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1 - Técnica de exame.
2 - Biomicroscopia do vítreo (Hilton Rocha).
3 - Biomicroscopia de periferia da retina (Paulo G. Galvão).
4 - Biomiéroscopia da papila (Nassim Calixto).
5 - Biomicroscopia da mácula (Afonso Medeiros) .
1 - TÉCNICA DE EXAME
-51-
Quanto à lâmpada, importam características de luminosidade, filtros
(principalmente o aneritra ) , ângulos de incidência do feixe luminoso, au
mentos e manuseabilidade, fatôres que se aprimoram nas modernas lâmpadas
e , e m conjunto, criam as condições ideais de exame. De modo geral, a
biomicroscopia, tanto de segmento anterior, quanto de polo posterior, deve
ser realizada através do aumento de dez vêzes, reservando-se, os maiores
aumentos, apenas para o exame pormenorizado dos mínimos acidentes. Essa
regra assume maior interêsse na biomi croscopia de polo posterior, situação
em que valores ópticos e refracionais são mais críticos.
FIG.1
- 52 -
bem definidas, não oferecendo as vantagens e os recursos técnicos propi
ciados pelos diversos modelos das lentes de contato de GOLDMANN. De
vemos preferí-la quando examinamos olhos recentemente operados , olhos
hipotônicos (pregueamento da membrana de Descemet sob a compressão),
pacientes pusilânimes, crianças sob anestesia local, rima palpebral estrei
ta. Presta-se bem ao exame em Iluminação Direta e Focal (ID) mas exames
em Iluminação Indireta e Focal ou sob Corte ôptico não são satisfatórios.
FIG. 2
- 53 -
constante do examinador. Devemos preferir, para o exame exclusivo do
polo posterior, a lente tipo GOLDMANN-BUSACCA.
o
FIG.3
b
A remoção da aba escleral (sugerida por MA LBRAN) tem a vanta
gem de atenuar o real inco nveniente do pregueamento da DESCEMET
durante o exame, e ser mais fàcilmente aj ustável em crianças e paci·entes
com rima palpebra1 estreita.
FIG. 4
Lente depressora de GOLDMANN-SCHMIDT para ora serrote e pors plana. a) Visão lateral;
b) Visão frontal e c) Visão posterior des�acando a "encoche11 da oba escleral que aloja o
bulbo depreosor.
- 54-
adaptação é mais delicada formando-se bôlhas de ar com grande facilidade
devido à saliência da oliva depressora e à falha da reborda escleral no
setor a ela correspondente.
Além dessas lentes, mais difundidas e de aceitação geral, outras há
como as prismáticas , piramidais, et'c., sôbre as quais não nos deteremos.
·
- 55 -
As porções superiores e inferiores são mais acessíveis ao exame, sen
do possível, preenchidas certas condições, alcançar a ora serrata. A pro
pedêutica biomicroscópica da periferia do fundus exige certas particulari
dades, especialmente quando buscamos os quadrantes laterais: a deforma
ção em perspectiva da pupila impede o trânsito simultâneo dos feixes inci-
a b c
.
.
/- ..... ,
,""-\
.
.
.
I I
I I I
\
.... _., .... _ ...
FIG. 5 d
Representação esquemática da deformação em penpectiva da área pupilor e do trônsito dos feixes
luminosos. a) Elipse pupilar com maior eixo horizontal, no e.'.<ame das periferias superior e
inferior; b) Elipse pupilor com maior eixo vertical no exame das periferias lateral e nasal: o
círculo trocejodo em prêto, representando os raios que penetram na objetiva direito, é excluído
da área pupilar; c) Quando a fenda é horizo n talizada, o trânsito dos feixes luminosos se foz
sem obstáculos; d) Com a fendo horizontal a estereop::.ia é possível porém precária, desde que
as objetivas estão também na horizontal.
- 56 -
Para o exame em decúbito lateral removemos o arco de apoio frontal
da lâmpada (fig. 6} e utilizamos mesa-leito de altura conveniente.
