Anais do III CoBICET – Trabalho completo

Congresso Brasileiro Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia

“15 anos dos BIs e LIs: retrospectiva, resistência e futuro”

IMPLEMENTAÇÃO DE TANQUES SÉPTICOS DE BOMBONAS EM

LOCALIDADES SEM REDES COLETORAS DE ESGOTO: UMA
INTERAÇÃO COM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Rodrigo Moura Abreu1, Raquel Neres Santos2, Elton Santos Franco3, Izabel Cristina
Marques4, Núbia Aparecida de Aguilar5, Aurelia de Cassia Ferreira Hespanhol6, Iágo
Prado Cardoso7
1
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Teófilo Otoni, Brasil,
rodrigo.abreu@ufvjm.edu.br
2
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Teófilo Otoni, Brasil
raquel.neres@ufvjm.edu.br
3
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Teófilo Otoni, Brasil
4
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Teófilo Otoni, Brasil
5
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Teófilo Otoni, Brasil
6
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Teófilo Otoni, Brasil
7
Uniiversidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Teófilo Otoni, Brasil

Resumo: O projeto “Instalação de Tanque Sépticos de Bombonas (TSB) em localidades sem

rede pública coletora de esgoto”, da UFVJM, Campus do Mucuri, dispôs sensibilizar sobre
saneamento básico com foco em esgotamento sanitário. O sistema é aterrado, feito com
bombonas de plástico, tubos e conexões de PVC e disposição final em vala de infiltração.
Foram em quatro localidades, com eventos de extensão e educação ambiental (EA) sobre
tecnologia social, sistema de TSB, saneamento básico e coleta de esgoto.

Palavras-chave: Consciência Ambiental; Esgotamento Sanitário; Saneamento Básico;

Práticas Educativas; Tecnologia Social.

