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2020

OFT-REVIEW
CIRURGIA REFRATIVA 1
©2020 OFT-REVIEW EDUCAÇÃO MÉDICA LTDA
Disponibilizado por meios digitais.
CIRURGIA REFRATIVA
Marianna A. Hollaender

O tema Cirurgia Refrativa aparece •


consistentemente na prova Teórica II do
CBO, sendo responsável, em geral, por 2-4 concêntricos (Disco de Plácido)
questões desta prova. Têm também surgido
com frequência na prova de imagens (Teórico-
Prática), e o objetivo desta apostila é prepará-
lo para essas questões, assim como também
fornecer uma base de conhecimentos sobre
cirurgia refrativa que possa ser empregada
na prática clínica. Aqui, vamos abordar

córnea, modalidades de cirurgia refrativa, suas


indicações, contra-indicações e complicações.
Bons estudos!
-

1. TOPOGRAFIA E TOMOGRAFIA recem mais PRÓXIMOS. Em regiões mais planas, apare-


cem mais afastados.

DE CÓRNEA
São capazes de detectar ectasias corneanas representados em escala de cores. Diversos
e são ferramenta de extrema importância no esquemas podem ser utilizados, mas o
screening pré-operatório de cirurgia refrativa. mais comum é que áreas mais curvas sejam
representadas por cores quentes, e áreas mais
planas por cores frias.
É importante o reconhecimento dos
de ectasia pós cirurgia refrativa.
e patológica.

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Fonte: Pentacam Interpretation Guide, OCULUS

Exemplo dos mapas fornecidos pelo exame Pentacam.

de tamanho no qual a máxima quantidade de


A esquerda: Irregularidade. Ao centro: Assimetria. A direita:
pontos da córnea estaria “encostada” na esfera.
Fonte da imagem: Rasheed K, Rabinowitz YS, Remba D, O software vai escolher automaticamente
et al.
essa esfera, e ele fornece o raio de dela na
British Journal of Ophthalmology 1998;82:1401-1406. parte superior do mapa (como na imagem
acima). A córnea, contudo, não é uma esfera
perfeita, então alguns pontos estarão mais
“baby bow-tie” (padrão astigmático muito
abaixo, ou “dentro” da esfera de referência,
localizado apenas na região central), “pata
enquanto outros estarão mais acima, ou mais
de caranguejo” (pode ser sugestivo de casos
“para fora” da esfera. Pontos mais baixos são
incipientes de degeneração marginal pelúcida,
representados em cores frias, e pontos mais
por exemplo).
elevados por cores quentes. Veja os exemplos


mais dados, como as características da face
posterior da córnea e o mapa paquimétrico
• Um das formas de captação mais utilizada

(Pentacam e Galilei)

como mostrado na imagem acima. Esses


mapas mostram as elevações da córnea quando
comparadas a uma esfera de referência, cujo
raio é determinado para cada caso de acordo
com o padrão da córnea. Pode parecer um
Fonte da imagem: Belin, M. W., & Khachikian, S. S.

Imagine que você vai tentar “encaixar” a


córnea numa esfera. A esfera escolhida é a
37(1), 14–29.

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O meridiano mais curvo é representado nas percentual de tecido alterado, conceitos
cores frias (e está indicado com uma linha que serão abordados mais à frente;
vermelha na imagem), pois se a córnea é mais • Com a análise do mapa de elevação
encurvada, ela estará mais abaixo, ou mais (principalmente posterior) e da progressão
“para dentro da esfera de referência. O oposto
ocorre com o meridiano mais plano. mais a avaliação e detectar pacientes que
podem não ser candidatos a cirurgia;
• Com os tomógrafos, podemos fazer também
avaliação da câmara anterior, importante
para pacientes que vão ser submetidos a
implante de lente intra-ocular fácica. Será
abordado mais à frente.

2. CONCEITOS GERAIS DE
CIRURGIA REFRATIVA

ABERRAÇÕES

Um conceito básico importante na cirurgia


refrativa é o de Aberrações de um sistema
óptico. A análise das aberrações de um olho
humano é feita por meio das frentes de onda

óptico “perfeito”, livre de aberrações, todas as

dessas frentes de onda não-paralelas nos


central.

