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MARCIO JOPPERT

ESTUDO DE COMPOSIÇÕES DE CUSTO DE SERVIÇOS EXECUTADOS EM


OBRAS DE RESTAURO

Dissertação submetida ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal Fluminense como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Civil. Área de
concentração: Engenharia Civil.

Orientador: Prof. VICENTE CUSTÓDIO MOREIRA DE SOUZA –PhD

Co-orientador: Prof. NELSON PORTO RIBEIRO - DSc

Niterói, RJ

2003
J81 Joppert, Marcio

Estudo de composições de custo de serviços


executados em obras de restauro / Marcio Joppert . – Niterói, RJ :
[s.n.], 2003.

117 f.

Orientador: Vicente Custódio Moreira de Souza.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) -


Universidade Federal Fluminense, 2003.

1. Construção civil – Conservação e restauração. 2.


Construção civil – Custos. 3. Edificações - Manutenção. I.
Título.

CDD 692.5
MARCIO JOPPERT

ESTUDO DE COMPOSIÇÕES DE CUSTO DE SERVIÇOS EXECUTADOS EM


OBRAS DE RESTAURO

Dissertação submetida ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal Fluminense como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Civil. Área de
concentração: Engenharia Civil.

Aprovada em

__________________________________________
Prof. Vicente Custódio Moreira de Souza, PhD
Universidade Federal Fluminense
__________________________________________
Prof. Carlos Alberto Pereira Soares, DSc
Universidade Federal Fluminense
__________________________________________
Prof. Nelson Porto Ribeiro, DSc
Universidade Federal do Espírito Santo

Niterói
2003
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Vicente Custódio de Souza, pelo incentivo em minha carreira e


estímulo à participação neste Programa de Pós-Graduação.
Ao Prof. Nelson Porto Ribeiro, pela colaboração no referencial teórico desta
dissertação, sem o qual esse trabalho não teria a forma atual.
Aos colegas do Grupo Casarões, em especial a Jeanne Marques e a Kátia
Allende, pela ajuda nos trabalhos realizados no laboratório.
Aos colegas do mestrado, em especial aos também parceiros nos almoços
das sextas, Alessandra, Carlos Henrique, Isabela, Manoel, Ricardo, Thais e Viviane.
À R.G. Côrtes Engenharia, pelo fornecimento de materiais utilizados no
programa experimental.
À Ópera Prima Arquitetura e Restauro, na figura do arquiteto Wallace Caldas,
pelo subsídio técnico e por compreender minha ausência algumas vezes do
trabalho, para realizar esta dissertação.
À colega de trabalho Carla Codeço Coelho, pela edição dos desenhos.
À amiga Rita, a quem gosto como uma irmã, pela sua generosidade e
disposição na revisão desse trabalho.
Aos meus pais por minha formação e ao meu irmão por sua amizade.
À CAPES pelo suporte financeiro ao longo do curso.
À minha filha Manuela, recém chegada, por ter alegrado meus dias nessa reta
final de trabalho.
À minha esposa Kika, pela sua paciência e tolerância nos momentos de
estresse, pelo carinho, dedicação e pelo nosso amor.
“De todas as obras humanas, as que mais amo

São as que foram usadas.

Os recipientes de cobre com as bordas achatadas e com as

Mossas

Os garfos e facas cujos cabos de madeira

Foram gastos por muitas mãos: tais formas

São para mim as mais nobres. Assim também as lajes

Em volta das velhas casas, pisadas e

Polidas por muitos pés, e entre as quais

Crescem tufos de grama: estas

São obras felizes.

Admitidas no hábito de muitos

Com freqüência mudadas,

Aperfeiçoam seu formato e tornam-se valiosas

Porque delas tantos se valeram.

Mesmo as esculturas quebradas

Com suas mãos decepadas, me são queridas. Também elas

São vivas para mim. Deixaram-nas cair, mas foram carregadas.

Embora acidentadas, jamais estiveram altas demais.

As construções quase em ruína

Têm de novo a aparência de incompletas

Planejadas genorosamente: suas belas proporções

Já podem ser adivinhadas; ainda necessitam porém

De nossa compreensão. Por outro lado

Elas já serviram, sim, já foram superadas. Tudo isso

Me contenta”.

(Bertold Brecht)
RESUMO

As edificações, com o passar dos anos, que normalmente já sofrem com os


desgastes físico-químicos e biológicos, podem sofrer também com ações
equivocadas do homem ou com a falta de manutenção.Este trabalho reuniu algumas
anomalias, comuns aos sistemas construtivos de edificações, situadas próximas ao
Rio de Janeiro, nos períodos colonial e imperial e estudou as técnicas que
satisfaçam ao quesito de qualidade em obra de restauração. Seguiu-se a análise
dos serviços para compor os seus custos, considerando os procedimentos
específicos do restauro arquitetônico e outros procedimentos coadjuvantes, porém
necessários para a salvaguarda do monumento, como proteção e acesso
provisórios, se for o caso, para execução do objetivo principal, que é o tratamento da
anomalia. A composição dos custos está baseada em índices da construção civil
publicados por empresas públicas e privadas e apropriações de laboratório e de
observações práticas colhidas em campo e através de entrevistas, pelo autor.
ABSTRACT

Normally through the years, the buildings already suffer with the physical,
chemical and biological wearing offs. They can also suffer with the wrong action from
men or/and lack of maintance. This work has selected some anomalies, common to
the “cariocas” building systems from the colonial and the imperial periods as well in
order to analyse the techniques that fulfilled the quality criteria in the restoration work.
That was followed by the detailed analysis of each work involved in order to make up
its cost. Futhermore, it was taken into consideration the specific procedures of the
restoration and secondary procedures used as protection and provisional passage
ways to execute the main objective, that is, the restoration. The cost’s composition is
based on indices of the civil construction published by public and private enterprises
and personal research with pratical field work.
Niterói2003 .....................................................................................................................i

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................i

RESUMO........................................................................................................................i

ABSTRACT....................................................................................................................i

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................15

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................................ 15

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................17

1.3 OBJETIVOS.................................................................................................. 18

1.4 METODOLOGIA..........................................................................................19

1.5 ESTRUTURAÇÃO ........................................................................................ 20

2 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS .......................................................................21

1.2 Hidratação da cal virgem............................................................................. 21

2.2 revestimentos ................................................................................................ 25

2.3 CAIAÇÃO ..................................................................................................... 29

2.4 RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE ALVENARIAS .................................. 31


2.4.1 Consolidação de fissuras em alvenaria de tijolo maciço ..........................31
2.4.2 Consolidação de fissuras em alvenaria de cal e pedra.............................. 35
2.4.3 Reestruturação de alvenaria de pau a pique.............................................. 36

