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Apostila
de
História
Primeiro Trimestre de 2023
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(Bertolt Brecht)
Ementa
História moderna e a transição para o período da História contemporânea e a
História do Brasil do século XIX, bem como as questões relacionadas à plu-
ralidade cultural. História e cultura afro-brasileira e africana e Santa Catarina
nesse contexto.
Metodologia
Avaliação
Serão realizadas duas avaliações por trimestre, sendo uma prova escrita e
um trabalho em equipe. A avaliação escrita e o trabalho terão pesos iguais. Ao final
de cada trimestre será oportunizada aos alunos uma avaliação de recuperação da nota,
devendo substituir a média. (Resuloção 084/2014/CONSUPER)
Os Os critérios de avaliação são: 1) capacidade de interpretação dos contextos
históricos do Brasil e Mundo atuais através dos conhecimentos históricos; 2)
capacidade de posicionar-se criticamente com relação às questões do tempo presente;
3)capacidade de produzir socialmente os conhecimentos históricos através de
trabalhos em equipe; 4)capacidade de expressar os conhecimentos históricos por
meio de diferentes linguagens, como teatro, dança, música e áudio visuais.
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UNIDADE I
1. Conceito de História:
1História do Mundo em Duas Horas. History Channel, Disponível em: youtube.com. Acesso em
22/02/2018, de 1h19min e 16 seg até 1h22min e 45 seg.
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Então surgiram previsões catastróficas da história, o fim do mundo era anunciado por
religiosos e adivinhos. Na Idade Média tornaram-se populares as previsões de Nostradamus.
Havia fome e desespero entre as populações e o fanatismo religioso se intensificou com a queima
de cerca de 100 mil pessoas acusadas de bruxaria na Europa e na América. 2
Mas, objetivamente, o que impedia a humanidade de ultrapassar este mundo de trevas e
atraso?
O que nos impedia era a forma como utilizávamos nossa energia, a baixa qualidade
técnica do trabalho, essencialmente dependente da força humana. Nas Américas a escravidão
praticamente impedia o desenvolvimento técnico, pois se havia força de trabalho humano a
baixo custo, qual o sentido de inventar máquinas?
O desenvolvimento do sistema capitalista de produção na Inglaterra exigia um
consumo cada vez maior de ferro, mas para aquecer as forjas ainda era usada a queima de árvores
as quais rapidamente se esgotaram nas florestas inglesas. Para substituir a lenha, os ingleses
passaram a utilizar o carvão mineral como força motriz. Esta foi a primeira grande revolução da
matriz energética mundial: a lenha foi substituída pelo carvão mineral. No entanto, as minas de
carvão inglesas tinham um grave problema, elas eram rapidamente inundadas com águas do
subsolo.
Para resolver este problema, em 1712 Thomas Newcomen inventou a máquina a
vapor que retirava a água do fundo das minas de carvão. Neste momento, ocorreu a conjunção de
duas grandes transformações: a nova matriz energética do carvão e a invenção de uma nova
tecnologia: a máquina a vapor. A Revolução Industrial estava começando, plantando as bases
da sociedade industrial e da modernidade.
Mas foi o aperfeiçoamento de James Watt em 1765 que deu à máquina a vapor sua
utilidade industrial, conectando a ela cabos de transmissão capazes de movimentar máquinas da
indústria têxtil inglesa. Este ano marca o efetivo início da Primeira Revolução Industrial (1765 –
1830) caracterizada pelos avanços da máquina a vapor. A partir de 1830 passa a haver um intenso
desenvolvimento da maquinaria, marcando a Segunda Revolução Industrial. Paralelamente,
milhares de trabalhadores são desempregados e ocorrem violentas revoluções sociais na Europa.
Como alternativa, os trabalhadores ou “proletários” passaram a seguir as ideias socialistas de
Saint Simon, Fourier e o comunismo de Marx e Engels.
O final do século XIX viu surgir uma importante inovação tecnológica: o motor a
combustão movido a petróleo, dando espetacular impulso à indústria capitalista. Era a chamada
Terceira Revolução Industrial.
