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Resumo
1Doutora em Administração pela UFPE. Professora da Universidade Federal do Vale do São Francisco. E-mail:
fernanda.roda@univasf.edu.br.
2Doutorem Administração pela UFRGS. Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Administração
(PROPAD/UFPE). E-mail: jrcm@ufpe.br.
3Doutoranda em Administração pela UFPE. Professora da Universidade Federal de Alagoas. E-mail:
milka.correia@gmail.com.
ISSN 2176-1396
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Introdução
Kearsley (2010), é uma modalidade de ensino que ocorre fora do campus e da sala de aula
com estudantes e professores em locais diferentes durante todo ou em grande parte do tempo
em que aprendem e ensinam. Segundo os autores, essa modalidade exige o uso de técnicas
especiais de criação do curso e de ensino, de comunicação por meio de várias tecnologias e
disposições organizacionais e administrativas especiais. Por estarem em locais distintos, os
professores e estudantes dependem de algum tipo de tecnologia para que as informações
sejam transmitidas e para que um meio de interação lhes seja proporcionado (MOORE;
KEARSLEY,2010).
No atual contexto, ao se falar em EAD e na tecnologia empregada nessa modalidade
evoca- se o uso das chamadas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Contudo, a
EAD além de não se restringir apenas ao uso das TICs, é uma modalidade que se desenvolveu
junto com os meios de comunicação. As TICs são um condutor e um acelerador da mudança
da cultura de aprendizagem nas universidades, quando duas condições são encontradas o
potencial das necessidades tecnológicas de serem coerentemente identificadas para os
cenários específicos de ensino e aprendizagem; e as TICs precisam agregar valor pedagógico
a estes cenários (SCHNECKENBERG, 2007). Devido às suas características próprias como a
diferença do tempo e do espaço e de ser mediada em sua maioria por tecnologias, a EAD
exige que tais especificidades sejam consideradas na discussão pedagógica (SANAVRIA,
2008).
Observa-se, portanto, a importância das tecnologias para a EAD, e que, através dos
tempos, essas tecnologias, na medida em que evoluem, também ampliam e modificam o papel
do professor na formação de seus estudantes.
Percebe-se que, além de uma nova configuração da EAD, os novos paradigmas
educacionais rejeitam uma prática dominadora, mecanicista e centralizadora. O professor não
é mais o único detentor do conhecimento e seu papel não é mais apenas transmitir
informações e cobrar de seus estudantes a repetição de informações. Nos cursos a distância,
atualmente, o professor não somente corrige as tarefas e aprova ou reprova seus estudantes.
Ele precisa muito mais do que deter informações para repassar para os discentes. Argumenta-
se que para ultrapassar essa prática mecanicista, o professor de EAD precisa ter formação
específica para tal. Contudo, poucos cursos preparam os professores para essa atuação,
principalmente no que tange as questões pedagógicas associadas às TICs, um dos fatores
diferenciadores de sua atuação neste contexto de ensino. É necessário, portanto, investir em
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Com base nessa classificação, Erpenbeck e Heyse (1999), citados por Schneckenberg
(2007), combinam os quatro tipos de competências em um modelo integrador de
competências e ações, e isso inclui a capacidade de integrar um conjunto de competências
(conteúdos específicos, metodológica, social e pessoal) dentro de um processo de
desempenho individual.
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que se percebe, portanto, muitas vezes, é uma formação inadequada dos professores
justamente para integração das TICs aos processos de ensino.
Essas circunstâncias reforçam, portanto, a necessidade do desenvolvimento de
competências específicas (LATCHEN, 2010), as chamadas competências eletrônicas, para o
docente atuar na EAD, pois essa modalidade tem proporcionado modelos de ensino
inovadores e cada vez mais vem ganhando espaço em cursos de graduação e pós-graduação
no país.
Mendonça et al (2012b) apresentam um quadro resumo com a classificação, atributos
e sustentação das competências-chave do professor em EAD (quadro 5 abaixo). Este quadro
foi elaborado a partir da síntese das contribuições de Konrath, Tarouco e Behar (2009) e
Schneckenberg (2007), fundamentada na classificação de Schneckenberg (2007), analisada à
luz do modelo de Cheetham e Chivers (1996, 1998, 2000) adaptado por Paiva (2007).
