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Professor Msc. Ivan Carlos Serpa


Disciplina História
Aluno(a):_____________________________________Turma_______

Apostila
de

História
Primeiro Trimestre de 2023
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Perguntas de um Operário que lê

(Bertolt Brecht)

Quem construiu Tebas de sete portas?


Nos livros, ficam os nomes dos reis.
Os reis arrastaram blocos de pedra?
Babilônia, muitas vezes destruída,
Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas
moravam os obreiros?
Para onde foram, na noite em que ficou pronta a Muralha da China,
Os pedreiros?
A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os erigiu? Sobre quem
Triunfaram os Césares?
Bizâncio, tão celebrada
Tinha apenas palácios para seus reis?
Mesmo na legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu.
Os que se afogavam gritavam por seus escravos?
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Ele sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava ao menos um cozinheiro consigo?
Felipe da Espanha chorou, quando sua armada naufragou.
Ninguém mais teria chorado?
Ricardo venceu a Cruzada.
Quem venceu junto?
Por todo canto uma glória.
Mas quem cozinhou o banquete da vitória?
Cada dez anos um grande homem.
Quem pagou as despesas?
Histórias de mais.
Perguntas de menos.
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Objetivo geral da disciplina

Desenvolver o pensamento crítico e a consciência histórica


(consciência do homem moderno da relatividade de todo conhecimento e da
historicidade de todo presente) por meio da compreensão das principais
questões históricas do Mundo e do Brasil no período estudado.

Ementa
História moderna e a transição para o período da História contemporânea e a
História do Brasil do século XIX, bem como as questões relacionadas à plu-
ralidade cultural. História e cultura afro-brasileira e africana e Santa Catarina
nesse contexto.

Metodologia

As aulas serão desenvolvidas de acordo com os seguintes procedimentos:


-Simulações de escavações arqueológicas no Sítio Arq. Pedagógico
-Teatralidade Educativa;
-Apresentações de seminários em equipes;
-Aulas práticas;
-Análise e interpretação de documentários e filmes históricos;

Avaliação
Serão realizadas duas avaliações por trimestre, sendo uma prova escrita e
um trabalho em equipe. A avaliação escrita e o trabalho terão pesos iguais. Ao final
de cada trimestre será oportunizada aos alunos uma avaliação de recuperação da nota,
devendo substituir a média. (Resuloção 084/2014/CONSUPER)
Os Os critérios de avaliação são: 1) capacidade de interpretação dos contextos
históricos do Brasil e Mundo atuais através dos conhecimentos históricos; 2)
capacidade de posicionar-se criticamente com relação às questões do tempo presente;
3)capacidade de produzir socialmente os conhecimentos históricos através de
trabalhos em equipe; 4)capacidade de expressar os conhecimentos históricos por
meio de diferentes linguagens, como teatro, dança, música e áudio visuais.
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UNIDADE I
1. Conceito de História:

A História é uma ciência humana que estuda o homem no


tempo. Ou seja, a humanidade desde seu surgimento até os dias atuais. Nosso
estudo se fundamentará na concepção da Teoria Crítica, segundo a qual a
História é feita por todos nós: homens, mulheres, homossexuais, pessoas com
deficiência, negros, brancos, índios, pobres, ricos.
Não se trata de nenhum posicionamento político de
direita, esquerda, extrema esquerda, centro, nem extrema direita. Trata-se apenas e
tão somente de promover o respeito à dignidade humana, sem
distinções.

2. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: a humanidade atingiu um


muro.1

Os historiadores conceituam a Revolução Industrial como o grande desenvolvimento


da indústria moderna ocorrido entre o final do século XVIII e início do século XIX. Evento que
consolida historicamente o capitalismo, a Revolução Industrial é considerada como a entrada
deste sistema econômico e social na maioridade.
A peça teatral que você acabou de ver refere-se à primeira fase do capitalismo, dos
séculos XIV ao XVII, que corresponde à sua origem e formação. Neste período se
desenvolveram as relações sociais e politicas responsáveis pela separação dos indivíduos de
seus meios e produção. Para isto as leis dos Cercamentos dos Campos foi determinante na
Inglaterra, fazendo desta a primeira nação a desenvolver o capitalismo.
No século XVII a humanidade atingiu um muro. A população do mundo chegava a 900
milhões. O advento da Ciência havia melhorado a saúde e as condições de vida das populações
europeias.
Mas a forma como aproveitávamos nossa energia para o trabalho ainda era quase tão
atrasada quanto a dos egípcios. No Egito Antigo (2500 a.C.) 90% dos trabalhos eram realizados
pelos músculos humanos e em 1700 este índice ainda era de 70%.
Quando você pensa em 1700, deve lembrar que as pessoas ainda eram agricultores, a
produção era realizada em pequena escala e os produtos manufaturados eram produzidos em
pequenas oficinas. Demorava mais de um ano para a carga e a informação circularem o planeta.

