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Fábulas de Duss
- Louisa Duss -
FÁBULAS DE DUSS
ÍNDICE
Introdução ……………………………………………………….…………………………………………….3
1. Material ………………………………………………………………………………………………………4
2. Aplicação ………………………………………………………………………………………………………4
3. Método ……………………………………………….…………………………………………………….5
4. Fábulas ……………………………………………………………………….……………….……………6
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INTRODUÇÃO
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Complexo: “consiste num conjunto organizado de representações e recordações de valor
afectivo, parcial ou totalmente inconscientes. Um complexo constitui-se a partir das relações
interpessoais da história infantil; pode estruturar todos os níveis psicológicos: emoções,
atitudes, comportamentos adaptados.” (Lanplanche e Pontalis; 1990, pág. 76)
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1. MATERIAL
Este teste é composto pelo manual de apoio, uma folha de registo e
anotação, e uma folha com as dez fábulas e respectivas instruções gerais de
aplicação.
2. APLICAÇÃO
FORMA: Individual
IDADE: Crianças com idades compreendidas entre os três e os quinze
anos e, por vezes, adolescentes e adultos com idades compreendidas entre os
20 e os 30 anos (considerando-se estes últimos casos excepcionais, já que
este teste se destina a crianças). No caso dos adultos, estes devem apresentar
perturbações neuróticas e o seu grau de escolaridade não deve ser muito
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elevado. Devem ser excluídos adultos com uma formação académica superior,
uma vez que não reagem espontaneamente, fazendo reflexões objectivas e
razoáveis nas suas respostas.
TEMPO: Variável (entre quinze a trinta minutos)
3. MÉTODO
A aplicação do teste inicia-se com a explicação à criança do que será
efectuado, começando por referir que lhe vamos contar pequenas histórias e
que ela deve adivinhar como é que continuam. Devemos realçar que ela deve
dizer tudo o que pensa pois é a própria que decide o que vai acontecer. Para
crianças de faixa etária superior as fábulas devem ser apresentadas como um
teste de imaginação. Neste caso, deve-se destacar que devem responder o que
lhes ocorra espontaneamente, pois as perguntas não são de inteligência, mas
sim de imaginação, assim as ideias divergem de pessoa para pessoa.
A história deve ser contada de modo directo, concedendo entusiasmo
aos detalhes, no entanto é necessário evitar qualquer entoação que possa
influenciar a criança, ou mesmo, qualquer tipo de dramatização, pois poderia
sugestionar a criança e falsear o problema.
Frequentemente a resposta da criança é demasiado breve e por detrás
da sua trivialidade esconde-se um conflito não expresso. Deste modo, é
necessário alongar o interrogatório e aprofundar a resposta para obter em
maior detalhe os dados condensados da resposta inicial.
De um modo geral, todos os indivíduos executam o teste com interesse,
incluindo as crianças mais novas, que entendem as instruções e as aceitam.
Segundo a autora, o motivo pelo qual as crianças de idade inferior
respondem prontamente às fábulas prende-se com o facto do princípio do
prazer estar inserido na maioria das histórias (excepto a fábula do enterro e a
do mau sonho), despertando a sensibilidade e mantendo a atenção do sujeito.
Por outro lado, as fábulas não evocam nenhuma situação singular que
possa distrair a criança do símbolo, não havendo casos significativos de
respostas desviadas da temática.
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4. FÁBULAS
Era uma vez uma mãe ovelha e o seu cordeirinho que viviam num
campo. O cordeirinho passa todos os dias a brincar perto da sua mãe. Todas
as tardes a mãe dá-lhe de mamar leite bom e quentinho que ele gosta muito.
Mas o cordeirinho também já comia erva. Um dia, trouxeram à mãe ovelha
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outro cordeirinho muito pequenino, que tinha fome, para que ela lhe desse
também um pouco de leite. Mas a mãe ovelha não tinha leite suficiente para os
dois e disse ao seu filho: “O meu leite não chega para os dois, tu tens de
comer erva fresca”. O que fará o cordeiro?
Para averiguar somente o complexo de desmame, suprime-se a chegada
do cordeirinho pequeno e diz-se que a ovelha já não tem leite e que o cordeiro
deve começar a comer erva.
Uma criança diz em voz baixinha: “Tenho tanto medo”. De que tem
medo o menino?
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Um menino conseguiu construir uma coisa em barro (uma torre) que lhe
parece muito, muito bonita. A sua mãe quando viu a torre pediu-lhe para lha
oferecer, mas não o obrigou. O menino pode decidir se lha dá ou não. O que
fará?
Uma criança acorda de manhã muito cansada e diz: “Que sonho horrível
que tive”. Com que é que terá sonhado?
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a) O animal
Se pudesses um dia transformar-te num animal, que animal
escolherias? Porquê?
b) A senhora
Uma linda senhora encontra um menino no jardim e diz-lhe: “Pede-me 3
desejos e tê-lo-às”. O que pede o menino?
c) O rei indiano
Um rei indiano vai fazer uma visita aos soberanos do reino vizinho e
leva dois lindos ramos de flores. Um é para a rainha e outro para a princesa.
Um dos ramos esconde uma surpresa, um anel muito rico. Em qual dos ramos
o rei o escondeu?
Final:
“Que animal é que gostarias de ser? Porquê?”
“Que animal é que não gostarias de ser? Porquê?”
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5.1. OBSERVAÇÕES
Para cada fábula é apresentada uma lista de respostas obtidas em
sujeitos normais servindo como termo de comparação com as respostas dos
sujeitos neuróticos.
