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UFCD INTRODUÇÃO À HISTÓRIA

0236
DA CERÂMICA

CURSO /UNIDADE: FORMADOR/A:

Introdução à História da Cerâmica XXXXXXXXXXX

CÓDIGO DA UNIDADE: CARGA HORÁRIA:

0236 XX Horas
Introdução à História da Cerâmica
Formador: XXXXXXXXXXXXXXXXXX

ÍNDICE GERAL

Introdução .............................................................................................................................. 2

Âmbito do manual .......................................................................................... 2

Objetivos ........................................................................................................ 2

Conteúdos programáticos .............................................................................. 2

Carga horária.................................................................................................. 2

1. História da cerâmica .................................................................................................. 3

1.1. Cerâmica na história da sociedade ................................................... 4

- Utilitários domésticos .................................................................................. 7

1.2. Época neolítica ........................................................................................ 7

1.3. Época árabe............................................................................................................ 12

1.4. Época romana........................................................................................................ 17

1.5. Outras....................................................................................................................... 24

A Arte Cerâmica da Antiguidade Clássica - Arte Grega ............................... 24

2. Formatos de peças cerâmicas .................................................................................. 32

2.1. Criação/evolução ................................................................................... 34

Bibliografia ........................................................................................................................... 35

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Introdução à História da Cerâmica
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Introdução

Âmbito do manual

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de


curta duração nº 0236 – Introdução à História da Cerâmica, de acordo com o
Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos

• Reconhecer a evolução da cerâmica ao longo dos tempos.

Conteúdos programáticos

• História da cerâmica
o Cerâmica na história da sociedade
o Época neolítica
o Época arabe
o Época romana
o Outras
• Formatos de peças cerâmicas
o Criação/evolução

Carga horária

• 25 horas

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1. História da cerâmica

A palavra cerâmica deriva do termo grego “keramike”, que significa argila, e é usada
para denominar todo conjunto de actividades destinadas á elaboração de objectos a
partir do barro. Tal é possível devido á propriedade que o barro (ou argila) possui de se
moldar facilmente enquanto pasta, adquirindo posteriormente dureza e resistência
através da cozedura.

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Já existia cerâmica em Portugal antes da chegada dos Romanos, mas é com estes e mais
tarde com os Árabes que esta actividade se desenvolve significativamente. Foram estes
que introduziram muitas das técnicas utilizadas no processo de fabrico da cerâmica e
que ainda hoje são usadas na produção dos mais variados objectos e materiais em
cerâmica.

A cerâmica de construção foi um aspecto relevante no passado, mas a procura crescente


de materiais de virtudes ecológicas reconhecidas e de valor estético incontestável abre
a possibilidade de crescimento e expansão para este sector de actividade. As peças
mouriscas são produzidas em barro extraído no próprio local de produção, sendo a sua
confecção essencialmente manual. A telha mourisca é utilizada em telhados, isola sem
abafar, torna o ambiente mais claro, luminoso e é mais resistente. O tijolo burro é
considerado um bom isolante, sendo, também, usado na decoração de interiores. O
ladrilho “tijoleira” é fresco, adequado para as regiões do Sul, onde o Verão é bastante
quente.

1.1. Cerâmica na história da sociedade

A Pré-História é considerada uma das Eras mais interessantes da história humana e não
se encontra registada em nenhum documento escrito, visto que é uma
época anterior à escrita. Tudo o que sabemos desta mesma época é
o resultado da pesquisa de antropólogos, arqueólogos e historiadores,
que reconstituíram a cultura do homem pré-histórico.
Estão hoje catalogados vestígios cerâmicos do paleolítico e do
neolítico - peças com forma de vasos e conchas, cuja decoração se
baseia em motivos geométricos gravados na superfície, á volta do
objecto.

Nos capítulos seguintes teremos oportunidade de visitar as diferentes culturas e


influências que contribuíram para a instalação da arte e da economia ligada à cerâmica

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em Portugal. No entanto, é de notar que o principal fator que levou à manutenção da


cerâmica como um dos principais materiais usados no dia-a-dia, nas mais diversas áreas
industriais e domésticas é a sua utilidade e versatilidade.
Ao longo da história e ainda hoje os objetos de cerâmica são utilizados para fins tão
complexos ou tão simples como:

- Proteção térmica de vaivéns espaciais


Nas reentradas a superfície das naves espaciais atinge temperaturas superiores a
1.000ºc. a proteção térmica é feita com placas cerâmicas de fibras de quartzo. A
eficiência térmica dessas placas é tal que 10 s após a sua retirada de um forno a 1260ºc
é possível tocá-las com as mãos.

