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RESUMO
Este trabalho apresenta uma metodologia para ajustamento de redes geodésicas GPS de densificação ou extensão, a qual
substitui com vantagem o tratamento clássico que utiliza um ajustamento livre seguido por uma “transformação de
Helmert”. A característica deste método é introduzir um procedimento estatisticamente ótimo, baseado no princípio dos
mínimos quadrados, que permita ajustar a nova rede vinculando-a a pontos fiduciais e conectando-a a pontos de ligação
com redes vizinhas de mesmo nível, considerados “hierarquicamente superiores”. A técnica da “propriedade
reprodutora” permite que esses pontos sejam ponderados em função das variâncias decorrentes de suas determinações,
mas tenham suas coordenadas preservadas. O procedimento adotado consiste em fazer com que as variâncias dos
pontos de injunção sejam introduzidas na nova rede, e que as coordenadas desses pontos, modificadas pelo ajustamento,
sejam recuperadas.
ABSTRACT
This work presents a methodology for the adjustment of GPS geodetic networks of densification or extension, which
substitutes with advantage the classic treatment that uses a free net adjustment followed by a “Helmert transformation”.
The feature of this method is to introduce a statistically optimal procedure, based on least squares principle, that allows
adjust the new network linking it to fiducial points and connecting it to tie-points with same level neighbor networks, all
them considered “hierarchically superior”. The “reproducing property” technique allows that these points were
weighted up in function of the variances gone of its determinations, but they have its coordinates preserved. The
adopted procedure consists in make that the constraint point variances were introduced in the new network, and that the
coordinates of these points, changed by the adjustment, were retrieved.
onde o vetor λ̂a (lx1) corresponde às coordenadas dos posteriori, o numerador é a soma acumulada dos
pontos de injunção, modificadas pela consideração de “VTPV” das observações e dos pontos de injunção
suas variâncias no ajustamento. incluídos como parâmetros e o denominador é o número
de graus de liberdade do sistema.
As matrizes variância-covariância de X̂ a e
2.2 Aplicação da propriedade reprodutora
λ̂a são prontamente obtidas por: Embora o procedimento descrito apresente um
⎡∑ Xˆ a × ⎤
−1 método ótimo para a densificação, seu uso tem sido
⎡N K T ⎤
σ ⎢ 2
0⎥
= ⎢ ⎥ , (7) relutante devido a alterações apresentadas nas
⎣ K − Q1 ⎦ ⎢⎣ × ∑ λˆa ⎥⎦
0
coordenadas dos pontos de injunção, como
conseqüência de:
com × significando as covariâncias σ Xˆ ,λˆ = 0 ,
a a
l
[V~ ] ≠ 0.
1
0 1
ou, alternativamente, por: Isso pode ser resolvido pelo uso da técnica
denominada “propriedade reprodutora”, que consiste na
∑ Xˆ = σ 02 (N + K T P10 K ) =
−1
a utilização da equação:
( ) Xˆ a = Xˆ a + K T (KK T ) V10 ,
−1 ˆ −1 ~
= σ 02 N −1 − σ 02 N −1 K T Q10 + KN −1 K T KN −1 (15)
(8) ˆ
onde Xˆ a e X̂ a apresentam-se sob a forma:
∑ λˆ = σ 02 (Q10 + KN −1 K T ) = [ ]
−1
[ ]
1
⎡ Xˆ a 1 ⎤ ⎡ ˆ a 1⎤
1
Xˆ a = ⎢ ⎡ ˆ a ⎤1 ⎥ e Xˆ a = ⎢ m a1 1 ⎥ ,(16)
a
ˆ m 1 X
= σ P − σ P K (N + K P K ) K P [ ]
−1
2 0 2 0 T 0 T 0
1 ,
⎢ Xˆ ⎥ ⎢⎣ l Xˆ 2 ⎥⎦
⎢ ⎢ ⎥ ⎥
0 1 0 1 1
(9) m+l ⎣ l ⎣ 2
⎦ ⎦ m + l
Os resíduos são proporcionados através das pontos de injunção modificadas pelo ajustamento
ˆa
equações: injuncionado e o sub-vetor Xˆ 2 representa as
~
V = L − A1 Xˆ 1a − A2 Xˆ 2a = L − AXˆ a , (10) coordenadas dos pontos de injunção, após a aplicação
da propriedade reprodutora, reproduzidos tal e qual elas
~ eram por ocasião da entrada de dados (Schaffrin, 2001).
