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Manual do Produtor de Moluscos

ASSENTAMENTO
REMOTO DE LARVAS
DE MEXILHÃO

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Manual do Produtor de Moluscos

ASSENTAMENTO
REMOTO DE LARVAS
DE MEXILHÃO
D il ma Vana Rous s eff
Presidente da República Federativa do Brasil
Ma ria Fe r n a n d a N i n c e Fe r r e i r a
Secretária de Planejamento e
SUMÁRIO
Ordenamento da Aquicultura
E du ardo Ben ed it o L op es
Ministro da Pesca e Agricultura Ad a lmy r M o r a e s B o r g e s
Diretor do Departamento de Planejamento 1. INTRODUÇÃO 6
Otac íl i o d e L ima Ara újo e Ordenamento da Aquicultura em
Secretário Executivo Estabelecimentos Rurais e Áreas Urbanas
2. FORMAS DE OBTENÇÃO DE SEMENTES 8
Rod rig o R o u b a c h Raspagem dos costões
Coordenador Geral de Planejamento e
Coletores artificiais
Ordenamento da Aquicultura Marinha em
Estabelecimentos Rurais Produção em laboratório

3. ASSENTAMENTO REMOTO 10
3.1 OBTENÇÃO DAS LARVAS
E quip e T é c n i c a 3.2 ASSENTAMENTO NO MAR
Claudio Manoel R. de Melo, Dr. Estruturas de cultivo
Francisco Carlos da Silva, Msc.
Jaime Fernando Ferreira, Dr. Transferência das larvas para o mar
Gilberto J. P. O. de Andrade, Dr. Crescimento e Manejo
Carlos Henrique A. de M. Gomes, Msc.
Marisa Bercht, Msc. 3.3 ASSENTAMENTO EM CANAL DE ÁGUA (RACEWAY)
Claudio Blacher, Msc.
Caio Silva Turini, Msc. 4. PONTOS IMPORTANTES 18
Jaqueline de Araújo, Msc.
Luiz Ricardo da Silva 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 19

Rea liz a ç ã o
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19
Laboratório de Moluscos Marinhos UFSC

7. APÊNDICE I 20
Ap oio
EPAGRI - Centro de Desenvolviemnto em O assentamento remoto de mexilhões em 12 lições
Aquicultura e Pesca - CEPAD
Fazenda Marinha Cavalo Marinho 8. APÊNDICE II 24
Fazenda Marinha Atlântico Sul
Fases de desenvolvimento: de larva à semente
C on v êni o
Portaria n° 438/2012
Ministério da Pesca e Aquicultura
Foto da capa: Fazenda Marinha Cavalo Marinho
Florianópolis 2014

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1. INTRODUÇÃO 2.000 áreas marítimas para
Em Santa Catarina a O processo de o cultivo de moluscos. Este
A produção mundial de mo- produção de moluscos regularização crescimento poderá levar a
luscos, em 2010, atingiu 14,2 bivalves é expressiva, possibilitará aos atividade a atingir níveis em-
milhões de toneladas, repre- fazendo do estado maricultores o acesso presariais e profissionais mais
sentando 23,6% da produção o maior produtor do a políticas públicas de elevados, permitindo o aporte
total em aquicultura. Desta país. incentivo à produção, de recursos e investimentos
produção aproximadamente tais como crédito privados, que deverão pro-
12,5% referem-se à produção subsidiado para mover o desenvolvimento e a
CEDAP, 2013).
de mexilhões (FAO 2012). custeio de safras e industrialização do setor. Tal
O molusco bivalve mais pro-
investimentos em fato possibilitará a diversifica-
duzido em 2012 foi o mexi-
Em 2012, a produção total de infraestrutura. ção da produção e distribuição
lhão Perna perna, com 21.037
moluscos bivalves comercia- de produtos com qualidade
toneladas, representando
lizados em Santa Catarina certificada.
89,49% da produção total. representando um aumento
(mexilhões, ostras e vieiras) Para dar sustentabilidade a
Os municípios que mais contri- de 41,7% e de 12%, respecti-
foi de 23.495 toneladas, re- esse aumento na produção,
buíram para a produção total vamente, em relação à safra
presentando um aumento de é necessário que haja oferta
desta espécie foram Palho- 2011.
28,71% em relação à produ- de larvas e sementes de me-
ça, com 13.753 toneladas, e
ção da safra de 2011 (EPAGRI/ xilhão.
Penha, com 2.930 toneladas, Estima-se que, em breve a
produção de moluscos em
Santa Catarina ultrapasse os
O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Utilizar apenas
patamares atuais devido à
Recursos Naturais Renováveis) estabelece através sementes
regularização da maricultura
da Instrução Normativa n° 105, de 20 de julho de provenientes
no Estado, incrementando o
2006, períodos de defeso do mexilhão Perna perna da extração em
número e o tamanho das áre-
nas regiões sudeste e sul do Brasil, de 1 de setembro estoques naturais
as aquícolas. Este processo
a 31 de dezembro de cada ano. Estabelece, também, é insustentável
está em fase de execução e
critérios para a retirada de sementes nos costões, ambiental e
irá resultar no desenvolvimen-
limitando a quantidade e a forma de extração. economicamente.
to e ocupação de um total de