- Próteses médicas
Corria o ano de 1792 quando o farmacêutico francês Alexis Duchâteau constatou, que
com o decorrer do tempo, as próteses por ele usadas, feitas de marfim, sofriam
alterações cromáticas. Juntamente com o dentista parisiense, Nicolas Dubois,
desempenharam um papel decisivo no avanço da prótese dentária, com as suas
tentativas de confeção de uma prótese de cerâmica.

As suas próteses foram bastante populares até à introdução de dentes de cerâmica


cozidos peça a peça, por Giuseppangelo Fonzi, no século seguinte (XIX).

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Mais tarde, no período pré-moderno, E.J. Greenfield (1910), um dos maiores


contribuidores na área da implantologia que desenvolveu muitas das técnicas e princípios
cirúrgicos usados até aos dias de hoje, estabeleceu o primeiro protocolo científico
(técnica que sugeria a colocação em carga, 6 a 8 semanas após a colocação dos
implantes), ressalvando a importância do contato entre osso e implante, bem como o
conceito de cirurgia limpa.

- Sanitários

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- Utilitários domésticos

1.2. Época neolítica

Com a abundante argila dos rios Tigre e Eufrates elaboraram-se figurinhas caseiras
rudimentares mas também recipientes cozidos em série nos fornos.

A cerâmica é uma das grandes invenções mesopotâmicas.

As origens da cerâmica permanecem obscuras, mas conhecemos uma série de factos


que contribuíram para a invenção desta tecnologia, cujos protagonistas são a argila e o
fogo. Na arquitectura de adobe do Neolítico, antes da chegada da cerâmica, era
frequente o uso do gesso e da cal para revestir e proteger as paredes e solos das casas.
O gesso foi igualmente utilizado para fabricar pequenos recipientes que podemos
considerar como o precedente directo da cerâmica. O homem manifestava assim a
necessidade de utilizar uma matéria facilmente maleável e que se prestasse à elaboração
de recipientes de diversas formas. Anteriormente, a obtenção de gesso não requeria
tecnologia do fogo.

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Sabe-se também que os dois princípios necessários para o fabrico da cerâmica (a matéria
maleável e o forno) já eram conhecidos nos povoados neolíticos desde o início do sétimo
milénio antes de Cristo. Terá então nascido a cerâmica.

O início

As primeiras cerâmicas cozidas terão sido produzidas em contexto familiar, de forma


acidental ou intencional. A sua função não é muito clara: poderiam ter servido para cozer
comida, para guardar alimentos ou poderão ter tido outra função desconhecida. A esta
fase inicial podem corresponder os fragmentos de cerâmica e as figurinhas de argila
muito mal cozidas – a baixas temperaturas – que se encontraram no sítio arqueológico
neolítico de Mureybet, no vale do Médio Eufrates sírio, datadas do sétimo milénio antes
de Cristo. Estes são dos objectos de cerâmica mais antigos que se conhecem,
juntamente com outros elementos encontrados em sítios da Turquia com a mesma
datação.

O desenvolvimento e a expansão da tecnologia cerâmica não foram seguramente


conquistas imediatas nem generalizadas. Decorreram quase dois mil anos até que esta
técnica se estendesse pelo Próximo Oriente, como sugerem os sítios arqueológicos do
quinto milénio na região.

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Dar forma à argila

A tecnologia para produzir recipientes cerâmicos compreendia várias etapas sucessivas.


Em primeiro lugar, era necessário obter e preparar a argila. A planície mesopotâmica era
rica em argilas sedimentares, depositadas periodicamente pelas inundações dos rios
Tigre e Eufrates. Era portanto uma matéria-prima abundante e foi muito utilizada pelos
povos da Mesopotâmia como material de construção em arquitectura, como suporte para
a escrita cuneiforme (com o barro, eram fabricadas as tabuinhas de escrita) e, claro,
para o fabrico de cerâmica portátil.