V10 = Xˆ 1 − Xˆ 1a = Xˆ 1 − KXˆ a = −Q10 λ̂a =
2.3 O procedimento
[ ] [σ ] ⎤⎥
m+l
~ ⎡ n [Lb ] ⎤ 1 1
⎡
∑ Xˆ 1a
m l
Lb = ∑ Xˆ a = ⎢⎢ σ m
[ ]
⎢ ˆ 1⎥ , Xˆ 1a Xˆ 2a
[ ] [∑ Xˆ ] ⎥⎦
(17) m m .(21)
⎢ X 2 ⎥⎦
n +l ⎣ l
a l
m +l ⎣ l
Xˆ 1a Xˆ 2a l 2
[]
1
completada com zeros e posteriormente invertida e ⎡ n V~ 1 ⎤
multiplicada pelo fator de variância arbitrado a priori: ⎢ ⎥
A matriz dos coeficientes também deve ser V= ⎢ ⎥ , (24)
modificada, sendo acrescida a matriz K (lxm) da
seguinte maneira:
⎢ V ⎥
n +l ⎣
~
l 1
0
[ ]
1
⎦
⎡ n [ ( A) ]m ⎤
m
~ e sua matriz variância-covariância já foi apresentada
A= ⎢
]m ⎥⎦
. (19) pela Equação 13.
n +l ⎣ l
[ (K )
2.4 O programa “DATA”
2.3.2 Nos dados de saída O programa DATA tem por finalidade servir de
Nos dados de saída do programa AJUSTVET banco de dados matriciais para o programa AJUSTVET.
deve-se observar os vetores ajustados dos parâmetros e Sua saída fornece as seguintes informações:
das observações, as matrizes variâncias-covariância das Lb = vetor das observações brutas;
observações e dos parâmetros ajustados e, com bastante ∑Lb = matriz variância-covariância das observações
atenção, o vetor dos resíduos das observações, já que ele brutas;
é importante na análise dos resultados do ajustamento. A = matriz dos coeficientes do sistema.
As coordenadas dos pontos de injunção O vetor Lb e a matriz ∑Lb são os elementos de
aparecem nos vetores ajustados dos parâmetros e entrada da transformação estatística que o ajustamento
também das observações. O mesmo acontece com suas representa. Neste programa, eles são montados com os
[ ]
realizar o ajustamento vetorial de redes geodésicas GPS,
utilizando o modelo paramétrico linear através do [
N * = AT * P * A + E T * E ]
−1
(
− ET E * ET * E * ET )−1
E,
método dos mínimos quadrados. (26)
O programa tem a possibilidade de realizar os onde
seguintes tipos de ajustamento:
− − −
NP
⎡1 0 0 1 0 0 1 0 0⎤
1- ajustamento livre;
E = ⎢0 1 0 0 1 0 − − − 0 1 0⎥ .
2- ajustamento injuncionado, onde são fixadas ⎢ ⎥
as coordenadas dos pontos de injunção bem como de ⎢0
3⎣
0 1 0 0 1 − − − 0 0 1 ⎥⎦
outros hierarquicamente superiores, conforme citado na (27)
Seção 1.2 (Vasconcellos, 2003).