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2. FORMAS DE OBTENÇÃO DE SEMENTES no recrutamento de semen-
DE MEXILHÕES tes (Figura 1). Apesar do baixo Atualmente, o
custo financeiro, é importan- Laboratório de
a) Raspagem dos costões te ressaltar que esta técni- Moluscos Marinhos
As sementes são retiradas dos costões através do processo de ca não apresenta captação da UFSC é o único
raspagem. Este método é prejudicial ao ecossistema, tendo em regular ao longo do tempo e no Brasil a fornecer
vista que os estoques naturais apresentam baixa capacidade pode variar de acordo com as larvas olhadas de
de recuperação. Além disso, estudos comprovam que as semen- condições ambientais e entre mexilhões para
tes provenientes de costão não apresentam bom crescimento as diferentes localidades em assentamento
em cultivo. Santa Catarina. Isso impossi- remoto.
bilita que o produtor faça um
b) Coletores artificiais planejamento de sua produ-
Consistem na instalação de estruturas no mar, como cabos fi- ção.
lamentosos, para captação de larvas de mexilhões, resultando
c) Produção em laboratório
As larvas (Figura 2) e sementes de mexilhões são produzidas
em laboratório a partir de reprodutores cultivados. Esta técnica
envolve diferentes etapas, como desova, larvicultura, assenta-
mento e produção de microalgas, entre outras. A produção de
larvas em labora-
tório contribui para
a estabilidade da
produção, favore-
cendo o crescimen-
to da mitilicultura.

Figura 2 - Larvas de
mexilhões Perna perna,
com pé ativo, prontas para
assentamento.
Figura 1 - Recolhimento de cabo coletor de sementes de mexilhões Perna perna. (Foto: Laboratório de
(Foto: Felipe M Suplicy) Moluscos Marinhos)
8 9
3. ASSENTAMENTO REMOTO As larvas a serem entregues aos produtores são selecionadas
por tamanho, em malhas de 210 e 230 micrometros (μm), emba-
3.1 OBTENÇÃO DAS LARVAS OLHADAS ladas em telas de náilon (100 μm) e mantidas úmidas dentro de
caixas de isopor (Figura 3). O produtor as transfere para a água
O Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM) produz larvas olha- do mar no menor tempo possível.
das, (larvas prontas para o assentamento) de mexilhão (Per-
na perna), a fim de direcioná-las aos produtores. O produtor as 3.2 ASSENTAMENTO NO MAR
adquire e realiza o assentamento na própria fazenda marinha,
colocando-as em estruturas apropriadas no mar ou em canal de a) Estruturas de cultivo
água (Raceway). Esta técni- As estruturas utilizadas são, O Assentamento
ca, conhecida como assenta- em geral, caixas flutuantes Remoto é uma técnica
mento remoto, é ambiental- Após a entrega das de madeira (1,0 x 1,0 metro), ambientalmente
mente correta e segura para larvas aos produtores, divididas em quatro reparti- correta e segura
a obtenção de sementes de recomenda-se que ções (0,5 x 0,5 metros cada para a obtenção
mexilhão. Esse tipo de assen- sejam mantidas na repartição), contendo cabos de sementes de
tamento permite que o pro- geladeira (5°C a 7°C) filamentosos (cabos coleto- mexilhão.
dutor faça uma previsão de por no máximo 24 res) para fixação das larvas
produção, além de preservar horas. (Figura 4). Os flutuadores para
os estoques naturais. as caixas podem ser boias de tubos de PVC (40 ou 50 mm de di-
âmetro) com as extremidades fechadas com tampão. As faces
da caixa são feitas de telas de náilon (180 μm), o que permite a

