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1ª Avaliação
Curadoria de Vidro
Rio de Janeiro
2023
. CARACTERÍSTICAS DO VIDRO
Em linhas gerais, o vidro é definido pela ASTM como “um material inorgânico
formado pelo processo de fusão, que foi resfriado a uma condição rígida, sem cristalizar”6 . O
vidro exige elementos vitrificantes, fundentes e estabilizantes. Atua como vitrificante a sílica,
introduzida na forma de areia; como fundente, a soda ou potássio, em forma de sulfato ou
carbonato e a cal, em forma de carbonato, é a responsável pela resistência maior aos ataques
de água, estando estes componentes básicos presentes na composição dos vidros desde a
Antiguidade.
PREPARANDO A AMOSTRA
Cada fragmento representava um universo de técnicas, funções, usos e formas a ser
desvendado. Essa preocupação tecnológica e técnica sobre o artefato realmente é muitíssimo
importante, mas, com a prática, acabamos percebendo que essa é a segunda etapa laboratorial
do entendimento dos vidros. A primeira fase é, no entanto, tão importante quanto, mas muito
mais simples de ser executada por qualquer arqueólogo: a simples separação em 1) cores,
levando em conta também texturas e opacidade para estabelecer os grupos; dentro dos
conjuntos com a mesma cor separar por 2) partes dos recipientes – gargalos, bocas, bases,
ombros, alças, etc. – e, finalmente, dentro de cada subgrupo discriminar 3) fragmentos com
marcas de produção ou marcas de fabricante/ do produto, notadamente as ‘linhas’.
TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO
Após a separação básica por cores, partes dos objetos e marcas de moldes poderemos
analisar a amostra de forma a determinar qual a tecnologia que predominava na coleção em
foco. Embora a discussão sobre tecnologia e técnica enverede por diversos caminhos há
séculos, adotamos aqui definições bem simples que se remetem essencialmente à divisão do
trabalho e consequente mecanização da produção. Como tecnologia entendemos o conjunto
de processos especiais relativos a uma determinada arte ou indústria. E como técnica o
conjunto de métodos e pormenores práticos essenciais à execução perfeita de uma arte ou
proissão7 .
Há, portanto, duas divisões básicas: a tecnologia manual, na qual existem ferramentas,
algumas até compostas, mas que, em seu manuseio ainda dependem de grande interferência
humana na produção. Na segunda, a tecnologia mecânica, predominam as máquinas
semiautomáticas e automáticas, as quais possuem o mesmo processo de produção e deixam as
mesmas marcas nos recipientes, variando apenas o grau de interferência humana na produção,
o que não necessariamente interfere no registro arqueológico.
Uma característica geral da produção manual sem moldes é que, pelo menos até a
segunda metade do século XVIII não eram tão comuns as garrafas com formas cilíndricas,
predominando recipientes com formas redondas, tais como bulbos.
Em linhas gerais, garrafas elaboradas com sopro humano apresentam bases contendo
grandes quantidades de vidro (pesadas, se comparadas aos produtos mais recentes); formatos
irregulares e assimétricos em relação ao seu eixo longitudinal. As raras garrafas inteiras
encontradas, quando postas em pé, deixam evidentes os efeitos da interferência humana direta
na sua elaboração.
Análise química
- Vidros plumbeos;
- Vidros borosilicatos; e
- Vidros de quartzo.
PROCEDIMENTOS
1 – Uma pequena área da superfície do vidro (alguns milímetros quadrados são suficientes)
deve ser raspada com uma lima (de preferência diamantada).
Na área raspada pinga-se uma gota de uma solução de éter de iodo; para lavar a
substância anteriormente aplicada, pinga-se uma gota de Éter.
Caso a reação produza uma coloração avermelhada, ela nos indica um vidro de
conteúdo básico; caso a reação não produza qualquer coloração, a amostra pertence ao grupo
dos vidros de quartzo.
2 – Coloca-se uma gota de solução de 10% de ácido luorídrico. Uma turvação imediata indica
a presença de um vidro rico em óxidos pesados ou terrestres (Potássio, Bário, Chumbo,
Estanho, etc.), em oposição a vidros carentes de óxidos metálicos, quando a solução não
apresenta nenhuma turvação.
3 – Molha-se um io de platina com a solução obtida pela reação do item 2, levando-o com
cuidado a uma chama (bico de Bunsen). Se ocorrer uma luminosidade curta, de cor verde,
temos a indicação da presença de ácido bórico. Reconhece-se a soda pela luminosidade de cor
amarela. Quantidades maiores de Potássio são reconhecidas, usando-se o mesmo processo,
olhando-se através de um vidro de cobalto, que irá nos fornecer uma luz de cor violeta.
4 – Junta-se ao produto da reação do item 2, uma gota de ácido sulfídrico*. Uma coloração
preta indicará Chumbo (Vidro de óxido de Chumbo). Vidros sem Chumbo não apresentam
coloração, mas vidros afinados com Antimônio apresentam coloração amarelo avermelhada.
O produto obtido é lavado com 3 cm3 de H2O para dentro de um cadinho de Telon ou
de platina. Nessa solução adicionamos bicarbonato de sódio, deixando um pequeno excesso
após uma reação espumante. Agora cozinhamos o conteúdo (± 2 minutos) até obter uma
coagulação. Podemos confirmar a reação completa com uma solução de azul-de-metileno. Se,
ao pingar uma gota dessa solução no conteúdo, o azul-de-metileno não se precipitar, teremos
a certeza de que a reação está completa. Caso contrário, devemos prosseguir com o
aquecimento.
Deixamos então decantar a solução e lavamos o resíduo por três vezes com 3 a 5 cm3
de H2O, recolhendo o produto num cadinho. Secamos o produto, evaporando-o a 100°C com
o acréscimo de 10 gotas de ácido clorídrico. O resíduo obtido se trata com 3cm3 de H2O,
adicionando duas gotas de ácido clorídrico diluído. O resto não solúvel é ácido silícico.
Devemos filtrar então a solução para prosseguir as determinações.
7 – A eventual filtragem da solução do item 6*** é levada à ebulição com o acréscimo de três
gotas de uma solução amoniacal. A precipitação de locos brancos indica Óxido de Alumínio.
8 – A eventual filtragem da solução do Item 7 é aquecida lentamente com uma gota de uma
solução de ácido oxálico. Se tivermos, após 2 minutos, turvação branca, podemos reconhecer
a presença de Óxido de Cálcio.
9 – Em uma eventual filtragem da solução do Item 8 teremos, após a adição de duas gotas de
uma solução de fosfato sódico, uma precipitação granular, a indicação da presença da Óxido
de Magnésio.
Observações:
* O ácido sulfídrico pode ser também substituído por uma solução de 0,1g de sulito de sódio
branco, diluído em 10cm3 de H2O destilada e neutralizada com uma a três gotas de ácido
clorídrico.
*** A purificação da solução com a presença de Óxido de Zinco pode ser facilitada com
algumas gotas de uma solução fraca de Nitrato de Prata, provocando uma precipitação em
forma de locos, permitindo uma filtragem posterior.