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Avaliação de Radiografias do Sistema Músculo-

Esquelético
da imagem nem de posicionamento de
OBJETIVOS cabeça para baixo.

Há diversas formas de
sistematização da avaliação de
radiografias. Todas são tentativas de
evitar que aspectos importantes
passem despercebidos e de organizar
as idéias facilitando o diagnóstico.
Aqui, apresentamos uma destas
sistematizações que pode ser dividida
em três etapas. Na primeira etapa são
identificados os aspectos técnicos da
radiografia como região examinada e a etiqueta
incidência. Na segunda etapa são
identificados aspectos gerais do
exame e finalmente, na terceira etapa,
A. Radiografia do joelho esquerdo. É
são identificadas as particularidades possível identificar o lado, pois sabemos que
das alterações encontradas. a fíbula fica lateral à tíbia.
Nesta aula não serão B. Posicionamento do paciente para
radiografias de frente.
abordados os temas física radiológica
nem segurança radiológica.
A exceção para esta regra geral
de posicionamento é a radiografia de
ASPECTOS TÉCNICOS coluna. Neste caso, o paciente é
Posicionamento examinado de costas e por isso
colocamos a etiqueta à direita. É muito
A avaliação de uma radiografia importante que se adquira o hábito de
começa pelo posicionamento no sempre posicionar corretamente a
negatoscópio. A radiografia é colocada
Radiografia da
com a etiqueta à esquerda do coluna tóraco-
observador. Não importa se ela está lombar vista com
na borda superior ou inferior, nem se a a etiqueta à
direita para
inscrição fica invertida. Considerando facilitar a
que a radiografia deve corresponder correlação com
ao exame de um paciente colocado o exame clínico
do paciente que
em pé de frente para o observador visto de costas.
com as palmas das mãos apontadas Diagnóstico é
para frente (supinação) é possível uma escoliose
lombar esquerda
identificar o lado do segmento
examinado. Eventualmente o técnico
em radiologia pode acrescentar o sinal
“D” ou “R” para facilitar a identificação
do lado direito e “E” ou “L” para o
esquerdo. Mais modernamente, as
radiografias digitais são avaliadas em
monitores e não há risco de inversão
radiografia. Nossa lembrança de uma
radiografia frequentemente é mais
intensa do que a informação do
paciente quanto ao lado
comprometido. Se a radiografia foi mal
posicionada nossa lembrança Irá nos
trair e corremos o risco de examinar o
lado errado, imobilizar o lado errado ou
até mesmo operar o lado errado!
O enquadramento da radiografia é
crítico. Precisamos ter certeza que a região
suspeita foi incluída no exame. Eventualmente Detalhe de radiografia do pé em
uma lesão da metáfise distal do fêmur pode não incidência oblíqua mostrando alteração do
ser vista na radiografia de joelho se o filme for contorno e do formato do osso Navicular e do
muito curto. Calcâneo. Há uma fusão destes ossos.
Outro cuidado é incluir as articulações Diagnóstico é uma barra óssea talo-Navicular.
adjacentes nas radiografias dos ossos longos,
principalmente em casos de traumatismos. A
fratura isolada da ulna está frequentemente características específicas. Por
associada à luxação da cabeça do radio. exemplo, no ombro existe a incidência
perfil verdadeiro de escápula para
avaliar o posicionamento da cabeça do
úmero no centro da glenóide. No
Região tornozelo a radiografia com leve
A primeira informação que se rotação interna permite a melhor
depreende é a região examinada. visualização da pinça maleolar.
Geralmente descrevemos o osso Existem várias outras para avaliação
(fêmur, tíbia, radio...), a articulação de diferentes ossos e articulações.
(quadril, joelho, cotovelo...) ou a região
(bacia, coluna cervical...). Nomear a
região anatômica (coxa, perna,
antebraço...) não é incorreto, mas é
menos utilizado, pois passa a
informação que outras estruturas como
as partes moles também estão sendo
examinadas, o que muitas vezes é
correto.
Radiografia do calcâneo esquerdo em
Incidência incidências perfil e axial para avalliação da
redução da fratura, alinhamento da articulação
A segunda informação subtalar e posicionamento dos implantes.
importante é a incidência. É
imprescindível que o exame de cada
região seja realizado em pelo menos Outro recurso bastante utilizado
duas incidências. A incidência são as radiografias em posições
descreve o sentido da radiação em especiais. Assim solicitamos radio-
relação ao membro e normalmente é grafias da coluna com flexão lateral do
em ântero-posterior e perfil (AP + P). tronco para observar a mobilidade da
Em algumas situações estas escoliose ou em stress em varo ou
incidências não são suficientes e é valgo do joelho ou do tornozelo para
necessário complementar com outras, ver a integridade dos ligamentos.
principalmente as oblíquas e axiais.
Para algumas situações foram criadas
incidências próprias para avaliar
Exames especiais Outro exame especial é a
escanometria que compreende na
Existem também os exames verdade três radiografias. Com o
especiais que tem objetivos espe- paciente deitado e com uma régua
cíficos. Para a avaliação global do especial entre as pernas são
alinhamento dos membros inferiores realizadas radiografias dos quadris,
ou da coluna podem ser solicitadas dos joelhos e dos tornozelos sem que
radiografias panorâmicas dos o paciente se mexa entre as
membros inferiores ou da coluna. exposições. A partir deste exame é
Nestas radiografias é possível medir possível medir o comprimento de cada
possíveis desvios angulares. segmento o que é importante para
correções de discrepância (diferença
Radiografia do comprimento entre os membros
panorâmica em
AP dos mem- inferiores).
bros inferiores Escanome
de uma tria dos
criança. membros
Nestas radio- inferiores.
grafias podem A partir da
ser traçados os régua
eixos mecâ- colocada
nicos e anato- entre os
micos dos membros
membros que é possível
avaliam os medir o
desvios an- comprime
gulares e ba- nto dos
lizam o pla- fêmures e
nejamento das tíbias.
para a cor-
reção.