INTRODUÇÃO resíduos sólidos e de águas pluviais (BRASIL, 2007,

O uso dos recursos naturais nas atividades antrópicas
é relevante para a geração de produtos e serviços.
Porém, comumente, eram extraídos com o acúmulo e
descarte de resíduos, sem a preocupação de que
pudessem se tornar escassos e gerar danos ambientais
futuros, tais como impactos na qualidade e quantidade
da água (FUNASA, 2014; SANTANA; LIMA, 2018.).
Com o tempo, gradativamente, a sociedade começou
a perceber que este modelo de produção, vivência e
consumo tornou-se insustentável (SANTANA;
LIMA, 2018).
Os sistemas de captação, transporte e tratamento de
água, comprovados por diferentes populações, deram
início ao conceito de saneamento, que em latim
significa tornar o ambiente saudável (ALMEIDA,
2011; SOUZA, 2017). O saneamento básico é a arte
de promover e recuperar a saúde por meio de medidas
de alcance coletivo e de motivação da população (ITB,
2013).
No Brasil é direito constitucional o conjunto dos
serviços, infraestrutura e instalações operacionais de
abastecimento de água, esgotamento sanitário,
limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de
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FERREIRA; GARCIA, 2017). De acordo com Lino e
Ribeiro (2019 p. 573) “o texto constitucional busca
que se alcance a dignidade da pessoa humana, e o
saneamento básico é essencial para se viver de forma
digna. Sem ele, a saúde será afetada”. E destacam que
“água potável e esgoto sanitário estão diretamente
ligados à uma vida saudável”.
Tais serviços visam preservar ou modificar as
condições do meio ambiente para prevenção de
doenças, proporciona níveis crescentes de
salubridade, produz efeitos positivos sobre o bem-
estar, a produtividade do indivíduo e a atividade
econômica e, é indispensável para a preservação
ambiental, configurando a sustentabilidade
(ZOMBINI; PELICIONI, 2014, SANTOS;
FRITSCH-CAMERA; BERTICELLI, 2018). Diante
da evolução dos conhecimentos sobre os danos que a
ausência de cuidados com estes elementos poderia
causar, houve um aumento da preocupação com a
qualidade da água consumida e a destinação do esgoto
(FERREIRA; GARCIA, 2017).
No cenário nacional, para abastecimento de água, o
índice médio de atendimento total de é 84,1%. Com
relação ao manejo de resíduos sólidos, o atendimento
médio é de 90,5 % da população com coleta
domiciliar. Quanto a drenagem e manejo de águas
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pluviais urbanas, 61,9% dos municípios possuem, de
alguma forma sistema de drenagem urbana, onde,
45,3% são exclusivos para drenagem de águas
pluviais, 12,0% unitário (misto com esgotamento
sanitário) e 4,6% possuem algum tipo de tratamento
para as águas da chuva. No que tange esgotamento
sanitário índice de atendimento total em média é de
55,0%, com 50,8% de tratamento para o esgoto gerado
(SNIS, 2020).
Nas propriedades rurais, em maioria, há esgotos cinzas
a céu aberto e/ou esgoto sanitário com utilização de
fossas rudimentares (SOUZA, 2019). Os dejetos
tendem a ser lançados diretamente sobre o solo nos
corpos hídricos (TONETTI, 2010; FOLLADOR,
2015). O que promove, além de graves desequilíbrios
ecológicos, consequências negativas de ordem
política, econômica e social (OLIVEIRA, 2015).
A construção de privadas com veiculação hídrica,
ligadas a um sistema público de esgotos, com
adequada destinação dos resíduos, é vista como a
solução recomendada. Porém, na zona rural, ou locais
longes dos centros urbanos, a distância elevada entre
as residências, encarece ou inviabiliza esse sistema,
sendo recomendado o tratamento individual para cada
domicílio (BRASIL, 2004; GONÇALVES, 2013).
Os sistemas individuais caracterizam-se pela reduzida
disposição e/ou tratamento “in loco” de esgoto
sanitário das economias residenciais, comerciais e
públicas, como por exemplo, os tanques sépticos,
conhecidos popularmente como “fossas” sépticas, que
funcionam através de instalações hidráulicas e usam a
via hídrica para transportar os dejetos (GOMES;
HANSEN, 2019). É uma unidade cilíndrica ou
retangular, de fluxo horizontal, em que o método
predominante é pela sedimentação, flotação e digestão
(ABNT, 1993).
Considerada uma tecnologia social, os Tanques
Sépticos são sistemas individuais alternativos que
visam garantir para a população rural meios
adequados para coleta e tratamento dos efluentes
domésticos, mediante a utilização de soluções
compatíveis com suas características econômicas e
sociais (BRASIL, 2007; VILLAR, 2010). No entanto,
a aplicabilidade deste tipo de tecnologia somente tem
resultados positivos quando aliada a um processo
educativo (OLIVEIRA, 2015).
A Educação Ambiental (EA) é uma área de estudos
extensa e complexa, formada a partir de interseções
com uma diversidade de saberes sociais, que resulta
em múltiplos conceitos. Esta diversidade conceitual
leva a uma gama de pesquisas, oriundas de
experiências tanto em espaços e tempos diversos,
quanto em diferentes vivências universitárias
(SILVA; GOMES, 2012).
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O termo é um vocábulo composto por um substantivo
e um adjetivo, que envolvem, respectivamente, o
campo da Educação e o campo Ambiental. Enquanto
o substantivo Educação define fazeres pedagógicos
desta prática educativa, o adjetivo Ambiental anuncia
o enquadramento motivador da ação pedagógica, que
por sua vez designa uma classe de características que
a qualificam diante da crise ambiental que ora o
mundo vivencia. Entre essas, o reconhecimento de que
a Educação tem sido não sustentável, tal qual os
demais sistemas sociais, e que para permitir a
transição societária rumo à sustentabilidade, precisa
ser reformulada (MMA, 2004). A diversidade de
nomenclaturas hoje enunciadas, retrata um momento
da EA que aponta para a necessidade de se
ressignificar os sentidos identitários e fundamentais
dos diferentes posicionamentos políticos pedagógicos:
Alfabetização Ecológica, EA Crítica, Transformadora
ou Emancipatória, Educação no Processo de Gestão
Ambiental (MMA, 2004).
A EA Crítica, é fundamentada na ética do cuidado e
em princípios de corresponsabilidade, autonomia,
emancipação e solidariedade, apresenta confluência
com a concepção social-acadêmica de extensão
universitária, que visa a promoção da
responsabilidade social e política dos atores
participantes, compreendendo-os como sujeitos
históricos e culturais, dotados de valores que podem
ser transformados –transformando o ambiente a sua
volta –em prol de um bem maior (CARBONARI;
PEREIRA, 2007).
O projeto intitulado “Instalação de Tanques Sépticos
de Bombonas (TSB’S) em localidades não atendidas
pela rede pública coletora de esgoto” da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
(UFVJM), Campus do Mucuri, realiza ações de
extensão universitária. O intuito é mobilizar,
socializar conhecimentos e sensibilizar, os
envolvidos, sobre a temática saneamento básico com
foco em esgotamento sanitário, com a construção de
uma tecnologia social, de forma participativa. E torna-
se, portanto, fundamental a avaliação do cumprimento
destas.
O objetivo geral do trabalho, cujo os resultados
estão apresentados no presente artigo, foi
avaliar a implementação de TSB em residências
de comunidades atendidas pelo referido projeto,
e a interação desta prática com a EA Crítica.
MATERIAL E MÉTODOS
As ações do projeto foram executadas em
comunidades rurais e/ou afastadas do centro
urbano dos municípios de Teófilo Otoni e
Malacacheta, no estado de Minas Gerais,
localizados entre as coordenadas
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17°53'04.1“S/41°28'52.6” W e 17° 50' 31" S/42° 04' Após a análise, os resultados foram apresentados em
37" O, respectivamente. quadros e figuras, bem como discutidos de forma
descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