1História do Mundo em Duas Horas. History Channel, Disponível em: youtube.com. Acesso em
22/02/2018, de 1h19min e 16 seg até 1h22min e 45 seg.
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Então surgiram previsões catastróficas da história, o fim do mundo era anunciado por
religiosos e adivinhos. Na Idade Média tornaram-se populares as previsões de Nostradamus.
Havia fome e desespero entre as populações e o fanatismo religioso se intensificou com a queima
de cerca de 100 mil pessoas acusadas de bruxaria na Europa e na América. 2
Mas, objetivamente, o que impedia a humanidade de ultrapassar este mundo de trevas e
atraso?
O que nos impedia era a forma como utilizávamos nossa energia, a baixa qualidade
técnica do trabalho, essencialmente dependente da força humana. Nas Américas a escravidão
praticamente impedia o desenvolvimento técnico, pois se havia força de trabalho humano a
baixo custo, qual o sentido de inventar máquinas?
O desenvolvimento do sistema capitalista de produção na Inglaterra exigia um
consumo cada vez maior de ferro, mas para aquecer as forjas ainda era usada a queima de árvores
as quais rapidamente se esgotaram nas florestas inglesas. Para substituir a lenha, os ingleses
passaram a utilizar o carvão mineral como força motriz. Esta foi a primeira grande revolução da
matriz energética mundial: a lenha foi substituída pelo carvão mineral. No entanto, as minas de
carvão inglesas tinham um grave problema, elas eram rapidamente inundadas com águas do
subsolo.
Para resolver este problema, em 1712 Thomas Newcomen inventou a máquina a
vapor que retirava a água do fundo das minas de carvão. Neste momento, ocorreu a conjunção de
duas grandes transformações: a nova matriz energética do carvão e a invenção de uma nova
tecnologia: a máquina a vapor. A Revolução Industrial estava começando, plantando as bases
da sociedade industrial e da modernidade.
Mas foi o aperfeiçoamento de James Watt em 1765 que deu à máquina a vapor sua
utilidade industrial, conectando a ela cabos de transmissão capazes de movimentar máquinas da
indústria têxtil inglesa. Este ano marca o efetivo início da Primeira Revolução Industrial (1765 –
1830) caracterizada pelos avanços da máquina a vapor. A partir de 1830 passa a haver um intenso
desenvolvimento da maquinaria, marcando a Segunda Revolução Industrial. Paralelamente,
milhares de trabalhadores são desempregados e ocorrem violentas revoluções sociais na Europa.
Como alternativa, os trabalhadores ou “proletários” passaram a seguir as ideias socialistas de
Saint Simon, Fourier e o comunismo de Marx e Engels.
O final do século XIX viu surgir uma importante inovação tecnológica: o motor a
combustão movido a petróleo, dando espetacular impulso à indústria capitalista. Era a chamada
Terceira Revolução Industrial.
No último quarto do século XX, os avanços da informática, robótica e automação
industrial novamente revolucionou o sistema capitalista de produção, dando origem ao que os
historiadores chamam de Quarta Revolução Industrial.

EXERCÍCIO PARA CASA

1. Conceitue Revolução Industrial.


2.Em que período histórico iniciou-se a formação do capitalismo?
3. O que quer dizer a frase: Na Revolução Industrial o capitalismo atingiu a maioridade?
4.Por que no século XVII a humanidade havia atingido um “muro”?
5.NO século XVIII os ingleses passaram a usar qual matriz energética?
6.Quando e quem inventou a máquina a vapor?
2. SAGAN, Carl. O Mundo Assombrado pelos Demônios. São Paulo: Companhia de Bolso, 2007.
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7.Qual a contribuição de James Watt?


8. Cite as 4 Revoluções Industriais, seus períodos e principais características.
9.Qual a situação social dos trabalhadores no éculo XIX?
10.Quais ideias políticas surgiram no contexto histórico da Revolução Industrial?

TEATRALIDADE EDUCATIVA -
PEÇA I - SURGE O CAPITALISMO
(9 personagens)

Contexto histórico: Inglaterra, século XVI


Ementa: História Moderna, a transição para o Período da História Contemporânea.
Conteúdo: Crise do feudalismo, desenvolvimento marítimo e comercial europeu,
cercamento dos campos (enclosere acts)
Objetivo: Compreender, através de dramatização teatral, a importância do processo
de espoliação das terras camponesas para o surgimento da capitalismo.

