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PROTOCOLO PRT.GAS.SEVISP.UGRA.004
1. OBJETIVO
Elencar estratégias de identificação, assistência e encaminhamento de pacientes que
apresentem risco e/ou tentativa de suicídio durante o internamento no Complexo Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR).
2. JUSTIFICATIVA
A prevenção ao suicídio é uma das prioridades do Ministério da Saúde (MS) e representa
um desafio para a saúde pública. O tema suicídio atinge diversos grupos da sociedade em âmbito
mundial, pois trata-se de um fenômeno complexo, multifacetado que envolve fatores sociais,
psicológicos, culturais, entre outros. (BRASIL, 2017a).
Estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) evidenciam que aproximadamente
800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, representando uma taxa anual de 11,4 casos
de suicídio por 100.000 habitantes – 15 para homens e 8 para as mulheres. A população jovem é
a mais afetada, sendo o suicídio a segunda causa de morte mais prevalente, mundialmente, em
pessoas com idade entre 15 e 29 anos. (OMS, 2014; 2017).
No Brasil, anualmente, ocorrem 10 mil mortes por suicídio, a cada 3 segundos uma
pessoa atenta contra a própria vida. Os dados do MS apontam que as tentativas de suicídio
são mais frequentes nas mulheres, porém são os homens que mais morrem por suicídio.
Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é a quarta maior causa de óbitos em nosso país.
(BRASIL, 2017a). Dados epidemiológicos mostram que 55.649 óbitos no Brasil foram atribuídos
ao suicídio entre 2011 e 2015, representando uma taxa geral de 5,5 casos de suicídio por
100.000 habitantes, sendo a taxa de 8,7 para homens e 2,4 para mulheres. (BRASIL, 2017b).
Na população indígena, a faixa etária de 10 a 19 anos concentra 44,8% dos óbitos. Uma
atenção maior deve ser dada às pessoas idosas, especialmente aquelas com 70 anos de idade
ou mais, pois a presença de dor crônica e doenças crônicas e graves são fatores de risco nessa
população. Nos idosos com tentativas de suicídio, observa-se que o diagnóstico psiquiátrico mais
comum é o transtorno depressivo grave, associado a outros problemas. (BRASIL, 2017a).
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3. ORIENTAÇÕES INICIAIS
3.1. Abordagem do risco: falar sobre o suicídio é o primeiro passo para preveni-lo
Falar direta e abertamente sobre ideação suicida, seus fatores de risco e de proteção
(ANEXO I) é a forma mais eficaz de abordar e manejar o risco de suicídio em adultos. Nem
sempre a pessoa expressa claramente seus pensamentos ou sentimentos relacionados ao
suicídio, portanto, é necessário estar sensível para reconhecer que a vontade de morrer pode
estar presente e abrir um espaço para o diálogo, permitindo que a pessoa fale sobre o que se
passa com ela durante o atendimento, sem julgamentos ou interpretações. A escuta ativa
possibilita identificar mais rapidamente um eventual risco de suicídio nos pacientes
internados. Falar sobre o suicídio reduz a ansiedade associada aos pensamentos ou atos de
autoagressão e ajuda a pessoa a se sentir compreendida e a aceitar ajuda. (BERTOLOTE;
MELLO-SANTOS; BOTEGA,2010).
3.2. O paciente que está num serviço de saúde e fala em suicídio, na maioria das vezes
está numa posição ambivalente
Normalmente, existe uma coexistência de desejos e atitudes antagônicas que capturam a
indecisão do indivíduo frente à vida. Ele deseja morrer e, simultaneamente, deseja ser resgatado
ou salvo. A pessoa vive uma batalha interna entre o desejo de viver e o desejo de morrer. Apenas
um quarto dos pacientes admite que deseja a morte, os demais dizem que querem apenas
dormir, afastar-se dos problemas.
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Nestes casos, um grito de socorro pode dar certo, ao provocar um movimento de apoio e
de reestruturação. Para isso, é necessário que a equipe assistencial e pessoas próximas estejam
preparadas para atender este paciente. (BERTOLOTE; MELLO-SANTOS; BOTEGA, 2010).
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Adeli, INSERIR
ComoPERGUNTA
perguntar a alguém se tem pensamentos de suicídio?
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EXPRESSAR
• Transparecer respeito a opiniões e valores do paciente
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Destaca-se que os escores devem ser objeto de interpretação cautelosa e servir de apoio à
decisão clínica. A orientação final a dar a cada caso nunca dispensa a avaliação clínica
especializada (VEIGA et al., 2014).
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Protocolo de prevenção ao suicídio de pacientes internados Emissão: 01/09/2020 Próxima revisão:
Título do documento:
Versão: 2ª 01/09/2022
Lotação: Gerência Divisão/ Setor/ Unidade/ Serviço GAS/SEVISP/UGRA
Responsável pela execução do procedimento: Todos os profissionais de saúde que atuam diretamente ao paciente ou no ambiente do paciente.