2.5 CONSOLIDAÇÃO DE REBOCOS À BASE DE CAL...................................38

2.6 MINORAÇÃO DOS EFEITOS DA UMIDADE ASCENDENTE ..................39

2.6 CONSOLIDAÇÃO DE MADEIRA COM ENXERTO DE PRÓTESE........... 44

2.7 EMENDA EM VIGA DE MADEIRA REFORÇADA COM TALAS DE AÇO


46

2.8 RECONSTRUÇÃO ESQUADRIAS EM MADEIRA......................................48

2.9 recuperação de telhado colonial .................................................................. 50

2.10 RESTAURAÇÃO DE CANTARIAS em gnaissE............................................57


16

2.11 TRATAMENTO DE ELEMENTOS METÁLICOS ........................................64

3 TRABALHO EXPERIMENTAL...................................................................... 62

4 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS........................................................................... 66

4.1 CRITÉRIOS CONSIDERADOS.................................................................... 66

4.2 HIDRATAÇÃO DA CAL............................................................................... 68


4.2.1 Considerações........................................................................................... 68
4.2.2 Memória ................................................................................................... 69

4.3 APLICAÇÃO DE ARGAMASSA................................................................... 71


4.3.1 Considerações........................................................................................... 71
4.3.2 Memória ................................................................................................... 73

4.4 CAIAÇÃO ..................................................................................................... 82


4.4.1 Considerações........................................................................................... 82
4.4.2 Memória ................................................................................................... 83

4.5 REESTRUTURAÇÃO DE ALVENARIAS ..................................................... 85


4.5.1 Consolidação de fissuras em alvenaria de tijolo maciço ..........................85
4.5.5.1 Considerações ........................................................................................ 85
4.5.1.2 Memória................................................................................................. 86
4.5.2 Consolidação de fissuras em alvenaria de pedra e cal..............................88
4.5.2.1 Considerações ........................................................................................ 88
4.5.2.2 Memória................................................................................................. 89
4.5.3 - Reestruturação de alvenaria de pau a pique .............................................. 91
4.5.3.1 – Considerações ........................................................................................ 91
4.5.3.2 Memória................................................................................................. 95

4.5 CONSOLIDAÇÃO DE REBOCOS À BASE DE CAL...................................97


4.5.1 Considerações........................................................................................... 97
4.5.2 Memória ................................................................................................... 98

4.6 MINORAÇÃO DOS EFEITOS DA UMIDADE ASCENDENTE ..................99


4.6.1 Considerações........................................................................................... 99
4.6.2 Memória ................................................................................................. 101
17

4.8 CONSOLIDAÇÃO DE MADEIRA COM ENXERTO DE PRÓTESE......... 102


4.8.1 Considerações......................................................................................... 102
4.8.2 Memória ................................................................................................. 104

4.9 EMENDA EM VIGA DE MADEIRA REFORÇADA COM TALAS DE AÇO


106
4.9.1 Considerações......................................................................................... 106
4.9.2 Memória ................................................................................................. 107

4.10 reconstrução de esquadria eM madeira..................................................... 108


4.10.1 Considerações ....................................................................................... 108
4.9.2 Memória ................................................................................................. 109

4.11 recuperação de telhado colonial ................................................................ 111


4.11.1 Considerações ....................................................................................... 111

4.11.2 Memória ................................................................................................. 119

4.12 RESTAURAÇÃO DE CANTARIAS EM GNAISSe ...................................... 120


4.12.1 Considerações ....................................................................................... 120
4.12.1 Memória................................................................................................ 122

4.13 TRATAMENTO DE ELEMENTOS METÁLICOS ......................................127


4.13.1 Considerações ....................................................................................... 127
4.13.2 Memória................................................................................................ 128
Foto 1 – Fissura em alvenaria de adobe ............................................................................... 32
Figura 2 – Substituição e retirada de tijolos ........................................................................ 34
Figura 3 – Término da substituição dos tijolos e revestimento da consolidação .............. 34
Figura 4– Vista da fissura e esquema da furação ................................................................ 36
Foto 2 - Tabique sem revestimento ....................................................................................... 38
Foto 3 – Fasquios novos colocados ........................................................................................ 38
Figura 5 - Seção típica da canaleta ....................................................................................... 42
Figura 6 – Detalhe das placas drenante e de estabilização ................................................. 43
Foto 4 – Trincheira drenante................................................................................................. 43
Foto 5 – Placa drenante.......................................................................................................... 44
Foto 6 – Fundo da calha ......................................................................................................... 44
Figura 7 – Detalhe da tala de aço .......................................................................................... 48
Foto 7 – Emenda de topo com talas de aço........................................................................... 48
Figura 8 – Esquema da porta com elevação e corte ............................................................ 49
Figura 9 – Detalhe da calha de drenagem ............................................................................ 53
Foto 8 – Cobertura destelhada .............................................................................................. 54
Foto 9 – Desenvolvimento de sub cobertura Tyvek............................................................. 54
Foto 10 – Aplicação de contra caibro e ripamento .............................................................. 55
Foto 11 – Assentamento de telhas ......................................................................................... 55
Foto 12 – Corte de acabamento do rincão............................................................................ 55
Foto 13 – Telhado arrematado .............................................................................................. 56
Foto 14 – Cumeeira com bebedouro/suspiro........................................................................ 56
Foto 15 – Movimentação diária da proteção provisória ..................................................... 56
Foto 16 – lavagem com adstringente e escovação ................................................................ 62
Foto 17 – três aplicações de AB57 sobre polpa de papel..................................................... 62
Foto 18 – Moagem de gnaisse ................................................................................................ 63
Foto 19 – Colmatação de aberturas e falhas ........................................................................ 63
Foto 20 – Embasamento em gnaisse com desplacamento ................................................... 64
Foto 18 – Arranque da alvenaria .......................................................................................... 63
Foto 19 – Cintamento da parede ........................................................................................... 63
Quadro 1 – Encargos incidentes sobre o salário/hora, adaptado de DIAS, P.R.V. .......... 67
Quadro 2 – Salário-hora (agosto de 2003), encargos e alguns benefícios.......................... 68
Quadro 3 – Produção estimada e fator de utilização .......................................................... 69
Quadro 4 – Custo dos utensílios utilizados........................................................................... 70
Quadro 5 – Composição do custo da pasta de cal................................................................ 71
Quadro 6 – Custo de andaime – torre com 2,0 m x 1,0 m em planta.................................72
Quadro 7 – Custo/m3 das cirandas........................................................................................ 74
Quadro 8 – Custo do m3 dos agregados após o preparo ..................................................... 75
Quadro 9 - Composição do custo da confecção da masseira ..............................................75
Quadro 10 – Custo por m3 dos utensílios no preparo de argamassa .................................75
Quadro 11 – Composição da argamassa I - de cal e areia (1:3) ......................................... 76
Quadro 12 – Composição da argamassa II - de cal e terra preta (1:3)..............................76
Quadro 13 – Composição da argamassa III - de cal, areia e saibro (1:1,5:1,5) ................ 77
Quadro 14 – Composição da argamassa IV - de cimento, cal e areia (1:1:3).................... 78
Quadro 15 – Composição de custo do anteparo protetor ................................................... 79
Quadro 16 – Custo/m2 dos utensílios de aplicação de argamassa ...................................... 79
Quadro 17 – Consumo de mão de obra em revestimento ................................................... 80
Quadro 18 – Custo/m2 de aplicação da argamassa I – R$ 41,72 ........................................ 80
Quadro 19 – Custo/m2 de aplicação da argamassa II – R$ 41,32....................................... 81
Quadro 20 – Custo/m2 de aplicação da argamassa III – R$ 41,48 ..................................... 81
Quadro 21 – Custo/m2 de aplicação da argamassa IV – R$ 44,07 .....................................81
Quadro 22 – Custo dos utensílios para preparação de tinta .............................................. 83
Quadro 23 – Custo da preparação da tinta.......................................................................... 83
Quadro 24 – Custo dos utensílios utilizados na caiação......................................................84
Quadro 25 – Custo da caiação............................................................................................... 84
Quadro 26 – Composição do custo da plataforma de serviço (exterior/interior) ............. 87
Quadro 27 – Composição do custo da costura de fissura em alvenaria de adobe ............ 87
Quadro 28 – Cálculo do custo mensal de perfuratriz .........................................................89
Quadro 29 – Composição da argamassa de colmatação ..................................................... 90
Quadro 30 – Custo unitário da consolidação da fissura .....................................................90
Quadro 31 – Composição do custo da argamassa de recheio ............................................. 93
Quadro 32 – Consumo de mão de obra em h/m2 de pau a pique .......................................94
Quadro 33 – Projeção do tempo consumido por andaime.................................................. 95
Quadro 34 – Composição do custo da solução imunizadora .............................................. 96
16

