Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SOCIOLOGIA
12.o ano de escolaridade
Ano de escolaridade
12.o Ano
Autores
Teresa Carvalho
Rui Saniago
Zélia Breda
Coordenadora de disciplina
Teresa Carvalho
Consultora cieníica
Johanna Schouten
Colaboradora
Andreia Ferreira
Colaboração das equipas técnicas imorenses da disciplina
Este manual foi elaborado com a colaboração de equipas técnicas imorenses da disciplina,
sob a supervisão do Ministério da Educação de Timor-Leste.
Ilustração
Celso Assunção
Design e Paginação
Esfera Críica Unipessoal, Lda.
Celso Assunção
Impressão e Acabamento
xxxxxx
ISBN
xxx - xxx - x - xxxxx - x
Tiragem
xxxxxxx exemplares
1ª Edição
Conceção e elaboração
Universidade de Aveiro
2014
Os síios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se aivos à data de publicação. Considerando a existência de alguma
volailidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações. Caso tenha sido inadveridamente
esquecido o pedido de autorização de uso de algum material protegido por copyright, agradece-se que seja comunicado, a im de
serem tomadas as providências adequadas.
O teu Manual de Sociologia está organizado com
base num conjunto de indicações que procuram
orientar melhor as tuas aprendizagens.
Assim, em cada unidade temá ca encontras o
seguinte:
NOTA: Embora os autores estejam conscientes de que a linguagem não é apenas um vínculo pelo qual as ideias são transmi das,
mas, também, um código criador de significados que contribui fortemente para moldar as prá cas e as representações sociais,
optaram pelo uso generalizado do masculino na linguagem. Esta opção prende-se com a necessidade de simplificar o texto e não
traduz qualquer significado associado ao género.
Índice
Unidade Temáica
1 Tipos de Sociedade
8
1 A importância do trabalho em diferentes sociedades
1.1 O que é o trabalho?
9 1.1.1 Trabalho remunerado e não remunerado
11 1.2 Trabalho na atualidade
13 1.2.1 O declínio da importância do trabalho
2 Formas de organização social do trabalho
16 2.1 O trabalho artesanal
17 2.2 A divisão do trabalho
18 2.2.1 Taylorismo e Fordismo
21 2.3 Limitações das teorias modernas
22 2.4 A transformação do trabalho
24 2.5 Pós-fordismo e produção lexível
25 2.6 Trabalho e organização social
3 Género e paricipação no mercado de trabalho
30 3.1 As noções de sexo e de género
34 3.2 As mulheres e o trabalho
36 3.2.1 A evolução e o crescimento da paricipação das mulheres na
vida pública
40 3.3 Género e desigualdades no trabalho
40 3.3.1 Segregação horizontal
41 3.3.2 Desigualdade salarial e Segregação verical
4 O trabalho e a família
48 4.1 A divisão domésica do trabalho
51 4.2 A ligação entre trabalho e família
53 4.3 Políicas laborais de apoio à família
Unidade Temáica
2 Sociedades e globalização
62
1 Educação e igualdade de oportunidades
1.1 Perspeivas sobre a educação, a mobilidade social e as desigualdades
64 1.1.1 A diferença provocada pela escola
65 1.1.2 Os déices socioculturais: Bernstein e os códigos linguísicos
67 1.1.3 O capital cultural e a sua transformação em desigualdades
sociais (Bourdieu)
69 1.2 Escola, insituições escolares e sociedade
2 Diferentes formas de organização do sistema escolar
73 2.1 A expansão da escola nas sociedades
74 2.1.1 Massiicação e democraização
79 2.1.2 Educação e formação de adultos
81 2.2 Diferentes exemplos de organização
87 2.2.1 Europa
4
88 2.2.2 América do Sul
2 89
91
2.2.3 Ásia/Pacíico
2.3 Organização do sistema educaivo em Timor-Leste
3 Educação, conhecimento e desenvolvimento pessoal e social
97 3.1 O papel da educação na socialização
99 3.2 Educação escolar no desenvolvimento cogniivo, moral e social
100 3.3 Educação escolar no desenvolvimento das comunidades locais e da
sociedade
102 3.4 Educação não formal
4 Educação, economia e sociedade do conhecimento
107 4.1 Ligação entre educação e economia
109 4.2 Os saberes cieníicos e os saberes tradicionais
110 4.2.1 Os conhecimentos tecnológicos dominantes e locais
113 4.3 Educação e novas tecnologias da informação e da comunicação
Unidade Temáica
120
1 O conceito de estado
1.1 O nascimento do Estado-Nação nos países ocidentais
123 1.2 A construção do Estado nos novos países: o exemplo de Timor-Leste.
125 1.3 Deinições do conceito de Estado
127 1.4 O Estado moderno: Elementos
131 1.5 A Antropologia e a questão do Estado: A organização políica das
sociedades ‘tradicionais’
2 Tipos de sistemas políicos
136 2.1 Regimes políicos
136 2.1.1 Os regimes democráicos
141 2.1.2 Os regimes não democráicos: Regimes totalitários e regimes
autoritários
143 2.2 Formas de governo
145 2.3 Sistemas de governo
3 Estado-Nação e idenidade nacional
151 3.1 Conceito de idenidade nacional
154 3.2 Idenidade nacional e nacionalismo
156 3.3 Relações entre países com diferentes níveis de desenvolvimento
4 As organizações internacionais e a sua inluência nas políicas nacionais
160 4.1 Conceito de transnacionalidade
161 4.2 Tipos de transnacionalidade
166 Glossário
171 Bibliograia
5
UNIDADE TEMÁTICA 1
OBJETIVOS
No inal desta unidade temáica o aluno deve ser capaz de:
• Conhecer o conceito de trabalho e disinguir as suas várias formas.
• Ideniicar as principais transformações no trabalho e reconhecer
os fatores que conduzem ao declínio da sua importância.
• Ideniicar as caraterísicas do Taylorismo e do Fordismo e as
principais críicas a estes sistemas de produção.
• Compreender a interrelação entre diferentes formas de organização
do trabalho e a organização social.
• Ideniicar os conceitos de género, segregação horizontal e
segregação verical
Unidade Temática 1 | O trabalho nas sociedades contemporâneas
8
procuram qualiicar os jovens, que procuram emprego, e colocá-los no
mercado de trabalho.
Aividade
1. Dá uma deinição de trabalho.
2. Que diferença existe entre trabalho manual e trabalho intelectual?
3. Dá alguns exemplos destes dois ipos de trabalho. O trabalho dos professores pode ser um
exemplo de trabalho inteletual
Aividade
De modo a veriicar a ocupação do tempo das pessoas com o trabalho, e
a analisar o ipo de trabalho efetuado (remunerado ou não remunerado) e
as aividades desenvolvidas, propomos que, com a ajuda do teu professor,
desenvolvas um inquérito por quesionário. Este deverá ser consituído
essencialmente por perguntas fechadas ou semifechadas e ser direcionado
aos elementos da tua família. Depois de recolhidos os dados, o professor
deverá juntar a informação recolhida por todos os alunos, e analisá-la em
conjunto. Após analisada a informação, em grupo, deverá ser efetuada, numa
cartolina, a apresentação dos resultados, os quais poderão icar expostos na
sala de aula ou noutros locais da escola.
1.2 Trabalho na atualidade
Desde a industrialização que o trabalho remunerado passou a ocupar
uma parte muito importante da vida das pessoas. Os séculos XIX e XX
foram caracterizados pela passagem a assalariados de grande parte dos
trabalhadores no mundo industrializado. Este grande crescimento levou
os governos a criarem leis para regular as relações de trabalho entre
operários e proprietários da indústria.
Com a produção industrial em grandes quanidades, os trabalhadores
deixaram de ter outras formas de rendimento. O seu salário passou a A Organização Internacional
do Trabalho é uma agência
ser a única, ou a principal forma, de ganhar dinheiro para sobreviver. mulilateral ligada à
Para defender os direitos dos trabalhadores surgiram os sindicatos e Organização das Nações
Unidas (ONU), especializada
foi reconhecido o direito à greve. Começaram, portanto, a ter muita nas questões do trabalho.
Tem representação
importância as questões ligadas à proteção dos trabalhadores. de governos dos 182
Estados-Membros, e
Foi o reconhecimento, ao nível internacional, desta necessidade de
de organizações de
proteção que esteve na origem da Organização Internacional do Trabalho empregadores e de
trabalhadores.
(OIT), criada em 1919.
Aividade
No teu caderno, responde às seguintes questões:
Aividade
1. A airmação da Declaração Universal dos Direitos do Homem, segundo a
qual todas as pessoas têm direito a um trabalho remunerado, é um objeivo
fácil de aingir? Jusiica a tua resposta.
2. Quais os principais efeitos da crise económica no trabalho?
1. O conceito de trabalho:
a) tem-se manido inalterado ao longo dos tempos.
b) é recente tal como hoje o conhecemos.
c) corresponde apenas ao trabalho manual.
Aividade
Junto da tua comunidade, faz um levantamento dos artesãos que existem
e ideniica o ipo de aividade que desenvolvem. Na sala de aula, parilha
essa informação com os teus colegas, e, com a ajuda do professor, façam, em
conjunto, uma lista de artesãos, organizados por oício e por localidade. Esta
lista pode ser exposta na escola, de modo a divulgar esses oícios junto dos
teus colegas.
Aividade
Responde no teu caderno à seguinte questão:
Quais as principais mudanças que surgem quando se passa do trabalho
artesanal para o trabalho industrial?
2.2.1 Taylorismo e Fordismo
Taylorismo
No Taylorismo:
a) o trabalho é dividido nas suas parcelas mais pequenas devendo cada uma
ser realizada por apenas um trabalhador.
b) um trabalhador faz o produto na totalidade das suas fases de fabrico.
c) não há preocupação com o tempo gasto pelo trabalhador na realização das
suas tarefas.
Fordismo
Os princípios de gestão desenvolvidos por Taylor foram mais tarde
aplicados por Henry Ford, na produção de automóveis. Este empresário
capitalista criou linhas de montagem automaizadas para fabricar estes
automóveis, mudando, deste modo, esta indústria, a parir de 1914. Os
veículos eram montados em esteiras rolantes de metal. Estas andavam
para a frente, enquanto os operários icavam quase parados a montar as
peças nos carros que iam passando à sua frente. Cada operário realizava
apenas uma operação simples, não sendo, por isso, quase necessário ter
aprendido conhecimentos na escola.
Fordismo O termo Fordismo começou a ser usado para designar este sistema de
Sistema de produção em grande produção em grandes quanidades e com o custo baixo. A produção na
quanidade a baixo custo, associado
linha de montagem tornou possível a venda de automóveis a preços
ao consumo em massa.
baixos. Os automóveis tornaram-se mais baratos e acessíveis a uma parte
Aprofundar os conhecimentos “
Henry Ford fez a sua primeira fábrica de carros em Highland Park, no Michigan
Ford Modelo T foi o produto que
popularizou o automóvel e revolucionou
(Estados Unidos da América), em 1908, para fabricar apenas um produto a indústria automobilísica, devido ao
seu baixo custo, segurança e facilidade
– o Ford Modelo T – o que permiiu o uso de ferramentas especializadas e de condução
de maquinaria criada para operações rápidas, precisas e simples. Uma das
inovações mais importantes de Henry Ford foi a elaboração de uma linha
de montagem. Cada trabalhador da linha de montagem de Ford inha uma
tarefa especíica, como encaixar as maçanetas das portas do lado esquerdo, à
medida que a estrutura do carro passava ao longo da linha. Até 1929, quando
terminou o fabrico do Modelo T, inham sido fabricados mais de quinze
milhões de carros.
Aividade
Lê, com atenção, o texto seguinte:
Fordismo é um termo que se passou a usar para caracterizar o sistema de
produção e gestão criado por Henry Ford. O método fordista de organização
do trabalho levou a um grande crescimento da produividade. Foi possível,
assim, fabricar produtos em grande quanidade desinados ao consumo em
massa.
Aividade
Das airmações seguintes, disingue as verdadeiras das falsas, copiando para
o teu caderno as airmações que estão corretas.
Aividade
Copia as airmações seguintes para o teu caderno e corrige-as.
Produção em grupo
A produção em grupo baseia-se em grupos de trabalho. Por vezes,
Produção organizada por pequenos funciona em conjunto com a automaização, como forma de reorganizar
grupos e não individualmente,
o trabalho. O seu principal objeivo é aumentar a moivação e saisfação
implicando o abandono da linha de
produção e o estabelecimento de dos trabalhadores, uma vez que eles passam a colaborar, em grupo,
grupos de trabalho paricipaivo.
na fabricação dos produtos. A integração da automaização permite
que as tarefas mais roineiras e aborrecidas sejam feitas por máquinas.
Os trabalhadores podem, assim, desenvolver novas capacidades e
concentrarem-se em tarefas que os moivam mais.