Quadro 5 – Classificação, atributos e sustentação das competências-chave do professor em EAD
Principais componentes das
Tipo de competência Atributos da competência competências que sustentam a
ação
Solução de problemas na área tema Funcional
Conteúdo específico Conhecimento qualificado Cognitiva
Conhecimento valorizado Cognitiva
Planejamento criativo de métodos em
Cognitiva, funcional
tarefas e soluções
Aplicação eficiente de métodos em tarefas e
Metodológica Cognitiva, funcional
soluções
Estruturação eficiente de procedimentos
Cognitiva, funcional
cognitivos
Comunicação, cooperação e interação
Comportamental
eficiente dentro do grupo
Social
Comportamento adequado de acordo com as
Comportamental, ética
orientações coletivas
Autoavaliação crítica Funcional, ética
Desenvolvimento de atitudes, orientação
para valores, motivos e autopercepção Funcional, ética
produtivas e positivas
Pessoal
Revelar talento pessoal, motivação e
Comportamental, política
ambição
Aprender a desenvolver-se dentro e além do Cognitiva, funcional,
contexto de trabalho comportamental
Fonte: Mendonça et al (2012b, p.10)
o autor (2006a, 2010b), as competências necessárias para o docente não se limitam apenas ao
componente eletrônico. Não se está lidando com o nível de conhecimento de cada professor
sobre aplicativos e softwares específicos, é algo mais amplo. Diz respeito às competências
educacionais que necessitam para fazer julgamentos adequados para integração efetiva das
TICs no processo de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido, faz-se necessário compreender que a dinâmica do processo ensino-
aprendizagem, quando intermediada pelas TICs, difere quando comparada com a modalidade
presencial, especialmente com relação aos papéis e às competências do professor e também
dos alunos, à nova realidade da sala de aula (que passa a ser virtual, interativa e tecnológica) e
a um novo currículo no contexto de aprendizagem aberta. A eficiência desse processo (de
ensino-aprendizagem) depende diretamente do ambiente de aprendizagem em que professores
e alunos estão situados que, por sua vez, depende em grande parte do ajuste das competências
eletrônicas dos docentes neste cenário (SCHNECKENBERG, 2007).
Schneckenberg e Wildt (2006) definiram um modelo de sinergia para competências
eletrônicas, a partir da identificação dos seguintes componentes principais: o professor
universitário (com competência individual específica definida a partir de sua disposição para
ação de forma adequada); os cenários de ensino e aprendizagem (que incorporam ou se
baseiam na utilização das TICs em um contexto particular em que o desempenho do professor
universitário está situado) e os alunos que interagem com o professor em momento específico
no cenário de aprendizagem (a principal diferença entre o professor e os estudantes não está
contida na dimensão cognitiva, mas na dimensão de desempenho. O objetivo principal do
professor é ensinar; o objetivo principal do aluno é aprender).
Mendonça et al (2012b)incluíram a competência avaliativa na relação de competências
individuais dos professores, sugerindo, assim, uma adaptação a esse modelo, (figura 5).Esta
competência específica, a qual se distingue das competências de conteúdo específico e das
competências metodológicas, encontra sustentação nas funções do educador na EAD
propostas por Moore e Kearsley (2010), ao considerar que uma das funções do educador na
EAD é desenvolver o estudante, o que compreende atividades de avaliar a aprendizagem e
proporcionar feedback sobre o processo.
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OPÇÕES DE TICs Espectro de TICs que estão disponíveis e são adequadas ao modelo
pedagógico
AÇÃO COMPETENTE
Competências de conteúdo específico
Competências metodológicas
Competências sociais e comunica vas
Competências pessoais
Fonte: adaptado por Mendonça et al (2012b)a partir de Schneckenberg e Wildt (2006, p.33).
Considerações finais
Não somente a educação, a partir da inserção das TICs, como também o trabalho
docente está sendo reconfigurado nos últimos anos (BARRETO, 2004; BOLFER, 2008). O
advento das tecnologias de informação e comunicação e suas diversas potencialidades
provocaram evoluções significativas no trabalho do professor, quais sejam: reestruturação de
seu perfil, metodologia utilizada em sala de aula, inserção e uso de equipamentos/tecnologias
para auxílio da regência (ENS; GISI; EYNG, 2010; MERCADO, 2002; ZANOTELLI, 2009).
Isto significa que os professores precisaram se identificar com um novo perfil de educador,
redefinido a partir da complexidade exigida em função de suas tarefas, em um mundo cada
vez mais informacional e informatizado (BELLONI, 1998). Deste modo, as novas práticas
educativas só puderam se concretizar a partir do desenvolvimento de uma consciência crítica
“ nserir as mídias
ó ”
ensino-aprendizagem (BOLFER, 2008; GUIMARÃES, 2007, p.155).
Este novo papel de atuação docente exigiu dos professores uma adaptação do antigo
perfil de educador e o desenvolvimento de novas habilidades e competências para a
bimodalidade (blended learning), ou seja, valorizar a diversidade de ferramentas tecnológicas
disponíveis para a educação a distância (EAD) online. Por isto que Backes e Schlemmer
(2013) defendem que as capacitações dos docentes precisam ser desenvolvidas de maneira
que se possam vivenciar situações em que seja ofertado ao professor aprender os
conhecimentos do processo formativo utilizando as tecnologias, e não apenas aprender a
utilizá-las com seus estudantes.
A formação dos professores, segundo Mercado (2002), para este novo contexto
tecnológico tem sido crítica, pois, não tem sido privilegiada, de maneira eficiente, pelas
políticas públicas em educação nem, tampouco, pelas Universidades. Um estudo sobre as
“ í
profissionais da educação a distância apontou um hiato entre o discurso e a realidade
” das TICs (GILBERTO, 2013, p.276).
Portanto, o principal desafio que é posto às universidades é definir o conjunto de
cenários de e-learning que melhor se ajuste as necessidades educacionais, bem como definir
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REFERÊNCIAS
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