Quadro 35 – Composição de custo da alvenaria.................................................................. 96


Quadro 36 – Composição de custo da consolidação de reboco .......................................... 98
Quadro 37 – Composição do custo da canaleta de drenagem .......................................... 102
Quadro 38 – Custo do desgaste de ferramenta .................................................................. 104
Quadro 39 – Composição do custo da argamassa ............................................................. 105
Quadro 40 – Composição do custo da consolidação com enxerto em argamassa ..........105
Quadro 41 – Composição do custo da consolidação com enxerto em madeira ..............105
Quadro 42 – Consumo de mão de obra em horas.............................................................. 107
Quadro 43 – Composição de custo da emenda .................................................................. 108
Quadro 44 – Custo de aquisição das ferramentas ............................................................. 109
Quadro 45 – Custo do material aplicado............................................................................ 110
Quadro 46 – Consumo da mão de obra empregada em horas ......................................... 110
Quadro 47 – Composição do custo da porta ...................................................................... 110
Quadro 48 - Consumo parcial de mão de obra para execução do telhado...................... 113
Quadro 49 – Custo parcial de mão de obra ....................................................................... 119
Quadro 50 – Custo da preparação da solução biocida...................................................... 122
Quadro 51 – Custo da aplicação da solução biocida ......................................................... 122
Quadro 52 – Custo da preparação da solução adstringente............................................. 123
Quadro 53 – Custo da aplicação da solução adstringente ................................................ 123
Quadro 54 – Custo da preparação da fórmula do AB57 ..................................................123
Quadro 55 – Custo da aplicação do emplastro de AB57...................................................124
Quadro 56 – Custo da preparação do rejunte ................................................................... 124
Quadro 57 – Custo da aplicação do rejunte ....................................................................... 125
Quadro 58 – Custo do preparo da resina para injeção..................................................... 125
Quadro 59 – Custo da consolidação de desfolhamento..................................................... 126
Quadro 60 – Custo da preparação da argamassa.............................................................. 126
Quadro 61 – Custo da colmatação do bordo desplacado .................................................. 127
Quadro 62 – Custo do tratamento superficial ................................................................... 127
Quadro 63 – Consumo de mão de obra dos sub serviços em tratamento de gradis .......129
Quadro 64 – Consumo de insumos para tratamento de gradis........................................ 129
1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Este estudo dedica-se a definir uma metodologia para compor o custo de


determinados serviços que normalmente precisam ser realizados em edificações
históricas, degradadas pelas intempéries, por agentes químicos, físicos ou
biológicos, pela ação do homem ou pela falta de manutenção.

A observação de edificações em processo de deterioração, dentro de uma


determinada região, limitada e unificada por fatores distintos tais como a tradição
nas técnicas construtivas empregadas, as características similares nos materiais
construtivos utilizados e sujeitos a fatores semelhantes de degradação a
intempéries, mostra que algumas anomalias são comuns a quase todas as
edificações que estão sofrendo esse processo. Esse estudo se concentrará nos
serviços ditos comuns em obras de restauro, que foram eleitos em razão da alta
freqüência em que necessitam ser realizados.

As edificações, com o passar dos tempos, podem apresentar recalques


diferenciais nas fundações, que fazem suas alvenarias portantes acomodarem-se
com tensões internas que propiciam o aparecimento de fissuras. A estrutura de
madeira do telhado, que no início de sua vida funcionava adequadamente, com o
passar do tempo padece do fenômeno da fluência, que são deformações diferidas
no tempo para o mesmo carregamento inicial. A ocorrência de um ou mais
fenômenos conjugados afeta a edificação, e pode permitir a entrada de água através
das fissuras nas alvenarias ou pelas fendas desenvolvidas nos elementos que
compõem o telhado, como calhas, rufos, espigões, cumeeiras e rincões. A exposição
da edificação à umidade acelera a deterioração de pinturas, revestimentos,
16

argamassas de assentamento de alvenarias e elementos de madeira, por ação de


fungos e/ou xilófagos, pelo desgaste ou pela deterioração química das argamassas.

Além da umidade proveniente de infiltrações pluviais, existe a contribuição da


umidade ascendente nas alvenarias, proveniente do solo em torno das fundações. A
umidade penetra em estado líquido na base da alvenaria e geralmente não encontra
empecilho para percolar. O material poroso da alvenaria propicia o transporte da
água para cima, por efeito de capilaridade, e a determinada altura a coluna d’água
evapora e sai para a atmosfera, estabelecendo assim um equilíbrio hidrodinâmico
entre o teor de água que penetra e o teor de água que evapora. Um dos maiores
inconvenientes do fluxo de umidade dentro da alvenaria é a possibilidade de
transporte de sais dissolvidos. Quando a solução evapora ocorre a cristalização e
deposição dos sais nos vazios, com conseqüente aumento de volume, o que pode
provocar enormes pressões dentro dos poros e conseqüentemente a ruptura dos
materiais que compõem a alvenaria (BEICHEL, 1997, p.358).