◦ Fábula do Pássaro
Respostas normais:
1. O pássaro voará para um ramo próximo do seu pequeno ninho.
2. Voará para onde está a sua mãe.
3. Voará para onde está o pai, porque ele é o mais forte.
4. Ficará caído no chão a chorar até que os pais o venham buscar.
Respostas Patológicas:
1. Ficará no chão.
2. Depois da insistência de que já sabe voar um pouco:
Tentará voar mas cairá no chão e morrerá.
Voará pela terra e se chove morrerá.
Os pais escondem-se debaixo dos arbustos, mas ele morrerá.
Respostas normais:
1. Vai colher flores para os seus pais.
2. Vai divertir-se (resposta frequente).
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◦ A Fábula do Cordeiro
Respostas normais:
1. Come a erva.
2. Vai buscar leite a outra ovelha.
3. Fica um pouco zangado mas vai comer erva.
Respostas patológicas:
1. Creio que morrerá.
2. Ficará irritado com a mãe, dará uma pancada ao cordeirinho e vai
comer erva.
3. Ficará ciumento, vai para longe e não olha para a mãe, ou então,
vai-se aproximando pouco a pouco e procura ferir o cordeirinho se conseguir,
fica cada vez mais cheio de ira contra o outro, dá-lhe encontrões e procura
bater-lhe na cabeça.
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◦ A Fábula do Enterro
Respostas normais:
1. O sujeito refere uma pessoa que morreu recentemente na sua
família.
2. É uma pessoa de idade: o avô ou a avó.
3. É uma pessoa que estava doente havia muito tempo.
4. É alguém muito importante ou de fora da aldeia, já que esta gente
se interessa por ele.
Respostas patológicas:
1. É a menina pequenina.
2. É a mãe do menino pequenino que foi esmagada por um automóvel.
3. O pai.
4. O pai ou a mãe ou um menino… talvez um menino.
5. O filho maior.
◦ Fábula do Medo
Respostas normais:
1. Porque a mãe olha para ela com cara de zangada.
2. Medo de uma bofetada.
3. Medo de ter uma má nota na escola.
4. Medo de um animal.
5. Medo da guerra.
6. Medo que o seu único parente morra.
7. Medo de perder o seu dinheiro durante a crise.
Respostas patológicas:
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1. Tem medo porque veio a bruxa para o matar, porque o menino umas
vezes é bom outras é mau.
2. Tem medo que o lobo o coma, porque é um rapaz muito mau.
3. Tem medo de um ladrão que o quer matar.
4. Tem medo de ficar sozinho e de se perder.
5. Tem medo que a mãe lhe bata porque lhe desobedece sempre.
6. Tem medo das serpentes.
◦ A Fábula do Elefante
Respostas normais:
1. A criança viu um brinquedo mais bonito e o seu não lhe interessa
mais.
2. Não foi o elefante que mudou, foi a criança que cresceu e já não
gosta de brincar.
3. Não mudou.
4. Mudou de pele.
5. Durante a ausência da criança, a criada derramou um copo de água
sobre o elefante.
Respostas patológicas:
1. Cortaram-lhe a tromba.
2. Emagreceu de repente, tem muito frio e está para morrer.
3. A fada com a varinha mágica tinha-o transformado num gato, porque
gostava de gatos, mas o menino gostava muito da tromba, mas a fada era má
e queria fazer pouco do menino.
Respostas normais:
1. Dará a torre à sua mãe.
2. Vai-se divertir com a torre e se a sua mãe lha pedir, dar-lha-á.
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Respostas patológicas:
1. Guardá-la-á para si.
2. Não lho dá porque é muito bonito.
Respostas normais:
1. A mãe/ pai está contente.
2. Ela/ ele preparou uma boa merenda.
3. Ela/ ele trabalhou demais e a sua cara está cansada.
4. Ela/ ele colocou uma máscara porque é Carnaval.
5. Eles voltaram demasiado tarde do passeio e o pai/ mãe já estava a
descansar.
6. Durante a sua ausência a mãe/ pai talvez tivesse recebido uma má
noticia.
Respostas patológicas:
1. A mãe estava doente.
2. O pai mudou porque estava doente, tinha apanhado frio, isto fazia
sofrer a mãe.
3. O pai não quis ir com eles para ficar a trabalhar, mas não está
contente porque não esteve com a mãe, porque o menino a levou.
◦ A Fábula da Notícia
Respostas normais:
1. A mãe quer-lhe contar uma história.
2. Há uma boa merenda ou receberam visitas.
3. Recebeu uma boa notícia.
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Respostas patológicas:
1. A mãe quer dizer-lhe que ele hoje foi pateta, que desobedeceu.
2. A mãe anuncia-lhe a morte dos pais, dos irmãos, das irmãs.
3. A mãe diz-lhe que não deve andar na estrada para não ser esmagado
por um carro.
◦ A Fábula do Pesadelo
Respostas normais:
1. Não sei porque nunca sonho.
2. Sonhou com a guerra.
3. Sonhou com um animal que o ameaça.
Respostas patológicas:
1. Sonhou que a mãe tinha morrido.
2. Sonhou que estava alguém no quarto que o queria levar, era um
ladrão de meninos.
3. Via-se a ser levado pelas ondas do mar.
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5.2. CONCLUSÕES
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cada fábula, demonstrando uma flexibilidade psíquica que lhe permite construir
diferentes cenas a partir do mesmo dado.
Foi observado que os sujeitos com deficiência mental apresentavam
dificuldades de identificação com o herói da fábula, pois predomina a realidade
concreta sobre o simbólico.
As respostas obtidas através das fábulas de conteúdo psicanalítico não
parecem estar relacionadas com o desenvolvimento genético da criança (a
partir dos três anos), mas antes, com as reacções individuais ligadas aos
complexos.
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6.1. Método
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6.2. Observações
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6.3. Conclusões
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REFLEXÃO PESSOAL
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BIBLIOGRAFIA
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