- 57 -
Mesmo em midríase max1ma, dificilmente alcançaremos a periferia até
a linha de contôrno da ora serrata, utilizando uma l:ente de contato sem de
pressor escleral. A borda pupilar e o equador do cristalino são obstáculos
que limitam o acesso.
Ora serrata, pars plana, corona ciliaris podem ser vistos em olhos
áfacos com iridectomia sectorial, através do espelho de inclinação interme
diária e o destinado à gonioscopia. Também em certos casos de leucoma
aderente, com a íris fortemente repuxada em direção à córnea, é possível
alcançar alguns processos ciliares.
2 - BIOMICROSCOPIA DO VíTREO
HILTON ROCHA
Mas isso não significa que antes déle muito já se conhecesse, inclu
sive até a possibilidade oftalmoscópica de se diagnosticar (com p recarieda
de, embora) os descolamentos de vítreo.
- 58 -
Poderíamos assim, esquematizar e confrontar as duas nomenclaturas:
JOKL MANN
capítulo.
Mas essa camada superficial mais condensada, embora por alguns re
cebe a denominação de "hialóide", penso não merecer êsse nome. Fica-lhe
melhor o de "camada limitante". Reservemos a ·expressão "membrana hia
lóidea" ou "hialóide" para alguma formação cuticular autônoma e destacá
vel, e não para uma camada limitante que se integra ao vítreo como a cas
ca ao pão.
- 59 -
hialóideo (plicata) ; outra, entre o vítreo secundário e o vítreo terciário ou
zônula, que será a porção zonular da hialóide anterior.
verá ter origem no vítreo primário ou hialóideo, de vez que a essa altura
nenhuma influência do vítreo definitivo poderá haver.
- 60 -
para a face posterior do cristalino, onde se fixa solidamente em W (liga
mento hialóideo-capsular de WIEGER).
F IG. 8
- 61 -
Para nós, como para BUSACCA e tantos outros, a câmara posterior
terá três porções: pré-zonular, intrazonular e retrozonular. Isto é, a câma
ra posterior jaz entre a face posterior da íris e a hialóide anterior.
Mas anotemos, essa conceituação (que nos parece melhor) não é tran
qüila. Basta por exemplo que leiamos DUKE-ELDER, em seu System ( 1 9 6 1 ) ,
a o tomar posição diferente, afirmand o : " a separação das fibras zonulares é
um artefato . . . A câmara posterior j az entre a face posterior da íris e a
face anterior da zônula". DUKE-ELDER fica com aquêles que, como REDS
LOB, dão à câmara posterior apenas a dimensão pré-zonular.
FIG. 9
- 62 -
un dédoublement de la cristalloide". E mais explicitamente diz: "um exame
atento mostra que, abaixo do polo, se destacava do cristalino uma película,
turva aqui e ali, afastando-se para o alto e separada do cristalino por um
espaço comparável ao que existe normalmente entre a cápsula e a linha de
disjunção posterior. A cápsula parecia desdobrada". KOBY observou mas
não concluiu.
- 63 -
imagem curiosa ao nível da cristalóide posterior - o corte óptico fazia uma
dupla angulação de vértice anterior, que o autor interpretou como pregas
da cristalide posterior, mas que nós poderíamos interrogar: - não seriam
descolamentos localizados d a hialóide patelar?
FIG. 11 ( Z I M M E R M A N )
- 64 -
O diagrama anexo, reproduzido de IRVINE (fig. 12) além de nos
dar uma boa idéia da hialóide anterior (espaço de BERGER virtual), mos
tra o vítreo posterior intimamente conectado à retina, com pontos de maior
F IG. 12 (IRVINE) �)
fixação na ora serrata, papila e mácula Talvez, diz IRVINE, "a hialóide
posterior seja realmente uma clivagem da membrana limitante interna da
retina", parte desta podendo se exibir como hialóide posterior. São argu
mentos que se vão acumulando, nem sempre coincidentes, para um m elhor
discernimento futuro.
- 65 -
As plicatas "ântero-superior e ântero-inferior) aproximam-se inferior
mente como em funil, para conformarem o que hoj e ninguém duvida ser o
"canal de C LOQUET", que corresponde ao vítreo hialóideo ou primário.