Para não alongar muito a quantidade de serviços custeados, esse trabalho


focalizará algumas anomalias e os respectivos serviços de reparação, que podem
ser encontradas em edificações construídas com técnicas dos períodos colonial e
imperial na cidade do Rio de Janeiro e nas suas proximidades.

Assim, os serviços que integram esse estudo são a hidratação de cal virgem,
a aplicação de revestimentos com argamassas à base de cal e a pintura à base de
cal, que foram experimentados no Laboratório de Estruturas da Pós-graduação em
Engenharia Civil da UFF, além de consolidação de alvenarias fissuradas,
consolidação de rebocos à base de cal descolados do substrato, minoração da
umidade ascendente em alvenaria através de canaleta de drenagem, consolidação
de madeiramento, com a técnica de enxerto de prótese, em madeira similar à
original, com resina e aplicação de reforços com talas metálicas em vigas de
madeira, recuperação e consolidação de esquadrias de madeira, recuperação de
telhado colonial de edificação tombada, restauração de cantarias e tratamento de
elementos metálicos.
17

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO

Nas últimas décadas houve um crescente interesse na preservação de bens


culturais. Assim, uma série de políticas de incentivos tem sido implementada visando
preservar e/ou restaurar bens imóveis com interesse histórico. Como exemplo
dessas políticas tem-se a revitalização do Pelourinho, em Salvador, Bahia, do
corredor cultural, no Centro do Rio de Janeiro, do porto de Fortaleza, onde se
localiza o Centro Cultural Dragão do Mar, entre outros.

Um projeto destinado a restaurar um patrimônio arquitetônico pode requerer


uma interação multidisciplinar, tais são as incertezas relativas às “técnicas mortas”
utilizadas no passado. Assim, é comum, em um projeto complexo, que ciências
como Arqueologia, História e Engenharia, entre outras, sob a coordenação de outra
com visão humanística, geralmente a Arquitetura, interajam para a sua realização.

Hoje se dispõe de planilhas de empresas como as da Editora PINI (tabelas de


composições de preços para orçamentos – TCPO, 1975) e as da Empresa de Obras
Públicas (EMOP, 1997) do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que servem de
referência para a elaboração da composição de custos de serviços específicos.
Essas planilhas, contudo, normalmente destinam-se à realização de obras novas,
não contemplando determinados procedimentos específicos que são próprios dos
serviços em obras de restauro. Nesse trabalho, alguns serviços valeram-se de
apropriações feitas por essas duas empresas complementadas por apropriações
executadas em campo e/ou em laboratório.

A avaliação incorreta nos custos dos serviços pode levar uma empresa,
aspirante a executar determinada obra, a perder a concorrência, no caso de
composições super-dimensionadas, ou a arcar com os prejuízos decorrentes de
composições sub-dimensionadas, caso a mesma vença a concorrência. A
engenharia de custos proposta nesse trabalho pode ser aperfeiçoada e adaptada
através do acompanhamento e controle, durante a execução da restauração, onde,
através de um trabalho paciente e disciplinado, o residente do canteiro de obras
18

poderá confirmar ou adaptar para a nova situação as composições de custos que


interessem à empresa para qual trabalha.

O mercado de obras de restauração tem-se mostrado competitivo, com o


surgimento de empresas interessadas em explorar esse segmento e ter seu nome
associado a empreendimentos de preservação do patrimônio histórico. Por outro
lado, tem-se observado algumas vezes a falta de preparo dos contratantes na
apropriação de custos, com o sub-dimensionamento de suas bases orçamentárias,
estipulando preços unitários ou finais deficitários para adequar-se ao volume de
recursos disponíveis. Assim, é grande a responsabilidade do orçamentista, pois além
de desenvolver o orçamento em prazos curtos, deve fazê-lo de forma a obter o preço
mínimo competitivo e auferir o lucro esperado.

1.3 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivos:


• descrever os procedimentos, os materiais, os equipamentos e os profissionais
necessários para a execução dos serviços elencados inicialmente;
• elaborar planilhas de composição de custos unitários dos serviços definidos, que
sirvam de parâmetro para que os profissionais envolvidos em orçamentos de
projetos de restauração apropriem seus respectivos custos de maneira adequada
e acurada.

Os serviços foram escolhidos em função de sua alta freqüência de ocorrência,


em obras de conservação e de restauração, e pela oportunidade de serem
observados pelo autor nas obras em que foi residente ou teve conhecimento. Assim,
têm-se:
• serviço básico - hidratação da cal virgem: beneficiamento da matéria prima;
• revestimentos (traços em volume):
o cal e areia no traço 1:3- argamassa I;
o cal e terra preta no traço 1:3- argamassa II;
o cal, saibro e areia no traço 1:1,5:1,5- argamassa III;
o cimento, cal e areia no traço 1:1:3- argamassa IV;
19

• caiação;
• reestruturação em alvenarias:
o de tijolo maciço cru (adobe);
o de cal e pedra;
o de pau a pique;
• consolidação de rebocos à base de cal;
• minoração dos efeitos da umidade ascendente;
• consolidação de madeiramento, com enxerto de prótese;
• emenda em vigas de madeira reforçada com talas de aço;
• recuperação e consolidação de esquadrias de madeira;
• recuperação funcional de telhado colonial em edificação tombada (estudo de
caso);
• restauração de cantarias;
• tratamento básico de elementos metálicos (limpeza, desoxidação e aplicação de
protetivo).

1.4 METODOLOGIA

Alguns serviços necessários na restauração de edificações históricas são


compostos de procedimentos comuns à Engenharia Civil, e outros específicos da
restauração arquitetônica. Assim, tomando como base as composições dos custos
das TCPO (1975) e da EMOP (1997), já citadas, as apropriações da demanda de
materiais em laboratório e no campo, o consumo de mão de obra, apontado em
obras que tenham em seu escopo serviços comuns a esta pesquisa, e entrevista
com artesões e restauradores, serão demonstradas as composições de custos dos
serviços eleitos.

Na primeira etapa do trabalho foi feita uma investigação, com a identificação


das principais anomalias normalmente encontradas, em edificações antigas, através
de pesquisa bibliográfica e observações práticas, em edificações antigas. Seguiu-se
o estudo de algumas técnicas utilizadas na restauração dessas anomalias, com a
apropriação de consumo de mão de obra e de materiais e o custo dos utensílios e
equipamentos empregados na realização dos serviços.
20

O termo composição de custo, muitas vezes utilizado neste trabalho, é o


custo direto, definido por DIAS (2001, p.12) como a soma dos insumos que ficam
incorporados ao produto, que, acrescido do custo indireto, definidos pelo mesmo
autor como a soma de itens de custo como a administração da obra, as tarifas das
concessionárias de serviços públicos e aqueles que incidem sobre o preço de venda
ou valor nominal da nota fiscal, como administração central e impostos, formam o
custo total do empreendimento. A soma do custo total com o lucro esperado resulta
no preço de venda do empreendimento.

