Texto Bíblico: E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? 1
E ele lhe disse: Que está escrito na lei?
Como lês?
E, respondendo ele, disse: Amarás ao
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.
E disse-lhe: Respondeste bem; faze
isso e viverás.
Ele, porém, querendo justificar-se a si
mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?
E, respondendo Jesus, disse: Descia
um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente, descia pelo mesmo
caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. 2
E, de igual modo, também um levita,
chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano que ia de viagem
chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu- se de íntima compaixão.
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;
E, partindo ao outro dia, tirou dois
dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de
misericórdia para com ele. Disse, pois, 3
Jesus: Vai e faze da mesma maneira .
(Lucas 10:25-37).
1.- INTRODUÇÃO
Conforme as Antigas Escrituras Sagradas,
depois da morte do rei SALOMÃO, por volta do ano 930 a.C., houve uma profunda ruptura em Israel, causando divisão do reino em REINO DO SUL, composta pelas tribos de JUDÁ e BENJAMIM, formando o reino de JUDÁ, cuja capital era JERUSALÉM. As demais tribos, passaram a formar o REINO DO NORTE, ou seja, o REINO DE ISRAEL, propriamente dito, cuja capital era a cidade de SAMARIA.
Desde o início desta divisão esses dois
povos viviam em constante rivalidade, e esta repulsa permaneceu, indefinidamente, perdurando, de certa forma, até os dias atuais, pelo menos sob o ponto de vista dos hebreus mais ortodoxos, que não consideram os samaritanos como judeus, nem mesmo filhos de Israel, mas sim descendentes de estrangeiros.
Na época de Jesus, os samaritanos se 4
isolaram, para se distanciarem de
Jerusalém. Assim, eles criaram regras e preceitos próprios, edificaram um templo só para eles, e instauraram nas Escrituras algumas modificações. Eles só aceitavam o Pentateuco, no qual está inscrita a Lei de Moisés, a qual eles observam rigidamente até os dias de hoje, sendo por isso conhecidos como ‘os observantes’. Esta comunidade étnico-religiosa não se considera parte da sociedade judaica, e se autodenomina ‘israelita-samaritana’, a herdeira do Reino de Israel, mais precisamente dos clãs de Efraim e Manassés, descendentes de José. A antiga Samaria foi aniquilada e reedificada inúmeras vezes, ainda sob o Império Romano. Tornou-se, na época, uma das quatro regiões que constituíam a Palestina. O governante conhecido como Herodes, o Grande, decorou-a com luxuosas obras, conferindo-lhe então o título de Augusta, em homenagem a Augusto, imperador romano. Diante dos judeus conservadores eles eram vistos como hereges e tratados com desdém, condenados, perseguidos, 5 caluniados. Judá e Israel se contrapunham em grande parte por alimentarem diferentes pontos de vista religiosos, apesar de, paradoxalmente, suas crenças terem a mesma procedência original. No tempo de Jesus existia muito contraste com os habitantes da Samaria, que dista poucos quilômetros de Jerusalém, da Judeia. Eles eram considerados uma seita, cismáticos ou até mesmo como pagãos. Em Mateus 10.5 Jesus diz para seus discípulos para não entrar nas cidades da Samaria. Apesar dessa passagem, Jesus acolhe os samaritanos e sublinha como eles conseguem entender a sua mensagem. Por exemplo, no caso dos 10 leprosos curados (Lucas 17,11-19), apenas, um, volta reconhecendo a graça de Deus e era um samaritano. Para entender o surgimento dos samaritanos, precisamos lembrar que o reino de Israel, depois da morte de Salomão, foi dividido em Reino do Norte (também conhecido como Israel), cuja capital era Samaria, e Reino do Sul, com sede em Jerusalém, conhecido como Reino de Judá, formado pelas tribos de 6
Judá e Benjamim. O Reino do Norte era
composto por 9 tribos e abrangia a maior parte do território de Israel. Cada um dos reinos seguiu uma história diferente. Cerca de 700 a.C., o Reino do Norte acabou, sendo tomado pela Assíria e seus habitantes foram deportados. Alguns habitantes ficaram na terra. Provavelmente eram agricultores, gente mais pobre. Esses habitantes que ficaram na Samaria começaram a perder a própria identidade religiosa, misturando-se com os pagãos, perdendo as características que os ligavam ao Deus único do povo judeu.
O Reino do Sul, cuja capital era Jerusalém,
sobreviveu, ainda, por cerca de 200 anos, quando em 587 a capital foi destruída e os moradores levados para o exílio em Babilônia. Segundo a Bíblia, quando esses deportados voltaram do exílio e tentavam reconstruir o templo, os samaritanos queriam sabotar a construção. Também teriam se aliado contra os judeus na época de Antíoco IV. 7
Embora tivessem conservado a crença em
um único Deus, JAVÉ, todavia, os samaritanos se desligaram do templo de Jerusalém, que os judeus entendiam ser o único local de adoração, e construíram o seu próprio templo no monte GERIZIM, que era cuidado pelos seus próprios sacerdotes.
De acordo com a Bíblia, os samaritanos
tinham uma inclinação para o pecado.