Introdução

Narrador: Um grupo de ex-servos fugitivos de um feudo inglês do século


XVI comemora a fuga e faz planos para sua nova vida. Estão indo para um “burgo”,
uma vila medieval independente, fora dos feudos, onde não há servidão. Eles acabam
de fugir do feudo em busca de melhores condições de vida, procurando vender sua
força de trabalho em troca de um salário. Pois, o sistema capitalista de produção
tem como principal característica a separação dos trabalhadores e seus
instrumentos de trabalho (meios de produção), como terras, ferramentas e
equipamentos. Se os sujeitos não estiverem separados de seus meios e produção eles
não precisarão vender sua força de trabalho para sobreviver. Nascia assim, o
capitalismo dentro de pequenas fábricas de tecidos, armas, e barcos entre os séculos
XIV e XV. Animados com as descobertas do novo caminho marítimo para as
Índias através do Oceano Atlântico, os comerciantes, chamados burgueses, se
tornarão, daqui para frente, a classe social dominante em todo o período da
modernidade, dos séculos XV ao XXI.

Os servos vão chegando em cena


Servo 1- Finalmente nos livramos de todas aquelas obrigações dos
senhores feudais e da Igreja.
Serva 2- É verdade! Era tanta exploração, que mal sobrava pra comer. E,
nós mulheres, sempre sendo acusadas de bruxaria. Era bruxa queimando pra tudo que
é lado! Tudo era culpa nossa, caraca! Aí, óh, galera! Vai chegar um dia que nós
mulheres vamos ter os nossos direitos, tá sabendo! Chega dessa misoginia! Mas...óh!
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Olho aberto, aí no século XXI galera! Tô sabendo que tem uns babacas aí que ainda
não respeitam as mulheres!
Servo 3- Era corveia pra cá, talha pra lá, dízimos pra Igreja. Agora chega
disso tudo! Vamos ser assalariados! Trabalhar em troca de um salário, galera! U-hu!!
Servo 4- E aquela Peste Negra, então! Deus nos livre! Matou um terço da
população da Europa! A peste era transmitida pelos ratos. Caraca! Era tanto esgoto
escorrendo pelas ruas nas vilas e cidades da Europa que as doenças se proliferavam!
Depois dizem que os índios das Américas é que eram porcos! Lá eles tomam banhos
todo dia e nas cidades astecas tinha até canalização de esgotos subterrânea.
Servo 5 - Ah! Mas o pior mesmo eram as torturas da Igreja. Tá louco,
meu! E aquelas empaladas do Conde Drácula, então! Deus me livre, levar uma
daquelas empaladas bem no...bem no... ram... ram...bom... deixa pra lá! (pigarreando
e rindo).
Servo 6 - Vamos pro burgo que está surgindo na Itália, galera! Se chama
Veneza. Dizem que os comerciantes de lá, os...os... como se chamam mesmo?
Todos juntos – burgueses!
Servo 6- Isso, isso, isso… (imitando o Chaves) os burgueses... estão
lucrando muito com as vendas de roupas de lã para as Índias, depois que descobriram
o novo caminho marítimo para as Índias.
Servo 7- Mas tem um problema galera: nós não temos mais terras porque a
Rainha Elizabeth I nos expulsou de lá. Foi depois daquela lei maldita do Cercamento
dos Campos. Agora... estamos separados de nossos meios de produção. Só o que
temos para ganhar a vida é nossa força de trabalho, nossos braços.
Servo 8 – É.. mas quem nos garante que iremos conseguir empregos? E os
salários serão suficientes para sustentar nossas famílias? Não sei, galera, mas alguma
coisa não está cheirando bem nesta história.

Atividade
1. Em que século começou a surgir o capitalismo na Europa?
……………………………………………………………………………………
2. Qual sua principal característica?
…………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………
3. Por que a separação entre os sujeitos e seus meios de produção foi fundamental na
gênese do capitalismo?
…………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………...
4. O que a Rainha Elizabeth I fez para auxiliar os burgueses?
…………………………………………………………………………………………
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ROTEIRO DE TRABALHO EM EQUIPE

1. Acompanhar a explicação do professor.


2. Responder o questionário da peça NO CADERNO.
3. Formar 9 equipes com 4 alunos cada pela ordem da chamada; equipe 1: do 1
ao 4; equipe 2: do 5 ao 8; equipe 3: do 9 ao 12 e assim, sucessivamente.
4. Pesquisar sobre cercamento dos campos na WEB.
5. Pesquisar sobre as roupas usadas pelos camponeses no século XVI e XVII.
6.Trazer figurinos (roupas) para serem usadas no dia da apresentação: 25/04.
7.Todas as etapas do trabalho estarão sendo avaliadas pelo professor.
8.Apresentação da peça tem peso 3; os itens 1 ao 3 terão peso 1; do 4 ao 6, peso 2
10. No dia 24 de abril será realizado um ensaio e a apresentação valendo nota
será no dia 25/04.

EQUIPE 1:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 1…………………………………….

EQUIPE 2:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 2…………………………………….

EQUIPE 3:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 3………………………………….

EQUIPE 4:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 4…………………………………….

EQUIPE 5:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 5…………………………………….

EQUIPE 6:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 6…………………………………….

EQUIPE 7:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 7…………………………………….

EQUIPE 8:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 8…………………………………….

EQUIPE 9:…………………………………………………………………………
Nome do aluno que irá fazer o narrador …………………………………….
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A REVOLUÇÃO FRANCESA

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789

Os representantes do povo francês, constituídos em ASSEMBLEIA NACIONAL, considerando


que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas das
desgraças públicas e da corrupção dos Governos, resolveram expor em declaração solene os Direitos
naturais, inalienáveis e sagrados do Homem, a fim de que esta declaração, constantemente presente em
todos os membros do corpo social, lhes lembre sem cessar os seus direitos e os seus deveres; a fim de
que os actos do Poder legislativo e do Poder executivo, a instituição política, sejam por isso mais
respeitados; a fim de que as reclamações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e
incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral. Por consequência,
a ASSEMBLEIA NACIONAL reconhece e declara, na presença e sob os auspícios do Ser Supremo, os
seguintes direitos do Homem e do Cidadão:

Artigo 1º- Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só
podem fundar-se na utilidade comum.

Artigo 2º- O fim de toda a associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis do homem. Esses Direitos são a liberdade. a propriedade, a segurança e a
resistência à opressão.

Artigo 3º- O princípio de toda a soberania reside essencialmente em a Nação. Nenhuma


corporação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que aquela não emane
expressamente.

Artigo 4º- A liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique outrem:
assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão os que
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites
apenas podem ser determinados pela Lei.

Artigo 5º- A Lei não proíbe senão as acções prejudiciais à sociedade. Tudo aquilo que
não pode ser impedido, e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.

Artigo 6º- A Lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de
concorrer, pessoalmente ou através dos seus representantes, para a sua formação. Ela deve
ser a mesma para todos, quer se destine a proteger quer a punir. Todos os cidadãos são
iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos
públicos, segundo a sua capacidade, e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e
dos seus talentos.

Artigo 7º- Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela
Lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou
mandam executar ordens arbitrárias devem ser castigados; mas qualquer cidadão
convocado ou detido em virtude da Lei deve obedecer imediatamente, senão torna-se
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culpado de resistência.

Artigo 8º- A Lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias, e
ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada antes do
delito e legalmente aplicada.

Artigo 9º- Todo o acusado se presume inocente até ser declarado culpado e, se se julgar
indispensável prendê- lo, todo o rigor não necessário à guarda da sua pessoa, deverá ser
severamente reprimido pela Lei.

Artigo 10º- Ninguém pode ser inquietado pelas suas opiniões, incluindo opiniões
religiosas, contando que a manifestação delas não perturbe a ordem pública estabelecida
pela Lei.

Artigo 11º- A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um dos mais
preciosos direitos do Homem; todo o cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir
livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na Lei.

Artigo 12º- A garantia dos direitos do Homem e do Cidadão carece de uma força
pública; esta força é, pois, instituída para vantagem de todos, e não para utilidade particular
daqueles a quem é confiada.

Artigo 13º- Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é


indispensável uma contribuição comum, que deve ser repartida entre os cidadãos de acordo
com as suas possibilidades.

Artigo 14º- Todos os cidadãos têm o direito de verificar, por si ou pelos seus
representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti- la livremente, de
observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração.

Artigo 15º- A sociedade tem o direito de pedir contas a todo o agente público pela sua
administração.

Artigo 16º- Qualquer sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos,
nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.

Artigo 17º- Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode
ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir
evidentemente e sob condição de justa e prévia indemnização.

Atividade

1. Em dupla, escolha um artigo para discutir com (a) o colega e apresentar para a turma. Depois
respondam no caderno.
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2.Ao ler este documento histórico, o que vocês identificaram como principais preocupações da épo
ca?

3.Por que há tanta preocupação com a liberdade individual e com a propriedade privada?

4.O artigo 7º garante a presunção da inocência? Por que era tão forte esta questão? Ela ainda é
válida nos dias atuais?

5.Podemos considerar o documento como uma evidência do caráter burguês da Revolução


Francesa? Podemos afirmar que ela foi uma “revolução burguesa? Por quê?

6. Qual importante documento da História atual foi inspirada na DECLARAÇÃO DOS


DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789 ?
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A REVOLUÇÃO FRANCESA: 1789


Uma revolução burguesa

EQUIPE 1: O contexto da Revolução Francesa


A França, em 1789, era um país falido. Os exageros da corte, os gastos excessivos com
guerras, a indisposição com a Inglaterra e os privilégios dispensados ao clero e à nobreza, fizeram
aumentar a insatisfação da população.
A sociedade civil era dividida entre o clero, a nobreza e a burguesia, essa última,
formada por parte da população que pagava impostos. Esse impostos eram altos, e serviam para
custear a boa vida da corte, do clero e da nobreza. Esse foi um dos motivos que levaram a
população a se revoltar.
A incapacidade do rei no governo também motivou a revolução. Além de levar o país à
falência com a péssima administração econômica, ele ainda controlava os tribunais e fazia
condenações injustas, de acordo com a sua vontade. Os presos eram levados à fortaleza da Bastilha,
que depois foi invadida pela população.