Polinômio de Zernike.
Ophthalmologica, 89(3), e251–e256.

Refrativa

ou patológicos, sendo que pacientes que
apresentem padrão alterado não são
candidatos a cirurgia refrativa corneana,
devido ao maior risco de desenvolverem
ectasia;
• Indicar a espessura corneana para que
possamos calcular o leito residual e o

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são as mais comuns no olho humano (85% das
aberrações de um olho saudável). As de baixa
ordem são, por exemplo, o defocus (miopia e
hipermetropia) e astigmática. As aberrações
de alta ordem de maior relevância clínica são a
esférica, o coma e a trifoil. As aberrações de alta
ordem correspondem a 15% das aberrações de
um olho saudável.

A cirurgia refrativa convencional corrige


aberrações de baixa ordem relacionadas às
ametropias, porém, ao alterar a curvatura da
córnea, acaba por induzir aberrações de alta
ordem. A principal é a aberração esférica.
A cirurgia refrativa otimizada reduz um pouco
a aberração induzida, otimizando o padrão de SELEÇÃO DOS PACIENTES
ablação e geralmente tratando uma área maior.
A cirurgia refrativa personalizada pode Pacientes que desejam ser submetidos a
corrigir eventuais aberrações de alta ordem cirurgia refrativa devem passar por anamnese
que o paciente já tenha previamente. Para isso, e exame oftalmológico completos. Os exames
o paciente deve fazer o exame de aberrometria,
que é enviado para a plataforma do laser.
também é vastamente utilizada, pois fornece
dados importantes na detecção de ectasia
Existe também um outro conceito de aberração frustra.
que é a aberração cromática. A aberração
cromática corresponde a dispersão da luz nos
meios ópticos do olho, e é inerente ao sistema.
Tem pouca alteração e não é possível corrigir Apesar de atualmente não ser mais realizada,
aberração cromática com cirurgia refrativa a ceratotomia radial foi a cirurgia refrativa
corneana personalizada. mais importante por mais de uma década.
Hoje em dia, é muito comum nos deparamos
com pacientes submetidos a RK no passado e
CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS que necessitam de manejo de complicações
REFRATIVAS tardias, cirurgia de catarata, etc. Além disso, é
um assunto que eventualmente é cobrado em
provas.
conjunto de técnicas cirúrgicas que altera as A ceratotomia radial, assim como outras
estruturas oculares para correção dos erros cirurgias refrativas corneanas, atua alterando
refracionais e da presbiopia. A tabela abaixo a curvatura anterior da córnea. Contudo,
lista diversas técnicas descritas, mas vamos diferentemente de cirurgias como PRK e
nos aprofundar apenas nas de maior relevância
clínica (e para concursos). ocorre é uma redistribuição do poder corneano

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do centro em direção a periferia, com um
aumento da curvatura anterior na região das
incisões, e um aplanamento relativo da região
central. Era indicada para miopia, e também
era frequentemente associada com incisões
para tratamento de astigmatismo (transversais
ou arqueadas).

Técnica Cirúrgica Bisturi de Diamante Milimetrado. Fonte: website https://


duckworth-and-kent.com/

epitélio e estroma corneano, atingindo 85-90%


da espessura total. A região central é poupada,
denominada zona óptica, e seu diâmetro pode
variar ligeiramente de acordo com o grau de
miopia que se deseja tratar. Quanto menor a
zona óptica , maior será o efeito de aplanamento
- assim como incisões para astigmatismo tem
mais poder de correção quando se aproximam
do centro da córnea. O principal determinante
do grau corrigido, contudo, é o número de
incisões realizadas.

Oftalmologia.