No último quarto do século XX, os avanços da informática, robótica e automação
industrial novamente revolucionou o sistema capitalista de produção, dando origem ao que os
historiadores chamam de Quarta Revolução Industrial.
TEATRALIDADE EDUCATIVA -
PEÇA I - SURGE O CAPITALISMO
(9 personagens)
Introdução
Olho aberto, aí no século XXI galera! Tô sabendo que tem uns babacas aí que ainda
não respeitam as mulheres!
Servo 3- Era corveia pra cá, talha pra lá, dízimos pra Igreja. Agora chega
disso tudo! Vamos ser assalariados! Trabalhar em troca de um salário, galera! U-hu!!
Servo 4- E aquela Peste Negra, então! Deus nos livre! Matou um terço da
população da Europa! A peste era transmitida pelos ratos. Caraca! Era tanto esgoto
escorrendo pelas ruas nas vilas e cidades da Europa que as doenças se proliferavam!
Depois dizem que os índios das Américas é que eram porcos! Lá eles tomam banhos
todo dia e nas cidades astecas tinha até canalização de esgotos subterrânea.
Servo 5 - Ah! Mas o pior mesmo eram as torturas da Igreja. Tá louco,
meu! E aquelas empaladas do Conde Drácula, então! Deus me livre, levar uma
daquelas empaladas bem no...bem no... ram... ram...bom... deixa pra lá! (pigarreando
e rindo).
Servo 6 - Vamos pro burgo que está surgindo na Itália, galera! Se chama
Veneza. Dizem que os comerciantes de lá, os...os... como se chamam mesmo?
Todos juntos – burgueses!
Servo 6- Isso, isso, isso… (imitando o Chaves) os burgueses... estão
lucrando muito com as vendas de roupas de lã para as Índias, depois que descobriram
o novo caminho marítimo para as Índias.
Servo 7- Mas tem um problema galera: nós não temos mais terras porque a
Rainha Elizabeth I nos expulsou de lá. Foi depois daquela lei maldita do Cercamento
dos Campos. Agora... estamos separados de nossos meios de produção. Só o que
temos para ganhar a vida é nossa força de trabalho, nossos braços.
Servo 8 – É.. mas quem nos garante que iremos conseguir empregos? E os
salários serão suficientes para sustentar nossas famílias? Não sei, galera, mas alguma
coisa não está cheirando bem nesta história.
Atividade
1. Em que século começou a surgir o capitalismo na Europa?
……………………………………………………………………………………
2. Qual sua principal característica?
…………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………
3. Por que a separação entre os sujeitos e seus meios de produção foi fundamental na
gênese do capitalismo?
…………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………...
4. O que a Rainha Elizabeth I fez para auxiliar os burgueses?
…………………………………………………………………………………………
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EQUIPE 1:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 1…………………………………….
EQUIPE 2:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 2…………………………………….
EQUIPE 3:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 3………………………………….
EQUIPE 4:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 4…………………………………….
EQUIPE 5:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 5…………………………………….
EQUIPE 6:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 6…………………………………….
EQUIPE 7:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 7…………………………………….
EQUIPE 8:………………………………………………………………………….
Nome do aluno que irá representar o servo 8…………………………………….
EQUIPE 9:…………………………………………………………………………
Nome do aluno que irá fazer o narrador …………………………………….
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A REVOLUÇÃO FRANCESA
Artigo 1º- Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só
podem fundar-se na utilidade comum.
Artigo 2º- O fim de toda a associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis do homem. Esses Direitos são a liberdade. a propriedade, a segurança e a
resistência à opressão.
Artigo 4º- A liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique outrem:
assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão os que
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites
apenas podem ser determinados pela Lei.
