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Primeiramente cumpre registrar que não fui comunicado acerca de qual foi,

exatamente, o motivo da suspensão definitiva do meu perfil de motorista.

A empresa, sumariamente, me suspendeu definitivamente alegando, genericamente,


que eu teria tido condutas tipificadas como “agressão ou ameaça de agressão com
potencial dano físico ou material”, sem especificar tais condutas, o que viola o
princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, uma vez que, além de ter
sido suspenso definitivamente sem ter tido a oportunidade de apresentar minhas
razões de defesa, vou ter que contestar uma decisão sem, ao menos, saber o real
motivo ensejador dessa decisão.

Entretanto, por dedução, acredito que o fato deva estar relacionado com o ocorrido
ao finalizar a corrida da Rua União, do bairro Harmonia, Canoas, até a Av.
Esperança, no bairro Guajuviras, também em Canoas, já que foi a única corrida que
não transcorreu dentro da normalidade antes da sumaria suspensão.

Sendo, supostamente, este o motivo da suspensão sumária, passo a fornecer


detalhes do ocorrido para que os senhores reconsiderem a injusta decisão de
suspensão definitiva.

Por volta das 03h55min do dia 07/04/2023, recebi a solicitação de corrida


determinada pela empresa 99 para embarcar um passageiro na Rua União, 152,
bairro Harmonia em Canoas, e leva-lo até a Avenida Esperança, 39, bairro
Guajuviras, em Canoas.

No momento do embarque, o passageiro encontrava-se em uma espécie de bar, e


me deu a entender, pelo que vi, que ele havia se envolvido em algum tipo de
desentendimento com alguém por lá, naquele local. Parecia ter participado de
alguma briga com vias de fato.

O deslocamento e execução da corrida ocorreram sem nenhuma intercorrência,


trânsito tranquilo, dentro da normalidade, e direção segura.

Tanto eu quanto o passageiro, fizemos a corrida em silêncio, trocamos algumas


informações somente no que dizia respeito ao destino da corrida, endereço correto,
etc...
Ao chegar no local de desembarque, quando finalizei a corrida, informei ao
passageiro o valor de R$ 18,70, conforme indicado pelo aplicativo 99.

Nesse momento, o passageiro já alterado, começou a questionar o valor, dizendo


que tinha dado R$ 13,00 no momento da chamada. Mostrei a ele, com toda a
educação, os detalhes da corrida onde discrimina o valor, duração, e todas as
informações adicionais para que ele pudesse ver que não havia qualquer tipo de
alteração no valor, e que aquele valor estava correto.

Ato contínuo, o passageiro passou a me ofender verbalmente e me dar socos no


ombro, jogou uma nota de dez reais amassada em cima de mim, dizendo: “vou te
dar isso aí e tu te vira com o resto”. “Se tu quiser, é isso, não vou pagar mais nada”,
demostrando que estava desde o início já decidido a usar da má-fé, prejudicando um
trabalhador que estava às 4h da madrugada de uma sexta-feira santa, trabalhando
para levar o sustento de sua família.

Como o local de desembarque era no bairro Guajuviras, local este hostil, que
sabidamente ocorrem tiroteios, mortes, assaltos dentre outros crimes, já que se trata
de uma área conflagrada pelo tráfico de drogas e disputas entre grupos rivais de
criminosos, temendo pela minha segurança e integridade física, resolvi me afastar
do local, arrancando o carro, e me dirigindo a um local seguro, já que próximo ao
endereço de desembarque havia pessoas paradas no escuro em uma esquina
observando a movimentação.

O passageiro, durante este breve deslocamento, continuou me agredindo com socos


e tentando puxar o volante do veículo para me obrigar a parar.

Assustado e com medo, segui até a Avenida Boqueirão, onde parei o veículo em
local seguro a fim de resolver o impasse.

Destravei as portas do veículo e desembarquei para não mais ser agredido pelo
passageiro e também para tentar chamar a polícia.

Nesse momento o passageiro também desembarcou, bateu a porta do veículo com


exagerada força e começou a desferir chutes contra o carro.
Na tentativa de impedir um dano maior, repeli as injustas agressões do passageiro,
empurrando-o e afastando-o do veículo, no que obtive êxito, visto que ele, de
inopino, saiu correndo e levando seus pertences.

Não houve, de minha parte, nenhuma agressão física contra o passageiro, apenas o
contive e o empurrei para que não danificasse meu veículo, que consigo pagar à
duras penas, muito esforço e muito trabalho para continuar trabalhando.

É importante observar que o passageiro já havia se envolvido em outro fato com


agressões antes mesmo de iniciar a corrida, ainda lá no local de embarque, e que
eventuais ou possíveis lesões que porventura ele possa ter, não podem ser
atribuídas a mim, digo isso pelo fato de a suspensão imputada pela 99 constar a
descrição de “agressão física”.

Saindo do local, depois de concluir outra corrida pela 99 que já havia entrado no
meu aplicativo, fiz contato com o suporte da empresa 99 para informar o ocorrido e
aguardar instruções sobre qual procedimento deveria adotar diante da situação.

O contato com o suporte foi breve e resumido, sem mais detalhes já que os espaços
e campos de opções para uma informação detalhada são restritos.

Não me foi passada nenhuma orientação adicional como registro de ocorrência


policial, ou qualquer tipo de atendimento em órgão público responsável, para o
efetivo registro do fato, sendo feita somente a comunicação do ocorrido ao suporte
99, que, ao meu entender, seria capaz de solucionar o problema.

Os senhores poderão observar a veracidade das minhas informações a partir dos


prints da conversa com o suporte 99 que estão anexados a esta contestação.

Senhores, trabalho para empresa 99 há quase quatro anos, já fiz mais de dez mil
corridas, tenho nota 5 estrelas, sou da categoria Diamante, a 99 é minha ÚNICA
fonte de renda, não sou motorista de outros aplicativos de transporte, somente pela
99, é deste trabalho que sustento minha família, pago minha faculdade de Direito,
minhas contas, meu carro financiado, trabalho todos os dias da semana, cerca de
10hs por dia para garantir meu sustento e de meus filhos, digo isso porque eu jamais
colocaria em risco minha única forma de provento, não é possível que os senhores
me suspendam definitivamente por conta de um fato nitidamente mentiroso, sem
qualquer fundamento, e que destoa completamente do perfil de conduta que
apresentei por todas as mais de dez mil corridas que já concluí.

Com estes contornos, rogo aos senhores que reconsiderem a decisão de suspensão
definitiva da minha conta de motorista, já que demonstrei, à exaustão, que não
cometi nenhum tipo de violação dos termos de uso do aplicativo 99, e que os fatos
atribuídos a mim não são verídicos.

Aguardo a justa reconsideração dos senhores, como forma de distribuição e,


sobretudo, restituição da mais cristalina justiça.

JOÃO MAURICIO GORSKI DO CARMO.

REQUERENTE.

CANOAS, 11/04/2023.

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