O modelo de sistema de TSB implementado nas

residências, atendidas pelo projeto, foi construído com
materiais de baixo custo e mais acessíveis à
população, de acordo com a metodologia proposta por
Cardoso et al. (2017) para assistir famílias de até cinco
(5) pessoas.

O sistema é aterrado, composto por bombonas de

plástico, tubos e conexões de PVC, com disposição
final no solo em vala de infiltração (Figuras 02, 03 e
Figura 1. Localização dos Municípios de Execução 04), sem impactos visuais.
das Ações do Projeto. Fonte: Dados da pesquisa
Adaptado de SIRGAS (2000).
A pesquisa pode ser classificada como qualitativa, de
característica um ambiente natural como fonte direta
de dados que são coletados de forma descritiva
focalizando a realidade de forma complexa e
contextualizada (LUDKE; ANDRÉ, 2013).
Os dados foram coletados de informações contidas nos
formulários de registros e relatórios dos eventos de Figura 2. Sistema de Tanque Séptico de Bombonas
extensão, que a cada semestre são entregues a Pró-
reitora de Extensão e Cultura (PROEX) da UFVJM,
Campus do Mucuri, em Teófilo Otoni, após a
realização das ações. A partir destas informações,
foram identificadas e analisadas as ações realizadas
pelo projeto, ou seja, a implantação dos TSB em áreas
pré-estabelecidas diante da distância da cidade e
ausência de rede pública de coleta e tratamento de
esgoto.
Com o desígnio de identificar a metodologia de
construção dos TSB e como esta poderia ter
influenciado de maneira positiva na EA Crítica dos
Figura 3. Corte na vista superior do Sistema
envolvidos, e, contudo, na conscientização ambiental
sobre a tecnologia implementada e a importância do
saneamento básico, principalmente da coleta e
tratamento de efluentes domésticos.
Uma vez que houve participação dos moradores, com
os discentes e docentes dos cursos de Ciência e
Tecnologia (BC&T) e Engenharias Hídrica, Civil e
Produção, da UFVJM, Campus do Mucuri, do
Instituto de Ciência, Engenharia e Tecnologia (ICET),
que fizeram uso do acervo disponível na Biblioteca
Digital da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); SciELO –
Figura 04: Funcionamento do Sistema de
Scientific Electronic Library Online (Biblioteca
Tanque Séptico de Bombonas
Científica Eletrônica On-line), portal Periódicos
Capes e outras instituições de ensino superior que
Estudos realizados por Franco et al. (2016) e Cardoso
atuam na implementação dos tanques nas
et al. (2017) destacam características essenciais do
comunidades.
referido sistema, que o torna uma tecnologia social,
ideal para ser implementado nas localidades do
presente estudo. Segundo os autores, é considerado de
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fácil instalação, baixo custo, cunho ambiental e de