Sobre os seus templos lança-se a
acusação de estarem abertos aos ritos pagãos e de não serem verdadeiramente israelitas.
A Origem dos samaritanos é de
descendência assíria e mistura de povos. O rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel, dando origem ao surgimento dos samaritanos.
II.- AS LIÇÕES QUE PODEMOS EXTRAIR
DO TEXTO BÍBLICO, LIDO 8
O texto bíblico, fala da misericórdia e do
amor ao próximo, cujo foco é um samaritano, cuja raça os judeus a desprezava e nem sequer permitia que samaritanos entrassem no seu Templo, pois considerava-no pecadores e imundos.
Havia uma grande acepção entre judeus e
samaritanos, tanto por motivos religiosos como por razões políticas e da etnia.
Pelo texto que lemos, é perfeitamente
possível entender que o interlecutor de JESUS, tratava-se de um Doutor da Lei, alguém versado nas Leis religiosas e civis de Israel. Portanto, não era uma pessoa comum do povo. Aquele Doutor, tinha por escopo, tão somente “armar uma cilada” para testar Cristo para fazê-lo cair numa contradição ou constrangê-lo perante a multidão.
Maliciosamente, o Doutor chega perante
Jesus e tentando-o, pergunta-lhe: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”. Ao que JESUS respondeu- 9
lhe: “Que está escrito na lei?” - Como
lês?
E, respondendo o Doutor, lhe disse:
“Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo”. JESUS, por sua vez, respondeu ao Doutor dizendo: Respondeste bem; faze isso e viverás.
O Doutor, porém, querendo justificar-
se a si mesmo, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?”
O Doutor, na verdade, não queria saber
a respeito da vida eterna. Ele queria, isto sim, armar uma cilada para JESUS, porque, sendo ele um Doutor da Lei, deveria saber “quem era o seu próximo”, já que esse mandamento faz parte da Lei e o próprio JESUS já havia ensinado sobre os mandamentos, ao responder a um dos escribas que lhe perguntou: 10 Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos
os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o
teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. – (Marcos 12.28-31).
A narrativa de JESUS diz que:
“Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando- o meio morto”.
Jerusalém, a capital de Israel ficava a 800
metros acima do nível do mar, a uma distância de 27 Km da cidade de Jericó. Esta, por sua vez, ficava a 400 metros 11
abaixo do nível do mar. O caminho que
ligava as duas cidades era cheio de curvas estreitas, serpenteando entre desfiladeiros rochosos, propícios para esconderijos de ladrões e salteadores. Qualquer pessoa que saísse de Jerusalém que descesse para Jericó, por aquele caminho, corria sérios perigos por causa dos bandidos.
Jericó, naquele tempo fora toda
ornamentada com estruturas helenistas por Herodes o Grande, e por seu filho Arquelau. A cidade contava com um palácio de inverno, um teatro, uma fortaleza e um hipódromo, e diferentemente das aldeias cananeias e judaicas a cidade tinha estilo romano, e era ornamentada com árvores como o sicômoro, árvores nativas do vale do rio Jordão.
Muitos sacerdotes, e levitas, residiam em
Jericó, e usavam aquele caminho para ir a Jerusalém para os serviços do templo. 12
A estrada que ligava Jerusalém e Jericó,
porém, era infestada de assaltantes beduínos. Por isso, essa estrada passou a ser chamada de “caminho sanguinário” por causa da alta incidência de crimes horrendos que ali acontecia.
Podemos dizer, por analogia, que
Jerusalém, significa a “Casa de Deus”, o lugar seguro onde reina a Paz. Quem está em Jerusalém, ou seja, casa de Deus, está sob sua proteção, debaixo da sombra do Altíssimo. Porém, aquele que sai de Jerusalém, sai da proteção de Deus, e está sujeito a cair nas mãos do Diabo e seus demônios, que são os ladrões, e salteadores. Foi exatamente o que aconteceu aquele homem, que saindo de Jerusalém, descia para Jericó. Caiu nas mãos dos salteadores. O infeliz viajante, foi roubado, espancado quase à morte, e depois, deixado à beira do caminho. 13
Poucas horas depois, por ali passava um
sacerdote, provavelmente que ia para a realização de seus ofícios do templo, em Jerusalém, pois a narrativa de JESUS diz que “descia pelo mesmo caminho certo sacerdote”. Os sacerdotes tinham por obrigação fazer o que eles ensinavam, ou seja, cumprir a lei, a qual consistia em amar a Deus e ao próximo. Mas é muito fácil falar aos outros. Difícil, é fazer o que se fala. O sacerdote, vendo aquele homem, todo ferido, caído à beira do caminho passou de largo. Tinha coisa mais importante a fazer do que socorrer um pobre moribundo.
Tem sido esse, o comportamento de
muitos, até mesmo aqueles que se dizem religiosos, líderes, pregadores, pastores, obreiros, famosos que pregam sermões bonitos, mas sem conteúdo prático, porque não enxergam a necessidade de seu próximo, ou seja, na prática, não vivem o que pregam.
Prossegue a narrativa de Cristo: “E, de
igual modo, também um levita, 14
chegando àquele lugar e vendo-o,
passou de largo”.