Complicações

O principal estudo clínico que avaliou a


ceratotomia radial foi o Prospective Evaluation
of Radial Keratotomy (PERK), em 1982. Após
10 anos de seguimento dos pacientes, foi
observada instabilidade refrativa em grande
parte dos casos. O shift para hipermetropia de
Fonte: Basic and Clinical Science Course, AAO, 2019/2020
1D ou mais foi observado em 43% dos casos,
sendo essa a principal complicação tardia.
Utiliza-se um marcador de córnea para a
marcação da zona óptica e das incisões.
Outras complicações incluem astigmatismo
Com um bisturi milimetrado, as incisões são
irregular, baixa visão noturna, queixas de halos,
confeccionadas na profundidade desejada, em
glare e starburst. Vale lembrar que as áreas
sentido centrífugo, até 0,5 mm do limbo.
das incisões mantém uma maior fragilidade,
e podem levar a perfuração quando a córnea
é submetida a traumas, mesmo anos depois. É
comum o rompimento das incisões em cirurgia
de catarata, por exemplo. Complicações
mais raras incluem ceratite infecciosa,
perfuração intraoperatória acidental, catarata
traumática,entre outros.
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Cirurgia incisional para correção ABLAÇÃO MIÓPICA ABLAÇÃO HIPERMETRÓPICA

de astigmatismo

Frequentemente a cirurgia de RK era associada


com a confecção de incisões corneanas para
correção de astigmatismo. A modalidade
mais habitual eram as incisões arqueadas,
que podem ser realizadas em média periferia
ou na região limbar, chamadas relaxantes
limbares. Para correção do astigmatismo, as
incisões devem ser feitas no meridiano mais
curvo da córnea. Quanto mais próximo do
centro da córnea e maior o arco, maior grau de
astigmatismo é tratado. Hoje em dia ainda são
esporadicamente realizadas em associação a

PRK
Utilizadas imagens de www.doctor-hill.com e https://
O PRK, ou fotoceratotomia refrativa, é uma
técnica pela qual a correção do grau (miopia,
hipermetropia ou astigmatismo) é feita pela
Indicações / contraindicações
curvatura anterior.
Existem alguns critérios que, apesar de não
MOMENTO ~DECOREBA~ totalmente obrigatórios, são desejáveis para
O laser utilizado é o EXCIMER LASER, o mes- se obter melhor resultado cirúrgico e maior
mo que também é usado no LASIK, que realiza segurança no procedimento. Entre eles, valem
a “destruição” controlada de uma parcela do es-
troma corneano - a fotoablação. Seu mecanis- de diversos serviços realizarem apenas >21
mo se baseia na emissão de pulsos de UV de
anos), estabilidade refrativa (variação até 0.5
193 nm, gerados pela combinação de gás hélio
. D em 1 ano), ametropia entre +4,00 e -10,00

simétrica, paquimetria acima de 460 .

absoluta para PRK, mas existem diversas


Para correção da miopia, o tecido corneano
contra-indicações relativas, de acordo com a
é ablado na região central, gerando uma
tabela abaixo retirada AAO (vale também para
curvatura central mais plana. Já nas correções
hipermetrópicas, o tecido é ablado na periferia/
média-periferia, gerando uma curvatura
central mais curva.

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Contraindicações Relativas para
Ablação por Excimer Laser

• Colagenoses
• Artrite reumatóide
• Sd. de Sjögren

• Granulomatose com poliangiite
• Doença estática de córnea

• Retinopatia diabética
• Sd. do olho seco Imagem:


• Pacientes monoculares Após a remoção do epitélio, o laser, já
• programado com a refração do paciente, é
• Pacientes que estejam grávidas ou centralizado e acionado, normalmente por meio
amamentando de pedal. Em ametropias mais altas ou casos
• Pacientes com expectativas irrealistas de reoperação, pode-se utilizar a mitomicina C
• Pacientes com idade inferior a 18 anos após a aplicação do laser para evitar a formação
• Infecção prévia por herpes simplex de opacidade (haze). A concentração utilizada
• Infecção prévia por herpes zoster oftalmico varia de 0,002 a 0,2% e o tempo de exposição
• Oftalmopatia distiroidiana entre 12 e 120 segundos. Uma lavagem extensa
• DM não controlada da superfície deve ser realizada para remoção
completa da mitomicina. Finaliza-se a cirurgia
com colocação de uma lente de contato
Há algumas situações clínicas onde o PRK pode terapêutica.