eficiência comprovada. Além disso, possibilita a Duas
participação da comunidade na evolução na qualidade residências na
TO –
de vida e nos novos hábitos ambientais, além de Comunidade do 19/06/2019 a
025.4.037.201
constituir oportunidade de trabalho e fonte de renda Córrego Suíça II 15/07/2019
9
por meio da instalação e limpeza do mesmo. em Teófilo
Otoni
No estudo intitulado Planos de Saneamento Básico:
Estratégias de Educação Ambiental, para proposição
de um programa voltado para ações integrantes de um Tabela 1: Localidades e datas de implementação dos
plano de saneamento Tischer (2016 p. 214) afirma sistemas de TSB.
que:
As implementações foram devidamente registradas
“Um projeto efetivo melhoria na qualidade ambiental como eventos de extensão universitária, na área
será alcançada a partir do momento em que a temática de educação e meio ambiente, com linha de
população possuir ciência de que as questões de extensão de questões ambientais, pela PROEX da
saneamento básico, saúde e integridade de UFVJM, Campus do Mucuri, em Teófilo Otoni.
ecossistemas estão diretamente relacionadas. Nesse
contexto, a educação é o ponto de inflexão para o Antes das ações de cada evento, foram realizadas
engajamento e a mobilização social. Assim, para haver mobilizações e inscrições de docentes e discentes
a participação social é fundamental entender a universitários, e demais interessados a participar das
importância de uma infraestrutura adequada de atividades. Iniciando as atividades com a divulgação
saneamento básico.” em formato digital por e-mail e demais meios de
comunicação (Figura 05).
A princípio, o objetivo era realizar ações apenas em
residências da Comunidade do Córrego Suíça II. No
entanto, foram realizadas um total de sete (7)
implementações de TSE’s, que ocorreram em quatro
(4) localidades, entre os anos de 2017 e 2019, em
comunidades rurais e/ou áreas afastadas dos centros
urbanos, nos municípios de Teófilo Otoni e
Malacacheta (Tabela 1) que envolveram
aproximadamente quatrocentos e oitenta (480)
participantes.

LOCAL DE
NÚMERO DE
IMPLEMENTA DATA
REGISTRO
ÇÃO

Três residências
TO –
em Comunidade 21/07/2017 a
016.4.024.201
Rural em 23/09/2017
7 Figura 05: Folder de Divulgação - Modelo da ação
Teófilo Otoni
piloto em 2016
Uma residência
em área afastada TO – Discentes e docentes dos cursos de engenharia,
01/12/2017 a vinculados ao Instituto de Ciências, Engenharia e
do centro 027.4.042.201
28/02/2018 Tecnologia (ICET) da UFVJM, Campus do Mucuri,
urbano de 8
Teófilo Otoni auxiliaram de forma efetiva, como colaboradores, na
organização e execução antes e após os eventos.
Uma residência Inclusive na confecção de materiais informativos e de
TO – divulgação.
em Comunidade 07/12/2018 a
027.4.042.201
Rural em 18/01/2019
8 De acordo com a programação, as ações realizadas em
Malacacheta
cada evento de implementações ocorreram em quatro
(4) etapas:

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Etapa 01 - realização do minicurso “Guia
Prático de Instalação de TSB
descentralizado”;
Etapa 02 - pré-instalação dos tanques
sépticos econômicos e preparação do
material de instalação;
Etapa 03 - realização da instalação do
sistema do tanque séptico econômico;
Etapa 04 - divulgações dos resultados em
mídias sociais, com fotos e descrições, e
elaboração de relatórios.
Figura 06: Pré-instalação do TSE e preparação de
material de instalação.
Na comunidade rural no Córrego Suíça, em Teófilo
Otoni, e no município de Malacacheta-MG, além das
atividades descritas acima, foram realizados o lanche
e a refeição comunitários, além do almoço beneficente
com alunos da Escola Estadual Frei Francisco,
respectivamente.
Os relatórios destacam que a equipe do projeto
entende que ocorreu a interação com o ensino, já que
os eventos promoveram formação por meio da
realização de minicurso e capacitação em campo. A
pesquisa foi estimulada em todo o evento, já que
foram destacados importantes temas e conhecimentos
referentes ao saneamento básico e que devem ser
aprofundados a partir da mesma.
Embora ainda escasso, é fundamental o envolvimento
e comprometimento da comunidade científica, no
âmbito das atividades de ensino, pesquisa e extensão,
que tem interdependência com o desenvolvimento de
tecnologias sociais (DIAS, 2011).
As ações ocorreram de forma motivacional e
participativa, envolvendo inscritos externos e
moradores locais. Estas ações possibilitaram a
socialização de conhecimentos e sensibilização dos
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participantes em relação à construção de TSE’s, por
materiais reutilizáveis, para o tratamento de efluentes
domésticos em residências que não possuem rede
coletora de esgoto.
Dias (2011 p. 65) considera que “uma vez que se
promove a participação efetiva das comunidades,
conhecimentos relevantes e úteis podem ser
aproveitados e a separação artificial entre produtores e
usuários de tecnologia pode ser transcendida”.
Segundo Pereira, Lima e Rezende (2019 p. 853) é
importante a análise e discussão sobre o saneamento
básico, o qual traz melhorias tanto para a população
quanto para as questões ambientais. Os benefícios da
implantação são essenciais para a qualidade de vida
das atuais e futuras gerações e, cada indivíduo tem seu
papel para a construção de um mundo mais justo,
fraterno e sustentável.
Lobo afirmam que a tecnologia social de forma
isolada é incapaz de contribuir de maneira
significativa, ainda que de baixa complexidade e
adaptada às condições locais. A participação da
comunidade, nas etapas de planejamento e
implantação, é indispensável para maximizar sua
efetividade, e dependem da educação ambiental.
Para Madrid et al. (2015) a aplicação da educação
ambiental, no engajamento social na melhoria de
sistemas de saneamento descentralizado, é uma
tentativa de integrar os agentes envolvidos no
processo, onde os beneficiários diretos indicarão as
melhores soluções e garantirão a devida manutenção
dos sistemas. No entanto, os maiores desafios são a
continuidade dessa integração e interlocução da
pesquisa científica com o poder público e população
local, neste processo.
Segundo Passos (2017 p. 127) “pensa-se que EA pode
ajudar a difundir as tecnologias sociais, quando estas
se apresentam como estratégias promissoras de se
superar padrões do atual sistema, especialmente no
que concerne à ciência e à tecnologia, e aparecem
como uma resposta mais adequada às demandas da
sociedade. As Universidades, os Institutos Federais e
os centros de produção de conhecimento, em diálogo
com as comunidades locais, precisam ser parceiros no
desenvolvimento de novas técnicas”.
Na EA é importante além da divulgação dos
conhecimentos aos cidadãos ali residentes, que lhes
sejam também oportunizadas aquisições de
habilidades específicas, pensando-se na lógica de
capacitação para a ação, como define Dias (2002).
Assim, faz-se necessário mudar a visão de que se tem
sobre educação e trabalhar com uma concepção mais
ampliada lançando mão da educação informal e não
formal (CASCAIS; TERÁN, 2014).
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Ações de EA que ocorrem em um espaço próprio,
institucionalizada que prevê conteúdos, são definidas
como formais. Enquanto a educação informal pode
ocorrer em vários espaços, envolve valores e a cultura
própria de cada lugar. Já a educação não formal ocorre