Figura 3- Larvas olhadas de mexilhão Perna perna embaladas para transporte. Figura 4 - Caixas flutuantes para assentamento remoto de mexilhão Perna perna.
(Foto: Laboratório de Moluscos Marinhos) (Foto: Laboratório de Moluscos Marinhos)
10 11
entrada da água do mar. O objetivo é manter as caixas flutuan- Recomenda-se colocar as cai-
do na linha da água, de forma que ocorra bastante circulação de Biofilme é uma xas, contendo os cabos co-
água, espalhando as sementes e oxigenando a água. camada de bactérias letores, no mar, 15 dias antes
que se forma sobre do povoamento com as larvas
Os coletores filamentosos podem ser de cabos desfiados, cabo os objetos mantidos olhadas, para criar um “biofil-
tipo árvore de natal e redes trançadas, dentre outros, que ser- submersos na água, me” nos cabos que favorecerá
virão de substrato para a fixação das larvas (Figura 5). favorecendo o a fixação das larvas.
assentamento das
larvas. b) Transferência das larvas
para o mar
O trabalho de assentamento
remoto é iniciado com a saída das larvas do laboratório. O seu
transporte para a fazenda deve ser o mais breve possível, a fim
de evitar que elas fiquem muito tempo fora da água.
Na fazenda, o primeiro passo é aclimatá-las. Para tanto, colo-
Figura 5- Diferentes tipos de cabos filamentosos utilizados como coletores para
cam-se as larvas em um balde ou outro recipiente semelhante
assentamento das larvas de mexilhão. contendo água do mar da própria área de cultivo, por aproxima-
(Foto: Laboratório de Moluscos Marinhos)
damente 15 minutos, para que elas possam se adaptar a essas
De acordo com o crescimento das sementes, os coletores, já novas condições.
contendo as larvas fixadas, devem ser transferidos para caixas
com telas de maior abertura, conforme o quadro abaixo. Durante o período de aclimatação, inicia-se a abertura das cai-
xas e acomodam-se os coletores (já com biofilme) para receber
TAMANHO APROX. TAMANHO as larvas. Estando as caixas abertas, retira-se do balde a quan-
TEMPO DE CULTIVO DA MALHA (µm)
DA LARVA (µm) tidade de larvas desejada (quantidade proporcional ao tamanho
Início até 30 dias 210-500 180
do coletor utilizado) e, com a ajuda de um regador de jardim, es-
palham-se as larvas sobre os coletores (Figura 6), sempre cui-
30-90 dias 500-750 280 dando para mantê-las no espaço interno da caixa.
90-120 dias 750-1500 500
De forma geral, com 1 milhão de larvas é possível povoar 1 caixa
>120 dias >1500 1000
de 1 x 1 metro, com 4 subdivisões. Em cada subdivisão é possível
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colocar aproximadamente 10 metros de coletor, resultando em madas de sementes. Para retirá-las dos coletores e confeccio-
25.000 larvas/metro de coletor. Imediatamente após o povoa- nar as cordas, as sementes devem ter entre 20 mm a 30 mm de
mento, as caixas devem ser recolocadas na água. comprimento.

c) Crescimento e manejo
Durante o período em que as larvas estão nas caixas é neces-
sário realizar o manejo das mesmas. Semanalmente as caixas
devem ser observadas, para verificar se há necessidade de lim-
peza das telas a fim de retirar toda a sujeira acumulada, permi-
tindo sempre uma boa circulação de água para as sementes. A
limpeza pode ser feita com jato de água ou escovando as telas
e deve ser realizada em intervalos não superiores a 15 dias.

Além da limpeza as sementes devem ser peneiradas a fim de


se acompanhar seu crescimento, procurando manter a quanti-
dade adequada ao espaço disponível (repicagem). A repicagem
deve ser feita a cada 30 dias e, para tanto, se faz necessária a
adição de mais caixas flutuantes ao sistema. Durante os primei-
Figura 6- Povoamento (semeadura) das caixas flutuantes com larvas olhadas do mexilhão
Perna perna. (Foto: Fazenda Marinha Atlântico Sul) ros 60 dias as sementes são peneiradas somente em água do
mar. Após esta etapa, o peneiramento deve ser feito em água
Encerrada a etapa de povoamento, as larvas são mantidas no doce, para auxiliar na soltura do bisso, facilitando a separação
mar para se assentarem, crescerem e se transformarem em se- dos animais (Figura 7).
mentes.