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Uma vez depurada a argila – ou seja, limpa das impurezas –, o artesão dava a forma
desejada a este material, que tem como propriedade principal a sua plasticidade. Para
fabricar os recipientes de cerâmica eram usadas três técnicas: a modelação, a moldagem
e o torneamento. A modelação à mão é a técnica mais antiga e já seria usada no
Neolítico. Para a produção de peças pequenas, era habitual usar-se uma bola de argila
à qual se dava forma com a mão; era assim que se fabricavam vasos ou taças. Para a
elaboração de peças maiores, como as jarras, a técnica usada deveria ser a formação
de cilindros de argila colocados em espiral ou em anéis sobrepostos posteriormente
unidos à mão. A moldagem consistia no uso de um molde de argila, cerâmica ou gesso
com o qual se obtinha a forma desejada pressionando a massa de argila com a mão.

No desenvolvimento da cerâmica, o uso do torno foi um avanço tecnológico importante,


dado que favoreceu a produção oleira em grande quantidade e padronizada.

O uso do torno

É difícil estabelecer quando aparece em cena o torno, pois é uma derivação directa da
roda. O exemplo mais antigo já encontrado é uma roda de cerâmica de 75 centímetros
de diâmetro e 44 quilogramas de peso encontrada na cidade de Ur, no Sul da
Mesopotâmia, e datada de 3000 a.C. No entanto, o estudo da cerâmica de Uruk sugere
o uso do torno de oleiro desde meados do IV milénio a.C.

Do ponto de vista técnico, distinguem-se dois tipos de torno: o lento ou de giro e o torno
rápido. O primeiro é uma roda giratória accionada pelo próprio artesão com uma das
suas mãos ou com a ajuda de um aprendiz. No torno rápido, o oleiro coloca a roda em
movimento com o seu pé, pelo que tem as mãos livres para fabricar qualquer artefacto.
O torno gira a maior velocidade e permite a elaboração de peças de melhor qualidade
em menos tempo. A produção intensifica-se e uniformiza-se para dar resposta à
crescente procura das cidades mesopotâmicas.

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Em Susa, no Sul do Irão, conserva-se a impressão de um selo cilíndrico, datado de 3500-


3200 a.C., com o que parece ser uma oficina de cerâmica com artesãos (talvez mulheres)
a trabalhar. E não existe nenhum elemento que possa ser identificado com um torno.
No Egipto, a representação mais antiga que se conhece do uso do torno numa olaria
provém de um túmulo da V Dinastia (em 2400 a.C.), onde se pode ver um homem dando
forma a um vaso sobre um torno, fazendo-o girar com a mão direita.
O torno rápido só aparecerá na arte à época do rei persa Dario I (518-485 a.C.).

Depois da decoração, para o forno

Depois de a argila ter a forma adequada, o artesão dava um tratamento final ao


recipiente durante a secagem: do simples alisamento à elaborada decoração. Na
Mesopotâmia, as decorações mais frequentes eram incisas, excisas, impressas, pintadas
ou vidradas. Esta última está documentada desde o século XIV a.C. e alcançou grande
desenvolvimento no primeiro milénio antes de Cristo.

Um bom exemplo é a porta de Ishtar da Babilónia, reconstruída no Museu de Pérgamo,


em Berlim. Os recipientes eram cozidos em instalações de diversos tipos: desde simples
fossas escavadas no solo, onde a cozedura era irregular por falta de controlo da
temperatura, até fornos de adobe, divididos entre a câmara de combustão e a câmara
de cozedura. A câmara de combustão, normalmente escavada no solo, era onde se
encontrava o fogo, alimentado por madeira ou dejectos secos.

Sobre esta, separada por uma espécie de grelha, encontrava-se a câmara coberta por
uma cúpula onde se introduzia a cerâmica. Este tipo de forno permitia maior controlo da
temperatura, que podia chegar a 10000C e está documentado no sítio arqueológico de
Yarim Tepe I, no Norte da Mesopotâmia, correspondente ao final do sétimo milénio antes
de Cristo.

Há nove mil anos que a cerâmica cozida como a que hoje utilizamos começou a circular
na Mesopotâmia, irradiando a partir dali para todo o mundo antigo.

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1.3. Época árabe

Se houve elemento da arte, cerâmica e arquitetura portuguesas onde a civilização


árabe deixou definitivas influências, este foi a azulejaria.

O nome “AZULEJO” vem do árabe e ganhou tradição em terras portuguesas. O azulejo


tem 500 anos de produção nacional e é caso único como elemento decorativo e
arquitetónico. Revestiu igrejas, palácios e mudou a paisagem urbana.