Toda radiografia provoca uma


ampliação variável que depende da
Esquema mostrando o distância do osso até o filme. Como
eixo anatômico em vermelho e
o mecânico em azul. O eixo aproximação, consideramos esta
mecânico é traçado ampliação de 10%. Quando queremos
individualmente para cada osso medir com maior precisão uma
e acompanha a direção da
diáfise. O ângulo formado alteração óssea radiografamos o
indica a grau de valgismo do segmento do lado desta régua
joelho. especial
O eixo mecânico
indica a direção das tensões posicionada na
mecânicas exercidas sobre o distância
membro. É traçado unindo uma aproximada do
reta entre o centro da cabeça
femural e o centro do tornozelo. osso ao filme.
Em paceintes normais esta Esta então é a
linha deve cruzar o centro da radiografia com
patela.
régua.
ASPECTOS GERAIS
Radiografia em AP do
Nesta etapa tentamos identificar punho esquerdo de
o que mais chama atenção na uma criança. Observe
que o núcleo de
radiografia. Em sequência observamos ossificação secundário
os seguintes parâmetros: Contorno da ulna ainda não apa-
ósseo, formato do osso, textura do receu, assim como os
núcleos de ossificação
osso e as partes moles. primária de vários
É claro que todos estes ossos do carpo. Por
parâmetros dependem do estes parâmetros é
possível identificar a
conhecimento da anatomia radiológica idade óssea.
normal, pois são comparativos ainda
que haja possibilidade de variações
individuais. Nos membros, geralmente
podemos comparar com o lado são e Observe ainda que as metáfises distais dos
na coluna com os segmentos ossos longos estão alargadas (setas) e a
cartilagem de crescimento alargada (isto é
superiores ou inferiores. Alguns ossos menos evidente). Estas Alterações são típicas
únicos são simétricos e um lado pode de raquitismo.
ser comparado com o outro.
temos a cartilagem articular que
Contorno ósseo separa um osso do outro. Esta
Aqui observamos todo o separação deve ser homogênea. As
contorno ósseo. Todos os ossos são articulações são geralmente
observados e procuramos por congruentes ou seja o contorno de um
soluções de continuidade. O
diagnóstico mais comum destas
soluções de continuidade são as
fraturas, mas é possível que
representem outros diagnósticos.

