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EMBRIOLOGIA

E
BIOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

AULAS PRÁTICAS

José Ferreira da Silva

FMV-UL
LISBOA
2019
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1º TEMA
ALGUMAS REGRAS A OBSERVAR NO USO CORRECTO DO
MICROSCÓPIO FOTÓNICO (“ÓPTICO”)

Estas regras já foram referidas na 2ª Aula Prática de Histologia I. Com


vista à obtenção dos resultados ideais na observação microscópica por meio
da consolidação (recapitulação) das regras inerentes, nunca é demais recordar
essas regras. “A prática traz a perfeição”.

1. POSIÇÃO DO MICROSCÓPIO
a. Deve estar um pouco afastado da borda da mesa de trabalho.
b. Se for monocular, convirá que esteja um pouco à esquerda do
observador, utilizando este o olho esquerdo, de preferência, na
observação microscópica. À direita do microscópio poderá ser
colocado um caderno para tomada de apontamentos e realização
de desenhos e esquemas.
c. No caso de o observador ser canhoto e o microscópio ser
monocular, as posições indicadas em b. são invertidas.

2. POSIÇÃO DA PREPARAÇÃO MICROSCÓPICA


a. Apoiada na platina.
b. Emoldurada pelas sobreplatinas e devidamente imobilizada pela
pinça da sobreplatina dos deslocamentos laterais.
c. A lamela deve estar voltada para cima (verificar sempre!).
d. O objecto a observar deve intersectar o eixo óptico do
microscópio. Para se evidenciar a zona, acende-se a fonte
luminosa do microscópio e sobe-se cuidadosamente o
condensador o mais alto possível (cuidado - devido a folgas nas
engrenagens causadas pelo manuseamento continuado dos
microscópios com fins didácticos, em alguns microscópios o
condensador sobe mais do que aquilo que foi projectado e
colidem com a preparação microscópica). O condensador
projecta na lâmina um círculo luminoso no centro do qual passa o
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eixo óptico do microscópio. Seguidamente, coloca-se o objecto no


centro desse círculo por meio de deslocamentos imprimidos à
lâmina pelas sobreplatinas.

3. POSIÇÃO DO OBSERVADOR
a. Sentado de forma a manter uma posição ergonomicamente
correcta (evitando torcer o tronco de maneira a evitar, a longo
prazo, vícios de conformação no sistema locomotor) para a
observação, que é sempre um pouco demorada.
b. Se se utilizar um microscópio binocular, deve-se ajustar a
distância entre as duas oculares até se observar o campo
microscópico perfeitamente e sem cansaço visual (sensação de
“olhos tortos”).
c. Se for empregado um microscópio monocular, convirá utilizar-se o
olho esquerdo na observação, no caso de se ser destro (contudo,
no caso de o observador não conseguir assimilar este hábito,
poderá observar com o olho direito). O olho que não é empregue
na observação ao microscópio deve estar aberto; caso contrário,
a contracção continuada dos músculos da região ocular poderá
causar cansaço e mesmo dor em explorações microscópicas
prolongadas.
d. O observador deve sempre ter uma mão nos parafusos de
deslocação das sobreplatinas e a outra no parafuso
micrométrico (esta regra é particularmente importante durante a
observação com as objectivas de x40 e x100, devido à
profundidade do campo microscópico).
e. O caderno de notas e desenhos, no caso dos destros, deve estar
à direita do observador; nunca confiar na memória!

4. POSIÇÂO DO CONDENSADOR
a. O mais subido possível (contudo, é de ter em conta a nota da
alínea 2.d).
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b. Ligeiramente descido se, durante a observação microscópica, se


vê a imagem de poeiras depositadas na lente frontal do
condensador.

5. POSIÇÃO DO DIAFRAGMA-ÍRIS
a. Não regular a intensidade luminosa do campo microscópico
por meio do diafragma-íris (erro crasso infelizmente comum)!
Para esses efeitos, há dispositivos próprios (reóstatos). É de
lembrar que a função do diafragma-íris é de eliminar os raios
periféricos do feixe luminoso que atravessa o objecto, visto que
os pontos da imagem transportada por eles estão mais sujeitos às
aberrações devidas às lentes.
b. Pode adaptar-se

6. MODO DE FOCAR O MICROSCÓPIO PARA OBJECTIVAS A SECO

7. MUDANÇA DE OBJECTIVA

8. FIM DA OBSERVAÇÃO

9. UTILIZAÇÃO DA OBJECTIVA DE IMERSÃO

10. MODO DE EXPLORAR UMA PREPARAÇÃO MICROSCÓPICA

11. MANEIRA DE REGISTAR A LOCALIZAÇÃO DE UM OBJECTO NA


PREPARAÇÃO

12. COMO ASSINALAR A UM SEGUNDO OBSERVADOR A


LOCALIZAÇÃO DE UM PORMENOR NO CAMPO MICROSCÒPICO

13. CORRECÇÃO DE DEFICIÊNCIAS NA OBSERVAÇÃO


MICROSCÒPICA

14. ALGUNS CUIDADOS A TER COM O MICROSCÓPIO


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2º TEMA
IDENTIFICAÇÃO DAS CÉLULAS DA LINHAGEM SEMINAL
MASCULINA POR OBSERVAÇÂO DE PREPARAÇÕES
MICROSCÓPICAS

OBJECTIVOS

1) Identificação dos cortes de tubos seminíferos ao microscópio fotónico.


2) Identificação das células da linhagem germinal:
2.1) Espermatogónias de tipo A;
2.2) Espermatogónias de tipo B;
2.3) Espermatócitos I;
2.4) Espermátides ou espermatídios;
2.5) Espermatozóides;
3) Identificação das células de Sertoli.
4) Relacionar a topografia das células da linhagem germinal no epitélio seminal
com o seu grau de desenvolvimento.

GENERALIDADES

A espermatogénese ocorre no testículo, no interior dos tubos


seminíferos. Estes são envolvidos externamente por uma membrana basal que
suporta o epitélio seminal, constituído por dois tipos de células:
a) Células da linhagem espermatogénica;
b) Células de suporte das células da linhagem espermatogénica – células de
Sertoli.

As células da linhagem espermatogénica são:


1) Espermatogónias de tipo A – estão adjacentes à membrana basal do tubo
seminífero. O seu núcleo é circular ou oval e a cromatina está moderadamente
condensada, dando ao núcleo uma cor escura.
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2) Espermatogónias de tipo B – também estão próximas da membrana basal


do tubo seminífero. O núcleo, circular ou oval, é pálido, pois encerra cromatina
descondensada; no interior do núcleo, nota-se um nucléolo evidente.
3) Espermatócitos de 1ª ordem (espermatócitos I) – Estão situados mais no
interior do tubo seminífero. Como a profase da 1ª divisão meiótica é muito
longa (estadios leptóteno, zigóteno, paquíteno e diplóteno, diacinese), o núcleo
dos espermatócitos I está, na maior parte dos casos, em profase I. Assim, a
cromatina dos núcleos está condensada em filamentos enrolados ou em
crostas, que correspondem às tétradas de cromatídeos.
4) Espermatócitos de 2ª ordem (espermatócitos II) – estes entram
rapidamente na 2ª divisão meiótica, pelo que só dificilmente se observam no
epitélio dos tubos seminíferos. Devido a isto, a sua identificação não é
solicitada na avaliação de conhecimentos.
5) Espermátides ou espermatídios – estão próximos do lúmen central do tubo
seminífero. Têm núcleos redondos e pequenos (células haplóides), que
apresentam cor clara ou escura.
6) Espermatozóides – observam-se os seus núcleos em forma de bastonete,
no bordo apical do epitélio seminal. Por vezes, os núcleos dos
espermatozóides estão reunidos em pequenos grupos, formando uma espécie
de penacho.

À medida que as células da linhagem germinal vão avançando no seu


processo de diferenciação, elas vão-se aproximando do lúmen do tubo
seminífero (e, por conseguinte, vão-se afastando da membrana basal do tubo
seminífero).
As células de Sertoli encerram um núcleo claro, de forma oval ou
triangular, sendo o eixo maior do núcleo perpendicular à membrana basal do
tubo seminífero.
Os espermatozóides também podem ser observados, em grupos
numerosos, no lúmen do epidídimo. Neste caso, consegue-se observar o
núcleo (componente principal da cabeça do espermatozóide) e a cauda.

CRONOLOGIA DA ESPERMATOGÉNESE
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As primeiras células da linhagem germinal, as células germinais primordiais


(CGP), diferenciam-se no epiblasto. Em seguida, migram para a parede do
saco vitelino e, finalmente, efectuam uma segunda migração para os esboços
das gónadas. Aí chegam cerca da 6ª semana do desenvolvimento intra-
embrionário na espécie humana. A chegada das CGP induz a diferenciação da
gónada indiferente em testículo.
As CGP mantêm-se indiferenciadas até à maturação sexual do indivíduo. Nesta
altura, diferenciam-se em espermatogónias de tipo A, que são células
diplóides (2n cromossomas) e em que cada cromossoma, logo antes da
mitose (período G2 da interfase) é composto por dois cromatídios
(cromossoma bicromatídico). Nesta altura, a quantidade de ADN é de 4c (c é
a quantidade de ADN – normalmente em picogramas – existente no núcleo do
espermatozóide).
Nota: uma célula diplóide pode ter 2c ADN, se os cromossomas forem
monocromatídicos (período G1) ou 4c ADN, no caso de os cromossomas
serem bicromatídicos.
A espermatogónia de tipo A é uma célula auto-renovável, isto é, pode dar
origem por divisão mitótica a duas espermatogónias de tipo A. Assim se
mantém uma reserva constante deste tipo celular ao longo do período
sexualmente activo, desde a maturação sexual até à andropausa.
Algumas espermatogónias do tipo A, após alguns ciclos mitóticos, diferenciam-
se em espermatogónias do tipo B, que também efectuam algumas mitoses.
O período da linhagem germinal constituído pelas espermatogónias dos tipos A
e B em actividade mitótica é o período de multiplicação da
espermatogénese.
Algumas espermatogónias de tipo B deixam de ter actividade mitótica e
entram numa fase de crescimento citoplásmico, diferenciando-se em
espermatócitos de 1ª ordem ou espermatócitos I, que efectuam a replicação
do seu ADN. Este é o período de crescimento da espermatogénese. Os
espermatócitos I são células diplóides e os seus cromossomas são
bicromatídicos (4c ADN).

Seguidamente, vem o período de maturação da espermatogénese, em que


cada espermatócito I sofre duas divisões celulares sucessivas, sem replicação
de ADN:
1) Uma primeira divisão reducional – o espermatócito I dá origem a duas
células-filhas, os espermatócitos de 2ª ordem ou espermatócitos II, que são
haplóides (n cromossomas), de cromossomas bicromatídicos (quantidade 2c
ADN). Esta divisão tem 4 fases (profase I, metafase I, anafase I e telofase I). A
profase I é muito longa havendo o emparelhamento dos cromossomas
homólogos – bivalentes, tétrada de cromatídios – e crossing-over (troca de
material genético entre os homólogos paterno e materno).
2) Uma segunda divisão equacional – semelhante a uma mitose, também com
quatro fases: profase II, metafase II, anafase II e telofase II. As células-filhas
resultantes, os espermatídios ou espermátides, são células haplóides de
cromossomas monocromatídicos (quantidade 1c ADN, isto é, c ADN).
Cada espermatídeo sofre um processo de diferenciação em que,
essencialmente, se observa:
 Condensação da cromatina;
 Perda da grande maioria do citoplasma;
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 Edificação de um flagelo.
A célula resultante é o espermatozóide, que ainda terá de sofrer algumas
fases extra-testiculares de maturação bioquímica até ter capacidade fertilizante.

PREPARAÇÕES MICROSCÓPOCAS

Lâmina 1 (Histologia II – P1A).


Os cortes de testículo examinados com pequena ampliação mostram um
grande número de perfis de tubos seminíferos seccionados em diferentes
direcções, portanto com contornos muito variáveis (circulares, ovais ou
alongados). No interior destes tubos, distinguem-se dois grandes tipos de
células, as células da linhagem espermatogénica (espermatogónias A e B,
espermatócitos I, espermatócitos II, espermatídios e espermatozóides) e as
células de Sertoli. As espermatogónias estão situadas na camada mais
externa do epitélio seminífero e encostadas à membrana basal do tubo. Os
espermatócitos I são os componentes de núcleo mais volumoso da linhagem
espermatogénica. A profase destas células (profase da 1ª divisão meiótica) é
muito longa, conferindo ao núcleo um aspecto característico. Os
espermatócitos II são díficeis de observar. Os espermatídios, de núcleo
arredondado, são muito abundantes. Constituem, nalguns cortes dos tubos, a
maioria das células germinais e dispõem-se em vários estratos. As células de
Sertoli encontram-se situadas entre as células da linhagem espermatogénica e
caracterizam-se por possuir núcleo claro, de forma ovóide, triangular ou,
mesmo, quadrada, e nucléolo proeminente.