A arte da azulejaria havia de criar raízes na Península Ibérica por influência dos árabes,
que para as terras conquistadas, trouxeram os mosaicos para ornamentar as paredes
dos seus palácios conferindo-lhes brilho e ostentação, através de um jogo geométrico
complexo. O estilo fascinou espanhóis e portugueses. Os artesãos pegaram na técnica
mourisca, que levava muito tempo, simplificaram-na e adaptaram os padrões ao gosto
ocidental. Os primeiros exemplares usados em Portugal, os Hispano mouriscos, vieram
nos finais do século XV de Sevilha e serviram para revestir as paredes de palácios e
igrejas. Passados cerca de setenta anos, em 1560, começam a surgir em Lisboa oficinas
de olaria que produzem azulejos segundo a técnica de faiança, importada de Itália.

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A originalidade da utilização do azulejo português e o diálogo que estabelece com as


outras artes, vai fazer dele caso único no mundo. No Museu Nacional do Azulejo,
encontram-se painéis que testemunham a evolução e a monumentalidade desta peça de
cerâmica decorativa que se adapta às necessidades e acompanha os estilos das
diferentes épocas. O Retábulo da Nossa Senhora da Vida dos finais do século XVI ,
composto por 1384 azulejos que sobreviveram ao grande terramoto, é para a
historiadora de arte, Alexandra Curvelo, um exemplo da importância do azulejo em
Portugal.

A nova indústria do azulejo floresce com as encomendas da nobreza e do clero. Grandes


painéis são fabricados à medida para preencher as paredes de igrejas, conventos,

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palácios, solares e jardins. A inspiração vem das artes decorativas, dos têxteis, da
ourivesaria, das gravuras e das viagens dos portugueses ao oriente. Surgem grandes
composições cenográficas, característica marcante do barroco, com motivos
geométricos, temáticas figurativas e vegetalistas de uma fauna e flora exóticas. É o
tempo em que aparece o azulejo de padrão, com destaque para os frontais de altar,
uma das formas originais da utilização do azulejo.

São as classes dirigentes que cultivam primeiro o gosto pelo azulejo, escolhendo a
temática mais apropriada à decoração dos edifícios; desde campanhas militares,
episódios históricos, a cenas do quotidiano, religiosas, mitológicas e até algumas sátiras.
Aos oleiros, cabia satisfazer os pedidos, copiando modelos, adaptando modas e estilos.
Em finais do século XVII, a qualidade da produção e execução é maior, há famílias
inteiras envolvidas nesta arte de fazer azulejos e, alguns pintores começam a afirmar-se

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enquanto artistas, passando a assinar as suas obras, dando assim início ao Ciclo dos
Mestres.

Na azulejaria portuguesa surgem cena inusitadas, que surpreendem quer pela sua
originalidade quer pela audácia do artesão em substituir seres humanos por macacos,
onças e galinha, por exemplo, construindo desta forma histórias fantasiosas, irónicas,
que despertam o riso.

Depois do terramoto de 1755, a reconstrução de Lisboa vai impor outro ritmo na


produção de azulejos de padrão, hoje designados pombalinos, usados para decoração
dos novos edifícios. Os azulejos são fabricados em série, combinando técnicas industriais
e artesanais. Nos finais do século XVIII, o azulejo deixa de ser exclusivo da nobreza e
do clero, a burguesia abastada faz as primeiras encomendas para as suas quintas e
palácios, os painéis contam por vezes a história da família e até da sua ascensão social,
como se vê no conjunto intitulado “História do Chapeleiro António Joaquim Carneiro”,
exposto no museu Nacional do Azulejo”.

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A partir do século XIX, o azulejo ganha mais visibilidade, sai dos palácios e das igrejas
para as fachadas dos edifícios, numa estreita relação com a arquitetura. A paisagem
urbana ilumina-se com a luz reflectida nas superfícies vidradas. A produção azulejar é
intensa, são criadas novas fábricas em Lisboa, Porto e Aveiro. Mais tarde, já em pleno
século XX, o azulejo entra nas estações de caminho de ferro e metro, alguns conjuntos
são assinados por artistas consagrados. A tradição fez-se ainda mais popular,
apresentando-se como solução decorativa para cozinhas e casas-de-banho, numa prova
de resistência, inovação e renovação desta pequena peça de cerâmica.