Aividade
Responde às seguintes questões no teu caderno:
1. Quais as razões que tornaram as relações sociais cada vez mais
diferenciadas?
2. Como é que o trabalho se transformou depois da Revolução Industrial?
3. Quais as reivindicações dos movimentos sociais que surgiram ao longo do
século XIX e XX?
Simone de Beauvoir (1908-1987) Uma pensadora importante na discussão sobre as questões de género
Foi uma escritora, ilósofa e feminista foi Simone de Beauvoir (1908-1986), uma escritora e feminista francesa.
francesa. Um dos seus livros mais
importantes foi “O segundo sexo” Para salientar a importância da inluência da sociedade na forma como
(1949), na qual faz uma análise homens e mulheres se comportam airmou: ‘Não nascemos mulheres,
profunda e críica do papel da mulher na
sociedade e ao longo da sua história. tornamo-nos mulheres’.
A antropóloga Margaret Mead (1901-1978) também se interessou por este
tema. Ao observar o comportamento das raparigas de Samoa (local onde
estava a fazer o seu estudo), percebeu que este era muito diferente do
comportamento das raparigas dos Estados Unidos da América (local onde
Samoa é um Estado
independente da Polinésia (um inha nascido). Concluiu, então, que os modelos sexuais e os padrões de
conjunto de ilhas no oceano
comportamento das mulheres não eram de natureza biológica e universais,
paciico).
mas, antes, resultado do modelo de educação existente na sua cultura.
Apesar do sexo ser determinado biologicamente, a compreensão do que é
um comportamento feminino ou masculino resulta de uma aprendizagem
social que se faz, muitas vezes de forma inconsciente, através do processo
de socialização.
O conceito de género refere-se, então, a um sistema social e cultural de
educação, existente na sociedade que leva as pessoas a terem diferentes
aitudes e comportamentos de acordo com o seu sexo. Ser homem ou
mulher resulta da aprendizagem dos papéis sociais atribuídos aos dois
sexos em diferentes sociedades.
Aividade
Responde às seguintes questões:
1. Na tua opinião o que queria Simone de Beauvoir dizer com a airmação:
‘Não nascemos mulheres, tornamo-nos mulheres’?
2. Discute e compara as tuas respostas com as dos teus colegas.
Aprofundar os conhecimentos
Uma invesigação importante foi realizada por Margaret Mead (1901-1978)
“
em três sociedades da Nova Guiné (uma ilha no Sudoeste do Pacíico): os
Arapesh, os Mundugomor e os Chambuli. Através destes casos a autora mostra
que os traços, ou caracterísicas, de personalidade masculina e feminina
que se têm por universais (porque são consideradas de origem biológica),
não existem, de igual forma, em todas as sociedades. Mais ainda, certas
sociedades têm um sistema cultural de educação que não considera que os
rapazes e as raparigas tenham caracterísicas opostas (isto é, não acreditam,
por exemplo, que as raparigas são meigas e os rapazes agressivos).
Entre os Arapesh, tudo parece organizado na pequena infância para fazer
com que o futuro Arapesh, homem ou mulher, seja um ser delicado, sensível,
prestável. As crianças são acarinhadas sem disinção de sexo.
Por outro lado, entre os Mundugomor, a consequência do sistema de educação
é antes suscitar a rivalidade, e até mesmo a agressividade, tanto entre os
homens como entre as mulheres, e, ainda, entre os dois sexos. As crianças
são duramente educadas, porque são ilhos não desejados, sejam rapazes ou
raparigas. As duas sociedades produzem, através dos seus métodos culturais,
dois ipos de personalidade completamente opostos.
Inversamente, os Chambuli, o terceiro grupo, pensam como os ocidentais,
que homens e mulheres são profundamente diferentes na sua psicologia.
Mas, ao contrário dos ocidentais, estão convencidos de que a mulher é, “por
natureza”, empreendedora, dinâmica, solidária com os membros do seu sexo,
extroverida; e que o homem é, em contraparida, sensível, menos seguro de
si, muito preocupado com a sua aparência e com tendência para ter inveja
dos seus semelhantes. É que, entre os Chambuli, são as mulheres que detêm
o poder económico e que asseguram o essencial da subsistência do grupo,
ao passo que os homens se consagram sobretudo a aividades cerimoniais e
estéicas (as belas artes, mas também a sua maquilhagem e principalmente
o penteado), que os põem muitas vezes em compeição uns com os outros
como nas sociedades ocidentais acontece com as raparigas ou as mulheres.
Aividade
Lê, com atenção, o seguinte texto:
“As aprendizagens acerca do género dão-se nos primeiros anos da criança de
modo ainda inconsciente. Muito antes de se conseguir reconhecer de forma
inequívoca como rapaz ou rapariga, a criança, por volta dos dois anos, começa
a disinguir parcialmente o que é o género. Há um conjunto de sinais não
verbais que para isso contribuem – a maneira como se lida com as crianças,
as diferenças na maneira de vesir, no esilo de penteado, nos cheiros dos
cosméicos ou dos perfumes, etc…”
elementos da sociedade.
A existência de sociedades matriarcais mostra que as diferenças biológicas
Sociedade matriarcal
não são suicientes para explicar as diferenças sociais e culturais entre Corresponde a uma sociedade cuja
homens e mulheres. Numa sociedade matriarcal (apesar das diferenças organização se baseia na autoridade
das mulheres, em especial das mães.
biológicas entre homens e mulheres serem as mesmas), o poder e a São elas que gerem os bens e o nome
da família, bem como a herança, é
autoridade estão concentrados nas mulheres, sobretudo nas mães. transmiida pelas mães.
Nestas sociedades, são elas que gerem os bens (como o dinheiro ou as
terras) e o nome das famílias é passado de mães para ilhas. Exemplos
de sociedades matriarcais são a tribo Mosuo, na China, ou os Bunak, na
região de Bobonaro, em Timor-Leste.
Aividade
Em grupo:
1. Escreve numa folha todas as tarefas ou aividades que fazes desde que te
levantas até que te deitas.
2. Compara as tuas respostas com as dos teus colegas.
3. Analisa, agora, se há diferenças entre as tarefas ou aividades que os
rapazes e as raparigas do teu grupo fazem durante o dia.
4. Como se podem jusiicar estas diferenças?
Aividade
Em 1999 Afonso Busa Metan publicou o seguinte poema:
Cansadas já da canga
e da indignidade do silêncio,
e fartas do horizonte encurtado
por panelas e roupa p’ra lavar…
3.3.1 Segregação horizontal
A presença das mulheres no mercado de trabalho aumentou, mas a sua
situação não é igual à dos homens. Coninua a exisir discriminação e
segregação com base no género.
Discriminação direta
A discriminação, como conceito geral, resulta de preconceitos negaivos
Resulta de práicas que provocam um
dirigidos a um grupo de pessoas. A discriminação pode ser direta ou
tratamento desigual e desfavorável indireta. A discriminação direta acontece quando se veriicam práicas
para um grupo ou um género.
que resultam num tratamento desigual e desfavorável para um grupo, ou
um dos géneros. Por exemplo, se não se permite a entrada de mulheres
para um dado emprego. A discriminação indireta está relacionada com
Discriminação indireta
situações, leis ou práicas que, aparentemente, são neutras (parecem
Resulta de situações, leis ou práicas
que parecem neutras mas resultam favorecer tanto os homens como as mulheres), mas que resultam em
em desigualdades para determinadas
pessoas ou grupos.
desigualdades para determinadas pessoas ou grupos. Por vezes, a
própria pessoa que é alvo desta discriminação pode não se aperceber
da sua existência. Por exemplo, uma lei que proteja só as mulheres na
maternidade (permiindo, por exemplo, que faltem ao trabalho para
cuidar dos ilhos doentes), leva a que os homens se afastem cada vez mais
das aividades de cuidar.
A discriminação direta, com base no género, é legalmente proibida
em praicamente todos os países. Em grande medida, devido ao papel
da UNTAET e das ações de vários grupos de mulheres imorenses, a
Consituição, aprovada em 2002, considera como um dos objeivos
fundamentais do estado “promover e garanir a efeiva igualdade de
oportunidades entre homens e mulheres”.
Seguindo a tradição das sociedades patriarcais, em que as mulheres se
ocupavam sobretudo do trabalho domésico, a paricipação das mulheres
no mercado de trabalho começou por se fazer em empregos relacionados
com esta área (como criadas ou empregadas domésicas). As mulheres
desenvolveram trabalho na indústria do vestuário, no ensino ou na saúde.
Hoje encontram-se em praicamente todas as proissões.
A paricipação de homens e mulheres no mercado de trabalho é desigual
porque relete os tradicionais papéis de género. Assim, há determinados
empregos que são considerados femininos, como cabeleireira ou
Os estereóipos de género levam a que
normalmente sejam os homens a cuidar enfermeira, e outros que são considerados masculinos como condutor ou
dos búfalos
construtor.
Aividade
Lê o seguinte texto:
É possível encontrar diferentes classiicações relaivas aos papéis das
mulheres. Em geral encontramos referências a três ipos de papéis que
icaram conhecidos como ‘women’s triple role’ ou o ‘papel triplo das mulheres’.
Em primeiro lugar, temos o trabalho reproduivo, que inclui a reprodução
biológica (ter ilhos e cuidar das crianças pequenas), a reprodução geracional
(cuidar dos ilhos mais velhos) e a reprodução diária (trabalho domésico
de suporte àqueles que desempenham tarefas produivas, o que inclui a
gestão do lar). Em segundo lugar, encontramos o trabalho produivo, que
abrange a produção para consumo domésico e as aividades agrícolas ou
não-agrícolas geradoras de rendimento. Por úlimo, temos o chamado
trabalho comunitário, aividades e eventos desempenhados coleivamente.
1. Faz uma lista de tarefas que são normalmente feitas pelas mulheres.
2. Relaciona estas tarefas com os papéis sociais que os autores ideniicam.
3. Comenta o texto pensando no papel importante que as mulheres podem
ter na redução da pobreza e no desenvolvimento económico do país.
3.3.2 Desigualdade salarial
A diferente valorização social dos traços e papéis de género leva a que o
trabalho de homens e mulheres também seja classiicado de diferentes
formas. Assim, os trabalhos masculinos são, em geral, mais valorizados e
melhor remunerados em comparação com os femininos.
Por outro lado, a segregação horizontal, ligada à tendência para a
sociedade atribuir às mulheres o desempenho de proissões ligadas à área
domésica, leva a que muitas destas aividades não exijam qualiicações
Aprofundar os conhecimentos “
“(…) a 7 de dezembro de 1975 a Indonésia invadiu Díli declarando o território
de Timor-Leste como a sua vigésima séima província. Embora sendo uma
ex-colónia economicamente estagnada e com uma população com níveis
muito baixos de literacia e saúde, Timor-Leste resisiu, e as mulheres foram
uma parte muito importante desta resistência. Uma das primeiras a ser morta
foi Muki Bonaparte, uma jovem socialista. Nos meses seguintes assisiu-se
ao aprisionamento, violação e tortura de centenas de mulheres, em especial,
das que pertenciam à OPMT (Organização Popular da Mulher Timorense).
Durante a década de 1980 as mulheres prestaram apoio à resistência armada
através do fornecimento de cuidados de saúde, alimentação, roupa e dinheiro.
Formaram, ainda, unidades armadas de mulheres, assim como, brigadas que
lutavam lado-a-lado com as guerrilhas masculinas com “um bebé num braço
e a arma no outro” (Almeida, 1996: 101). Apesar da sua resistência aiva e
sofrida, o papel das mulheres na luta pela libertação tem sido largamente
ignorado.”
Aividade
Lê o seguinte texto:
“Na análise do discurso que tem vindo a ser produzido sobre Timor-Leste
e a resistência à ocupação indonésia, veriicamos que se tem debruçado
quase exclusivamente sobre os homens, retratando as mulheres como
víimas passivas e submissas. Todavia, na sequência da ocupação
indonésia, a contribuição das mulheres tornou-se necessária para garanir
o funcionamento da resistência: no mato, combateram ao lado dos homens,
cuidaram dos doentes e dos feridos, entre outras tarefas; nas vilas e aldeias,
era-lhes relaivamente fácil apoiarem a rede clandesina sem que ninguém
desconiasse, na medida em que eram associadas ao espaço da casa; na
diáspora denunciaram a situação do país perante plateias internacionais,
esforçaram-se por angariar fundos e apoios para a sua causa e divulgaram a
cultura imorense no exterior. No apoio à resistência as mulheres imorenses
demonstraram que eram capazes de assumir e lutar pelas causas públicas,
neste caso concreto, na luta contra o ocupante. Atualmente, alcançada que
está a independência nacional, a contribuição das mulheres para a resistência
ainda não foi completa e suicientemente reconhecida.”