As composições de custos estudadas não contemplam o consumo de


homens-hora de algumas categorias, como engenheiro, arquiteto, mestre,
encarregado, almoxarife, operador de guincho, vigia e demais categorias
consideradas como formadoras do custo indireto. A apropriação dos custos indiretos
é feita em separado no orçamento e é uma função das características de cada obra.

1.5 ESTRUTURAÇÃO

No Capítulo 2 são apresentados os serviços eleitos, com as descrições dos


procedimentos necessários ao seu desenvolvimento obtidos das considerações de
alguns autores, ou observados na prática de laboratório e/ou de campo.

A descrição do programa experimental, no Capítulo 3, inclui a especificação


técnica dos materiais e dos utensílios utilizados, assim como a apropriação do
consumo de insumos componentes dos custos dos três serviços que foram
experimentados.

No Capítulo 4 são apresentadas, sob a forma de Quadros, as composições de


custos unitários dos serviços de restauração e de manutenção dos serviços eleitos e
finalmente, no Capítulo 5, são feitas considerações sobre alguns critérios adotados
nas composições de custos e, em seguida as conclusões do trabalho.
2 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS

1.2 HIDRATAÇÃO DA CAL VIRGEM

Com a crescente utilização do cimento Portland, a partir do final do século


XIX, em substituição à pasta de cal, a produção da mesma decresceu no último
século e atualmente, no Rio de Janeiro, é encontrada industrializada, sob a forma
hidratada em pó. Para serviços de restauração do patrimônio histórico normalmente
é exigido o uso de pasta de cal, obtida através da hidratação da cal virgem em
pedras (CaO), por sua melhor performance em relação à cal hidratada em pó, que
pode possuir na sua composição anidrido carbônico, óxidos não hidratados e uma
parcela de material já carbonatado, portanto com menor poder aglutinante
(GUIMARÃES, 1997, p.259).

A cal virgem resulta da dissociação térmica do calcário, dolomito ou concha


calcária. Quando provém de rochas carbonatadas puras, a cal virgem é um produto
inorgânico de cor branca. A presença de outra coloração indica que a cal virgem
contém impurezas. Ao ser colocada em contato com a água, a cal virgem reage de
modo exotérmico, formando o hidróxido de cálcio, Ca(OH)2 – pasta de cal, com
desprendimento de calor da ordem de 272 (kcal/kg de cal) para cales altas em
cálcio. Isso significa que 1 kg de cal é suficiente para elevar 2,3 kg de água da
temperatura de 12o C para 100o C (GUIMARÃES, 1997, p. 72), o que torna o
procedimento de hidratação da cal um procedimento cauteloso e, portanto,
naturalmente mais dispendioso.

O ciclo da cal, derivado do calcário puro, para emprego na construção civil,


pode ser resumido nas reações escritas abaixo:
MINERAL (CaCO3) + CALOR → CaO + CO2↑ (CALCINAÇÃO)
22

CaO + H2O → Ca(OH)2 + CALOR↑ (HIDRATAÇÃO)


Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O↑ (CARBONATAÇÃO)

A pasta de cal ao endurecer tem as pequenas partículas de hidróxido


aglomeradas, que assim formam cristais, e esses vão aumentando em número e
tamanho à medida que a água vai evaporando. No caso de argamassas, esses
cristais se entrelaçam formando uma malha espacial resistente, que incorpora os
grãos inertes. Além do desenvolvimento natural do cristal do hidróxido, o mesmo
reage com o anidrido carbônico atmosférico, transformando-se em carbonato. Nessa
transformação há o aumento de volume da estrutura cristalina unitária na ordem de
quatro vezes. Esse aumento dos cristais provoca expansões e compactação da
matriz da argamassa, que assim reforça as interfaces da malha formada e enrijece o
sistema.

O produtor de cal virgem mais próximo da capital fluminense situa-se na


região metropolitana de Belo Horizonte e a quantidade mínima vendida é de uma
tonelada. Assim, por se tratar de produto com qualidade decrescente com o passar
do tempo e com validade máxima de 90 dias (GUIMARÃES, 1997, p. 105), contados
a partir da fabricação, quando bem estocado, é interessante montar uma estrutura
mínima para receber, estocar, hidratar e maturar pelo menos 1000 kg de cal virgem.

A relação entre o peso de cal virgem e o volume de pasta obtido, ou seja, o


rendimento, dependerá das características da jazida de calcário e do processo de
calcinação do minério. Seguem alguns exemplos de rendimentos pesquisados.
• item 04.092 das TCPO (1975) p.48 – 670 kg cal/m3 de pasta;
• exemplo prático número 1 PIANCA (1973 p.189) – 800kg cal/m3 de pasta;
• no Laboratório de Estruturas, a hidratação em pequena escala de 150 kg de cal
virgem produziu 240 l de pasta de cal. Extrapolando essa relação, resulta em 625
kg cal/m3 de pasta, que foi o rendimento considerado na composição de custos.

As etapas descritas a seguir reúnem alguns controles, com testes de


qualidade, além dos utensílios utilizados e de uma rotina com procedimentos para
uma hidratação segura e completa da quantidade mínima comercializada.
23

Etapas:

I) Recebimento da cal virgem no canteiro ou depósito central (GUIMARÃES,


1997, p.96).

Controle expedito recomendado pela Associação Brasileira dos produtores de


Cal - ABPC:

• teste de qualidade I (finura) - hidratação com agitação da amostra por alguns


minutos em um pequeno recipiente. A mistura é forçada a passar na peneira #
200 com o auxílio de um leve esguicho d’água. Quando o filtrado estiver claro, a
parte retida deve ser pequena (menor que 15% da amostra, avaliação a olho);

• teste de qualidade II – diluir 1 parte de HCl em 9 partes de água. Essa solução,


ao ser colocada sobre a amostra de cal, não deve produzir excesso de bolhas, o
que indicaria elevado teor de pedras não calcinadas. Caso a reação seja
tranqüila e se, após alguns minutos de agitação, a quantidade de precipitado
resultante do ataque ácido for inferior a 12 %, trata-se de cal de boa qualidade.

II) Hidratação da cal virgem – apropriação necessária para a hidratação de 1000


kg de cal em pedra.

Equipamentos e utensílios:

• 4 tonéis de plástico rígido de 200 l;

• 4 caixas d’água de amianto de 500 l;

• 4 tonéis de plástico rígido de 70 l;

• 5 baldes de 12 l;

• 2 conjuntos de EPI (óculos, luva, capacete, jaleco de manga comprida, bota de


borracha);
24

• peneira # 2,36 mm, do tipo ciranda quadrada, ajustada à dimensão da caixa de


500 l;

• peneira redonda # 20 mm, ajustada à boca do tambor de 200 l, com contenção


lateral em forma tronco-cônica;

• carrinho para transporte dos tonéis carregados;

• carrinho de mão;

• 1 enxada, 1 pá de bico reto e colher grande de pedreiro.