QUADRO 2 - AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS PARA PACIENTES INTERNADOS COM RISCO BAIXO PARA SUICÍDIO
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Versão: 2ª 01/09/2022
Lotação: Gerência Divisão/ Setor/ Unidade/ Serviço GAS/SEVISP/UGRA
Responsável pela execução do procedimento: Todos os profissionais de saúde que atuam diretamente ao paciente ou no ambiente do paciente.
QUADRO 3 - AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS PARA PACIENTES INTERNADOS COM RISCO MODERADO PARA SUICÍDIO
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Lotação: Gerência Divisão/ Setor/ Unidade/ Serviço GAS/SEVISP/UGRA
Responsável pela execução do procedimento: Todos os profissionais de saúde que atuam diretamente ao paciente ou no ambiente do paciente.
CONTINUAÇÃO - QUADRO 3 - AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS PARA PACIENTES INTERNADOS COM RISCO MODERADO PARA SUICÍDIO
QUADRO 4 - AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS PARA PACIENTES INTERNADOS COM RISCO ALTO PARA SUICÍDIO
As ações encadeadas no quadro 4 não dispensam a adequação dos fluxos propostos à realidade de cada cenário assistencial, desde que haja
divulgação e conhecimento por parte de todas as categorias profissionais envolvidas. Ressalta-se que casos de tentativa ou suicídio em ambiente hospitalar
devem ser notificados no VIGIHOSP, disponível na Central de Serviços na rede informatizada hospitalar.
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Responsável pela execução do procedimento: Todos os profissionais de saúde que atuam diretamente ao paciente ou no ambiente do paciente.
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Responsável pela execução do procedimento: Todos os profissionais de saúde que atuam diretamente ao paciente ou no ambiente do paciente.
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5. REFERÊNCIAS
ABP - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Suicídio: informando para prevenir. Brasília,
DF: CFM: ABP, 2014. Disponível em: <Disponível em:
http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14#page/2 >. Acesso em: 21 set 2020.
______.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Perfil epidemiológico das tentativas e óbitos por suicídio no Brasil e a
rede de atenção à saúde. Boletim Epidemiológico, Brasília, v.48, n.30, 2017b. Disponível em:
<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-epidemiologico-das-
tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-aten--ao-a-sa--de.pdf> Acesso em: 05 fev. 2019.
CAVALCANTE, G. F., MINAYO. M. C. S. Suicídio entre pessoas idosas: revisão da literatura. Rev Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v. 44, n. 4, p. 750-7, 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n4/20.pdf .Acesso em04 set. 2020.
CIPRIANI, A. et al. Lithium in the prevention of suicide in mood disorders: Updated systematic review and
meta-analysis. BMJ (Online), v. 347, n. 7916, 13 jul. 2013.
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ESTELLITA-LINS, C. E. F. De que modo adotar a prevenção do suicídio como Causa e ainda como
pesquisa. Ensaios e diálogos. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2016, p.10-13. Disponível em:
https://www.abrasco.org.br/site/wp-
content/uploads/2016/12/artigo_carlos_eduardo_estellita_lins_ENSAIOS_DIALOGOS.pdf . Acesso em 04
set. 2020.
______. ______. World Health Statistics 2017: monitoring health for the SDGs.Geneva: OMS, 2017.
POSNER, K. et al. The Columbia- Suicide Severity Rating Scale: initial validity and internal consistency
findings from three multisite studies with adolescents and adults. American Psychiatric Association,
Arlington, v. 168, n. 12, p. 12661277, 2011.
POSNER, K. et al. From uniform definitions to prediction of risk: the Columbia Suicide Severity Rating
Scale approach to suicide risk assessment. In: CANNON, K.E.; HUDZIK, T. J. Suicide: phenomenology
and neurobiology. Switzerland: Springer International Publishing, 2014, p.59-84, 2014.
STEFANELLO, B., FURLANETTO, L. M. Suicidal ideation in patients admitted to general medical wards:
prevalence and associated depressive symptoms. J Bras Psiquiatr [Internet]. v. 61, n. 1, p. 2-7. 2012.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v61n1/02.pdf . Acesso em 04 set. 2020.
TEIXEIRA, D.S. et al. Avaliação do risco de suicídio e sua prevenção. Secretaria Municipal de Saúde.
Rio de Janeiro: PUCRJ. [online] 2016. Disponível em: http://subpav.org/download/prot/Guia_Suicidio.pdf.
Acesso em 04 set. 2020.
VEIGA, A.F ANDRADE, J; GARRIDO, P.; NEVES, S; MADEIRA, N; CRAVEIRO, A; SANTOS, J.C;
SARAIVA, C.B. IRIS: Um novo índice de avaliação do risco de suicídio. Psiquiatria Clínica, v. 35, n. 2,
p. 65–72, 2014.
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WASSERMAN, D. et al. The European Psychiatric Association (EPA) guidance on suicide treatment and
prevention. European Psychiatry, fev. 2012.
ZUN, L. S. Evidence-based review of pharmacotherapy for acute agitation. Part 1: Onset of efficacy.
The Journal of emergency medicine, v. 54, n. 3, p. 364–374, 1 mar. 2018a.