1. Lê o seguinte texto:
As mulheres, nos manuais escolares, são apresentadas como princesas,
rainhas, bruxas e, no mundo do trabalho, como domésicas, professoras
ou empregadas de balcão. Os estudos têm demonstrado que o sistema
educaivo não impede que as crianças recebam diferentes mensagens
conforme o género.
Adaptado de Fonseca, L. (2001). Culturas juvenis, percursos femininos.
Oeiras: Celta Editora.
2009 2010
O trabalho e a família | 47
Aividade
No teu caderno, responde às seguintes questões:
1. Refere os principais temas estudados pela Sociologia da Família.
2. Quais as duas perspeivas teóricas dominantes na Sociologia da Família?
3. Diz quais as principais diferenças entre as duas.
estavam empregadas, em geral, não inham segurança de emprego e eram Existe em todos os países e
corresponde às trocas que são
mal pagas e trabalhavam, sobretudo, em aividades ligadas à economia feitas sem qualquer documento a
comprová-lo.
informal como na agricultura.
A economia informal refere-se às aividades económicas que não
obedecem aos aspetos formais. Por exemplo, as trocas comerciais entre
as pessoas não são acompanhadas de documentos oiciais como recibos e
faturas. As relações de trabalho, na economia formal, são acompanhadas
de um documento oicial - o contrato de trabalho. Estes dados aparecem
nas estaísicas oiciais. Quando as transações ou trocas se fazem sem
estes documentos elas não entram nas estaísicas oiciais e, por isso, não
estão sujeitas ao pagamento de impostos. Quando isto acontece diz-se
que estamos perante a economia informal. Este ipo de economia existe
em todos os países. Por vezes, uilizam-se também os termos economia
paralela ou mercado negro para designar esta realidade.
O trabalho e a família | 49
O programa do IV governo consitucional (2007-2012) propunha promover
O micro-crédito surgiu na
década de 1970 e consiste a criação de cooperaivas agrícolas e desenvolver mecanismos de micro-
num sistema de crédito dado
às populações pobres ou -crédito agrícola, em especial, para as mulheres. Esta proposta inha como
muito pobres que não têm objeivo ultrapassar o problema da falta de condições de trabalho das
possibilidade de recorrer
aos bancos. O micro-crédito mulheres em Timor-Leste.
consiste no emprésimo
de pequenas quanidades Como referimos antes, à medida que as sociedades se vão desenvolvendo
de dinheiro para apoiar o
desenvolvimento de pequenos as mulheres passam também a fazer trabalho remunerado fora de casa.
negócios. Em Timor-Leste muitas mulheres têm aividades que, tradicionalmente,
eram apenas desempenhadas por homens. Um bom exemplo disto
é a políica. Nas eleições de 2012 as mulheres conseguiram 38,5% dos
lugares no Parlamento. Esta é uma percentagem muito elevada quando
comparada com outros países da região e, até, do mundo. Em grande
parte esta paricipação elevada deve-se à tradição de empenho das
mulheres na luta pela independência e na reconstrução de Timor-Leste. A
Assembleia Consituinte, que redigiu a primeira Consituição da República
Democráica de Timor-Leste, já inha uma paricipação de 27% de
mulheres. A paricipação das mulheres na políica é elevada não só a nível
nacional como, também, local. Nas eleições para a liderança comunitária
de 2009, 28% dos eleitos para os conselhos de suco eram mulheres.
Hoje, em Timor-Leste, existem mulheres em posições importantes no
governo, no parlamento e na sociedade civil. Há, por exemplo, mulheres a
desenvolver aividades na polícia ou como juízas nos tribunais.
Aividade
No teu caderno, responde às seguintes questões:
1. Diz o que entendes por trabalho domésico.
2. Na tua opinião, é importante as mulheres trabalharem fora de casa?
Porquê?
O trabalho e a família | 51
em si. Esta situação ajuda até a pessoa a deinir a sua idenidade pessoal.
Isto é, a pessoa tende a ver-se como um proissional e a deinir-se como
tal.
Exercer uma proissão também traz um certo reconhecimento social. Há
proissões com mais presígio social do que outras. Portanto, o que cada
um faz é, também, importante para determinar o seu lugar na estrutura
social de classes.
A família é, por seu lado, igualmente, importante para o trabalho. As
pessoas, homem ou mulher, tendem a moivar-se ou a envolver-se mais
no trabalho quando têm a responsabilidade de contribuir para a vida da
sua família. E o trabalho domésico (normalmente, como vimos, feito
pelas mulheres) é importante para garanir que a pessoa tem as condições
ísicas necessárias para realizar as suas aividades. Por exemplo, uma boa
alimentação assegurada na família é importante para os ilhos terem
sucesso na escola e para os adultos terem força ísica para desenvolver as
suas aividades.
No entanto, a paricipação no mercado de trabalho também pode ter
efeitos negaivos. O trabalho traz muitas exigências e responsabilidades.
Por outro lado, as pessoas quase nunca têm total autonomia para
realizar as suas tarefas. Muitas vezes o trabalho é muito controlado pelos
superiores e não há apoio no local onde se trabalha para que ele possa ser
feito da melhor maneira.
Assim, o trabalho, sobretudo quando é em excesso, também pode ter
efeitos negaivos no bem-estar da pessoa e da família. Quando o trabalho
é excessivo provoca desmoivação e o afastamento da pessoa da família,
já que passa a estar muitas horas fora de casa. Ao trabalhar fora do
contexto familiar, o trabalhador perde controlo sobre aquilo que está a
fazer. Por exemplo, o trabalhador tem de trabalhar um número ixo de
horas e com um determinado ritmo, deixando de ter controlo sobre o uso
do seu tempo.
Trabalhar fora do contexto familiar pode signiicar a necessidade de
trabalhar durante horários alargados, deslocações demoradas ou
frequentes para fora da sua residência, trabalho por turnos (principalmente
nos países industrializados onde os trabalhadores têm turnos de trabalho
de 8 horas, trabalhando de noite e de madrugada),e outras limitações.
Estas acabam por reirar tempo ao trabalhador para estar com a sua
família.
Aividade
Copia o seguinte quadro para o teu caderno e completa-o.
O trabalho e a família | 53
criadas políicas com objeivos especíicos para a família (por exemplo dar
assistência médica às mães ou licença de maternidade ou paternidade).
As políicas são implícitas, quando as ações do governo surgem a parir
de outras políicas mais gerais que não inham como objeivo inicial a
família. Por exemplo, políicas sobre habitação ou emprego podem ter
implicações sobre a família (no caso de melhorar o saneamento básico
ou água canalizada numa região, o trabalho domésico é mais facilitado).
O trabalho e a família | 55
Desde a sua fundação que os governos de Timor-Leste iveram uma grande
preocupação com a família na deinição das leis do país. A consituição
de Timor-Leste, para além de assegurar a igualdade entre homens e
mulheres, garante a proteção de todas as crianças (nascidas dentro ou
fora do matrimónio) contra todas as formas de abandono, discriminação,
violência, opressão, abuso sexual e exploração. O Arigo 39.º regula, em
especial, a família, o casamento e a maternidade. Neste arigo airma-se
que:
1. O Estado protege a família como célula base da sociedade e condição
para o harmonioso desenvolvimento da pessoa.
2. Todos têm direito a consituir e a viver em família.
3. O casamento assenta no livre consenimento das partes e na plena
igualdade de direitos entre os cônjuges, nos termos da lei.
4. A maternidade é digniicada e protegida, assegurando-se a todas as
mulheres proteção especial durante a gravidez e após o parto e às mulheres
trabalhadoras direito a dispensa de trabalho por período adequado,
antes e depois do parto, sem perda de retribuição e de quaisquer outras
regalias, nos termos da lei.
É, no entanto, o código civil de Timor-Leste (Lei 10/2011) que regula a
insituição familiar.
Em Timor-Leste, em 2010, foi criada uma lei importante para o apoio à
família. A lei 7/2010 proíbe todas as formas de violência na família. Esta
lei considera a família como a unidade social e cultural fundamental de
Timor-Leste. De acordo com o inquérito demográico e de saúde, em
2009-2010, 50% das mulheres airmaram ter sido víimas de violência
ísica ou sexual. Um terço das mulheres (38%) inha sido víima de
violência domésica desde os 15 anos. Ainda 74% das mulheres casadas
airmam que foram víimas de violência por parte do seu marido ou
companheiro. Há, também uma percentagem considerável que airma ter
sido víima de violência por parte da sua mãe ou madrasta (34%), do seu
pai ou padrasto (26%), do seu irmão ou irmãos (11%) e de outros parentes
(6%). É importante referir que a violência domésica não resulta sempre
de agressão do marido sobre a esposa. Em 2009-2010 6% das mulheres
airmaram ter exercido violência sobre o seu marido.
Existem, ainda, outras medidas legais que não foram tomadas a pensar
na família, mas que têm efeitos sobre ela. Um exemplo é a criação, pelo
Ministério da Solidariedade Social, de um sistema de “Bolsas da Mãe”.
Estas devem permiir que mães solteiras, viúvas e de famílias pobres
Aividade
Pergunta, em casa, aos elementos mais velhos da tua família, quantas
pessoas viviam na mesma casa quando eram jovens, com que idade
casaram e o que faziam a sua mãe e o seu pai no dia-a-dia. Compara
as respostas com o que se passa em tua casa hoje.
Responde, no teu caderno, às seguintes questões:
1. O que mudou em relação ao que se passava antes e agora?
2. Na tua opinião, o que deveria ser mudado na actualidade na forma
como a família está organizada?
O trabalho e a família | 57
RESUMO
A família é um núcleo muito importante para a vida da sociedade.
Na Sociologia da Família há duas perspeivas teóricas dominantes: o
estruturo-funcionalismo e o Interacionismo. O estruturo-funcionalismo
procura explicar os aspetos da família em termos das suas funções e
consequências para a sociedade e para o funcionamento de todo o sistema
social. O interacionismo analisa os processos de interação (relação entre
duas ou mais pessoas) que surgem entre as pessoas na família.
É na família que se desenvolve o trabalho domésico. Este trabalho diz
respeito às tarefas realizadas no espaço da casa para o bem-estar e
sobrevivência da família. No seio da família há uma divisão das tarefas
domésicas de acordo com o género. Para além do trabalho domésico
existe, também, o trabalho que é desenvolvido no contexto formal e
informal da economia.
A paricipação no mercado de trabalho traz alguns aspetos posiivos e
outros menos. A realização de trabalho pago, fora do contexto familiar,
permite às famílias aumentar o seu capital económico e social. Isto
é, aumenta os rendimentos e as relações que se estabelecem com
outras pessoas. O emprego ajuda a aumentar a autoesima, a deinir a
idenidade do ser humano e a determinar o lugar de cada um na estrutura
social de classes. No entanto, a paricipação no mercado de trabalho
também pode ter efeitos negaivos. O trabalho traz muitas exigências
e responsabilidades. Por outro lado, as pessoas quase nunca têm total
autonomia para realizar as suas tarefas. O trabalho, sobretudo quando é
em excesso, também pode ter efeitos negaivos no bem-estar da pessoa e
da família. Quando o trabalho é excessivo provoca desmoivação podendo
até surgir senimentos de stress.
Devido aos problemas que podem surgir na relação entre o trabalho e
a família alguns governos têm desenvolvido políicas de apoio à família.
Estas políicas correspondem à legislação, às resoluções, subsídios e
programas deinidos para aingir objeivos de melhorar a vida da pessoa
ou de todo o grupo familiar. As políicas de apoio à família podem ser
explícitas - quando são criados órgãos ou políicas, dentro do governo,
com objeivos especíicos para a família - ou implícitas - quando as ações
do governo surgem a parir de outras políicas mais gerais que não inham
como objeivo inicial a família. Os governos usam três instrumentos para
deinir políicas de apoio à família: o apoio económico, a regulação jurídica
e o apoio em serviços e equipamentos.
As políicas de apoio à família têm sido uma preocupação dos diversos
governos de Timor-Leste desde a independência do país.
O trabalho e a família | 59
UNIDADE TEMÁTICA 2
2 Educação e formação
1 Educação e igualdade de oportunidades
2 Diferentes formas de organização do
sistema escolar
3 Educação, conhecimento e
desenvolvimento pessoal e social
4 Educação, economia e sociedade do
conhecimento
OBJETIVOS
No inal desta unidade temáica o aluno deve ser capaz de:
• Reconhecer o papel da educação escolar na mobilidade,
estraiicação e bem-estar social, bem como na socialização e
desenvolvimento dos seres humanos.
• Conhecer as principais ideias das teorias sociológicas sobre a
relação entre a educação escolar e as desigualdades sociais.
• Reconhecer o papel da escola na organização e funcionamento das
sociedades.
• Reconhecer a importância da educação e formação de adultos para
o desenvolvimento das sociedades.
• Ideniicar diferentes formas de organização dos sistemas
educaivos.
