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Eixos ou árvores

Autor: Lauro Cesar Nicolazzi


Prof. Titular do Departamento de Eng. Mecânica da UFSC.

Introdução
De acordo com Niemann, os elementos estruturais mais usados em
máquinas podem ser classificados como segue:
• Eixo – é um elemento estrutural que suporta somente flexão.
• Árvore – suporta flexão, torção, cisalhamento e carregamento
axial.

O objetivo desse capítulo é o pré-dimensionamento de árvores e,


consequentemente, o de eixos, já que esse último tipo de elemento é um
caso particular de árvore.

Por essa causa, nesse texto, essa nomenclatura não é adotada.

A modelagem matemática usada nesse desenvolvimento é a de viga.

Os carregamentos nesses tipos de elementos de máquinas normalmente


variam com o tempo, o que implica em solicitações que induzem o
problema de fadiga. 2

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Exemplos de eixos ou árvores

Exemplos de eixos ou árvores

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Exemplos de eixos ou árvores

Exemplos de eixos ou árvores

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Exemplos de eixos ou árvores

Exemplos de eixos ou árvores

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Exemplos de eixos ou árvores

Exemplos de eixos ou árvores

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Comentários - Fadiga
Qualquer carga que varie com o tempo causa a falha por fadiga em elementos
estruturais. O comportamento da carga varia de aplicação à aplicação, sendo
que em alguns equipamentos, tais como automóveis, britadores e outros
equipamentos industriais, o caráter da variação da carga é aleatório e o
tratamento deve ser probabilístico.

A forma da onda do carregamento parece não afetar a vida de fadiga de uma


peça. Desta forma um carregamento de fadiga pode ser representado por uma
onda senoidal ou qualquer outra forma.

Quando o corpo sofrer acelerações apreciáveis causadas pelo carregamento que


varia com o tempo é necessário cuidados especiais com os efeitos dinâmicos
desse carregamento na estrutura, especialmente quando a frequência da
excitação for próxima da de ressonância da estrutura

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O efeito de ligações cubo eixo


As árvores ou eixos, em função do equipamento que elas fazem parte,
podem ter uma série de entradas e saídas de potência e movimento
(cubos), bem como vínculos.

Para garantir o posicionamento tanto do eixo como dos cubos


radialmente e axialmente ao longo do elemento, são usados alguns
elementos de fixação ou de posicionamento, tais como:

• Chavetas;
• Mancais;
• Anéis de fixação,
• Buchas de fixação;
• Escalonamentos do eixo;
• Pinos, etc.

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Efeitos dos fixadores e posicionadores

Esses elementos de fixação, em função do seu princípio de


funcionamento, introduzem variações severas na distribuição de
tensões. Essas variações na distribuição de tensões, conhecidas como
concentração de tensões, afetam a vida da árvore/eixo e devem ser
consideradas no dimensionamento.

Vale salientar que o desenvolvimento que é feito a seguir, tem o


objetivo do pré-dimensionamento, já que posteriormente a essa etapa
deve ser feita uma análise cuidadosa de tensões da árvore/eixo
idealizado, usando a modelagem empregada no pré-dimensionamento
ou então uma análise numérica de tensões.

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Efeitos dos fixadores e posicionadores


Nos casos de árvores de grande responsabilidade, seja em termos de
grande produção, custo ou segurança, sugere-se que seja feita uma
análise de tensões do eixo projetado usando uma técnica mais apurada
de análise, tal como o método dos Elementos Finitos, onde, com o
refino adequado da malha, consegue-se determinar os picos de
tensões em locais de concentração de tensões sem o uso dos diversos
fatores de concentração de tensões usados na formulação clássica.

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Normalizações e recomendações
O projeto de árvores deve ser planejado de tal forma que as suas
dimensões sejam padronizadas segundo normas, de tal forma a
minimizar os custos de fabricação e permitir a intercambiabilidade de
componentes.

Tendo-se claro a importância do uso de números normalizados para a


construção do elemento, a aplicação de recomendações de projeto de
autores tais como Niemann, Dobrovolski, Norton e da própria empresa, os
novos projetos têm os seus desenvolvimentos facilitados e com garantia
de sucesso em poucas iterações

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Materiais para árvores


Os aços são a escolha natural para a fabricação de árvores, em função
do seu alto módulo de elasticidade. Em algumas aplicações, porém,
alguns outros materiais, tais como ferro fundido, bronze, alumínio etc.,
também são usados.