- 66 -
( 1 958) acha, como COMBERG ( 1 922), que o vítreo hialóideo (ou primário)
entre em contato direto com a cristalóide posterior, mas admite que limi
tante intervítrea (DÉJEAN)I, limitante anterior do corpo vítreo (RETZIUS)
e camada limitante anterior (FRANZ) sejam expressões eqüivalentes.
- 67
GOLDMANN esquematiza assim sua trajetória (fig. 1 4 ) : - inicial
mente para baixo e para dentro, depois sobe acima do ·e ixo visual, eleva
se no sentido temporal superior, para depois recurvar-se para trás em
demanda da papila.
Já BUSACCA diz que é curta a sua trajetória para trás e para baixo.
Como canal, perde-se inferiormente na porção central do ôlho, daí para
trás sendo e m geral difícil segui-lo.
- 68 -
MARTEGIANI a 3/4 de diâmetro papilar para fora da margem da papila.
BUSACCA vai inseri-la à margem da escavação fisiológica. Mas o mesmo
BUSACCA afirma: "no estado normal, não se encontra nenhuma ligação
entre papila e vítreo . . . Mesmo quando a extremidade do canal de CLOQUET
se aproxima da papila, nenhuma conexão é · visível".
Biomicroscopia do vítreo
· { substância luminosa
{ 1) brilhante
2) opalescente
substância escura (õpticamente vazia)
- 69 -
escuras entremeadas são lineares. Reproduzamos aqui uma gravura de KO
BY, que bem a esquematiza (fig. 1 5) .
-- ... .. ...
--- --- - -
-- ::...
�
-
•
2 Esquematizo 11membrona" ( b ) e
I
"filamento (a).
a
�- -
- - .i«
- -- b
F I G. I5 ( K O BY )
11 Plicata ( intervítrea) .
- 70 -
I e 11 BIOMICROSCOPIA DO VíTREO HIALóiDEO (OU PRI
-
MARIO) E DA PLICATA.
- 71 -
1 Sistema cortical
2 Sistema central
Vítreo definitivo 3 Sistema da plicata
(BUSACCA) 4 Zona dos sacos e lacunas
5 Sistema radiário principal
6 Parte posterior do corpo vítreo
Essa lâmina é reforçada por outras que lhe são paralelas, porém
menos brilhantes. Êsse sistema constitui o limite posterior dos "sacos e
lacunas".
- 72 -
Para trás dêsse sistema radiário principal, vem o vítreo posterior,
sempre de exame difícil, não nos permitindo ainda uma boa sistematização
(fig. 17).
DESCOLAMENTOS DO VíTREO
Anterior
Completo
!l simples
com colapso
Deslocamentos
do vítreo Posterior
em funil
localizado ·
Parcial
irregular
Pse�do-descolamento (degeneração
lacunar ou pré-descolamento)
73 -
no ; e CIBIS o registrou em 8 . 5 % dos casos de descolamento da retina (sem
podermos ter a autoridade e experiência de CIBIS, parece-nos alta
esta cifra ) .
FIG. I B ( WEBE R )
- 74 -
papila e mácula)'. Quem melhor sistematizou êste assunto foi HRUBY (1950),
{
cuja classificação é geralmente aceita:
simples
completo
{
com colapso
Deslocamento posterior do vítreo
(HRUBY) em funil
parcial localizado
irregular
- 75 -
A inexistência do floco pré-papilar torna-o assintomático e impossibi
l ita o diagnóstico ou a suspeita oftalmoscópica.
F IG. 20 ( G O L D MANN )
O fato é que o diagnóstico desta forma de descolamento posterior, ba
seado simplesmente numa linha d e condensação pré-retiniana, é muito di
fícil (quase impossível) de se afirmar, salvo se aquêles dois, ou u m daque
les dois elementos existir, como muito autorizadamente acentuou GOLD
MANN: "il faut être três prudent dans le diagnostic de décollement total
postérieur simple".
