Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO
Suelen Bourscheid1
Jordana Wruck Timm2
Resumo
O presente texto propõe uma discussão sobre a formação continuada de professores no que tange o uso das novas
tecnologias digitais na educação. No contexto atual, as ferramentas tecnológicas adentraram os espaços da escola
e mudaram as formas de fazer a educação acontecer. A formação continuada de professores e o uso das novas
tecnologias na educação são temas que se relacionam e necessitam caminhar juntos para o bom desenvolvimento
da atual prática pedagógica. As tecnologias estão redefinindo as formas de apropriação dos conhecimentos, as
relações entre as pessoas, os meios de convivência, aumentando significativamente os desafios para a educação
perante os processos de ensino e aprendizagem dos educandos e dos processos formativos docentes. Para tanto, o
objetivo desse trabalho consiste em pesquisar qual a relação e a importância da formação continuada de
professores para o uso das novas tecnologias na educação. Com delineamento qualitativo, a pesquisa se conduziu
quanto seu objetivo como descritiva, de cunho bibliográfico e com a análise qualitativa. Posto isto, nos
resultados observou-se a constante e aumentativa preocupação dos docentes de serem substituídos pelas
tecnologias e pela fragilidade das formações continuadas em conduzirem os docentes ao melhor uso das
tecnologias em sala de aula. Assim, considera-se pertinente, formações continuadas de professores com o foco
para as especificidades e necessidades dos docentes para o contexto, no caso, ao uso das tecnologias digitais nas
escolas. É necessário visualizar as tecnologias como aliadas e como metodologias inovadoras e ativas para o
processo de ensino e aprendizagem dos educandos. Considera-se pertinente dialogar sobre as formações e sobre
as tecnologias. Importante visualizar as tecnologias como aliadas e como motivadoras, que possam se
concretizar como metodologias ativas e inovadoras para os processos de ensino e de aprendizagem dos
educandos.
Abstract
This text proposes a discussion about the continuing education of teachers regarding the use of new digital
technologies in education. In the current context, technological tools have entered school spaces and changed the
ways of making education happen. The continuing education of teachers and the use of new technologies in
education are topics that are related and need to go together for the proper development of current pedagogical
practice. Technologies are redefining the ways of appropriating knowledge, the relationships between people, the
means of coexistence, significantly increasing the challenges for education in terms of the teaching and learning
processes of students and the teacher training processes. Therefore, the objective of this work is to research the
relationship and importance of continuing teacher training for the use of new technologies in education. With a
qualitative design, the research was conducted in terms of its objective as a descriptive, bibliographical and
qualitative analysis. That said, the results show a constant and growing concern on the part of professors to be
replaced by technologies and the fragility of continuing education in leading professors to the best use of
1
Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões (URI/FW). Professora na rede estadual de ensino de Santa Catarina. E-mail:
bourscheid_suelen@outlook.com
2
Orientadora. Doutora em Educação (PUCRS). Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI/FW). E-mail: jordana@uri.edu.br
technologies in the classroom. Thus, it is considered pertinent, continuing education of teachers with a focus on
the specificities and needs of teachers for the context, in this case, the use of digital technologies in schools. It is
necessary to view technologies as allies and as innovative and active methodologies for the teaching and learning
process of students.
INTRODUÇÃO
Para tanto, o entendimento que se constrói a partir das reflexões supracitadas, percebe-
se que ainda é necessário refletir perante as formações, sejam elas, iniciais ou continuadas. De
fato, todo professor que preza por uma boa prática educativa e que se preocupa com os
processos de ensino e de aprendizagem de seus educandos, constantemente irá procurar por
formações continuadas que amparem a sua prática docente, que deem o suporte necessário
para seguir suas atividades com maestria e êxito.
Sendo assim, o ciberespaço é considerado pelo autor, como o mais novo meio de
comunicação, que surge pela conexão mundial dos computadores. Esse termo, segundo Lévy
(1999) especifica “não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o
universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam
e alimentam esse universo” (LÉVY, p. 15-16). Ao falar de ciberespaço, fala-se também sobre
cibercultura, para o autor é compreendida como “conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, p. 15-16).