• Disinguir o saber cieníico dos saberes tradicionais e conhecer
a importância dos saberes e conhecimentos locais para o
desenvolvimento de Timor-Leste.
• Avaliar o contributo das novas tecnologias da informação e da
comunicação para a educação escolar.
Unidade Temática 2 | Educação e formação
62
A educação é de tal modo importante que dos oito objeivos deinidos
pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o Milénio se estabelece,
em segundo lugar, a educação básica de qualidade para todos.
Em praicamente todos os países, até um determinado nível de
A UNESCO (United Naions
escolaridade, o ensino é gratuito e a sua frequência obrigatória. Existem, Educaional, Scieniic, Cultural
no entanto, algumas diferenças em relação ao número de anos de Organizaion) é a Organização
das Nações Unidas para a
escolarização assegurada pelo Estado. Muitos países reconhecem o educação, ciência e cultura.
Foi criada em 1945 e o seu
direito à educação na sua Consituição e assinaram acordos internacionais objeivo é contribuir para
no senido de o promover. É o caso de Timor-Leste. a paz e desenvolvimento
humano no mundo.
A educação, ao nível primário, é obrigatória em praicamente todos os
países do mundo, mas ela não é universal. Há muitas crianças que não
têm a possibilidade de frequentar a escola. Um relatório da UNESCO
(Global Educaion Digest), de 2012, sobre o estado da educação, refere
que 61 milhões de crianças, em todo o mundo, não têm possibilidade
de entrar na escola primária. Apesar de ainda exisir um número muito
elevado de crianças fora da escola, é importante saber que este número
não tem aumentado nos úlimos anos.
No mesmo relatório, a UNESCO esima que, das crianças que não estão
na escola primária, neste momento, em todo o mundo, 47% nunca
terão a possibilidade de a vir a frequentar na sua vida. Uma das razões
para as crianças não irem à escola está relacionada com o facto de
muitas trabalharem. Em Timor-Leste, em termos legais, há limitações
para o trabalho infanil antes dos quinze anos. No entanto, um estudo,
desenvolvido pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
Internacional, refere que, em 2008, 85% das crianças imorenses, com
idade entre 10 e 14 anos, estava a trabalhar, 91% delas na agricultura.
Mas a frequência da escola não signiica, necessariamente, que as crianças O trabalho infanil é uma das razões de
abandono escolar que é um problema
tenham sucesso. Em todo o mundo, 32 milhões de crianças repetem grave para a promoção da educação de
pelo menos um ano na escola primária. Mais grave ainda é o facto de 32 um país
64 | Educação e formação
Esta visão ‘idealista’ da escola deixou de exisir quando se começaram a
desenvolver os primeiros estudos sobre as causas do abandono e insucesso
escolar. Os autores que reletem sobre estas questões chegam à conclusão
que a própria escola contribui para a exclusão e as desigualdades sociais.
66 | Educação e formação
das comunidades com diferentes origens sociais e culturais. Esta análise
em relação à linguagem também é verdadeira para outras questões. Por
exemplo, o que se ensina e aprende na escola está mais relacionado com
a maneira de viver e a situação proissional das classes economicamente
mais favorecidas do que com as outras classes. Deste modo, a escola
deve também respeitar e valorizar, por igual, as experiências familiares e
comunitárias das crianças e dos jovens.
Em Timor-Leste, a questão da linguagem
é ainda mais complexa dada a existência
de várias linguas e dialetos.
Aividade
Podemos dizer que quando um professor fala numa sala de aula nem todos
os alunos o compreendem da mesma forma.
68 | Educação e formação
o hábito de ler o jornal, livros e revistas em comparação com as famílias
das outras classes.
Para algumas crianças e jovens, a cultura da escola está, assim, mais
próxima da cultura das suas famílias. O processo de socialização primária,
desenvolvido na família, ajuda a que estas crianças e jovens se adaptem
melhor e gostem mais da escola. Para outras crianças e jovens, a entrada
e frequência da escola representa uma forma diferente de aculturação em
relação a um novo meio social e cultural. Quer dizer, alguns alunos têm
de fazer um esforço maior para se adaptarem e interiorizarem uma nova
cultura, diferente da que lhes foi transmiida pelas suas famílias.
Estes estudos são importantes porque mostram que não são apenas as
diferenças económicas, ou as políicas educaivas do Estado, que explicam
a forma diferente como as crianças e os jovens paricipam na escola. O Para algumas crianças, a cultura da
próprio sistema educaivo e escolar também contribui para reproduzir as escola está mais afastada da cultura das
suas famílias
desigualdades que existem na sociedade.
Aividade
Responde às seguintes questões, no teu caderno:
1. Que outros capitais existem para além do económico?
2. O capital cultural é importante para a educação? Jusiica a tua reposta.
3. O que pode a escola fazer para eliminar as desigualdades entre os alunos?
Aividade
Responde às seguintes questões, no teu caderno:
1. Quais são as principais funções da escola?
2. Com que insituições deve a escola tentar relacionar-se?
70 | Educação e formação
RESUMO
72 | Educação e formação
2 Diferentes formas de organização do sistema escolar
Aividade
Copia para o teu caderno e escolhe a opção correta:
1. A escola é:
a) Recente.
b) Familiar.
c) Aniga.
2. A escola era:
a) Frequentada por muita gente.
b) Desinada apenas a mulheres.
c) Frequenta por uma elite.
2.1.1 Massiicação e democraização
74 | Educação e formação
sociais. A democraização, por sua vez, é uma noção que está ligada à ideia Democraização
de que um maior número de alunos das classes sociais economicamente Grande aumento da frequência
desfavorecidas passou a frequentar e a concluir estes níveis de ensino. da escola por alunos de todas as
classes sociais economicamente mais
Em geral, até ao período que vimos atrás, a maioria dos alunos destas desfavorecidas.
classes sociais era excluída do ensino secundário mais avançado e do
ensino superior.
A massiicação levou à escola muitos jovens imorenses, como na Escola Secundária em Ailéu
Aividade
Através de um pequeno inquérito, faz um estudo sobre a escolarização dos
membros da tua família e outras pessoas próximas. Podes usar as perguntas
que estão no quadro a seguir. Em casa, aponta as respostas no teu caderno.
Podes acrescentar outras que consideres importantes para conhecer melhor
a história escolar da tua família.
Exemplo de perguntas
Frequentou a escola?
A) Se a resposta for sim, podes colocar as seguintes questões:
A.1. Até que ano frequentou a escola?
A.2. Havia muitos alunos a frequentar a sua escola?
A.3. Fez a sua escola em língua portuguesa, bahasa, inglesa ou outra? Qual?
A.4. Considera que foi importante frequentar a escola?
B) Se a resposta for não, podes colocar as seguintes questões:
B.1. Gostava de ter ido à escola? Porquê?
B.2. Atualmente, na sociedade imorense, considera que é importante
chegar o mais longe possível na escolaridade? Porquê?
76 | Educação e formação
Ao longo do século XX, em todos os países, o aumento da escolarização
resultou, igualmente, das pressões exercidas sobre os governos pelos
diferentes movimentos sociais. Muitas lutas sociais, em diferentes países,
incluíam as revindicações do direito à educação para todos, como forma
de assegurar uma maior igualdade e jusiça sociais.
78 | Educação e formação
2.1.2 Educação e formação de adultos
Na época atual, a educação das pessoas adultas tornou-se cada vez mais
importante para o desenvolvimento social e económico das sociedades.
Por outro lado, o rápido desenvolvimento do conhecimento, e das
tecnologias, faz com que as pessoas tenham de coninuar a estudar para se
manterem atualizadas. A educação das pessoas adultas aumenta os níveis
de bem-estar coleivo e contribui para a diminuição das desigualdades A educação de adultos
sociais. Permite, ainda, que cada um consiga melhores empregos e aumenta os níveis de
bem-estar das populações
carreiras. Apesar das crises de desemprego provocadas pelo capitalismo, e pode fazer diminuir as
desigualdades sociais.
quanto maior for o nível de escolarização das pessoas, menos tempo
estão desempregadas.
Porém, estas conclusões podem ser criicadas. É um facto que o aumento
da educação dos jovens não tem feito diminuir o desemprego entre os
que têm mais habilitações escolares. Existem, igualmente, desigualdades
de oportunidades proissionais entre as pessoas, em função da sua
origem social. Com a mesma escolarização, as pessoas das classes mais
desfavorecidas têm mais diiculdade, em comparação com as das classes
mais privilegiadas, em encontrar trabalho e conseguir um emprego
adequado à sua formação escolar.
Nos países em desenvolvimento, este conjunto de desigualdades pode
ser mais acentuado. A escolarização aumentou o nível educacional das
populações. Porém, não diminuiu as desigualdades entre os diferentes
grupos sociais. Estas são mais fortes que nos países economicamente
mais desenvolvidos. Esta situação é agravada pelas elevadas taxas de
analfabeismo.
Uma grande parte das taxas de analfabeismo ainda é consequência do
colonialismo. As autoridades dos países colonizadores apenas permiiam
a escolarização de pequenas minorias (elites) mais próximas dos seus
interesses ou políicas. A escolarização das populações colonizadas era
vista como uma potencial ameaça ao domínio colonial. Por outro lado,
quando os países colonizadores aumentavam as taxas de escolarização,
o que se ensinava e aprendia nas escolas estava ligado às suas culturas
dominantes. As culturas dos povos dos países colonizados eram ignoradas A cultura de Timor-Leste foi ignorada na
educação escolar durante muitos anos
ou muito desvalorizadas.
Este texto refere alguns dos problemas com os quais Timor-Leste se confronta
ao nível da educação e alfabeização. Responde, no teu caderno, às questões
seguintes:
1. Há uma percentagem mais elevada de analfabetos entre as mulheres ou
entre os homens?
2. Qual o distrito de Timor-Leste que apresenta a taxa mais baixa de
alfabeização?
3. A educação e a alfabeização de adultos são importantes para Timor-Leste?
Porquê?
80 | Educação e formação
2.2 Diferentes exemplos de organização
Desenvolvimento dos sistemas escolares
Os sistemas de organização escolar (ou sistema escolar) surgiram,
na sua forma mais moderna, durante o século XIX. Porém, o grande
desenvolvimento desta organização só aconteceu na primeira metade do Nos países em vias de
desenvolvimento, a criação
século XX, nos países ocidentais economicamente mais desenvolvidos.
de sistemas escolares
Por sua vez, em vários países em vias de desenvolvimento, a criação dos nacionais só surgiu depois da
descolonização.
sistemas escolares nacionais surgiu, apenas, após a descolonização e a
conquista da independência.
No caso de Timor-Leste, até 1975, o sistema escolar herdado do colonialismo
português era muito reduzido. Podia ser caraterizado como um sistema
de elite, apenas dirigido a uma pequena minoria. A esmagadora maioria
da população imorense inha sido afastada da educação escolar. Calcula-
se que, nesta altura, quase 90% da população não sabia ler nem escrever
em língua portuguesa (a língua usada na escolarização das crianças e
jovens). Durante a ocupação indonésia, houve mais invesimento no
sistema escolar. Mas, a administração do ensino e os currículos existentes
serviam, principalmente, os interesses dos ocupantes. Tentavam impor
aos imorenses a cultura e valores dominantes da cultura indonésia.
A administração pela ONU (1999-2002), na transição para a Restauração
da Independência, encontrou um sistema escolar quase totalmente
destruído. A maioria das escolas inha sido destruída, ou não funcionava,
e a quase totalidade dos professores não-imorenses abandonou o país.
Foram, na altura, subsituídos por professores voluntários vindos de vários
países. Na realidade, só a parir de 2001 foi possível começar a reconstruir
um sistema educaivo nacional aos níveis administraivo (papel do Estado),
das instalações ísicas (recuperação das escola destruídas) e dos currículos
usados no ensino (subsituição dos currículos indonésios).
Ainda hoje está em curso uma refundação do sistema escolar imorense
nos seus diferentes aspetos, tais como: a construção de escolas novas
em várias regiões do país; melhoramento dos ediícios; aquisição de
equipamentos pedagógicos; mudanças nos níveis de ensino; deinição de
novos objeivos de ensino e aprendizagem; deinição de novos currículos
para os vários níveis de ensino; e reorganização administraiva do sistema.
Principais conceitos
Sistema educaivo
A noção de sistema pode ter vários signiicados em educação. Por
Todos os recursos e meios que o exemplo, quando falamos em sistema educaivo estamos a nomear todos
Estado e a sociedade usam para os recursos e meios que o Estado e a sociedade uilizam para desenvolver
educar os seus cidadãos.
as aprendizagens e conhecimentos nos seus cidadãos. Nestes recursos
e meios podem ser incluídos os seguintes: as leis sobre a educação;
os objeivos educaivos nacionais; a organização escolar; a família;
82 | Educação e formação
as bibliotecas; os museus; as comunidades locais; os professores; as
disciplinas; a maneira de ensinar; as associações de cidadãos; os ediícios
escolares; os equipamentos; e os recursos inanceiros.