Procedimentos:

• encher com água os tonéis de 200 l até a altura de 50 cm;

• passar o conteúdo de 1 saco (30 kg) em grade de malha quadrada com 20


mm de abertura sobre o tonel com água;

• moer as pedras retidas;

• misturar e homogeneizar por aproximadamente 5 minutos;

• caso a mistura borbulhar intensamente, acrescentar mais água;

• após esfriar (4 horas), descarregar o conteúdo dos 4 tonéis de 200 l,


forçando os grãos maiores com uma colher de pedreiro através de uma
ciranda horizontal de peneira # 2,36 mm sobre uma das caixas de 500 l;

• o excedente de água de cal poderá ser guardado nos tonéis de 70 l para


hidratações posteriores;
25

• o volume de pasta de cal hidratada produzido por 8,5 sacos de 30 kg deverá


caber com folga na caixa de maturação de 500 l, para permitir os
procedimentos de mistura e homogeneização da pasta;

• deixada em repouso, a pasta precipitará e a água excedente irá sobrenadar.


A fim de evitar-se carbonatação pré-matura do hidróxido de cálcio, é
necessário à manutenção de um espelho de água sobre a pasta;

• tampar e aguardar 24 horas;

• durante 15 dias a pasta em maturação depositada nas caixas de 500 l deverá


ser misturada 3 vezes ao dia (5 minutos cada), para homogeneização e
ganho de plasticidade. Decorrido esse prazo de maturação, a cal hidratada
está apta para ser empregada como aglutinante em argamassas ou pinturas.

Nesse trabalho, o procedimento de hidratação ocorreu em dias quentes,


portanto não houve a necessidade de aquecimento prévio da água utilizada. Quando
a hidratação se realizar em temperaturas mais baixas, recomenda-se seguir a
instrução de KANAN (I-1996), aquecendo a água de hidratação para não retardar o
processo ou até mesmo inviabilizá-lo.

2.2 REVESTIMENTOS

O custo da restauração de revestimento depende do estado em que ele se


encontra, se possui pintura decorativa ou não, se é externo ou interno e em que
altura média se realiza o trabalho.

A existência de pintura decorativa, com interesse histórico, sobre o reboco


com descolamento do emboço, pode exigir técnica apurada para uma consolidação
segura, como escoramento, contenção da superfície descolada, furação e
preparação para injeção de resinas, de elevado custo, na interface emboço/reboco
sob a pintura que se deseja preservar.
26

O fato de o revestimento ser externo pode gerar custo adicional, devido aos
procedimentos de cura na argamassa aplicada, em painéis sujeitos a insolação e
ventos. Se o serviço é realizado em nível elevado e distante do solo, os custos da
locação e da montagem/desmontagem de andaimes devem ser considerados. O
estado da deterioração do revestimento original influencia, no caso de remoção
cuidadosa na limpeza e na preparação da superfície da base. Por último, o tipo de
agregado utilizado na argamassa afeta discretamente o custo do m2 de revestimento
aplicado.

Abaixo segue uma rotina de recebimento e preparação da areia, o agregado


mais nobre dentre os manipulados no programa experimental, assim como os
procedimentos de aplicação e cura da argamassa.

Etapas:

I) Recebimento da areia no canteiro. Classificação granulométrica (GUIMARÃES,


1997, p. 184):

• fina - 0,15 a 0,6 mm;

• média - 0,6 a 2,4 mm;

• grossa - 2,4 a 4,8 mm.

Teste recomendado (GUIMARÃES, 1997, p.188) – colocar uma amostra de


areia em um frasco, adicionar certa quantidade de água, agitar noventa vezes
horizontalmente e deixar em repouso por 20 minutos. Se a fase líquida da mistura for
clara, a amostra ensaiada é de boa qualidade; se for turva, provavelmente trata-se
de areia de má qualidade.

Se a relação entre as alturas dos grãos maiores e dos grãos finos for maior
que 0,75, considera-se atendida a condição granulométrica.

II) Operação de cirandagem.


27

Esse procedimento é necessário quando se deseja aproximar as texturas das


argamassas original e reparadora e consiste na separação da areia nas faixas
granulométricas, acima mencionadas, para recomposição semelhante à curva
granulométrica desejada. Este é um procedimento trabalhoso, que aumenta o custo
com a preparação da argamassa destinada a próteses. A seqüência de
peneiramento está descrita a seguir:

• cirandar a areia recebida na peneira # 4,8 mm e desprezar a parte retida;

• cirandar a areia passante grossa na peneira # 2,4 mm e estocar a parte retida


no silo de agregado grosso;

• cirandar a areia passante média na peneira # 0,6 mm e estocar a parte retida


no silo de agregado médio;

• cirandar a areia passante fina na peneira # 0,15 mm e estocar a parte retida


no silo de agregado fino;

• a areia passante na peneira # 0,15 mm pode ser utilizada em até 10 % do


volume total de agregado empregado na confecção de argamassas de cal, de
preferência em serviços de acabamento.

Neste trabalho foi considerada uma perda de 10 % do agregado decorrente


da eliminação da fração de grãos acima de # 4,8 mm. Quando for necessária a
recomposição granulométrica de um traço especificado por ensaios laboratoriais,
para atender a textura do revestimento original, o custo do m3 de areia recomposta
deverá ser incrementado em função das diferenças entre as curvas granulométricas
da areia recebida no canteiro e da efetivamente empregada no preparo da
argamassa.
III) Preparo da argamassa (KANAN, III-1996).

Mistura-se aglutinante e aglutinado, manualmente ou de preferência em


misturadora de eixo horizontal, na proporção desejada. Terminada a mistura,
recomenda-se armazená-la em recipientes com tampa e aguardar 21 dias para
28

maturar. Antes da aplicação, a argamassa deve ser novamente misturada, para


resgatar a plasticidade e a trabalhabilidade.

IV) Aplicação da argamassa (KANAN, IV e VI-1996).

