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1888: Desfecho,
Frutos e Lições
Foi a sessão de 1888 boa ou ruim za, e creio que estas reuniões resultarão em
para a Igreja? grande bem. Não conhecemos o futuro, mas
Como podeis beneficiar-vos das sentimos que Jesus está ao leme e não
reações e conselhos de Ellen White? naufragaremos.”4
Havia outros que viam tanto o lado positivo
como o negativo da sessão. Três semanas
sessão da Associação Geral realiza após o término desta, W. C. White escreveu
A da em Mineápolis, Minnesota, em
ao recém-eleito presidente da Associação Ge-
ral, que ainda estava na Europa: “Os delega
1888, transformou-se no maior ponto decisidos
vo da história da Igreja Adventista do Sétimo
que ficaram até o fim da reunião levaram
impressões bastante diversas. Muitos acha
Dia. Nossa mudança de rumo efetuou-se va vam que foi uma das reuniões mais proveito
garosamente durante os três anos que se se sas a que já haviam assistido; outros, que ela
guiram à conferência. Durante esse tempo, os foi a conferência mais infeliz já realiza
persistentes esforços de Ellen White, A. T. Jo da.”5 **
nes e E. J. Waggoner ajudaram a levar a Igreja Sem dúvida, aquela sessão levou a reações
do espírito de debate e do legalismo de anos diversas. Alguns achavam que a sessão foi
precedentes, para um realce sobre a justifica ruim — muito ruim. Outros, que foi boa — mui-
ção pela fé na justiça de Jesus Cristo. to boa. O que tornou a reunião tão má? e o
Essa mudança de direção, porém, não foi que a tornou tão boa?
resultado da conferência de Minnesota. Em
muitos sentidos, o encontro de Mineápolis foi
um desastre. A Igreja foi ao fundo, espiritual * Todas as citações dos manuscritos e car
mente, naquela sessão. Ellen White tas de E. G. White deste artigo foram tirados
considerou-a “a mais triste experiência de mi- da obra em quatro volumes: Ellen G. White
nha vida”1 e "a mais dolorosa prova de mi- 1888 Materiais, publicada em 1987 pelo El-
nha vida”.2 É a única sessão da Associação len G. White Estate, Washington, D.C.
Geral, na história adventista, que foi assinala ** Todas as citações de cartas deste arti-
da por rebelião aberta contra Ellen White por go, não pertencentes a E. G. White, são tira
parte de um grande número de nossos minis- das da obra em dois volumes: 1888 Supple-
tros. Ela chegou ao ponto de perguntar a si mentary Materiais, publicada em 1988, pelo
mesma se Deus não iria chamar ainda outro Ellen G. White Estate, Washington, D.C.
movimento. Com respeito a muitos dos dele
gados, declarou ela: “Como reformadores O lado negativo
eles haviam saído das igrejas denominacio
nais, mas agora desempenhavam um papel Durante vários anos, antes do início da ses
semelhante ao que as igrejas desempenha são, desenvolveram-se entre dois grupos de
ram. Esperávamos que não houvesse neces- líderes da Igreja, diferenças pessoais e animo-
sidade de outra saída.”3 * sidades. Os irmãos de Battle Creek eram lide
Em que pese, porém, a sua profunda an rados por George I. Butler, presidente da As
gústia pelo espírito de descrença manifesta sociação Geral, e Uriah Smith, editor da Re
do por muitos, Ellen White previu com confian- view and Herald. Do lado desses homens es
ça que de algum modo o Senhor venceria, e tavam vários presidentes de associação, em
muitos benefícios adviriam do encontro. Em particular os Pastores R. M. Kilgore de Illinois,
4 de novembro, no último dia da conferência, J. H. Morrison de Iowa, R. A. Underwood de
ela escreveu a sua nora: “Já falei aproxima Ohio e I. D. Van Horn de Michigan, bem co-
damente umas vinte vezes com muita franque- mo certo número de luzes menores.
4 O MINISTÉRIO/MAIO.JUN./1988
O outro grupo era dirigido por E. J. Wag que distribuiu aos delegados, quando estes
goner e A. T. Jones, que serviam não só co- se reuniram em Battle Creek para a sessão da
mo co-editores da Signs of the Times, mas Associação Geral, em novembro daquele ano.
também como professores de Bíblia no Nesse opúsculo, Butler escreveu: “O escritor
Healdsburg College. Entre seus amigos esta admite considerável surpresa que durante o
vam W. C. White, S. N. Haskell e C. H. Jones. último ano, ou talvez dois anos, o assunto (da
Iniciaimente, as divergências entre estes lei em Gálatas) se tenha tornado bem salien
dois grupos giravam em torno da interpreta- te, nas instruções dadas aos que se estão pre
ção de duas passagens das Escrituras. Os ir- parando no Healdsburg College para traba-
mãos do leste criam que os hunos fossem um lhar na Causa; também nas lições impressas
dos dez reinos de Daniel 7, e que a lei “orde no lnstructor, destinadas a nossas Escolas Sa
nada” de Gálatas 3:19-25 era o sistema ceri batinas fora do país, e em inúmeros outros ar
monial judaico. Os irmãos do oeste, por outro tigos argumentativos na Signs of the Times,
lado, eram favoráveis aos Alemanni em lugar nossa revista missionária pioneira, levando as-
dos Hunos, e afirmavam que a lei ordenada sim estes pontos de vista amplamente ao pú-
em Gálatas era a lei moral. blico leitor que não está familiarizado com a
O fato de Waggoner e Jones serem com nossa fé. Dessa maneira, ingentes e repetidos
parativamente jovens — na faixa dos trinta — esforços têm sido feitos no sentido de afirmar
enquanto Butler e Smith estavam na casa dos que a lei moral é o assunto de que trata o
cinqüenta, serviu para exacerbar a situação. apóstolo nos textos mais salientes de seu ar
Butler achava impossível crer que aqueles gumento na carta aos Gálatas....