Quando saem do laboratório, as larvas encontram-se aptas à


fixação. Nesta etapa, elas alternam seus movimentos entre a
natação e o rastejamento, até iniciarem sua fixação, realizada,
preferentemente, sobre um substrato filamentoso. Após essa
primeira fixação, as larvas migram para um substrato mais rígido A B

onde se fixam mais firmemente. A partir desse ponto são cha- Figura 7 – A. Destacamento das sementes para peneiramento. B. Seleção de tamanho e
14 repicagem (Foto: Felipe M. Suplicy/Cavalo Marinho). 15
TAMANHO
Esta rotina de manejo das estruturas e acompanhamento do QUANTIDADE DA MALHA Pode-se programar o número
TEMPO DE CAIXAS (µm)
crescimento dos animais segue até que as sementes atinjam 1 180
de caixas e a malha ideal a ser
tamanho adequado (2-3 cm) para serem transferidas para cor- 30 dias utilizada, conforme o desen-
1 280
das de cultivo e, então, prosseguirem sendo cultivadas de acor- 1 180 volvimento das sementes (veja
do com as técnicas tradicionais da mitilicultura (Figura 8). 2 280 quadro ao lado).
60 dias 1 500
1 700 A evolução do crescimento e
1 1000 a engorda das sementes ao
1 280 longo do processo podem ser
1 500 visualizadas nas páginas 24 e
120 dias*
1 700 25 deste manual.
2 1000
A B

Figuras 8 – A. Sementes prontas para ensacamento B. Cabos coletores com sementes,


envolvidas por malha de algodão, prontos para serem colocadas nos long-lines. 3.3 ASSENTAMENTO EM CANAL DE ÁGUA (RACEWAY)

Após a obtenção das larvas no laboratório, estas podem ser co-


locadas em canal de água (raceway).
DICA RENDIMENTO
Neste tipo de técnica de assentamento remoto, são utilizados
Para definir a ESPERADO = 25%
tanques localizados em local abrigado e perto do mar. É neces-
densidade, coloque sário um sistema de bombeamento da água do mar para estes
as sementes no DE 1 MILHÃO DE
canais (tanques), para que ocorra a troca constante de água e
quadrado da caixa LARVAS OLHADAS =
oferta de alimento para as larvas ou sementes. Na saída dos ca-
e espalhe, para que 250.000 SEMENTES
nais deve ser colocada uma tela de tamanho adequado para evi-
elas ocupem metade tar a perda das larvas ou sementes. Para isso, deve-se obedecer
do quadrado. Quando Esta quantidade de as recomendações fornecidas no quadro anterior. Um pequeno
estiverem novamente sementes gera de compressor de ar deve ser utilizado para promover a aeração da
ocupando todo o 250 a 300 cordas com água. Dentro dos canais são colocados os coletores artificiais
quadrado é hora de 2 kg de massa e 1 m de (já com biofilme) de forma que ocupem a maior área possível. A
repicar. comprimento. quantidade de larvas por metro de coletor deve ser calculada,
conforme já citado, para assentamento em caixas flutuantes.
16 17
4. PONTOS IMPORTANTES 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Maturar o coletor por imersão em água do mar durante 7 a 15 A Fazenda Marinha Atlântico Sul desenvolveu uma tecnologia
dias antes do povoamento (semeadura) com as larvas, para de assentamento remoto com nível satisfatório e ministrou
formação do biofilme; inúmeros cursos gratuitos, em parceria com o SENAR/SC, para
o ensino da técnica de assentamento remoto aos produtores.
• Distribuir o coletor dentro do quadrado da caixa uniformemen-
te até completar a superfície; O programa de distribuição de larvas de mexilhões é fomentado
pelo Ministério da Pesca e Aquicultura e já permitiu ao Laborató-
• As larvas devem ser espalhadas uniformemente sobre os co- rio de Moluscos Marinhos (LMM) da UFSC distribuir mais de 200
letores; milhões de larvas de mexilhões em quatro anos de atividades,
beneficiando mais de 130 produtores.
• Na primeira repicagem retirar as sementes do coletor;

