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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E ENGENHARIAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

AULA 1 – CONCEITOS E OS
INCÊNDIOS FLORESTAIS NO
MUNDO

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AULA 1 CONCEITOS

 FOGO

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AULA 1 CONCEITOS

 FOGO

USO DO FOGO

 Manter o fogo sob controle;


 Manejar bem o fogo;
 Considerar e integrar as
dimensões:
 Ambientais
 Sociais
 Econômicas

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AULA 1 CONCEITOS

 INCÊNDIOS FLORESTAIS

INCÊNDIO FLORESTAL
é todo o fogo ocasionado de maneira natural ou por ações
antrópicas que ocorre de forma descontrolada consumindo
qualquer tipo de material combustível vegetal.

QUEIMADA CONTROLADA
é todo fogo prescrito, autorizado, dentro de técnicas rígidas de
controle com objetivo de redução do nível de risco, manejo da
vegetação, limpeza de área, controle de pragas, doenças, etc.

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AULA 1 CONCEITOS

 INCÊNDIOS FLORESTAIS

INCÊNDIO FLORESTAL

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AULA 1 CONCEITOS

 QUEIMA CONTROLADA

QUEIMADA CONTROLADA

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AULA 1 CONCEITOS

 QUEIMADA CONTROLADA

 Pesquisa científica e tecnológica;


 Como fator de produção e manejo em atividades agropastoris ou
florestais;
 Manejo de combustíveis (redução de risco de incêndios
incontroláveis);
 Manutenção

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AULA 1 CONCEITOS

 QUEIMADA CONTROLADA

Após autorizada, algumas orientações para realizar a queimada


controlada devem ser tomadas:

 Comunicar aos vizinhos o dia da queima;


 Notificar os órgãos responsáveis sobre o dia e horário da queima;
 Estudar as características do terreno (declividade, tamanho da área
a ser queimada, teor de umidade do solo);
 Fazer aceiros (devem medir no mínimo 3 m);
 Verificar clima e horário (força e direção do vento, temperatura);
 Instruir e preparar o pessoal que vai fazer a queima.

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AULA 1 CONCEITOS

 INCÊNDIOS FLORESTAIS

TODO INCÊNDIO COMEÇA PEQUENO;

NÃO EXISTEM DOIS INCÊNDIOS IGUAIS;

NÃO EXISTE NO MUNDO TECNOLOGIAS APROPRIADAS


PARA GRANDES INCÊNDIOS.

FONTE: SOARES E BATISTA, 2008.


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AULA 1 CONCEITOS

 COMBUSTÃO E SUAS FASES

Combustão: É uma reação química exotérmica entre um combustível


e um comburente, onde os gases resultantes da mistura destes, se
inflamam, apresentando um desprendimento de energia, que se
manifesta sob a forma de luz e calor.
OBS: Em se tratando de Incêndios Florestais, é interessante notar
que o processo da combustão é justamente o inverso da Fotossíntese
e a energia liberada nos Incêndios Florestais é a energia armazenada
pela fotossíntese, como podemos verificar na relação a seguir:

Fotossíntese: CO2 + H2O + energia solar  Biomassa + O2


Combustão: Biomassa + O2  CO2 + H2O + energia (calor)
temperatura de ignição

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AULA 1 CONCEITOS

 COMBUSTÃO E SUAS FASES

TRIÂNGULO DO FOGO

Combustível: galhos, folhas,


gramíneas, arbustos, árvores, etc.
Calor: luz solar, pontas de cigarro,
chama de um fósforo, etc.
Oxigênio: ar atmosférico

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AULA 1 CONCEITOS

 FASES DA COMBUSTÃO

1) PRÉ-AQUECIMENTO: Fase inicial da combustão, em que os


combustíveis florestais ganham calor e começa a perda de água, o
que ocorre a partir dos 100° C. Os combustíveis continuam
ganhando calor (de 100° C até cerca de 250° C) e começam a emitir
gases oriundos de seus diversos compostos vegetais, mas ainda não
há chamas.

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AULA 1 CONCEITOS

 FASES DA COMBUSTÃO

2) FASE GASOSA OU DE COMBUSTÃO DOS GASES:


Corresponde à fase de surgimento das chamas, o que ocorre por
volta dos 250° /300° C (ponto de ignição), podendo chegar além dos
1.000° C no decorrer dessa fase.
As chamas ocorrem porque o ar se
torna carregado de gases inflamáveis
provenientes da vegetação aquecida
que, nessa faixa de temperatura,
reagem com o oxigênio disponível
produzindo as chamas, não havendo
mais a necessidade de uma fonte
externa de calor.

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AULA 1 CONCEITOS

 FASES DA COMBUSTÃO

3) FASE SÓLIDA OU DE CARBONIZAÇÃO: Corresponde à


fase final da combustão quando restam os materiais carbonizados e
as cinzas residuais. Porém, ainda inspira cuidados nas ações de
combate.
Apesar da menor energia
calórica liberada dessa fase, se
houver contato de combustíveis
em carbonização com
combustíveis não queimados,
esses poderão entrar em ignição.