Complicações
Técnica cirúrgica Complicações infecciosas ou ectásicas podem
acontecer após PRK, mas são muito raras, por
O primeiro passo é a remoção do epitélio
corneano na região central (geralmente 8mm apresentam maior importância.
centrais). Isso pode ser feito mecanicamente
com uma lâmina/espátula, quimicamente com
o auxílio e solução alcoólica 5-25% ou com o
própio excimer laser (trans-PRK). haze. Isso ocorre devido a liberação
Aplicação do álcool utilizando o marcador de citocinas e fatores de crescimento pelas
da zona óptica (“copinho”) para conter a células lesadas, que em contato com o estroma
solução. Após a remoção do epitélio e aplicação levam a apoptose, ativação, proliferação,
do excimer laser, o marcador pode ser usado migração e transformação fenotípica de
novamente para aplicação da mitomicina C.
Alternativamente, o álcool e a mitomicina
também podem ser aplicados com merocel
embebido na solução. . O pico de incidência é 1-2

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meses após a cirurgia, e tende a reduzir até descrito mais à frente, com diferença somente
6-12 meses. Para o tratamento são utilizados em relação ao microcerátomo. O epicerátomo é
corticoides tópicos, e se persistirem, uma nova um dispositivo elétrico composto por um anel
ablação estromal pode ser realizada. O uso

haze. romba de PMMA, capaz de separar o epitélio


íntegro logo abaixo de sua membrana basal,
como evidenciado por microscopia eletrônica.

reposicionado.

• Hipo/hipercorreções
• Regressão da ametropia (mais comum
5. LASIK
altas ametropias)
• Indução de aberrações (principalmente corneana, de forma semelhante ao PRK, com
aberração esférica, como já discutimos excimer laser. A diferença está na camada
anteriormente), levando a fenômenos da córnea onde o laser é aplicado. Enquanto
ópticos como glare no PRK o laser é aplicado subepitelial, no
• Defeito epitelial persistente
• o que é possível graças a confecção de um
• Ablação descentrada corneano (que pode ser confeccionado
• Complicações relacionadas ao uso de com lâmina [microcerátomo] ou laser de
corticoides femtosegundo).

Epi-LASIK e LASEK recuperação visual mais rápida e menor


desconforto pós operatório.
Uma das desvantagens do PRK em relação
Indicações / contraindicações
demora para recuperação visual completa,
devido ao processo de reepitelização e
reorganização do epitélio. Existem técnicas
que tentam uma preservação e recolocação precisamos atentar para a refração a ser
corrigida em relação a espessura da córnea.
Tradicionalmente utiliza-se como referência
epitelial é
confeccionado com solução alcoólica e um Atualmente tem-se utilizado também o
marcador semelhante ao do PRK, porém com conceito de PTA (percentual de tecido alterado),
bordas cortantes em toda a circunferência onde a soma da espessura do + tecido
com exceção da região superior. O álcool é ablado pelo excimer laser não deve ultrapassar
aplicado dentro do marcador, e o epitélio 40% do total da espessura da córnea. Quando
frouxamente aderido é levantado, como o não observados esses critérios de espessura,
laser, esse é há um maior risco de desenvolvimento de
reposicionado. ectasia pós operatória.
epitelial é
criado com um epicerátomo (uma espécie
de microcerátomo). A técnica cirúrgica é

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LASIK MIÓPICO

MOMENTO ~DECOREBA~
O laser de femtosegundo é um laser de estado

infravermelha para causar . Tem


------------------------------------------< 0,4 (40%)
e tem carac-
-
cado num intervalo de tempo muito curto, pode
LASIK ou PRK?