O que foi a Revolução Francesa


Com tantas injustiças, a população se revoltou contra o rei e seu poder absoluto. As
principais reivindicações eram o fim dos privilégios que o clero e a nobreza desfrutavam e a
instauração da igualdade civil.
O movimento teve o apoio dos burgueses, que viam a má administração como um
empecilho para o desenvolvimento do capitalismo. Vários intelectuais também denunciavam a
situação, e buscavam conscientizar as pessoas.

Causas da Revolução Francesa


As principais causas da Revolução Francesa foram as seguintes:
• A crise financeira sofrida pelo país antes da revolução (uma das principais causas);
• Os envolvimentos da França na Guerra de Independência dos Estados Unidos;
• O regime político do país, que era governado pelo absolutismo do rei;
• A ascensão da classe burguesa, que desejava mais liberdade em relação ao comércio e o fim
dos altos impostos;
• O movimento cultural e intelectual iluminista, que buscava a reforma social e o fim dos
pensamentos medievais;

EQUIPE 2: Fases da Revolução Francesa: Assembleia


Nacional 1789 - 1792
A revolução francesa pode ser dividida em fases, e uma série de medidas que motivaram
ainda mais a revolução.
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A primeira fase foi marcada pela convocação da Assembleia dos Estados Gerais, em 5
de maio de 1789, pelo rei Luis XVI. Os estados eram o clero, como 1o estado, a nobreza como 2o, e
os representantes da maioria da população, que eram deputados do 3º estado.
O principal motivo dessa convocação era a preocupação do rei em relação à situação
econômica do país. Ele propôs a criação de um novo imposto, a ser cobrado do 1o e 2o estado, mas
isso gerou revolta entre os membros do clero e da nobreza, que votaram, obviamente, contra esse
novo imposto. Como consequência, uma nova votação foi realizada, para cobrar mais impostos do
3o estado. Como cada estado tinha direito somente a um voto, e não era por representante, essa
proposta venceu com dois votos a favor, do 1o e 2o estado e um voto contra do 3o estado, que
afinal, era a parcela da população que já sofria com as cobranças abusivas.
A reação dos representantes do 3o estado foi de exigir que a votação fosse por
representante, mas foi negada pelo rei. Com a rejeição, o 3o estado então se auto proclamou
Assembleia Geral Nacional. Com isso, as decisões não seriam mais votadas entre os estados. O rei
ficou surpreso com a audácia, e determinou o fechamento da sala onde ocorria assembleia.
Os deputados do 3o estado então se reuniram em uma sala onde a nobreza costumava
participar de jogos, e decidiram que ficariam ali reunidos até instauração de uma constituição. Após
esse evento, a população invadiu a fortaleza de Bastilha em Paris, em 1789, com o objetivo de
demonstrar simbolicamente a queda do absolutismo.
A Queda de Bastilha foi o evento máximo e decisivo para o início da Revolução
Francesa, pois era a prisão para a qual o rei enviava injustamente os condenados. Foi um evento tão
importante, que até hoje o dia de 14 de julho é um feriado nacional, comemorado na França como a
“Festa da Federação“.

Queda da Bastilha – Revolução Francesa

Após a invasão de Bastilha, a Assembleia Geral Nacional se transformou em


Assembleia Constituinte, onde os deputados elaboraram uma constituição que determinou o fim
dos privilégios feudais e de nascimento, a igualdade de todos perante a lei e a garantia de
propriedade. Foi feito um juramento, que deu origem ao lema da Revolução Francesa: liberdade,
igualdade e fraternidade. Em agosto de 1789 foi publicada a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão.
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Em 1791, foi votada e aprovada a constituição que estabelecia a Monarquia Parlamentar


e limitava o poder do rei pela atuação do parlamento, que era formado por uma parte da burguesia.
Na prática, o poder continuava nas mãos de uma minoria privilegiada.
O povo francês ainda permanecia sob os abusos dos impostos, e isso gerou uma
radicalização do movimento revolucionário. O fim dessa fase marca o momento mais tenso da
Revolução Francesa, quando a população é convocada para lutar contra o conservadorismo que
dominava a Assembleia.

EQUIPE 3: Segunda fase da Revolução Francesa: Convenção


1792 - 1794

A segunda fase é considerada a mais popular do movimento. Os burgueses haviam


proclamado uma república – a República Girondina, em setembro de 1792, transferindo o poder
do rei para a própria burguesia, dando fim à monarquia.
O rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta buscavam reestabelecer o poder, e para isso se aliaram à
Austria, que tinha intenções de invadir a França. Os burgueses descobriram e prenderam Luís XVI e
Maria Antonieta, acusados de traição. Luís XVI foi condenado e morreu em janeiro de 1793 na
guilhotina, e em setembro do mesmo ano, Maria Antonieta foi decapitada.

