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SUMÁRIO

Sumário
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 0
2. LEGISLAÇÃO................................................................................................................0
2.1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL CAPÍTULO VI: DO
MEIO AMBIENTE......................................................................................................0
2.2. CAPÍTULO I: DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL...........................................................1
2.3. CAPÍTULO II: DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL................3
2.3.3. SEÇÃO I: DISPOSIÇÕES GERAIS.................................................................3
2.3.4. SEÇÃO II: DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FORMAL...................5
2.3.5. SEÇÃO III: DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL..............................6
2.4. CAPÍTULO III: DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL.............................................................................................................. 6
3. TIPOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL............................................................................7
3.1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL.......................................................................7
3.2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL..............................................................8
3.2.3. COMO FAZER UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL?.......................9
3.2.4. IDEIA PARA PROJETO.................................................................................10
3.3. EDUCFAÇÃO AMBIENTAL INFORMAL...............................................................11
4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA....................................................................12
5. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CULTURA.......................................................................13

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1. INTRODUÇÃO
Todos nós desejamos viver num mundo melhor, mais pacífico, fraterno e ecológico. O
problema é que as pessoas sempre esperam que esse mundo melhor comece no outro. É
comum ouvirmos pessoas falando que têm boa vontade para ajudar, mas como ninguém as
convida para nada, nem se organizam, então não podem contribuir como gostariam para um
mutirão de limpeza da rua, por exemplo, ou para plantio de árvores. Pessoas assim acabam
achando mais fácil reclamar que ninguém faz nada, ou que a culpa é do “Sistema”, dos
governantes ou empresas, mas não se perguntam se estão fazendo a parte que lhes cabe.

Por outro lado, é importante não ficar esperando a perfeição individual - pois isso é
inatingível. O fato de adquirirmos consciência ambiental, não nos faz perfeitos. O importante
é que tenhamos o compromisso de ser melhor todo dia, procurando sempre nos
superarmos. Também não podemos cometer o erro de subordinar a luta em defesa da
natureza às mudanças nas estruturas injustas de nossa sociedade, pois devem ser lutas
interligadas e simultâneas, já que de nada adianta alcançarmos toda a riqueza do mundo, ou
toda a justiça social que sonhamos, se o planeta tornar-se incapaz de sustentar a vida
humana com qualidade.

O estudo do ambiente deve ter por fim despertar apenas secundariamente o público alvo
para os conhecimentos sobre os fatos do ambiente. O objetivo primordial deve ser formar a
sua inteligência, a sua capacidade de descobrir e de encarar problemas.

2. LEGISLAÇÃO

Meio Ambiente na Constituição Federal

2.1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


CAPÍTULO VI: DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público.

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das


espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as


entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a


serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção.

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IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se
dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização


pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco
sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os


infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-


Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da
lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto
ao uso dos recursos naturais. §

5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações


discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
federal, sem o que não poderão ser instaladas. 5. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 -
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá
outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

2.2. CAPÍTULO I: DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Art. 1° Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

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competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 2° A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação


nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não-formal.

Art. 3° Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação
ambiental, incumbindo:

I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas
públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria
do meio ambiente;

II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos


programas educacionais que desenvolvem;

III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover
ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e
melhoria do meio ambiente;

IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na


disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a
dimensão ambiental em sua programação;

V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas


destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre
o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio
ambiente;

VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes


e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a
identificação e a solução de problemas ambientais.

Art. 4° São princípios básicos da educação ambiental:

I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;

II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência


entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;

III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e


transdisciplinar idade;

IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;

V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;

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VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;

VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;

VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

Art. 5° São objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e


complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos;

II - a garantia de democratização das informações ambientais;

III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental


e social;

IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na


preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade
ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;

V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e


macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada,
fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade;

VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;

VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como


fundamentos para o futuro da humanidade.

2.3. CAPÍTULO II: DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO


AMBIENTAL
2.3.3. SEÇÃO I: DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 6° É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 7° A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos
órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama,
instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-
governamentais com atuação em educação ambiental.