Os ferros fundidos são bastante utilizados em virabrequins e eixos de


cames, em virtude da boa dissipação de energia (amortecimento
estrutural) e excelente resistência ao desgaste em função da sua
estrutura lamelar (no caso de ferros fundidos cinzentos).

Os aços de baixo e médio carbono são preferidos, em relação aos


ligados, em função do módulo de elasticidade deles ser quase o mesmo
e, especialmente, pelo menor custo. Os aços altamente encruados têm
problemas de tensões residuais, as quais podem causar o empenamento
da peça quando é necessária a usinagem de rasgos.
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8
Tipos de carregamento/tensões de fadiga

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Algumas definições básicas


Antes de iniciar o desenvolvimento é importante definir o que é tensão
média e alternante, já que elas serão bastante utilizadas no que segue.

As definições para essas tensões são feitas em termos das tensões


normais, porém a ideia pode ser estendida para as cisalhantes.

Observando as figuras mostradas na transparência anterior, tem-se que


a definição de tensão média é:

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9
Definições
Tensão alternada

Amplitude de tensões alternantes

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Casos
Definições
Razão de tensão - R

Razão de amplitude - A

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Relação entre potência e torque
Nas árvores o carregamento mais comum é o de torção, causado por um
motor ou por qualquer outro emento que cause a solicitação de torção.
Dessa forma a relação entre o torque a potência e a rotação é
importante. Assim, a relação entre potência, velocidade angular e torque
é dada por:

sendo P a potência, w a velocidade angular e T o torque.

Esta equação pode ser reescrita, de forma mais adequada, como segue:
p
P= T n [W] (Watts)
30
sendo:
T - torque (N m);
n - rotações por minuto (rpm).
21

Torque médio e alternante

A partir do equacionamento anterior é possível calcular


algumas grandezas necessárias para a análise de fadiga,
tais como:

30 Pa
Torque alternado: Ta = [Nm]
p n

30 Pm
Torque médio: Tm = [Nm]
p n

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Tensões nas árvores para o problema de fadiga
Como comentado na introdução, o modelo matemático usado para o
dimensionamento de árvores nesse texto é o de viga, assim, no caso de
tensões causadas por flexão, torção e solicitação axial, as tensões
alternantes e médias são:

1- Flexão:

Para o caso de eixos de seção circular maciços, tem-se:

23

Tensões de flexão
e assim:

Para o caso de eixos de seção vazada, tem-se:

𝑐 = 𝑑/2 e p
I= d4 (1−s4)
64
Com isso as tensões podem ser reescritas como:
kf Ma kfm Mm
sa=32 e sm=32
p d3 (1−s4) p d3 (1−s4)

Sendo 𝑠 o índice de espessura de parede, variando de 0≤𝑠≤1 24

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Tensões devido à torção
2- Torção:

Para o caso de eixos de seção circular maciços e vazados, as


propriedades seccionais são:

p
r = d/2 e J= d4 (1−s4)
32
Sendo 𝑠 o índice de espessura de parede 0 ≤ 𝑠 ≤ 1
25

Tensões em árvores
Com isso as tensões em árvores maciças são dadas por:

e, para o caso de árvores vazadas, por:


kfs Ta kfsm Tm
ta=16 e tm= 16
p d3 (1−s4) p d3 (1−s4)

Lembrar que:

𝐷 𝑠𝑑
= =𝑠
𝑑 𝑑

0≤𝑠≤1 26

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Tensões devido ao esforço normal
As tensões normais devido ao esforço axial causadas pelo peso
próprio, causam apenas tensão média:

Para o caso da montagem de engrenagens helicoidais, devido ao


empuxo, além da tensão média pode haver uma tensão alternante .

Para árvores/eixos de seção vazada a área é dada por:


p
d 2 (1−s2)
A=
4
Com isso a tensão média pode ser reescrita como:

kfm Fz
sm axial= 4
p 𝑑 2 (1−s2) 27

Recomendações do Norton
As regras gerais para o projeto de árvores/eixos, segundo o Norton são:

1) Os comprimentos das árvores/eixos, bem como os trechos em balanço


devem ser os menores possíveis para reduzir tensões e deflexões;
2) O trechos em balanço só devem ser usados para facilitar a manutenção ou
a montagem;
3) As árvores vazados são mais rígidas, leves e, consequentemente, têm
frequências naturais mais elevadas, quando comparados com um
elemento maciço de mesma rigidez. A contrapartida é o preço e a
dificuldade de fabricação;
4) Os concentradores de tensão, quando possível, devem ser colocados o mais
distantes dos locais onde as solicitações internas são elevadas;
5) Quando a principal preocupação é a minimização de deflexões, o material
mais indicado é o aço baixo teor de carbono;
6) A soma das deflexões nos pontos onde são montadas engrenagens, a
deflexão não deve ser superior a 0,13 mm e o giro máximo relativo entre os
eixos de 0,04 graus (0,00070 rad);
28

14
Recomendações do Norton
7) A deflexão total máxima admissível para mancais de escorregamento
(hidrodinâmicos ou hidrostáticos) ao longo do mancal deve ser menor do
que a propiciada pela espessura do filme de óleo;
8) Para mancais de rolamento rígidos, as inclinações dos eixos nos apoios
devem ser menores do que 0,04 graus (0,00070 rad). Recomenda-se
consultar o catálogo de seleção de rolamentos;
9) Quando na presença de cargas axiais, recomenda-se que que seja utilizado
apenas um mancal axial para suportá-la. Quando são utilizados dois
mancais axiais, haverá problemas devido à deformação térmica;
10) A frequência de excitação deve ser pelo menos três vezes menor do que a
primeira frequência natural da árvore. Deve, preferencialmente, girar em
torno de 10, porém é difícil conseguir essa relação.

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Teorias de falha – carregamentos


estáticos

Há dois critérios clássicos de falha usados no projeto de vigas


feitas com materiais dúcteis:

• Teoria da máxima tensão cisalhante (TRESCA) e


• Teoria da máxima energia de distorção (von MISES).

Esses dois critérios são também utilizados para o


dimensionamento de vigas/árvores/eixos submetidas a
carregamentos de fadiga e, para isso, são necessárias
algumas alterações do modelo, as quais são apresentadas
sucintamente no desenvolvimento que se segue.

30

15
Critério de falha de von Mises - Estático
Para o caso mais geral de tensões o critério de von Mises (ou
teoria da máxima energia de distorção) para carregamentos
estáticos é dado por:

que, para o caso de vigas/árvores/eixos, reduz-se a:

Observação: carregamentos estáticos sem considerar concentração de tensões

31

Critério de TRESCA - Tensão cisalhante


máxima - Estático

A forma geral desse critério, é dada por:


𝜎1 − 𝜎3
𝜏𝑠𝑢𝑝 =
2

O qual, para o caso de árvores submetidos a torção e


flexão, resulta em:

Observação: carregamentos estáticos


32

16
O problema de fadiga

A modelagem matemática para o problema de


fadiga considera as componentes média e
alternante das tensões resultantes do
carregamento.

Sendo assim as duas teorias de falhas devem ser


adaptadas para essas duas componentes do
carregamento de fadiga, como segue.

33

Primeiro Modelo

34

17
Dimensionamento – von Mises

Quando a flexão e a torção são alternantes, um enfoque que pode ser


usado é o do critério de von Mises, que calcula as tensões médias e
alternantes com as seguintes equações (caso geral):

que, para o caso plano de tensões reduzem-se a:

Observação: Caso sem concentração de tensões 35

Caso viga – von Mises


Para o caso de viga (tensões normais de flexão, de solicitação axial e
de torção), as equações anteriores para o estado plano de tensões
podem ser reescritas como:

Com as tensões alternada e média equivalentes, usa-se o Diagrama


de Goodman Modificado (DGM) para determinar o coeficiente de
segurança.

Observação: Caso sem concentração de tensões 36

18
Dimensões do da árvore (DGM) – von Mises
Supondo que as cargas média e alternante mantenham
uma razão constante, a falha ocorre no ponto R da figura
mostrada abaixo.