Nesta perspeiva, podemos considerar que a noção de sistema de
educação (ou sistema educaivo) refere-se a todas as formas de educação
na sociedade – a educação não formal e a educação formal.
A educação não formal inclui, por exemplo, aspetos relacionados com
o papel das famílias, bibliotecas, museus, associações de cidadãos e
comunidades na educação das crianças, dos jovens e dos adultos. A
educação formal, por sua vez, relaciona-se com a organização do sistema
escolar (ou sistema de ensino) pelo Estado. Aplica-se ao conjunto de
aspetos que fazem parte desta organização: o papel do Estado e da
administração do ensino, a organização dos vários níveis de ensino e
os currículos. A noção de sistema educaivo é, assim, mais global que a
noção de sistema escolar.
Em primeiro lugar, vamos apresentar os principais aspetos globais que
fazem parte do sistema escolar, importantes para a organização da
educação formal. Mais à frente falaremos da educação não formal.
Em todos os países também está deinida, nas leis dos seus estados, uma
84 | Educação e formação
duração obrigatória da escolaridade para todos os alunos. Normalmente,
esta escolaridade é designada por educação básica ou ensino básico. Em
alguns países, a escolaridade obrigatória é de 9 anos; noutros, em menor
número, de 12 anos. O ensino pré-primário não entra nesta contagem,
porque não é obrigatório na maioria dos países. É o caso, também, da parte
inal do ensino secundário e do ensino superior. Há países que uilizam
a designação de ciclos (1º ciclo, 2º ciclo e 3º ciclos de escolaridade ou
de educação básica), os quais, em princípio, correspondem, a diferentes
níveis de ensino. Em todos os países, com mais ou menos diferenças,
podemos considerar que a organização da sequência na escolarização é
a seguinte:
Aividade
Responde às seguintes questões, no teu caderno:
1. Quais os principais aspetos que fazem parte de um sistema escolar?
2. Os professores e os pais fazem parte da administração escolar?
3. Quais são os níveis de ensino que, em geral, existem nos sistemas escolares
nos diferentes países?
4. O currículo faz parte do sistema escolar? Jusiica a tua resposta.
86 | Educação e formação
escolar em função de determinadas situações históricas e sociais (o im do
regime de segregação racial na África do Sul).
2.2.1 Europa
Em Portugal, a educação pré-escolar vai dos 0 aos 6 anos. Está dividida
Em Portugal, a escolaridade
em dois ciclos: dos 0 aos 3 anos e dos 3 aos 6 anos. Este ipo de educação obrigatória é, atualmente,
de 12 anos (que vai até
faz parte do sistema educaivo, mas não é obrigatória. A escolaridade à conclusão do ensino
obrigatória é, atualmente, de 12 anos (dos 6 aos 17-18 anos). Os seus secundário).
níveis de ensino são compostos por três ciclos do ensino básico e, ainda,
o ensino secundário.
O 1º ciclo do ensino básico corresponde à escola primária, com a duração
de 4 anos (1º, 2º, 3º e 4º anos de escolaridade). Aplica-se aos alunos dos
6 aos 10 anos. Este ciclo existe em escolas primárias. Os alunos fazem
exames no im deste ciclo de escolaridade. O 2º ciclo do ensino básico
tem a duração de 2 anos (5º e 6º anos de escolaridade) e dirige-se aos
alunos entre os 9-10 anos e os 11-12 anos. O 3º ciclo do ensino básico
corresponde a 3 anos de escolaridade (7º, 8º e 9º anos de escolaridade).
Desina-se a alunos entre os 12-13 e os 14-15 anos de idade. No im deste
3º ciclo os alunos fazem exames.
O 2º e 3º ciclos do ensino básico correspondem ao que pode ser
designado, em muitos países, por ensino secundário inferior ou médio.
A escolaridade obrigatória terminava no 3º ciclo do ensino básico (9 anos
de escolaridade), no entanto, esta escolaridade passou para 12 anos,
correspondendo à conclusão do ensino secundário.
O ensino secundário tem a duração de 3 anos (10º, 11º e 12º anos de
escolaridade). Dirige-se aos alunos dos 14-15 aos 17-18 anos. Este nível
de ensino tem duas vias: a via geral e a vocacional e proissional. Existem,
também, escolas proissionais, da responsabilidade das autoridades
locais, de associações ou de pariculares. Estas escolas são equivalentes
ao ensino secundário oicial.
Como em vários países, há, em todos os níveis de ensino, escolas públicas,
que pertencem ao Estado, e escolas privadas (religiosas e não religiosas).
A grande maioria dos alunos está matriculada nas escolas públicas.
Após a conclusão do ensino secundário, os alunos podem coninuar os
seus estudos no ensino superior, após um exame especial de entrada para
este nível de ensino. O ensino superior divide-se em dois subsistemas: o
ensino superior universitário e o ensino superior politécnico (orientação
mais vocacional, técnica e proissionalizante). Depois de obterem a Escola em Portugal
2.2.2 América do Sul
No Brasil, o sistema escolar está, igualmente, dividido em 4 grandes fases:
ensino pré-escolar, ensino primário, ensino secundário e ensino superior.
Há nove anos de escolaridade obrigatória: 5 anos de frequência do ensino
primário (1º ao 5º ano), e 4 anos do ensino secundário inferior (6º ao 9ª
ano).
Esta entrada dos alunos no ensino superior surge por volta dos 18 anos.
O ensino superior é composto por universidades públicas e privadas e
outras insituições de ensino superior. Também existe um ensino superior
mais vocacional, técnico e proissional. Após a conclusão dos graus de
bacharelato os alunos podem candidatar-se a pós-graduações (mestrados
Escola no Brasil e doutoramentos).
Aividade
Existem algumas diferenças entre a organização da educação escolar em
Portugal e no Brasil. Refere duas destas diferenças que te pareçam ser as
mais importantes.
88 | Educação e formação
2.2.3 Ásia/Pacíico
Indonésia
Na Indonésia, o ensino pré-escolar (ou educação pré-escolar), dos 4 aos
6 anos, não é obrigatório, tal como acontece na maior parte dos países.
Aividade
1. Qual é a duração da escolaridade obrigatória na Indonésia?
2. O ensino secundário superior na Indonésia está dividido em quantas vias?
90 | Educação e formação
pós-graduação e a mestrados e doutoramentos.
Aividade
A África do Sul, tal como Timor-Leste, passou por fases diíceis da sua história.
Isto aconteceu, em especial, no período correspondente ao im do regime
de segregação racial (Apartheid) que discriminava totalmente as populações
não brancas.
Também em Timor-Leste, foi necessário, numa fase de transição, reconstruir
o país numa base de igualdade de direitos e de jusiça social. Dada esta
semelhança, propomos que procures mais informação (na internet ou por
outros meios) sobre a África do Sul, em especial sobre o seu sistema de
educação escolar. Apresenta os resultados da tua pesquisa na aula.
92 | Educação e formação
(os alunos também podem entrar para a universidade por esta via).
O ensino superior é composto por duas vias: o ensino superior universitário
e o ensino superior técnico (politécnico). Para entrar nestes dois percursos
de formação contam as classiicações obidas no ensino secundário e
outras provas de acesso coordenadas pelo Ministério da Educação. O
ensino superior técnico (politécnico de 1 a 3 anos) está mais orientado
para uma educação e formação mais proissional. O ensino superior
universitário oferece formações mais avançadas (principalmente através
da licenciatura). O ensino superior tem, igualmente, pós-graduações,
mestrados e doutoramentos. Paralelamente à universidade pública Universidade Nacional de Timor Lorosa’e
existem universidades e outras insituições de ensino superior privadas.
Aividade
Responde às seguintes questões, no teu caderno:
1. Quais são os níveis de escolaridade em Timor-Leste? Descreve cada um
deles.
2. Qual é o número de anos de escolaridade obrigatória em Timor-Leste?
3. A educação pré-escolar faz parte da escolaridade obrigatória em Timor-
Leste?
4. Que vias de formação existem no ensino superior?
RESUMO
A escola é uma insituição social muito aniga, com mais de dois mil anos.
No mundo anigo, a escola era apenas frequentada por um número muito
reduzido de alunos. Por esta razão, diz-se que era uma escola para as
elites. A educação escolar só se começou a massiicar e a democraizar
a parir do im do século XIX, no caso do ensino primário, e do im da
segunda guerra mundial, no caso do ensino secundário e superior.
A educação escolar pode ser deinida como uma forma organizada de
transmiir às crianças e jovens um conjunto de valores, conhecimentos,
técnicas e maneiras de viver de uma sociedade. A massiicação é o
grande aumento de entrada na escola de crianças e jovens de todas as
94 | Educação e formação
EXERCÍCIOS
96 | Educação e formação
3 Educação, conhecimento e desenvolvimento pessoal e
social
Aividade
Lê, com atenção, o texto seguinte:
O avanço da economia e do conhecimento faz com que o saber escolar seja
muito importante para a socialização das crianças e jovens imorenses, o
desenvolvimento do país e o bem-estar da população. Mas, paralelamente
a este saber, há um outro saber nas comunidades que foi feito fora dos
programas escolares, mas que coninua a ser também muito importante para
esse mesmo processo de socialização e o futuro da sociedade imorense.
Concordas com as ideias que estão expostas neste pequeno texto? Discute o
texto com os teus colegas e professor.
98 | Educação e formação
3.2 Educação escolar no desenvolvimento cogniivo, moral
e social
A noção de desenvolvimento signiica a existência de uma mudança
Desenvolvimento
conínua numa sociedade ou numa pessoa. Pode ser uma mudança global Mudança conínua, total ou parcial,
(a sociedade e a pessoa como um todo) ou parcial (só a uma parte da numa sociedade ou numa pessoa.
Aividade
Lê, com atenção, o texto seguinte:
Não sei se o valor que os imorenses atribuem ao respeito, como base das
relações sociais, resisirá muito tempo aos efeitos da globalização, à qual,
a independência que eles tanto procuram, veio abrir as portas. É provável
que a eicácia social desse valor dependa do prolongamento de estruturas
próprias das sociedades tradicionais, isto é, de sociedades de evolução lenta,
fortemente marcadas por relações inspiradas nas estruturas de parentesco.
Sendo assim, é de esperar que a vida moderna acabe por destruir, mais tarde
ou mais cedo, sobretudo nas cidades, o que circunstâncias muito especiais
preservaram no resto de Timor, até aos nossos tempos.
Aividade
Lê, com atenção, o texto seguinte:
Alguns países na Ásia e no Pacíico têm uma larga experiência em programas
de educação não escolar (ou não formal). A UNESCO fez, numa reunião em
Banguecoque, uma análise da situação em 13 desses países (Bangladesh,
Butão, India, Indonésia, Cazaquistão, Laos, Mongólia, Nepal, Sri Lanka,
Filipinas, Tailândia, Uzbequistão e Vietname). As conclusões a que chegaram
foram as de que devia ser promovido o potencial humano das populações,
com o objeivo de as ajudar a lidar com as necessidades, desaios e situações
do dia a dia, assim como apoiá-las em mudanças que pudessem melhorar as
suas vidas. Os programas desenvolvidos em alguns desses países centram-
se na formação proissional, em especial nas seguintes áreas: agricultura,
educação para a saúde, prevenção de doenças, saúde infanil, consciência
civil, éica e social e igualdade de género.
Adaptado de UNESCO Oice Bangkok & Regional Bureau for Educaion in Asia
and the Paciic (2012). Regional handbook on life skills programmes for non-
formal educaion. Bangkok: UNESCO.
Aprofundar os conhecimentos
A sociedade do conhecimento é uma sociedade em que a maior parte
“
da produção e do emprego se concentra naquilo a que se chamou o setor
terciário. Neste setor destacam-se os serviços intensivos em conhecimento,
Desde o início do novo século (2000),
como os serviços de educação e saúde, serviços de informáica, entre muitos
começou também a ser dada uma outros. Mas é também um sistema económico em que a generalidade da
grande importância ao conhecimento aividade uiliza mais as tecnologias de informação e comunicação e se
como um fator fundamental para o
desenvolvimento da economia intensiica mais a inovação.
A esta evolução corresponde um grande aumento dos ‘trabalhadores do
conhecimento’. Estes podem vir a ocupar, na estrutura do emprego, a posição
dos operários da indústria, que, há décadas atrás, eram em maior número.
É também a economia em que, aquilo que chamamos capital humano, é a
principal fonte de riqueza e rendimento.
Adaptado de Murteira, M. (2004). Economia do conhecimento. Lisboa:
Quimera.
Nos úlimos anos, este ipo de conhecimento tem sido muito valorizado
pelas universidades e pelos cienistas, que o estudam para compreenderem
melhor o mundo que nos rodeia. Pretende-se usar este conhecimento
como forma de desenvolver e esimular o desenvolvimento local.