a partir da troca de experiências entre os indivíduos,
sendo promovida em espaços coletivos (CASCAIS E
TERÁN, 2011).
Além disso, a prática da Educação Ambiental (EA),
depende das estratégias de mobilização, sensibilização
e conscientização, por meio de informação oral e
escrita, reuniões e/ou visitas domiciliares, com
envolvimento da comunidade na implantação,
manutenção e operação da técnica pelas próprias
pessoas envolvidas (OLIVEIRA et al. 2015).
Em uma avaliação de tecnologias sociais para gestão
da água (TSGA) Burgardt et al. (2018) corroboram
com os resultados deste trabalho. Concluíram que o
projeto impactou, positivamente, na construção do
conhecimento sobre o meio ambiente, gerando
inovação e aperfeiçoamento das soluções nas
comunidades beneficiadas por meio do diálogo,
mobilização e participação democrática, no
desenvolvimento das atividades.
De acordo com os autores, a implantação das unidades
demonstrativas propiciou a melhoria da qualidade de
vida e transformação social dos moradores
envolvidos, de forma sustentável e comunitária,
também de toda comunidade acadêmica que
participou das ações.
Na pesquisa sobre educação ambiental e sua relação
com o saneamento básico e a saúde pública em Porto
Nacional (TO), Costa, Aguiar e Castro (2019)
concluem que há uma dificuldade de se estudar o
assunto no município. E que não é fácil encontrar
estudos correlatos sobre este tema, mesmo que a
cidade disponha de instituições federais de ensino.
Ainda segundo os autores, apenas a população que
ocupa as áreas mais nobres recebe atenção,
principalmente para o saneamento básico. Com pouca
frequência, promovem pequenas ações em
comunidades mais afastadas do centro. E mesmo com
a EA sendo constitucional, as práticas relacionadas a
ela ficam esquecidas e restritas a datas festivas nas
escolas.
Rodrigues (2019) quando em trabalho na comunidade
quilombola, consideram que a carência de serviços de
saneamento básico, tanto de infraestrutura direta
quanto de educação sanitária surgem como uma
demanda urgente e desafiadora para o poder público e
à sociedade em geral. E afirmam que parte desta falha
pode ser entendida pelos desafios operacionais de
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identificação, articulação e disseminação de
informações para as comunidades mais isoladas.
A realidade local é semelhante às apresentadas em
estudos relacionados. E, portanto, a implementação da
tecnologia de TSB, nas localidades das ações, é um
avanço no que diz respeito às práticas de educação
ambiental relacionadas à temática de saneamento
básico, especialmente com foco em esgotamento
sanitário.
CONCLUSÃO
O sistema de TSB implementado, nas residências, das
comunidades rurais e áreas afastadas dos centros
urbanos, foi o modelo aterrado. Construído com
bombonas de plástico, tubos e conexões de PVC, e
disposição final no solo em vala de infiltração. É,
portanto, acessível à população, para assistir famílias
de até cinco pessoas, e constitui-se em uma tecnologia
social.
Foram sete implementações no total, em quatro
localidades em Teófilo Otoni e Malacacheta, ocorridas
por meio de eventos de extensão universitária, de
educação e meio ambiente, na linha de extensão sobre
questões ambientais, que perpassaram os processos de
mobilização e comunicação.
Considera-se que houve a interação da implementação
dos TSB com a prática de EA, pois, as ações
possibilitaram a socialização de conhecimentos e
sensibilização dos envolvidos em relação à construção
da tecnologia, utilizando materiais reutilizáveis, para
esgotamento sanitário em residências que não
possuem rede coletora de esgoto, de forma
motivacional e participativa, envolvendo acadêmicos,
internos e externos, bem como moradores locais.
AGRADECIMENTOS
Dedicamos este trabalho a todos os cidadãos que
participaram efetivamente deste projeto, que, em toda
sua simplicidade transformou este em um trabalho
avultado.
REFERÊNCIAS
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. NBR 7229/1993: Projeto,
construção e operação de sistemas de tanques
sépticos. Rio de Janeiro-RJ, 1993.
ALMEIDA, Alexandre Celestino Leite. Modelos
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em redes sociais e detecção de clusters de doenças.
2011. 113 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia
Elétrica, Departamento de Engenharia Elétrica,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
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