dois “jovens inexperientes, que haviam aca “Protestamos resolutamente contra a apre-
bado de sentar-se na cadeira editorial, pudes sentação de pontos de vista controvertidos da
sem entender melhor a Bíblia do que ele.6 maneira indicada, concernentes a assuntos
A indisposição entre os dois lados começou sobre os quais nosso povo não está de
quando Waggoner publicou seu ponto de vis- acordo.”10
ta sobre Gálatas 3, em Signs of the Times de Na Conferência Geral de 1886, uma comis-
11 de setembro de 1884. Sua explicação de são teológica de nove membros foi indicada
que a lei ordenada era o código moral, con para estudar o ponto em discussão, o que eles
trariava frontalmente a interpretação aceita por fizeram imediatamente. Alguma coisa da ten
Butler e Smith, bem como pela maioria dos ad- são produzida entre os dois grupos de líde-
ventistas daquele tempo. Acontece que o pai res da Igreja pode ser percebida pela carta
de E. J. Waggoner, J. H. Waggoner, havia to- de Butler a Ellen White, escrita logo depois do
mado posição semelhante 30 anos antes. O encerramento da reunião. “O irmão E. J. Wag
Pastor Waggoner defendera em 1845 que goner continuava... alimentando o conflito”,
“nem uma só declaração” de Gálatas “referia- escreveu ele. “Foi organizada a comissão teo
se à lei cerimonial ou lei levítica”. A epístola, lógica. ... Quatro ficaram a favor do Signs:
escreveu ele, “trata tão-somente da lei Haskell, Whitney, Wilcox e Waggoner, e cin
moral”.7 co contra: Smith, Canright, Covert, J. H. Mor
Aparentemente, Ellen White pôs fim à pri- rison e eu. tivemos um debate de várias ho
meira controvérsia, ao afirmar que a interpre ras, mas nenhum dos lados ficou convencido.
tação de Waggoner estava errada.8 Durante A questão era se deveriamos levar isto à
as próximas três décadas a questão da lei em Conferência e envolver em luta um grande pú-
Gálatas não recebeu muita atenção; ao me- blico ou não. Não pude recomendá-lo, pois
nos o assunto não provocou nova polêmica. achei que seria mais desastroso e resultaria
Smith, Butler e os demais estavam certos de apenas em acaloramento e debate.”11
que Gálatas 3:19 se referia ao sistema cerimo A confrontação pública não pôde ser total-
nial. Criam também que Ellen White defendia mente evitada naquela reunião; passou-se
este ponto de vista, uma vez que ela havia re uma resolução dirigida a Waggoner, enquanto
jeitado a posição de J. H. Waggoner.9 outra foi anulada. A conferência votou pedir
Agora o Waggoner mais moço, em certo aos editores adventistas “que não permitissem
sentido havia tirado a luva e deliberadamen que pontos de vista não defendidos por uma
te reviveu a controvérsia. Ele esboçou sua po- expressiva maioria de nosso povo... fossem
sição numa série de nove artigos publicados publicados em nossas revistas denominacio
na revista Signs de 8 de julho a 2 de setem nais, como se fossem as doutrinas aceitas por
bro de 1886. Butler sentiu-se provocado. Ele este povo, antes que fossem examinados e
considerou os artigos uma afronta a sua lide- aprovados pelos irmãos experientes da
rança. Resolveu pôr fim à questão de uma vez liderança”.12
na sessão da Associação Geral de 1886. De Contudo, a resolução de Butler, que apela
pressa, produziu um panfleto de 85 páginas, va para que houvesse uma censura da Signs
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pelo fato de ter publicado os nove artigos so mos dois dias examinando a história dos
bre Gálatas no começo daquele ano, foi rejei diversos reinos que desempenharam uma
tada. Butler lamentou: “Por justa razão, acho parte no desmembramento de Roma; e um
que ela devia ter sido aprovada, mas seria dia, no exame da Lei em Gálatas do Pastor
muito desagradável para o irmão Haskell e al- Butler, e outros tópicos que tratam dessa
guns outros, que fosse dita ainda que uma só questão, no término dos quais o Pastor Wag
palavra, dizendo que a Signs havia cometido goner leu alguns manuscritos que ele prepa
erro.’’13 rara em resposta ao panfleto do Pastor Bu
Num esforço para conseguir unidade e um tler. ... No final de nosso estudo, o Pastor
pouco de paz, Ellen White, que estava na Eu- Waggoner perguntou-nos se seria correto que
ropa, escreveu aos contendores, tanto de um ele publicasse seus manuscritos, e na próxi
lado como do outro e lhes apontou as falhas. ma Conferência Geral os colocasse nas mãos
Ela levou Waggoner e Jones a procurarem de- dos delegados, como o fez o Pastor Butler
senvolver suas idéias diante dos alunos de com os seus. Achamos que seria correto, e
Healdsburg College e a publicá-las para o o animamos a mandar imprimir 500
mundo.14 Depois, seis semanas mais tarde, exemplares.”18
após ler as primeiras páginas do panfleto de Com o apoio de seus irmãos, Waggoner pu
Butler sobre Gálatas, Ellen White o admoes blicou seu livro The Gospel in the Book of Ga
tou: “Acho que você foi muito contun latians (O Evangelho no Livro de Gálatas), e
dente.’’15 levou consigo um bom suprimento quando foi
Como deferência a Ellen White, a sessão da para Mineápolis.