Radiografia
do ombro
esquerdo.
Acompanhando
o contorno
ósseo
observamos
uma solução de
continuidade na Radiografias em AP dos pés de uma criança
transição meta- com polidactilia. Ela apresenta bifurcação do 5º
diafisária. metatarsiano em níveis diferentes.
Diagnóstico:
fratura do dos ossos acompanha o contorno do
úmero
proximal. outro. Incongruências e diminuições do
espaço articular indicam alterações
articulares. Nas extremidades das
No contorno também deve ser articulações podemos ver espículas
observada a característica de cada ósseas os chamadas osteofitos ou
região. O osso diafisário apresenta a vulgos „bicos de papagaio“
cortex espessa. Na região metafisária
o osso cortical é mais fino e na criança
ele se limita pela cartilagem de
crescimento que não deve ser
confundida com fratura. Na epífise
Forma do Osso Alterações da textura
Aqui procuramos alterações da Aqui tentamos identificar as
forma do osso ou do segmento características do conteúdo do osso. O
anatômico. Curvaturas, angulações e osso esponjoso apresenta um
outros defeitos devem ser trabeculado fino típico que pode ser
bem identificado nos ossos chatos
Radiografia em (ilíaco, calcâneo) e nas regiões
AP dos joelhos metafisárias dos ossos longos. As
de uma criança
mostrando alte-
alterações da textura podem ser líticas
ração do contor- (perda do trabeculado) ou escleróticas
no e do formato (densificação do osso). Muitas vezes
da tíbia direita
(ausência da
estas alterações são mistas.
porção proximal Diminuição difuso do trabeculado
da Tíbia com identifica a osteopenia que caracteriza
fusão da fíbula).
Diagnóstico de
entre outras doenças a osteoporose.
agenesia, pacial,
proximal da Tíbia.

identificados.

Deve ser observado se o osso é A


mais longo ou mais largo que o
normal. Eventualmente o formato é
completamente diferente do normal.
Alterações congênitas ou adquiridas B
podem provocar alterações do
formato.
Radiografia em perfil do calcâneo esquerdo.
Observe as linhas escleróticas paralelas à
articulação subtalar (A). Esta textura é muito
diferente da normal observada na tuberosidade
posterior do calcâneo (B). O diagnóstico é uma
fratura por impacção.

Partes moles
Nem sempre é possível
identificar as partes moles pois
depende da técnica utilizada.
Radiografias „muito penetradas“ (muito
escuras) não permitem a identificação
das partes moles. Quando a
observação das partes moles é
possível ela é muito útil. A repercussão
Radiografia do pé esquerdo em AP e aspect de uma alteração óssea nas partes
clínico de paciente com hálux valgo (joanete). moles dirige o diagnóstico para uma
O formato do 1º metatarsiano na está alterado, situação mais aguda com grande
mas devido o mal alinhamento deste
metatarsiano, o formato do pé está.
reação inflamatória ou edema ou para
um processo mais crônico ou antigo
com menor repercussão.
ASPECTOS ESPECÍFICOS

