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OS PRIMEIROS EMPREENDEDORES DO CENTRO OESTE DE MINAS – TERCEIRA PARTE -

Continuando com nosso tema que é com uma dose de saudosismo recordar
os personagens importantes de nossa história local.
Hoje na Terceira Parte vamos lembrar do Senhor Antônio Zacarias Álvares da
Silva. Provavelmente o primeiro empreendedor da região nascido em nossas terras.
Antônio Zacarias Álvares da Silva, Barão do Indaiá, nasceu no dia 05 de novembro de 1821, em
uma fazenda na Abadia, onde hoje é o Município de Martinho Campos, e faleceu em Abaeté no
dia 25 de agosto de 1901.
Antônio Zacarias Álvares da Silva, Barão do Indaiá casou-se com Isabel
Carolina Ordones da Cunha Lara (ou da cunha Sampaio, sobrenome de sua avó) em 1843, era
um líder político e nobre brasileiro, um dos responsáveis pela emancipação política dos
municípios de Dores do Indaiá e Abaeté.
Antônio Zacarias Álvares da Silva, Barão do Indaiá era filho do Guarda Mor e
Major Antônio Álvares da Silva e de Ana Felisberto de Oliveira Campos Castelo Branco (filha
do irmão de Dona Joaquina do Pompéu, Capitão Agostinho de Abreu Castelo Branco casado
com sua sobrinha filha de Dona Joaquina do Pompéu).

Antônio Zacarias Álvares da Silva no ano de 1843 ao se casar ganhou de


presente de seu sogro o Major José de Deus Lopes, que já falamos aqui, a "Fazenda de
Sant'Ana", que era um dos últimos pontos de referência na erma fronteira entre Minas Gerais e
a província de Goiás, fazendo-a prosperar e tornar-se importante ponto de pouso para as
autoridades e viajantes, de forma que a consolidou como importante núcleo da região.

Competente na administração dos negócios, produzia açúcar e cachaça, o que


acabou lhe enriquecendo. Não podemos nos esquecer da fazenda enorme que recebeu de
presente de casamento.
Antônio Zacarias Álvares da Silva tinha diversos amigos e apadrinhados
políticos que lhe permitiram exercer diversos cargos após as emancipações de Dores do Indaiá
e de Abaeté, nesta última exercendo a vereança entre 1873 a 1881 (foi o primeiro presidente
da Câmara, e, portanto o intendente), dividindo seu tempo entre a fazenda de Sant'Ana e a
casa na cidade, situada à praça da matriz.
Politicamente era filiado ao Partido Liberal e em 1873, durante a crise com os
conservadores que levaram à extinção do município de Dores do Indaiá, fazendo-a mudar a
sede para Dores do Marmelada (atual Abaeté), capitaneou a reação liberal que finalmente
logrou êxito em 1882, quando foi reinstalada a vila.

Em 1860, o governo de Minas se achava nas mãos do Partido Conservador,


mas, em Dores, venceram os liberais, apesar de os conservadores, nos primeiros anos da vila,
terem sido maioria. Foi pedido aos líderes conservadores de Pitangui enviaram apelo aos
deputados provinciais conservadores, para retirarem de Dores a regalia de vila e sede
municipal, transferindo-a para a Marmelada (hoje, Abaeté), onde havia influentes elementos
conservadores.

Em 1873, a sede da vila foi transferida para Dores do Marmelada. Todo o


arquivo da Câmara de Dores seguiu para Abaeté, e para lá transferiram residência diversos
funcionários.

Como os representantes conservadores da Marmelada perderam força,


passaram a ser submetidos ao chefe liberal Barão do Indaiá, Tenente Coronel Antônio Zacarias
Álvares da Silva.

Durante o reinado de D. Pedro II do Brasil adquiriu, o título de barão, que foi-


lhe concedido em 2 de agosto de 1879, como Barão do Indaiá,[3] de acordo com decreto do
ministério imperial datado de 19 de julho daquele ano; até então ele era coronel da Guarda
Nacional
Vários de seus descendentes tornaram-se também importantes líderes
políticos da região, a exemplo dos filhos Frederico Zacarias Álvares da Silva (conhecido por
"Sinhô") e Antônio Zacarias Álvares da Silva (conhecido como Dr. Nico, que era médico e foi
deputado federal, tanto no reinado de Dom Pedro II, como no início da Republica).

O Coronel Antônio Zacarias Alvares da Silva, o Barão do Indaiá, e sua esposa


Isabel Carolina Ordones da Cunha Lara, filha do Major José de Deus e de Joana Helena Lopes.
Tiveram os seguintes Filhos:
01- José Zacarias Álvares da Silva, batizado a 22-09-1848,
02- Policena Carolina Álvares da Silva, casada com Coronel Jacinto Álvares da Silva (Jacinto
Cipó), filho do Coronel José Luís Álvares da Silva (José Luís dos Guardas), e de Maria Carolina
Álvares da Silva.
03- Adelaide Álvares da Silva, casada com Antônio Feijó Álvares da Silva, seu primo, filho de
Antônio Álvares da Silva, irmão do Barão do Indaiá e de Cândida Soares de Faria Branco.
04- Belchiorina Carolina, casada com Theófilo Álvares da Silva (Theófilo Sant’Ana), filho do
Capitão Joaquim Antônio Álvares da Silva e de Joana Evangelista de Oliveira Campos.
05- Narciso Álvares da Silva, casado com Joana Álvares da Silva, filha de Franklin Álvares da
Silva e de Josefina Álvares da Silva.
06- João Zacarias Álvares da Silva, casada com Isabel Álvares da Silva, filha de Teófilo Álvares
da Silva (Teófilo Santana) e de Belchiorina Álvares da Silva.
07- Isabel Carolina Álvares da Silva, casada com o Desembargador Amador Álvares da Silva,
filho de Antônio Alvares da Silva e de Cândida Soares de Faria Branco.
08- Frederico Zacarias Álvares da Silva, falecido solteiro. Era universitário de Medicina.
09- Antônio Alípio Álvares da Silva, casado com Joana Helena, filha de Teófilo Álvares da Silva
(Teófilo Santana) e de Belchiorina Álvares da Silva. Sem filho.
10- Jáder Alvares da Silva, falecido solteiro.
11- Josefina Carolina Alvares da Silva, casada com Franklin Alvares da Silva, filho do Capitão
Joaquim Antônio Álvares da Silva e de Joana Evangelista de Oliveira Campos.