- 76
deflagrados. O seu início brusco justifica o nome de descolamento "agudo",
por que é também conhecido.
- 77 -
ainda não existe. E' uma lacuna, uma cavidade cheia de líquido, que em
futuro poderá se transformar em descolamento verdadeiro, como veremos
adiante. Nestes casos, o que parecia camada limitante do vítreo é camada
limitante da lacuna (não h á descolamento).
- 78 -
E ao se fa·zer o desc.olamento com colapso (agudo), o paciente acusa
fenômenos entpticos (tipo "môscas volantes") freqüentemente acompanha
dos de fotopsia.
- 79 -
duzia sem dúvida uma grande capacidade de observação dos que o realiza
vam. E a identificação anátomo patológica das formas clínicas teria que ser
recebida com reservas, sabidas que são as dificuldades técnicas e as ima
gens artificiais freqüentes. Como diz ETIENNE : "tout cela n'était que bal
butiements".
80 -
LINDER (1966) examinou 103 olhos assintomáticos de doentes que exi
biam descolamento posterior com colapso no outro ôlho. E nêles encontrou
sempre o vítreo anormal: 59 com "degeneração lacunar", 9 com "degene
ração fibrilar" e 35 com "descolamento posterior".
Porque o caráter assintomático? Cairá a sombra da opacidade sôbre
a papila? Má observação? Como explicá-lo?
c) Pseudo-descolamento (degeneração lacunar) - Já vimos que por
vêzes, não raras, um ôlho exibe. .à primeira vista, o quadro biomicroscópico
.
- 81 -
senil.DRUAULT ( 1 937) j á o assinalava entre os 50-<70 anos de idade, salvo
para os fortes míopes, que já o exibem a partir dos 25 anos (ou mesmo antes).
100 °/o
90
80
70
60
50
40
JO
FIG. 2 5 - (tirada d e FAVRE e GOLDMA N N )
20
Estado do vítreo em diferentes grupos
10 : . etários ( 1 0-45, 46-65
e 66-86 anos).
:; . :: 2. 1 °'
/0 . .
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
d9e
[] Df'st rudion fil_,r i ! 111ire
.
- 82
Tôdas as observações coincidem a êsse respeito. Por exemplo, PISCHEL
(1952) encontrou 53% de descolamento do vítreo em pacientes maiores de
50 anos, sendo que bilateral em 84% ,
- 83 -
transportando a fase líquida para o espaço entre "hialóide" e "retina". Po
deremos ver na lacuna uma sinerese intravítrea? Isto é, a fase líquida con
centrando-se em uma cavidade "lacunar", dentro e delimitada pela própria
trama "fibrilar"? Pois, vimos, a destruição fibrilar e a sínquise já devem
traduzir uma alteração físico-química.
VíTREO E UVEíTES
- 84 -
Nas uveítas, a exsudação acarretará o aumento das protemas. O "tyn
dall" tornar-se-á exuberante, a fase líquida deverá aumentar de pêso espe
cífico (menor mobilidade), antes que uma "sínquise" secundária se possa
instituir; as mebranas tornar-se-ão mais contrastadas e claras, pela adsor
ção e precipitação inevitáveis.
- 85 -
As vêzes existe, em conseqüência, um descolamento simples posterior
do vítreo, a j ustificar, por vêzes, opacidades mais densas d o "vítreo poste
rior", a ponto de dificultar ou impedir a visibilidade do polo posterior.
a
F I G. 2 6
A figura anexa (fig·. 2 6 ) (calcada em BUSACCA) esclarece o fenô
meno : - Normalmente (A), a plicata ântero-superior dirige-s e para baixo
(2,3), bem como a ântero-inferior (4,5), depois do "crochet" ( 1 ) . E m alguns
casos de uveíte (B), tanto a ântero-superior (2,3), como a inferior (4,5)
- 86 -
desviam-se para cima, passando o espaço retrocristaliniano do vítreo hia
lóideo a ter a conformação retangular (B)I e não triangular (A).