Artigo 5º- A Lei não proíbe senão as acções prejudiciais à sociedade. Tudo aquilo que
não pode ser impedido, e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Artigo 6º- A Lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de
concorrer, pessoalmente ou através dos seus representantes, para a sua formação. Ela deve
ser a mesma para todos, quer se destine a proteger quer a punir. Todos os cidadãos são
iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos
públicos, segundo a sua capacidade, e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e
dos seus talentos.
Artigo 7º- Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela
Lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou
mandam executar ordens arbitrárias devem ser castigados; mas qualquer cidadão
convocado ou detido em virtude da Lei deve obedecer imediatamente, senão torna-se
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culpado de resistência.
Artigo 8º- A Lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias, e
ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada antes do
delito e legalmente aplicada.
Artigo 9º- Todo o acusado se presume inocente até ser declarado culpado e, se se julgar
indispensável prendê- lo, todo o rigor não necessário à guarda da sua pessoa, deverá ser
severamente reprimido pela Lei.
Artigo 10º- Ninguém pode ser inquietado pelas suas opiniões, incluindo opiniões
religiosas, contando que a manifestação delas não perturbe a ordem pública estabelecida
pela Lei.
Artigo 11º- A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um dos mais
preciosos direitos do Homem; todo o cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir
livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na Lei.
Artigo 12º- A garantia dos direitos do Homem e do Cidadão carece de uma força
pública; esta força é, pois, instituída para vantagem de todos, e não para utilidade particular
daqueles a quem é confiada.
Artigo 14º- Todos os cidadãos têm o direito de verificar, por si ou pelos seus
representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti- la livremente, de
observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração.
Artigo 15º- A sociedade tem o direito de pedir contas a todo o agente público pela sua
administração.
Artigo 16º- Qualquer sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos,
nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
Artigo 17º- Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode
ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir
evidentemente e sob condição de justa e prévia indemnização.
Atividade
1. Em dupla, escolha um artigo para discutir com (a) o colega e apresentar para a turma. Depois
respondam no caderno.
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2.Ao ler este documento histórico, o que vocês identificaram como principais preocupações da épo
ca?
3.Por que há tanta preocupação com a liberdade individual e com a propriedade privada?
4.O artigo 7º garante a presunção da inocência? Por que era tão forte esta questão? Ela ainda é
válida nos dias atuais?
A primeira fase foi marcada pela convocação da Assembleia dos Estados Gerais, em 5
de maio de 1789, pelo rei Luis XVI. Os estados eram o clero, como 1o estado, a nobreza como 2o, e
os representantes da maioria da população, que eram deputados do 3º estado.
O principal motivo dessa convocação era a preocupação do rei em relação à situação
econômica do país. Ele propôs a criação de um novo imposto, a ser cobrado do 1o e 2o estado, mas
isso gerou revolta entre os membros do clero e da nobreza, que votaram, obviamente, contra esse
novo imposto. Como consequência, uma nova votação foi realizada, para cobrar mais impostos do
3o estado. Como cada estado tinha direito somente a um voto, e não era por representante, essa
proposta venceu com dois votos a favor, do 1o e 2o estado e um voto contra do 3o estado, que
afinal, era a parcela da população que já sofria com as cobranças abusivas.
A reação dos representantes do 3o estado foi de exigir que a votação fosse por
representante, mas foi negada pelo rei. Com a rejeição, o 3o estado então se auto proclamou
Assembleia Geral Nacional. Com isso, as decisões não seriam mais votadas entre os estados. O rei
ficou surpreso com a audácia, e determinou o fechamento da sala onde ocorria assembleia.
Os deputados do 3o estado então se reuniram em uma sala onde a nobreza costumava
participar de jogos, e decidiram que ficariam ali reunidos até instauração de uma constituição. Após
esse evento, a população invadiu a fortaleza de Bastilha em Paris, em 1789, com o objetivo de
demonstrar simbolicamente a queda do absolutismo.
A Queda de Bastilha foi o evento máximo e decisivo para o início da Revolução
Francesa, pois era a prisão para a qual o rei enviava injustamente os condenados. Foi um evento tão
importante, que até hoje o dia de 14 de julho é um feriado nacional, comemorado na França como a
“Festa da Federação“.