Lâmina 2 (Histologia II – P2).


Os cortes de testículo examinados com pequena ampliação mostram um
grande número de perfis de tubos seminíferos seccionados em variadas
direcções. Assim, estes perfis apresentam contornos diferentes (circulares,
ovais ou alongadas). No interior dos tubos seminíferos, deve distinguir dois
tipos de células, as células da linhagem espermatogénica (espermatogónias
A e B, espermatócitos I, espermatídios e espermatozóides) e as células de
Sertoli (células de suporte das células da linhagem espermatogénica).

Lâmina 3 – Testículo de cão.


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Tente identificar os espermatócitos de 1ª ordem. Porque têm estas células a


cromatina disposta de forma tão peculiar?
(Resposta – como a profase I é muito longa, a grande maioria destas células é
fixada neste período da primeira divisão meiótica. Os cromossomas homólogos
estão emparelhados, pelo que a cromatina tem o aspecto de filamentos
emaranhados; no caso de os cromossomas estarem muito curtos e grossos, a
cromatina tem o aspecto de crostas. O resto do núcleo é muito claro)

Lâmina 4 - Testículo de cão.


Tubos seminíferos.
Tente identificar as várias células da linhagem germinal.

Lâmina 5 - Testículo de cão.


Espermatogónias – núcleo assente na membrana basal dos tubos
seminíferos; algumas têm o núcleo escuro (espermatogónias A), outras
apresentam-no claro com nucléolo evidente (espermatogónias B).
Espermatócitos de 1ª ordem (espermatócitos I) – núcleo grande, vesiculoso,
com cromatina disposta em grumos.
Espermatídios – núcleos redondos e pequenos, sem nucléolo.
Espermatozóides – só se nota a cabeça na maior parte dos perfis de tubos
seminíferos.

Lâmina 6 - Testículo de cão.


Células da linhagem germinal:
1) Espermatogónias;
2) Espermatócitos de 1ª ordem;
3) Espermatócitos de 2ª ordem (existência efémera; não se conseguem
identificar);
4) Espermatídios;
Espermatozóides.

Lâmina 7 - Testículo de cão.


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Notar o aspecto característico dos núcleos dos espermatócitos de 1ª ordem:


núcleos grandes, redondos, vesiculosos (claros), com a cromatina disposta em
grumos ou em fios. Porquê este aspecto da cromatina?

Lâmina 8 - testículo impúbere (criança de 4 anos).


Ausência de espermatogénese.
Os tubos seminíferos, de diâmetro reduzido, não apresentam lúmen central.
São constituídos, essencialmente, por células de Sertoli, de núcleos ovalados e
relativamente escuros. De vez em quando, nota-se um gonócito, de núcleo e
claro, com citoplasma abundante.

Lâmina 9 – testículo de cachorro (animal impúbere)


Tubos seminíferos sem lúmen central. As células de Sertoli dispõem-se
perpendicularmente â membrana basal do tubo seminífero,paralelas umas âs
outras. Os gonócito são células volumosas, arredondadas de citoplasma
abundante e cromófobo, estando situadas entre as células de Sertoli.

Lâmina 10 - Testículo de cão.


Animal de 4 anos. Testículos ectópicos (em posição anormal) – localizados na
região inguinal, subcutâneos.
A população celular dos tubos seminíferos reduz-se a células de Sertoli e
espermatogónias (aspecto semelhante ao do testículo pré-púbere).

Lâmina 11 – Testículo de cão.


Animal de 4 anos (Fox Terrier).
Testículo ectópico (intra-abdominal).
A espermatogénese só se desenrola até ao estadio de espermatócito de 1ª
ordem.

Lâmina 12 - Testículo de cão.


No lúmen do tubo seminífero, os espermatozóides estão reunidos em grupos,
assemelhando-se cada grupo a um penacho ou leque (esta disposição dos
espermatozóides nem sempre se observa).
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Lâmina 13 - Testículo de cão.


Tubo seminífero:
Membrana basal
↓Espermatogónias

↓Espermatócitos de 1ª ordem

↓Espermatídios

↓Espermatozóides (dispostos em penachos)
Lúmen central.

Lâmina 14- Testículo de cão.


Tente identificar as várias fases da espermatogénese.

Lâmina 15 – Testículo de cão. Objectiva de imersão (x100). Coloração de


Giemsa.
Núcleo de espermatócito I em esfregaço do parênquima testicular. Os
cromossomas homólogos estão emparelhados (bivalentes), tendo o aspecto de
filamentos grossos formando um novelo.
Objectiva de imersão – não mudar a objectiva nem o campo microscópico.

Lâmina 16 – Testículo de cão.


Cortes de perfis de tubos seminíferos em fases diferentes da
espermatogénese.
Por isso, em alguns deles não se notam espermatozóides.

Lâmina 17 - Testículo de cão.


Nos tubos seminíferos, a espermatogénese efectua-se em fases sucessivas,
conforme o sector do tubo seminífero.
Por isso, alguns cortes de tubos seminíferos não encerram espermatozóides.
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Lâmina 18 – Epidídimo de cão (objectiva x40 – não mudar a objectiva nem o


campo microscópico).
Revestido por epitélio pseudostratificado com estereocílios.
Lúmen de vários cortes do epidídimo contendo numerosos espermatozóides.

Lâmina 19 – Epidídimo de cão (objectiva x100 – não mudar a objectiva nem o


campo microscópico).
Presença de espermatozóides no lúmen do epidídimo. A cabeça dos
espermatozóides pode estar colocada de frente ou de perfil. Notam-se as
peças intermédia e principal (parte inicial) da cauda dos espermatozóides.

Lâmina 20 – Testículo de lobo (estatuto hierárquico – ómega).


Testículo em inactividade sexual.
Notam-se células de Sertoli, de núcleos pequenos e alongados,
espermatogónias (núcleos redondos) e raros espermatócitos de 1ª ordem
(núcleos redondos e grandes).

Lâmina 21 – Testículo de galo (Ave).


Os tubos seminíferos são, nas suas linhas gerais, semelhantes aos dos
Mamíferos
Os espermatozóides apresentam a cabeça curva (recta nos Mamíferos).

Lâmina 22 – Testículo de víbora (Réptil).


Tubos seminíferos, em geral, semelhantes aos dos Mamíferos, apresentando
lúmen amplo.

BIBLIOGRAFIA
Santos M, Marcos R & Caniatti M (2010). Cytologic study of normal canine
testis. Theriogenology, 73 (2): 208-214.
Young B, Lowe JS, Stevens A & Heath JW (2006). Wheater’s Functional
Histology: A Text and Colour Atlas. 5ª edição. Churchill Livingstone Elsevier.
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3º TEMA
IDENTIFICAÇÃO DAS CÉLULAS DA LINHAGEM SEMINAL
FEMININA POR OBSERVAÇÂO DE PREPARAÇÕES
MICROSCÓPICAS

OBJECTIVOS
1) Identificar um folículo ovárico em corte histológico de ovário.
2) Identificar o tipo de folículo ovárico (primordial, primário, secundário, terciário
e terciário maduro ou folículo de de Graaf.
3) Identificar o oócito e a zona pelúcida. Não é objectivo desta aula a
identificação das tecas interna e externa do folículo ovárico nem a identificação
de folículos atrésicos.
4) Não é objectivo desta aula a identificação dos corpos hemorrágicos e corpos
amarelos ou lúteos.
5) Identificar se o ovário é de Mamífero ou de Ave.

BASES TEÓRICAS
O oócito é uma célula redonda e volumosa, de citoplasma apresentando
uma fina pontuação eosinófila. O núcleo é claro (incolor) e encerra um nucléolo
fortemente corado. Devido ao volume desta célula, o corte histológico não
atinge por vezes o núcleo, aparecendo o oócito aparentemente sem núcleo. O
oócito é envolvido por células de origem ovárica, as células foliculares. O
conjunto oócito – células foliculares constitui o folículo ovárico.

De acordo com as características morfológicas das células foliculares, os


folículos ováricos podem classificar-se em:
Folículos primordiais – o oócito está rodeado por uma fiada de células
foliculares achatadas, que formam um epitélio simples pavimentoso.
Folículos primários – o oócito é rodeado por uma camada de células
foliculares que adquiriram forma cubóide e que formam, portanto, um epitélio
simples cúbico. Em alguns folículos primários, já se pode observar a zona
pelúcida.
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Folículos secundários – o oócito é envolvido por células foliculares


cubóides dispostas em várias camadas (epitélio estratificado cúbico). O
conjunto das células foliculares chama-se granulosa, pelo que estas células
também são denominadas células da granulosa. Entre o oócito e a granulosa,
observa-se a zona pelúcida, membrana espessa e acidófila que reveste
exteriormente o oócito.
Folículos terciários ou antrais – na granulosa, começam a surgir espaços
intercelulares, que acabam por convergir numa única cavidade, o antro
folicular. Nos folículos terciários em grau de desenvolvimento mais avançado,
a zona da granulosa que encerra o oócito faz saliência para o antro folicular,
constituindo o cumulus oophorus. As células do cumulus oophorus mais
próximas do oócito chamam-se, no seu conjunto, corona radiata. Entre estas
células e o oócito, nota-se uma nítida zona pelúcida.
Folículos terciários maduros ou de de Graaf – este folículo está prestes a
sofrer a ovulação. O antro folicular têm as suas dimensões máximas. É bem
evidente o cumulus oophorus. A zona pelúcida é nítida.

Os folículos ováricos não se dispõem homogeneamente no ovário.


Ocupam a zona periférica, isto é, o córtex, enquanto que a medula (zona
central) encerra vários vasos sanguíneos. Portanto, a observação microscópica
do ovário deve ser feita próximo da superfície deste órgão. Outras estruturas,
cujo estudo não faz parte dos objectivos da presente aula prática, podem
dificultar o estudo dos folículos ováricos, pois podem distrair a atenção do
observador: folículos ováricos em atrésia, corpos amarelos ou lúteos
(funcionais e em regressão) e as células intersticiais (glândula intersticial). O
observador deve estar ciente da sua presença, mas não deve perder tempo na
sua observação.

CRONOLOGIA DA OOGÉNESE
A oogénese é, nos seus princípios gerais, semelhante à espermatogénese,
mas observam-se diferenças importantes sob os pontos de vista cronológico e
biológico.
Tal como na gametogénese masculina, as células germinais primordiais (CGP)
formam-se no epiblasto, migrando primeiro para a parede do saco vitelino e,
daí, para os esboços gonádicos. Quando as CGP chegam às gónadas
indiferentes, diferenciam-se em oogónias. Estas células são diplóides (2n
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cromossomas) e, antes de entrarem em mitose, os seus cromossomas são


bicromatídicos (quantidade 4c de ADN). As oogónias efectuam várias mitoses.
A certa altura, algumas diferenciam-se em oócitos de 1ª ordem ou oócitos I.
Estas células são também diplóides e os seus cromossomas são
bicromatídicos (4c ADN) e entram na profase da 1ª divisão meiótica, ficando
paradas no último estadio (diacinese). A maior parte das oogónias continua a
multiplicar-se mitoticamente. No 5º mês de vida intra-uterina (na espécie
humana), o número total de células da linhagem germinal é máximo
(7.000.000).
A maior parte destas células sofre apoptose (atrésia). Na altura do nascimento,
os ovários apenas encerram 600.000 a 800.000 oócitos I parados em
diacinese. Cada um deles está rodeado por células foliculares, formando um
folículo ovárico.
Até à maturidade sexual, continua a apoptose maciça de oócitos I, de modo
que na altura do primeiro ciclo sexual (menstrual na mulher) os ovários só
contêm cerca de 40.000 oócitos I.
No primeiro ciclo menstrual, entre 15 e 20 oócitos I parados em diacinese
começam a desenvolver-se rapidamente, juntamente com as respectivas
células foliculares. Perto da ovulação, dá-se o pico de hormona liuteinizante
(LH) adeno-hipofisária (secreção intensa e de curta duração de LH), o que faz
com que um dos oócitos termine a 1ª divisão da meiose (divisão reducional).
Formam.se duas células-filhas de tamanhos muito diferentes:
1. Uma recebe a grande maioria do citoplasma. É o oócito de 2ª ordem ou
oócito II. Esta célula é haplóide (n cromossomas) e os seus cromossomas
são bicromatídicos (quantidade 2c de ADN). Entra imediatamente na 2ª
divisão meiótica, parando em metafase (metafase II).
2. Outra recebe pouco citoplasma – é o 1º glóbulo polar (ou 1º corpúsculo
polar). Tal como o oócito II, tem n cromossomas bicromatídicos. Devido à
escassez de citoplasma, esta célula pode ou não efectuar a segunda
divisão meiótica.
Dá-se a ovulação: o oócito II e o 1º glóbulo polar (ambos envolvidos pela zona
pelúcida) são ejectados do ovário. Os outros oócitos I que tinham iniciado um
desenvolvimento acelerado no início do 1º ciclo menstrual degeneram
juntamente com as respectivas células foliculares (atrésia folicular).
O oócito II só completa a segunda divisão da meiose se se fundir com um
espermatozóide. Caso contrário, degenera nas vias genitais femininas cerca de
24 horas após a ovulação.
Se houver fertilização, o oócito II termina a segunda divisão meiótica dando
origem a duas células desiguais:
O óvulo, que herda a maior parte do citoplasma, no qual se encontra o
espermatozóide (logo, nos Mamíferos e também nas Aves, o óvulo não tem
existência individualizada). É uma célula haplóide com cromossomas
monocromatídicos (quantidade c de ADN).
O 2º glóbulo polar ou 2º corpúsculo polar, possuindo pouco citoplasma. Esta
é também uma célula com n cromossomas monocromatídicos.
No segundo ciclo sexual, novamente 15 a 20 oócitos I serão recrutados para
realizar um desenvolvimento acelerado, dos quais só um atingirá a ovulação.
Assim, na espécie humana, entre o início da vida sexual e a menopausa, só
entre 400 e 500 oócitos serão ovulados.
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PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS

Lâmina 1 (Histologia II – R0) – Ovário de gata recém-nascida.


