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Princípio de Sistemas de Refrigeração (Frigoríficos)


Definições:
Embora a retirada de calor de um corpo seja chamada, de maneira geral, de
refrigeração, podemos fazer as seguintes distinções:
Arrefecimento:
Abaixamento da temperatura de um corpo até a temperatura ambiente.
Resfriamento:
Abaixamento da temperatura de um corpo da temperatura ambiente até a
temperatura de congelamento (0 C).
Congelamento:
Abaixamento da temperatura de um corpo aquém da sua temperatura de
congelamento.
Com base nas considerações acima, é preferível reservar o termo de
refrigeração para os processos de retirada de calor dos corpos com dispêndio de
energia (resfriamento e congelamento), embora esta definição não elimine a
hipótese
de se intensificar o arrefecimento de um corpo por meios artificiais, isto é, por
refrigeração.
Considerando que a tendência natural do calor, segundo as leis da
termodinâmica, é passar do corpo quente para o corpo frio. Podemos então
concluir
que o arrefecimento de um corpo, em relação ao ambiente, pode dar-se
naturalmente; enquanto que o resfriamento e o congelamento necessitam,
normalmente, da criação de um fluxo de calor em sentido contrário ao do
gradiente
térmico natural, o qual exige, de acordo com o segundo princípio da
termodinâmica,
dispêndio de energia utilizável.
Aplicações do frio:
Modernamente são inúmeras as aplicações do frio, o qual é aproveitado
praticamente em todos os ramos da atividade humana:
A – na indústria de alimentos, seja na sua manufatura, tratamento térmico
(pasteurização) como na sua armazenagem ou transporte.
Exemplos: Fabricação de bebidas, leite, manteiga, queijos, sorvetes,
conservação de produtos agrícolas, produtos do mar, carnes, ...
B – na fabricação de gelo.
Exemplos: Gelo em cubos, gelo seco, pistas de patinação.
C – na indústria de construção.
Exemplos: na cura de grandes estruturas de concreto, como barragens,
fundações, ... ; no congelamento do solo para abertura de poços e túneis, ou na
consolidação de fundações abaladas.
D – na metalurgia.
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Exemplos: no tratamento térmico de aços rápidos, na refrigeração de
ferramentas de corte, na refrigeração de eletrodos dos fornos elétricos e
soldadores
elétricos, ...
E – na indústria química.
Exemplos: na remoção de calor em reações químicas exotérmicas, afim de
garantir uma temperatura adequada durante o processo; na solidificação de
materiais
como ceras, graxas, etc.; na fabricação de borracha sintética e dos adubos
sintéticos; na armazenagem de substâncias sensíveis às temperaturas elevadas,
como explosivos, polímeros.
F – no condicionamento de ar:
Exemplos: para conforto em residências, escritórios, fábricas, transportes,
recreação, hospitais, etc.; para refrigeração de minas profundas; e outros.
G – na medicina: na conservação de cadáveres; congelamento de peças
anatômicas; na conservação de certos vírus; etc.
H – aplicações diversas: na conservação de vários produtos (flores, grãos,
fumos, cigarros, ...); fabricação de bolas de golfe; testes de baixas temperaturas
em
laboratórios, nos testes sobre semicondutores e supercondutores; etc.
Unidades:
A quantidade de calor a ser retirada do sistema a refrigerar, na unidade de
tempo, toma o nome de potência frigorífica ou carga térmica de refrigeração e é
medida em frigorias por hora (fg/h).
Na prática, a potência frigorífica é avaliada em Toneladas de Refrigeração
(TR), unidade que equivale à quantidade de calor a retirar da água a 0C, em
cada 24
horas. 1TR = 12.000 BTU/h
Classificação das aplicações:
A aplicações de refrigeração podem ser classificadas dentro das seguintes
categorias:
- Refrigeração doméstica: a refrigeração doméstica abrange principalmente a
fabricação de refrigeradores de uso doméstico e congeladores caseiros. A
capacidade dos refrigeradores domésticos varia de 60 l até cerca de 600 l
com temperaturas na faixa de –8 C a –10 C no compartimento de
congelados e +2 a +7 no compartimento dos produtos resfriados.
- Refrigeração comercial: A refrigeração comercial abrange os refrigeradores
especiais ou de grande porte usados em restaurantes, sorveterias, bares,
açougues, laboratórios, ... As temperaturas de congelamento e estocagem
situam-se, geralmente, entre –15 C a –30 C.
- Refrigeração Industrial: Via de regra, as aplicações industriais são maiores
que as comerciais em tamanho e tem a característica marcante de
requererem um operador de serviço. São aplicações típicas industriais: as
fábricas de gelo, grandes instalações de empacotamento de gêneros
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alimentícios (carnes, peixes, aves, ...); cervejarias, fábricas de laticínios e
outras.
- Refrigeração Marítima e de Transporte: A refrigeração Marítima,
naturalmente, refere-se à refrigeração a bordo de embarcações marítimas e
inclui a refrigeração para barcos de pesca e para embarcações de
transporte de cargas perecíveis. A refrigeração de transporte relaciona-se
com equipamentos de refrigeração quando aplicados a caminhões e
vagões ferroviários refrigerados.
Sistemas de Refrigeração:
Métodos Antigos:
Alguns dos métodos antigos e históricos datam dos tempos dos egípcios,
chineses, gregos e romanos. Estes métodos são de interesse puramente históricos.
Os chineses descobriram que o gelo formado na água durante o inverno podia
ser usado para resfriar as bebidas no tempo quente, tornando-as mais saborosas.
Eles cortavam o gelo no inverno e acondicionavam em palha para uso durante o
verão.
Os gregos e romanos utilizavam os escravos para carregar neve das
montanhas e armazená-las em grandes silos forrados com palha e ramos de
árvore.
O luxo de disporem de vinho gelado era privativo das altas personalidades.
Os egípcios usaram um sistema que ainda é usado atualmente em muitos
países árabes, e uma de suas formas é usada em todo mundo. Eles colocavam
jarros
porosos com água nos seus telhados ao anoitecer. Durante a noite, o vento seco
do
deserto provocava a evaporação da umidade merejante através do jarro,
resfriando a
água remanescente nos jarros.
Hoje, os soldados e fuzileiros usam este método para esfriarem a água que
bebem em campanha, ao molharem a cobertura de lona de seus cantis e
pendurarem
os mesmos no vento para que a umidade evapore.
Sistema de refrigeração por compressão de vapor:
Como sabemos, a mudança de estado de uma substância ocorre com
absorção ou rejeição de calor. A condensação se dá com rejeição de calor e a
evaporação com absorção de calor. É importante relembrar que o calor latente é o
calor necessário para a transformação de estado de determinada substância.
A evaporação e a condensação de um fluido refrigerante são as duas
transformações que ocorrem em um ciclo de refrigeração comum por compressão
de
vapor. Se conseguirmos constituir em sistema que permita fazer essas
transformações de condensação e evaporação contínua e economicamente,
teremos
uma “Maquina Frigorífica” .
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Ciclo de refrigeração:
O ciclo de refrigeração é simplesmente um meio de extração de calor. Em um
sistema de compressão, são necessárias quatro partes distintas, como segue:
Compressor – aspira os vapores do evaporador, comprimindo-os até a
pressão de condensação do refrigerante
Condensador – onde o refrigerante se condensa rejeitando calor
Evaporador (serpentinas de resfriador) – onde ocorre à evaporação do
refrigerante, que absorve calor do meio a ser refrigerado.
Válvula de expansão (dispositivo de redução de pressão) – promove a
queda de pressão necessária a ser atingida no evaporador

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A figura acima ilustra esquematicamente as partes que compõem o sistema de
refrigeração. Com referência à figura o ciclo de operações consiste dos seguintes
passo:
1. O compressor bombeia o refrigerante através de todo o sistema. Ele puxa o
refrigerante gasoso frio através da linha de sucção das serpentinas de
congelamento do evaporador. Ao mesmo tempo ele comprime o gás e
bombeia-o para a linha de descarga. O gás fortemente comprimido tem sua
temperatura elevada e entra no condensador.
2. O condensador executa uma função semelhante à do radiador em um
automóvel, ou seja, o condensador é a serpentina de esfriamento do gás
refrigerante quente. No condensador , o calor é expelido para o ar ambiente.
3. Quando o líquido refrigerante sai do condensador para entrar no tubo capilar,
um filtro secante remove toda a umidade ou impureza. O tubo capilar, por sua
vez, liga-se ao tubo de diâmetro maior do evaporador.
4. Quando o refrigerante deixa o tubo capilar e entra no tubo maior da placa
úmida e do evaporador, o repentino aumento do diâmetro do tubo forma uma
área de baixa pressão, e a temperatura do refrigerante cai rapidamente,
quando ele transforma em uma mistura de líquido e gás. No processo de
passagem através do evaporador, o refrigerante absorve calor da área de
armazenagem e é gradualmente transformado, de um líquido em mistura de
gás, em um gás.
5. O gás refrigerante à baixa pressão saindo da serpentina do evaporador entra
em contato agora com o acumulador. O acumulador é um cilindro grande
projetado para reter qualquer líquido refrigerante que não se tenha
transformado em gás no evaporador. Visto que é impossível comprimir um
líquido, o acumulador impede que o líquido retorne ao compressor.
6. Quando o gás refrigerante sai do acumulador, ele retorna ao compressor
através da linha de sucção, que é parte do trocador de calor, completando o
ciclo de refrigeração.
Lado de alta pressão:
O lado de alta pressão de um sistema é o que contém o refrigerante à alta
pressão, e consiste no condensador, tubo capilar e compressor.
Lado de baixa pressão:
Essa é a parte do sistema onde o refrigerante está no estado gasoso à baixa
temperatura e pressão. Ela consiste no evaporador e na linha de sucção.
Refrigerante
O fluido de trabalho em um sistema de refrigeração é denominado refrigerante.
Há uma grande variedade de compostos que podem ser utilizados como
refrigerantes. Os refrigerantes mais comuns são os hidrocarbonetos fluorados,
porém
outras substâncias em grande numero também funcionam como refrigerantes,
incluindo muitos compostos inorgânicos e hidrocarbonetos.

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Classificação dos Refrigerantes:
- Compostos Halocarbônicos: incluem refrigerantes que contém um ou mais
dos seguintes halogenos: cloro, flúor e bromo.
Designação
Numérica
Nome Químico
Fórmula Química
11
Tricoromonofluormetano
CCl
3
F
12
Diclorodifluormetano
CCl
2
F
2
13
Monoclorotrifluormetano
CClF
3
22
Monoclorodifluotmetano
CHClF
2
40
Cloreto de Metila
CH
3
Cl
113
Triclorotrifluoretano
CCl
2
FCClF
2
114
Diclorotetrafluoretano
CClF
2
CClF
2
- Compostos Inorgânicos : muitos dos primeiros refrigeantes eram
compostos inorgânicos e alguns mantivera sua proeminência até o
presente.
Designação
Numérica
Nome Químico
Fórmula Química
717
Amônia
NH
3
718
Água
H
2
O
729
Ar
744
Dióxido de Carbono
CO
2
764
Dióxido de Enxofre
SO
2
- Hidrocarbonetos: muitos hidrocarbonetos (metano, etano, propano ) são
adequados como refrigerantes especialmente para operar em indústrias de
petróleo e petroquímicas.
- Azeotropos: Uma mistura azeotrópica de duas substâncias é aquela que
não pode ser separada em seus componentes por destilação. Um
azeotropo evapora e condensa como uma sumbstância simples com
propriedades diferentes das de cada um de seus componentes. O
azeotropo mais popular é o refrigerante 502, que é uma mistura de 48,8%
de refrigerante 22 e 51,2% de refrigerante 115.
