para substituir uma “justiça dos homens”
– Missi dominici
• Fiscalização do cumprimento das leis e da administração
• Aproximação com Roma
• Fortalecimento da Igreja
“Estado” Carolíngio
Controles regionais
• Condados (aprox. 250)
– Células de administração
– O conde é vassalo direto do rei
• Responsável pelo cumprimento de ordens reais, arrecadação de taxas e exercício da
justiça
– Renda vinha do benefício + 1/3 das taxas
• Reinos satélites
– Conquistas recentes e conflituosos, entregues a carolíngios que
administravam de forma praticamente autônoma
• Ducados
– Territórios com legislação e governantes próprios, mas que deviam tributos
e fidelidade ao rei franco
• Marcas
– Em locais de fronteira, o marquês desempenhava autoridade civil e militar
Renascimento Carolíngio
• Formação de religiosos e funcionários do rei
• Escolas monacais, catedrais e palatinas
• sete artes liberais: o trivium, ou ensino literário (gramática, retórica e dialética) e
o quadrivium, ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música).
A cultura
• Elemento central: religião como política franca
– Hierarquia e disciplina da Igreja Romana sobre o
individualismo germânico, reforçada pelo rei
– Incentivo às regras monásticas, unificando a regra de São
Bento a todos os mosteiros do Império franco (a partir da
organização de Concílios) 🡪 dotando-a de uma missão
missionária
– Processo de subordinação das Igrejas privadas à Igreja real
• Religião responsável pela criação de escolas, dotando
todo o Império de um “verniz de conhecimento”
• Clero = espiritualidade + educação + funcionários do rei
Metáfora do gigante com pés de barro
Um acontecimento fatídico:
as invasões do século IX
Vikings
Sarracenos
Magiares
Magiares
Consequência:
• Ruralização
• Desmonetarização
• Fim do comércio em muitas regiões da Europa
• Descentralização e fragmentação do poder
Castelo de Rochester (Inglaterra), construído pelos normandos no século XII
Castelo de Trujillo, localizado na província espanhola de Cáceres (séculos IX – XII)
Uma forma de arrumar o caos:

Feudalismo
“Esse sistema de poder nunca foi algo pensado e
uniforme. Ele foi uma reação a uma realidade caótica, e
ofereceu alguma ordem, justiça e lei. O auge desse
sistema foi entre os séculos IX e XII”
Relações centrais:

• Suserania e Vassalagem

• Valor guerreiro 🡪 cavalaria

• Servidão
Suserania e Vassalagem
Feudo = doação
Feudo = doação
Homenagem
Valor guerreiro
• Atividade por excelência: Guerra
– Era frequente por todo o mundo feudal

• Formas de conter essa belicosidade:


– Paz e Trégua de Deus
– Código de comportamento: cavalaria
– Torneios
– Cruzadas
Servidão
• Indivíduos presos à terra
• Taxas e impostos devidos:
– Corveia
– Talha / taille
– Per capita
– Heriot
– Banalidades
Outra tentativa de “dar ordem ao caos”:
as 3 ordens
• Oratori
• Bellatori
• Laboratori

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