Cordões de oócitos I (cordões de Valentin- Pflüger) perpendiculares à
superfície do ovário. Notam-se alguns oócitos de 1ª ordem na primeira profase
da meiose (cromatina disposta em grânulos e em fios).

Lâmina 2 (Histologia II – R2) – ovário (animal impúbere).


Cordões de Valentin-Pfluger. No interior do ovário, notam-se folículos ováricos,
constituídos por um oócito de 1ª ordem e uma fiada de células foliculares
(achatadas ou cúbicas) a rodeá-lo.
Células foliculares achatadas – folículo primordial.
Células foliculares cúbicas – folículo primário.

Lâmina 3 (Histologia II – R1) – Ovário de Mamífero.


Observe o ovário com fraca ampliação e procure distinguir uma parte periférica,
o córtex, contendo formações arredondadas, os folículos ováricos, e uma
zona mais interna, a medula, onde se encontram numerosos vasos
sanguíneos.

Lâmina 4 (Histologia I e II – A4) – Ovário de Mamífero.


Procure identificar os diferentes tipos de folículos: folículos com uma camada
de células foliculares – folículos primários; folículos em crescimento, com
várias camadas de células foliculares – folículos secundários, terciários – e
folículos maduros ou de de Graaf. Nos folículos maduros e em crescimento
procure identificar a zona pelúcida, em torno do oócito,. Nesta preparação
pode encontrar, igualmente, um corte de trompa uterina.

Lâmina 5 – Ovário de gata.


Folículos primordiais.
Folículos em atrésia.

Lâmina 6 – Ovário de cadela.


Folículos primordiais e secundários.
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Folículos terciários.
Folículos em atrésia.

Lâmina 7 - Ovário de cadela.


Folículo secundário – oócito (o corte não atingiu o núcleo) rodeado por espessa
zona pelúcida eosinófila (rosada pela coloração da hematoxilina-eritrosina). As
células foliculares, cubóides, dispõem-se em várias camadas (o conjunto das
células foliculares denomina-se granulosa).
Não mover a platina do microscópio.

Lâmina 8 - Ovário de cadela.


Folículos secundários. Um deles encerra dois oócitos.
Corpos lúteos funcionais.

Lâmina 9 – Ovário de cadela.


Folículos ováricos em vários estadios de desenvolvimento.
Corpo lúteo funcional.
Folículo ovárico encerrando dois oócitos.

Lâmina 10 – Ovário de cadela.


Folículos primordiais.
Folículos primários.
Folículos secundários.
Folículos atrésicos.
Corpo lúteo em involução.

Lâmina 11 – Ovário de cadela.


Folículo maduro (de de Graaf).
Antro folicular bem desenvolvido.
A área de células da granulosa (isto é, células foliculares) que encerram o
oócito faz saliência no antro folicular e forma o cumulus oophorus.
O folículo apresenta-se em início de atrésia (ligeira desorganização das células
foliculares).
18

Lâmina 12 - Ovário de gata.


Folículo maduro (de de Graaf).
Antro folicular bem desenvolvido.
A área de células da granulosa (isto é, células foliculares) que contêm o oócito
faz saliência no antro folicular e forma o cumulus oophorus.
Zona pelúcida bem evidente (acidófila).

Lâmina 13 – Ovário de gata.


Folículos primordiais perto da superfície do ovário.
Folículos ováricos em outras fases de evolução.

Lâmina 14 – Ovário de gata.


Folículos primordiais – cada oócito (encerrando um núcleo com respectivo
nucléolo) é envolvido por uma camada de células achatadas (células
foliculares), que mal se nota.
Não mudar o campo microscópico.

Lâmina 15 – Ovário de gata.


Folículos primordiais, primários, secundários e terciários. Estes últimos são o
tipo de folículo predominante.

Lâmina 16 – Ovário de gata.


Folículos maduros ou de de Graaf.
Em alguns não se nota o oócito, porque o corte não o atingiu.

Lâmina 17 – Ovário de cadela.


Folículos primordiais.
Folículos primários.
Folículos secundários.
Folículos terciários.
Folículo encerrando dois oócitos (cada um rodeado por uma zona pelúcida).
Folículos em atrésia.
Corpo lúteo funcional.
19

Lâmina 18– Ovário de cadela.


Folículos primordiais, primários e secundários. Folículo terciário em fase inicial
de atrésia folicular.

Lâmina 19 - Ovário de cadela.


1) Folículos primordiais – oócito envolvido por uma fiada de células foliculares
achatadas.
2) Folículos secundários – oócito envolvido por várias fiadas de células
foliculares cúbicas (granulosa). Nota-se bem a zona pelúcida.
3) Folículo terciário – notar o antro folicular e a zona pelúcida.

Lâmina 20 - Ovário de papagaio (Ave).


O aspecto é muito diferente do observado nos Mamíferos. Os oócitos
apresentam vários tamanhos (conforme a fase de acumulação de vitelo no
citoplasma). Em alguns oócitos nota-se o núcleo que, frequentemente, está
separado do citoplasma por um espaço artefactual.
A camada de células foliculares é sempre pouco desenvolvida (epitélio cúbico
simples ou estratificado, neste caso com duas ou três camadas de células
foliculares), independentemente do grau de desenvolvimento do oócito.

Lâmina 21 - Ovário de papagaio (Ave).


Os oócitos são sempre envolvidos por apenas uma, duas ou três fiadas de
células foliculares.

Lâmina 22 – Ovário de escinco de língua azul (Réptil - Sáurio).


Oócitos telolecíticos envolvidos por estreita camada de células foliculares de
diferentes tamanhos.

Lâmina 23 – Ovotestis. Canídeo Basset Hound, 7 meses.


Folículos primordiais, primários e secundários.
Tubos seminíferos formados apenas por células de Sertoli, logo, sem
espermatogénese.

Lâmina 24 – Ovotestis. Canídeo Basset Hound. 2 anos.


20

Folículos ováricos em vários estadios de desenvolvimento.


Folículo ovárico encerrando dois oócitos.
Corpos lúteos em involução.
Tubos seminíferos sem espermatogénese.

BIBLIOGRAFIA
Young B, Lowe JS, Stevens A & Heath JW (2006) - Wheater’s Functional
Histology: A Text and Colour Atlas. 5ª edição. Churchill Livingstone.
21

4º TEMA
OBSERVAÇÂO DO ÓVULO TELOLECÍTICO DA GALINHA E SEUS
INVÓLUCROS
OBSEVAÇÂO DE OVOS EMBERIONADOS

OBJECTIVOS
1) Saber distinguir o óvulo telolecítico de Ave das estruturas envolventes
(albúmen, membranas da casca, casca).
2) Identificar, no óvulo, o vitelo e o disco germinativo.
3) Identificar os diversos tipos de invólucros; albúmen fluido, albúmen denso,
membranas da casca (interna e externa), câmara de ar e casca.

BASES TEÓRICAS
O óvulo da galinha (assim como das outras Aves, Répteis e Mamíferos
Monotrématos [ornitorrinco e equidna]) é um óvulo telolecítico. É, pois, uma
célula volumosa, com cerca de 3 cm de diâmetro, em que o citoplasma é quase
totalmente ocupado por reservas nutritivas– o vitelo ou deutolecito - de cor
amarela. O citoplasma funcional ou protolecito forma, junto com os
cromossomas, um pequeno círculo branco com 1 a 3 mm de diâmetro, o
disco germinativo, adjacente à membrana celular do óvulo, chamada oolema.
Na altura da ovulação, a célula germinal feminina é, tal como sucede nos
Mamíferos, um oócito II bloqueado em metafase. É expulso do ovário rodeado
por uma fina membrana vitelina proteica, elaborada pelas células foliculares e
que cobre externamente o oolema, reforçando-o.
A membrana vitelina é um dos invólucros do oócito, tal como o albúmen, as
calazas, as membranas da casca e a casca.
O albúmen rodeia a membrana vitelina e é um meio fluido transparente, incolor
e viscoso, com um grande teor em água (88%). Apresenta três camadas
concêntricas:
 Uma camada interna de albúmen fluido, que rodeia a membrana vitelina;
 Uma camada média de albúmen denso, que se estende do pólo mais
largo do “ovo” (coloquialmente falando) até ao pólo nais esterito:
 Uma canada externa de albúmen fluido.
22

O albúmen contém várias proteínas. A mais abundante é a ovalbumina. Três


outras proteínas têm propriedades antibacterianas:
 A lisozima desintegra a parede das bactérias gram-positivas;
 A ovotransferrina liga-se ao ferro, impedindo a utilização deste
oligoelemento pelas bactérias;
 A avidina tem grande afinidade pela biotina (vitamina do complexo B),
impedindo a sua utilização pelos microorganismos.
Duas outras proteínas presentes no albúmen, a ovomucina e a cistatina, têm
possivelmente acção antiviral.
Em dois pontos diametralmente opostos do oócito fixam-se duas estruturas
helicoidais proteicas de textura fibrosa, as calazas, que se fundem com a
membrana vitelina.
As membranas da casca, translúcidas e de cor branca, contendo fibras
elásticas colocadas em várias direcções, cobrem externamente o albúmen
(membrana interna) e a face interna da casca (membrana externa). Estão
estreitamente aderentes uma à outra, excepto no pólo mais largo do “ovo”,
onde se separam, formando um espaço – a câmara de ar.
A casca é composta essencialmente (98%) por carbonato de cálcio (CaCO3),
sob a forma de calcite. É composta por:
Uma camada interna, a camada mamilar;
Uma camada externa, a camada esponjosa.
A superfície externa da casca é coberta por uma fina película brilhante
glicoproteica, a cutícula.

Descrição detalhada do “ovo”


O óvulo (na realidade, um oócito de 2ª ordem) das Aves corresponde à gema
da estrutura que coloquialmente se chama “ovo” e é extremamente rico em
reservas mutritivas, sendo denominado de óvulo telolecítico.
É uma célula muito volumosa, que apresenta uma membrana celular, o
oolema, reforçada externamente por uma membrana acelular, a membrana
vitelina. Esta membrana não é produzida pelo oócito, é sintetizada pelas
células foliculares que o rodeiam no ovário.
O citoplasma do oócito apresenta dois constituintes:
1. O citoplasma funcional, ou protolecito, que encerra os organitos celulares
e o material cromossómico haplóide do oócito II em metafase. Este
citoplasma stá localizado à superfície do oócito, formando uma pequena
mancha branca com diâmetro entre 1 e 3 mm, o disco germinativo ou
cicatrícula.
23

2. As reservas nutritivas, deutolecito ou vitelo. O vitelo é constituído por


camadas concêntricas alternadas de:
2.1. Vitelo amarelo – é rico em lípidos e tem cor amarela-alaranjada devido
à presença de pigmento carotenóide. É sintetizado durante o dia.
2.2. Vitelo branco – na realidade é incolor e é de natureza proteica. É
sintetizado durante a noite.
As camadas alternadas de vitelo branco e amarelo reflectem a sucessão dos
dias e das noites.
O centro do oócito é ocupado por uma esfera de vitelo branco, a látebra.
O citoplasma funcional (com o material cromossómico incluído) assenta numa
“almofada” de vitelo branco chamada núcleo de Pander. Este está ligado à
látebra por um longo e estreito cilindro de vitelo branco, o poço da látebra, que
perfura as camadas de vitelo amarelo.
A membrana vitelina, como já foi referido, não pertence ao oócito propriamente
dito, é uma das estruturas que envolvem esta célula.