Execução do rei Luís XIV – Revolução Francesa

Com isso, o movimento revolucionário, agora mais popular, crescia cada vez mais, e era liderado
pelo grupo chamado de Jacobinos. Em um cenário de guerra civil, os Jacobinos conseguiram
derrubar os Girondinos do poder, e instituíram uma nova constituição, em 1793. Entre os pontos
mais importantes da constituição, estavam alguns princípios que agradavam as classes populares:
• Extinção da escravidão negra nas colônias francesas;
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• A reforma Agrária, que confiscava as terras do clero e da nobreza, dividindo-os em lotes


para serem vendidos aos camponeses, que podiam pagar em 10 anos;
• A organização do Comitê de Salvação Pública, formado pelos responsáveis do poder
executivo, e o Comitê de Segurança Pública, responsável por investigar os suspeitos de
traição;
• Venda de bens públicos e de emigrados para reestabelecer a economia pública;
• A Lei do Preço Máximo, estabelecendo um teto para salários e preços de produtos;
• O Sufrágio Universal, que determinava que todos os cidadãos homens maiores podiam votar.
Apesar de agradar a maioria da população, o governo dos Jacobinos se tornou ditatorial. Eles
decidiram que, para se estabelecer uma democracia e garantir as conquistas instituídas, era
necessário impor o poder à população, e condenar os suspeitos de traição à guilhotina.
Esse período ficou conhecido como a Era do Terror, e teve como líder supremo o jacobino
Maximilien Robespierre. Foi o momento da Revolução Francesa que mais se utilizou a guilhotina,
até mesmo líderes jacobinos próximos a Robespierre foram guilhotinados.
O caráter repressor do novo governo motivou os Girondinos a articularem um golpe de estado, que
daria origem à terceira fase da Revolução Francesa.

EQUIPE 4: Terceira fase da Revolução Francesa: Diretório


1794 - 1799
Na terceira fase, o Comitê de Salvação Pública condena Robespierre e outros líderes jacobinos à
morte, dando fim à Era do Terror em 27 de julho de 1794. Essa data ficou conhecida como “9 do
Termidor”, e caracterizou o golpe que retornaria os Girondinos ao poder. Era o fim da participação
popular na Revolução Francesa.
O novo governo foi denominado Diretório, e foi responsável por elaborar a nova constituição. Com
o apoio do exército, o governo Diretório manteria a burguesia protegida da república jacobina e do
antigo regime.
Apesar disso, as outras camadas sociais não respeitavam o governo, os burgueses mais influentes
percebiam os riscos de uma queda do Diretório diante dos inimigos internos e externos. Eles
acreditavam que era necessária uma intervenção militar para manter a ordem e os lucros.  
O general francês mais popular da época, Napoleão Bonaparte, que havia retornado do Egito, teve o
apoio de alguns diretores e de toda a burguesia para extinguir o Diretório e instaurar o Consulado.
Esse golpe, que ocorreu em 9 de novembro de 1799, ficou conhecido como “18 de Brumário“, e
deu início à era napoleônica na França.
A Revolução Francesa foi um dos acontecimentos mais conturbados da História e uma das mais
importantes revoluções, que estimulou o início da Idade Contemporânea.
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Família Real Portuguesa no Brasil - 1808

A chegada ao Rio de Janeiro e a Abertura dos Portos

Principais medidas de D. João VI no Brasil:

Entre as mudanças que ocorreram com a vinda da família real para o Brasil, destacam-
se as nove principais:
• a abertura dos portos às nações amigas ( Inglaterra) em 1808;
• a criação da Imprensa Régia e a autorização para o funcionamento de tipografias e a
publicação de jornais em 1808;
• a fundação do primeiro Banco do Brasil, em 1808;
• a criação da Academia Real Militar (1810);
• a abertura de algumas escolas, entre as quais duas de Medicina – uma na Bahia e outra no
Rio de Janeiro;
• a instalação de uma fábrica de pólvora e de indústrias de ferro em Minas Gerais e em São
Paulo;
• elevação do Estado do Brasil à condição de reino, unido a Portugal e Algarves;
• a vinda da Missão Artística Francesa em 1816, e a fundação da Academia de Belas Artes;
• a mudança de denominação das unidades territoriais, que deixaram de se chamar
"capitanias" e passaram a denominar-se de "províncias" (1821);
• a criação da Biblioteca Real (1810), do Jardim Botânico (1811) e do Museu Real (1818),
mais tarde Museu Nacional.