Assim, Barreto (2004, p. 1182) aborda “a educação como um todo e o trabalho
docente, em especial, estão sendo reconfigurados”. Na mesma maneira, Cerutti e Nogaro
(2017, p. 1593) dialogam “entre a perspectiva de uma intencionalidade pedagógica e o
trabalho efetivo do professor, há o desafio de inserir as tecnologias”. É comum na atualidade
visualizar esse tipo de conflito na educação, onde as metodologias e as ferramentas
pedagógicas necessitam se envolver mais com os aportes tecnológicos. Nesse sentido, é tarefa
do professor buscar constantemente pela inovação, principalmente no que diz respeito a sua
prática pedagógica, no seu planejamento, sempre pensando nos processos de ensino e de
aprendizagem. De fato, com a cultura digital, a escola também ganhou novos rumos. É nessa
perspectiva que Cerutti e Nogaro (2017, p. 1593) apontam “além do uso de livros torna-se
necessário pensar na tecnologia como ferramenta a ser utilizada em sala de aula”.
Outro ponto pertinente a ser destacado é, as tecnologias, muito além de adentrarem as
salas de aula e servirem como ferramenta de apoio pedagógico, precisam surgir para os alunos
como um recurso que vai além de um lazer. Os educandos precisam compreender a imensidão
e as inúmeras possibilidades que as tecnologias tem a oferecer, utilizar essa concepção para a
construção de suas próprias oportunidades de aprendizado e de estudo. Compete ao educando
também, explorar os muros da escola e visualizar um mundo que lhe ofereça informações e
que assim, com o auxílio do professor, possam construir novas metodologias de ensino e
tornar assim, a aprendizagem mais significativa (CERUTTI; NOGARO, 2017).
A aprendizagem significativa se associa ao protagonismo do aluno em busca de
construir novos saberes. Como Freire (1996, p. 12) menciona “ensinar não é transferir
conhecimentos, conteúdos, nem formar é a ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo
ou alma a um corpo indeciso e acomodado”. À vista disso, não só o professor é detentor de
todo o conhecimento, assim como o aluno não deve apenas receber e absorver os conteúdos. É
necessário que ambos estejam aptos a querer aprender e consequentemente ensinar o que se
aprendeu.
Segundo Santos (2013, p. 61):
De fato, são dificuldades que permeiam a prática docente cotidiana, ainda mais quando
se menciona a questão de trabalhar com os projetos. Cada aluno possui suas individualidades
e seus próprios interesse. No entanto, ao relacionar com os currículos das escolas, o contexto
local, os interesses da maioria, é possível, com o auxílio de um bom planejamento pedagógico
realizar e construir projetos que possibilitem com o auxílio das tecnologias, a construção de
aprendizagens significativas.
Muitas são as variedades de representações tecnológicas, como menciona Cerutti e
Nogaro (2017) têm-se o Big Date, a computação em nuvem, os domínios da inteligência
artificial. Além disso, as tecnologias fizeram surgir inúmeras possibilidades para as escolas,
especialmente para dentro da sala de aula. Essas possibilidades consideradas pelos autores
como interessantes e revolucionárias. Uma delas, é a sala de aula invertida, “uma maneira de
melhorar o ensino aprendizagem, pois possibilita que os alunos estudem em casa e quando
chegarem à sala de aula, já com um conhecimento prévio, possam discutir o assunto estudado
e ampliarem seus conhecimentos” (CERUTTI; NOGARO, 2017, p. 1597). Dependendo da
etapa de ensino, direcionada mais para os anos finais do ensino fundamental ou ensino médio,
é possível realizar essa dinâmica, como forma de potencializar os processos de ensino e de
aprendizagem. São possibilidades de desenvolver inúmeras competências, potencializando ao
aluno uma oportunidade de ele desenvolver mais sua autonomia e sua capacidade de
interpretação. Ao professor também, potencializa o processo, pois, se o aluno já vem para a
sala de aula com as leituras realizadas, com um conhecimento prévio do conteúdo, o professor
possui uma facilidade maior de trazer novos elementos ao processo educativo.
Nesse sentido, Moran (2004) explana sobre as possibilidades de realizar a sala de aula
invertida alinhada com os ambientes virtuais de aprendizagem, estes que se complementam
com aquilo que se está realizando em sala de aula. Além das aulas presenciais, existe a
possibilidade do gerenciamento de salas de aulas virtuais, oportunidades excelentes de
desenvolver os processos de ensino e de aprendizagem sob outra perspectiva. Assim, ambos
precisam se completar e se complementar, regidos sobre um planejamento que elenque todas
as habilidades, competências, conteúdos e metodologias que precisam se alinhar e caminhar
juntas para o êxito deste tipo de atividade.
Isso tudo é de grande valia pois, “além de compartilhar saberes, a tecnologia permite
aos alunos estar em diferentes espaços, oferecendo diversas possibilidades de interação e
novos conhecimentos” (CERUTTI; NOGARO, 2017, p. 1603). Assim, reformula-se as
práticas docentes e os processos de ensino e de aprendizagem, depositando na figura docente
um grande desafio, de construir planejamentos alinhados com aulas atraentes e que possam
entusiasmar os educandos. A partir desse entusiasmo, que os próprios educandos se sentem
mais motivados e interessados em buscar novos saberes que venham para contribuir e
completar o seu desenvolvimento e a construção de novos conhecimentos.
Todas essas questões vêm de encontro com as ponderações de Valente (2014), quando
se refere as dificuldades que as tecnologias trazem à tona quando adentram as salas de aula.
No entanto, Valente (2014, p. 82) atribui que “essas dificuldades têm sido superadas à medida
que as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) estão sendo utilizadas na
educação e passam a fazer parte das atividades de sala de aula”. Muito além das tecnologias
alterarem as dinâmicas das escolas, principalmente das salas de aula, a organização do tempo,
dos espaços, muda-se também as relações entre “o aprendiz e a informação, as interações
entre alunos, e entre alunos e professor” (VALENTE, 2014, p. 82).
Pertinente destacar, que as tecnologias, dentre suas possibilidades e dificuldades, já
fazem parte do mundo atual. Nesse viés, destaca-se Lévy (1999, p. 27-28):
Alicerçado a isso, Cerutti e Nogaro (2017, p. 1598) “o mundo todo está conectado e a
tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas”. Cabe a cada um, escolher se a
quer como veneno ou remédio para suas práticas cotidianas. No que se refere a sala de aula e
as diversas oportunidades possíveis de serem traçadas, que a tecnologia é uma excelente
aliada, de modo que Valente (2014, p. 84) explana a pertinência que a mesma tem, em
“valorizar as interações interpessoais e ser complementar às atividades on-line, proporcionado
um processo de ensino e de aprendizagem mais eficiente, interessante e personalizado”.
Pelo viés das metodologias alicerçadas com as novas tecnologias, Valente (2014)
explana sobre a perspectiva de Staker e Horn (2012) que denominam como “blended
learning”, sendo que o considera como “um programa de educação formal que mescla
momentos em que o aluno estuda os conteúdos e instruções usando recursos on-line, e outros
em que o ensino ocorre em uma sala de aula, podendo interagir com outros alunos e com o
professor” (VALENTE, 2014, p. 84 apud STAKER; HORN, 2012).
Diante de todo esse cenário e possibilidades, um dos grandes problemas enfrentados é
de que uma grande parcela significativa da população não possui acesso a ela. Apenas uma
pequena parte da população, segundo Cerutti e Nogaro (2017, p. 1598) “tem acesso à internet
e variadas ferramentas tecnológicas, outra parte bem maior da população quanto muito tem
acesso a computadores em locais públicos, e acesso restrito a internet e muitos não tiveram
contato com computadores e internet na escola”.
Sendo assim, ao visualizar o âmbito geral discorrido sobre as tecnologias, percebe-se a
imensidão existente, possibilidades, desafios e obstáculos. Contudo, diante de um
planejamento construído de acordo com o currículo, contexto social, é possível visualizar as
potencialidades que vêm a desabrochar com o mundo tecnológico. Moran (2004) dialoga
sobre essas possibilidades didáticas, e destaca a pertinência de toda a infraestrutura escolar
estar a serviço das mudanças, principalmente a postura do professor. Moran (2004, p. 4)
considera o professor como um professor que “provoca o aluno, o desorganiza, o desinstala, o
estimula a mudanças, a não permanecer acomodado na primeira síntese”.
Sendo assim, Moran (2004, p. 7) ainda pondera:
Neste contexto, aulas passam por outra configuração imprimindo mais dinâmica,
possibilitam ao educando buscar materiais que ampliem seu conhecimento e que
tragam novas indagações, que façam com que o aluno queira buscar cada vez mais
novos conhecimentos, participe do que Lévy (1999) denomina cibercultura. Esta é
uma nova forma de comunicação gerada pela interconexão de computadores ao
redor do mundo, abrangendo um universo informacional que abriga os seres
humanos que a utilizam.
Por esse viés que se transforma o papel do professor. Com a imersão da cibercultura,
tudo passa a acontecer por meio das redes. As conexões são tecidas por meio das tecnologias.
A educação também. Assim, nesse sentido que o professor passa a ter uma responsabilidade
diferente, de orientador, organizar, estimulador. Conforme os autores, Cerutti e Nogaro (2017,
p. 1603) “o professor passa a orientar o educando a como organizar suas ideias e saberes,
onde buscar novos conteúdos que complementem aquilo que o educando já sabe, para
transformar estes conteúdos, ideias em novos conhecimentos”.
Moran (2004) pondera, com todas essas mudanças, torna-se imprescindível repensar
todo o processo de ensino e de aprendizagem, na mesma medida em que se torna necessário
reaprender a ensinar, a estar com os alunos, tecer relações, organizar e orientar atividades e
considerar o que de fato é pertinente aprender juntos em sala, ou separados, ou no online.
Com isso, as tecnologias possibilitam oportunidades de mudanças e transformações,
potencializadoras, contudo, tão sozinhas elas não mudam a escola. Pois, “a internet favorece a
construção colaborativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física e
virtualmente” (MORAN, 2004, p. 7).
A partir dessas considerações, Moran (2004, p. 8-9) ainda pontua:
Assim, Labarca (1995) completa essa afirmação, pois com essa ascensão tecnológica,
os professores necessitam de uma transformação, reformulam seus objetivos quanto a
educação. Gentilini e Scarlatto (2015) igualmente discorrem sobre o novo papel do professor
nesses processos. Ainda consideram que, as atuais formações de qualificação dos professores
não se apresentam de maneira adequada ou suficiente para atender as demandas complexas e
atuais dos problemas educacionais. Isso é reflexo das formações iniciais e continuadas dos
professores que não condizem com a realidade da educação e das escolas.
Os autores Gentilini e Scarlatto (2015) da mesma forma estimam estudos pessimistas
que pressupõe a substituição da figura do docente ou sua significativa redução de importância
na educação escolar. No entanto, outros estudos mais otimistas consideram as vantagens das
tecnologias para uma educação mais significativa, e que considera as especificidades e
necessidades de cada aluno, no que tange uma qualificação para o trabalho.
Por fim, Nóvoa (2015, p. 20) estabelece que o trabalho dos professores precisa estar
apoiado em três movimentos, que são: o primeiro: o trabalho docente precisa ser regido por
uma organização relativamente mais aberta e diversificada, tanto dos espaços como dos
tempos escolares. Essa ideia vem ao encontro de pensar a educação fora do tradicional. O
segundo movimento, diz respeito a um currículo que preze pelos alunos e nas suas
aprendizagens, e não em um currículo amarrado em intermináveis listas de conhecimentos ou
competências. De fato, a escola é dos alunos e é movida por eles, sendo que o seu principal
objetivo é focar nas aprendizagens destes. Por fim, o terceiro movimento citado pelo autor
reflete numa pedagogia fortemente colaborativa, que utilize as redes para tecer relações, além
de a considerar como uma ferramenta de comunicação e aprendizagens.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. 1 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: ED.34, 1999.
NÓVOA, Antônio. Nada será como antes. Revista Pátio. Porto Alegre, n. 72, p. 18-21,
nov./jan. 2015.