O oócito liberta-se do ovário esquerdo (a gónada direita é rudimentar na maior


parte das Aves; uma das excepções é o falcão) por ruptura da parede deste
órgão segundo uma linha. Se um vaso sanguíneo atravessa o local da linha de
ruptura, dá-se uma pequena hemorragia (hemorragia de ovulação), ficando
uma pequena quantidade de sangue depositada à superfície da membrana
vitelina ou suspensa no albúmen. Este sangue pode ter cor vermelha-viva ou
castanha-ferruginosa, neste caso devido à degradação da hemoglobina.

Na ovulação, o oócito já terminou a primeira divisão da meiose, sendo portanto


um oócito de 2ª ordem parado em metafase, como já foi referido. Só se houver
a fertilização por um espermatozóide é que se completa a segunda divisão
meiótica.

Ao longo do percurso do oócito pelo oviducto e útero, vão sendo adicionadas


estruturas com funções de alimentação e protecção. Estas estruturas são: as
calazas, o albúmen, as membranas da casca (interna e externa), a casca e a
cutícula.
Calazas – são duas formações helicoidais inseridas em duas áreas
diametralmente opostas da membrana vitelina. Têm estrutura filamentosa e a
sua função é manter o disco germinativo voltado para cima, qualquer que seja
a posição do “ovo”.
Albúmen – é o que prosaicamente se designa de “clara do ovo”. É
essencialmente uma solução aquosa de proteínas (88% de água). A proteína
principal é a ovalbumina. Estão presentes outras proteínas, estas com
propriedades bacteriostáticas ou bactericidas, como a lisozima (que destrói a
parede celular das bactérias Gram-positivas), a ovotransferrina (que fixa o
ferro, tornando o acesso das bactérias a este ião impossível) e a avidina (que
fixa a biotina, vitamina do complexo B, um importante factor de crescimento
bacteriano). O albúmen dispõe-se em três camadas concêntricas em torno do
oócito:
 Uma camada interna de albúmen fluido;
 Uma camada média de albúmen denso;
 Uma camada externa de albúmen fluido.
24

Quando se quebra a casca dum “ovo”e se vaza o seu conteúdo, o albúmen


dispõe-se em dois “andares”: um mais próximo do oócito, constituído por
albúmen denso, de maior espessura e menor diâmetro; outro, que se estende
em torno do albúmen denso, constituído pela junção das duas camadas de
albúmen fluido, e que tem menor espessura e ocupa uma área mais extensa.
Membranas da casca – interna e externa. São compostas por material fibroso
semelhante à elastina. Aderem estreitamente uma à outra, excepto no pólo
mais rombo do “ovo”; aqui, separam-se uma da outra, delimitando a câmara de
ar. A face interna da membrana interna contacta com o albúmen em toda a sua
extensão. A face externa da membrana externa adere à face interna da casca.
Casca – é uma fina camada constituída por 98% de carbonato de cálcio
cristalino e 2% de material protéico que estabiliza os cristais, impedindo que a
casca seja excessivamente quebradiça. A casca é porosa, o que permite as
trocas gasosas entre o embrião e o meio exterior.
Cutícula – é a fina camada glicoproteica que cobre a face externa da casca.

MATERIAL
Um tabuleiro de plástico.
Uma tesoura.
Uma pinça bico-de-pato.
Um estilete.
Uma lupa estereoscópica.

ESTUDO DO “OVO”
1) Medir o eixo maior e o eixo menor da casca.
2) Com um instrumento rombo, dar uma pancada leve na face lateral do “ovo”,
de maneira a quebrar a casca mas mantendo intactas as membranas da
casca.
3) Retirar cuidadosamente os fragmentos de casca com a pinça bico-de-pato.
4) Alargar o orifício da casca (mantendo as membranas subjacentes
incólumes) até este ter cerca de 1,5 a 2 cm de diâmetro.
5) Abrir um orifício nas membranas com o estilete. Não enterrar o estilete para
não danificar o óvulo (gema).
6) A partir do orifício criado, cortar a casca e membranas subjacentes segundo
um plano equatorial (perpendicular ao eixo maior do “ovo”).
7) Separar as metades da casca e verter o conteúdo no tabuleiro de plástico.
É necessário muito cuidado com a passagem do óvulo pela linha de fractura
da casca, para evitar a ruptura da membrana vitelina (ruptura da gema).
8) Examinar o óvulo e albúmen depositados no tabuleiro
25

9) Medir o diâmetro do óvulo e identificar o disco germinativo e possíveis


pontos de hemorragia da ovulação.
10) Identificar o albúmen fluido, albúmen denso e as calazas.
11) Identificar a câmara de ar.

Nos ovos embrionados, abre-se na casca uma janela com cerca de 2 cm de


diâmetro e observa-se o embrião na lupa estereoscópica. Notam-se
nitidamente as artérias vitelinas (direita e esquerda), que se ramificam na
superfície do saco vitelino (gema). Seguidamente, corta-se a casca segundo
um plano equatorial e deposita-se o embrião, saco vitelino (gema) e o albúmen
num tabuleiro de plástico.

Em caso de haver acesso a ovos com tempo de incubação mais longo (8


dias em diante), procede-se da mesma maneira. Identificar o feto, o âmnios
que o envolve, o saco vitelino vascularizado e a membrana corio-
alantoideia (na superfície interna da casca; vêem-se essencialmente os vasos
corio-alantroideus).

BIBLIOGRAFIA
http://www.msstate.edu/dept/poultry/avianemb.htm
26

5º TEMA
OBSERVAÇÂO DO CROMOSSOMA X INACTIVO (CROMATINA
SEXUAL) EM ESFREGAÇO DA MUCOSA BUCAL HUMANA

OBJECTIVO
a) Aprender a técnica de realização do esfregaço da mucosa bucal.
b) Identificação da cromatina sexual em núcleos interfásicos de células
pertencendo a indivíduos do sexo feminino;
c) Confirmação da inexistência da cromatina sexual em núcleos interfásicos de
células pertencentes a indivíduos do sexo masculino.

BASES TEÓRICAS
Em qualquer espécie de Mamífero (e, mais concretamente, no Homem), as
funções fisiológicas podem ser reunidas em dois grupos:
a) As funções que visam à conservação do indivíduo – fisiologia somática.
b) As funções que se destinam à conservação da espécie – fisiologia sexual.
Enquanto que a fisiologia sexual é diferente no homem e na mulher, a
fisiologia somática é muito semelhante nos dois sexos.

A guarnição cromossómica da espécie humana é:


a) 44 cromossomas somáticos ou autossomas + cromossomas sexuais (ou
gonossomas) XY no homem;
b) 44 cromossomas somáticos ou autossomas + cromossomas sexuais (ou
gonossomas) XX na mulher.

Os cromossomas somáticos contêm genes implicados na fisiologia


somática. O cromossoma Y é quase totalmente constituído por genes
determinantes testiculares. O cromossoma X, além de possuir genes
determinantes ováricos, apresenta muitos genes ligados à fisiologia somática.
Da análise da guarnição gonossómica masculina (XY) versus feminina (XX),
esperar-se-ia que os genes somáticos de X fossem expressos com duas vezes
mais intensidade na mulher do que no homem. Isto levaria a grandes
27

diferenças entre as fisiologias somáticas masculina e feminina, o que na


realidade não acontece. Como explicar esta situação?

Resposta: um dos cromossomas X femininos está inactivo. Este


cromossoma apresenta a cromatina condensada, formando um corpúsculo de
cromatina condensada com cerca de 1 µm de diâmetro, chamado cromatina
sexual ou corpúsculo de Barr.

1949 – Barr e Bertram descobriram a cromatina sexual em núcleos de


células nervosas de gatas; tal corpúsculo não se observava nos núcleos do
mesmo tipo de células em gatos (dimorfismo sexual dos núcleos). Postularam
que esse corpúsculo corresponderia a um cromossoma X inactivo,
denominando-o “satélite nucleolar”, pois, nos neurónios, ele localiza-se próximo
do nucléolo.
1959, 1960 – Ohno et al. descobriram que a cromatina sexual correspondia
a um cromossoma X.
1961, 1962 – Lyon emitiu a hipótese de, nas células somáticas em interfase
dos Mamíferos, estar sempre um cromossoma X inactivo. A inactivação faz-se
ao acaso, apresentando 50% das células o X de origem materna inactivo e os
outros 50% o X de origem paterna inactivo.

Num zigoto feminino, ambos os X estão inactivos, devido à baixa actividade


transcricional que ocorre em todos os genes nesta altura. Durante o estadio de
quatro blastómeros, o X materno está activo e o X paterno é inactivado
(inactivação selectiva - “parental imprinting”). Esta situação mantém-se assim
durante a segmentação até à fase de blastocisto. Aqui, nas células do
trofoblasto; o X materno está activo e o X paterno inactivo (conserva-se o
“parental imprinting”).
No embrioblasto, os dois X passam a estar activos. Quando se
diferenciarem os diversos tecidos a partir do embrioblasto, começa a dar-se a
inactivação de um dos cromossomas X, que é aleatória, pois pode atingir tanto
o X paterno (50% de probabilidade) como o X materno (50% de probabilidade).
28

Mecanismo de inactivação do X – cada cromossoma X apresenta um


segmento específico, o XIC (X-inactivation center), que contém vários genes,
um dos quais é o XIST (X-inactivation specific transcript). No cromossoma X
que vai ser inactivado, o XIST transcreve um ARN particular, que vai cobrir
todo o cromossoma X, tornando-o inactivo.

Teoricamente, todos os núcleos de células somáticas diplóides em interfase


de um Mamífero do sexo feminino têm uma cromatina sexual, enquanto que
todos os núcleos de células somáticas diplóides em interfase de um Mamífero
do sexo masculino estão desprovidos dela. Os resultados da contagem de
cromatina sexual frequentemente não atingem os 100% no sexo feminino nem
0% no sexo masculino. Vários factores podem concorrer para tal:
Só os corpúsculos de cromatina sexual que estão encostados à face interna
do invólucro nuclear são contabilizados. Os núcleos que apresentarem a
cromatina sexual no seu interior são considerados negativos (falsos
negativos).
Nos núcleos de indivíduos do sexo masculino, um corpúsculo de
heterocromatina não associada ao cromossoma X pode ter dimensões
semelhantes à da cromatina sexual dos núcleos de indivíduos femininos e
lestar encostado à face interna do invólucro nuclear. Esse corpúsculo será
contabilizado como cromatina sexual (falso positivo).
Algumas colorações, como o método de Feulgen e a coloração de Guard,
permitem uma visualização mais eficaz da cromatina sexual do que outros,
como a coloração pela hematoxilina.

Anónimo (epitélio da mucosa bucal), British Medical Journal (1964) 1 (5394)


1365.
De 0 a 5% de núcleos positivos – sexo masculino.
Até cerca de 50 % de núcleos positivos – sexo feminino.
Cormack (epitélio da mucosa bucal) – Cormack DH (1987). Ham’s
Histology. 9ª edição. J.B. Lippincott Company, Philadelphia.
0 a 15% de núcleos positivos – sexo masculino.
20 a 70% de núcleos positivos – sexo feminino
29

Assim, convencionou-se que: (http://healthdrip.com/sex-identification/)


a) 20 a 80% dos núcleos apresentam cromatina sexual – sexo feminino.
b) 0 a 4% dos núcleos encerram um corpúsculo semelhante a cromatina
sexual (falso positivo) – sexo masculino.

Considerando cariótipos normais, no núcleo das células somáticas do


sexo feminino há uma cromatina sexual, enquanto que o núcleo das
mesmas células no sexo masculino não se observa cromatina sexual (há
0 cromatinas sexuais). No caso de cromossomas X supranumerários:
a) 44 autossomas + XXY (síndrome de Klinefelter) – uma cromatina sexual.
b) 44 autossomas + X0 (um único X – síndrome de Turner) – 0 cromatinas
sexuais.
c) 44 autossomas + XXX – 2 cromatinas sexuais.
d) 44 autossomas + XXXX – 3 cromatinas sexuais.

Em geral:
Nº CS = Nº cromossomas X – 1
CS – cromatina sexual.

Coloração pela hematoxilina

Protocolo:
1) Execução do esfregaço da mucosa bucal (face interna da bochecha).
2) Fixação: em álcool a 100º durante 20 minutos.
3) 10 banhos sucessivos em álcool a 70º.
4) 10 lavagens em água destilada.
5) Coloração: em hematoxilina durante 2 minutos.
6) Lavagem em água corrente durante 1 minuto.
7) Banho em álcool amoniacal a 10%; duração: 20 segundos
8) Lavagem em água destilada durante 1 minuto.
9) 10 banhos sucessivos rápidos em álcool a 70º.
10) 10 banhos sucessivos rápidos em álcool a 95º
11) 10 banhos sucessivos rápidos em álcool a 100º.
30

12) 2 banhos em xilol.