Recomenda-se que a aplicação da argamassa seja feita em 4 camadas,


sendo a 1a o chapisco, a 2a e a 3a de no máximo 12 mm e a 4a e última de
acabamento de no mínimo 3 mm. As superfícies a serem revestidas deverão estar
limpas, isentas de poeira e umedecidas sem encharcamento (preferencialmente
utiliza-se vaporizador nesta operação ou um aspersor agrícola carregado com água
de cal, que é mais barato e resistente ao serviço). O profissional encarregado de
realizar a aplicação da argamassa deverá fazê-lo com colher de pedreiro e
arremessá-la com força suficiente para promover o maior impacto possível e assim
garantir a devida compactação da mesma. Após a aplicação de uma camada, ela
deverá ser apenas sarrafeada, mantendo sua superfície rugosa, para uma melhor
ligação física entre as camadas. A aplicação da camada subseqüente deverá ser
feita com a anterior ainda úmida. Vinte e quatro horas são mais que suficientes no
clima geralmente quente do Rio de Janeiro, para propiciar a ligação química entre as
camadas. Antes da aplicação de uma camada é recomendado a asperssão com
água de cal na camada anterior ou no chapisco, para melhorar a ligação química
entre camadas e diminuir a velocidade da perda de água da camada de argamassa
a ser aplicada. A aplicação da 4a e última camada pode ser feita espalhando-se a
argamassa no sentido ascendente com uma desempenadeira de madeira e posterior
desempeno. Após o desempeno poderá ser dado acabamento camurçado com
espuma, assim que a superfície tenha coesão suficiente, ou alisado e “queimado” a
colher, conforme a textura desejada. Na camada de acabamento costuma-se usar
agregados com granulometria mais fina, para favorecer o acabamento e traço mais
rico (1:1,5).

V) Cura úmida da argamassa aplicada


29

Dependendo das condições climáticas, os painéis externos rebocados


deverão ser protegidos, com lona plástica ou tecido absorvente encharcado com
água, para diminuir o efeito desidratante da insolação e dos ventos, evitando assim
a evaporação prematura e surgimento de fissuras de retração que podem diminuir a
longevidade de revestimentos externos, pois possibilitam a invasão de águas
pluviais. O umedecimento periódico do material recém aplicado, através de
equipamento atrás discriminado, por sete dias, proporciona uma cura mais lenta,
com carbonatação mais profunda e maior desenvolvimento dos cristais formados.

2.3 CAIAÇÃO

No Egito antigo já se usava uma mistura de cal e cola, chamada de têmpera,


para decoração de suas paredes. As colas mais usadas eram a clara de ovo, a
goma arábica, a gelatina e a cera de abelha. Posteriormente verificou-se que a tinta
ficava mais encorpada utilizando-se uma suspensão de cal hidratada em água
salina. O cloreto de sódio aumenta a solubilidade do hidróxido de cálcio, ou seja, a
carga do agente da pintura por unidade de volume de tinta (GUIMARÃES, P.108,
1997).

Em edificações históricas, a adição de sal não é recomendada, pois o mesmo


é solúvel e pode danificar os materiais porosos das mesmas. Os aditivos, que em
algumas situações têm sido utilizados com sucesso em pinturas à base de cal na
restauração de edificações antigas, são a caseína e o óleo de linhaça. Contudo,
antes de se optar pela utilização destes aditivos, recomenda-se que sejam
realizados testes em pequenas superfícies para avaliar o resultado.

Etapas:
I) Preparo da tinta

A seguir serão relatadas algumas receitas para elaboração de tintas à base


de cal, incluindo ainda o modo de preparação de aditivos e sua influência nas
propriedades do produto.
30

Indicações de KANAN (V-1996):

• para preparar pigmentos - dispersar o pigmento em água quente e adicionar a


dispersão à pasta de cal, para obter a tonalidade desejada:

o 400 g de pigmento junto com 5 l de pasta para obter tons claros;

o 1000g de pigmento junto com 5 l de pasta para obter tons escuros;

• para preparar a caseína comum comercial – diluir 25 ml de caseína em água


quente e adicionar a esta mistura 1 l de pasta de cal. Diluir a pasta aditivada em
água até obter inicialmente uma consistência de um creme grosso, o qual
posteriormente deverá ser mais diluído até obter a consistência desejada; 1:5
deve ser suficiente;

• caso seja usado óleo de linhaça, ele deve ser utilizado na proporção de 1 colher
de sopa (10 ml) para cada balde (18 l) da mistura cremosa e fina;

• deve-se coar o creme de cal preferencialmente com uma peneira fina;

• a cal para caiação está pronta quando uma água clara paira sobre a mesma;

• 10 demãos cruzadas de uma cal afinada devem ser suficientes para uma caiação
de boa qualidade.

II) Preparação da superfície:

• limpeza da base com escovas de nylon com cerdas duras;

• tratamento com fungicida, se a superfície apresentar indícios de fungos e sinais


de umidade;

• pulverização da base com água, sem encharcar, imediatamente antes da


caiação;
31

• devem ser evitados o calor direto ou dias muito quentes para executar uma
caiação.

III) Aplicação:

• aplicação da 1a camada com brocha de diâmetro φ = 100 mm sobre área


umedecida e aguardar prazo mínimo de 24 h entre demãos;

• as demais camadas são aplicadas em direção ortogonal à anterior e precedidas


de suave umedecimento;

• a secagem é lenta. São necessárias várias semanas para secagem completa da


caiação;

2.4 RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL DE ALVENARIAS

Dentre os tipos de sintomas patológicos que uma alvenaria pode apresentar


optou-se para serem custeados a costura de fissuras em alvenaria de tijolos maciços
e em alvenaria de pedra assentada com argamassa de cal e areia e a reestruturação
de alvenaria de pau a pique arruinada.

2.4.1 Consolidação de fissuras em alvenaria de tijolo maciço

O tipo de reestruturação proposto aqui, baseado na experiência, é a


consolidação de fissuras e brechas desenvolvidas em paredes portantes através da
técnica de substituição da argamassa de assentamento danificada e dos tijolos
fraturados por outros em bom estado, assentados com argamassa de cal e saibro,
promovendo a costura das aberturas e a devida amarração dos elementos que
compõem a alvenaria.

Os dados para composição do serviço foram obtidos através de entrevista


com a arquiteta residente Francyla Bousquet Santos, na obra de restauração da
Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Donana, em Campos dos Goytacazes, no
32

Estado do Rio de Janeiro, executada no ano de 2002. As paredes da igreja são


formadas por tijolos de barro cru, ou tijolo de adobe com 10 cm x 20 cm x 40 cm,
assentados com argamassa de cal, areia e barro. Esse tipo de alvenaria é sensível à
umidade e, para que ela tenha vida longa, é necessário que seu revestimento seja
íntegro e bem mantido.

A disseminação das fissuras (Foto 1), no caso da igreja, foi originada pela
desintegração dos frechais sobre as alvenarias, deixando as mesmas à mercê dos
empuxos horizontais dos caibros do telhado, segundo diagnóstico do engenheiro
Geraldo Fillizola. Após o escoramento das paredes e recuperação do telhado, com a
troca das peças comprometidas, eliminou-se a causa das deformações e das
fissuras, possibilitando então a consolidação da alvenaria.