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO DO FOGO

1) CONDUÇÃO: Transferência de calor por contato direto com a


fonte.
 Os materiais combustíveis florestais são maus condutores de calor..

2) RADIAÇÃO: Transferência de calor através do espaço: ondas ou


raios.
 Intensidade da radiação aumenta com elevação da temperatura.
 Intensidade de energia recebida pelo corpo depende também da
distância da fonte.

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO DO FOGO

3) CONVECÇÃO: movimento circular ascendente de massas de ar


aquecidas.

Ar aquecido se expande mais seco e mais leve

sobe

espaço para ar frio que também se aquece

movimento ascendente constante

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO DO FOGO

4) TRANSPORTE DE MASSA: rolamento ou queda de material


acesso ou brasas.

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AULA 1 CONCEITOS

 FORMAS DE UM INCÊNDIO FLORESTAL

Cabeça ou frente: parte


que avança mais
rapidamente (direção do
vento).

Flancos: propagação
perpendicular à cabeça
(início do combate).

Cauda ou base: direção


oposta à cabeça, contra o
vento, lentamente.

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AULA 1 CONCEITOS

 CAUSAS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

GRUPAMENTO DE CAUSAS DESENVOLVIDO PELO SERVIÇO


FLORESTAL NORTE AMERICANO
(ADOTADO PELA FAO)

RAIOS: descargas elétricas da atmosfera;


INCENDIÁRIOS: fogo intencional provocado por pessoas em
propriedades alheias (vingança ou desequilíbrio mental);
QUEIMA PARA LIMPEZA: perda de controle do fogo por
descuido ou negligência;
FUMANTES: fósforos ou pontas de cigarros;

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AULA 1 CONCEITOS

 CAUSAS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

GRUPAMENTO DE CAUSAS DESENVOLVIDO PELO SERVIÇO


FLORESTAL NORTE AMERICANO
(ADOTADO PELA FAO)

FOGOS DE RECREAÇÃO: pesca, caça, churrasco na floresta;


ESTRADAS DE FERRO: atividades das ferrovias;
OPERAÇÕES FLORESTAIS: provocado pelo trabalhador na
atividade florestal;
DIVERSOS: não se enquadra em nenhum anterior ou tem mais de
uma causa.

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AULA 1 CONCEITOS

 CAUSAS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

Causa Área queimada (%) Número de ocorrências (%)


Incendiários 73,75 32,42
Raio 12,41 40,18
Limpeza de pastagem 9,31 10,50
Não identificada 4,53 16,89
TABELA 1- Porcentagem de área queimada e de número de ocorrências em relação à
causa do Parque Nacional da Serra da Canastra entre os anos de 1998 a 2008.
Fonte: Magalhães, Lima e Ribeiro (2012).

No Paraná, especificamente na Fazenda Monte Alegre em Telêmaco Borba, no


período de 1965 a 2009, os incendiários foram os maiores causadores dos incêndios
florestais, correspondendo a 54,2% das ocorrências, seguido por 16,2% por queimadas de
limpeza de áreas (TETTO, 2015).

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AULA 1 CONCEITOS

 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

1) INCÊNDIO DE SUPERFÍCIE
Incêndios superficiais se propagam na superfície do piso da floresta, queimando
desta forma, os restos vegetais não decompostos, tais como folhas e galhos caídos,
gramíneas, arbustos, enfim, todo material combustível até cerca de 1,80 metros de
altura. metros de altura.
Comparados com os outros tipos, os
incêndios superficiais não são muito
difíceis de se combater a não ser em
condições extremamente favoráveis à
propagação dos mesmos. Os incêndios
superficiais são os mais comuns entre
os tipos de incêndio e geralmente é a
forma pela qual começam todos os
incêndios.

Incêndio florestal em plantios de eucalipto, Posto da Mata, BA, 2013


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AULA 1 CONCEITOS

 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

2) INCÊNDIO DE COPA
Os incêndios de copa caracterizam-se pela propagação do fogo através das copas
das árvores, independentemente do fogo superficial. Geralmente considera-se
incêndios de copa aqueles que ocorrem em combustíveis acima de 1,80 m de altura.
As condições fundamentais para que
ocorram incêndios de copa são
folhagem inflamável e presença de
fogo para transportar o incêndio de
copa em copa. Portanto, esse tipo de
incêndio desenvolve-se principalmente
em povoamentos de coníferas,

Incêndio florestal no Parque Nacional de Yosemite, Califórnia, 2013.


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AULA 1 CONCEITOS

 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

2) INCÊNDIO DE COPA
Este tipo de incêndio propaga-se rapidamente, liberando grande quantidade de calor
e tornando o combate extremamente difícil, já que enquanto esta se propagando
pelas copas, o fogo é
praticamente incontrolável.

Incêndio florestal em Fresh Pond, Califórnia, 2014.


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AULA 1 CONCEITOS

 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

3) INCÊNDIO SUBTERRÂNEO
Este tipo de incêndio propaga-se através das camadas de húmus ou turfa existente
sobre o solo mineral e abaixo do piso da floresta. Este combustíveis são de textura
fina, relativamente compactados e isolados da atmosfera.
Os incêndios subterrâneos
ocorrem geralmente em florestas
que apresentam grande
acumulação de húmus e em
áreas alagadiças, tais como
brejos ou pântanos, que quando
secas formam espessas camadas
de turfa abaixo da superfície.