Uma vez identificadas as


alterações gerais de uma radiografia e
localizada uma alteração ou lesão
significativa torna-se necessário para
caracterizar as particularidades desta
lesão e definir o diagnóstico.
Para esta caracterização
também podemos lançar mão de uma
sistematização que é baseada em 7 Radiografias mostrando um Fibroma Não
perguntas. AS respostas a elas Ossificante tipicamente periférico (1a) e um Cisto
Ósseo Solitário tipicamente central (1b).
dependendo da experiência do
observador podem levar ao
diagnóstico ou pelo menos à ciar o Cisto Ósseo Solitário (central) do
determinação se a lesão é agressiva Fibroma Não Ossificante (periférico).
ou não. A região acometida - epífise,
As 7 perguntas são: metáfise ou diáfise – também ajuda a
Onde está a lesão? direcionar o diagnóstico. A grande
Qual o tamanho da lesão? maioria dos tumores é metafisária.
O que a lesão está produzindo Provavelmente existe uma relação
no osso? entre o aparecimento de alguns
Qual a resposta do osso? tumores com a atividade das placas de
Há lesão do córtex? crescimento. Quando o tumor é
Quais as características da epifisário ou diafisário o número de
matriz da lesão? alternativas é bem menor. As lesões
Há massa de partes moles? epifisárias são: Condroblastoma,
osteomielite e metástase de
neuroblastoma. O Tumor de Células
Onde está a lesão? Gigantes geralmente é meta-epifisário.
A lesão pode ser única ou Aparece na metáfise, mas cresce para
múltipla. A maioria dos tumores é a epífise alcançando o osso
única. Múltiplos são tipicamente a subcondral (abaixo da cartilagem
osteocondromatose, a encondro- articular).
matose, o mieloma múltiplo e as Entre as lesões diafisárias
metástases. destacam-se o Sarcoma de Ewing e o
A lesão Adamantinoma.
pode ser central
ou periférica em Qual o Tamanho da Lesão?
relação à secção De uma forma geral os tumores
transversal do maiores tendem a ser mais agressivos
osso. As lesões e os menores, menos. No entanto, isto
líticas com escle- não pode ser usado para definir o grau
rose marginal de agressividade da lesão sem a
são muito fre- correlação com história clínica e outras
qüentes na crian- características dos exames de
ça. A identifi- imagem.
Diagrama mostran- cação de posição
do as regiões do
osso. dentro do osso
ajuda a diferen-
O Que a Lesão está reação periosteal organizada
Produzindo no Osso? descompensada,
As lesões neoplásicas ou reação periosteal desorgan-
infecciosas podem destruir o osso por izada.
ativação de osteoclastos. Dependendo
do grau de agressividade, esta A esclerose marginal é uma
destruição pode formar uma imagem linha de osso denso (branca) que
radiográfica bem ou mal delimitada. As envolve a lesão. Quando presente,
lesões menos agressivas e de facilita a identificação de lesões
crescimento mais lento produzem geográficas, pois acentua a
lesões em que é possível identificar delimitação da lesão. É, portanto,
bem os limites, são as chamadas relacionada a lesões de crescimento
lesões geográficas. Nas lesões mais lento e caráter pouco agressivo. A
agressivas é mais difícil identificar maioria dos tumores benigno
onde começa a lesão e onde acaba o apresenta esclerose marginal.
osso normal. Existe uma larga zona de O espessamento cortical é um
transição e a imagem produzida é adensamento do córtex relacionado a
chamada de permeativa. lesões irritativas e próximas à
Este é um dos parâmetros mais superfície do osso. Ocorre um
importantes para avaliar o grau de estímulo importante do periósteo e do
agressividade da lesão. endósteo que passam a produzir osso
de forma exagerada formando uma
imagem em fuso. O córtex naquela
região fica bastante espessado. Note
que todo o osso novo produzido é
normal e não tem características da
lesão que o provocou. Esta reação é
bastante típica de um tumor benigno
chamado Osteoma Osteóide, mas
pode eventualmente ser encontrado
em lesões infecciosas.
A Reação Periosteal
Organizada Compensada é uma
Cisto ósseo aneurismático de padrão geográfico. reação do periósteo provavelmente
Osteossarcoma de padrão permeativo. relacionada a fatores mecânicos.
Devido à expansão da lesão e
Qual a Resposta do Osso? reabsorção do córtex ocorre
O osso reage à presença de um diminuição da resistência mecânica do
processo inflamatório, infeccioso ou osso (lei de Wolf) que exige uma