PRK LASIK A confecção da lamela com microcerátomo


Olho seco (leve) X é feita com a colocação do anel de sucção,
X que irá garantir o posicionamento correto do
olho em relação a lâmina por meio do vácuo
gerado. O cirurgião pode checar se há um
Risco de traumas X
vácuo adequado observando dilatação pupilar,
(ex: lutador de boxe)
amaurose transitória referida pelo paciente
X
e estabilidade do anel de sucção, porém é
Necessidade de voltar X recomendável que seja utilizado o tonômetro
de Barraquer. A PIO ideal é acima de 65
X mmHg. É posicionada então a cabeça móvel
X do microceratomo, que contém a lâmina, que
será acionada, avançando sobre a córnea e
Paquimetria < 500 ou córnea X
A confecção da lamela com femtosegundo
também inicia-se com a colocação de um anel
de sucção, e após é realizado o docking, em que
a cabeça do laser se acopla no anel, e então gera
Técnica cirúrgica o aplanamento da córnea e a aplicação do laser
e confecção da lamela por fotodisrupção.
A cirurgia inicia-se com a confecção do Tanto na lamela confeccionada com
estromal. A espessura planejada normalmente microcerátomo quanto na lamela confeccionada
com femto, é importante a realização de
pode ser confeccionado com microcerátomo marcações corneanas com tinta (violeta
ou laser de femtosegundo. As vantagens genciana, caneta de marcação cirúrgica) para
do laser incluem um mais regular e de
espessura extremamente reprodutível. Com
o microcerátomo, o normalmente é mais ideal é que as marcações sejam feitas após

desviar um pouco da espessura planejada. pois se realizadas antes do femto podem


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comprometer a aplicação do mesmo.
CONFECÇÃO DO FLAP

MICROCERÁTOMO FEMTOSEGUNDO

2. Docking e acionamento do laser

3. Encaixe e acionamento do microcerátomo

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Diferentemente do PRK, existem complicações
é igual para ambas as técnicas. É realizado cirúrgicas relacionadas a confecção do .

diversas intercorrências com microcerátomo,


interface. como incompletos, com falhas, e
irregularidades. Em provas, classicamente são
cobradas 2 complicações relacionadas ao ,
o free-cap e o button-hole (veja abaixo).
Com o femto essas complicações são mais
raras, e o que ocorre com maior frequência
é incompleto por perda de sucção e
complicações relacionadas a pequenas que
são emitidas durante a aplicação do laser (que
podem até entrar na câmara anterior!).

Complicações
Uma complicação rara, porém muito temida,
ectasia pós refrativa. Fatores
de risco estão listados abaixo (atenção
provas!!). Essa complicação pode ocorrer

e apresenta-se de forma semelhante a

encurvamento progressivos da córnea. Seu


tratamento também é semelhante, podem ser
indicados procedimentos como crosslinking
(normalmente indicado já no diagnóstico),
anel corneano, lente de contato rígida ou até
mesmo transplante de córnea em casos graves.

FATORES DE RISCO PARA ECTASIA

• Idade (quanto mais jovem)




• Ametropia alta

• PTA superior a 40%
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FREE CAP

• Córneas curvas • Córneas planas


• Cicatrizes ou opacidades prévias

• • Ablação normalmente é possível


• •
• manter epitélio virado para o lado externo

Uma outra complicação relacionada ao contrário, é indicada reabordagem precoce


que pode ocorrer tanto com microcerátomo com reposicionamento do .
com femto é a formação de estrias no . As complicações relacionadas a interface
Elas podem ser desencadeadas por lavagem entre o e o leito estromal são de extrema
excessiva da interface, importância, tanto para provas como para
posicionamento da lamela e incompatibilidade a prática clínica. Apesar de raras, são
de formato entre o e o leito residual potencialmente graves e exigem tratamento
(altas ametropias). Se o paciente apresentar precoce. Existem 2 complicações de interface
boa acuidade visual, normalmente quando que podem ter apresentação algo semelhante, a
as estrias são pequenas e fora do eixo, pode ceratite lamelar difusa (DLK) e a ceratite
não ser necessário nenhum tratamento. Caso infecciosa. Ambas podem cursar com

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entre as duas etiologias, algumas características
representa uma reação de caráter puramente clínicas podem ser observadas. Para ajudar a
memorizar, talvez ajude a traçar uma analogia
substâncias na interface, como endotoxinas,
sangue, resíduos de iodo-polvidona, tinta de
marcação cirúrgica, entre outros, a ceratite
infecciosa está frequentemente relacionada a a endoftalmite, a ceratite infecciosa tem maior
bactérias gram-positivo, mas também nocardia, gravidade e risco de perda visual.
micobactérias e fungos. Para diferenciação