De uma forma geral, podemos dizer que atualmente há uma tendência para
que o conhecimento indígena seja tão valorizado como o conhecimento
tecnológico ou mesmo cieníico. A ideia é que todos paricipem na troca
global de conhecimento. Todas as populações ao mesmo tempo que
recebem conhecimento podem, elas próprias, também oferecer o seu
conhecimento aos outros. Os dois são igualmente válidos e valorizados.
Por isso defende-se, hoje, que o conhecimento local e tradicional, apesar
das suas caraterísicas pariculares, deve ser integrado nos currículos, no
ensino e nas aprendizagens escolares.
O número de computadores tecnologias nas escolas também permite facilitar a procura de informações
que existem nas escolas tem e conhecimentos, tornando as aprendizagens mais atraivas e, sobretudo,
tendência para aumentar.
mais acessíveis a todos.
Os professores podem, usando estas tecnologias, estabelecer contactos
com professores de outras escolas para trocarem ideias sobre o ensino.
Pelo seu lado, as crianças, os jovens e os adultos também podem ter
acesso às matérias das suas disciplinas (ou a outras) através destas novas
tecnologias. Conseguem recolher mais materiais para estudar melhor os
mais diversos temas e assuntos. Com as novas tecnologias, as escolas de
regiões mais isoladas têm possibilidades de contactar, mais facilmente,
com outras escolas e com outras pessoas que se encontram a uma
distância muito grande.
Porém, apesar destes beneícios, ainda não se conhecem totalmente os
efeitos das novas tecnologias sobre a educação. Alguns estudiosos mais
Aividade
Em grupo, com os teus colegas, faz um texto sobre as vantagens e desvantagens
do uso das novas tecnologias da informação e da comunicação na educação
escolar.
4. O conhecimento indígena é:
a) pouco importante e deve ser ignorado.
b) menos importante que o cieníico.
c) tão ou mais importante que o cieníico, devendo ser incluído na escola.
3 Governo e Políica
1 O conceito de Estado
2 Tipos de sistemas políicos
3 Estado-Nação e idenidade nacional
4 As organizações internacionais e a sua
inluência nas políicas nacionais
OBJETIVOS
No inal desta unidade temáica o aluno deve ser capaz de:
• Compreender os conceitos de nação e de Estado e analisar os
principais elementos que estão na base da sua existência.
• Conhecer os principais fatores que deram origem ao nascimento do
Estado-Nação nos países ocidentais.
• Ideniicar diferentes fatores e problemas na construção do Estado-
Nação em Timor-Leste.
• Reconhecer a complexidade da organização políica das sociedades
tradicionais, comparando-a com a organização do Estado moderno.
• Compreender as principais diferenças entre os regimes políicos,
formas e sistemas de governo.
• Conhecer o conceito de idenidade nacional e disinguir do conceito
de nacionalismo.
• Reconhecer a importância da idenidade nacional para a airmação
da soberania do Estado de Timor-Leste.
• Compreender o conceito de transnacionalidade, os seus diferentes
ipos e limites.
Unidade Temática 3 | Governo e Política
É por causa da sua forte influência nas sociedades que o Estado se tornou
Sociologia Políica
Área da Sociologia que estuda o
um importante tema de estudo na Sociologia. A área da Sociologia
poder, o Estado e o dever políico. onde este tema é mais tratado designa-se por Sociologia Políica. Para
A Sociologia Políica ajuda a
compreender os processos da decisão compreender melhor o que se passa atualmente, algumas das perguntas
políica. mais importantes a que a Sociologia tenta responder são as seguintes:
como é que o Estado surgiu? Como é que o Estado se foi tornando tão
importante para a vida das sociedades? Como é que o Estado atualmente
funciona e tem inluência sobre as pessoas?
120
Aividade
Responde às seguintes questões, no teu caderno:
1. Em que domínios da sociedade podemos veriicar a inluência do Estado?
2. Dá um exemplo da intervenção direta e outro da intervenção indireta do
Estado na economia.
tornarem Estados-Nação.
Aividade
Lê, com atenção, o texto seguinte:
[…] os heróis são aqueles cuja vida se prolonga na vida daqueles que
resolvem segui-los, como água que brota da mesma fonte, e coninua a
correr enquanto a memória esiver viva. Nesse contexto, a crença popular
exprime o senido profundo da morte e da vida oferecida pelo bem comum.
Deste ponto de vista, Konis (Santana), como Nicolau Lobato, como David Alex,
como Sabalae, como milhares de abnegados resistentes, em boa verdade não
morreram. Coninuam e coninuarão vivos, enquanto houver alguém capaz
de consagrar a sua vida à jusiça e à liberdade do povo de Timor. Mas a jusiça
e a liberdade nunca chegam ao im, nunca se realizam plenamente. Tem de
haver sempre alguém capaz de lutar por elas. Por isso os heróis não podem
morrer. Talvez seja esse o senimento profundo da frase que Konis escreveu
em grandes letras num dos baús em que guardava os seus documentos: “Hau
hanoin katak funu ka terus sei nafain” (“Creio que a luta e o sofrimento
nunca acabam”).
Aividade
Lê, com atenção, os seguintes exemplos dos arigos 1º, 2º e 69º da Consituição
da República Democráica de Timor-Leste.
Arigo 1º (A República)
1. A República Democráica de Timor-Leste é um Estado de direito democráico,
soberano, independente e unitário, baseado na vontade popular e no respeito
pela dignidade da pessoa humana. [...]
Aividade
Responde às seguintes questões, no teu caderno:
1. O Estado tem um poder dependente ou independente do povo?
2. Todas as pessoas que vivem num território de um Estado são cidadãos
desse Estado?
3. Um Estado pode exisir sem território?
4. Hoje, o poder do Estado exerce-se apenas sobre o solo de um território?
Aprofundar os conhecimentos
Hierarquia do estado da RDTL segundo a Consituição
“
Presidente da República
Arigo 74º (Deinição)
1. O Presidente da República é o Chefe de Estado, símbolo e garante da
independência nacional, da unidade do Estado e do regular funcionamento
das insituições democráicas
[…]
Arigo 76º (Eleição)
1. O Presidente da República é eleito por sufrágio universal, livre, direto,
secreto e pessoal.
[…]
Parlamento Nacional
Arigo 92º (Deinição)
O Parlamento Nacional é o órgão de soberania da República Democráica
de Timor-Leste, representaivo de todos os cidadãos imorenses com poderes
legislaivos, de iscalização e de decisão políica.
Arigo 93º (Eleição e Composição)
1. O Parlamento Nacional é eleito por sufrágio universal, livre, direto, igual,
secreto e pessoal.
[…]
Governo
Arigo 103º (Deinição)
O Governo é o órgão de soberania responsável pela condução e execução da
políica geral do país e órgão superior da Administração Pública.
Arigo 104º (Composição)
1. O Governo é consituído pelo Primeiro-Ministro, pelos Ministros e pelos
Secretários de Estado
[…]
Arigo 106º (Nomeação)
1. O Primeiro-Ministro é indigitado pelo parido mais votado ou pela aliança de
paridos com maioria parlamentar e nomeado pelo Presidente da República,
ouvidos os paridos políicos representados no Parlamento Nacional
[…]
Arigo 107º (Responsabilidade do Governo)
O Governo responde perante o Presidente da República e o Parlamento
Nacional pela condução e execução da políica interna e externa, nos termos
da Consituição e da lei.
Aividade
A igura anterior ilustra os principais órgãos de representação do povo e de
soberania da República Democráica de Timor-Leste (RDTL). Mas há outros
órgãos do Estado imorense que são importantes para o funcionamento do
Estado e da sociedade.
Conselho de Estado
Procuradoria-Geral da República
Aividade
Responde, no teu caderno, às questões seguintes:
1. Que ipos de sociedades exisiam em vários países e territórios antes da
sua colonização?
2. A colonização e os estados modernos saídos das independências alteraram
a organização políica das sociedades tradicionais? Jusiica a tua resposta.
3. Concordas que, em Timor-Leste, os Conselhos dos Sucos coninuem a ter
poder para decidir sobre questões locais? Jusiica a tua resposta.
Ao longo do século XX, o Estado foi ocupando um lugar cada vez mais
importante na organização das sociedades. Tal aconteceu não só em
relação à organização da jusiça e da defesa, mas, também, em relação
à economia, serviços de proteção social, saúde e educação. Norbert Elias
foi um dos sociólogos que ajudou a compreender como é que o Estado e
a Nação (Estado-Nação) se formaram. Segundo este autor, este processo
aconteceu com base no fortalecimento do poder central, no alargamento
dos territórios, no monopólio da cobrança de impostos, no monopólio
do uso da força e na aprovação das populações. Hoje, grande parte do
planeta está dividido em Estados-Nação. Timor-Leste foi um dos úlimos
estados a serem reconhecidos pela ONU.
A nação carateriza-se pela ideia de pertença a um grupo ou a uma cultura
comum. O Estado corresponde a uma insituição desinada a organizar
um país, do ponto de vista políico, e aceite pelo povo. Do Estado fazem
parte vários órgãos, como o Presidente da República (ou um rei ou
rainha, se for uma monarquia), o Governo, o Parlamento e a Magistratura
(Juízes). O poder do Estado está, assim, dividido em três componentes
independentes umas das outras: o poder execuivo, o poder legislaivo e
o poder judicial.
Os elementos do Estado moderno são os seguintes: a população, o
território e os órgãos do Estado e da administração pública. Tal como em
muitos outros países, a República Democráica de Timor-Leste (RDTL)
tem, como principais órgãos do Estado centralizados, o Presidente da
República, o Parlamento e o Governo. Estes órgãos representam o povo
de Timor-Leste, que os elege através do sufrágio universal (eleições). O
Estado-Nação é uma enidade criada nos países ocidentais, mas que se foi
estendendo a todos os países com a descolonização. No entanto, muitas
sociedades pré-industriais ou agrárias, antes da colonização, também
inham organizações políicas tão ou mais complexas que os Estados-
-Nação ocidentais.
2.1 Regimes políicos
Dá-se o nome de regime políico à forma como o poder políico é
Regime políico
Forma como o poder políico é
organizado em cada Estado. Está relacionado com as inalidades e os meios
assumido em cada Estado, estando uilizados para exercer o poder, assim como com os direitos fundamentais
relacionada com os ins e os meios
do poder e da comunidade, com dos cidadãos e a organização económica e social dos países. Em geral,
os direitos fundamentais e com a
organização económica e social. os estudiosos destes temas dividem os regimes políicos em dois ipos:
democráicos e não democráicos. Estes úlimos, por sua vez, podem
ainda ser subdivididos em autoritários e totalitários.
PARTE II
Título II
Arigo 46º. (Direito de paricipação políica)
1.Todo o cidadão tem o direito de paricipar, por si ou através de representantes
democraicamente eleitos, na vida políica e nos assuntos públicos do país.
2. Todo o cidadão tem o direito de consituir e de paricipar em paridos
políicos.
[...]
Arigo 47º. (Direito de sufrágio)
1. Todo o cidadão maior de dezassete anos tem o direito de votar e de ser
eleito.
2. O exercício do direito de sufrágio é pessoal e consitui um dever cívico.
PARTE III
Título I
Arigo 65º. (Eleições)
1. Os órgãos eleitos de soberania e do poder local são escolhidos através
de eleições, mediante sufrágio universal, livre, direto, secreto, pessoal e
periódico.
[...]
Arigo 70º. (Paridos políicos e direito de oposição)
1. Os paridos políicos paricipam nos órgãos do poder políico de acordo
com a sua representaividade democráica, baseada no sufrágio universal e
direto.
[...]
O sistema de eleições
Eleições
O sistema de eleições, usado em vários países, consitui uma forma do
Sistema usado para o povo poder povo eleger representantes para governar o país. No passado, muitos
eleger os seus representantes, através grupos foram excluídos do direito de voto, a vários níveis:
do voto.
• Exclusão étnica. Muitas sociedades negaram a pessoas o direito de votar
baseadas no grupo étnico a que pertenciam. Exemplo disso é a exclusão de
Tipos de democracia
Existem várias formas de democracia, mas as mais comuns são as seguintes:
direta ou paricipaiva; a semidireta; e a indireta ou representaiva.
Democracia direta ou paricipaiva. O povo, através de eleições, referendos
Democracia direta ou paricipaiva
ou outras formas de consultas populares, pode decidir diretamente sobre Regime políico em que as decisões
assuntos políicos ou administraivos. Podemos, então, dizer que é um de governo são tomadas diretamente
pelo povo, sem intermediários.
regime em que as decisões de governo são tomadas diretamente pelo
povo, sem intermediários. Este regime é aquele em que o povo exerce,
por si próprio, os poderes governamentais, fazendo leis, administrando e
julgando.