Consequências
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A Revolução Pernambucana foi fortemente reprimida por


Dom João VI.
No Brasil, eclode a Revolução Pernambucana, que exigiu uma reação enérgica de Dom
João VI. A Capitania de Pernambuco, centro da economia canavieira — que naquela altura era a
principal geradora de divisas do reino —, ressentia-se da obrigação de enviar para o Rio de Janeiro
grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, que a
impossibilitava de enfrentar problemas locais como a seca ocorrida em 1816.
Após a derrota de Napoleão, a transferência da Corte para o Brasil veio também a ter
como consequência a Revolução de 1820 em Portugal, que exigiu o retorno da família real
portuguesa e da Corte a Lisboa. O comportamento dos deputados às Cortes Constituintes face ao
Brasil depois também veio a provocar a proclamação da sua Independência._

EXERCÍCIO

1.Oque estava acontecendo na Europa que motivou a Vinda da Família Real Portuguesa para o
Brasil?

2.Qual nação apoiava os portugueses a virem para o Brasil e por quê?

3.Qual a primeira medida tomada pelo monarca português ao chegar no Brasil? Na prática, isto
representava o quê?

4.Oque motivou a criação do Banco do Brasil em 1808?

5.Dois importantes artistas franceses vieram ao Brasil ensinar artes plásticas na Academia de Bela
Artes criada em 1816 no Rio de Janeiro. Quem eram? Qual a importância de seus quadros?

6.Qual a principal consequência da vinda da Corte Portuguesa para o Brasil em 1808?

7.Entre as 16 embarcações que trouxeram 12 mil portugueses para o Brasil em 1808, 3 vieram
abarrotadas de carimbos. O que significa isto?

8.Como o Estado Português se organizou para sobreviver no Brasil, em relação à sua organização
fiscal? Isto pode ser considerado como uma causa da corrupção do Brasil atual?

9.A corrupção brasileira é uma característica “genética”, está no DNA de nossa cultura? Ou tem
motivações históricas?

10. Como podemos combater a corrupção em nosso dia a dia?


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A Independência do Brasil

Quadro “O Grito do Ipiranga” Pedro Américo – 1888 – Museu do Ipiranga – SP.

RESPONDA

1. Para você o que é Independência de uma nação?

2.O Brasil é independente no sentido máximo da palavra? Por quê?

3.Este quadro é um documento histórico?

4. Por que ele foi instituído como documento histórico?

5. O que você está vendo na cena?

6.Por que a verdadeira história de D, Pedro não é divulgada?

7.Qual a data da Independência do Brasil?


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INDEPENDÊNCIA DO BRASIL – TEATRALIDADE EDUCATIVA

introdução: Nesta atividade o conteúdo “Independência do Brasil” foi dividido em 9 tópicos


apresentados na forma de “atos teatrais”. Ou seja, os acontecimentos históricos são representados
dentro de contextos de cenas do cotidiano, nas quais os personagens principais, ou protagonistas,
vivenciam a emocionante história de nossa independência. Todavia, diferentemente das peças
anteriores, as falas das personagens não estão prontos, os alunos terão que escrevê-los de cordo com
a situação descrita pelo professor em cada ato.

ATO 1. Um grupo de 3 comerciantes brasileiros comemora o enriquecimento após a Abertura dos


Portos de 1808, pois agora eles comercializam direto com os ingleses sem os intermediários
portugueses, como era antes da abertura dos portos quando vigia o exclusivo colonial. (3 pers)

ATO 2. Dois ricos fazendeiros escravistas comentam e comemoram dando vivas à elevação do
Brasil à categoria de Reino Unido à Portugal e Algarves em 1815. Agora o Brasil vai ter
representação nas Cortes de Lisboa, na prática deixa de ser colônia pois agora faz parte do Império
Português. (2 pers)

ATO 3. Um caixeiro viajante chega a uma casa comercial no Rio de Janeiro e informa ao
proprietário do comércio sobre a Revolução do Porto em 1820, anunciando que as Cortes de
Lisboa exigem o retorno imediato de D. João VI a Portugal ou será deposto do trono. Isto poderá
ser muito ruim para o Brasil. O que realmente preocupa os comerciantes é a perda da liberdade
comercial obtida com a Abertura dos Portos em 1808. (2 pers)

ATO 4. O Rei retorna a Portugal em 1821, deixando D. Pedro I no Brasil. (2 pers)

ATO 5. Na Assembleia de Deputados em Lisboa, em 1822, 2 deputados brasileiros estão revoltados


porque a maioria dos deputados portugueses (quatro) querem que o Brasil volte a ser colônia
de Portugal, retirando do Brasil a categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves. Isto representa o
retorno do Brasil à situação de colônia portuguesa. (6 pers)

ATO 6. No dia 09 de janeiro de 1822, pressionados por ricos comerciantes brasileiros e


aconselhado por José Bonifácio de Andrada e Silva, D, Pedro I declara da sacada do Paço Imperial:
“Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”. (2
pers. D. Pedro do ato 4 e José Bonifácio)