DLK CERATITE INFECCIOSA DA INTERFACE

• Início em 24 horas • Início 2-3 dias após cirurgia


• • Pode iniciar em qualquer parte da interface,
• Mais grave na periferia do que no centro mas não se limita a ela - pode aprofundar-

• Sem RCA • Presença de RCA
• •
• •
• Cocos gram +

• Micobactérias
• Fungos

Tratamento Tratamento
• • Realizar culturas
• Casos mais graves (estágio 3 e 4) ou • ATB tópica - macrolideo + aminoglicosídeo
refratários podem necessitar de lavagem + quinolona 4° geração
da interface •
para maior penetração dos colírios

Imagens: AAO

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Há ainda outra complicação relacionada a Se pequenas, fora do eixo visual e estáveis (sem
interface, que costuma ter apresentação mais progressão em direção central), podem ser
tardia e indolente, que é o crescimento
epitelial (epithelial ingrowth). Apresenta- gerando astigmatismo irregular por exemplo,
se normalmente em olhos calmos, como pode ser necessário levantar o para
opacidades esbranquiçadas bem delimitadas. lavagem e raspar a interface no local afetado.

DLK CERATITE INFECCIOSA EPITHELIAL INGROWTH

Imagens: AAO

Uma complicação rara descrita é uma


ceratopatia estromal induzida por
aumento de pressão intraocular (em
inglês utiliza-se o termo PISK -
). Habitualmente não se
apresenta no pós operatório imediato, pois tem
relação com aumento de PIO associado ao uso
prolongado de corticoides, é mais frequente a
partir de 10-14 dias após o procedimento. O
aumento de PIO leva a opacidade estromal,

e a formação de um bolsão de líquido na


interface. A presenta de líquido leva a medidas Fonte: AAO

falsamente baixas de PIO com tonômetro de


aplanação, chamada de hipotonia paradoxal.
O tratamento consiste em suspensão de
corticoides e uso de colírios hipotensores.

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6. LENTES FÁCICAS submetidos a exame de microscopia especular
para avaliação de morfologia e densidade
endotelial, além de avaliação da profundidade
da câmara anterior. Pacientes com alterações
implantadas associadas a extração do morfológicas de endotélio, baixa contagem
cristalino, ou seja realizado apenas o implante endotelial ou câmara anterior rasa.
das chamadas lentes “fácicas”. Elas surgem
como uma opção de tratamento para pacientes de câmara anterior, que podem ser de suporte
com contraindicações a cirurgia corneana, angular (apoiam-se no angula da câmara
como por exemplo alta miopia.
Além do exame oftalmológico completo, iris) e as de camara posterior, que são inseridas
pacientes candidatos devem também ser entre a iris e o cristalino.

LENTE DE SUPORTE ANGULAR LENTE DE SUPORTE IRIANO

LENTES DE CÂMARA POSTERIOR

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Complicações
• Irite
• Perda endotelial
• Ovalização pupilar
• Catarata
• Descolamento de retina

• Bloqueio pupilar - lembrar que iridotomia/
iridectomia é necessária!

*BÔNUS* 7. PTK
Apesar de abordado nesse capítulo, o PTK
não se trata de uma cirurgia refrativa! Ele
compartilha de técnica cirúrgica muito similar
ao PRK, inclusive com o uso do excimer laser,

O PTK serve para o tratamento de diversas


patologias envolvendo as camadas mais
anteriores da córnea - epitélio, camada de
bowman e estroma anterior.
Essa modalidade de tratamento não visa a
mudança da curvatura anterior da córnea como
o PRK, mas usa a ablação do excimer laser para
tratamento principalmente de opacidades e
de alteração da adesão epitelial. Apesar disso,
pode haver uma indução hipermetrópica como
efeito colateral.

Antes e depois do PTK em paciente com diagnóstico

Oftalmologia.

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