Também teve outros filhos:


12- Faustina Carolina Álvares da Silva (Mãe Titina), casada com Theófilo Ezequiel de Oliveira
Campos, filho do Capitão Joaquim Antônio Álvares da Silva e de Ana Jacinta de Oliveira
Campos.
13- Dr. Frederico Zacarias Álvares da Silva, Advogado e Professor n. a 19-06-1888 e falecido
solteiro, em 06-02-1936.
14- Dr. Antônio Zacarias Álvares da Silva (Dr. Nico), médico, n. a 06-09-1847 e f. a 30-10- 1905,
em Dores do Indaiá. Deputado à Assembleia Provincial de 1878, Prefeito de Abaeté em 1890,
Deputado ao Congresso Nacional de 1897 a 1905, casada com Balbina Álvares de Souza e
Silva, natural de Pitangui, viúva de Francisco Alves de Filgueira Campos.
NOTA: Balbina de Souza e Silva foi casada a primeira vez com Francisco Alves de Filgueira
Campos, com quem teve uma filha de nome Azejulia de Souza e Silva. Azejúlia de Souza e
Silva foi c. c. o Dr. Jacinto Álvares da Silva, os pais do Ministro Dr. Francisco Campos (Chico
Campos).
15- Cornélia Alvares da Silva, casada com João Correa de Souza.

Antônio Zacarias Álvares da Silva, se torna sócio de Francisco de Paula


Oliveira, um dos ilustres alunos da Escola de Minas tem contato com a galena do Abaeté.
Francisco de Paula Oliveira, que consta da lista dos primeiros egressos da Escola como
Engenheiros de Minas viria mais uma vez tentar implementar a metalurgia na região do Abaeté.

Sua bela conclusão dos diversos assuntos tratados é delineada da seguinte


forma:
“Que a minha fraca voz seja ouvida por alguém mais hábil e
poderoso, que o Sr. Dr. Martinho Contagem (político de MG), o
Exmo. Sr. Barão do Indaiá e outros que muito podem neste
sertão, se convençam das riquezas que nelle existem e
contribuam energicamente para sua prosperidade, é o que
sinceramente espero.”

Mais tarde Oliveira ainda seria considerado e denominado “ativo defensor da


geologia econômica” o que representa bem o lema da Escola: cum mente et malleo, ou seja,
“com a mente e o martelo” em uma proposta clara de pôr em prática o conhecimento teórico
adquirido. Depois de ter participado da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo (CGGSP)
fundada em 1886 e após publicar diversos artigos nos Annaes da Escola de Ouro Preto, Oliveira
teria sido ainda apontado em 1896 como “um dos primeiros geólogos do Brasil, discípulo e
braço direito de Gorceix” e assim sondado para assumir como lente da Escola Politécnica de São
Paulo, fundada em 1893, onde “preencheria com toda proficiência a cadeira de mineralogia e
geologia”.
Neste mesmo ano ele é apontado como o diretor da seção de Geologia do
Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Sua descrição mineralógica ainda conta com análises físico-químicas dos
minerais que descreve associados às formações geológicas que encontra e aqui ele diz: “voz
geral entre os habitantes dos arredores do Indaiá”, que apontavam que o argilito verde (tipo de
rocha formada da compactação da argila) da serra do Capacete seria de minério de cobre.

Na descrição que Francisco de Paula Oliveira fez a respeito dos calcários da


região do rio Abaeté, ele menciona: “Estes calcários ainda “prestam-se ao fabrico de uma cal
muito boa para construções”, assim como poderiam ser utilizados para a fábrica de chumbo os
“grés vermelhos que teriam utilidade na construção dos fornos a revérbero ou à cuve no
tratamento da galena”.
Em fim a região dos arredores do Rio São Francisco, Rio Indaiá e Rio Abaeté
eram de grande importância para o Imperador, desde a descoberta do “Maior Diamante do
Mundo” no Rio Abaeté em 1782, que foi enviado para a Rainha de Portugal, Dona Maria I, mãe
de Dom João VI, avó de Dom Pedro I e bisavó de Dom Pedro II.
Antônio Zacarias Alvares da Silva além de ser um bem sucedido produtor de
açúcar e cachaça, também na década de 1880, adquiriu uma usina para instalação na região da
Barra do Pará, que infelizmente não foi dado continuidade e a mesma virou ruinas que existiam
até pouco tempo atrás.
Essa é a história da Terceira Parte de nossos primeiros empreendedores e o
Antônio Zacarias Alvares da Silva, foi de fato o primeiro empreendedor natural de Abaeté.

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