ATO 7.No dia 02 de setembro de 1822, a Imperatriz Leopoldina, esposa de D. Pedro, recebe
notícias de que um destacamento de 7 mil portugueses estava prestes a invadir o Rio de Janeiro se
D. Pedro I não acatasse as ordens de Lisboa e retornasse a Portugal. A Imperatriz convoca o
Conselho de Estado, auxiliada por José Bonifácio de Andrada e Silva e assina então a
Declaração de Independência do Brasil. Em seguida ordena à Paulo Bregaro, Oficial do Supremo
Tribunal Militar, que vá ao encontro de D. Pedro I e lhe entregue um ofício informando de sua
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decisão de separar o Brasil de Portugal. ( 5 pers. Imperatriz Leopoldina, três Ministros de Estado
[um é José Bonifácio] e Paulo Bregaro)

ATO 8. No dia 13 de agosto de 1822 D. Pedro sai em uma longa viagem pela Província de São
Paulo para convencer os paulistas a permanecerem fieis a ele após a Independência, que a esta
altura dos acontecimentos já era considerada irreversível. Em sua última parada, na Vila de Santos,
em 06 de setembro houve festa e bebedeiras na casa de Domitila de Castro Canto e Silva, irmã
do Alferes (capitão) Francisco de Castro Melo e Canto que estava na comitiva a serviço de D.
Pedro. Devido aos excessos, D. Pedro apanhou uma disenteria. (3 pers.: D. Pedro [mesmo dos atos
4 e 6], Alferes, Domitila, Padre Belchior)

ATO 9. No dia 07 de setembro de 1822, D. Pedro I, parou sua comitiva às margens do Riacho
Ipiranga para aliviar-se de sua disenteria. Foi quando chegaram as mensagens vindas de sua esposa,
Imperatriz Leopoldina, informando-lhe que ela havia decretado a Independência do Brasil em 2 de
setembro. A cena assim foi narrada pelo Pe. Belchior Pinheiro de Oliveira: ( 10 pers.)
“O príncipe vinha de quebrar o corpo à margem do Riacho Ipiranga, agoniado por
uma disenteria que apanhara em Santos, com muitas dores. (…) Depois de ouvir a minha leitura,
tremendo de raiva, D. Pedro arrancou de minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os e
deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, abotoando-se e recompondo a fardeta, virou-
se para mim e disse:

D. Pedro: “E agora, padre Belchior?”

Eu respondi prontamente:

Padre Belchior: “Se Vossa Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das Cortes e, talvez,
deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação.”

D. Pedro caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro,
Carlota e outros, em direção aos animais que se achavam à beira do caminho. De repente, estacou
já no meio da estrada, dizendo-me:

D. Pedro: “Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem,
chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho.
De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero com o governo português
e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal.”

Comitiva: “Viva a Liberdade! Viva o Brasil separado! Viva D. Pedro!”


A comitiva era formada por: Coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, o secretário Luís
Saldanha da Gama, o ajudante Francisco Gomes da Silva (Chalaça), Alferes Francisco de Castro
Melo e Canto, os criados particulares João Carlota, João Carvalho e o Padre Belchior.

O príncipe virou-se para seu ajudante de ordens e falou:


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D. Pedro: “Diga à minha guarda que eu acabo de fazer a independência do Brasil. Estamos
separados de Portugal.” (PINHEIRO,Belchior , apud GOMES, 2010, p. 36)

Neste ato aparece o “outro” D. Pedro (o do Pe. Belchior), que virá da plateia e
contracenará com o D. Pedro herói (o do quadro de Pedro Américo). Também sairá da plateia um
escravo perguntando a D. Pedro sobre a libertação da escravidão. Neste último ato será usada a
técnica do Teatro Fórum de Augusto Boal. Esta técnica propõe que o final de uma peça tenha a
participação do público. O coringa ou coordenador da peça (professor) estimula para que alguém da
plateia vá ao palco e interaja com os atores no momento crucial da história. No caso desta peça,
alguém da plateia será entrará na cena do Grito do Ipiranga e contracenará com o D. Pedro herói,
procurando desmascará-lo, sobre o fato de ele não ser um mito, mas uma pessoa comum. Os dois,
então, deverão conversar sobre os seus papéis, sobre como é importante nós sempre conhecermos os
vários lados de uma realidade histórica. Da plateia virão outros dois personagens: um representará
um escravo que cobra de D. Pedro a abolição da escravidão; o outro representará um índio que
reclama a invasão de suas terras e o desrespeito para com seu povo, os verdadeiros donos do Brasil.

Personagens:

Ato 1= 3 – Ato 2=2 – Ato 3=2 – Ato 4=2 – Ato 5=6 – Ato 6= 2 (D. Pedro do ato 4 e José
Bonifácio) – Ato 7=5 (José Bonifácio do ato 6) – Ato 8=3 (D. Pedro o mesmo dos atos 4 e 6) – Ato
9=10 (D. Pedro o mesmo)

Cronograma: 1 Aula para organização dos grupos e explicação do conteúdo pelo


professor:__/__/__
1 Aula para ensaios:__/__/__
1 Aula para apresentações;__/__/__

Referências
GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira. 2005.

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