Associação Geral de 1887 foi realizada em Oito semanas antes da conferência iniciar-
Oakland, Califórnia, a apenas uns dez quilô se, Ellen White instou com seus irmãos para
metros de sua casa em Healdsburg. Evitou- que se lembrassem do seu cristianismo na
se a discussão pública sobre a questão de Gá- próxima reunião. Aos “irmãos que se reuni
latas, mas, de acordo com o Pastor Butler, rão na Associação Geral”, escreveu ela: “Que
houve algumas discussões particulares sérias cada alma se despoje agora da inveja, do ciú
sobre o assunto. Ele informou mais tarde a El- me, da ruim suspeita, e mantenha o coração
len White: "Na Conferência Geral de Oakland em íntima união com Deus. Se todos fizerem
no último ano ele (Waggoner) reuniu-se em isso, terão a arder-lhes no altar do coração
particular com alguns dos nossos ministros pa- aquele amor do qual Cristo lhes falou. Todos
ra falar sobre este assunto e leu-lhes uma lon os grupos terão a bondade e a ternura cris
ga análise que preparara, baseada no meu tãs. Não haverá nenhuma contenda; pois os
panfleto, e procurou por todos os meios en servos de Deus não devem contender....
genhosos que pôde, introduzir seu ponto de “A correta interpretação das Escrituras não
vista sobre o assunto.... Não tenho nenhuma é tudo o que Deus requer. Ele não Se com
evidência de que o Pastor E. J. Waggoner ou praz apenas em que conheçamos a verdade,
aqueles que o seguem tenham a idéia de de mas... devemos pôr em prática, no trato com
sistir, mas penso que eles ainda se propõem os nossos semelhantes, o Espírito daquele que
a lutar por isso até um fim amargo.”16 nos deu a verdade.”19
A discussão pública da questão de Gálatas De qualquer maneira, formou-se um concei
e outros pontos controvertidos já não podia to errado quanto aos temas a serem apresen-
agora ser evitada. Na verdade, no início de tados na reunião que precedería a Conferên
1887 Ellen White já a havia reconhecido co- cia Geral. De acordo com W. C. White, Butler
mo inevitável. Ela disse a Butler naquela oca- lhe escrevera uma carta na qual “dava uma
sião: “A questão agora já foi exposta de ma- lista dos assuntos que ele achava que deve
neira tão plena perante o povo, por vós mes- riam ser levados em consideração. Entre es
mos e também pelo Dr. Waggoner, que deve tes, mencionava especialmente os dez reinos
ser enfrentada ampla e diretamente em dis e a lei de Gálatas.... O Pastor Butler se es
cussão aberta.... Distribuístes vosso panfle queceu, e não admite que tenha escrito tal car-
to; é natural que o Dr. Waggoner tenha tam- ta em alguma ocasião.’’20
bém uma oportunidade, da mesma forma que Waggoner e Jones vieram bem preparados
tivestes. Acho que nem tudo é ordenado por com sua munição teológica e histórica, mas,
Deus. Mas irmãos, não devemos cometer ne- por alguma razão, Uriah Smith e seus com
nhuma injustiça”.17 panheiros não fizeram nenhum preparativo es-
Em julho de 1888, na preparação para a pecial. Trouxeram, contudo, várias centenas
reunião de Mineápolis, Waggoner, Jones, W. de cópias do panfleto de Butler sobre Gála-
C. White e mais alguns ministros da Califór tas, as quais distribuíram entre os
nia, reuniram-se por vários dias em um retiro delegados.21
na montanha. W. C. White escreve: “Passa Infelizmente, o apelo de Ellen White em fa-
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vor da bondade e compaixão foi grandemen a sessão começar, por causa da conhecida
te ignorado, quando a comissão ministerial se amizade que sabiam existir entre seu filho e
reuniu na quarta-feira, 10 de outubro, uma se- Waggoner e Jones. Eles estavam certos de
mana antes da sessão de abertura da Asso- que ela fazia parte da “conspiração” da Cali-
ciação Geral. As palestras de Jones sobre os fórnia. Essas desconfianças se lhes confirma
dez reinos, apresentadas no segundo dia da ram na mente quando ela apoiou fortemente
reunião, resultaram em discussões que às ve- a Waggoner em suas mensagens sobre justi
zes se tornavam acrimoniosas. Serena, a irmã ficação pela fé. Foi responsabilizada pela as
White confiava em que um bom espírito vies sociação. A respeito dessa mudança de ati-
se afinal a prevalecer. No sábado à noite, 13 tude para com ela, escreveu Ellen White: “Era
de outubro, ela pregou sobre o amor de Deus evidente que nossos irmãos estavam desilu
e depois fez apelo para testemunhos. “Mui- didos. Eles haviam perdido a confiança na ir
tos deram testemunho”, escreveu ela, “de mã White, não porque a irmã White houvesse
que aquele foi o dia mais feliz de sua vida.... mudado, mas porque outro espírito se apode
Aquela foi uma ocasião de refrigério para mui- rara deles e os controlava.”25
tas almas, mas ele não continuou em A irmã White caracterizou a atitude do gru-
alguns.”22 po Butler-Smith como rebelião. Ela declarou:
Ellen White culpou tanto o Pastor Butler co- “A posição e a obra que Deus me confiou nes
mo o Pastor Smith por obstruírem o caminho, ta conferência foram menosprezadas por qua-
de maneira que a verdade e a luz fossem tra ze todos. A rebelião foi geral. Seu curso foi um
tadas como hóspedes indesejáveis. Às insulto ao Espírito de Deus.”26
2:30 h da manhã de 15 de outubro, ela es- “Os irmãos têm gracejado, criticado, co
creveu a Butler: “Não me sinto nenhum pou- mentado, desmerecido, apanhado e escolhi
co constrangida em dizer que foi trazido para do um pouco e recusado muito, até que os
esta reunião, não um espírito de esforço para testemunhos não significassem nada mais pa-
obter a luz, mas de obstrução do caminho, pa- ra eles.”27
ra que não penetre um raio nos corações e A rejeição de Ellen White foi seguida pela
mentes do povo, mediante algum outro con rejeição de tudo o que ela defendia, incluin
duto que não seja aquele que decidistes ser do as apresentações de Waggoner sobre jus-
o conduto apropriado.”23 tificação pela fé. A Butler, escreveu ela: “De
Quando a comissão ministerial foi absorvi um modo geral, o espírito dos ministros que
da na sessão da Associação Geral, as apre vieram a esta reunião é de rejeição da luz.”28
sentações incluíram mensagens mais podero Parece que a maioria dos 96 delegados foi in
sas da parte de Waggoner sobre a justifica fluenciada por esse espírito de cinismo e des
ção pela fé em Cristo; estas, porém, foram vis- crença. Notai as palavras citadas na ocasião:
tas com desconfiança pelo grupo de Butler e “Quase todos” haviam rejeitado a autoridade
Smith. Smith certamente expressou os senti- da profetisa; “de modo geral os ministros” se
mentos de muitos, quando declarou: “Pode opunham à nova luz. Lamentavelmente, a pro
riamos concordar com os seis temas prelimi fetisa foi obrigada a escrever estas declarações
nares do irmão Waggoner sobre justificação; quase inacreditáveis: “Em Mineápolis, Deus
eu mesmo teria sido o primeiro a exultar com deu preciosas gemas da verdade a Seu po-
eles, não tivesse de há muito sabido que ele vo em novo engaste. Esta luz do Céu foi rejei
desejava pavimentar o caminho para suas po tada por alguns com toda a obstinação que
sições sobre Gálatas.”24 os judeus manifestaram ao rejeitar a
As discussões sobre a lei em Gálatas leva Cristo.”29
ram os irmãos do leste e do oeste a se afasta As implicações dessas atitudes pecamino
rem mais do que nunca. Os agravos existen sas são atordoantes, quando consideradas.
tes tornaram-se ainda piores, quando os dois Ellen White reputou nossos pais espirituais co-
lados se confrontaram com seus pontos de mo responsáveis, pelo menos até certo pon-
vista opostos. Uma das conseqüências mais to, pelo prolongamento de nossa longa noite
lamentáveis do espírito acrimonioso revelado de sofrimento. Declarou ela: “Satanás... os im
por Butler, Smith e outros para com Waggo pediu de obter aquela eficiência que poderia
ner e Jones, foi que aquelas animosidades fo- pertencer-lhes ao levarem a verdade ao mun-
ram dirigidas também contra Ellen White. A es do, como os apóstolos a proclamaram após
sa altura, estava em jogo uma questão mais o dia de Pentecostes. A luz que devia ilumi
importante do que os dez reinos ou a lei no nar toda a Terra com a sua glória foi resistida,
livro de Gálatas: a aceitação ou rejeição de El- e em grande parte por causa da ação dos
len White como mensageira do Senhor. nossos próprios irmãos, retirou-se do
Na verdade, os homens de Butler-Smith já mundo.”31
desconfiavam da Sra. White mesmo antes de Os sermões de Waggoner sobre salvação
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por meio da fé na justiça de Cristo, deram uma promessas foram examinadas. Eu O vi aí
nota que há muito tempo estivera ausente dos como meu Salvador pessoal e ali me convertí
sermões dos pastores adventistas. A maioria de novo. Todas as dúvidas de que meus pe-
dos conversos adventistas veio de outras igre cados estavam realmente perdoados foram
jas cristãs, e sua aceitação de Cristo foi tida afastadas, e desde então jamais duvidei de mi-
como certa. Os pastores adventistas prega nha aceitação como um perdoado filho de
vam muito mais sobre a lei e o sábado do que Deus.”37
sobre Cristo. Eles se tornaram contendores ca Esta espécie de encontro divino deve ter si-