neoplásico. A reação é geralmente resposta para evitar a fratura. Desta
baseada em formação óssea na forma o periósteo produz osso onde o
tentativa de conter a expansão da córtex está mais fino. Com a
lesão. Os tipos de reação podem ser destruição na porção interna (medular)
classificados da seguinte forma: e produção de osso na externa
Reação medular  (periosteal) na radiografia têm-se a
esclerose marginal, impressão que o córtex foi deslocado
Reações periosteais  ou empurrado. No caso da reação
espessamento cortical, organizada compensada não ocorre
reação periosteal organizada diminuição da espessura do córtex.
compensada, Portanto existe um empate entre o
potencial destrutivo da lesão e a
produção óssea. Isto caracteriza um cometa. Esta imagem está
tumores de crescimento lento, relacionada ao Osteossarcoma, mas
geralmente benignos. pode aparecer na osteomielite. É
A Reação Periosteal importante notar que o osso reacional,
Organizada Descompensada tem do ponto de vista histológico, é normal
características semelhantes à reação e, portanto não é apropriado para
compensada. A diferença é que devido biopsia.
ao crescimento tumoral mais rápido
que a produção óssea pelo periósteo,
a camada cortical fica mais fina. Este
fenômeno dá um aspecto radiográfico
chamado de insuflação. É como se o
osso houvesse sido inflado com gás.
Nestes casos o tumor ainda contém o
tumor e geralmente está relacionado a
tumores benignos.
A Reação Periosteal
Desorganizada é uma reação típica de Esquema mostrando os tipos de reação
periosteal desorganizada.
tumores malignos ou muito agressivos.
A destruição do córtex deixa apenas
alguns fragmentos de periósteo Há lesão do Córtex?
íntegros que produzem osso de forma A Radiografia deve ser avaliada
limitada. Três imagens radiográficas com cuidado procurando acompanhar
típicas compõem este tipo de reação. toda a periferia do osso. O córtex pode
A primeira é o triângulo de Codman. estar parcialmente corroído ou
Com o progressivo deslocamento do completamente destruído. Quando o
periósteo a partir da borda do córtex córtex está corroído externamente, ou
ocorre a formação de osso reacional. seja a borda externa do córtex
Na extremidade proximal ou distal uma apresenta irregularidades e
extremidade do fragmento de conseqüente diminuição da espessura.
periósteo ainda está pressa ao córtex Esta imagem sugere que uma
enquanto a outra vai sendo deslocada neoplasia de partes moles está em
pelo tumor. Por esse deslocamento contato com o osso e provocando sua
desequilibrado ocorre a formação de destruição. Esta destruição ocorre por
uma imagem triangular de osso eliminação de substâncias ativadoras
reacional na extremidade do tumor. A de osteoclastos ou por ação direta
imagem em casca de cebola é com isquemia do periósteo. Quando a
produzida por faixas paralelas de osso corrosão é interna a imagem lembra
reacional dispostas paralelamente no impressões digitais em massa de
sentido longitudinal do osso. A modelar e é chamada de “recorte
explicação é que o periósteo produziu endosteal”. Esta imagem é importante,
osso em diversos momentos enquanto pois pode indicar a malignização de
ia sendo deslocado pelo tumor. Esta tumores medulares benignos mais
imagem está relacionada ao Sarcoma frequentemente um encondroma
de Ewing, mas pode aparecer em transformando se em condrossarcoma.
ouros tumores malignos e na As destruições totais indicam
osteomielite. A terceira imagem é a que o tumor deixou de ser
dos raios de sol em que fragmentos intracompartimental (restrito ao
menores de periósteo ao serem compartimento ósseo) e invadiu as
deslocados pelo tumor deixam um partes moles. Este fato indica aumento
rastro de osso reacional como se fosse de agressividade geralmente
malignidade. Outro dado relevante é formando uma imagem irregular que
que os tumores metastáticos e ainda assim é típica. O tecido fibroso,
benignos agressivos só alcançam as quando é mais denso, pode produzir
partes moles mediante destruição do uma imagem típica chamada de vidro
córtex. Já os tumores primários em opaco. Esta imagem lembra desenhos
especial o sarcoma de Ewing, podem de grafite que são borrados com
se expandir para as partes moles algodão para dar um aspecto
através do osso. esfumaçado.