Todos nós estamos habituados a confirmar a verificação hoje indiscu
tível de BUSACCA. Temos a impressão pessoal de que, num ou noutro ca
so, mesmo cedidos os fenômenos inflamatórios, pode persistir o deslocamen
to das plicatas ; porém necessitamos de observação mais demorada para
afirmá-lo. Como também nos parece patognomônico das uveítes, embora
seja esta a causa essencial.
ROSEN (1962), ao comentar o fenômeno de BUSACCA, não fêz com
propriedade, interpretando-o mal.
VíTREO E TRAUMATISMOS
na sub-luxação do cristalino
Hérnias de vítreo na afacia
sinéquia vítreo-corniana
- 87 -
Por vêzes, há comprometimento das fibras zonulares anteriores; nou
tras, também as posteriores são atingidas. Mas, para que o vítreo desponte
e invada a câmara anterior, muitas vêzes deslocando e deformando a pu-
F IG. 2 7
- 88 -
E' por essa solução de continuidade que se faz o prolapso do vítreo,
razão porque não o vemos como uma hérnia lisa e regular, mas acidentada
e ondulada, por não haver o revestimento hialóideo cuticular, mas sim o
da plicata ou da camada limitante.
Habitualmente, essas hérnias carregam pigmentação permanente, uveal
ou hemática.
- 89 -
Hemorragias intravítreas - Quer as traumáticas quer as espontâneas
(tipo diabetes, Eal'e s, etc. ) , exibirão imagens decorrentes de sua intensi
dade e de sua duração. Tentemos uma classificação, apenas didática:
Totais
com poupança do canal
I
de CLOQUET
Sub-totais
limitadas ao canal de
CLOQUET
Recentes
I
poeira dourada
Parciais poeira branca
Hemorrag-ias coágulos
intra-vítrea
Difusas (e organizadas)
Sedimentadas
Antigas
Com neo-vascularização e ret. prolife-
rante
- 90 -
As vêzes, só podemos confirmar um diagnóstico buscando o vítreo se
dimentado, isto é, aquêle que está em posição declive. A simples movimen
tação do ôlho, em geral nos mostrará os coágulos inconfundíveis. Pbrém,
em casos mais antigos, é preciso precaver-nos, pois nessas reg·iões declives
não iremos encontrar típicas imagens hemorrágicas, porém aspecto floco
·
São casos clínicos que vêm comprovar a exatidão . dos conceitos ana
tômicos (embriológicos e biomicroscópicos).
A histologia entretanto veio mostrar que isso nem sempre era ver
dade. E hoje a biomicroscopia pode a todo instante comprová-lo.
- 91
FIG. 28 (GOL DMANN }
Vêm-se cortes ópticos de hemorragias pré-re FIG. 29 - Retinografia de um caso d e he
tinionas: ora sub-limitantes, ora sub-hialói morragia sub-limitante: ao seu nível, desa
deas. parecia apenas o perfil posterior da retina.
No ângulo ( 1 ) do esquema anexo (fig. 30) ', que indica o limite infe
rior d o descolamento do vítreo, encontram-se por vêzes hemorragias pré
retinianas arciformes que o denunciam, pois nem sempre o descolamento
vai inferiormente até as proximidades da ora serrata, como inicialmente
admitiu HRUBY.
\
\
\
\
\
\ / "' Hemorragia pré-retinia na ( 1 ) indicando o li
,_...... \ mite do descolamento do vítreo.
I
FIG. 30
/
�
{!/
/
- 92 -
Em geral, a reabsorção dessas hemorragias pré-retinianas passa por
uma fase de sedimentação ou decantação. A parte inferior do disco hemor
rágico "pré-retiniano" torna-se mais escuro , sobrenadando numa camada
translúcida ou, turva, ambas a pouco e pouco retraindo-se e desaparecendo.
Mas há casos mais raros, que convém se registrem, em que a hemorragia
passa do vermelho inicial para uma tonalidade branco-leitosa, "lipoídica",
antes que a reabsorção se dê. Quebra-se a molécula da hemoglobina?
Pré-hialóideas patelares
{
Hemorragias re
tro-cristalinianas hifema posterior
Arciform·es ou em crescente
- 93 -
Em geral, ela não consegue descer abaixo do ligamento hialóideo
capsular. Mas quando ela consegue vencer êste obstáculo, o u quando logo
se deposita inferiormente no espaço retrozonular (entre hialóide zonular e
fibras zonulares posteriores), ela ficará aí coletada sob a forma de "hifema
posterior", que é a réplica retro-cristaliniana de um hifema anterior clássico.
- 94 -
Uma hemorragia arciforme retro-cristaliniana superior fará pensar,
preferentemente, numa localização pré-hialóidea, com o ligamento hialóideo
capsular a bloqueá-la, imprimindo-lhe a morfologia em crescente (fig. 32 A).
- 95
Não nos esqueçamos de que o vítreo prende-se mais intimamente à
retina ao nível dos vasos, do que entre êles (CIBIS). A tração vítrea , geran�
d o roturas, fàcilmente romperá vasos.
AFONSO MEDEIROS
- 96 -
�ste reflexo apresenta-se com forma elíptica e tem seu maior diâ
metro orientado no sentido horizontal, medindo cêrca de 15 milímetros. O
meridiano vertical mede 10 milímetros de diâmetro aparente (devendo-�e
entender por diâmetro aparente a dimensão que a estrutura apresenta atra
vés do biomicroscópio com poder de 10 aumentos). Sendo um reflexo for
mado sôbre a Membrana Limitante Interna (MLI), é naturalmente passível
de modificações dependentes de variações de curvatura da própria mem
brana (passagem de vasos sanguíneos, por exemplo) ; de estriações impos
tas pela orientação das fibras nervosas; e, ainda, das condições de reflexão
que são variáveis de paciente a paciente e, num mesmo paciente , em etapas
diferentes da vida. Como sabemos, as condições de reflexão das membra�
nas oculares são melhores nos . jovens que em pessoas idosas.
- 97 -
A fóvea possui uma côr castanho-rósea e um aspecto granuloso, pul
verulento ou poroso que lhe é emprestado pelo plano pigmentar ( PP ) . A
imagem sugere pó de café espalhado sôbre uma superfície rósea translúcida
que corresponderia ao plano coroidiano anterior (PCA). N a dependência da
pigmentação d o grupo racial, vamos encontrar uma variação na quantidade
de grânulos pigmentados. Haja vista os melanodérmicos exibirem uma ca
mada opaca quase contínua.
- 98 -
IMAGEM BIOMICROSCÓPICA
-
IMAGEM HIPPTÉTICA
......
.._.... ..._,_.._
CAMADA ANTERIOR OPALE SCENTE ( ? )
CAMADA POSTERIOR TRANSPARENTE ( ? )
fiG. 33
Por que então não imaginarmos o corte óptico da retina como cons
tituído, em geral, de duas camadas: uma anterior opalescente e outra pos
terior transpare.nte? Evidentemente, a dúvida a respeito jamais será diri
mida visto que a opalescência da camada anterior veda a identificação da
segunda. E as reduzidas dimensões do corte óptico retiniano dificulta a iden
tificação.
- 99 -
MLI
•
, ,
, ,
I I
, ,
, ,
I I
I I
I I
I I
, ,
I I
I I
I I
I I
l i
1 1
\ 1
"
I I
I I
I I
I I
\ I
I I
I I
f
L PA
t t �P P t
L PA
PE PGV
FIG . 34 F I G. 35
Na região macu lar s ó s e percebem o s perfis
retinianos (LPA e LPP). Os planos coróideos L.B. lâmina de BRUCH e cório-capilar
não pod�m ser vistos. P.G.V. plano do!.. grossos vasos coróideos
G.V. grossos vasos coróideos
L.P.A. linho do perfil anterior P.E. plano escleral
M.l.l. membrana limitante interna E. esclera
L.I'.P. linha· do perfil posterior R• .•
•
-' espessura da retina
E.P. epitélio pigmentar c. - espessura da coróide
1 00 -
5 - O plano escleral (PE) representado pela superfície anterior da
esclerótica.