Incêndio florestal no município de Joaíma, MG, 2013.


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AULA 1 CONCEITOS

 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

3) INCÊNDIO SUBTERRÂNEO
Devido ao pouco oxigênio disponível na zona de combustão, nos incêndios
subterrâneos o fogo se propaga lentamente, sem chamas e com pouca fumaça. Por
esta razão são difíceis de serem detectados e combatidos.
A intensidade de calor e o poder
de destruição desses incêndios
são bastante altos. Além de
causarem a morte das raízes e
consequentemente , das árvores,
podem danificar seriamente a
microbiologia e a fertilidade do
solo, favorecendo também a
ocorrência de erosão.

Incêndio florestal no município de Joaíma, MG, 2013.


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AULA 1 CONCEITOS

 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

3) INCÊNDIO SUBTERRÂNEO

Incêndio florestal no Parque Estadual de Itaúnas, ES, 2015.


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AULA 1 CONCEITOS

 EFEITO DOS INCÊNDIOS

 Redução da biodiversidade;
 Extinção de benfeitorias;
 Dificuldades cumprimento do planejamento da produção em
empresas florestais;
 Aumento das internações hospitalares por problemas respiratórios;
 Desnudamento do solo;
 Erosão, assoreamento e aumento da turbidez em corpos hídricos;

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AULA 1 CONCEITOS

 EFEITO DOS INCÊNDIOS

 Diminuição da infiltração de água no solo;


 Danos paisagísticos;
 Mortalidade de espécies da fauna;
 Problemas no tráfego aéreo;
 Destruição e desligamento de redes de eletricidade;
 Acidentes rodoviários.

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AULA 1 CONCEITOS

 EFEITO DOS INCÊNDIOS

 Acidentes rodoviários.  Problemas no tráfego aéreo

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AULA 1 CONCEITOS

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PREVENÇÃO

1) ZONEAMENTO DOS RISCOS


Determinar as regiões mais críticas dentro das propriedades.
Conhecimento dos índices de vegetação, declividades do terreno,
condições climáticas, vizinhos e histórico de fogo.

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PREVENÇÃO

2) CAMPANHAS EDUCATIVAS
• Palestras educativas: aumento da conscientização;
• Placas educativas nas estradas e empresa; divulgação do risco.

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PREVENÇÃO

3) MONITORAMENTO METEOROLÓGICO
• Grau de perigo de incêndio;
• Temperatura, UR do ar, velocidade e direção dos ventos e
pluviosidade;
• Estações meteorológicas: monitoramento eficiente da situação
local.

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PREVENÇÃO

4) PLANO DE MANEJO DO FOGO


• Acompanhamento das queimas controladas nas propriedades
vizinhas.

5) ABERTURA DE ESTRADAS
• Facilitar acesso a uma área propícia a incêndios.

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PREVENÇÃO

6) TORRES DE OBSERVAÇÃO
• Torres metálicas: vigilante com rádio, binóculos e goniômetros.

Goniômetro

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PREVENÇÃO

7) CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS
• Facilitar abastecimento dos caminhões pipa e bombeamento água
para focos.

8) CONSTRUÇÃO DE ACEIROS
• Evitar a propagação

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PREVENÇÃO

9) MANEJO DA VEGETAÇÃO
• Controla o comportamento do fogo e efeitos do fogo, além de
diminuir custos e tempo de combate.
• Diminuição do combustível (roçadas);
• Substituição por combustíveis menos inflamáveis;
• Isolamento: quebra continuidade - barreiras naturais (gradagem)

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE PREVENÇÃO

10) SISTEMA DE ALERTA - BINÔMIO TEMPO X FOGO


• Integração entre detecção, tomada de decisão e início do combate;
• Bom sistema de detecção;
• Boa coordenação;
• Brigada com alto nível de treinamento;
• Preparo físico adequado;
• Material de combate disponível (qualidade e quantidade).

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE COMBATE

1) COMBATE DIRETO: utilizado em incêndios de superfície, com


vegetação baixa, apresentando reduzida intensidade e permitindo a
aproximação direta do combatente, que poderá utilizar abafadores,
bombas costais, pás, etc.

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE COMBATE

2) COMBATE INDIRETO: incêndios de média ou alta intensidade


e de grande velocidade que impedem a aproximação dos
combatentes.
• Pode-se construir uma linha de defesa emergencial e utilizar
contra-fogo;
• Realizar o corte de árvores;
• Confecção de aceiros;

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AULA 1 CONCEITOS

 MÉTODOS DE COMBATE

3) COMBATE PARALELO: incêndios de média intensidade, mais


não o suficiente para o contato direto dos combatentes com as
chamas. Neste método pode ser feito uma linha de defesa,
abaixamento das chamas com água e a partir da redução da
temperatura de queima, há o combate direto.

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AULA 1 CONCEITOS

 GRANDES OCORRÊNCIAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NO MUNDO

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