Art. 8° As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser


desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas
de atuação inter-relacionadas:

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I - capacitação de recursos humanos;

II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;

III - produção e divulgação de material educativo;

IV - acompanhamento e avaliação.

§ 1° Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão respeitados


os princípios e objetivos fixados por esta Lei.

§ 2° A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:

I- a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos


educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;

II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos


profissionais de todas as áreas;

III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental;

IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente;

V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à


problemática ambiental.

§ 3° As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltarse-ão para:

I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da dimensão


ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino;

II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental;

III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos


interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática
ambiental;

IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental;

V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material


educativo;

VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações


enumeradas nos incisos I a V.

2.3.4. SEÇÃO II: DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FORMAL

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Art. 9° Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito
dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:

I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;

II - educação superior;

III - educação especial;

IV - educação profissional;

V - educação de jovens e adultos.

Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada,
contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.

§ 1° A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo
de ensino.

§ 2° Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico


da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina
específica.

§ 3° Nos cursos de formação e especialização técnico profissional, em todos os níveis, deve


ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem
desenvolvidas.

Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em
todos os níveis e em todas as disciplinas. Parágrafo único. Os professores em atividade
devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de
atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de
Educação Ambiental.

Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus


cursos, nas redes pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11
desta Lei.

2.3.5. SEÇÃO III: DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL

Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas
voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização
e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

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Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de


programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao
meio ambiente;

II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais


na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não
formal;

III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de


educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não
governamentais;

IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;

V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de


conservação;

VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;

VII - o ecoturismo.

2.4. CAPÍTULO III: DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE


EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um


órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.

Art. 15. São atribuições do órgão gestor:

I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional;

II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de


educação ambiental, em âmbito nacional;

III - participação na negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na área


de educação ambiental.

Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas
áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental,
respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos
vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em
conta os seguintes critérios:

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I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação
Ambiental;

II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação;

III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno
social propiciado pelo plano ou programa proposto. Parágrafo único. Na eleição a que se
refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de forma eqüitativa, os planos,
programas e projetos das diferentes regiões do País.

Art. 18. (VETADO)

Art. 19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio ambiente e


educação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de
educação ambiental.

3. TIPOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

3.1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL

Compreendemos a chamada Educação Ambiental Formal, como aquela educação sobre


conceitos ambientais aplicados em sala de aula, através do currículo. Deve ser
multidisciplinar, evitando concentrar o ensino sobre meio ambiente na cadeira de Ciências, a
fim de não reforçar os aspectos físicos da questão, em detrimento dos demais aspectos
socioeconômicos, políticos, éticos, etc., pois a Educação Ambiental é ensino para a
cidadania.

O educador ambiental deve procurar colocar os alunos em situações que sejam formadoras,
como por exemplo, diante de uma agressão ambiental ou de um bom exemplo de
preservação ou conservação ambiental, apresentando os meios de compreensão do meio
ambiente. Em termos ambientais isso não constitui dificuldades, uma vez que o meio
ambiente está em toda a nossa volta. Dissociada dessa realidade, a educação ambiental
não teria razão de ser. Entretanto, mais importante que dominar informações sobre um rio ou
ecossistema da região é usar o meio ambiente local como motivador, para que o aluno seja
levado a compreender conceitos como, por exemplo:

 Visão física: Nada vive isolado na natureza. Tudo está inter-relacionado. Assim como
influenciamos no meio, somos influenciados por ele. Um ser depende do outro para
sobreviver. Não existem seres mais ou menos importantes para o conjunto da vida no
planeta. A única coisa importante é a rede de relações que todos os seres vivos
mantêm entre si e com o meio em que vivem. Rompida esta "teia", ou diminuída em
sua capacidade, a vida corre perigo.

 Visão cultural: O meio ambiente não é constituído apenas pelo mundo natural, onde
vivem as plantas e os animais, mas também pelo mundo construído pelo ser

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humano, suas cidades, as zonas rurais e urbanas. Estes dois mundos relacionam-se
e influenciam-se reciprocamente. Somos resultado dessas duas evoluções, a natural
e a cultural.

 Visão político-econômica: O poder não está distribuído de maneira igual por toda a
humanidade, sendo diferente, portanto, a distribuição das responsabilidades de cada
um pela destruição do planeta e pela construção de um mundo melhor. Cada cidadão
pode e deve fazer a sua parte, mas os empresários, políticos, administradores
públicos, etc., têm uma responsabilidade muito maior. Atrás de cada agressão à
natureza estão interesses socioeconômicos e culturais de nossa espécie, que usa o
planeta como se fosse uma fonte inesgotável de recursos. As relações entre a
espécie humana e a natureza estão em desequilíbrio por que refletem a injustiça e
desarmonia das relações entre os indivíduos de nossa própria espécie.

 Visão ética: A mudança para uma relação mais harmônica e menos predatória e
poluidora com o planeta e as outras espécies depende de todos, mas especialmente
começa em cada um de nós, individualmente, através de dois movimentos distintos:
um para dentro de nós mesmos e de nossa família, com adoção de novos hábitos,
comportamentos, atitudes e valores; e outro para a sociedade em torno de nós,
buscando a união com outros cidadãos para influir em políticas públicas e
empresariais que levem em conta o planeta, a qualidade de vida, a justiça social.

Logo, por mais que o ensino para o meio ambiente mude de lugar para lugar, em função das
diferentes realidades, alguns princípios estão presentes praticamente em todas as situações,
tais como: Defender a natureza, a flora e a floresta, o meio ambiente, a ecologia. Preservar
os ecossistemas e os habitats, combater a depredação dos recursos naturais, a poluição de
mananciais e do lençol freático. São palavras e conceitos que se tornaram comuns hoje em
dia, mas afinal, do que se trata? É preciso definir o que se está falando, tomando o cuidado
de não cair num tecnicismo que distancie o aluno da ação transformadora que ele precisa
empreender como cidadão de seu tempo.

3.2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL

Não-formal é aquela educação ambiental que não se limita à escola. Pode ser desenvolvida
por autodidatas e através de projetos. Deve buscar a integração escola-comunidade-
governo-empresa, envolvendo a todos em seu processo educativo. O Congresso de
Belgrado, promovido pela UNESCO, definiu que a educação ambiental não-formal visa
formar "uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito,
as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permitam trabalhar
individual e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam".

3.2.3. COMO FAZER UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL?

Há inúmeras formas diferentes para se elaborar um projeto, mas certos elementos são
comuns como, por exemplo, título, objetivos, metodologia, recursos disponíveis e a

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conseguir, cronograma custos, referências. Este modelo para projetos foi baseado no
formulário do Fundo Mundial Para a Natureza (WWF). Entretanto não há um modelo
universal para todos os casos. É preciso adaptar aos diferentes modelos de formulários a fim
de obter patrocínio. Cada patrocinador costuma ter seu próprio modelo. Ligue antes e peça.

a) CAPA: Título: Dê um título ao projeto que já deixe claro o principal objetivo. Pode ser
um título pequeno, uma ou duas palavras, com um subtítulo que identifique o objetivo
a ser alcançado. Candidato (s): Estipule os nomes e endereços dos responsáveis
pelo projeto. Forneça também o nome e endereço das instituições e se possível, o
endereço e telefone para contato no campo.

Endossamento institucional: Faça uma lista de organizações privadas e/ou


governamentais que apoiam o projeto que está sendo enviado e acrescente cartas de
apresentação.

Período do projeto: Estipule as datas nas quais o financiamento será solicitado.

Orçamento total: Dê o custo total do projeto. Caso o projeto seja de múltiplos anos,
determine o custo global e o custo para cada ano.

Resumo: o resumo deverá conter informações concisas sobre o requisitado na


descrição do projeto.

b) DESCRIÇÃO DO PROJETO: Definição do problema ou assunto em questão: Faça


uma definição concisa do problema ou assunto do projeto. Importância do projeto
quanto ao tratamento do problema ou assunto em questão: O leitor deve sentir que o
problema pode ser tratado com sucesso, num razoável período de tempo, com os
recursos disponíveis e que o projeto fará uma diferença mensurável no sentido de
resolver ou melhorar o problema.

Objetivos: Situe os objetivos do projeto.

Método/Plano de Ação: Defina os métodos que serão usados durante o projeto. Faça
também um cronograma indicando, antecipadamente, as datas para as ações do
projeto. A metodologia deve descrever como os objetivos serão alcançados. Verifique
se ficou clara a conexão entre os objetivos do seu projeto e os métodos propostos,
evite redundâncias.

c) CONTINUIDADE DO PROJETO: Como os fundos são limitados, muitos doadores


não estão interessados em financiar projetos que representem esforços isolados de
conservação. Ao contrário, eles buscam projetos bem vinculados, com estratégias
em longo prazo. E importante, portanto, demonstrar que haverá uma continuidade do
projeto e que existe um compromisso verdadeiro entre a sua instituição a outros
envolvidos na implementação de recomendações, planos, estratégias, materiais, etc.,
resultantes do projeto. Indique se você pretende participar da continuidade do
projeto, ou quem será o novo encarregado (indivíduo ou instituição).

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d) RECURSOS HUMANOS: Defina, de maneira breve, os antecedentes de cada
indivíduo e que papel cada um deles desempenha nas diferentes fases do projeto. O
curriculum vitae de cada indivíduo deve ser anexado ao projeto.

e) ORÇAMENTO: Certifique-se de que tenha feito uma lista com a quantia total
necessária para o projeto. Forneça uma lista detalhada das despesas por categorias
(ex.: recursos humanos, viagens, materiais de consumo, equipamentos, etc.).

Pessoas ou instituição para quem o pagamento deve ser feito: Se o pagamento for
enviado em forma de cheque, indique como o cheque pode ser enviado. Inclua
também o endereço o telefone da pessoa a qual o pagamento será enviado. Caso o
pagamento tenha que ser depositado numa conta, por telex, dê o nome, endereço e
telefone do banco, pessoa de contato no Banco, nome e número da conta e nome da
pessoa ou instituição que tem a conta.

f) REFERÊNCIAS: Forneça nomes, endereços e telefones de 3 pessoas competentes


para rever sua proposta e suas qualificações para ser o responsável pelo projeto.

g) APÊNDICES

- Curriculum vitae e lista de publicações do pessoal que participará do projeto.

- Relatório anual ou relatório de atividades e declaração de renda da instituição.

- Mapa da área do projeto.

- Carta de endosso de instituições locais, agências governamentais, apoio de


autoridades internacionais bem conhecidas, etc.

- Descrição mais detalhada dos métodos.

3.2.4. IDEIA PARA PROJETO

Adote Uma Árvore

A campanha Adote Uma Árvore tem por objetivo secundário estimular o reflorestamento das
cidades, especialmente nas áreas críticas. Como objetivo principal, o projeto visa
desenvolver nas crianças o respeito não apenas à árvore adotada, mas, por extensão, à
todas as árvores, estimulando o amor pela natureza, a participação organizada dos alunos
na defesa do meio ambiente e a cobrança às autoridades de políticas públicas que garantam
a proteção das atuais áreas de vegetação, o plantio e recuperação de áreas degradadas e a
manutenção das áreas reflorestadas.

A campanha tem três momentos principais: o da divulgação, que pode ser através de
palestras; o da entrega do termo de responsabilidade, onde cada aluno assume o
compromisso pela árvore adotada, que deverá ser assinado pelo pai ou responsável; e a
entrega da muda, quando o aluno receberá ainda um diploma de Amigo da Natureza. Esse

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envolvimento é fundamental para criar-se vínculos entre o aluno e a árvore. Como tarefa de
aula, pode ser pedido que o aluno mantenha um caderno para anotar o desenvolvimento de
sua árvore, inclusive com desenhos, registrando as mudanças ao longo das estações do
ano, bem como a ocorrência de pragas, animais, etc. Tais observações serão ótimas
motivadoras para aulas sobre estudos dos vegetais e suas partes, seres vivos, interação
entre vegetais e animais, poluição etc.

Modelo de texto para os alunos:

“Adote Uma Árvore!

Sem árvores a cidade se torna quente, abafada, cheia de poeira e fumaça e, como as
árvores são as casas dos animais, uma cidade sem árvores também tem poucos pássaros.
A vida de pessoas que moram em cidades assim acaba ficando triste, e seus moradores
desanimados e até doentes. Nós, que gostamos da natureza e não queremos vê-la
destruída, precisamos ajudar a preservar as árvores que já existem. Elas podem estar por
todo lado. Na calçada em frente à nossa casa, na praça, na mata próxima ou numa floresta.
Essas árvores são todas órfãos, quer dizer, ninguém ainda as adotou.

Adote uma árvore e assuma o compromisso de cuidar dela, proteja de acidentes, cuide de
suas pragas e doenças, regue sempre que possível nos dias em que não chover e, muito
importante, converse com sua árvore. É isso mesmo. Os cientistas já constataram que as
árvores escutam, têm sentimentos e até lembram de você. Se puder leia o livro "A Vida
Secreta das Plantas", de Peter Tompkins e Christopher Bird. Você vai ver que a árvore pode
ser sua melhor amiga.

Mas se você não quiser adotar uma árvore que já existe. Mesmo que esteja na rua ou na
praça perto de sua residência, plante você mesmo a sua árvore. É só conseguir a mudinha e
escolher bem o local. Você vai ter uma amiga para sempre, afinal, dentre todos os seres
vivos, as árvores são as que têm vida mais longa.”

3.3. EDUCFAÇÃO AMBIENTAL INFORMAL


O que pode haver de comum entre o cantor Roberto Carlos, Madonna e Sting além da
música? A Ecologia, é claro. Roberto canta músicas com temas ambientais, em defesa da
baleia, e realiza show como o "verde é vida", sobre o assunto. Madonna fez uma grande
festa ecológica com mais de dois mil convidados para arrecadar dólares em defesa da
floresta Amazônica, assim como o Sting que viajou o mundo com o cacique Raoni. Cada vez
que um cantor ou artista realiza um show, ou música com tema ecológico, mesmo que não
saiba disso, assume o papel de motivador do processo educativo, contribuindo para a
sensibilização do público.

A educação ambiental informal baseia-se mais na informação, ao contrário das outras,


baseadas na formação. Por isso, é importante refletir sobre as interfaces entre informação e
formação para efeito da educação ambiental.

É preciso reconhecer que os meios de comunicação, por sua própria natureza, estão muito
mais em sintonia com o que a sociedade está querendo num determinado momento do que

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o sistema educacional. A diferença se dá no tempo. Os meios de comunicação procuram
mostrar o fato quando o mesmo ocorre, ao vivo, ou quase. É tão eficiente, quanto mais
rápido conseguir informar. Não há tempo para explicações didáticas e, com isso, pode
ocorrer uma verdadeira confusão de conceitos envolvendo termos como ecologia, meio
ambiente, preservação ambiental, controle de poluição, combate ao desperdício de recursos
naturais, proteção à fauna e flora etc.

Ecologia é um tema do cotidiano das pessoas. Por isso, o ideal é que que a educação
ambiental formal utilize jornais em sala de aula, ou mesmo vídeo com programas e shows
com temas ambientais como motivadores para aulas bem interessantes e, sobretudo,
próximas da realidade vivida. Desta forma, a educação ambiental formal incorpora a
educação informal, garantindo maior agilidade ao processo educativo, levando o aluno a
fixar o aprendizado ao mesmo tempo em que se torna capaz de pensar criticamente sobre
sua realidade e também de influir sobre ela.