Há Massa de Partes Moles?


Quais as características da
A visualização de massa de
matriz da lesão?
partes moles na radiografia depende
A matriz da lesão pode ser
da densidade do tumor e da técnica
estabelecida pela imagem radiográfica.
radiográfica. Certamente outros
As imagens blásticas ou produtoras de
recursos como tomografia e
osso são típicas de tumores
principalmente a ressonância
produtores de osso. As imagens líticas
magnética são exames que muito
não ajudam tanto no diagnóstico a não
melhor avaliam as lesões em partes
ser que apresentem características
moles.
especiais.
A presença de massa de partes
Antes de prosseguir é
moles também é sugestiva de
importante diferenciar lise óssea de
malignidade. Uma exceção típica é o
cisto. Por definição um cisto é uma
Tumor de Células Gigantes que pode
estrutura membranosa que contém
produzir massas de partes moles
matéria fluida ou semifluida. Portanto,
grandes. Como foi descrito antes, a
só podem ser considerados cistos
presença de massa de partes moles
ósseos as lesões líticas que são
sem destruição do córtex sugere tumor
preenchidos por material fluido. Como
maligno primário enquanto as massas
é difícil ter certeza do conteúdo
que crescem a partir de orifício
somente pelas radiografias é preferível
produzido no córtex são mais
denominar estas lesões
sugestivas de tumores benignos
genericamente como lesões líticas.
agressivos ou metástases.
As lesões líticas podem
Considerações gerais sobre
Radiografias
A radiografia simples é o exame
mais importante da ortopedia e da
traumatologia. A grande experiência
acumulada com este exame associada
às inovações tecnológicas como os
Calcificações típicas de tumor condral. Caso exames digitais preservam a sua
de Encondroma.
importância. Não há indícios que este
exame possa ser substituído em um
apresentar características que
futuro próximo, no entanto alguns
sugerem um tipo de tumor. Isto pode
cuidados básicos precisam ser
ocorrer em duas situações: Os
tomados. Ainda existem em nossa
tumores condrais (formadores de
região unidades de saúde com
cartilagem), tanto malignos como
aparelhos de má qualidade. Por isso o
benignos, produzem pequenas
médico deve tomar muito cuidado para
calcificações que produzem uma
não cometer erros graves. As
imagem chamada de “flocos de neve”.
radiografias de má qualidade técnica
Estas calcificações podem coalescer
que não permitem avaliação de radiografias de joelho em filmes curtos
detalhes da textura dos tecidos e seus em cujo laudo se lê: radiografia do
contornos ou que apresentam joelho AP+P normal!
artefatos, devem ser repetidas ou Por fim, sempre que a
solicitadas em outros centros radiografia não for compatível com a
radiológicos. A radiografia deve incluir suspeita diagnóstica, reexamine o
a região em que se suspeita que haja doente e se for o caso, repita o exame!
uma lesão. Não é raro encontrarmos
osteossarcomas da metáfise distal do
fêmur em pacientes que realizaram

Universidade de São Paulo

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor

Ambulatório de Oncologia Ortopédica

Prof. Dr. Edgard Eduard Engel


Dr. Nelson Fabrício Gava

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