Na prática, o estudo do corte biomicroscópico do fundus nos indica,
primeiramente, a LPA. Em seguida, a LPP que pode ser considerada como
um perfil luminoso resultante da fusão do pla:ilÓ pigmentar à membrana de
BRUCH. E, finalmente, os PGV e. PE (fig. 35).
4 - BIOMI�ROSCOPIA DA PAPILA
NASSIM CALIXTO
GENERALIDADES
1 - "Lâmina retinalis".
2 - Lâmina chorioidalis.
3 - Lâmin.a scleralis.
- 101 -
Anatômicamente, em face da presença do canal escleral, as porções
coróidea e escleral não apresentam elementos que as separem distintamen
te ,e ntre si, o que nos leva a agrupá-las e na realidade estudarmos duas
porções :
c
c
E
E
T
FIG. 3 6
Papila da nervo óptico - Corte horizontal (SALZMA N N ) : R · Retina; C . Coróide; E . Esclera;
T - Temporal; N - Nasal; D - Duramater; Ar - Aracnóide; I - Espaço intervaginol; P - Piamater;
Ma - Porção mielinizada do nervo óptico; Ccs - Cordão central de �u�tentação; A - A rtéria
central da retina; V - Veia central da retina; Lc - Lâmina cribriforme; Cn - Coluna nuclear; Es -
Escavação; Me Menisco central de su stentação (Kuhnt); l nt
· • Tecido intermediário de KUH NT;
Ce Canal escleral (tecido marginal de ELSC H N IG).
·
- 102 -
além de ser mais plano (pelo menor volume da camada de fibras nervosas
dêste lado do nervo óptico), é mais estreito que os outros quadrantes: isto
se deve à escavação que, sendo excêntrica, o faz à custa do quadrante
temporal
As camadas retinianas diminuem de espessura ao se aproximarem da
papila (o que é compensado pelo aumento de espessura ao mesmo nível, da
camada de fibras nervosas). A terminação das outras camadas da retina,
ao se aproximarem da papila, faz-se desigualmente, iniciando-se por. aque
las mais internas (isto é, pelas mais próximas das !fibras nervosas). O
epitélio pigmentar constitui o forame mais estreito, além de ser o mais
posterior que as fibras nervosas devem atravessar: o orifício por êle forma
do além de não ser uniforme, apresenta pigmentação irregular de suas bordas.
DISTRIBUIÇAO VASCULAR
- 1 03 -
anel escleral: daí a forma de tronco de cone que descrevemos para a por
ção retiniana (inicial) d o nervo óptico.
- 1 04 -
Desde JACOBY ( 1905) sabe-se que, de permeio com as fibras nervo
sas, se encontra uma quantidade apreciável de glia, cujos núcleos celu
lares se dispõem em fileiras como as contas de um rosário.
1 05 -
TÉCNICA DA BIOMICROSCOPIA DA PAPILA
- 106 -
8 - A fenda horizontal, no que respeita à papila, pode ser útil
para o estudo morfológico da escavação.
9 - O vítreo pré-papilar pode ser examinado servindo-se do pequeno
artifício _(GOLDJ.14ANN): projeta-se o feixe luminoso próximo à papila e
através do microscóp iofocaliza-se a papila (exame monocular) : pequenas
alterações do vítreo podem · se tornar evidentes.
VASOS PAPILARES
- 107 -
Quando o canal é oblíquo (sendo sua extremidade anterior lateral e
a posterior medial )', a borda nasal da escavação é via de regra talhada a pi
que e pode mesmo avançar lateralmente sôbre a escavação : aqui o tronco
d a A . C . R . é obscurecido por massa ·e spessa de fibras nervosas que enche
a parte nasal da escavação e cobre a primeira divisão da A . C . R . , que j á
aparece bifurcada e cujos ramos formam u m ângulo aberto lateralmente.
- 1 08 -
ESCAVAÇAO FISIOLóGICA
FIG. 3 7
(OD e OE): E • Esclera; C • Coróide; R • Retina. Retinografia e corte óptico de papilas com
escavação umbilicada (normal). Para explicações ver texto.
- 1 09 -
reabsorção (atrofia) dêsses tecidos determina a morfologia da chamada esca
vação fisiológica no interior da papila que é variável normalmente no
homem.
A morfologia d a escavação papilar definitiva, tendo em vista o expos
to acima, depende:
1 - Da quantidade de células sequestradas da parede interna do cá
lice óptico e de sua persistência;
2 Da proliferação dessas células no manto glial da artéria hialóidea;
3 Da posterior atrofia ou reabsorção variável dessas mesmas
células.
Outros fatôres, como por exemplo , a direção do canal escleral, não
introduzem modificações apreciáveis no aspecto da escavação.
O estudo biomicroscópico d a papila completado com o exame em
corte óptico permit� (BUSACCA, 1 959) distinguir três tipos fundamentais
de escavação.
1 - Escavação umbilicada (fig. 37) - Do lado temporal dos vasos
centrais a escavação se apresenta como um pequeno umbigo bem nítido
quando examinado a o corte óptico: é estreito, pouco profundo, d e vértice
posterior e sua parede temporal é mais esbatida que a nasal, o diâmetro
de sua base não ultrapassa e m geral 1 /4 de DP; por vêzes s e encontra no
fundo do umbigo papilar um tecido translúcido que ' fenda luminosa par
cialmente atravessa entrevendo-se atrás (como uma linha de perfil pos
terior)' a lâmina cribriforme.
2 - Escavação cilíndrica (fig. 38) - Aqui temos, embriolàgicamente
grande reabsorção d o manto glial. Forma-se uma escavação cuj o diâmetro
FIG. 3 8
(OD e O E do mesmo paciente): Retinog rafia e' corte da papila· com escavação cilí nd rica (normal).
Notar o seguinte: a ) Os vasos sofrem arqueamento nasal; b ) O canal esclerol é oblíquo (sua
extremidade anterior está voltada para a linha med�ana); c) A escavac;õo é cilíndrica mas nãO'
se vê o crivo da lâmina cribriforme; d ) A A.C.R. se bifurca na porção re.tiniana mais a nterior
do nervo óptico (ânguio de 1 80"), enquanto que a V.C.R. se forma ao n ivel da lâmina cri•
briforme.
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por vêze;s pode atingir (raramente ultrapassar) 1/2 DP e sua profundidade
se prolonga até à lâmina cribriforme. A escavação, como também a anterior,
é ligeiramente excêntrica ocupando mais a porção temporal da papila: bio
microscõpicamente, no interior de um anel de superfície papilar (mais estrei
to do lado temporal), uma escavação profunda com bordas mais ou menos
abruptas. O assoalho da escavação é mais pálido em comparação com a côr
rosada da superfície papilar. O .aspecto de crivo ou peneira da "lâmina cri
brosa" é bem realçada pela biomicroscopia; eventualmente se vislumbra pelo
biomicroscópio a presença de, uma delicada camada de tecido transparente
que reveste anterior e profundamente a lâmina cribriforme (esbôço de me
nisco de KUHNT?}.
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BIOMICROSCOPIA DA PERIFERIA DA RETINA
PAULO GALVAO
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As formações mais anteriores à ora serrata escapam, em condiçõ·es ha
bituais, à inspeção biomicroscópica. Algumas linhas, no entanto, elas me
recem, no interêsse do esbôço panorâmico.
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do cristalino. A aderência que tais fibras contraem com a cabeça dos pro
cessos (por meio de finas e curtas fibrilas da m.esma natureza das cílio
cili.ares ) impede que dêles se afastem quando submetidas à tração.
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As terminações periféricas dos vasos retinianos chegam às proximi
dades da ora, perdem-se entre as lacunas e, com freqüência, sofrem trans
formações esclero-tróficas que se acentuam com o evolver dos anos.
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essas alterações periféricas e as do pol'o posterior ou o valor refracional
d a miopia.
Nas abiotrofias tapeto-retinianas, BUSACCA destaca a presença de
áreas periféricas de reflexo metálico, como alterações mais características.
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