13) Montagem em resina hidrófoba.

Reagentes:
Água destilada.
Álcool etílico a 70º, 95º e 100º.
Álcool amoniacal a 10%.
Hematoxilina.
Xilol.
Meio de montagem (resina sintética).

TÉCNICA DE CONTAGEM
As células epiteliais da mucosa bucal que surgem no esfregaço
pertencem à camada mais superficial, tendo, portanto, forma achatada.
Apresentam um núcleo oval e citoplasma abundante.
Devem ser avaliados os núcleos de cromatina clara. A cromatina sexual
aparece como um pequeno grânulo encostado à superfície interna do invólucro
nuclear. Este grânulo tem a forma de um ponto ou pequeno bastonete.
A observação faz-se com objectiva de imersão (x100). Percorre-se o
esfregaço em zigzag para evitar contar o mesmo núcleo duas vezes.
Os núcleos em picnose (cromatina condensada, tamanho diminuído) e
núcleos que se apresentem parcialmente tapados por grandes grânulos de
origem citoplásmica não devem entrar na contagem.
O ideal será contar 200 núcleos, registando-se quais os que apresentam
cromatina sexual. Como o processo é cansativo, podem ser contados 100 ou
mesmo 50 núcleos, sendo o resultado estatisticamente menos significativo.
Será conveniente examinar-se um esfregaço proveniente de um
indivíduo do sexo masculino e outro esfregaço obtido a partir de um indivíduo
do sexo feminino e compararem-se os resultados.

BIBLIOGRAFIA
Anónimo (1964). British Medical Journal, 1 (5394) 1365.
Anónimo (s.d.). http://healthdrip.com/sex-identification/
31

Carlson BM (2009). Human Embryology and Developmental Biology. 4ª edição.


Mosby Elsevier.
Cormack DH (1987). Ham’s Histology. 9ª edição. J.B. Lippincott Company,
Philadelphia.
Guard HR (1959). A new technic for differential staining of the sex chromatin,
and the determination of its incidence in exfoliated vaginal epithelial cells.
American Journal of Clinical Pathology, 32 (2): 145-151.
Salmon D & Blancou J (1980). Diagnose expérimentale du sexe du renard
(Vulpes vulpes): Essais comparés de trois méthodes en w de l’étude
épidémiologique de la rage. Récueil de Médecine Vétérinaire, 156: 121-128.
Silva JMAF (1987/88). Cromatina sexual. O Prado nº 5: 67-76.
Wing J & O’Connor C (2008). Sex chromosomes in Mammals: X inactivation.
Nature Education, 1 (1).
32

6º TEMA
OBSERVAÇÃO DE MODELOS DE EMBRIÕES
Introdução
O estudo da Embriologia apresenta um certo grau de dificuldade, pois estuda-
se a evolução de estruturas biológicas (e regressão de outras) cujas dimensões
variam no espaço e no tempo. Mais, essas estruturas alteram a sua forma e
dimensões em simultâneo. A leitura de um simples texto dedicado à matéria de
Embriologia é manifestamente insuficiente para a apreensão e compreensão
proveitosas das alterações das referidas estruturas. Os livros deEmbriologia
apresentam figuras bidimensionais de estruturas que variam nas quatro
dimensões (comprimento, largura, altura e tempo), Para piorar as coisas, essas
figuras são, muitas vezes, esquemáticas.
A complementação do estudo teórico deve ser feita com a observação de
modelos tridimensionais de embriões. O ideal é que esses modelos sejam
dispostos em ordem cronológica. Se possível, devem ser também
desmontáveis.
Idealmente, o estudo deveria ser completado com a construção de modelos de
embriões pelos Estudantes, com recurso a materiais como a plasticina de
várias cores ou pano, agulha e linhade coser ou cola.

Prática da observação e estudo de modelos de embriões


Modelo 1 – Embrião de Porco com 12 dias
O embrião é achatado e, visto de cima, tem forma aproximadamente
oval, sendo largo na extremidade cranial e afilado na extremidade caudal.
Observam-se a linha primitiva e o nó primitivo (ou de Hensen).
Notem-se os bordos de corte do âmnios e do saco vitelino.

Modelo 2 – Embrião de Porco com 12 dias.


Descrição igual à do Modelo 1.

Modelo 3 – Embrião de Porco com 13 dias.


Embrião achatado. Visto de cima, tem forma oval, sendo o pólo cranial
mais estreito do que nos modelos anteriores e apenas um pouco mais largo
33

que o pólo caudal. A metade anterior da ectoderme apresenta-se ligeiramente


elevada, formando a placa neural, que apresenta na sua região média o sulco
neural. Posteriormente a este, observam-se o nó primitivo e a linha
primitiva.
Observem-se os bordos de corte do âmnios e do saco vitelino.

Modelo 4 – Embrião de Porco com 14 dias.


Este embrião já tem forma alongada. Na face dorsal, nota-se uma
goteira neural bem evidente, com as respectivas pregas neurais, não
havendo ainda formação do tubo neural. Apresenta 7 pares de somitos, que
podem ser apreciados pela saliência que fazem na superfície corporal dorsal.
Cada par de somitos dispõe-se de um e do outro lado da goteira neural, ao
mesmo nível.
Nota-se a formação do intestino primitivo, com os seus três
segmentos: intestino anterior, intestino médio e intestino posterior.
Observam-se também os portais intestinais anterior e posterior.
A inserção do saco vitelino (pedículo do saco vitelino) começa a
estreitar-se.
Observar os bordos de corte do âmnios e do saco vitelino.

Modelo 5 – Embrião de Porco com 15 dias.


O embrião tem forma ainda mais alongada do que a do modelo anterior.
Apresenta 11 pares de somitos, dos quais se podem ver, por saliência na
superfície dorsal do embrião, dez. O tubo neural está em formação avançada,
observando-se as pregas neurais e os neuroporos anterior e posterior (este
último mais longo, em forma de fenda).
Abaixo do neuroporo anterior, nota-se a saliência cardíaca. A inserção
do saco vitelino é mais estreita (pedículo do saco vitelino). Na superfície
externa do saco vitelino, nota-se a presença de vasos sanguíneos
(vasculogénese e angiogénese). Observam-se os portais intestinais anterior
e posterior.
O intestino posterior faz saliência na face ventral do embrião.
Identificar o bordo de corte do âmnios.
34

Modelo 6 - Embrião de Porco com 15 dias.


Descrição igual à do Modelo 5.

Modelo 7 – Embrião de Porco com 16 dias.


O embrião, de forma alongada, começa a enrolar-se em torno do seu
eixo antero-posterior. Apresenta 17 pares de somitos, dos quais só se notam
13 a 14 pares.Os neuroporos anterior e posterior estão quase fechados. Na
região anterior, notam-se o 1º e 2º arcos faríngeos (branquiais) e, a seguir, a
saliência cardíaca. De cada lado da futura cabeça nota-se o placódio do
cristalino (mais cranial) e o placódio ótico (mais caudal).
O pedículo do saco vitelino é ainda mais estreito do que nos Modelos 5 e
6. Na superfície externa do saco vitelino, nota-se a presença de uma rede
vascular mais desenvolvida do que a dos modelos já referidos. Observam-se
os intestinos anterior, médio e posterior e os portais intestinais anterior e
posterior.
Identificar o bordo de corte do âmnios e do saco vitelino.

Modelo 8 - Embrião de Porco com 16 dias.


Descrição igual à do Modelo 7.

Modelo 9 – Embrião de Mamífero com 25 pares de somitos.


A metade direita está coberta por ectoderme, a outra foi representada
sem a ectoderme e mesoderme subjacente de maneira a evidenciarem-se os
órgãos internos. O tecto do saco vitelino tem cor verde clara.
O sistema nervoso central está representado a amarelo. 1 e 4 são
derivados do prosencéfalo ou vesícula cerebral anterior (respectivamente o
telencéfalo, precursor dos hemisférios cerebrais, entre outras estruturas e o
diencéfalo, que originará a epífise, o tálamo e o hipotálamo, entre outras
estruturas). 5 corresponde ao mesencéfalo ou vesícula cerebral média. 6 e 6a
indicam os derivados do rombencéfalo ou vesícula cerebral posterior
(respectivamente, o metencéfalo, que se diferencia em cerebelo e ponte de
Varólio, e o mielencéfalo). É de notar a vesícula óptica (agora, taça óptica),
com o número 2, associada ao cristalino (3) e a vesícula ótica (7). A medula
espinal está indicada com 8.
35

O intestino primitivo está colorido a verde, notando-se na sua parte


mais cranial (intestino faríngeo) as bolsas faríngeas (branquiais). A
membrana cloacal está indicada pelo número 22. Na superfície externa,
observam-se as fendas faríngeas (branquiais).
O coração está indicado a rosa (9a – átrio; 9 e 9b – ventrículo; à direita
do ventrículo está o bulbo aórtico).
As artérias estão a vermelho e as veias a azul-violeta.
23 e 24 correspondem ao tecto do saco vitelino (com a mesma cor do
intestino faríngeo)
A cauda do embrião está assinalada com o número 33.

Modelo 10 – Embrião de Mamífero em estadio mais evoluído do que o


representado no Modelo 9
A metade esquerda está coberta por ectoderme, enquanto que a direita
se apresenta sem ectoderme e mesoderme subjacente para exposição dos
órgãos internos.
O sistema nervoso central e periférico estão representados a
amarelo:
1 – Telencéfalo.
2 – Diencéfalo (9 – epífise ou glândula pineal). O telencéfalo e o diencéfalo
derivam do prosencéfalo.
3 – Mesencéfalo.
4 – Metencéfalo.
5 – Mielencéfalo.
6 –Medula espinal.
7 – Taça óptica.
8 – Cristalino.
Observam-se nervos cranianos (com gânglios – 11 e 17) e nervos espinais.
O intestino está representado a verde:
Entre 43 e 46 – intestino faríngeo com as bolsas faríngeas (branquiais).
47 e 48 – Divertículo respiratório (47) e esboço de um brônquio extrapulmonar
(48).
51 – intestino médio
53 – intestino posterior
36

O coração está representado a rosa, as artérias a vermelho-escuro e


as veias a azul-claro.
No lado esquerdo do embrião, estão representados os relevos da taça
óptica (7) e do cristalino (8), a vesícula ótica (não numerada, acima dos
arcos faríngeos), os arcos faríngeos (44a), o esboço do membro anterior
(60), o primórdio do membro posterior (61) e a cauda.

BIBLIOGRAFIA
Van Straaten HWM, Peeters MCE, Hekking JWM & van der Lende T (2000).
Neurulation in the pig embryo. Anatomia Embryologia, 202: 75-84.
37

7º TEMA
ASPECTOS MICROSCÓPICOS DO DESENVOLVIMENTO
EMBRIONÁRIO

Objectivos deste Tema:


1. Observação de aspectos citológicos relativos à fertilização e à meiose.
2. Tornar o Aluno ciente da diversidade do desenvolvimento embrionário
entre as várias Classes de Vertebrados (em particular, nas espécies de
interesse Veterinário e Zootécnico).
3. Saber as características do desenvolvimento embrionário dos Peixes,
Anfíbios, Répteis e Aves.
4. Apreender as semelhanças e diferenças do desenvolvimento
embrionário dos Peixes, Anfíbios, Répteis e Aves.
5. Integração dos conhecimentos adquiridos no panorama geral da
Ontogénese dos Seres Vivos.

No Reino Animal, o desenvolvimento embrionário varia bastante entre os


diversos Filos. Considerando-se o Sub-filo Vertebrata, pertencente ao Filo
Chordata, pode-se comparar o desenvolvimento embrionário / fetal entre as
várias Classes de acordo com os aspectos morfológicos da segmentação /
gastrulação e os anexos embrionários.
No que respeita às características morfológicas, pode dividir-se a
segmentação (clivagem) em:
1. Holoblástica – a divisão celular atinge todo o citoplasma do zigoto. A
segmentação dá origem a uma massa de células esférica compacta
chamada mórula. É o que sucede nos Anfíbios e nos Mamíferos. Nos
Mamíferos, os blastómeros da mórula têm volumes semelhantes, pelo
que a segmentação holoblástica se diz igual. Pelo contrário, nos
Anfíbios, a mórula é constituída por células pequenas (micrómeros) no
pólo animal e por células grandes (macrómeros) no pólo vegetativo.
Este tipo de segmentação holoblástica chama-se desigual.
2. Meroblástica – a divisão celular limita-se a parte do citoplasma do
zigoto inicial, o citoplasma funcional ou protolecito. O deutolecito
38

(reservas nutritivas) mantém-se indiviso. A consequência da


segmentação é a formação de uma massa celular aplanada chamada
blastoderme. Observa-se nos Peixes e nos Sauropsídeos (Répteis e
Aves). Note-se que o desenvolvimento posterior do embrião é diferente
nos Peixes, por um lado, e nos Répteis e Aves, pelo outro. Nestas duas
últimas Classes, o desenvolvimento embrionário pós-blastoderme é
semelhante.