Democracia semidireta
Democracia semidireta. O povo delega, a representantes seus nas
Regime em que o povo delega apenas assembleias ou parlamentos, apenas poderes normais de administração,
poderes normais de administração, mantendo consigo, para ser consultado através de voto, os poderes mais
retendo consigo, para ser consultado
através de voto, os poderes mais importantes. A democracia semidireta permite um equilíbrio entre a
importantes.
representação políica e a soberania popular direta. Um exemplo deste
regime é o praicado na Suíça.
Democracia indireta ou representaiva. O povo decide através de
Democracia indireta ou
representaiva representantes seus, reunidos em assembleia ou parlamento. Estes
Regime em que o povo decide através tomam decisões em nome daqueles que os elegeram. Ou seja, o povo,
de representantes seus, reunidos em
assembleia ou parlamento. não podendo governar diretamente, devido à superície dos territórios,
densidade demográica (quanidade alta de população) e complexidade
dos problemas sociais, permite que as funções de governo sejam
exercidas pelos seus representantes. Estes, como vimos, são eleitos
periodicamente, através do voto. O sistema de eleições, usado em vários
países, é então considerado uma forma de democracia representaiva.
Muitas democracias representaivas incorporam alguns elementos da
democracia direta, nomeadamente a possibilidade de um referendo.
Apuramento dos votos no referendo
Através deste procura-se chegar a uma decisão que tem em conta a opinião
de independência em Timor-Leste em
1999 da maioria das pessoas sobre um determinado assunto em discussão.
No entanto existem eleições para nomear representantes do povo para Regime em que o povo não pode
escolher entre paridos diferentes,
diferentes cargos. Para os cidadãos das democracias liberais, este sistema apenas entre candidatos do mesmo
parido.
não é visto como sendo verdadeiramente democráico. É geralmente
praicado nas sociedades com ditaduras.
Aividade
Responde, no teu caderno, às seguintes questões:
1. Quais as caraterísicas de um regime democráico? Dá exemplo de países
onde este regime se pode encontrar.
2. Que ipos de democracia existem? Quais as principais diferenças entre
elas?
Regimes totalitários
Os regimes totalitários são caracterizados pela práica de um regime
Regime totalitário ou totalitarismo
políico que defende o total domínio do Estado sobre a vida dos cidadãos. Regime políico em que todo o poder
Esta práica é, também, designada por totalitarismo. está concentrado nos governantes.
Regimes autoritários
2.2 Formas de governo
Podemos dizer que forma de governo é o conjunto de insituições políicas
Forma de governo
através das quais um Estado se organiza para exercer o poder políico
Conjunto de insituições políicas
sobre a sociedade. É diícil dizermos que formas de governo existem no por meio das quais um Estado se
mundo. Cada sociedade tem as suas caracterísicas políicas e sociais organiza, de maneira a exercer o seu
poder sobre a sociedade.
especíicas. Assim, alguns estudiosos airmam que existem tantas formas
de governo como existem sociedades. No entanto, as formas de governo
são geralmente classiicadas em duas grandes categorias: monarquia e As formas de governos são
república. geralmente categorizadas
em dois ipos: monarquia e
A monarquia carateriza-se pela existência de uma família real que é república.
considerada pelos cidadãos do seu país como a representante das
tradições culturais e históricas da sociedade. Em tempos mais anigos,
Monarquia
esta insituição inha obrigação, moral e políica, de proteger o país, a
Forma de governo em que o chefe
nação e o seu povo. Por isso, inha o controlo da administração da nação. de Estado se mantem no cargo até
Ainda hoje isto acontece em alguns países, como por exemplo o Brunei à sua morte ou abdicação, sendo
normalmente um regime hereditário.
(sultanato), o Kuwait (emirado), a Arábia Saudita (reino), entre outros.
O chefe de Estado, nas monarquias, é a igura de destaque da família real
(chamado monarca). Esta pessoa mantém o cargo até à sua morte ou
abdicação (abandono do poder). É, normalmente, um regime hereditário,
ou seja, passa de pais para ilhos ou ilhas. No entanto, existem também
monarquias eleitas – ou seja, o chefe de governo é eleito por votação e
Monarquia eleita
tem um cargo para toda a vida.
Monarquia em que o chefe de
Há vários ipos de monarquias: absolutas, semiconsitucionais, governo é eleito por votação e tem
cargo vitalício.
consitucionais, reinos da Comunidade das Nações, e sub-nacionais.
Monarquia semi-consitucional Ao longo da história, tem havido formas de governo entre a monarquia
Forma de governo onde o monarca, absoluta e a consitucional, onde o monarca, por vezes, é forçado a
por vezes, cede poder a um governo ceder algum poder a um governo democráico. Mas, mesmo assim, ainda
democráico, mantendo ainda uma
inluência políica signiicaiva. mantém uma grande inluência políica. Essas monarquias são chamadas
de monarquias semiconsitucionais, tendo como exemplo Marrocos.
Aividade
Responde, no teu caderno, às questões seguintes:
1. Quais as formas de governo que existem e quais as principais diferenças
entre elas?
2. Quais os ipos de monarquia existentes no mundo?
2.3 Sistemas de governo
O sistema de governo é a forma pela qual o poder políico é dividido e
Sistema de governo
exercido no Estado. Existem três sistemas de governo: parlamentarista, Forma pela qual o poder políico é
presidencialista e semipresidencialista. dividido e exercido no Estado.
ou o presidente (conforme a forma de governo) é o chefe de Estado, e Sistema de governo em que não há
uma clara separação entre os poderes
o Primeiro-ministro é o chefe do Governo. O governo é designado pelo execuivo e legislaivo.
parlamento, eleito pelo povo. A população elege os seus representantes
(deputados). Os paridos que obiverem a maioria dos votos irão consituir
um governo.
Nos sistemas parlamentaristas, geralmente, o chefe de Estado é uma igura
simbólica, com poucos ou nenhuns poderes políicos. No entanto, alguns
países atribuem-lhe certos poderes, como a cheia das forças armadas ou
o direito de dissolver o Parlamento.
No sistema presidencialista, também chamado presidencialismo, o chefe
Sistema presidencialista ou
de Estado e o chefe do Governo são a mesma pessoa – o Presidente da presidencialismo
República –, o qual é eleito pelos cidadãos. Como chefe de Estado, é Sistema de governo em que há uma
clara separação entre os poderes
ele quem escolhe os chefes dos grandes departamentos ou ministérios. execuivo e legislaivo.
Desta forma, existe no presidencialismo uma separação do poder
execuivo do poder legislaivo, uma vez que o poder execuivo é exercido
independentemente do parlamento, o qual detém o poder legislaivo.
Como exemplos de repúblicas presidencialistas temos o Brasil, os Estados
Unidos, Moçambique, Indonésia e Filipinas.
O sistema semipresidencialista é um sistema de governo no qual o chefe Sistema semipresidencialista
do Governo (geralmente com o ítulo de Primeiro-Ministro) e o chefe de Sistema do Governo em que o chefe
de governo e o chefe de Estado
Estado (geralmente com o ítulo de Presidente da República) parilham parilham o poder execuivo.
Aividade
Responde, no teu caderno, às questões seguintes:
1. O que é um sistema presidencialista?
2. Quais os elementos que o disinguem do sistema parlamentar?
3. Como é que os poderes estão distribuídos num sistema semipresidencialista?
Regimes políicos
Regime em que o povo decide através de
Democracia muliparidária representantes seus reunidos em assembleia ou
parlamento.
Regime políico em que as decisões de governo são
Regime democráico
tomadas diretamente pelo povo, sem intermediários.
Regime políico que se caracteriza pela excessiva
Democracia direta ou autoridade do Estado e pela suspensão das garanias
paricipaiva individuais e políicas, ultrapassando a autoridade de
que lhe foi dada.
Regime políico onde a origem, a distribuição e o
Democracia semidireta
controlo do poder está no povo.
Forma de governo
Forma de governo na qual o chefe do Estado é eleito
Monarquia
pelos cidadãos ou seus representantes, tendo a sua
cheia uma duração limitada.
Forma de governo onde o monarca, por vezes, cede
Monarquia absoluta
poder a um governo democráico, mantendo ainda uma
inluência políica signiicaiva.
Forma de governo em que o chefe de Estado se
Monarquia eleiva
mantem no cargo até à sua morte ou abdicação, sendo
normalmente um regime hereditário.
Reino da Comunidade das
Monarquia situada dentro de estados reconhecidos.
Nações
Monarquia Monarquia em que o chefe do Governo é eleito por
semiconsitucional votação e tem cargo vitalício.
Monarquia sub-nacional Monarquia consitucional com o monarca do Reino
Unido como o seu próprio chefe de Estado simbólico.
República Forma de governo em que o monarca exerce poder
absoluto sobre o estado e o governo.
Sistema de governo
Sistema parlamentarista ou Sistema de governo em que o chefe de governo e o
parlamentarismo chefe de Estado parilham o poder execuivo.
Sistema de governo em que há uma clara separação
Sistema semipresidencialista
entre os poderes execuivo e legislaivo.
Sistema de governo em que não há uma clara separação
Sistema presidencialista
entre os poderes execuivo e legislaivo.
Aividade
Responde, no teu caderno, às seguintes questões:
1. Deine, por palavras tuas, idenidade nacional.
2. A idenidade nacional tem dois aspetos principais: um mais subjeivo e
outro mais objeivo. Descreve cada um destes aspetos.
3. Na tua opinião, é necessário exisir uma só língua e uma só cultura para
haver uma idenidade nacional?
parilhada por todos. Parilhamos símbolos, como a bandeira e o hino Professor de Ciências Políicas da
Universidade de Cornell (Estados Unidos
nacional, a história comum e as referências aos nossos antepassados. da América). Especializou-se em estudos
sobre o nascimento do nacionalismo na
Quando falamos em imorenses, por exemplo, há coisas que imaginamos Ásia do Sudeste.
Aividade
Lê, com atenção, o texto seguinte:
A ideologia nacionalista tem medo da existência de uma idenidade nacional
deinida a parir de várias culturas e de vários grupos de pertença. Nega que
a idenidade nacional possa ser construída à volta da diversidade, ou seja, de
várias culturas e de várias línguas e maneiras de viver.
Com base neste texto, diz quais são as principais diferenças entre o
nacionalismo emancipador ou cívico e o nacionalismo totalitário.
Aividade
Lê, com atenção, o texto seguinte:
Não será sem dúvida uma tarefa fácil concreizar a independência, conciliando
a diversidade de heranças culturais e as aspirações a uma vida melhor. É certo
que Timor-Leste possui recursos naturais, nomeadamente hidrocarbonetos,
e um potencial agrícola importante, mas terá também de enfrentar desaios
sem precedentes: no interior, com um crescimento demográico inédito, e no
exterior, com uma crise económica mundial dos anos 2000 em paralelo com
uma situação ambiental e climáica problemáica. […] o caminho ainda é
longo para os ilhos do Grande Crocodilo.
Todas as pessoas vivem numa nação organizada num Estado. Da parte das
pessoas há uma ideniicação com um coleivo que ocupa um determinado
território com fronteiras deinidas. Neste território fala-se uma ou várias
línguas, existem várias culturas e uma história comum. A ideniicação
com este coleivo é a base da formação da idenidade nacional.
O sociólogo Zygmunt Bauman refere que é importante ter uma idenidade
nacional. Permite às pessoas viver com a segurança de pertencer a um
país. Este sistema social, com o qual as pessoas se ideniicam, pode ser
chamado ‘comunidade imaginada’. Este conceito é deinido, por Benedict
Anderson, como um grande conjunto de pessoas (nação) que, sem se
conhecerem umas às outras, se ideniicam com um passado comum,
construído dentro do mesmo território, e com a sociedade de que fazem
parte.
A idenidade nacional dá origem a um nacionalismo popular e anigo,
ligado a senimentos e comportamentos emocionais, relacionados com a
pertença ao país de cada um e aos antepassados. Mas, com o Estado-Nação
este nacionalismo passou, também, a ter outros signiicados. Pode ser
um nacionalismo emancipador ou cívico ou um nacionalismo totalitário.
O primeiro tem por base a ideia de uma nação fundada em valores de
paricipação e inclusão, sem excluir as pessoas que falam outras línguas
e têm outras religiões e culturas. O segundo, o nacionalismo totalitário,
baseia-se na crença sobre a superioridade de um povo em relação a outro
ou outros. É um nacionalismo xenófobo (racista) que exclui os outros
povos ou nações.
No caso dos países que conquistaram a independência depois da
descolonização, pode considerar-se que o seu nacionalismo era de ipo
emancipador ou cívico. No entanto, discute-se, ainda, se os estados dos
novos países independentes devem adotar ou não os modelos ocidentais.