O resultado da solução das equações normais é
o vetor dos parâmetros ajustados “Xa”, fornecido num
2.5.1 Elementos de entrada e saída primeiro momento em coordenadas cartesianas
O mecanismo de entrada e saída dos dados é tridimensionais (X, Y, Z), calculado pela equação:
[ ] .[A ]
feito de modo a permitir flexibilidade de INV
dimensionamento das variáveis alocadas às diversas X a = AT PA T
PLb , (28)
possibilidades do programa. onde o sobrescrito “INV” significa que a equação está
Os dados iniciais entram por quatro vias de sendo apresentada de forma genérica e, portanto, pode
acesso diferentes: tratar-se de inversa ordinária ou pseudo-inversa.
- Via direta: parâmetros constantes; A seguir, para levar as coordenadas ao
- Via teclado: número de vértices, de vetores e de elipsóide e oferecer os parâmetros ajustados em
pontos de injunção e o fator de variância a priori; coordenadas geodésicas, há necessidade de se realizar a
- Via banco de dados: matrizes iniciais, com suas transformação realizada por processo iterativo:
possibilidades, conforme foi visto na Seção 2.4;
- Via geração numérica: são geradas as seguintes ⎡X ⎤ ⎡ϕ ⎤
matrizes: ⎢
Xa = Y ⎥ ⇒ X a = ⎢λ ⎥ .
P = matriz dos pesos das observações, e ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
E = matriz auxiliar da pseudo-inversa (Leick, ⎢⎣ Z ⎥⎦ TRI ⎢⎣ h ⎥⎦ GEO
1994), descrita na Equação 27. De posse dos parâmetros ajustados em
coordenadas cartesianas, fica-se em condições de
2.5.2 Solução das equações normais determinar o vetor dos valores ajustados das
Na solução das equações normais será observações e o vetor dos resíduos das mesmas através
necessário inverter a matriz normal “N”, a qual é obtida das equações:
pela forma quadrática:
La = AX a , (29)
e
N = AT * P * A. (25)
V = La − Lb (30)
∂z
= zero (40)
⎡ ⎤
K .z (42)
ϕ = arctg ⎢ ⎥,
⎢⎣ x 2 + y 2 ⎥⎦ ∂h ⎡ Kz Ne 2 sen 2ϕ ⎤ ⎡ K .δϕ ⎤
=⎢ +
∂z ⎣ cosϕ 2(1 − e sen ϕ )⎦ ⎣ (x + y + K z )⎦
⎥
2 2
.⎢ 2 2 2 2 ⎥
1
sendo K =
1 − e2 (43)
As variáveis ainda não definidas são as
∂ϕ − K . z. x.δλ seguintes:
= 2 - δϕ: correção de latitude devida ao valor de 1”
∂x (x + y 2 + K 2 z 2 )S
(35)
de arco de meridiano, cujo valor foi considerado
∂ϕ − K . z. y.δλ constante para o território brasileiro e igual a:
= 2
∂y (x + y 2 + K 2 z 2 )S
(36)
δϕ = 30,775 [metros por segundo de arco]; (44)
condicionamento, por ser uma forma quadrática da a matriz peso são diagonais, e o modelo do teste “data
matriz dos Coeficientes, que é uma matriz esparsa. snooping” pode ser reduzido à forma:
vi
wi = , (64)
b) Identificação σv
O teste do Qui-quadrado apenas detecta a i
presença de inconsistências no ajustamento, mas não os onde “vi” representa o i-ésimo resíduo e “ σ vi ”
localiza. Para identificá-la, é necessária sua representa o desvio-padrão desse resíduo.
especificação através da matriz “C”. No caso em que q
= 1, ela passa a ser um vetor (m x 1), dado por: c) Adaptação
Ci = [0 ... 1 0 0 ... 0] .
T
(60) Ao identificar o problema que provavelmente
tenha causado a rejeição do ajustamento, torna-se
A hipótese básica H0 é testada contra a hipótese necessário tomar algumas medidas para tornar a
alternativa Ha através da seguinte expressão: hipótese básica aceitável. Três medidas podem ser
T tomadas: a observação que contém o erro pode ser
Ci PV eliminada, ou substituída, ou as hipóteses podem ser
wi = . (61)
CiT P ∑V PCi reformuladas.