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1.4. Época romana

Com a expulsão dos Púnicos da Península, a partir de 200 a. C., começou o domínio
romano. Para facilitar este processo, toda a Península foi coberta com o sistema das
calçadas romanas, o que teve como consequência um comércio sistemático. O país foi
subdividido em duas províncias, Hispania Citerior e Hispania Ulterior. A Ulterior
correspondia ao sul e oeste; a Citerior, ao norte, a região entre os Pirenéus e Gália,
nesse tempo ainda independente (ver fig. 35).

Sob César Augusto, a Hispania Citerior foi denominada, no ano 27 a. C., Hispania
Tarraconensis; e a Hispania Ulterior foi subdividida nas províncias Lusitania e Baetica.
(No século V, o poder passou para as mãos dos Visigodos) .

A Ibéria significou, para os Romanos, um reservatório de ouro, prata e cobre, mas


também de produtos agrícolas como azeite, cereais, sal, presuntos, cavalos e escravos.
Assim, esta civilização acabou por permanecer em território ibérico durante largos
séculos, introduzindo e desenvolvendo as suas técnicas aplicadas à arte e à construção

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utilizando as mais variadas matérias-primas disponíveis na natureza, entre elas a


cerâmica.

O Telhado Romano uma das mais fantásticas inovações tecnológicas introduzidas pela
civilização clássica é a cobertura dos edifícios. A solução da cerâmica de construção
permitiu dar solidez e cobrir maiores espaços edificados, do que as coberturas vegetais
ou de pedra. O telhado é constituído por duas peças que se combinam mutuamente,
formando um revestimento aéreo que permite não só escoar a água da pluviosidade,
como introduzir ainda uma componente estética nos edifícios.

1-Tegulae A 1ª peça denominava-se tégula (palavra latina de onde vem a telha


portuguesa e a Teja espanhola) é uma espécie de tijoleira plana rectangular, com um
rebordo dos dois lados maiores. Cada peça era adossada sucessivamente à outra, pelos
rebordos.

2-Imbrice O 2º tipo de peça cerâmica curva, designado por imbrice, correspondia à capa
e era colocada sobre a junção dos rebordos de todas as tegulae, cobrindo-as e impedindo
a entrada da água pela junta.

Esta dupla combinação criou um tipo de telhado único que, com a queda do império
romano, se perdeu, sendo progressivamente substituído apenas pela telha curvilínea
denominada mais tarde como telha mourisca. Este modelo perdurou até aos nossos dias

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(vejam os edifícios das aldeias mais antigas), salvo as introduções externas de ‘telha
capa/caleira’ e ‘telha marselhesa’.

Descobrir num terreno fragmentos dispersos e rolados de imbrex e tegulae, associados,


permite afirmar, com certa segurança, que estamos perante uma estação de cronologia
romana (apesar das teorias de alguns autores de que o seu uso perdurou até ao século
XIV). Temos assim um dos mais famosos artefactos arqueológicos romanos que funciona
como uma espécie de “fóssil indicador” da datação romana de um sítio arqueológico. Os
romanos empregaram os imbrex e as tegulae com outras funcionalidades (e não só nos
telhados): como caleiras, condutas de água/esgotos e caixões tumulares.

As ânforas romanas, em termos genéricos, são contentores cerâmicos utilizados


como veículo de troca na antiguidade, nomeadamente para o transporte marítimo a
longas distâncias de produtos alimentares tais como vinho, azeite e preparados
piscícolas. Através do seu estudo, podemos tentar reconstituir os ritmos de importação
e exportação dos referidos bens à escala do mundo romano.

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A intervenção arqueológica efectuada em 2009 no casco urbano mais tradicional da vila


de Sesimbra permitiu a recuperação de um pequeno conjunto de fragmentos de ânfora
no interior dos tanques da fábrica de transformação e conserva de pescado identificada
a Sul da Avenida da Liberdade.

Datados dos séculos I a III, o seu estudo revelou dados importantes sobre este período
da história da vila, sobretudo ao nível da dinâmica comercial marítima estabelecida com
outras regiões do mundo romano durante o Império. Provenientes de centros produtores
localizados na actual Andaluzia e nos estuários do Tejo e do Sado, seriam utilizados quer
ao nível da importação de bens, como o azeite, quer ao nível da exportação dos
preparados de origem piscícola, que seriam produzidos na baía.

Com excelentes condições geográficas e de navegação, a costa de Sesimbra terá, deste


modo, integrado as rotas comerciais marítimas durante o período Imperial Romano, das
quais os vestígios de ânfora consistem testemunho fundamental.

Os Mosaicos Romanos são outro dos elementos mais proeminentes da herança


deixada pelo império em território português.

A palavra mosaico provém etimologicamente da palavra "musa". Chegou-se a dizer que


tal nome era devido a que no mundo clássico, se considerava uma arte tão magnifica
que deveria ser inspirada pelas musas.
Os mosaicos têm uma origem muito antiga. Já se chamavam mosaicos em Creta,
Mesopotamia e, como sabemos, na Grécia e Roma.

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A emancipação cultural do Império Romano do Oriente fez combinar a arte grega e


romana numa só tradição de grande qualidade, onde o ouro passou a fazer parte
integrante dos materiais utilizados. É da tradição Bizantina que se desenvolveu a
aplicação de mosaicos na arquitectura religiosa cristã ocidental.

Um mosaico na sua génese é uma obra composta por pedacinhos de pedra, barro ou
vidro de várias cores. Também se pode encontrar composições com madeira. Os
mosaicos romanos são inspirados em tapetes e pinturas e têm grande vantagem em
relação a estes, pela sua durabilidade.

Os trabalhos de mosaico são realizados sobre grandes superfícies planas. como paredes,
chãos e tectos, mas também existem trabalhos adaptados a pequenos objectos e
pequenos painéis.

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Tipos de mosaicos

Os romanos construíram os mosaicos com pequenas peças cúbicas chamadas tesselas.


A palavra tessela vem do latim tessellae, que por sua vez vinha do grego e que significa,
quatro. Assim a obra mosaica chama-se opus tessellatum. Os materiais destas tesselas
era rocha calcária, vidro corado, cerâmica, etc.

As tesselas eram elaboradas com muito cuidado e


em diferentes tamanhos e cores que o artista
colocava segundo um desenho elaborado como um
puzzle e unidas por um cimento. Dependendo do
tamanho das tesselas, dos desenhos e do lugar de
destino do opus tessellatum, os romanos davam
um nome diferente ao trabalho:

Opus vermiculatum - com tesselas muito


pequenas. Desenhos de grande precisão nos
objectos e linhas desenhadas;
Opus musivum - opus tesselatum para colocar em
murais;
Opus sectile - com tesselas maiores e de diferentes
tamanhos. Com a adição de placas de mármore
incorporado nos desenhos, para compor as
figuras;
Opus signium - Obtido com os refugos de tesselas
e de cerâmica, formavam uma poeira colorida que
se misturava com a cal e dava um cimento muito
duro e impermiável. Este produto era muito
utilizado para criar os pavimentos e para
revestimento de piscinas, tanques de peixes, cubas
de salga, etc.
Os romanos faziam distinção entre ars musiva e
opus lithostrotum "pavimentos de pedra" em

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sentido geral, sendo este nome usado para para denominar trabalhos em caminhos,
estradas, praças ou o pavimento de um grande espaço público, cujo material de
construção fosse constituído por pedra naturais de origem vulcânica e mármores de
diferentes cores, normalmente talhados em blocos de forma poligonal.

As técnicas de mosaico

Para fazer as tesselas de mármore ou de pedra colorida, cortavam o material em laminas


finas, depois em tiras e por último em cubos, Para obter as tesselas de vidro fundido.
vertiam-no sobre uma superfície lisa para que este arrefece-se e endurecesse.

Depois, com uma ferramenta afiada, a lamina de vidro era cortada em tiras e em seguida
em cubos. As tesselas de ouro ou prata eram obtidas através da conjugação com tesselas
de vidro e nova passagem pelo forno.

A superfície do solo era cuidadosamente preparada e nivelada antes do assentamento


do opus tessellatum. Assim o terreno tinha de ser compactado através de três camadas
distintas de argamassa com constituições diversas:

Statumen - camada de seixos, calhaus e


pedras colocadas a seco para proteger das
infiltrações das águas das chuvas;
Rudus - camada constituída por uma
argamassa de cal, areia ou gravilha e
pequenos seixos;
Nucleus - camada constituída por uma
argamassa mais fina com fragmentos de telha,
ou cerâmica, de modo a formar uma superfície
bastante regular para receber as tesselas.
Para finalizar, procedia-se à colocação das
tesselas sobre uma camada de assentamento,
composta de cal e pó muito fino, mistura que se vê aflorar entre o tesselato.