pazes que se orgulhavam de sua habilidade do experimentada por mais do que uns pou
de superar numa discussão seus opositores cos apenas, pois Ellen White declarou: “Cons
que guardavam o domingo. Os sermões de tantemente o Espírito do Senhor vinha à reu
Waggoner eram diferentes. Ele se concentra nião com poder convincente, a despeito da
va em Cristo — Sua divindade, Sua humani- descrença manifestada por alguns dos
dade e Sua justiça, que Ele nos oferece co- presentes.”38
mo um dom. Neste novo realce, Waggoner ti- A fim de que não se perdessem os benefí
nha o total apoio de Ellen White. Ela disse aos cios desse novo realce sobre Cristo e Sua jus-
delegados: “Vejo a beleza da verdade na tiça, Ellen White, Jones e Waggoner passaram
apresentação da justiça de Cristo em relação os próximos três anos dirigindo reavivamen-
à lei, conforme o doutor nos tem exposto.... tos em reuniões campais e em nossas igrejas
O que tem sido apresentado se harmoniza maiores em todo o país. Havia ainda muita
perfeitamente com a luz que Deus achou por oposição, especialmente em Battle Creek,
bem dar-me durante todos os anos de minha mas houve muitas vitórias. Com referência a
experiência.”32 dois destes reavivamentos Ellen White lembra
“Em Mineápolis”, disse ela mais tarde, va: “Trabalhamos — e alguns sabem quão ar-
“Deus outorgou preciosas gemas da verda- duamente — creio que uma semana inteira,
de a Seu povo em novo engaste.”33 “Em indo pela manhã e à tarde, a Chicago, a fim
Sua grande misericórdia, o Senhor enviou a de podermos introduzir aquelas idéias na
Seu povo uma mensagem mais preciosa por mente dos irmãos....
meio dos Pastores Waggoner e Jones.”34 “Eles acham que devem confiar em sua
As mensagens foram como águas vivas às própria justiça e nas próprias obras, e olhar
muitas almas sedentas que se achavam pre para si mesmos, e não se apropriar da justiça
sentes. W. C. White considerou os sermões de de Cristo e introduzi-la na vida e no caráter....
Waggoner o ponto decisivo de sua vida.35 Passou-se uma semana antes que houvesse
Sete anos depois da conferência A. O. Tait ain- uma oportunidade e o poder de Deus viesse
da estava sentindo o fulgor. “Positivamente, sobre aquela congregação como uma maré
há ainda em Battle Creek um certo número de montante. Digo-vos, ele devia tornar livres os
homens que não vê luz na bendita verdade homens; devia apontar-lhes o Cordeiro de
quanto à justiça de Cristo, que nos tem sido Deus que tira o pecado do mundo.
enviada como chuveiro de bênçãos desde a “E lá em South Lancaster houve o podero-
Associação Geral de Mineápolis. Achei aquela so toque do Espírito de Deus. Há ali alguns
doutrina precisamente o alimento de que mi- que estiveram naquela reunião. Deus revelou
nha pobre alma necessitava, aqui em Mineá Sua glória; e cada aluno do colégio foi trazi
polis, e me convertí naquela reunião; e, des- do à porta ali em confissão, e houve o toque
de então, me tenho regozijado na luz.”36 do Espírito de Deus. E a mesma coisa acon-
Perto de meio século depois, C. C. McRey teceu de lugar em lugar; por toda parte onde
nolds ainda olhava retrospectivamente para a estivemos, vimos o toque do Espírito de
sessão de Mineápolis como uma experiência Deus.”39
verdadeiramente memorável e abençoada. Com o passar do tempo, muitos — talvez
Ele se lembrava: “No final da quarta ou quin a maioria — dos que haviam pecado tão per-
ta lição do Pastor Waggoner, eu era um pe tinazmente em Mineápolis, confessaram sua
cador vencido e arrependido. Sentia que só culpa e pediram perdão ao Senhor. Isto incluiu
podia vencer com o Senhor. Retirei-me para não só os Pastores Butler e Smith, como tam-
um bosque; não quis jantar; passei a tarde bém os líderes que os apoiavam. A atitude ex
ajoelhado e sobre meu rosto diante do Senhor pressa pelo Pastor I. D. Van Horn, ao escre-
com minha Bíblia. Cheguei ao ponto de crer ver a Ellen White em 1893, é típica: “Estou
na promessa feita por Deus em Sua Palavra, realmente envergonhado da parte que de
de perdão para os meus pecados, e de que sempenhei no ‘gracejo’, na ‘sátira’, no ‘sarcas
isto dizia respeito tanto a mim como a qual- mo’ e no ‘chiste’, nos quais fomos tão indul
quer pecador. Sua promessa em I São João gentes eu próprio e outros do mesmo quarto
1:9; Isa. 1:18; Gál. 1:4e Tito 2:14 e muitas das naquela reunião de Mineápolis. Foi muito er-
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rado — tudo errado — e deve ter sido ofensi “ninguém pode fazer este trabalho por outro.
vo ao Senhor que testemunhou tudo. Gosta Cumpre-nos humilhar individualmente a alma
ria que tudo fosse apagado da minha diante de Deus e lançar fora nossos
memória.”40 ídolos.”43
Além desses reavivamentos, foram realiza Em segundo, devemos “orar sem cessar”
das por nossos ministros em Battle Creek, en- (I Tess. 5:17). Não podemos dar-nos ao luxo
tre 1889 e 1891, três reuniões ou classes bí de negligenciar nossa vida de oração sequer
blicas, totalizando 46 semanas. Essas reuniões por um dia. O Pastor C. C. McReynolds des
deram também realce especial ao assunto da creve o espírito de falta de oração em Mineá
justificação pela fé. A. T. Jones e E. J. Wag polis. “Estávamos ouvindo um bom relatório
goner encontravam-se entre os instrutores sobre a irmã White. Dizia que ela era favorá-
dessas classes, e eles foram também os ora vel ao Pastor Waggoner, e que ele era um dos
dores principais na maioria das sessões da As seus prediletos. Despertou-se então o espíri
sociação Geral durante toda a década de to de controvérsia e, quando os delegados
1890. Os livros Caminho Para Cristo, O Maior voltaram da última reunião do dia, só se ou
Discurso de Cristo, O Desejado de Todas as via murmúrio, acompanhado de gargalhada
Nações e Parábolas de Jesus, de Ellen Whi- e gracejo, e se faziam alguns comentários bas
te, com seu enfoque sobre o ministério de Cris- tante desagradáveis; não prevalecia nenhum
to, Seus ensinos e Seu caráter, foram publi espírito de solenidade. Apenas uns poucos
cados entre 1892 e 1900. Podemos agrade não tomavam parte na hilaridade. Não foi ob
cer a Deus porque, começando com a confe servada a hora de culto, e nada mais da sole
rência de Mineápolis, o assunto da justifica nidade que deveria ter sido sentida e mani
ção pela fé na justiça de Cristo veio a festada numa ocasião como aquela estava
ocupar um lugar mais amplo na mente e na presente.”44
experiência dos Adventistas do Sétimo Dia. Visto que muitos delegados não mantinham
constante comunhão com Deus, abriu-se a
Sete lições para os nossos dias porta para que Satanás lhes controlasse, por
algum tempo, a mente. Eles não possuíam ne-
Não devemos terminar com a narração dos nhuma defesa contra as suas tentações. Não
males e das virtudes da reunião de Mineápo- devemos permitir que um capítulo tão triste
lis. Precisamos aprender lições importantes da se repita.
experiência de nossos antepassados. Preci- Em terceiro lugar, devemos aprender a
samos realçar estas lições, meditar sobre elas, amar a todos os nossos irmãos, entre os quais
e agir de conformidade com elas, do contrá os que não participam de nossas interpreta-
rio estaremos em perigo de repetir os erros ções pessoais das Escrituras. Referindo-se a
que eles cometeram um século atrás. Mineápolis, Ellen White lamentou: “A diver
Em primeiro lugar, “Devemos humilhar in gência na aplicação de umas poucas passa
dividualmente nossa alma diante de Deus e gens bíblicas faz os homens se esquecerem
lançar fora nossos ídolos.”41 Alguns têm per de seus princípios religiosos. Elementos se or
guntado se a Igreja Adventista do Sétimo Dia ganizam, provocando uns aos outros por meio
deveria hoje, numa ação da Associação Ge- de paixões humanas a se oporem de manei-
ral, pedir desculpa formal ao Senhor pelos pe- ra áspera e condenatória a tudo que não es-
cados de nossos irmãos de Mineápolis. Ellen teja de acordo com suas idéias. Este espírito
White jamais pediu uma ação dessa espécie. não é de cristão, mas de outro.”45
Ela reconhecia a responsabilidade da lideran- Ela admoestou os irmãos: “A. T. Jones e o
ça em corrigir os males e em dar à Igreja o Dr. Waggoner defendem pontos de vista so-
tom espiritual apropriado. Mas nos 27 anos bre alguns aspectos doutrinários que todos
que ela viveu depois da reunião de Mineápo- admitem não serem questões vitais.... É uma
lis não sugeriu sequer uma vez que devêsse questão vital, porém, se somos cristãos, se te-
mos aprovar uma ação oficial na qual nos dis mos um espírito cristão, e se somos verdadei
sociássemos formalmente da atitude não cristã ros, abertos, francos uns com os outros.”46
manifestada por muitos em Mineápolis. Instou, A lei em Gálatas e os dez reinos de Daniel
contudo, com as pessoas envolvidas, para 7 não eram “questões vitais” — não negociá
que confessassem seus pecados. Advertiu: veis, como o sábado e as doutrinas do juízo
“As palavras e atos de todos quantos toma investigativo. Elas figuravam naquela espécie
ram parte nesta obra permanecerão registra de interpretações bíblicas na qual se deve to
das contra eles, até que confessem seu er- lerar alguma liberdade de crença. É correto
ro.”42 “Arrependimento”, disse ela, ”é o pri- ser indiferente para com nossos irmãos e ir-
meiro passo a ser dado por todos aqueles que mãs cujos pontos de vista não são iguais aos
devem voltar-se para Deus.” E insistia em que nossos, em questões que todos concordam