Se a observação for eliminada, o número de
redundância diminui, e deve ser aplicado um novo teste
A hipótese básica é: global, agora com menos graus de liberdade. Se a
H 0 : wi ~ N(0; 1), observação for substituída, essa observação também
deve ser testada, ou seja, deve ser aplicado um novo
e o nível de significância “α” usado no teste do Qui- teste global (χ2). Se as hipóteses forem reformuladas,
quadrado, ideal para “q=n-m” graus de liberdade, deve significa que a hipótese básica deve ser substituída por
ser adaptado ao número de erros “(1≤q<n-m)” que se uma nova hipótese que leve em conta o erro
pretende localizar. Nesse caso, com q=1, o nível de identificado. Nesse caso, a hipótese alternativa torna-se
significância do teste unidimensional, é adaptado para: a hipótese básica, e o teste global deve ser aplicado
α 0 = 1 − (1 − α ) m .
1
novamente (Marini, 2002).
(62)
Após a aplicação dos testes, pode ocorrer a não
aprovação no teste do qui-quadrado, e a não
A hipótese básica é aceita se: identificação no teste dos resíduos padronizados. Isso
significa que o fator de variância a posteriori continua
∑L b = σˆ 02 ∑ Lb , (65)
Q=
∑X a( GEO )
, (66)
Fig. 1: Exemplo de uma elipse da rede de Santa Catarina.
σˆ 02
na qual cada bloco diagonal (3 x 3) corresponde a um 3 ESTUDO DE CASO: REDE GPS DO ESTADO
ponto ajustado da rede, donde se extraem os elementos: DE SANTA CATARINA
⎡ q ixx q ixy q xzi ⎤ A aplicação da metodologia a um caso real de
⎢ ⎥
Qi = ⎢ q iyx q i
yy q iyz ⎥ , extensão ou densificação de uma rede GPS, foi
realizada com a rede do Estado de Santa Catarina por
⎢ q zxi q i
q zzi ⎥⎦
⎣ zy enquadrar-se perfeitamente no problema proposto,
os quais são aplicados nas equações que determinam os tratando-se de um caso típico de uma rede estadual de
elementos de construção das elipses e barras de erros. extensão, vinculada à RBMC pela fixação de pontos de
As expressões para o cálculo da variância injunção, e conectada à rede vizinha do Paraná através
máxima e da variância mínima necessários à construção da ocupação de pontos da mesma, de modo a criar uma
das elipses são, respectivamente: região de interseção entre elas (Vasconcellos, 2003).
Nessa rede existem, portanto, dois tipos de
σˆ 02
σ 2
máx = (q xx + q yy + M ) , (67) pontos de injunção, hierarquicamente superiores, que
devem ter suas coordenadas preservadas: um ponto
2
e próximo, da RBMC, que lhe dará suporte de fixação e
três pontos de interseção com a rede vizinha do estado
σˆ 02
σ mín
2
= (q xx + q yy − M ) , (68) do Paraná, também ocupados na campanha de
2 observação, gerando vetores injuncionantes.
onde: A configuração final da rede ficou assim
+ (q xx − q yy ) ;
constituída, conforme pode ser visto na Figura 1:
M = 4.q xy
2 2
(69)
e, para o ângulo crítico: - Pontos da rede em Santa Catarina: 1-Blumenau, 2-
Caçador, 3-Campos Novos, 4-Chapecó, 5-Criciúma, 6-
2.q xx
sen( 2t ) = , (70) Florianópolis, 7-Imbituba, 8-Itajaí, 9-Ituporanga, 10-
M Joinville, 11-Lages, 12-Mafra, 13-São Miguel d’Oeste;
q xx − q yy - Pontos de injunção (conexão com o Paraná): 14-
cos(2t ) = , (71) Bituruna, 15-Clevelândia e 16-Francisco Beltrão;
M - Ponto de injunção (ligação com a RBMC): 17-PARA
2.q xx (Curitiba-PR).
tg ( 2t ) = . (72)
q xx − q yy
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS