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QFL 2129 – Química Inorgânica 2023

Ana Maria da Costa Ferreira

Aula 1 –
Revisão - Tabela Periódica
Propriedades Periódicas
Conteúdo da aula:

A Tabela Periódica
Elementos químicos
Isótopos
Alótropos

Propriedades Periódicas:
Raios atômicos, raios iônicos,
Potenciais de ionização,
Eletronegatividade,
Afinidade eletrônica
Química Inorgânica

Isômero ativo
apolar polar

Estrutura porosa

Azul da Prússia

4 Fe3+(aq) + 3[Fe(CN)6]4- ⇄ Fe4[Fe(CN)6]3


Chem. Rev. 2012
A Química Inorgânica compreende o estudo da estrutura e reatividade de todos
os elementos químicos e seus principais compostos. Para alunos de Engenharia, têm
especial importância os compostos com interesse industrial.

Para racionalizar as propriedades dos elementos usamos algumas


propriedades que ajudam a classificá-los e a prever muitas de suas características físico-
químicas . É o caso dos potenciais de ionização, eletronegatividade, afinidade
eletrônica, raio atômico (covalente e iônico).

Baseado em suas configurações eletrônicas, também é possível prever as


reatividades dos elementos, isto é, que tipo de compostos irão formar mais facilmente,
com que outros elementos tenderão a reagir, sua estabilidade térmica ou em solução
aquosa, sua tendência a explodir, etc.

As propriedades aqui citadas permitem prever o tipo de ligação química que cada
elemento poderá formar e, a partir das ligações formadas, as propriedades dos
compostos formados. Assim, compostos covalentes, iônicos, metálicos,
poliméricos, moleculares, etc . apresentam propriedades físicas e químicas
bem diferentes, que refletem o tipo de sua estrutura, que é resultados das ligações
químicas presentes.
Dmitri Mendeleiev (1834 - 1907)
entrou para a história da Química ao ordenar os
elementos químicos então conhecidos, numa Tabela,
após verificar que as suas propriedades se repetiam
de forma periódica.

A constatação da existência de
regularidades periódicas nas propriedades
físicas e químicas dos elementos, aliada à
necessidade de sistematizar toda a
informação já disponível, levou ao
desenvolvimento da chamada Tabela
Periódica dos Elementos, que ao longo do
tempo foi sendo aperfeiçoada.
http://americanhistory.si.edu/collections/search/object/nmah_1470 (acessada em 27/12/2017)

Kovac, J.; J. Chem. Educ. 2016, 93, 990.


Ternstrom, T.; J. Chem. Educ. 1964, 41, 190.

01/02/2018RESENHA: The Lost


Elements - The Periodic Table Shadow
Side

Fontani, M.; Costa, M.; Orna, M. V.; The Lost Elements - The Periodic
Table Shadow Side, Oxford University Press: Oxford, 2016.
TABELA PERIÓDICA

8
The International Year of the Periodic Table
A Common Language for Science
The Periodic Table of Chemical Elements is one of
the most significant achievements in science,
capturing the essence not only of chemistry, but also
of physics and biology.
1869 is considered as the year of discovery of the
Periodic System by Dmitri Mendeleev. 2019 will be
the 150th anniversary of the Periodic Table of
Chemical Elements and has therefore been
proclaimed the "International Year of the Periodic
Table of Chemical Elements (IYPT2019)" by the
United Nations General Assembly and UNESCO.
IUPAC | INTERNATIONAL UNION OF PURE AND APPLIED CHEMISTRY
PERIODIC TABLE OF ELEMENTS

https://iupac.org/what-we-do/periodic-table-of-elements/
Número atômico - z
Caracteriza o elemento e corresponde ao número de prótons presentes no
núcleo do dado elemento.
26 1 8 6 7 78
Fe H O C N Pt
55,845 1,008 15,999 12,011 14,007 195,08

Massa atômica - A
Corresponde ao número de prótons e de neutros num dado átomo (elemento)
A = 55,845 para ferro ; 15,999 para oxigênio; 195,08 para platina. É expressa
em unidades de massa atômica (u).

Configuração eletrônica –
Corresponde à distribuição de elétrons nos vários orbitais de um dado átomo
(elemento). A que elementos correspondem as configurações eletrônicas
abaixo?
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s1 1s2 2s2 2p2 1s2 2s2 2p6 3s2
1s2 2s2 2p4 Resp.: Cu, O, C, Mg, Ar 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
Isótopos
São átomos do mesmo elemento químico (mesmo número atômico) mas que
apresentam diferentes números de massa (diferentes números de nêutrons).
Nuclídeos – são átomos de um mesmo isótopo (descreve o estado do núcleo).

AXn
z

Esses átomos correspondem a: n = carga ou estado (* excitado, m metaestável)


99
a) Quantos elementos químicos? Exemplo 43 Tcm
b) Identifique os que são isótopos.
B Z = 18 (18 prótons, 18 nêutrons)
A Z = 17 (17 prótons, 18 neutros) Ar = argônio
Cl = cloro
D Z = 20 (20 prótons, 20 nêutros)
Ca = cálcio
C Z = 18 (18 prótons, 20 nêutrons)
Ar = argônio E Z = 20 (20 prótons, 21 neutros)
Ca = cálcio
Importância
O estudo de substâncias radioativas
naturais, possibilitou a descoberta
da existência de isótopos.

Há isótopos estáveis (meia-vida de milhões de anos), como 14C e 40K, usados em


datação de fósseis e isótopos instáveis (meia-vida curta) como 235U e 239Pu.
14C
6 → 14N
7 + -
São usados em:
• reatores nucleares para produzir eletricidade, como 239Pu, 235U, 238U
• Medicina para diagnóstico e/ou radioterapia, como 99Tc, 131I, 137Cs
• datação de fósseis, como 40K, 14C
• Estudo de mecanismos de reação, como 2D, deutério; 3T, trítio
Uso na agricultura Radiotraçadores injetados nas plantas para
verificar ou monitorar a absorção de fertilizantes ou
em insetos para monitorar seu raio de ação.

Os machos de espécies que são consideradas


pragas (mosquito da dengue, Zika, etc.) são
esterilizados por radiação gama e depois são soltos
no meio ambiente para competirem com os machos
normais. Isso diminuirá progressivamente a sua
reprodução e o seu número.

Uso na medicina
O tecnécio-99 (Tc-99m, t½ = 6 h) é utilizado, para
iodo-131 (I-131, t½ = 8 dias), que
obtenção de mapeamentos (cintilografia) de
emite partícula beta, radiação gama e
diversos órgãos: • cintilografia renal, cerebral,
tem meia-vida de oito dias.
hepato-biliar (fígado), pulmonar e óssea;
Concentra-se na glândula tireóide e
• diagnóstico do infarto agudo do miocárdio e em
permite visualizar modificações nesse
estudos circulatórios; • cintilografia de placenta.
órgão.
Radioisótopos ou Radionuclídeos

São isótopos instáveis de um dado elemento que apresentam radioatividade,


isto é, que se desintegram espontaneamente, emitem radiações e dão origem a
outros elementos. São usados na agricultura, na medicina nuclear para
diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer.

Na desintegração radioativa, ocorre emissão de: i) raios gama (radiação


eletromagnética de elevada energia); ii) partículas alfa (formadas por dois
prótons e dois nêutrons); iii) partículas beta menos (elétrons) ou beta mais
(pósitrons, ou seja, elétrons com carga elétrica positiva); iv) nêutrons (partículas
sem carga elétrica). A desintegração é um processo em cadeia (cinética de
primeira ordem) e prossegue até que um isótopo estável seja formado.
São caracterizados pela chamada meia-vida (t1/2) que corresponde ao tempo
para desintegração da metade dos átomos radioativos.

Urânio: 99,3% de 238U e 0,7% 235U


Tempo de meia-vida
Decaimento radioativo
R = -dN/dt = N
N = número de núcleos radioativos
remanescentes após um tempo t
No = número de núcleos radioativos na N = N0 e -t
amostra num tempo t = 0
R = taxa de decaimento

λ = constante de desintegração

R0 = N0

Unidades: 1 becquerel = 1 Bq = 1
decaimento/segundo
1curie = 1 Ci = 3,7 x 1010 Bq
Fissão Nuclear
A fissão de um átomo de Urânio-235 gera 202.5 MeV = 3.24 × 10−11 J, ou
seja 19.54 TJ/mol, ou 83.14 TJ/kg.

Quando radionuclídeos de 92235U são bombardeados por nêutrons, uma das


várias reações de fissão que podem ocorrer é mostrada abaixo:

1
0n + + 235 92U → 14156Ba + 9236Kr + 3 10n

Fusão Nuclear
é o processo no qual dois ou mais núcleos
atômicos se juntam e formam um outro núcleo de
maior número atômico. A fusão nuclear requer
muita energia para acontecer, e geralmente libera
muito mais energia do que a que consome.
Exemplos de meia-vida:
238U → 234Th + α (t1/2= 4,468 x 109 anos)
92 90

241Am → 237Np93 + α (t1/2= 432,2 anos)


95

212Po → 208Pb + α (t1/2= 0,3 µs)


84 82

59Co
27 + 1n0 → 60Co27 + 

60Co → 60Ni + - +  (t = 5,27 anos)


27 28 1/2

• partícula α = núcleo de He (2 prótons + 2 nêutrons)


α = 4He2
• partícula  = elétron de alta energia emitido pelo núcleo
Exemplos de decaimento radioativo
Cadeia de decaimento radioativo do Urânio 238
Alótropos
Alotropia – propriedade apresentada por vários elementos, capazes de se
ligar de maneiras diferentes, formando substâncias com propriedades
diversas.

carbono

fósforo
Exemplos de alótropos:

Oxigênio e ozônio

Enxofre rômbico e enxofre monoclínico

Fósforo branco, vermelho e negro

Grafite, diamante, fulereno, nanotubos


Tabela Periódica – reflete a configuração eletrônica dos elementos químicos.
Sua análise permite racionalizar propriedades físicas e químicas desses elementos
ORBITAIS
1/ 2
1  1   r 
1/ 2
1  1   2 
1/ 2
 1 
1s    
3 
e  r / a0
2s    
4  2a0 3 
 2  e r / 2 a0
 a0 
3s   
9  3a0 3 
 3  2r  2r e r / 3a0
 a0 9a0 3 
 a0  

Obtidos pela
resolução da equação
de Schrodinger

A forma do orbital s

Representam a
região no espaço
onde é mais provável
encontrar o elétron.
A forma do orbital p

1/ 2 cos  (2pz)
1  1  
   re  r / 2 a0 sen cos  (2px)
4  2a 0 5  sensen (2py)

Orbitais d

Metais de Transição

Acomodam até 10 elétrons


e dependendo do estado
de oxidação do metal,
estes orbitais podem estar
parcialmente preenchidos.
Orbitais f
Lantanóides e Actinóides

Podem acomodar até 14 elétrons


Princípio de Aufbau
Usado para determinar a configuração eletrônica de um átomo ou íon. Os elétrons vão
sendo colocados em níveis de energia (do mais baixo para o mais alto) até atingir o número
requerido para o dado átomo ou íon.

No caso de íons, parte-se do átomo neutro e vai-se retirando os elétrons mais externos.
Exemplos:
V5+ V4+ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d1
Fe3+ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d5
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
K+ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
A Tabela Periódica representa um arranjo dos elementos químicos segundo as
características eletrônicas dos átomos de cada elemento.
Ex.: estrutura eletrônica
Fe (Z=26) = [Ar] 3d6 4s2 N (Z=7)= 1s2 2s2 2p3 S (Z=16)= 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4
[Ar] = [Ne] 3s2 3p6
[Ne] = [He] 2s2 2p6

A Tabela é dividida em períodos e grupos, numerados segundo as recomendações da


IUPAC. Os períodos constituem as linhas horizontais, enquanto os grupos (anteriormente
denominadas famílias) representam as linhas verticais ou colunas.

Os elementos principais são aqueles dos blocos s e p. Os elementos do chamado bloco


d (com exceção do Grupo 12: zinco, cádmio e mercúrio) são denominados elementos de
transição, e correspondem a elementos em que estão sendo preenchidos os elétrons nos
orbitais do tipo d.
Os elementos em que elétrons nos orbitais do tipo f estão sendo preenchidos, são
denominados elementos de transição f e subdivididos em lantanóides no caso dos
elementos mais leves, com número atômico (Z) de 57 a 71 (anteriormente e ainda
chamados de lantanídeos ) e em actinóides, mais pesados, com número atômico de 89 a
103 (anteriormente e comumente chamados de actinídeos ).
Finalmente, os elementos representativos são os membros dos três primeiros períodos
(do H ao Ar).
A configuração eletrônica do átomo vai determinar suas propriedades estruturais
e também a sua reatividade, ao formar compostos com átomos do mesmo elemento
ou de outros elementos.

Os elementos nos períodos 1 e 2, com estrutura eletrônica s1 e s2, respectivamente,


tendem a perder esses elétrons mais externos, formando cátions mono- ou divalentes.
São os metais alcalinos e alcalino-terrosos, como : Na+ , K+ , Ca2+ , Ba2+

Os elementos no período 17, denominados halogênios, com estrutura eletrônica s2 p5


tendem ao contrário a receber um elétron, completando a camada mais externa
(estrutura de gás nobre), como: F- , Cl- , Br- , I-

Assim, a reação entre esses elementos em lados opostos da Tabela Periódica tendem a
formar compostos iônicos.

2Na(s) + Cl2(g) → 2NaCl

em solução aquosa:

Na+(aq) Cl-(aq)
Propriedades Periódicas
Certas propriedades características dos átomos, particularmente seus raios e as
energias associadas à remoção ou à adição de elétrons, mostram variações
periódicas regulares com o número atômico. Estas propriedades são de grande
importância para entender e explicar muitas das propriedades químicas dos
elementos.

Li O conhecimento destas tendências permite He


aos químicos interpretar dados e prever
comportamentos químicos, assim como
Na estimar parâmetros estruturais, sem Ne
recorrer aos dados tabelados de cada
elemento químico
K Ar

Rb Kr

Metais alcalinos Gases Nobres


Raio Atômico
Os raios atômicos aumentam à medida que descemos num grupo (no.
atômico crescente) e, dentro dos blocos s e p, diminuem da esquerda para
a direita, ao longo de um período.
Ânions são maiores e cátions são menores que os átomos que lhes deram
origem, devido ao balanço de carga e interação eletrostática.
Na 191 pm O 66 pm Têm importância no estudo de compostos iônicos
Na+ 102 pm O2- 140 pm
No caso dos elementos de transição, os raios atômicos variam menos, provavelmente
por se tratar de orbitais mais internos.

Raios atômicos, em pm
Questão:
Como são determinados
experimentalmente os raios atômicos?

Numa molécula diatômica:

Raio covalente – de um elemento não-


metálico é definido como a metade da
distância internuclear entre átomos vizinhos de
dist/2 = rC um mesmo elemento, numa molécula.
Numa rede cristalina de um
composto ou um metal:
dist/2 = rm
Raio metálico – de um elemento metálico é definido como a metade da
distância experimental determinada entre os centros de átomos vizinhos
mais próximos, num sólido. Essa distância varia conforme o tipo de retículo
cristalino:
Energia de rede cristalina
A Equação representa a energia total para um
mol de um cristal em função de r, considerando
as contribuições devidas à atração eletrostática
(primeiro termo) e à repulsão na superposição
das nuvens eletrônicas dos íons (segundo
termo).
E = energia total em um mol de um cristal
Z+ e Z- = número de carga dos íons
e = carga do elétron = 1,6 x 10-19 C
εo = permissividade do vácuo = 8,85 x 10-12
C2 J-1 m-1
r = distância de separação dos íons E = energia eletrostática entre um par de
A = constante de Madelung íons
N = constante de Avogadro Z+ e Z- = número de carga dos íons
B = constante de repulsão ε = permissividade do meio
n = expoente de Born r = distância de separação dos íons
Tabela de raios atômicos,* em pm ou 10-12 m
Depende do arranjo dos átomos no retículo cristalino do composto
(no. de coordenação).

Li Be B C N O F
157 112 88 77 74 66 64

Na Mg Al Si P S Cl
191 160 143 118 110 104 99

K Ca Ga Ge As Se Br
235 197 153 122 121 117 114

Rb Sr In Sn Sb Te I
250 215 167 158 141 137 133

Cs Ba Tl Pb Bi
272 225 171 175 182

V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn
135 129 137 126 125 125 128 137

* considerou-se número de coordenação 12.


Raio iônico – está relacionado à distância entre os centros de cátions e
ânions vizinhos, numa rede cristalina. Para dividir esta distância e determinar
r+ e r-, há algumas sugestões, como por exemplo:
Distância, d = r+ + r-
MgO determinada por difração de raios X
d = 212 pm
Raio O2- =140 pm; raio Mg2+ = 212-140 = 72 pm r+ r-

Óxido de cério
Cloreto de sódio
Tabela de raios iônicos, pm*
No. coordenação
Li+ Be2+ B3+ N3- O2- F-
59 (4) 27 (4) 11 (4) 146 135 (2) 128 (2)
76 (6) 138 (4) 131 (4
140 (6) 113 (6)
142 (8)
6
Na+ Mg2+ Al3+ P3- S2- Cl-
99 (4) 49 (4) 39 (4) 212 184 (6) 181 (6)
102 (6) 72 (6) 53 (6)
118 (8) 89 (8)
K+ Ca2+ Ga3+ As3- Se2- Br-
138 (6) 100 (6) 62 (6) 222 198 (6) 196 (6)
4
151 (8) 112 (8)
159 (10) 128 (10)
161 (12) 134 (12)
Rb+ Sr2+ In3+ Te2- I-
118 (6) 80 (6) 221 (6) 220 (6)
125 (8) 92 (8) 8
144 (12)
Cs+ Ba2+ Tl3+
167 (6) 100 (6) 89 (6)
174 (8) 112 (8) Tl+
188 (12) 128 (10) 150 (6)
134 (12) 8
* número de coordenação entre parênteses
Energia de Ionização
Corresponde à energia necessária para remover 1 elétron (o mais externo) de um
dado átomo. É uma medida da facilidade com que este elétron pode ser
removido.
As energias de ionização, EI (1ª., 2ª., 3ª., etc...) podem ser expressas em eV,
ou como entalpias de ionização, em kJ/mol, a 298 K

1 eV = 96,485 kJ/mol

EI  Zef2 /n2
EI (energia de ionização) diminui ao longo de um grupo e
aumenta ao longo de um período (à medida que n = no. atômico
principal aumenta)

A diferença entre entalpia de ionização e EI é de 5/2 RT.


Energia de Ionização
Eletronegatividade
A eletronegatividade de um elemento é a capacidade que um átomo deste
elemento tem de atrair elétrons para si quando faz parte de um composto
(participa de uma ligação química).
Elemento altamente eletronegativo:
forte tendência a atrair elétrons numa ligação química.

H-X X atrai mais o par de elétrons da ligação que H

Importância: polarização de ligações químicas

Este conceito auxilia na justificativa de energias de ligação e previsão da


polaridade de ligações e de moléculas.

A eletronegatividade em geral aumenta ao longo de um período e diminui


ao longo de um grupo.
Eletronegatividade
Eletronegatividade
A eletronegatividade foi definida de várias maneiras:

A definição de L. Pauling, P, relaciona-se com energias envolvidas na formação


da ligações químicas.

Pela definição de R. Mulliken, M, a eletronegatividade seria determinada como a


metade da energia de ionização mais a afinidade eletrônica (expressas em eV)
M = ½ (EI + EAE)
ou M = ½ (EI + EAE) /540 para EI e AE expressas em kJ/mol.
P = 1,35 (M)1/2 - 1,37
Uma terceira definição, de A.L. Allred e E. Rochow, AR, baseia-se na idéia de que
a eletronegatividade é determinada pelo campo elétrico na superfície do átomo.

AR = 0,744 + (3590 Zef / r2)

Raio covalente, pm
Pela definição de L. Pauling, P

A2 + B 2 2 AB Valores de D em eV:
|P (A) - P (B)| = (D)1/2 elemento P
F 3,98
D = entalpia de dissociação da ligação
Cl 3,16
D(A-A) + D(B-B) Br 2,96
D = D(A-B) - ---------------------
2 I 2,66
O 3,44
1 eV = 96,485 kJ/mol
S 2,58
Usando valores de D em kJ/mol:
N 3,04
|P (A) - P (B)| = 0,102 (D)1/2 P 2,19
H 2,20
Tabela de eletronegatividades
As eletronegatividades
H He
dos elementos
P 2,20 5,5 diminuem ao longo de
M 3,06 um grupo e aumentam
ao longo de um
AR 2,20
período. Os elementos
Li Be B C N O F Ne mais à direita no
P 0,98 1,57 2,04 2,55 3,04 3,44 3,98 período são mais
eletronegativos.
M 1,28 1,99 1,83 2,67 3,08 3,22 4,43 4,60
AR 0,97 1,47 2,01 2,50 3,07 3,50 4,10 5,10 Mesmo com diminuição
do raio atômico, a
Na Mg Al Si P S Cl Ar eletronegatividade
P 0,93 1,31 1,61 1,90 2,19 2,58 3,16 aumenta no mesmo
M 1,21 1,63 1,37 2,03 2,39 2,65 3,54 3,36 período (em que a
mesma camada está
AR 1,01 1,23 1,47 1,74 2,06 2,44 2,83 3,30
sendo completada).
K Ca Ga Ge As Se Br Kr No caso do grupo, a
P 0,82 1,00 1,81 2,01 2,18 2,55 2,96 3,0 eletronegatividade
diminui (camadas mais
M 1,03 1,30 1,34 1,95 2,26 2,51 3,24 2,98 externas estão sendo
AR 0,91 1,04 1,82 2,02 2,20 2,48 2,74 3,10 preenchidas)
Afinidade Eletrônica
A entalpia de ganho de 1 elétron por um átomo é a chamada afinidade eletrônica. Ela
pode ser um processo exotérmico ou endotérmico.

H = - EAE - 5/2 (RT) Essa diferença 5/2 (RT) é frequentemente ignorada.

A afinidade eletrônica de um elemento é determinada em grande parte pela


energia do orbital não-preenchido de menor energia (LUMO) do átomo no seu
estado fundamental.
LUMO
Orbitais de fronteira – são os orbitais mais
afetados ao se formar uma ligação química
HOMO = higher occupied molecular orbital
LUMO = lower unoccupied molecular orbital HOMO
Tabela de afinidades eletrônicas: – Ea/kJ/mol

H He
72 -48
Li Be B C N O F Ne
60 0 27 122 -8 141 328 -116
Na Mg Al Si P S Cl Ar
5,3 0 43 134 72 200 349 -96
K Ca Ga Ge As Se Br Kr
48 2 29 116 78 195 325 -96
Rb Sr In Sn Sb Te I Xe
47 5 29 116 103 190 265 -77

A(g) + e-(g) → A-(g) A afinidade eletrônica, Ea, é a diferença


de energia entre os átomos gasosos e os
Ea = E (A,g) – E(A-,g) correspondentes íons gasosos, à
temperatura de O K.
Exercícios:

1. Identifique os elementos (átomos ou íons) que apresentam as seguintes configurações


eletrônicas:
a) [Ne] 3s23p4 ;
b) [Kr] 5s2 ;
c) [Ar] 3d34s2 ;
d) [Ar] 3d64s2 ;
e) [Ar] 3d5;
f) [Ar] 3d8;
g) [Kr] 4d105s25p1 ;
h) [Xe] 5d9 6s1.

2. Por que o raio atômico diminui da esquerda para a direita, ao longo de um período da
Tabela Periódica? E porque aumenta num Grupo?
Ao longo de um período, os elétrons de valência entram em orbitais da mesma
camada, e o aumento da carga efetiva atrai mais os elétrons, resultando
progressivamente em átomos mais compactos.
Num grupo aumenta o número atômico z, resultando em mais elétrons a serem
alocados em orbitais cada vez mais externos (camadas superiores).
Exercícios:

Considerando as afinidades eletrônicas (AE) dos halogênios e os potenciais de ionização (PI) dos
elementos alcalinos, qual deve ser a ordem, quanto ao caráter iônico, dos haletos
NaCl, NaF, LiCl, KI, RbF?

Elemento AE, kJ/mol Elemento PI, kJ/mol Composto PI+AE AE-PI


F -328 Li 520 NaCl 147 -845
Cl -349 Na 496 NaF 168 -824
Br -325 K 419 LiCl 171 -869
I -295 Rb 403 KI 124 -714
RbF 75 -731

A energia liberada na AE do ânion formado deve compensar a energia dispendida na


ionização para formar o cátion.

Ordem crescente do caráter iônico: KI < RbF < NaF < NaCl < LiCl
Bibliografia:

1. Shriver & Atkins – Química Inorgânica, Bookman, 2008, 4a. Ed. , Cap. 1- Estrutura
Atômica, p. 25; Cap. 2- Estrutura Molecular e Ligação, p. 57; Cap. 6 – Métodos
Físicos em Química Inorgânica, p. 191.

2. D.W. Oxtoby, N.H. Nachtrieb, W.A. Freeman – Chemistry, a science of change,


Saunders, 1994, 2a. ed.

3. P. Atkins e L. Jones - Chemistry: Molecules, Matter, and Changes, W.H. Freeman,


New York, 1997.

4. J.C. Kotz e P. Treichel Jr. - Chemistry and Chemical Reactivity, Saunders College
Publ., Fort Woeth, 1999, 4a. ed.

5. T.L. Brown, H.E. LeMay Jr., B.E. Bursten e J.R. Burdge, Química – uma ciência
central, Pearson-Prentice Hall, São Paulo, 2005, 9a. ed.

6. C.E. Housecroft e A.G. Sharpe – Inorganic Chemistry, Prentice Hall, 2001, 1a. Ed.
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