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A função do mosaico romano

Inicialmente os romanos não utilizavam os mosaicos no chão, para evitar a sua


deterioração, mas sim em tectos e paredes. Só mais tarde descobriram que estes
resistiam às pisada e começaram a aplicar massivamente em pavimentos. O mosaico
tornou-se o elemento principal elemento decorativo de espaços arquitectónicos públicos
e privados.

Afortunadamente, a sua alta resistência permitiu a sua boa conservação durante séculos
e hoje ainda muitos podem ser admirados em sítios arqueológicos ou museus. Ainda
existem muitos mosaicos romanos por descobrir.

1.5. Outras

A Arte Cerâmica da Antiguidade Clássica - Arte Grega

- De entre o artesanato artístico deixado pelos Gregos, a cerâmica é a que tem um


maior destaque, pois era uma mercadoria de primeira necessidade pelas
múltiplas funções que possuía (serviço doméstico, usos artesanais e comerciais, apoio
às cerimónias religiosas e fúnebres). O seu estudo é, entre o de todas as outras artes
gregas (arquitectura e escultura), aquele que melhor documenta a evolução da plástica
grega e também a evolução social, cultural e política da História da Grécia.

- Evoluiu em cinco estilos principais:

» Estilo Proto-Geométrico (séc. XI a X a.C.), Idade das Trevas - Neste primeiro


estilo predominam os motivos naturalistas e a influência creto-micénica. Vão-se
introduzindo formas geométricas básicas tais como os losangos, os círculos, as
linhas rectas e onduladas, entre outras;

» Estilo geométrico (sécs. IX e VIII a.C.) - Este estilo tinha como principal
característica o uso de motivos geométricos numa decoração simples e sóbria,
motivos esses que eram dispostos á volta do corpo dos vasos, compondo bandas ou

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frisos; as bandas eram decoradas com motivos organizados em combinações e variações


criativas tais como meandros, gregas, triângulos, losangos, linhas quebradas ou
contínuas, axadrezados, entre outros, que eram realçados a preto sobre o fundo de cor
natural do vaso. Este estilo sofre, no séc. VIII, alterações como a introdução
de elementos figurativos (animais e/ou figuras humanas) na decoração, que
compunham cenas descritivas e narrativas, como batalhas ou cerimónias fúnebre e que
eram apresentandos como meras silhuetas a negro, muito esquematizadas e estilizadas,
de onde se excluíram todos os outros pormenores secundários; surgiu ainda a tendência
para o aumento progressivo do tamanho das peças, que se destinavam a ser colocadas
nos cemitérios como indicadores das sepulturas, á semelhança de estelas ou
monumentos funerários. No final deste século o estilo geométrico entra em fase de
desintegração.

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» Estilo arcaico (final do séc. VIII ao séc. V a.C.) - Subdividiu-se em duas fases
evolutivas:

- Fase orientalizante (até aproximadamente 650 a.C.), que é profundamente marcada


por influências orientais. Os temas caracterizam-se pelo regresso ao figurativo
(necessidade de narrar e representar) e pelo aparecimento das cenas de carácter
mitológico. A figuração define-se pela representação de animais míticos ou lendários e
de figuras híbridas como grifos (animais mitológicos, misto de leão e águia), esfinges
(figura mitológica com cabeça de mulher, corpo de leão, cauda de serpente e asas de
águia) e górgonas (figura mitológica, mulher com a cabeça armada de serpentes, o
mesmo que Medusa); e pela representação de elementos vegetais e naturalistas, como
lótus e palmetas; é dada preferência ás figuras de grande tamanho, tratadas ainda em
silhueta estilizada, mas incluindo a técnica da incisão, pequenos traços realçados a
branco ou vermelho que compunham pormenores anatómicos ou de vestuário;

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- Fase arcaica (finais do séc. VII até cerca de 480 a.C.) - Fase marcada pelo
aparecimento da cerâmica decorada com a técnica das figuras pintadas a negro.
Sobre o fundo vermelho do barro destacam-se os elementos figurativos, representados
como silhuetas estilizadas á maneira antiga (lei da frontalidade - rosto e pernas de perfil,
olho e tronco de frente e ancas a três quartos) e a técnica da incisão continua em uso,
permitindo pormenorizar o interior das figuras, agora enriquecidas com linhas de
contorno dos músculos e outros pormenores como a barba, o cabelo e até o padrão do
vestuário. Com todas estas preocupações e inovações, torna-se notório o maior rigor
aplicado ás figuras, que lhes imprime um grande realismo e expressividade. Para além
dos relatos mitológicos passam a ser representadas cenas da vida familiar e do
quotidiano;