De acordo com os anexos embrionários (córion, alantóide, âmnios e


vesícula vitelina), os Vertebrados classificam-se em:
1. Amniotas – possuem, tal como o nome indica, âmnios e, também,
córion, alantóide e vesícula vitelina (Répteis, Aves e Mamíferos).
2. Anamniotas – falta o âmnios e, também, o córion e a alantóide. Os
Peixes possuem vesícula vitelina, os Anfíbios não, pois as células da
endoderme são muito ricas em vitelo, substituindo o saco vitelino.

1ª Lâmina – Fecundação em Ascaris sp – Hematoxilina férrica.


No interior do útero deste Verme Nemátode, observam-se inúmeros
ovos rodeados por uma casca tripla espessa, cujo componente principal é
cromófobo (incolor), muito refringente e de natureza quitinosa. Os ovos só
apresentam este invólucro após a fecundação. Entre os ovos, podem ser
observadas algumas cabeças de espermatozóides, de cromatina condensada e
em forma de bala.
O oócito de 1ª ordem só inicia a 1ª divisão meiótica depois da fusão com
o espermatozóide. O pronúcleo masculino é pequeno, circular e de cromatina
condensada. O fuso acromático da 1ª divisão meiótica (reducional) é
excêntrico, notando-se as tétradas de cromatídeos. Segue-se a emissão do 1º
glóbulo polar, de núcleo em forma de bastonete ou circular e com cromatina
compacta, que se situa perto da superfície do oócito ou está encostado à
superfície interna da casca trilaminada.
A segunda divisão meiótica do oócito também é excêntrica e dá-se a
emissão do 2º glóbulo polar. O núcleo do óvulo transforma-se no pronúcleo
feminino, redondo e de aspecto vesicular. O pronúcleo masculino tem um
aspecto semelhante, pelo que o zigoto apresenta-se como uma célula
39

binucleada, estando os dois núcleos semelhantes muito próximos. O passo


seguinte será a anfimixia.
A parede do útero é formada por uma fiada de células volumosas cujo
pólo apical é cupuliforme.

2ª Lâmina – Segmentação em Ascaris sp – Hematoxilina-eosina.


Num dos cortes do útero, nota-se a primeira divisão de segmentação
(clivagem), com o fuso acromático. Cada um dos seus pólos apresenta um
áster. Os cromossomas são escuros, longos e finos (todos estes aspectos
observam-se bem com a objectiva de x40, rodando-se sempre o parafuso
micrométrico para se atingir todos os planos da célula). Noutro corte do útero,
observam-se embriões com dois e quatro blastómeros (segmentação
holoblástica).

3ª Lâmina – Embrião de Truta (Peixe) – cortes transversais.


Abaixo do corpo, nota-se um volumoso saco vitelino de conteúdo
homogéneo e acidófilo (rosado). Notar que o embrião não é envlovido por
âmnios.
No corte transversal do embrião, nota-se a medula espinal e o
notocórdio, em posição ventral relativamente à medula. O notocórdio apresenta
uma grossa bainha colagénica (portanto, acidófila) periférica, que é atapetada
interiormente por uma fiada de células cúbicas de citoplasma basófilo – os
cordoblastos. O centro do notocórdio é ocupado por volumosas células
arredondadas devido a terem um volumoso vacúolo citoplásmico que ocupa
quase toda a célula.
Observa-se também abundância de células musculares estriadas
esqueléticas cortadas transversalmente e dispostas em feixes.
Um dos cortes atinge também a cabeça do embrião, onde se notam o
encéfalo (em posição média) e os olhos (estruturas simétricas em relação ao
encéfalo).

4ª Lâmina – Ovário de Anfíbio (Tritão)


Oócitos de dimensões variadas (de acordo com o seu grau de
desenvolvimento), núcleo de grandes dimensões. Cada oócito é envolvido por
40

uma ou duas fiadas de células foliculares cúbicas altas, cúbicas baixas ou


pavimentosas. Observam-se centros melano-macrofágicos (agregados de
células pigmentares de natureza macrofágica – normal em Peixes e Anfíbios).

5ª Lâmina – Óvulo de Sapo (Anfíbio) no momento da emissão.


Este estadio precede a fecundação, que é externa. O óvulo, mais
precisamente, o oócito de 2ª ordem parado em metafase, é esférico e, por
consequência, tem perfil circular em corte histológico. O citoplasma é rico em
pequenos corpúsculos ovais de deutolecito, que são eosinófilos (cor rosa-viva).
Estes corpúsculos são as plaquetas vitelinas.

6ª Lâmina – Blástula e gástrula de sapo (Anfíbio).


Nesta preparação notam-se dois cortes de um conjunto de cinco
embriões.
Um dos embriões é uma blástula. O pólo animal apresenta os
micrómeros, células poligonais de citoplasma contendo pequenos grânulos
acidófilos. Os limites celulares são bem nítidos. Estas células encerram
também um pigmento de textura granulosa e cor castanha, mais abundante na
face externa dos micrómeros situados mais perifericamente.
A cavidade de segmentação ou blastocélio é excêntrica.
Os macrómeros são mais volumosos do que os micrómeros e
apresentam, como estes, forma poligonal e limites bem definidos. No
citoplasma, observam-se corpúsculos acidófilos ovais, as plaquetas vitelinas.
Outro embrião está em princípio de gastrulação, pouco antes da
formação do lábio dorsal do blastóporo. O blastocélio parece uma fenda devido
à incidência do corte histológico.
Num terceiro embrião, nota-se já a formação do lábio dorsal do
blastóporo, sendo as “bottle cells” muito pigmentadas.

7ª Lâmina – Embrião de Sapo em fim de neurulação – corte transversal.


Já se formou o tubo neural, que está separado da ectoderme
suprajacente. Abaixo do tubo neural, observa-se o notocórdio, que tem
contorno circular e é formado por células poliédricas.
41

De cada lado do tubo neural e notocórdio situa-se a mesoderme para-axial,


que se continua dorso-ventralmente, em cada lado do embrião, pela
mesoderme da placa lateral. Esta é formada por dois folhetos de células:
a) O que está mais próximo da ectoderme é a mesoderme somatoplêurica
intra-embrionária;
b) O que rodeia externamente o intestino primitivo constitui a mesoderme
esplancnoplêurica intra-embrionária.
O intestino primitivo apresenta un lúmen excêntrico (situado dorsalmente
em relação ao centro do intestino), sendo as células da porção ventral deste
órgão muito volumosas (macrómeros).

8ª Lâmina – Embrião de Discoglossus (Anfíbio Anuro).- cortes transversais


A preparação microscópica consta de vários cortes. Devem-se escolher os de
menores dimensões.
Observa-se a epiderme pigmentada, o tubo neural, o notocórdio (em alguns
cortes – formado por células de aspecto vesiculoso), os somitos em processo
de diferenciação (com cavidade central, o somitocelo), o esclerótomo
(população de células de forma estrelada que se estende desde o somito ao
notocórdio) e o intestino primitivo (derivado da endoderme). Na face ventral
(oposta ao tubo neural), a superfície do corpo apresenta duas formações
côncavas, as glândulas adesivas.

9ª Lâmina – Girino de Rã – corte frontal (metades dorsal e ventral).


Cabeça e corpo – nota-se a cavidade bucal rodeada de peças de
cartilagem embrionária (epitelióide), de grandes condroblastos vesiculosos e
matriz extracelular muito escassa. Estas peças de cartilagem estão associadas
a células musculares estriadas esqueléticas jovens (observa-se a estriação
transversal). À cavidade bucal segue-se a faringe (em comunicação com as
brânquias internas, de forma ramificada e apresentando peças de cartilagem
embrionária). Notam-se também cortes de estômago, intestino, fígado
(constituído por cordões de hepatócitos, alguns dos quais em mitose; estes
cordões formam uma rede), pâncreas (caudal ao fígado) e mesonefro
(apenas num dos lados do girino).
42

Cauda – o corte atingiu o notocórdio em corte oblíquo, sendo este


formado por células volumosas de citoplasma cromófobo (incolor). O
notocórdio é rodeado à direita e à esquerda por feixes de células musculares
estriadas esqueléticas. Caudalmente ao notocórdio, nota-se a medula espinal
(em corte oblíquo).

10ª Lâmina – Girino – corte frontal (estadio mais avançado).


Observam-se:
a) A epiderme, com glândulas cutâneas.
b) A mucosa bucal com epitélio cilíndrico estratificado e glândulas
mucosas, tubulosas simples ramificadas na lâmina própria.
c) A língua, atapetada por um epitélio cilíndrico estratificado e encerrando
glândulas serosas na lâmina própria (pólos apicais com grânulos de
secreção eosinófilos) e feixes de células musculares esqueléticas.
d) Peças de cartilagem hialina (futuros ossos do crânio e da face).
A seguir à face, e na linha média, observa-se a glândula tiróide, com
folículos tiroideus contendo colóide eosinófilo. Depois, situa-se o coração (dois
átrios e um ventrículo), o fígado volumoso com hepatócitos claros e
melanóforos disseminados, o pâncreas e o intestino.
Os elementos da cintura pélvica são cartilagíneos.

11ª Lâmina – Girino de Rã – corte transversal ao nível dos olhos.


Nota-se o encéfalo, com cavidade central, rodeado por peças de
cartilagem epitelióide que darão origem aos ossos da caixa craniana. De cada
lado do encéfalo situa-se um olho, com a retina colocada internamente
(apresenta três estratos de núcleos) e uma coróide pigmentada a envolvê-la
externamente. Devido à incidência do corte, só se observa o cristalino num dos
olhos.
Ventralmente às cartilagens do crânio e em posição média observam-se
os folículos da tiróide.
Brânquias internas (ramificadas).
O folheto parietal da serosa pleuroperitoneal é pigmentado.
43

12ª Lâmina – Girino de Rã – corte transversal feito caudalmente ao corte da


11ª Lâmina.
Observa-se, na parte média, o encéfalo, com cavidade central, que é
rodeado por peças cartilagíneas (futuros ossos do crânio). De um dos lados,
observa-se um dos olhos em corte quase tangencial (com a coróide,
pigmentada, periférica e a retina interna).
Abaixo do crânio localiza-se o coração (átrios em posição dorsal,
ventrículo ventral). De cada lado do coração observa-se uma câmara que
encerra as brânquias internas (estruturas ramificadas – diferenciar-se-ão em
pulmões).
O folheto parietal da serosa pleuroperitoneal é pigmentado.
Externamente a este folheto, notam-se a epiderme e a derme (pele)

13ª Lâmina – Girino de Rã – corte transversal – parte posterior.


Medula espinal envolvida por vértebras ainda cartilagíneas. O notocórdio
é bem evidente. Dos dois lados da medula observam-se gânglios nervosos
espinais.
Células musculares estriadas esqueléticas da região lombar bem
desenvolvidas (aspecto de células adultas). Folheto parietal da serosa
toracoabdominal pigmetado.
Notam-se vários cortes de intestino, que encerra material de diversas
proveniências, principalmente vegetal.
Fígado – hepatócitos claros e volumosos.
Rim – mesonefro.

14ª Lâmina - Girino de Rã – corte transversal – parte posterior.


Semelhante à 13ª Lâmina.
NOTA: os cortes da 11ª, 12ª. 13ª e 14ª Lâminas provêm do mesmo
espécime.

15ª Lâmina – Embrião de Víbora (Réptil) – 3 mm.


O embrião tem forma enrolada, pelo que o corte o atinge em quatro
pontos (correspondentes a duas voltas do corpo).
44

Observam-se o sistema nervoso central, os somitos em diferenciação,


o notocórdio, o tubo digestivo e o coração (miocárdio ventricular em
diferenciação). O embrião é envolvido por uma fina membrana (rasgada em
alguns pontos devido à técnica histológica) – o âmnios.

16ª Lâmina – Embrião de Víbora mais velho.


O encéfalo é cortado num ponto (perto dele está a retina de um olho em corte
tangencial) e a medula espinal em três outros pontos (dois transversais e um
oblíquo). Observa-se o notocórdio, ventralmente à medula espinal.
Notam-se também:
a) O coração (um dos átrios e o ventrículo), contendo eritrócitos ovais e
nucleados.
b) O fígado (os hepatócitos dispõem-se formando estruturas vagamente
tubulares; notam-se também os sinusóides hepáticos).
c) Os rins mesonéfricos direito e esquerdo.
d) O intestino.