Para este caso, o coeficiente de segurança n é dado por:

37

Dimensões da árvore – von Mises


Considerando que a tensão devido a carga axial é nula e
lembrando que a relação entre carga alternante e média é
constante, tem-se a seguinte equação para o pré-
dimensionamento de árvores, com a consideração de
concentradores de tensão:

𝑘𝑓𝑓 𝑘𝑓𝑠 𝑘𝑓𝑓 𝑘𝑓𝑠

Caso particular.
𝑘𝑓𝑓 𝑘𝑓𝑠

Obs.: = tensão de fadiga para uma vida finita (Usar para vida infinita)
38

19
Segundo Modelo

39

Critério de Soderberg – Tensão cisalhante


máxima - TRESCA

Para o Critério de Soderberg o coeficiente de segurança


pode ser obtido a partir da análise da figura mostrada:

40

20
Dimensões da árvore – Critério de
Soderberg – Tensão cisalhante máxima - TRESCA
Esse critério para o caso de árvores ou eixos, resulta em:

𝑘𝑓𝑠 𝑘𝑓𝑓

Generalizando:

𝑘𝑓𝑠 𝑘𝑓𝑓

= tensão de fadiga para uma vida infinita


Obs.: = tensão de fadiga para uma vida infinita (Usar para vida finita)
41

Terceiro Modelo

42

21
Proposta da ASME.
Pela ASME (norma americana) o diâmetro da árvore é dado por:

𝑘𝑓𝑓

A ASME supõe que o fator de concentração de tensões médias na torção seja


um (1), assim:

𝑘𝑓𝑓

Obs.: = tensão de fadiga para uma vida finita (Usar para vida infinita)
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Comentário a respeito do método da ASME


Caso de flexão alternada com torção média (constante)

Método ASME – vale apenas para o caso de flexão alternada,


onde a tensão média é nula e no caso em que a torção é
constante (tensão cisalhante média diferente de zero e a
cisalhante alternada nula).

44

22
Restrições
A última equação, proposta pela ASME, deve ser usada com
cuidado, já que os resultados não são conservativos quando
uma das componentes de tensão que foram supostas como
nulas não o forem (ver a elipse de Gough).

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Exemplo resolvido – Caso estático


Dimensione estaticamente a árvore, cuja síntese é
mostrada na figura, para um uma segurança de 90%, ou
seja, coeficiente de segurança 1,9. A refrigeração do
sistema permite que as peças trabalhem abaixo de 85
graus centígrados

46

23
Outras informações
𝐹𝐴1 = 2700 𝑁 𝑑𝐴 = 2𝑟𝐴 = 300 𝑚𝑚
𝐹𝐴2 = 500 𝑁 𝑑𝐵 = 2𝑟𝐵 = 250 𝑚𝑚
𝐹𝐵1 = 1,15 𝐹𝐵2

𝑎 = 300𝑚𝑚
𝑏 = 400𝑚𝑚
𝑐 = 150𝑚𝑚

Para o caso do eixo ser vazado considerar que:


𝑑𝑖 = 0,6𝑑

Ou seja: s=0,6
47

Cálculo das cargas externas aplicadas

48

24
Carregamentos
1,15 𝑟𝐴 23 𝑟𝐴
𝐹𝐵1 = 𝐹 − 𝐹𝐴2 = 𝐹 − 𝐹𝐴2 = 20 240𝑁
0,15 𝐴1 𝑟𝐵 3 𝐴1 𝑟𝐵
𝐹𝐴1 − 𝐹𝐴2 𝑟𝐴 20 𝑟𝐴
𝐹𝐵2 = = 𝐹𝐴1 − 𝐹𝐴2 = 17 600N
0,15 𝑟𝐵 3 𝑟𝐵

𝐹𝐴 = 𝐹𝐴1 + 𝐹𝐴2 = 3 200N


𝐹𝐵 = 𝐹𝐵1 + 𝐹𝐵2 = 37 840𝑁
Resumindo:
𝐹𝐴1 = 2700 𝑁 𝐹𝐴 = 3 200N 𝑇𝐴 = (𝐹𝐴1 − 𝐹𝐴2 )𝑟𝐴
𝐹𝐴2 = 500 𝑁
𝑇𝐵 = (𝐹𝐵1 − 𝐹𝐵2 )𝑟𝐵
𝐹𝐵1 = 20 240N
𝐹𝐵 = 37 840𝑁 𝑇𝐴 = 𝑇𝐵 = 330 103 𝑁𝑚𝑚
𝐹𝐵2 = 17 600𝑁 49

Cálculo das reações

50

25
Reações & forças

𝑅3𝑥 = 0
(𝑏 + 𝑐)
𝑅1𝑦 = − 𝐹𝐵
𝑙
𝑎
𝑅4𝑦 = − 𝐹𝐵
𝑙
𝑐
𝑅2𝑧 = − 𝐹𝐴
𝑙
(𝑎 + 𝑏)
𝑅1𝑦 = − 𝐹𝐴
𝑙

51

Solicitações internas – Plano x-y

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26
Solicitações internas – Plano x-y
𝑏+𝑐 416240
𝑀𝑧𝐶1 = −𝐹𝐵 𝑥=− 𝑥
𝑙 17

