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-- Notas de Aula --

EMC5419 Mecânica dos Fluidos II


Prof. Christian Hermes

Outono de 2019

1. Escoamentos Externos

 escoamentos internos  confinamento  escoamento totalmente viscoso

 corpos imersos  sem confinamento  c.l. pode se desenvolver livremente

 objetivo: determinar FL e FD

Tais forças são funções das pressões e tensões:

dFx  pdA cos    w dAsin   FD   dFx


A

dFy  pdAsin   w dA cos   FL   dFy


A

-1-
Note que –

(i) tanto p como  w contribuem para FD e FL


(ii) as forças aerodinâmicas dependem do formato do corpo

Exemplo –

cos90  0
(i)

placa plana horizontal,   90    FD   w dA  atrito dominante
sin 90  1 A

cos 0  1
(ii)

placa plana vertical,   0    FD   pdA  pressão dominante
sin 0  0 A

 A camada limite (placa plana)

c.l.  região próxima ao corpo que concentra os efeitos viscosos  tensão de cisalhamento
u
Na parede, w    transmite para o meio o efeito da parede
y y0

  viscosidade absoluta [Pa.s]


  viscosidade cinemática [m2/s]

2 regiões  interna (viscosa) e externa (irrotacional)

p  u 2 p dp  du
  cte    u  
 2 x dx dx
du  p
com conhecido do escoamento externo  para u   cte (placa plana)  0
dx x

-2-
u
y  0.99  Espessura da perturbação
u

 x
Da conservação da massa, com   cte  u  b   ubdy   vbdx 
0

0
(*)

 
2  u 
x

 0      1 
2 
De (*)  u  vdx  u  u  u dy  u  dy  u 
0 0
u 


 u 
   1 

 dy  Espessura de deslocamento (deficit de vazão)
0
u 

 x x

 
Da conservação da quantidade de movimento  u 2 b   u 2 bdy   u  vbdx   w bdx (**)
0 0

0


 u  
  2

0 0 
De (**)  u 2   u 2dy  u 2
 u 2
dy  u 2

 1     dy
u
0
    

 u   
 u   u  
2  2
2  u 
x
 u   1     dy  u    1 
2
 dy  u         dy    w dx (***)
2

0
u u  u u
     0 0
       0


u  u 
 1   dy  Espessura de quantidade de movimento
u
0  
u 

x
d

De (***)  u 2    w dx u   w  eq. de von Kármán (placa plana)
2

0
dx

 Solução aproximada da c.l.


d u  u  u
Para resolver von Kármán  u   1   dy  
2
 precisa conhecer u(y)!
dx 0 u   u   y y0

-3-
y  0  u  0

Vamos propor u  y   a  by  cy   y    u  u 
2

 y    du dy  0

u  y  0   0  a  b0  c0  a  0
2

du
 0  b  2c  b  2c
dy y
u 2u
u  y     u   b  c2  c  
b 
 2

2
2u u u y y
 u   y  2 y 2  2  2
  u  

y y  0    0 u
Adimensionalizando,    d  dy     2   2
 y      1 u


u  u 
1 1

u
 1  
u 
dy    2   2
1  2  
  2
d 
   
2  52  43  4 d 
0   0 0
1
 5 1  2
    2  3  4  5   
 3 5 0 15

Ainda,
u u d  u u  u u
w         2  20  2 
y y0  d  y   y 0  

Voltando à eq. de von Kaman,


 12
2 d u 
x
2 x  x 
u 2
  2   d  15  dx   15    30    ~ x
12

15 dx  0
u  0 2 u   u  

 5.48 u x
  1 2  sol. exata 4.96! (10% apenas)  Re x    no. de Reynolds
x Re x 

w 2 u  Re1x 2 4  0.73
Logo, Cf    Re1x 2  Cf  1 2  sol. exata 0.664!
2 u  30 x 2 u  30 u  x
2 2
1 1
Re x

Note que,
L L
FD    w bdx  12 u 2 b  Cf dx  FD  12 u 2 bLCf  parâmetro de engenharia
0 0
12 L 12
0.73    dx 0.73   
L
1 12 L 0.73
Cf   Cf dx    0 x1 2  L  u   2x 0  Cf  2 Re1L2  2Cf ,L  aval. em L
L0 L  u  

-4-
Adimensionalizando a eq. de von Karman,

d u  u  u d  u u  
1
u  1   d  
2

 d  y   y 0

dx 0 u   u  

1
u  u  d  u u 
onde n1  u
0
1 
 
 d e n 2 
u  d  y   y0
são números reais!

Lado esq.  forças de inércia (por área)  FI  u 


2

u 
Lado dir.  forças viscosas (por área)  FV 

FI u 2 u  
    Re  No. de Reynolds baseado em   comprimento difusivo
FV u  

Re  laminar  escomanento difusivo-dominante  bem comportado

Re  turbulento  escomanento advectivo-dominante  flutuações de velocidade, elevadas


taxas de transf. momentum, perfis mais uniformes, camada mais espessa,  H   T

Como   x  na c.l., tal que  ~ x Re x , é comum usar Re x ao invés de Re  nas analises de c.l.
1 2

uD
Lembre que, nos escoamentos internos, Re D 

 Camada limite turbulenta

uxc
Rec  ~ 5 105

flutuações de velocidade 

Repare que-

A turbulência intensifica o transporte advectivo às custas de um aumento na difusão (+atrito)!