Com isso, o movimento revolucionário, agora mais popular, crescia cada vez mais, e era liderado
pelo grupo chamado de Jacobinos. Em um cenário de guerra civil, os Jacobinos conseguiram
derrubar os Girondinos do poder, e instituíram uma nova constituição, em 1793. Entre os pontos
mais importantes da constituição, estavam alguns princípios que agradavam as classes populares:
• Extinção da escravidão negra nas colônias francesas;
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Entre as mudanças que ocorreram com a vinda da família real para o Brasil, destacam-
se as nove principais:
• a abertura dos portos às nações amigas ( Inglaterra) em 1808;
• a criação da Imprensa Régia e a autorização para o funcionamento de tipografias e a
publicação de jornais em 1808;
• a fundação do primeiro Banco do Brasil, em 1808;
• a criação da Academia Real Militar (1810);
• a abertura de algumas escolas, entre as quais duas de Medicina – uma na Bahia e outra no
Rio de Janeiro;
• a instalação de uma fábrica de pólvora e de indústrias de ferro em Minas Gerais e em São
Paulo;
• elevação do Estado do Brasil à condição de reino, unido a Portugal e Algarves;
• a vinda da Missão Artística Francesa em 1816, e a fundação da Academia de Belas Artes;
• a mudança de denominação das unidades territoriais, que deixaram de se chamar
"capitanias" e passaram a denominar-se de "províncias" (1821);
• a criação da Biblioteca Real (1810), do Jardim Botânico (1811) e do Museu Real (1818),
mais tarde Museu Nacional.
Consequências
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EXERCÍCIO
1.Oque estava acontecendo na Europa que motivou a Vinda da Família Real Portuguesa para o
Brasil?
3.Qual a primeira medida tomada pelo monarca português ao chegar no Brasil? Na prática, isto
representava o quê?
5.Dois importantes artistas franceses vieram ao Brasil ensinar artes plásticas na Academia de Bela
Artes criada em 1816 no Rio de Janeiro. Quem eram? Qual a importância de seus quadros?
7.Entre as 16 embarcações que trouxeram 12 mil portugueses para o Brasil em 1808, 3 vieram
abarrotadas de carimbos. O que significa isto?
8.Como o Estado Português se organizou para sobreviver no Brasil, em relação à sua organização
fiscal? Isto pode ser considerado como uma causa da corrupção do Brasil atual?
9.A corrupção brasileira é uma característica “genética”, está no DNA de nossa cultura? Ou tem
motivações históricas?
A Independência do Brasil
RESPONDA
ATO 2. Dois ricos fazendeiros escravistas comentam e comemoram dando vivas à elevação do
Brasil à categoria de Reino Unido à Portugal e Algarves em 1815. Agora o Brasil vai ter
representação nas Cortes de Lisboa, na prática deixa de ser colônia pois agora faz parte do Império
Português. (2 pers)
ATO 3. Um caixeiro viajante chega a uma casa comercial no Rio de Janeiro e informa ao
proprietário do comércio sobre a Revolução do Porto em 1820, anunciando que as Cortes de
Lisboa exigem o retorno imediato de D. João VI a Portugal ou será deposto do trono. Isto poderá
ser muito ruim para o Brasil. O que realmente preocupa os comerciantes é a perda da liberdade
comercial obtida com a Abertura dos Portos em 1808. (2 pers)
ATO 7.No dia 02 de setembro de 1822, a Imperatriz Leopoldina, esposa de D. Pedro, recebe
notícias de que um destacamento de 7 mil portugueses estava prestes a invadir o Rio de Janeiro se
D. Pedro I não acatasse as ordens de Lisboa e retornasse a Portugal. A Imperatriz convoca o
Conselho de Estado, auxiliada por José Bonifácio de Andrada e Silva e assina então a
Declaração de Independência do Brasil. Em seguida ordena à Paulo Bregaro, Oficial do Supremo
Tribunal Militar, que vá ao encontro de D. Pedro I e lhe entregue um ofício informando de sua
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decisão de separar o Brasil de Portugal. ( 5 pers. Imperatriz Leopoldina, três Ministros de Estado
[um é José Bonifácio] e Paulo Bregaro)
ATO 8. No dia 13 de agosto de 1822 D. Pedro sai em uma longa viagem pela Província de São
Paulo para convencer os paulistas a permanecerem fieis a ele após a Independência, que a esta
altura dos acontecimentos já era considerada irreversível. Em sua última parada, na Vila de Santos,
em 06 de setembro houve festa e bebedeiras na casa de Domitila de Castro Canto e Silva, irmã
do Alferes (capitão) Francisco de Castro Melo e Canto que estava na comitiva a serviço de D.