17ª Lâmina – Embrião de Frango – 3 dias.


O corte atingiu a cabeça e o tronco em dois pontos diferentes, devido à
flexura cefálica.
Na cabeça, nota-se o tubo neural dilatado (encéfalo) e o mesênquima da
cabeça e face que o rodeia.
No tronco, observa-se um corte de tubo neural de diâmetro menor do
que o observado ao nível da cabeça. O tubo neural é rodeado pelos somitos
em diferenciação (esclerótomo e dermomiótomo). Ventralmente ao tubo neural
dispõe-se o notocórdio e, ventralmente a este, a aorta dorsal, de parede fina e
encerrando eritrócitos arredondados e com núcleo.
Estruturas relacionadas com a mesoderme intermédia (aparelho
excretor) em início de diferenciação. Observam-se também o coração e o
âmnios.

BIBLIOGRAFIA
http://www.uniovi.es/~morfologia/assignatu/biologia/embriologia/Library/Pract04
.htm.
45

http://www.uniovi.es/~morfologia/assignatu/biologia/embriologia/Library/Pract08
.htm.
46

8º TEMA
OBSERVAÇÂO DA PLACENTA DE ALGUNS MAMÍFEROS

1 – Fundamentos teóricos

1.1 – Anexos embrionários


Os anexos embrionários do concepto de Mamífero são quatro:
1) Âmnios – saco cheio de líquido que envolve o embrião ou feto.
2) Saco vitelino – no Homem e em quase todos os Mamíferos Domésticos, é
pouco desenvolvido e regride precocemente. No Cavalo, na fase inicial da vida
intra-uterina, apresenta um desenvolvimento razoável, contribuindo para a
formação da interface de troca de metabolitos entre o feto e a mãe (placenta
corio-vitelina ou onfaloplacenta). Posteriormente, entra em regressão. O saco
vitelino está ligado ao intestino médio por um ducto vitelino, que se situa no
cordão umbilical.
3) Alantóide – é rudimentar no Homem, mas bem desenvolvida nos Mamíferos
Domésticos. A sua face externa acaba por se fundir com a placa corial do
córion (ver a seguir), formando a placenta corio-alantoideia ou alantocórion
(tipo de placenta). Está ligada ao seio urogenital pelo uraco, que está
incorporado no cordão umbilical.
4) Córion – envolve o embrião (ou o feto) e o âmnios, saco vitelino e a
alantóide. Corresponde à parte fetal da placenta. É constituído por duas
camadas: uma externa, o trofoblasto, e uma interna, a placa corial, que
pertence ao folheto parietal (ou somatoplêurico) da mesoderme extra-
embrionária.

1.2 – A placenta
A placenta é a interface de trocas feto-maternais:
a) O feto recebe princípios nutritivos do sangue materno;
b) O feto excreta os seus produtos de catabolismo para o sangue da mãe.
A placenta é composta por:
a) Parte materna – o endométrio.
47

b) Parte fetal - formada nos Mamíferos domésticos pelo córion e, numa fase
posterior, também pela alantóide (alantocórion). No Homem, a alantóide é
rudimentar, mas a circulação alantoideia (vasos umbilicais) está bem
desenvolvida, pelo que a placenta humana é corio-alantoideia.

1.3 – Classificação da placenta


A placenta pode ser classificada segundo critérios macroscópicos
(classificação de Strahl, 1906) e histológicos (classificação de Grosser, 1927,
estudada nas aulas teóricas). A classificação de Strahl apresenta dois grupos
principais de placentas: as semiplacentas (em que não há erosão do
endométrio pelo trofoblasto - caso do Cavalo, Ruminantes e Porco) e as
placentas verdadeiras (também designadas de completas), em que o
trofoblasto invade o endométrio (caso do Cão, Gato e Homem).
Quanto aos aspectos macroscópicos da interface feto-maternal, a
placenta pode ser:
a) Simples – Está presente só uma interface de trocas feto-maternais.
b) Múltipla – Estão presentes várias interfaces de troca feto-maternal (os
cotilédones), espalhados uniformemente pela face externa do córion.
Exemplos: Boi, Carneiro e Bode.
A placenta simples pode ser:
a) Difusa – Toda a superfície externa do córion (ou a maior parte dela)
participa na formação da placenta. Se todo o córion está implicado nas trocas
feto-maternais, a placenta simples difusa é dita completa (exemplo: Cavalo).
Pelo contrário, as extremidades do córion não participam nas trocas, a placenta
simples difusa chama-se incompleta (exemplo: Porco).
b) Local – Só uma área delimitada do córion está implicado nas trocas feto-
maternais. Esta placenta subdivide-se em:
b.1) Zonal – A placenta tem forma de anel, que envolve o saco corial.
Exemplos: Cão e Gato (Carnívoros).
b.2) Discoidal – A placenta tem a forma de um disco oval. Exemplos: Homem,
Coelho e Rato.

2 – Observação de exemplares fixados em formol a 10 %


48

Placenta múltipla de Ovino, placenta simples local discoidal de Rato,


Coelho e Lebre, placenta simples local zonal de Cão.

BIBLIOGRAFIA
Vejlsted (2012). Placentação Comparada. In: M Hyttel P, Sinowatz F & Vejlsted
M. Embriologia Veterinária. Elsevier Editora Ltda., Rio de Janeiro, Brasil. pp.
104-119.
49

9º TEMA
DETERMINAÇÃO DA IDADE DE FETOS DE MAMÍFEROS

1 – Introdução
A idade de um embrião ou de um feto pode ser determinada de duas formas.
Nesta aula prática, recorre-se a dois critérios:
a) Medição da distância entre o ponto mais saliente do crânio e a base da
cauda (transição cóccis-1ª vértebra caudal) – distância vértex-cóccis (ou
vertex-coccix) ou, em Inglês, distância crown-rump. Nesta medição, o feto
deve estar numa posição semelhante à que ocuparia no útero materno, caso
contrário a distância vértex-cóccis pode ficar falseada (maior se o pescoço do
feto estiver en extensão). Com a ajuda de uma tabela, converte-se a distância
vertex-coccix em dias de gestação.
b) Determinação da idade do feto por meio da avaliação de características
morfológicas externas, de acordo com o indicado noutra tabela.
c) Comparação dos resultados obtidos em a) com os resultados obtidos em b).
Serão concordantes ou discordantes? No segundo caso, tentar encontrar uma
justificação (explicação).

2 – Material e protocolo
Um tabuleiro, uma pinça, uma régua e as dua tabelas já aludidas.
Fetos de Ovelha, Porca e Cadela fixados em formol a 10 %.
Cada grupo de trabalho recebe três fetos. Em cada um deles, determina
a idade de acordo com as duas tabelas, anota os resultados e observa se há
concordância de resultados ou não.

BIBLIOGRAFIA

Evans HE & Sack WO (1973). Prenatal development of domestic and laboratory


Mammals. Anatomia, Histologia, Embryologia, 2: 11-45.
50

10º TEMA
OBSERVAÇÂO DE CARACTERÍSTICAS ANATÓMICAS
RELATIVAS AO FETO E PLACENTA DA ESPÉCIE CANINA (Canis
familiaris)

1 – Circulação fetal
Ver Sadler pags. 267-270 (versão americana) ou pags. 176-178 (versão
brasileira).

2 – Observação de estruturas particulares à vida intra-uterina


Fetos de termo de cão (Canis familiaris).
Determinação da idade pela distância vertex-coccix e por meio de tabela de
características morfológicas exteriores. Os resultados obtidos pelos dois meios
são concordantes ou diferentes? No caso de haver discordância, tentar explicar
tal facto.
Observação de alguns anexos fetais: âmnios (quando está intacto), membrana
corioalantoideia e placenta simples local zonal com os hematomas marginais
(que contêm pigmento verde-escuro proveniente da degradação da
hemoglobina).
Estruturas observadas por necrópsia dos fetos (protocolo praticado nas aulas
práticas de Anatomia Patológica I e Anatomia Patológica II) e respectivo
destino no adulto:
Veia umbilical ⇒ ligamento redondo do fígado.
Artérias umbilicais ⇒ ligamentos umbilicais mediais ou ligamentos redondos
da bexiga.
Timo ⇒ regressão desde a puberdade.
Canal arterial ⇒ ligamento arterial.
Foramen oval ⇒ fossa oval.
Lobação fetal do rim ⇒ desaparece.
51

11º TEMA
OBSERVAÇÂO DE PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS
RELATIVAS À HISTOGÉNESE DE ÓRGÃOS E TECIDOS DE
MAMÌFERO

1 – Observação microscópica de cortes histológicos de embriões e fetos

1.1 – Generalidades
Os objectos de estudo da Anatomia são em geral estudados por meio do olho
nu, isto é, da vista desarmada (forma, cor e inter-relações dos órgãos) –
anatomia macroscópica. No domínio da Histologia, é necessário o uso do
microscópio de luz (ampliações baixas e fortes) para um estudo completo dos
tecidos e células – anatomia microscópica. No estudo de cortes histológicos
de embriões e fetos de pequeno tamanho, há pormenores que se observam
primeiro à vista desarmada e, em seguida, com o uso do microscópio de luz em
baixas ampliações ou pelo recurso a uma lupa – anatomia mesoscópica.

1.1 – Algumas regras


Um corte sagital ou mediano divide o embrião em metades direita e
esquerda simétricas. Um corte parassagital é paralelo ao corte sagital e,
portanto, as metades obtidas (direita e esquerda) são desiguais. Um corte
transversal divide o embrião em metades cranial e caudal e pode ser feito a
nível torácico ou abdominal. Um corte frontal ou dorsal é paralelo à fronte
(caso do ser humano) ou ao dorso, dividindo o embrião numa metade dorsal e
noutra ventral. Um corte diferente dos já citados será um corte oblíquo.
No campo da Histologia, muitas vezes é possível observar-se um corte
que englobe apenas um órgão. O estudo, neste caso, refere-se à morfologia
dos constituintes do dito órgão, não sendo necessário ter-se uma noção do
espaço ocupado por ele no corpo. Devido ao pequeno tamanho dos embriões e
dos fetos, o respectivo corte histológico abrange muitas vezes estruturas
diversas. Assim, na observação microscópica de embriões ou fetos, é
conveniente ter-se presentes algumas regras:
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1) Observar a preparação microscópica ao olho desarmado contra uma


superfície branca ou cinzenta-clara. Tal permite ajuizar sobre o tipo de corte
(mediano, sagital, transversal, dorsal ou oblíquo) e, consequentemente, permite
prever quais os órgãos que poderão ser vistos.
2) Começar a observação microscópica com a objectiva de menor
ampliação (x4) e explorar o corte histológico completamente (por exemplo, pelo
método do ziguezague).
3) Quando se está a efectuar o passo 2), ter em mente a disposição
espacial de cada órgão embrionário ou fetal e a inter-relação entre todos eles.
Assim, por exemplo, a partir do coração e da parede dorsal (num corte
sagital), consegue-se detectar os pulmões, a traqueia e o esófago (se tiverem
sido incluídos no corte), o fígado, ansas intestinais, o mesonefroe o metanefro.
4) Ter em conta que, no embrião, o coração e, principalmente, o fígado
são os órgãos mais volumosos.
5) Tendo-se descoberto um corte de órgão cuja estrutura se deseja
estudar mais detalhadamente, colocá-lo no centro do campo microscópico e
mudar a objectiva para outra de maior ampliação. Pode-se mudar para a
objectiva x10 e, depois, para x40.
6) No fim dessa observação, voltar à objectiva x4 para descobrir outro
órgão que se queira observar com mais detalhe.
7) Ter em mente de que a estrutura histológica de um órgão em
formação é diferente da microarquitectura que tal órgão apresenta no estado
adulto.

1.2 – Preparações microscópicas

Lâmina P10-1 – Embrião de coelho, respectiva placenta e útero envolvente. No


embrião, podem ser notadas as seguintes estruturas: encéfalo, um olho em
formação, coração, fígado, intestino, cristas urogenitais e medula espinal. A
membrana que envolve o embrião e apresenta vilosidades viradas para fora
(para o miométrio) é o saco vitelino. Placenta discoidal com trofoblasto.
Miométrio do útero materno.
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Lâmina P10-2 – Embrião de rato situado no interior do útero materno. No


embrião, podem ser vistas várias estruturas: encéfalo, língua, pulmão, fígado
(volumoso, com três lobos abrangidos pelo corte histológico), ansas intestinais
e rim. O saco vitelino é a membrana que rodeia o embrião e cuja face externa
apresenta vilosidades. Placenta discoidal. Miométrio e endométrio do útero
materno.

Lâmina P10-3 – Feto humano. Membro superior. Miogénese.