𝑏+𝑐 43 𝑟𝐴
𝑀𝑧𝐶2 = −𝐹𝐵 𝑥+ 𝐹 − 𝐹𝐴2 (𝑥 − 𝑎)
𝑙 3 𝑟𝐵 𝐴1
416240
𝑀𝑧𝐶2 = 𝑥 − 300 37840 − 𝑥
17
𝑎 227040
𝑀𝑧𝐶3 = −𝐹𝐵 𝑙 − 𝑥 = − 850 − 𝑥
𝑙 17

𝑇𝑥𝐶2 = − 𝐹𝐴1 − 𝐹𝐴2 𝑟𝐴 = −330 103 𝑁𝑚𝑚


53

Solicitações internas – Plano x - y

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27
Solicitações internas – Plano x - z

(𝑎 + 𝑏)
𝑅5𝑧 = − 𝐹𝐴
𝑙
𝑐
𝑅5𝑧 = − 𝐹𝐴
𝑙
55

Solicitações internas – Plano x - z

𝑐 9600
𝑀𝑦𝐶4 = 𝐹𝐴 𝑥 = 𝑥
𝑙 17
𝑎+𝑏 44800
𝑀𝑦𝐶5 = 𝐹𝐴 (𝑙 − 𝑥) = (850 − 𝑥)
𝑙 17

56

28
Solicitações internas – Plano x - z

57

Solicitações internas – Resultante

𝑀𝑅 𝑥 = (𝑀𝑧 𝑥 )2 + (𝑀𝑦 𝑥 )2

58

29
Solicitações internas – Resultante
416351
0≤𝑥≤𝑎 𝑀𝑅0 𝑎𝑡é 𝑎 = 𝑥
17

𝑎 𝑎𝑡é (𝑎+𝑏) 480


𝑎 ≤𝑥 ≤𝑎+𝑏 𝑀𝑅 = 223729(𝑥 − 850)2 +400𝑥 2
17

(𝑎+𝑏) 𝑎𝑡é 𝑙 231418


(𝑎 + 𝑏) ≤ 𝑥 ≤ 𝑙 𝑀𝑅 = (𝑥 − 850)
17

59

Solicitações internas – Resultante

60

30
Solicitações internas atuantes na
seção crítica
Com isso definido, percebe-se que a seção crítica está
localizada em x=a=300mm. Nessa seção, além do momento
fletor máximo, ocorre o momento torçor máximo, que valem:

𝑀𝑅𝑚á𝑥 = 7,35 106 𝑁𝑚𝑚

𝑀𝑇𝑚á𝑥 = 330 103 𝑁𝑚𝑚

Considerar que o material é o aço SAE 1020 laminado à frio, com as


seguintes propriedades:

= 𝝈𝑬 ≅ 𝟑𝟗𝟑𝑴𝑷𝒂
= 𝜎𝑟 ≅ 469𝑀𝑃𝑎 Todos são dados de catálogo
𝐷𝑢𝑟𝑒𝑧𝑎 𝐵𝑟𝑖𝑛𝑒𝑙𝑙 ≅ 131𝐻𝐵
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Tabela de materiais

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31
Dimensões do eixo - Tresca

63

Dimensões do eixo vazado - Tresca

64

32
Dimensões do eixo – von Mises

65

Problema com fadiga


O dimensionamento feito até agora serviu apenas para
dar uma ideia das dimensões gerais do eixo, visto que o
problema foi tratado estaticamente e o caso é de fadiga,
pois se trata de uma árvore com carregamento alternado
em flexão.

Sendo assim, essa análise é preliminar e tem uma


utilidade especial que é a de orientação para a avaliação
dos diversos fatores que afetam a vida a fadiga dessa
peça, como é mostrado no desenvolvimento apresentado
adiante.

66

33
Análise por Fadiga
Como se trata de uma árvore é necessário que sejam
introduzidas algumas modificações na geometria adotada
até agora na mesma. Em função da existência de mancais
e das duas polias é necessário que o eixo seja escalonado,
o que facilita o posicionamento correto desses elementos
bem como a ancoragem do eixo no restante da estrutura.