-5-
Para escoamentos turbulentos,
17 1
u y 1 1
 8 7 9 7  7
 
u   
     17
1    d     
17 17
 27
 d       
0 0  8 7 9 7 0 72

w 0.0233
  lei de parede empírica
u 
2
Re1 4

De von Karman,
14  14 x 14
7 d       5 4   
u 2
  0.0233u 2      d  0.24 
14
 0 dx   0.24   x
72 dx  u    0  u   54  u  
15
 x   0.382
   0.382   x  
45

 u   x Re1x 5
Assim,
14
w   
 0.0466  
2 u   u   
1 2

15
 x 
com   0.382   x
45

 u  
 0.0594
 Cf  1 w 2 
2 u  Re1x 5

Logo,
15 L 15 L
0.0594    dx 0.0594    x 4 5 0.074 5
Cf   
L  u   0 x1 5  L  u   4 5  Cf   Cf ,L
Re1L5 4
0

-6-
 Arrasto

 
Vimos que FD   w sin dA  p cos dA  FD,fric  FD,pres  efeitos de atrito e pressão
A A

w  A F F
Para a c.l.  Cf   1 w 2 w  1 D2  CD  1 D2  coeficiente de arrasto
1
2 V 2
2 V A w 2 V A w 2 U A ref

A ref  área de referência: frontal projetada


(Ap) ou superior (As) ou molhada (Aw)

CD,fric ~ As1
via de regra (bom senso)   1
CD,pres ~ Ap

Em geral, CD  CD,fric  CD,pres  somente se


ambos estão referenciados na mesma área

Efeito do Gradiente de Pressão

FD,pres 1 pp
FD,pres   pcos dA  CD,pres    Cp cos dA onde C p  1 2o  coef. de pressão
A
1
2 V A 2
AA 2 V

p o  pressao de referência  atua simetricamente

Vamos observar a sol. invíscida sobre um cilindro em que u      V


2
p u 2 po V 2 pp u 
     Cp  1 2o  1      u   2Vsin       Cp  1  4sin 2 
 2  2 2 V V

-7-
   0 ou   180  Cp  1  p  po  12 V 2  pressão de estagnação total (max)
   30 ou   150  Cp  0  p  po
   90  Cp  min   0   u   2V  p  po  vácuo

0    30  p  po  FD    empurra


 
30    90  p  po  FD     puxa

Note que Cp  0  p  po e Cp  0  p  po   
90    150  p  po  FD    puxa

 
150    180  p  po  FD     empurra

Neste caso, não há força de arrasto líquida  FD,net  0

Note que,
 dp du
  0    0  favoravel  acelera
dp du  dx dx
 u    
dx dx  dp  0  du   0  adverso  desacelera
 dx dx

Separação  gradiente adverso de pressão defroma o perfil de velocidade até que u ydy  u y
u w
 u ydy  u y  dy  u ydy  u y  0  dy   w  0  descolamento da c.l.
y y 0

 maior momentum na c.l. turbulenta retarda o ponto de separação

-8-
 a formação de esteira favorece o arrasto de pressão

Laminar  p>p0 0~30 (frente) & p<p0 80~180 (atrás)  esc.


empurra cil. para dir. (FD)
 p<p0 30~80 (frente)  vácuo puxa cil. em direção ao esc. (FD)

Turbulento  p>p0 0~30 (frente) e p<p0 90~180 (atrás)  FD


 p<p0 30~90 (frente)  FD

Efeito do Reynolds
V
Para Re  Vc   1  FV  FI  FD ~
c
V c 
 CD ~ ~  C D ~ Re 1  lei de Stokes
V 2
Vc
1 2
Laminar  Re  10  CD ~ Re
5

1 5
Turbulento  Re  10  CD ~ Re
6

Mesmo arrasto –

-9-
 Sustentação

FL

A

Vimos que FL   w cos dA  psin dA  CL 
A
1
2 u 2 A ref

Esc. invíscido sobre cilindro  simétrico em y  FL  0

Considere o perfil fino assimétrico,

u t  u b  pb  p t  FL 
c
Note que, dFL   p b  p t  dx 
fino
FL  p b  p t  dx
0

De Bernoulli, pb  12 u b  p t  12 u t
2 2

   
 p t  p t  12  u 2t  u 2b  12  u t  u b u t  u b 
Para aerofólio fino, u t ~ u b  u o  1
2 u t  ub 
c
 FL  u o   u t  u b  dx
0


A circulação é definida tal que:    u  dsˆ  0  anti-horário
c 0 c
FL
   u b dx   u t dx     u t  u b  dx  
0 c 0
u o
 FL  u o  teorema de Kutta-Joukovski

 A sustentação depende da circulação do escoamento sobre o


corpo  assimetria!
 Uma sustentação positiva depende de uma circulação negativa  sentido horário!

No escoamento invíscido sobre cilindro,   0  FL  0

Contudo, se houver rotação no sentido horário,

 lado em que r coincide com u o  u  p 


 lado em que r se opõe ao u o  u  p 
 u t  u b   u o  2 r    u o  2 r   4r  0    0  FL  0
No aerofólio, u t  u b  u t  u b  0    0  FL  0

- 10 -
Condição de Kutta  estagnação se move para a extremidade  geração de vórtices  circulação

irrotacional circulação sustentação

Efeito do ângulo de ataque

Em geral,    C L  CD 

Estol  ampla região separada


 forte arrasto, perda de sustentação

FL CL  1
 C
u o2 bc
Vimos que FD  CD  1

u o2 bc e FL  CL  1

u o2 bc  
2 L
2 2
FD CD  1
2 u  bc C
2
o D

 razão sustentação arrasto ~100 no estol  plana 100 m para cada 1 m perdido em altitude

mg  FL  CL 12 u o2 bc
  
Em vôo  
  F u  C 1 u 3 bc
 W D o D 2 o  
 para dobrar a velocidade de cruzeiro (2x), a potência precisa ser aumentada em 8x
- 11 -

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