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não serem vitais? Manifestar um espírito não indivíduo, deve ser apresentada ao povo, pa-
cristão para com as pessoas da Igreja que di ra que a estudem e a considerem cabalmen
ferem de nós nestas questões e em outras se te. E impossível falar demasiadamente sobre
melhantes, é repetir o espírito de Mineápolis. o tema, nem com demasiado ardor.”52
Pouco antes da reunião de Mineápolis, Ellen É provável que todos os delegados de Mi
White exortou os irmãos: “O que se necessi neápolis insistissem em que acreditavam na
ta é da iluminação do Céu, para que ao olhar doutrina da justificação pela fé em Cristo. Mui-
mos no rosto dos nossos irmãos, possamos tos, porém, não agiam nem pareciam estar de
dizer: Estes são os que foram comprados pe- acordo com isto, quer na conferência de 1888,
lo preço do sangue de Cristo. Eles Lhe são quer nos meses subseqüentes. Dirigindo-se à
preciosos à vista. Devo amá-los como Cristo sessão da Associação Geral de 1889, Ellen Whi-
me amou.”47 te declarou: “A verdaderia religião, a única reli
Certamente é um bom conselho para gião da Bíblia, que ensina o perdão através dos
nós hoje. méritos de um Salvador crucificado e ressurre
Em quarto lugar, devemos examinar pes to; que defende a justificação pela fé no Filho
soalmente as Escrituras, e não permitir que ou- de Deus, tem sido menosprezada, difamada e
tros pensem por nós. Em Mineápolis, Ellen ridicularizada. Tem sido denunciada como le
White pôde notar que muitos dos nossos pas vando a arrebatamento e fanatismo.”53
tores estavam simplesmente seguindo a orien- Mesmo o pensamento de Uriah Smith so-
tação dos Pastores Butler e Smith na com- bre o assunto, parece ter sido não muito cla-
preensão das Escrituras. Eles não estavam fa- ro às vezes. Por exemplo, em editorial na Re
zendo seu próprio julgamento. A lealdade à view de 11 de junho de 1889, ele escreveu:
liderança — uma virtude recomendável — “A lei é espiritual, santa, justa e boa, o padrão
torna-se uma grave fraqueza quando levada divino de justiça. A perfeita obediência a ela
a seguir cegamente a liderança em todas as trará justiça perfeita, e esta é a única maneira
circunstâncias. pela qual pode alguém alcançar a justiça....
Em 19 de outubro, Ellen White advertiu os “Há uma justiça que podemos obter, a fim
delegados: “Não acrediteis em qualquer coi- de ver o reino do Céu, a qual é chamada de
sa simplesmente perque outros dizem que é ‘justiça nossa’, e essa justiça vem pelo fato de
a verdade. Tomai vossa Bíblia e examinai-a estarmos em harmonia com a lei de Deus. Em
por vós mesmos.”48 Deut. 6:24 e 25, lemos: 'E o Senhor nos orde-
Em 24 de outubro ela apelou novamente: nou que fizéssemos todos estes estatutos, pa-
“Desejo que os homens moços tomem uma ra temer ao Senhor nosso Deus, para o nos-
posição, não porque alguém a tomou, mas so perpétuo bem, para nos guardar em vida,
porque compreenderam a verdade por si como no dia de hoje. E será para nós justiça
mesmos.”49 quando tivermos cuidado de fazer todos es
E em 3 de novembro, último sábado da con tes mandamentos perante o Senhor nosso
ferência, ela apelou uma vez mais aos irmãos: Deus, como nos tem ordenado.’ O Senhor não
“Devemos estar preparados para investigar lhes mandaria fazer aquilo para o que Ele não
as Escrituras com mentes desarmadas, com havia feito provisão adequada; e, se eles o fi
reverência e imparcialidade. Convém orarmos zessem, isto lhes seria justiça.”54
sobre questões de divergências em pontos de Uma semana depois de publicado este edi-
vista das Escrituras.”50 torial, alguém perguntou a Ellen White: “O que
No dia seguinte, 4 de novembro, Ellen White esse artigo do irmão Smith na Review quer di-
escreveu a sua nora: “Os ministros têm sido zer?” Ela respondeu publicamente: “Ele não
a sombra e o eco do Pastor Butler por aí, des- sabe a respeito do que está falando; ele vê as
de que seja saudável e para o bem da Cau- árvores como homens andando.... É impos
sa.... O Pastor Butler... acha que sua posi sível exaltarmos a lei de Jeová, a menos que
ção lhe confere tal poder que sua voz é infalí nos apoderemos da justiça de Jesus Cristo.”55
vel. Tirar isto da cabeça dos irmãos tem sido Em seu extenso manuscrito, “Olhando re
um assunto difícil.”51 Não caiamos na arma trospectivamente para Mineápolis”, escrito
dilha de pôr um homem onde só Deus deve pouco depois do término da conferência, El-
estar. len White declarou: “Dou testemunho de que
Quinto, devemos realçar a justificação pela a mais preciosa luz esteve a resplandecer das
fé em nossa pregação; deveriamos tornar o Escrituras na apresentação do grande assunto
assunto claro como o cristal para o povo, e da justiça de Cristo em relação com a lei, o
estar certos de que nós mesmos desfrutamos qual deve ser constantemente conservado
de um relacionamento salvífico com Jesus diante do pecador como sua única esperan-
Cristo. Ellen White exortou: “A fé na justiça de ça de salvação....