4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA

As árvores não são derrubadas, a fauna sacrificada ou o meio ambiente poluído por
desconhecimento de nossa espécie dos impactos dessas ações sobre a natureza. A falta de
conhecimento, assim como a falta de consciência ambiental são grandes responsáveis pelas
destruições ambientais. Mas não é só isso. O meio ambiente é destruído, também – e
principalmente – devido ao atual estágio de desenvolvimento existente nas relações sociais
de nossa espécie.

Certos caçadores e desmatadores, por exemplo, possuem muito mais conhecimentos sobre
ecologia, natureza e a vida silvestre que muitos ecologistas, mas usam esses
conhecimentos para destruir e matar. Na década de 70, governos internacionais
preocupados com a rápida destruição dos recursos naturais e a poluição do planeta,
defenderam a tese do crescimento zero, ou seja, congelar os níveis de progresso à época.
Ora, por diversas vezes durante nossa história econômica, o Brasil teve crescimento abaixo
de zero, portanto negativo, e nem por isso viu diminuído seus problemas ambientais, muito
pelo contrário. De- vido a crise econômica, as empresas investiram menos em controle de
poluição.

A destruição da natureza não resulta da forma como nossa espécie se relaciona com o
planeta, mas da maneira como se relaciona consigo mesma. Ao desmatar, queimar, poluir,
utilizar ou desperdiçar recursos naturais ou energéticos, cada ser humano está reproduzindo
o que aprendeu ao longo da história e cultura de seu povo. Portanto, a ação destruidora não
é um ato isolado de um ou outro indivíduo, mas reflete as relações culturais, sociais e
tecnológicas de sua sociedade. Então, é impossível pretender que seres humanos
explorados, injustiçados e desprovidos de seus direitos de cidadãos consigam compreender
que não devam explorar outros seres vivos, como animais e plantas, considerados inferiores
pelos humanos. A atual relação de nossa espécie com a natureza é apenas um reflexo do
atual estágio de desenvolvimento das relações humanas entre nós próprios. Vivemos sendo
explorados, achamos natural explorar os outros.

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Não há educação ambiental sem participação política. Logo, não é de estranhar que os
governos até hoje não tenham conseguido estabelecer diretrizes e investir realmente em
educação ambiental, pois é impossível estimular a participação mas não garantir os
instrumentos, direitos e acesso à participação e interferência nos centros de decisão.

Não é à toa que os Conselhos de meio ambiente, nas diversas esferas do governo, onde se
prevê a participação direta da sociedade civil, funcionam ainda tão precariamente, isso
quando conseguem funcionar. O ensino sobre o meio ambiente deve contribuir
principalmente para o exercício da cidadania, estimulando a ação transformadora, além de
buscar aprofundar os conhecimentos sobre as questões ambientais de melhores
tecnologias, estimular mudança de comportamentos e a construção de novos valores éticos
menos antropocêntricos. A educação ambiental é fundamentalmente uma pedagogia de
ação. Não basta se tornar mais consciente dos problemas ambientais sem se tornar também
mais ativo, crítico participativo. Em outras palavras, o comportamento dos cidadãos em
relação ao seu meio ambiente, é indissociável do exercício da cidadania.

A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político baseado em valores
para a transformação social.

5. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CULTURA

O ensino para o meio ambiente está intimamente associado à Cultura. Por que as pessoas
em geral se preocupam tão pouco com os problemas ambientais? Por que é preciso sempre
muito esforço para mobilizá-las em defesa de seu meio ambiente? Para responder isso é
importante compreender uma das mais cruéis consequências do modelo de
desenvolvimento adotado para o Brasil: a perda da identidade cultural de grande parte da
população. Ao migrar das cidades do interior para a capital, além de todos os problemas que
acarretam com a concentração urbana, os grandes contingentes populacionais ainda
perdem sua identidade cultural, sua memória. Sem essa identidade cultural, é como se cada
pessoa vivesse isolada num mar enorme, cercada de gente igualmente solitária por todos os
lados.

Sem identidade cultural, importa muito pouco saber que o patrimônio da coletividade, seja
ambiental, seja arquitetônico, histórico, cultural, a própria rua, a praça, está sendo ameaçado
ou destruído. À medida que essa gente não se sente dona desses espaços coletivos - que
são considerados como terra de ninguém ou como pertencentes aos governos dos quais
não gostam - também não se mobilizam em sua defesa. Assim, não há nenhuma sensação
de perda diante de uma floresta que deixa de existir ou de um lago ou manguezal aterrado,
pois a população residente, em sua maior parte, por não ter identidade cultural com o lugar
em que vive, também não se sente parte dele. Esse fenômeno acontece, hoje,
principalmente nas periferias das grandes cidades brasileiras, onde se concentram milhares
de trabalhadores que usam as cidades apenas para dormir constituindo-se em mão-de-obra
pendular casa-trabalho/trabalho- casa das grandes cidades. Existe uma grande população,
mas não um grande povo.

Essa alienação tem sido muito conveniente para as classes no poder, que aprenderam ainda
a dominar com muita competência os meios de comunicação, principalmente a televisão,

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para substituir rapidamente os valores culturais tradicionais por outros mais convenientes a
seus interesses, ao mesmo tempo em que desestimulam e depreciam os valores nativos,
afinal, ninguém gosta de ser chamado de caipira, como sinônimo de atraso.

Um educador ambiental precisa ter clara compreensão dessa realidade, procurando,


primeiro, associar-se às lutas populares pelo resgate cultural e, segundo, desenvolvendo
técnicas, como a memória viva, para iniciar uma formação de identidade cultural dos
educandos com o lugar em que vivem.

Nesse ponto retorna a questão fundamental da linguagem. É preciso partir da percepção dos
educandos sobre o que são as questões ambientais, e não da dos educadores, para que os
alunos assumam como suas as melhorias ambientais e a defesa de seu patrimônio
ambiental, e não uma imposição dos governos ou da escola. Nesse sentido, o professor não
deve pretender ser um condutor de novos conhecimentos, pois não se trata apenas de
estimular o aluno a dominar maior número de informações, mas assumir o papel de
estimulador, motivador, instrumento, apoio, levando os alunos a elaborarem seu próprio
conhecimento sobre o que seja meio ambiente e o que ele - aluno -, pode fazer para evitar
as agressões.

A educação ambiental, à medida que se assume como educação mais política do que
técnica, assume também o processo de formadora da identidade política e cultural de um
povo. Nesse sentido, alinha-se a todas as lutas e movimentos da sociedade pela cidadania.

Por isso é fundamental que o educador ambiental fale uma linguagem que seja percebida
por todos, evitando reforçar uma visão romântica de meio ambiente ou a ideia que ecologia é
um assunto secundário, preocupação de elites e de segmentos da população que já
resolveram seus problemas básicos de sobrevivência.

É fato que, por mais carente que seja, a população possui consciência ecológica, só que
essa percepção é bastante romântica associando-se mais à proteção das plantas e dos
animais e menos à qualidade de vida da espécie humana, como se não fizéssemos parte da
natureza. Para a maioria, lutar pelo fim das valas de esgotos a céu aberto, más condições de
trabalho nas fábricas não têm nada a ver com meio ambiente.

Nada mais falso, pois ecologia em países pobres é combater o esgoto a céu aberto, o lixo
não recolhido, a água contaminada, etc. Para a população, especialmente a mais carente,
as questões ecológicas devem ser associadas à qualidade de vida. Por exemplo, as
diversas poluições, o lixo tóxico, os agrotóxicos são temas ligados à saúde; os
desmatamentos e os reflorestamentos ligados à saúde e também à segurança civil, e por
extensão, à moradia; as teses da descentralização econômica, de pólos industriais, de
empresas poluidoras são ligadas a emprego e a salário; erosão, destruição de recursos
naturais, ocupação de leitos de rios e de encostas, também associados à moradia; as
ciclovias, os transportes de massa em vez de coletivos, o gás natural em vez de diesel,
associados ao transporte mais confortável e barato, e assim por diante.

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