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« Estilo clássico (sécs. V e IV a.C.) - Este estilo corresponde ao período do apogeu


técnico, estético e conceptual do povo grego, no qual a arte foi encarada como uma
consequência directa da superioridade criativa, racional e filosófica da cultura grega. O
desenho e a pintura tiveram um enorme desenvolvimento através da descoberta,
aperfeiçoamento e aplicação de revolucionárias inovações técnicas e formais tais como

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a criação dos cânones escultóricos, a perspectiva, as sombras e os claro-escuro e a


posição em escorço. É implantada a técnica das figuras vermelhas sobre o fundo
negro (mantendo-se, contudo, o fabrico da cerâmica das figuras negras), que confere
á pintura uma maior perspectiva, dinamismo, realismo, naturalismo e expressividade.
Nesta técnica, toda a superfície do vaso era coberta verniz negro, á excepção das figuras,
que mantinham a cor avermelhada natural; os pormenores anatómicos e outros eram
acrescentados com um pincel mergulhado em tinta preta.

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Durante este período verificou-se uma enorme liberdade criativa entre os


modeladores e decoradores das peças cerâmicas: alguns autores misturaram figuras
vermelhas e negras com fundos amarelados ou brancos, figuras negras com brancas,
entre outras; nas oficinas da Ática desenvolveu-se uma cerâmica funerária com fundo
branco, cujas figuras se definiam exclusivamente pela linha de contorno, traçada com
precisão e onde a decoração primava pela austeridade (estilo belo); noutras escolas
incorporaram-se figuras modeladas em relevo, colocadas sobre as partes mais largas
dos vasos; surgiram também novas colorações, que em alguns casos, chegaram até á
policromia.

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Na época helenística (Estilo helenístico - séc. III ao ínicio da Era Cristã), por várias
razões, a cerâmica grega perdeu o seu prestígio, qualidade artística e encanto, acabando
por se banalizar.

- No que diz respeito á pintura grega, é á cerâmica que se vão colher todas as
informações necessárias para compreender a sua evolução e ainda para o entendimento
da cultura, da civilização e da plástica gregas, devido ao facto de quase toda a
grande pintura mural ter desaparecido.

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Pintura funerária a fresco

2. Formatos de peças cerâmicas

No que respeita à modelagem, ou criação e trabalho de moldes em peças de cerâmica, existem


três tipos de modelagem básica (uso artesanal ou em pequenas linhas de produção):[

Modelagem de mão - técnica manual e mais primitiva, onde as peças são construídas com o uso
de rolos, placas ou bolas de argila, sendo alisadas e umedecidas com as próprias mãos.
Modelagem com as mãos era a técnica usada por povos primitivos e usados, na atualidade, por
artesões e índios.

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Modelada em torno - utiliza-se da primeira tecnologia desenvolvida pelos oleiros: o torno e seus
acessórios.

Modelagem por drenagem ou o uso de moldes - técnica usual na fabricação em série de


produtos de cerâmica, utilizando-se de moldes para a confeção do produto final.

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Impressão 3D para modelagem cerâmica – A impressão 3D com argila ou outros materiais


densos em fluidos é hoje um tema de investigação internacional da manufatura aditiva.
Polímeros e termoplásticos são mais simples de serem impressos porque se solidificam à
temperatura ambiente após serem aquecidos e não apresentam problemas de colapso ou
queda. O material extrudado tem um papel fundamental para obter resultados finais aceitáveis.

2.1. Criação/evolução

As três técnicas acima enumeradas foram sendo gradualmente introduzidas e utilizadas ao


longo da histórico do próprio homem, acompanhando o progresso dos seus conhecimentos
técnicos e o seu acesso a materiais e tecnologias mais avançados.

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Bibliografia

Sites consultados

NATIONAL GEOGRAPHIC
https://nationalgeographic.sapo.pt/historia/actualidade/2098-ceramica-uma-historia-com-9-
mil-anos

TERRACOTA DO ALGARVE

https://terracotadoalgarve.com/breve-historia-da-ceramica/

PATROMONIO CULTURAL.GOV.PT
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/publicacoes/o_arqueologo_portugues/serie
_3/volume_3/marcas_oleiro.pdf

PORTAL DA CERÂMICA
http://www.ceramica.pt/estudos.php

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