Propriedades termodinâmicas de um bom refrigerante:
- As pressões de operação devem ser baixas o suficiente para utilizar
tubulações de paredes finas;
- Pressões acima da pressão atmosférica, para evitar entrada de ar no
sistema quando ocorre algum vazamento;
- Baixa temperatura de evaporação;

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- Produzir o máximo de refrigeração para uma quantidade de vapor
movimentado
- Baixo HP/TR
Propriedades Físicas e Químicas:
- Não ser tóxico
- Não ser explosivo
- Não ser corrosivos
- Não produzir danos ao produtos armazenados no frigorífico caso ocorram
fugas do refrigerante
- Interessante possuir odor forte e coloração, para fácil identificação de
vazamentos
- Possuir baixa viscosidade
- Possuir alta condutibilidade térmica
- Possuir baixo custo
- Possuir boa estabilidade química (não se decomporem em altas
temperaturas)
Depleção da camada de ozônio:
Na década de 70 deu-se o alarme, que o cloro de hidrocarbonetos
halogenados librados para o meio ambiente estava destruindo a camada de
ozônio
da estratosfera. Uma redução desta camada permite que mais radiação
ultravioleta
atinja a terra, podendo causar câncer. As reações iniciais a essa advertência foram
de não mais utilizar esses halocarbônicos ofensivos como prepotente em
recipientes
com aerosol e de reduzir sua aplicação em espuma isolante. Apesar da aplicação
de
halocarbônicos como refrigerantes ser apenas um dos usos dessas substâncias,
em
termos mundiais quantidades consideráveis são utilizadas para fins de
refrigeração, e
a resposta imediata da indústria de refrigerantes foi de aprimorar os
procedimentos
para evitar vazamento para a atmosfera.
Aplicações de Refrigerantes:
- Ar: o maoir uso do ar como refrigerenta é em aviões;
- Amonia: grandes instalações industriais de baixa temperatura;
- Dióxido de carbono: Utilizado algumas vezes para congelamento de
alimentos por contato direto.
- Refrigerante 11: popular para sistemas com compressores centrífugos
- Refrigerante 12: usado para compressores alternativos para serviço em
equipamentos domésticos de refrigeração e em condicionadores de ar
automotivos
- Refrigerante 22: necessita de compressores menore que o refrigerante 12,
e por este motivo tem substituído o refrigerante 12 em muitas aplicações de
ar condicionado;

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Princípios básicos dos acessórios:
Termostatos: Indicam as variações de temperatura. O termostatos podem
ser, o bimetálico, o de bulbo sensor de temperatura, e de resistência elétrica.
a) bimetálico: converte variações de temperatura em deflexões de uma barra
metálica, fechando ou abrindo os contatos do compressor.
b) Bulbo sensor de temperatura: o bulbo contém um gás ou líquido que
quando a temperatura no bulbo aumente, há também um aumento de
pressão no fluido que é transmitido ao fole do termostato. O movimento do
fole proporciona o fechamento ou abertura dos contatos através de
mecanismos de alavanca
c) Termostato eletrônico: composto por um termistor que é um resistor
variável com a temperatura. Um aumento da temperatura diminui a
resistência do sensor.
Manômetros: São instrumentos para medir a pressão de fluidos (gasosos ou
líquidos) em recipientes fechados.
Válvula de Serviço: Fecha determinada parte do ciclo para execução de um
serviço de manutenção, como recolhimento e carga de refrigerante,
processamento
de limpeza e vácuo, conexão de manômetros, etc.
Válvula de Segurança: Protegem a máquina de refrigeração impedindo de
atingir uma pressão anormalmente alta. Ela opera descarregando o fluido
refrigerante
se a pressão crescer bastante. É comum a do tipo com mola. Ela pode descarregar
o
fluido no meio atmosférico, na sucção do compressor ou numa região de baixa
pressão da instalação.
Controles da expansão do líquido refrigerante: Tem a função de controlar
a quantidade de líquido a ser introduzido no evaporador e evitar que os vapores
provenientes da evaporação sejam aspirados excessivamente quentes pelo
compressor
a) Regulador por capilaridade: é um tubo capilar comum, o mais simples e
econômicos dos controles.
b) Válvula de expansão direta a pressão constante: este tipo de válvula é
designado pelo nome de válvula de expansão automática ou pressotática
c) Válvula de expansão direta a superaquecimento constante: é denominada
válvula de expansão termostática, é a mais empregada nas instalações
comerciais e industriais devido às suas condições particulares de
rendimento e regulagem.

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