Num primeira aproximação a árvore em questão é


mostrada de forma esquemática na figura que segue.

67

Síntese da árvore

Usar raios de arredondamento iguais a


2,5 mm

𝑑𝑔𝑜𝑙𝑎 ≅ 1,1𝑑𝐴𝐵 𝐴𝑟𝑟𝑒𝑑𝑜𝑛𝑑𝑎𝑟 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 68

34
DIN 393 - Séries de números normalizados

69

Resistência do material à Fadiga


Idealmente a resistência à fadiga do material deveria ser determinada
em ensaios do material que a peça vai ser construída.

Quando isso não é possível se usam dados de fabricantes, os quais nem


sempre são confiáveis, já que o material que vai ser usado pode ser
fornecido por fabricante diferente daquele que colocou os dados à
disposição .

Outra forma de determinar as propriedades do material é usar


aproximações, como é mostrado a seguir. Essas aproximações devem ser
corroboradas com experimentos das peças e dos materiais, já que se
trata de um procedimento para o pré dimensionamento.

70

35
Estimativa da tensão limite de fadiga
Quando não se tem as propriedades do material quanto ao limite de
fadiga, em uma primeira aproximação, o Norton sugere:

Ferros fundidos:
(Cast iron, Grauguss,
Fonte Grise)

71

Propriedades do material SAE 1020 laminado à frio

𝑆𝑦 ≅ 𝜎𝑒 ≅ 393𝑀𝑃𝑎
𝑆𝑢𝑡 ≅ 𝜎𝑟 = 469𝑀𝑃𝑎 Todos são dados de catálogo

𝐷𝑢𝑟𝑒𝑧𝑎 𝐵𝑟𝑖𝑛𝑒𝑙𝑙 ≅ 131𝐻𝐵


𝑆𝑒′ =
Com isso a tensão limite de fadiga para o corpo de prova desse
material é dada por:

𝑆𝑒′ = 0,5 𝑆𝑢𝑡 =, 5 𝜎𝑟 = 0,5 469 = 234,5 ≅ 235𝑀𝑃𝑎

𝑆𝑒′ = 235MPa

72

36
Resistência à fadiga da peça

Para vida finita a tensão de resistência é dada por

S f  k1k 2 k3 k 4 ...k n S 'f


Para vida infinita a tensão de resistência é dada por

S e  k1k 2 k3 k 4 ...k n S e'

73

Fator acabamento superficial 1 – k1


O fator acabamento superficial (k1), é escolhido para um
acabamento como o mostrado na figura abaixo:

k1
k1 = 0,78
(usinado)

74

37
Fator acabamento superficial 2 – k1
Também é possível selecionar o fator de acabamento
superficial, em termos da rugosidade média aritmética Ra ,
em um diagrama como o apresentado por Norton.

k1

75

Fator acabamento superficial 3 – k1

O fator acabamento superficial também pode ser calculado


por uma expressão, do tipo exponencial, como a que segue:

sendo:

k1 = 4,51 (469) –0,265 = 0,89 (usinado)

76

38
Tratamentos superficiais
Os tratamentos superficiais, como a eletro-deposição de certos
materiais, podem reduzir drasticamente a vida a fadiga. Por isso não se
recomenda que seja feita a eletro-deposição de materiais, tais como
cromo e níquel, em peças que sofrem carregamentos cíclicos.

77

Outros tratamentos superficiais


Eletro-deposição de metais maleáveis, tais como cádmio, cobre, zinco, chum-
bo e estanho, parecem não afetar a resistência a fadiga.

Jatear a superfície com esferas de aço, vidro, etc., aumenta significativamente


a vida a fadiga do componente. O shot peening é um procedimento tão efi-
ciente que, no caso da necessidade de eletrodeposição de materiais duros tais
como cromo e níquel, é recomendado para melhorar as propriedades da su-
perfície tratada com esse metais.

78

39
Fator tamanho - k2

Fator tamanho – k2

Este fator se deve ao fato da peça real ser maior do que o


corpo de prova, o que leva a ter um maior número de
defeitos em seu interior o que reduz a vida à fadiga. Segundo
o Norton, (pág. 318), as recomendações são:

𝑘2 = 1,189 𝑑−0,097 = 1,189 75−0,097 = 0,78

79

Fator Carregamento - k3
Fator de carregamento – k3.
O Norton recomenda (página 318) que:

Como o tipo de solicitação é o de flexão o fator carregamento é:

k3 = 1,0

80

40
Fator temperatura 1 - k4
No caso da peça operar em uma temperatura diferente daquela do
ensaio, determinados materiais apresentam a temperatura de transição
(onde os materiais dúcteis mudam de mecanismo de falha), ou então,
em temperaturas maiores, a tenacidade a fratura aumenta.