Pedro. Devido aos excessos, D. Pedro apanhou uma disenteria. (3 pers.: D. Pedro [mesmo dos atos
4 e 6], Alferes, Domitila, Padre Belchior)
ATO 9. No dia 07 de setembro de 1822, D. Pedro I, parou sua comitiva às margens do Riacho
Ipiranga para aliviar-se de sua disenteria. Foi quando chegaram as mensagens vindas de sua esposa,
Imperatriz Leopoldina, informando-lhe que ela havia decretado a Independência do Brasil em 2 de
setembro. A cena assim foi narrada pelo Pe. Belchior Pinheiro de Oliveira: ( 10 pers.)
“O príncipe vinha de quebrar o corpo à margem do Riacho Ipiranga, agoniado por
uma disenteria que apanhara em Santos, com muitas dores. (…) Depois de ouvir a minha leitura,
tremendo de raiva, D. Pedro arrancou de minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os e
deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, abotoando-se e recompondo a fardeta, virou-
se para mim e disse:
Eu respondi prontamente:
Padre Belchior: “Se Vossa Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das Cortes e, talvez,
deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação.”
D. Pedro caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro,
Carlota e outros, em direção aos animais que se achavam à beira do caminho. De repente, estacou
já no meio da estrada, dizendo-me:
D. Pedro: “Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem,
chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho.
De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero com o governo português
e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal.”
D. Pedro: “Diga à minha guarda que eu acabo de fazer a independência do Brasil. Estamos
separados de Portugal.” (PINHEIRO,Belchior , apud GOMES, 2010, p. 36)
Neste ato aparece o “outro” D. Pedro (o do Pe. Belchior), que virá da plateia e
contracenará com o D. Pedro herói (o do quadro de Pedro Américo). Também sairá da plateia um
escravo perguntando a D. Pedro sobre a libertação da escravidão. Neste último ato será usada a
técnica do Teatro Fórum de Augusto Boal. Esta técnica propõe que o final de uma peça tenha a
participação do público. O coringa ou coordenador da peça (professor) estimula para que alguém da
plateia vá ao palco e interaja com os atores no momento crucial da história. No caso desta peça,
alguém da plateia será entrará na cena do Grito do Ipiranga e contracenará com o D. Pedro herói,
procurando desmascará-lo, sobre o fato de ele não ser um mito, mas uma pessoa comum. Os dois,
então, deverão conversar sobre os seus papéis, sobre como é importante nós sempre conhecermos os
vários lados de uma realidade histórica. Da plateia virão outros dois personagens: um representará
um escravo que cobra de D. Pedro a abolição da escravidão; o outro representará um índio que
reclama a invasão de suas terras e o desrespeito para com seu povo, os verdadeiros donos do Brasil.
Personagens:
Ato 1= 3 – Ato 2=2 – Ato 3=2 – Ato 4=2 – Ato 5=6 – Ato 6= 2 (D. Pedro do ato 4 e José
Bonifácio) – Ato 7=5 (José Bonifácio do ato 6) – Ato 8=3 (D. Pedro o mesmo dos atos 4 e 6) – Ato
9=10 (D. Pedro o mesmo)
Referências
GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira. 2005.