Jesus Cristo, em benefício da alma de cada “É um estudo que pode exigir o esforço da
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mais elevada inteligência humana, que o ho- Esta rejeição temporária da voz profética foi
mem, caído, enganado por Satanás; que tomou prejudicial não só à experiência cristã de Uriah
o lado da questão pertencente a Satanás; pos- Smith, mas teve também um efeito ondulante
sa ser ajustado à imagem do Filho do infinito e solapador na confiança de outros. Ellen Whi-
Deus — esse homem será semelhante a Ele, te lembrou-lhe que ele não poderia anular as
para que, em virtude da justiça de Cristo con conseqüências já disseminadas de sua in-
cedida ao homem, caído mas redimido, Deus fluência. Ela apelou: “Depois de sua atitude
o ame, assim como amou ao Seu Filho.... ter abalado as mentes e a fé nos testemunhos,
“Este é o mistério da piedade. Esta figura é o que você ganhou? Se você recuperar sua
do mais alto valor. Deve-se meditar sobre ela, fé, como poderá remover a impressão de des
usá-la em cada sermão, pendurá-la na parede crença que semeou em outras mentes?”60
da memória, pronunciá-la por lábios humanos, Quão melhor é que estejamos firmes em nos-
e deve ser investigada por seres que experi sa convicção da evidência que Deus nos deu,
mentaram e conheceram que o Senhor é bom. de que Ellen White foi Sua profetisa!
Ela deve ser a base de cada sermão.”56 Como item número sete, mantenhamos nos-
Dificilmente a irmã White poderia ter-se ex sa confiança na Igreja Adventista do Sétimo
pressado com mais clareza e mais decidida Dia. Esta é a organização eclesiástica à qual
mente do que quando disse: “O ponto que se refere Apoc. 12:17. Não há nenhuma ou
mais me tem impressionado a mente durante tra. Embora Ellen White tenha revelado dúvi
anos é a imputada justiça de Cristo.... da quanto a isto em Mineápolis, ela não con
“Não há ponto sobre o qual se deva demo servou aquelas dúvidas por muito tempo. An-
rar com mais empenho, repetir mais freqüen tes que deixasse aquela cidade, ela escreveu
temente, ou tornar mais impressivamente gra a sua nora: “Tremo ao pensar o que teria si-
vado na memória de todos, do que a impos do desta reunião se não tivéssemos estado
sibilidade de merecer o homem caído algu- ali.... Deus operaria de alguma forma para im
ma coisa por suas boas obras. A salvação é pedir este espírito trazido à reunião, que teve
apenas mediante a fé em Jesus Cristo.”57 um poder controlador.... Mas não estamos
Em sexto lugar, não devemos “desprezar nem um pouco desanimados. Confiamos no
as profecias” (I Tess. 5:20). Se tão-somente Senhor Deus de Israel. A verdade triunfará e
houvesse Uriah Smith dado atenção a este pretendemos triunfar junto com ela.”61
conselho em Mineápolis, ter-se-ia poupado a Pelo resto de sua vida, Ellen White continuou
si mesmo e a muitos outros de sofrimento. O a dar esta mesma nota de confiança no movi-
maligno, porém, convenceu a Smith de que mento do advento. Nos anos 90, o “régio po-
Ellen White se contradissera. Ela havia dito em der” na administração da Associação Geral ar
1856, que o ponto de vista de J. H. Waggo rancou dela as incisivas palavras: “A voz de
ner sobre Gálatas três estava errado. Agora, Battle Creek... já não é a voz de Deus”;62 “A
em 1888, ela parecia apoiar o Waggoner mais igreja está em estado laodiceano. A presen-
jovem, que possuía essencialmente o mesmo ça de Deus não está no meio dela.”63 Foi,
ponto de vista de seu pai. porém, capaz de dizer ao mesmo tempo:
Na verdade, Ellen White não tomou posição “Deus está à frente da obra, e porá tudo em
sobre Gálatas 3, na conferência de Mineápo- ordem. Se alguma coisa necessitar ser acer
lis. De maneira inteligente, ela evitou tomar tada, na direção da obra, Deus atentará para
partido quanto a este assunto. Na realidade, isto, e operará no sentido de corrigir tudo o
ela indicou que sua compreensão dessa pas que estiver errado. Tenhamos fé em que Deus
sagem era, em alguns aspectos, diferente da está dirigindo a nobre embarcação que leva
que possuía o Dr. Waggoner.58 rá a salvo ao porto o Seu povo.”64
Smith, porém, não deu atenção. Ele se per Os baluartes de Satanás jamais triunfarão.
mitiu demorar-se sobre o que considerava fos A vitória estará do lado da mensagem do ter-
sem erros de Ellen White. Sua indiferença pa- ceiro anjo. Como o Capitão das hostes do Se-
ra com a profetisa de Deus continuou por mais nhor fez cair os muros de Jericó, assim triun
de dois anos. Finalmente, em 7 de janeiro de fará o povo que guarda os mandamentos do
1891, ele fez uma confissão cabal. Dela es- Senhor, e todos os elementos de oposição se-
creveu Ellen White: “O irmão Smith... rão derrotados.”65
segurou-me a mão quando deixava a sala, e “Sinto-me encorajada e abençoada quan
disse: ‘Se o Senhor me perdoar pela tristeza do penso que o Deus de Israel ainda está
e pesares que lhe tenho trazido, afirmo-lhe que guiando Seu povo, e que continuará a estar
esta será a última vez. Eu manterei suas mãos com ele até ao fim.”66
erguidas.’... Raramente o Pastor Smith der
ramava lágrimas, mas ele chorou, e sua voz
ficou embargada.”59 Referências: 1-66.
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