• Após retirar as sementes, retornar uma caixa com o coletor, 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
pois algumas sementes, ainda pequenas, poderão crescer no
EPAGRI/CEDAP (2013). Síntese informativa da maricultura 2012.
próprio coletor;
Disponível em: http://www.epagri.sc.gov.br
• Raspar o restante das sementes da caixa;
FAO (2012). The state of world fisheries and aquaculture. Food
and Agriculture Organization of the United Nations, Rome. Dis-
• Caso o crescimento seja homogêneo e as sementes estejam
ponível em: http://www.fao.org
grandes e bem fixas, pode-se colocar o coletor, contendo as
sementes diretamente no sistema de cultivo, com a malha de
algodão por fora,

18 19
7. APÊNDICE 1
O ASSENTAMENTO REMOTO DE MEXILHÕES EM 12 LIÇÕES

4
As larvas chegam em uma caixinha Os coletores no interior das cai-
1 de isopor. No laboratório, são penei- xas devem estar bem molhados. O
radas em malhas de 210 a 230μ e conteúdo do balde (água e larvas)
embrulhadas em uma trouxinha de é transportado para um regador de
rede de nailon de malha de 180μ. A jardim. Regam-se então cuidado-
trouxinha é aberta e elas são libera- samente os coletores ajeitados na
das em um balde, previamente pre- base da caixa.
enchido com água do mar, para que
se faça a aclimatação.

A aclimatação leva em torno de 15 5


2 Terminada esta etapa, com todas
minutos. É realizada para que as lar-
as larvas distribuídas da forma mais
vas se adaptem às novas condições
homogênea possível, a tampa é uni-
da água, diferentes daquelas do la-
da à base da caixa e firmemente fe-
boratório (material em suspensão,
chada.
salinidade, temperatura). Elas são
gentilmente mexidas com movimen-
tos verticais para que se recuperem
e voltem à livre natação.
Ilustrações: Flavia Ribeiro Couto

Bom sinal de que as larvas estão A caixa é lançada ao mar, amarrada


boas para o assentamento é a for- 6 ao espinhel. A fuga das larvas é im-
3 possibilitada, assim como é restrin-
mação de “cordões” de larvas. Na
fase de assentamento elas produ- gida a entrada de predadores. Ao
zem um muco e vão se “embaraçan- mesmo tempo, o balançar do mar
do” mutuamente nele, gerando os provê constantemente suprimento
“cordões” verticais. de água nova, rica em oxigênio e fi-
toplâncton.
20 21
7 10
As caixas com os coletores ou já Por fim, as pencas recém feitas são
sem eles, apenas com sementes, amarradas ao espinhel. Caso te-
devem ser lavadas a cada 10 dias, nham recebido a proteção externa,
mais ou menos. Isso evita que as in- esta deverá ser retirada em um mês.
crustações e o lodo fechem as ma- Quando as sementes atingirem de 2
lhas e impeçam a entrada de água a 3 centímetros, faz-se avaliação da
nas caixas. necessidade de desdobre.

8 11
Ao atingirem o tamanho de um a dois O desdobre é realizado após uns dois
centímetros, as sementes são reti- meses, caso se perceba excesso de
radas das caixas para confecção de mexilhões nas pencas, o que causa
pencas. Para tanto, peneiram-se as queda na taxa de crescimento.
mesmas para maior uniformidade de Durante esse período fazem-se a
crescimento e rendimento na colhei- vigília dos espinheis e os reparos ne-
ta. cessários em cabos, bóias e pencas
para evitar perdas de safra.

Essas pencas poderão ser prelimi-


nares e sofrer desdobre mais tarde,
9 à medida que se perceba, durante a 12
engorda, excesso de mexilhões que Os mexilhões estarão prontos para
Ilustrações: Flavia Ribeiro Couto

comprometam o crescimento. comercialização em sete meses. Es-


Um cuidado necessário deve ser pera-se para fazer a colheita quan-
realizado. As pencas precisam de do o rendimento estiver perto dos
proteção externa de rede plástica, 20%, ou seja, cinco quilos de mexi-
para evitar predação provocada por lhão vivo rendendo um quilo de carne.
peixes.

22 23
8. APÊNDICE 2
FASES DE DESENVOLVIMENTO DAS LARVAS AS SEMENTES

Visão de uma caixa com


Semeando larvas nos coletores cheios de
coletores. sementes aos 75 dias.

Pré-sementes com 30 dias Sementes com 105 dias.


depois de assentadas.
Fotos: Fazenda Marinha Atlântico Sul

Pré-sementes com 45 dias Sementes prontas aos


depois de assentadas. 135 dias.

24 25

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