Alguns estudiosos das ciências sociais, como Samir Amin e
Immannuel Wallerstein, dizem que o modelo ocidental de Estado e de
desenvolvimento capitalista não pode ser aplicado automaicamente aos
estados que surgiram depois da descolonização. Há relações desiguais
entre estados que estão ligados ao facto de os países economicamente
mais desenvolvidos, principalmente os anigos colonizadores, serem os
principais responsáveis pelo não desenvolvimento económico dos outros
países.
Apenas uma opção de resposta está correta. Copia o exercício para o teu
caderno e marca as opções certas com um X.
1. A pertença a uma nação signiica que:
a) ao longo da nossa vida nunca senimos que fazemos parte de um
sistema social.
b) a língua (ou línguas), a cultura (ou culturas) e a história não são comuns
aos membros da sociedade.
c) as pessoas sentem que não têm nada em comum umas com as outras.
d) as pessoas e os grupos que vivem dentro de um mesmo Estado, mesmo
não falando a mesma língua, sentem que pertencem ao mesmo sistema
social.
3. O nacionalismo:
a) é sempre xenófobo.
b) é sempre emancipador.
c) só existe em estados totalitários.
d) pode ser emancipador ou cívico ou totalitário.
4.1 Conceito de transnacionalidade
Com as mudanças nas sociedades e a globalização o Estado entrou em
crise. Em muitos países, o Estado tornou-se incapaz de assegurar as razões
pelas quais foi organizado, como a garania da vida, da segurança, da
liberdade, entre outros. Como resultado, diminui a coniança das pessoas
no Estado. Isto tem afetado, em vários países, a vontade das pessoas em
paricipar no processo políico. Por outro lado, os estados nacionais viram
também o seu poder diminuído em relação às aividades das grandes
empresas mulinacionais. Estas são as principais intervenientes no sistema
económico global. A globalização tem diminuído as barreiras existentes
entre os estados nacionais. Com os mercados cada vez mais globalizados,
alterou-se a autonomia e a capacidade da ação políico-económica dos
estados modernos.
4.2 Tipos de transnacionalidade
Podemos dizer que a transnacionalidade pode ser analisada do ponto de
vista políico, económico, social, ambiental, humanitário, entre outros.
A transnacionalidade é um fenómeno ligado à globalização, pois esta
permitiu uma ligação mais fácil entre as nações. Representa a nova
situação mundial. Esta, surgiu principalmente, a partir do grande aumento
das relações económicas e comerciais depois da Segunda Guerra Mundial,
na qual as empresas transnacionais desempenharam um papel relevante.
Em conjunto com estas empresas existem, no entanto, outros
intervenientes importantes, nomeadamente:
1. as organizações que representam a comunidade internacional dos
estados, incluindo a Organização das Nações Unidas.
Greenpeace é uma
Outro exemplo da intervenção transnacional tem a ver com a manutenção
organização não- da paz e os direitos humanos. Segundo as organizações existentes, a
-governamental que atua
internacionalmente em comunidade internacional tem a responsabilidade de criar um contexto
questões relacionadas com
a preservação do meio
propício para a realização deste direito. Um exemplo é a Amnisia
ambiente e desenvolvimento Internacional, que defende a liberdade de expressão e averigua denúncias
sustentável, com campanhas
dedicadas às lorestas, clima, de prisões políicas, torturas ou execuções, luta contra a pena de morte,
oceanos, substâncias tóxicas,
energia renovável, entre
protege os refugiados alvo de perseguição políica, entre outros.
outros. Procura sensibilizar
A procura dos direitos humanos para todos apoia-se na Carta das Nações
a opinião pública através de
atos, publicidade e outros Unidas e da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A ONU paricipa
meios.
também na organização de missões de paz para países em conlito. O
Aividade
Responde, no teu caderno, às questões seguintes:
1. Que ipos de transnacionalidade existem? Procura, na biblioteca da tua
escola, mais informação acerca de cada uma.
2. Dá exemplos da inluência ou da presença de insituições transnacionais
em Timor-Leste.
166
escolares e situações do dia a dia). Estas mudanças vão acontecendo à
medida que a idade das crianças e dos jovens vai avançando.
Desenvolvimento moral - Forma como as crianças e os jovens (e os
adultos) vão lidando com as regras, valores e princípios que existem na
sociedade (respeito pelas outras pessoas, solidariedade, tolerância, etc.).
Desenvolvimento social - Forma como as crianças e jovens (e adultos)
compreendem e lidam com os senimentos, pensamentos, emoções e
intenções das outras pessoas.
Discriminação direta - Resulta de práicas que provocam um tratamento
desigual e desfavorável para um grupo ou um género.
Discriminação indireta - Resulta de situações, leis ou práicas que parecem
neutras mas resultam em desigualdades para determinadas pessoas ou
grupos.
Economia informal - Trocas que são feitas sem qualquer documento a
comprová-lo.
E
Educação formal - Educação relacionada com as aprendizagens feitas na
escola.
Educação não escolar - Aprendizagens feitas na comunidade, de forma
mais informal ou através de aividades organizadas fora do contexto da
escola.
Educação não formal - Educação ligada às aprendizagens em contextos
não escolares.
Eleições - Sistema usado para o povo poder eleger os seus representantes,
através do voto.
Estado - Conjunto de formas de organização e de governo das sociedades,
com base num monopólio administraivo sobre um território dentro de
fronteiras. Este monopólio é aceite pelas populações através das eleições
(soberania popular).
Estado transnacional - Corresponde à existência de espaços coleivos que
resultam do desenvolvimento de relações globais.
Estereóipos de género - Representações acerca dos traços e papéis sociais
atribuídos a homens e mulheres. Os traços de género correspondem
às noções do que homens e mulheres devem ser enquanto os papéis
correspondem ao que devem fazer.
Estruturo-funcionalismo - Conjunto de teorias que procuram explicar
aspetos da sociedade em termos das suas funções e consequências.
Partem do princípio que tudo o que existe na sociedade tem uma função
ou dá uma contribuição necessária para o funcionamento de todo o
sistema social.
Flexibilização - Maior liberdade das organizações para contratar
trabalhadores de acordo com as suas necessidades.
F
Glossário | 167
Fordismo - Sistema de produção em grande quanidade a baixo custo,
associado ao consumo em massa.
Forma de governo - Conjunto de insituições políicas por meio das
quais um Estado se organiza, de maneira a exercer o seu poder sobre a
sociedade.
168 | Glossário
Polivalência - Realização de um maior número e variedade de tarefas em
vez de uma única tarefa.
Produção em grupo - Produção organizada por pequenos grupos e
não individualmente, implicando o abandono da linha de produção e o
estabelecimento de grupos de trabalho paricipaivo.
Regime autoritário ou autoritarismo - Regime políico que se caracteriza
pela excessiva autoridade do Estado e pela suspensão das garanias
R
individuais e políicas.
Regime democráico - Regime políico onde a origem, a distribuição e o
controlo do poder está no povo.
Regime políico - Forma como o poder políico é assumido em cada Estado,
estando relacionada com os ins e os meios do poder e da comunidade,
com os direitos fundamentais e com a organização económica e social.
Regime totalitário ou totalitarismo - Regime políico em que todo o poder
está concentrado nos governantes.
Reino da Comunidade das Nações - Monarquia consitucional cujo chefe
de Estado simbólico é o monarca do Reino Unido.
República - Forma de governo na qual o chefe do Estado é eleito pelos
cidadãos ou seus representantes, tendo a sua cheia uma duração limitada.
Segregação horizontal - Concentração de mulheres e/ou homens em
diferentes ipos de aividades, icando as mulheres coninadas a um leque
S
mais apertado de setores ou proissões.
Segregação verical (no âmbito do género) - Concentração de mulheres
e/ou homens em vários níveis da hierarquia proissional. Frequentemente
são as mulheres que se encontram nos níveis mais baixos. Mesmo nas
proissões consideradas femininas, muitas vezes as mulheres coninuam a
ocupar as posições mais baixas na carreira proissional.
Sistema de governo - Forma pela qual o poder políico é dividido e
exercido no Estado.
Sistema de produção lexível - Centro de maquinaria controlada por
computador que molda peças metálicas a alta velocidade, em robots
que manuseiam as peças e em carros teleguiados que transportam os
materiais pra o lugar de produção e daí para outras zonas.
Sistema educaivo - Todos os recursos e meios que o Estado e a sociedade
usam para educar os seus cidadãos.
Sistema parlamentarista ou parlamentarismo - Sistema de governo em
que não há uma clara separação entre os poderes execuivo e legislaivo.
Sistema presidencialista ou presidencialismo - Sistema de governo em
que há uma clara separação entre os poderes execuivo e legislaivo.
Sistema semipresidencialista - Sistema do Governo em que o chefe de
governo e o chefe de Estado parilham o poder execuivo.
Glossário | 169
Sistemas de grande responsabilidade - Organizações ou contextos laborais
nos quais é permiido grandes níveis de autonomia aos trabalhadores
para poderem gerir as suas tarefas.
Sistemas de pequena responsabilidade - Organizações ou contextos
laborais nos quais não é permiido grandes níveis de autonomia aos
trabalhadores para poderem gerir as suas tarefas.
Sociedade de risco - Sociedade assim deinida pela forma como o perigo
ainge todas as pessoas como um efeito secundário da tecnologia.
Sociedade do conhecimento – Resulta do desenvolvimento das
tecnologias e da globalização. O conhecimento é considerado como um
fator de produção e a maioria dos empregos concentram-se nos serviços.
Sociedade patriarcal - Sociedade cuja organização se baseia na autoridade
masculina. Isto signiica que as relações entre as pessoas não são
iguais mas hierarquizadas, com os homens a exercerem poder sobre as
mulheres. Esta autoridade masculina evidencia-se em todos os domínios
da sociedade. Refere-se tanto ao poder que os homens adultos têm na
família – a autoridade sobre os familiares – como ao poder que exibem
nos níveis da organização religiosa, cultural e políica.
Sociologia da Educação - Ramo recente da Sociologia que procura estudar
a importância da escola e do conhecimento na sociedade.
Sociologia da Família - Ramo da Sociologia que estuda todos os fenómenos
sociais relacionados com as pessoas no grupo familiar.
Sociologia Políica - Ramo da Sociologia que estuda o poder, o Estado e o
dever políico. A Sociologia Políica ajuda a compreender os processos da
decisão políica.
Stress no trabalho - Corresponde a um esgotamento, exaustão ou fadiga
resultante de uma exposição prolongada a um trabalho muito intenso.
170 | Glossário
Trabalho domésico - Trabalho relacionado com as tarefas desenvolvidas
no espaço da casa e da família.
Trabalho não remunerado - Trabalho realizado para concreizar uma
aividade, mas sem receber um salário.
Trabalho remunerado - Trabalho efetuado em troca de um pagamento ou
salário regular.
Trabalho voluntário - Trabalho em que a pessoa se disponibiliza a exercer
uma aividade cívica, sem receber qualquer remuneração em troca.
Transnacionalidade - Ideia defendida por Ulrich Beck, em que os estados
passam a ter um novo papel face aos desaios impostos pela globalização,
passando a enfrentá-los para além da sua conceção soberana.
BIBLIOGRAFIA
171
Créditos das Imagens
“1910 Model T Ford” [Public domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Bauern bei der Ablieferung ihrer Abgaben an den Grundherren Holzschnit” [Public domain], via Wikimedia Commons
(pp. xx)
“Tropenmuseum of the Royal Tropical Insitute (kit)” [Public domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Infância” [Public domain], (pp. xx)
“Aprender a ler, Ler para aprender” (pp. xx)
“March 8 rally in Dhaka, organized by Jaiyo Nari Shramik Trade Union Kendra (Naional Women Workers Trade Union
Centre), an organizaion to the Bangladesh Trade Union Kendra” [Public domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Yhteissisu (later VAT) assembly line at an early stage” [Public domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Escola Estadual Pandiá Cológeras, em Belo Horizonte” [Public domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
Ângelo Ferreira (pp. xx, xx, xx, xxx)
“At the polling center” via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Favela dos Trilhos, invasão de Goiânia, em 2009” via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Línguas imorenses” [Public domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Escola Básica de 2º e 3º Ciclos de Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António, Portugal” [Public
domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Presidental elecion 2007” via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Momentum.tl, Timor-leste molda um futuro vibrante” (pp. xx)
“Democracia real YA demonstraion in Madrid on May 15, 2011” via Wikimedia Commons (pp. xx)
“Litle school of Indonesia” [Public domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
“The girls boarding house, Theresa” [Public domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
Rui Saniago (pp. xx)
“Philippine Naional Police oicers wearing UN berets as they were on duty in East Timor” [Public domain], via
Wikimedia Commons (pp. xx)
Teresa Carvalho (pp. xx)
“Man in tradiional clothing in Ermera/East Timor” [Public domain], via Wikimedia Commons (pp. xx)
Victor Nomberto (pp. xx)
Zélia Breda (pp. xx, xx, xx, xxx)