Em temperaturas elevadas, alguns materiais, não apresentam limite de


resistência a fadiga.

O efeito da temperatura se dá, notadamente, na redução da resistência


ao escoamento, o que reduz a resistência a fadiga. Em temperaturas
acima de 50% da de fusão do material o fenômeno da fluência se torna
significativo.

81

Fator temperatura 2 - k4
O fator temperatura para aços, pode ser estimado a partir
de:
k4
k4
k4

Para este problema toma-se k4 = 1,0, pois a peça trabalha


abaixo de 450 graus centígrados.

82

41
Fator confiabilidade – k5
Nos ensaios de fadiga, existe uma dispersão de resultados bastante
grande para os testes de mesmo tipo de material e condições
semelhantes do ensaio.

Para aços, segundo Norton, os desvios padrão para a resistência a fadiga


raramente superam 8%. Na tabela são dados os fatores de
confiabilidade, k5, para que a peça supere a vida de resistência a fadiga
obtida em ensaio.

k5
Para este problema, considera-se
uma confiabilidade de 50%, o que
corresponde a um fator de confia-
bilidade:

k5 = 1,0 83

Tensão limite de fadiga para a peça

S e  k1k 2 k3 k 4 ...k n S e'

𝑆𝑒 = 0,78 0,78 1,0 1,0 1,0 235


Logo:

𝑆𝑒 = 142,7𝑀𝑃𝑎

84

42
Concentradores de tensão - Flexão

𝑟
𝑑
Para flexão o fator de concentração de tensões vale
𝑟 𝑏 2,5 −0,23757
𝑘𝑡 ≅ 𝐴 = 0,9512 = 2,13 ou selecionar na tabela
𝑑 75

𝑳𝒆𝒎𝒃𝒓𝒂𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒓 = 𝟐, 𝟓 𝒎𝒎, 𝑫 = 𝒅𝑨𝑩 ≈ 𝟕𝟓 𝒎𝒎 𝒆 𝒅 = 𝒅𝒈𝒐𝒍𝒂 ≅ 𝟏,85𝟏𝒅𝑨𝑩


85

Concentradores de tensão - Torção

𝑟
𝑑
E para a torção vale:
𝑟 𝑏 2,5 −0,12692
𝑘𝑡𝑠 ≅ 𝐴 =0,90337 = 1,39 ou selecionar na tabela
𝑑 75

𝑳𝒆𝒎𝒃𝒓𝒂𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒓 = 𝟐, 𝟓 𝒎𝒎, 𝑫 = 𝒅𝑨𝑩 ≈ 𝟕𝟓 𝒎𝒎 𝒆 𝒅 = 𝒅𝒈𝒐𝒍𝒂 ≅ 𝟏,86𝟏𝒅𝑨𝑩

43
Sensibilidade ao entalhe 1
O termo entalhe designa genericamente qualquer geometria
do contorno que altera o fluxo de forças no interior de uma
peça. A perturbação do fluxo pode ser causada por furos,
chanfros, ranhuras, etc.

As boas regras de projeto recomendam que os entalhes


sejam feitos com o maior raio de arredondamento possível,
para reduzir a concentração de tensões.

Se os entalhes forem muito agudos, a análise da peça deve


ser feita pela mecânica da fratura, que os considera como
trincas na previsão da vida da peça.

87

Sensibilidade ao entalhe 2
Os materiais apresentam diferentes sensibilidades as concentrações de
tensões que, genericamente, são denominadas de sensibilidade ao
entalhe.

Para os materiais dúcteis a sensibilidade ao entalhe é pequena,


enquanto que para materiais frágeis a sensibilidade ao entalhe é alta.

O raio do entalhe também afeta a sensibilidade ao entalhe que, de


forma contraditória ao que se fala em concentração de tensões, quando
se reduz a zero a sensibilidade ao entalhe também tende a zero.

88

44
Sensibilidade ao entalhe 3
Segundo Norton, a sensibilidade ao entalhe, (que foi desenvolvida por
Neuber e finalmente por Peterson) é dada por:

sendo:
q - a sensibilidade ao entalhe (varia entre 0 e 1);
kt - o fator de concentração de tensões estático e
kf - o fator de concentração de tensões dinâmico ou de fadiga.

Com as devidas manipulações, o fator de concentração de tensões na


fadiga é dado por:

89

Sensibilidade ao entalhe 4
A sensibilidade ao entalhe pode ser obtida em gráficos
semelhantes ao mostrado abaixo:

90

45
Sensibilidade ao entalhe 5
A sensibilidade ao entalhe também pode ser obtida a partir
da seguinte equação:

sendo
a - a constante de Neuber e
r - o raio do entalhe.

91

Constante de Neuber
No gráfico são apresentados valores da constante de Neuber para alguns
outros materiais, além do aço de baixa liga.

92

46
Sensibilidade ao entalhe 6

1
𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 𝑞 = = 0,72
0,12
Por Neuber 1+
2,5/25,4
1
𝑞=
𝑎
1+ 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑟çã𝑜 𝑞𝑠 =
1
= 0,78
𝑟 1+
0,09
2,5/25,4

𝑳𝒆𝒎𝒃𝒓𝒂𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝝈𝒆 = 𝟑𝟎𝟑 𝑴𝑷𝒂 = 𝟓𝟕𝒌𝒑𝒔𝒊


93

Sensibilidade ao entalhe 7

Pela figura 6.36 do Norton esses valores são:

𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 𝑞 =0,74

𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑟çã𝑜 𝑞𝑠 =0,80

94

47
Fatores de concentração de tensões em fadiga

𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜
𝑘𝑓𝑓 = 1 + 𝑞(𝑘𝑡 − 1)
𝑘𝑓𝑓 = 1 + 0,72(2,13 − 1) ≅ 1,81

𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑟çã𝑜
𝑘𝑓𝑠 = 1 + 𝑞𝑠 (𝑘𝑡𝑠 − 1)

𝑘𝑓𝑠 = 1 + 0,78 1,39 − 1 ≅ 1,30


95

Solicitações internas

Para flexão
𝑀𝑚 = 0
124 872
𝑀𝑎 = ± 103 = 7,35 106 Nmm
17

Para torção
𝑇𝑚 = 330 103 Nmm
𝑇𝑎 = 0
96

48
Dimensões do eixo
Por Soderberg
3 2 2
32 𝑛 𝑇𝑚 𝑀𝑎
𝑑𝐴𝐵 = 𝑘𝑓𝑠 + 𝑘𝑓𝑓
𝜋 𝑆𝑦 𝑆𝑒

3 2 2
32 1,05 330 103 7,35 106
𝑑𝐴𝐵 = 1,30 + 1,81
𝜋 393 142,7

𝑑𝐴𝐵 = 99,90 𝑚𝑚 ≅ 100𝑚𝑚


97

Dimensões do eixo
Por Goodmann

3 16 𝑛 𝑀𝑎 𝑇𝑚
𝑑𝐴𝐵 = 2 𝑘𝑓𝑓 + 3𝑘𝑓𝑠
𝜋 𝑆𝑒 𝑆𝑢𝑡

3 16 1,05 7,35 106 330 103


𝑑𝐴𝐵 = 2 1,81 + 3 1,30
𝜋 142,7 469

𝑑𝐴𝐵 = 100,18 𝑚𝑚 ≅ 100𝑚𝑚

98

49
Dimensões do eixo
Pelo método ASME

3 2 2
32 𝑛 𝑀𝑎 3 𝑇𝑚
𝑑𝐴𝐵 = 𝑘𝑓𝑓 + 𝑘𝑓𝑠
𝜋 𝑆𝑒 4 𝑆𝑦

3 2 2
32 1,05 7,35 106 3 330 103
𝑑𝐴𝐵 = 1,81 + 1,30
𝜋 142,7 4 393

𝑑𝐴𝐵 = 99,90 ≅ 100𝑚𝑚


99

Para casa
Trabalho para casa: Refazer os cálculos considerando
D=100mm e determinar as demais dimensões dessa árvore.

100

50
Bibliografia
[1] Boresi, A. P., Schmidt, R.J., Sidebotton, O. M. Advanced
Mechanics of Materials. Fifth Edition. John Wiley & Sons Inc.:
USA, 1993.

[2] Norton, R. L. Projeto de Máquinas. Uma abordagem integra-


da. Segunda edição. Bookman: Brasil, 2004.

101

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