Mioblastos – células uninucleadas semelhantes a fibroblastos.
Miotubos – Células cilíndricas acidófilas multinucleadas, de núcleos redondos
dispostos em fiada.

Lâmina P10-4 – Feto humano (5 meses). Miogénese. Células musculares


estriadas esqueléticas ainda pouco desenvolvidas (de calibre fino). Com a
objectiva de x40, notam-se as estriações transversais.

Lâmina P10-5 – Feto humano (5 meses). Osteogénese. Vértebra. Focos de


ossificação endocondral nos arcos e no corpo da vértebra. Nota-se a medula
espinal e dois gânglios espinais (direito e esquerdo).

Lâmina P10-6 – Feto humano (5 meses). Osteogénese. Ossificação


intramembranosa dos ossos da abóbada craniana. Espículas de tecido ósseo
rodeadas por uma fiada de osteoblastos e encerrando osteócitos.

Lâmina P10-7 – Feto de cavalo. Pulmão. Estadio pseudoglandular. Notam-se


alguns bronquíolos a ramificarem-se num estroma conjuntivo abundante de
origem mesodérmica. Os bronquíolos são atapetados por epitélio
pseudostratificado.

Lâmina P10-8 – Embrião humano (80 dias). Pulmão. Estadio pseudoglandular.


Ramificação intensa dos bronquíolos. Ainda não estão presentes os
bronquíolos respiratórios. Estroma mesodérmico abundante. O corte histológico
do pulmão assemelha-se ao de uma glândula exócrina.
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Lâmina P10-9 – Feto humano (5 meses). Pulmão. Estadio canalicular.


Ramificação bronquiolar mais extensa do que no estadio pseudoglandular. O
estroma mesodérmico torna-se mais escasso.

Lâmina de Histologia II – Bovino adulto. Pulmão normal. Estroma escasso em


relação à árvore bronquíolo-alveolar. Alvéolos arejados.

Lâmina P10-10 – Embrião humano. Esófago. Epitélio endodérmico estratificado


cúbico. Diferenciação da túnica muscular em fase inicial. Ainda não se
diferenciou a muscularis mucosae, pelo que é impossível separar-se a mucosa
da submucosa.

Lâmina P10-11 – Feto humano (5 meses). Esófago. Epitélio estratificado


prismático ciliado. Túnica muscular (com as suas duas sub-camadas) bem
diferenciada. Já se notam elementos da muscularis mucosae.

Lâmina P10-12 – Feto humano (5 meses). Estômago. Fossetas gástricas


desenvolvidas. Glândulas gástricas pouco desenvolvidas. Muscularis mucosae
em diferenciação. Túnica muscular ainda pouco espessa,

Lâmina P10-13 – Embrião de rato. Intestino. Epitélio endodérmico simples


cilíndrico envolvido por mesênquima condensado de origem mesodérmica.

Lâmina P10-14 – Feto humano (5 meses). Intestino delgado. Vilosidades


intestinais bem desenvolvidas. Notam-se algumas células caliciformes. Embora
a túnica muscular seja evidente, ainda não se nota a muscularis mucosae.

Lâmina P10-15 – Embrião de rato. Fígado.Este órgão é formado apenas por


cordões anastomosados de hepatócitos, situando-se entre eles os capilares
sinusóides. Não há arquitectura lobular. Notar os eritrócitos nucleados.

Lâmina P10-16 – Feto humano (4 meses). Fígado. Os cordões de hepatócitos


estão parcialmente cobertos por abundantes células de diversas linhagens
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hematopoiéticas, de núcleo redondo. De vez em quando, notam-se


megacariócitos, de núcleo grande e multilobulado.

Lâmina de Histologia II – Fígado. Animal adulto (não suíno). Arquitectura


lobular evidente. Ausência de hematopoiese.

Lâmina P10-17 – Embrião humano. Crista urogenital. A gónada apresenta-se


formada por mesênquima condensado. Nota-se também o mesonefro, com
tubos excretores cortados em várias direcções, que nunca de bifurcam.
Observam-se também os ductos mesonéfrico (de Wolff) e paramesonéfrico (de
Müller).

Lâmina P10-18 – Feto humano (5 meses). Rim – metanefro. Os nefrónios


subcapsulares estão ainda em diferenciação. Glomérulos profundos (e
respectivas cápsulas de Bowman) diferenciados. Distinção entre mesonefro e
metanefro – no mesonefro, as estruturas tubulares epiteliais não se ramificam;
no metanefro, observa-se essa ramificação.

Lâmina P10-19 – Embrião humano (60 dias). Gónada com cordões medulares
paralelos que encerram células germinais primordiais (gonócitos) de citoplasma
abundante e cromófobo (incolor). O desenvolvimento dos cordões medulares
permite o diagnóstico da gónada – testículo. Cordões medulares ⇒ tubos
seminíferos.

Lâmina P10-20 – Feto humano (5 meses). Pénis. Uretra revestida por epitélio
de transição. Corpo esponjoso (corpo cavernoso da uretra) em formação.

Lâmina P10-21 – Embrião humano (60 dias). Tente identificar:


1) Cavidade bucal com língua.
2) Esófago.
3) Traqueia.
4) Pulmões.
5) Coração.
6) Fígado.
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7) Mesonefro.
8) Metanefro com glândula adrenal anexa.

Lâmina P10-22 – Embrião humano. Corte transversal. Abdómen.


Tenteidentificar:
1) Medula espinal.
2) Fígado (com hematopoiese).
3) Intestino delgado.
4) Mesonefro.
5) Primórdio de gónada.
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12º TEMA
NOÇÕES GERAIS DE TERATOLOGIA VETERINÁRIA
OBSERVAÇÃO DE ALGUNS CASOS CONCRETOS

Generalidades sobre a Teratologia


A Teratologia é a Ciência que estuda as malformações congénitas. A
palavra deriva dos vocábulos gregos “teratos” (monstro) e “logos” (estudo,
discurso). No campo da Medicina Humana, apresenta uma considerável
carga discriminatória (mesmo pejorativa) em relação aos portadores de
desvios do desenvolvimento normal (por vezes, já bastante discriminados
pela sociedade). Assim, o termo sinonímico Dismorfologia será de emprego
preferível.

Quanto à etiologia (causa), as dismorfologias dividem-se em:


 Malformações – o erro na diferenciação de um (ou mais) órgãos é
intrínseco e devido a uma mensagem defeituosa do genoma.
 Deformações – as reacções moleculares inerentes à diferenciação
dos diversos órgãos são normais, mas o desenvolvimento é afectado
por alterações mecânicas exógenas (exemplo: pé boto no Homem,
devido a pressões exercidas pelo âmnios – corrigível por meio da
Ortopedia).
 Desorganizações - as reacções moleculares inerentes ao
desenvolvimento são normais, mas factores exógenos adversos
causam a morte de grupos de células em diferenciação, com
consequente desenvolvimento insuficiente dos órgãos.
Um exemplo de desorganização é dado pelo vírus da panleucopénia felina.
Este vírus de ADN provoca no gato adulto uma grave gastroenterite e uma
baixa na produção de leucócitos. Numa gata grávida infectada por este
vírus, ele pode atravessar a placenta e, nos fetos, provoca a morte de
neurónios em desenvolvimento no cerebelo. Por isso, este órgão nunca
atinge o volume normal, e os gatinhos apresentam graves déficits de
equilíbrio.
Ainda quanto à causa, esta é:
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 Desconhecida em 50% dos casos;


 Devida ao genoma (causas endógenas ou intrínsecas) em 18% dos
casos; neste caso, podem ser:
o Mutações de um único gene;
o Troca de ADN entre cromossomas não homólogos;
o Alteração do número de cromossomas.
 Causada por factores ambientais (causas exógenas ou extrínsecas)
em 7% dos casos.
 Provocada por factores génicos e ambientais (etiologia multifactorial)
em 25% dos casos.

Classificação das dismorfologias


Sob um ponto de vista anatómico, as dismorfologias podem ser
classificadas em:
 Simples – atingem um único indivíduo (num ou em vários órgãos).
 Duplas – observam-se dois (ou mais) indivíduos ligados por
formações anatómicas.
O estudo e a classificação das dismorfologias simples é muito complexo e,
em Medicina Humana, está anexo a cada especialidade (exemplo: as
malformações cardíacas são estudadas em profundidade em Cardiologia).
Foram desenhados vários sistemas de classificação das dismorfologias
duplas, alguns bastante complexos. Não é objectivo da Embriologia e
Biologia do Desenvolvimento o seu estudo detalhado. Pode-se acrescentar
que uma classificação simples e suficiente para uma prática clínica ou
médico-legal Veterinária está descrita no livro “Patologia Geral para
Veterinários”, de W. Frei, J. Dobberstein, D. Matthias, S. Rubarth, G.
Pallaske e H. Stünzi, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa).
Outra classificação simples e clara está descrita no artigo “Anatomic
description of conjoined twins: a plea for standardized terminology”, de R.
Spencer, publicado no Journal of Pediatric Surgery (1996), Vol. 31, Nº 7, pp.
941-944.
Um pouco de História
Desde que os seres multicelulares apareceram na Terra, houve a
possibilidade da ocorrência de alterações no padrão corporal. Na antiga
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cidade de Nínive (Assíria – Babilónia), foram descobertos relatos datados


do século VII a.C. relativos a malformações humanas e em animais (porco).
Ao longo da História foram descritos diversos casos, como o de Sebastian
Brant, antes de 1496, relativo a um leitão com dois corpos e oito patas. No
século XIX, Étienne Geoffroy Saint-Hilaire (1772-1844) e o seu filho, Isidore
Geoffroy Saint-Hilaire (1805-1861) lançaram as bases científicas da
Teratologia, tendo criado uma classificação das dismorfologias duplas
(“gémeos siameses”). Willem Vrolik (1801-1862) debruçou-se sobre
algumas malformações, em particular a ciclopia (em crianças, leitões,
cordeiros e gatos).

Feto – Leporídeo
Anencefalia. Polimelia.
Membro anterior suplementar inserido no dorso.
Membro posterior extranumerário inserido na região dorsal do sacro.
Notas de apoio -

Leitão
Perosomus elumbis – desenvolvimento muito rudimentar das regiões
lombar e sagrada com subsequente encurtamento do tronco.
Ausência de fusão, ao nível médio ventral, das paredes laterais do corpo,
com exteriorização das vísceras do tronco.
Notas de apoio -

Feto – pequeno ruminante


Membro anterior direito hipoplásico e malformado – meromelia.
Membro anterior esquerdo de conformação externa normal.
Ausência dos membros posteriores – amelia.
Notas de apoio –

Feto – pequeno ruminante


Duplicação total da região facial.
Duplicação parcial do crânio.
Tronco e membros de morfologia externa normal.
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Duplicação simétrica incompleta anterior – diprosopo (ou parápago


diprosopo).
Notas de apoio –

Cordeiro – cabeça empalhada


Duplicação completa da região facial.
Duplicação parcial do crânio.
Duplicação simétrica incompleta anterior – diprosopo (ou parápago
diprosopo).
Notas de apoio –

Leitão
Duplicação da cabeça.
Duplicação do tronco com dois membros anteriores normais (posição lateral
– direito e esquerdo); membro anterior parcialmente duplicado entre as
cabeças.
Dois membros posteriores.
Junção lateral dos troncos ao nível das regiões lombar distal e sagrada.
Duplicação simétrica incompleta anterior – parápago dicéfalo.
Notas de apoio –

Feto – pequeno ruminante


Uma cabeça.
Dois troncos completos (com os respectivos membros) situados frente-a-
frente.
Duplicação simétrica completa – cefalópago.
Notas de apoio –

Leitão
Uma cabeça.
Um pescoço largo.
Dois troncos completos (com os respectivos membros) unidos frente-a-
frente, ao nível do tórax e parte superior do abdómen.
Duplicação simétrica completa – cefalópago.
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Notas de apoio –

Leitão
Cabeça globosa (ao tacto, tem consistência mole – possível hidrocefalia).
Pescoço largo.
Dois troncos completos (com os respectivos membros) unidos frente-a-
frente, ao nível do tórax.
Duplicação simétrica completa – cefalópago.
Notas de apoio –

Gato
Monstro parasita (parte posterior) inserido na face ventral da parede
torácica do autosita.
Duplicação assimétrica posterior.
Notas de apoio –

BIBLIOGRAFIA
Sadler TW (2010). Langman’s Medical Embryology. Lippincott Williams &
Wilkins, Baltimore, EUA. pp. 113-124.
Sinowatz F (2012). Teratologia. In: M Hyttel P, Sinowatz F & Vejlsted M.
Embriologia Veterinária. Elsevier Editora Ltda., Rio de Janeiro, Brasil. pp.
338-382.
Spencer R (1996). Anatomic description of conjoined twins: a plea for
standardized terminology. Journal of Pediatric Surgery, 31 (7): 941-944.

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