Os levitas pertenciam a Tribo de Levi, e
eram os auxiliares dos sacerdotes no templo. Eram, portanto, conhecedores da Lei, pois viviam nos afazeres do templo com exclusividade. Mas, o levita que passava por aquele lugar, vendo aquele homem caído à beira do caminho, todo machucado, também “passou de largo”. Enfim, tanto o sacerdote como o levita, seu auxiliar, tiveram a oportunidade de exercer o amor, ou seja, fazer um ato de caridade prestando socorro a um homem quase morto à beira do caminho. Mas não o fizeram!
Meus irmãos, diariamente Deus tem
colocado em nossa frente, muitas oportunidades, pelas quais Ele deseja que nós exerçamos o amor, a caridade aos nossos semelhantes. Mas, muitas vezes, deixamos essas oportunidades passar. Cruzamos os braços, ou passamos de largo! É triste isso, mas é o que acontece na prática. 15
Diferentemente, certa feita JESUS estava
ensinando a multidão, num lugar deserto. O seu sermão se estendeu muito, a ponto de os discípulos chegarem ao Mestre e lhe interromper: “Senhor. O sol já declina, despede a multidão para que vá às e compre alguma coisa para comer”. E a resposta de Jesus, foi esta: “Dai-lhe vós de comer”.
O “dai-lhe vós de comer”, segundo os
ensinamentos de Cristo, estão implícitos o alimento espiritual (através do ensino da Palavra de Deus), mas, também, o alimento material, qual seja, o pão para o corpo físico, o suprimento das necessidades humana, porque o ser humano não vive só de “blábláblá”. Mas, atualmente, temos nos furtados dos nossos deveres para com o próximo.
Jesus prossegue em sua narrativa, e
conta que: um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão . 16
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele;
E, partindo ao outro dia, tirou dois
dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar.
O samaritano, é uma representação de
Cristo, na sua obra salvífica da cruz. O caminho difícil, estreito e perigoso, significa que Jesus deixou a sua glória e esplendor para percorrer o caminho da cruz, e, nessa sua trajetória, JESUS, nos encontrou, caído à beira do caminho, porque “caímos nas mãos de Satanás e seus demônios”, os salteadores.
Esse era o nosso estado quando Jesus
nos achou: caídos à beira do caminho, e todo machucado, quase à morte! 17
O samaritano era tido pelos judeus
como inimigo, mas, mesmo assim, o bom samaritano que por ali passava, vendo aquele homem caído, todo machucado, ele desceu de seu cavalo, pegou o azeite e o vinho que trazia consigo, limpou os ferimentos, e atou- lhe as feridas, e pondo-o sobre o seu cavalo, levou-o até a uma pousada, e cuidou dele.
No dia seguintes, aquele samaritano
entregou-o ao hospedeiro, dois dinheiros, pagando o seu pernoite e o do homem que tinha sido assaltado e espancado. O samaritano efetuou o pagamento da hospedagem, e disse ao hospedeiro: “Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar”.
O hospedeiro, é todo aquele que se
dedica com amor ao trabalho do Senhor, e faz a obra de cuidar dos pobres, necessitados e feridos, quer 18
fisicamente ou ferido na alma.
Dois dinheiros, representavam o
equivalente e dois dias de trabalho daquele tempo. Mas, não se sabe, no entanto, quanto foi, na verdade, as despesas que tiveram de ser pagas, porquanto, aquele samaritano deu ordem expressa ao hospedeiro: “cuida dele, e o que demais gastares, eu te pagarei quando eu voltar”.
Da mesma forma, JESUS, pagou um
alto preço pela nossa salvação. Como diz o apóstolo São Pedro, “não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado”. - (1 Pedro 1:18-19) Assim como o bom samaritano, aqueles que trabalham com amor na obra do Senhor, sofrem canseira, 19 enfado, injúrias, perseguições, tribulações, e até morte pelo martírio. São os gastos que muitas vezes se sujeitam os verdadeiros obreiros do Senhor.
Mas, como disse o bom samaritano
aquele hospedeiro, “o que de mais gastares, eu te pagarei quando eu voltar”.
Da mesma maneira, quando CRISTO
voltar, por ocasião do arrebatamento da Igreja, tudo que sofremos e gastamos na obra do Senhor, serão recompensados, como bem disse o apóstolo Paulo aos coríntios, “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor”. (1 Coríntios 15.58).
PORTANTO, meus irmãos, ao finalizar
esta mensagem, quero lhes dizer, que, há muitos “caídos à beira do caminho” 20
que estão precisando de nossa
compaixão, nosso amor, tanto espiritualmente, como materialmente.
Quando JESUS terminou sua narrativa,
Ele volta para o Doutor da Lei, e lhe indaga:
Qual, pois, destes três te parece que
foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de
misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira . (Lucas 10:25-37).
Caros irmãos, os caídos à beira do
caminho estão sempre à nossa frente. Nos, queremos torná-los invisíveis. Mas JESUS continua dizendo para você e para mim, “DAI-LHE VÓS DE COMER”. Eis a sua oportunidade!