6. HISTÓRICO DE REVISÃO
VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA ALTERAÇÃO E RESPONSÁVEL
Protocolo elaborado por: Adeli Regina P. Medeiros, Anelise
Molon, Claudia Marcia Vieira Gusmão, Ana Cristina Schmidt
1ª 01/09/2020 de Oliveira Netto, Juarez Marques de Medeiros, Luiz Renato
de Moraes Braga, Palmira Donda Soares, Sabrina Stefanello,
Salmo Zugman eTatiana Brusamarello.
Revisão: Lillian Daisy Gonçalves Wolff e Ana Paula Hermann Data: 27/10/2020
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte, sob autorização do SEVISP
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ANEXO I – FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA TENTATIVA DE SUICÍDIO
R I S C O BAI X O
R I S C O M O D E RADO
R I S C O ALT O
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Além dos fatores de risco, sabe-se que alguns fatores desempenham papel de proteção e
interagem dinamicamente com os fatores de risco para a tentativa de suicídio, conforme
explicitado na FIGURA 4. (BOTEGA, 2015).
Flexibilidade cognitiva;
disposição para aconselhar-se em caso de decisões importantes;
disposição para buscar ajuda;
Personalidade abertura à experiência de outrem;
Personalidade
Personalidade habilidade para se comunicar;
capacidade para fazer uma boa avaliação da realidade;
habilidade para solucionar problemas da vida.
Personalidade
Gravidez e puerpério;
boa qualidade de vida;
Outros regularidade do sono;
boa relação terapêutica.
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ANEXO II – ESCALA IRIS (ÍNDICE DE RISCO DE SUICÍDIO)
ESFERA SUICIDA
1. História pessoal de comportamentos suicida?
não→0 Sim →3
OBS: considerar Sim em caso de 2 ou mais comportamentos prévios ou apenas 1 se grave (método
violento ou tendo justificado cuidados intensivos)
2. Plano suicida
Apura-se a existência de plano organizado, consistente, letal e exequível?
não →0 Sim →20
OBS: valorizar atos preparatórios recentes (ex.: carta de despedida, testamento), bem como o acesso a meios
letais (ex.: arma de fogo, pesticidas /herbicidas)
SOCIODEMOGRÁFICO
1. Sexo Masculino – 1 Feminino – 0
2. Idade ≥ 45 - 1 < 45 → 0
3. Religiosidade/ Espiritualidade* Não - 1 Sim - 0
* existem fatores de natureza religiosa ou espiritual suscetíveis de frear a passagem ao ato?
CONTEXTOS
1. Isolamento - vive só, sem apoio familiar ou social? não - 0 sim - 2
2. Perda recente marcante - luto, desemprego? não - 0 sim - 2
3. Doença física - incapacitante ou terminal? não - 0 sim - 2
4. Abuso atual de álcool ou substâncias não - 0 sim - 2
5. Doença psiquiátrica grave** não - 0 sim - 2
6. História de internamento psiquiátrico não - 0 sim - 2
7. História familiar de suicídio não - 0 sim - 2
**descompensação atual de psicose, depressão maior unipolar ou bipolar, perturbação grave da personalidade
Soma do total:
Classificação do IRIS
Somar todos os scores e classificar de acordo com o indicado a seguir:
- Score total < 5 → Risco reduzido (baixo)
- Score total ≥ 5 e < 10 → Risco intermediário (moderado)
- Score total ≥ 10 → Risco elevado (alto)
OBS: Estes pontos de corte e riscos associados devem ser objeto de interpretação cautelosa e como mera
sugestão geral, dependendo do contexto de utilização do IRIS. A orientação final a dar a cada caso nunca
dispensa a avaliação clínica especializada (VEIGA et al., 2014).
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ANEXO III - ABORDAGEM PSICOFARMACOLÓGICA EM PACIENTE COM RISCO DE
SUICÍDIO EM AMBIENTE HOSPITALAR
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ABORDAGEM PSICOFARMACOLÓGICA EM PACIENTE COM RISCO DE SUICÍDIO EM AMBIENTE HOSPITALAR
VIA DE
INDICAÇÃO MEDICAMENTO DOSAGEM OBSERVAÇÃO REFERÊNCIAS
ADMINISTRAÇÃO
Situação aguda de Diazepam. 5mg, 1 a 8 Oral. Ansiolítico. (ZUN, 2018a).
comportamento suicida, comprimidos ao
independente do diagnóstico dia.
do paciente (ordem de Diazepam. 5mg à noite. Oral. Hipnótico.
preferência)
Clorpromazina. 25mg à noite. Oral. Hipnótico.
Situações emergenciais, para Haloperidol. 5mg. Intramuscular. - Se necessária, pode ser realizada a repetição da dose, a cada 30 (ZUN, 2018b).
contenção química do paciente
minutos.
(ordem de preferência)
Midazolam. 15mg. Intramuscular. Em caso de histórico de sintomas extrapiramidais com antipsicóticos
Evitar em pacientes com risco de depressão respiratória.
Clorpromazina. 25mg. Intramuscular. Evitar em pacientes com risco de depressão respiratória.
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