Foto 1 – Fissura em alvenaria de adobe


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Para substituir os tijolos danificados, um muro em adobe arruinado, na divisa


do pátio da igreja, foi desmontado, e seus tijolos reaproveitados, diminuindo assim o
custo do serviço. Algumas paredes da igreja, com 1 m de largura na base, tinham
fissuras transpassantes importantes. O tratamento consistiu na retirada dos tijolos
superficiais, anexos à fissura em seguimentos de 1 m de extensão ao longo da
mesma, limpeza, saturação com água e assentamento dos tijolos, com substituição
daqueles danificados, fazendo os mesmos atravessarem a projeção original da
33

fissura, deixando-a assim costurada. O serviço era executado em uma face de cada
vez. Nas camadas centrais, evitava-se a retirada de tijolos devido à dificuldade e
preferencialmente embrechava-se as gretas maiores com argamassa e cacos
cerâmicos. A produção média de 1 pedreiro e 1 ajudante é de 1 m/h por face de
parede. A resistência da argamassa de assentamento encontrada na edificação era
baixa e favoreceu a retirada dos tijolos próximos às fissuras. No caso de
argamassas mais resistentes, assentando tijolos cozidos, a produção da equipe de
trabalho será tanto menor quanto maior for a resistência da alvenaria. Após a
consolidação da fissura, o revestimento foi recomposto com argamassa cuja textura
era compatível com a argamassa original remanescente. O detalhe executivo da
costura de fissura está representado nas figuras 1, 2 e 3.

Figura 1 - Retirada do revestimento e dos tijolos no terço central


Fonte: Cerne Engenharia e Projetos
34

Figura 2 – Substituição e retirada de tijolos


Fonte: Cerne Engenharia e Projetos

Figura 3 – Término da substituição dos tijolos e revestimento da consolidação


Fonte: Cerne Engenharia e Projetos
35

2.4.2 Consolidação de fissuras em alvenaria de cal e pedra

A consolidação de fissuras em alvenaria de cal e pedra, estudada neste item,


foi executada pela Concrejato Restauro, na obra das Casas Casadas, após
monitoramento através de testemunhos de gesso, os quais demonstraram a
estabilização da estrutura. O serviço de consolidação seguiu as recomendações do
consultor estrutural Bruno Del Soldato.

Diferentemente do tratamento de fissura em alvenaria de tijolo maciço, em


que a regularidade e o peso dos blocos favorecem a retirada dos elementos
danificados para a substituição por blocos novos, com devida amarração, a alvenaria
de pedra geralmente é formada por blocos irregulares e pesados, que, amarrados
aos blocos anexos, praticamente inviabilizam a substituição daqueles que foram
transpassados por fissuras. Assim para a consolidação da fissura recomenda-se a
seqüência de procedimentos descritos a seguir:
• escarificação da argamassa de revestimento ao longo da fissura, em forma de
V, para uma melhor ancoragem da argamassa de colmatação em ambos os
lados da alvenaria;
• furação com broca de 25 mm ao longo da fissura, em níveis múltiplos de 50
cm, até o centro da parede, com inclinação descendente de 45º no sentido de
fora para dentro, para instalação de dreno purgador de 20 mm, em mangueira
cristal, em um dos lados da alvenaria, conforme Figuras 4;
• limpeza do volume interno da fissura com jato de ar;
• inserção dos drenos purgadores nos furos produzidos e fixação dos mesmos
com cola e colmatação da fissura escarificada nas duas faces da parede, com
argamassa forte de cimento, areia e saibro no traço 1:2:2;
• verificação da intercomunicação entre drenos através de jato de ar;
• início da injeção pelo dreno inferior, com pasta de cimento, diluída em água,
para diminuição da viscosidade e aumento da penetração. A alimentação do
fluxo da injeção é feita com a adaptação de um funil à mangueira cristal;
• interrupção da injeção e fechamento do dreno assim que o purgador
imediatamente acima drenar;
36

• reinício da injeção pelo dreno que transbordou e repetição dessa seqüência


até que toda a fissura seja completada, ou seja até o transbordamento do
dreno mais alto. O aplicador da calda deverá ser auxiliado no monitoramento
da colmatação da fissura no lado oposto à aplicação, a qual eventualmente
pode romper devido à pressão hidroestática da calda injetada;
• após 24 h, as pontas excedentes dos purgadores podem ser cortadas e a
argamassa de colmatação ser retirada para aplicação do acabamento
definitivo.

Figura 4– Vista da fissura e esquema da furação


Fonte – Cerne Engenharia e Projetos

2.4.3 Reestruturação de alvenaria de pau a pique

A porosidade e a permeabilidade dos materiais que compõem o pau a pique o


tornam vulnerável à ação da umidade, que, com o passar do tempo, acaba
comprometendo a estrutura de madeira em seu interior. A umidade presente na
argamassa de barro, utilizada para preencher o reticulado de vazios da estrutura de
madeira, é responsável pelo início do processo de degradação da madeira e pode
propiciar o ataque de agentes biológicos. Os tabiques encontrados no Solar
Visconde do Rio Seco, na Praça Tiradentes, e nas Casas Casadas, nas Laranjeiras
(o autor desta dissertação trabalhou como engenheiro residente nestas duas
37

edificações), na Cidade do Rio de Janeiro, ambas centenárias, tinham suas


estruturas de madeira praticamente desintegradas pela ação de xilófagos.

Algumas paredes de pau a pique, das Casas Casadas, aparentemente em


bom estado, eram reprovadas no teste de percussão no revestimento, com
percussão mais moderada que o teste em revestimento de argamassas de cimento
Portland. Após a retirada do revestimento, foi revelado o precário estado da estrutura
interna de madeira (Foto 2). Seguiu-se então a remoção das varas, que são
pequenas madeiras, de seção circular, aplicadas na horizontal, que estavam
totalmente deteriorados, e de algumas réguas, elementos verticais, apodrecidos,
para posterior substituição por elementos novos em madeira de lei (Foto 3). Para
reforçar o pau a pique, foram aplicadas malhas de fio de aço galvanizado, também
chamadas de telas de galinheiro, em ambos os lados da estrutura, amarradas com
fio de aço galvanizado. A estrutura foi pulverizada através de aspersor manual, com
o princípio ativo fenil pirazol, diluído em querosene desodorizado na proporção de
1:100, para imunização. Os vazios da estrutura foram então recheados
manualmente com argamassa com pasta de cal hidratada em pó, areia e terra
vermelha (no traço 1:5:3), uma técnica conhecida como taipa de sopapo. Segundo
Leal (1977, p.35), as terras mais usadas são a vermelha e a roxa, que proporcionam
liga na medida adequada ao manuseio. Após a cura desse recheio, 24 horas no
mínimo, a nova superfície estava apta a receber uma camada de chapisco e ser
emboçada com argamassa de cal e areia, como uma parede comum.
38

Foto 2 - Tabique sem revestimento Foto 3 – Fasquios novos colocados


Fonte: Marcio Joppert Fonte: Marcio Joppert

2.5 CONSOLIDAÇÃO DE REBOCOS À BASE DE CAL

Algumas vezes o reboco descola-se do emboço, podendo desplacar ou


permanecer na mesma posição. Esse fenômeno pode ocorrer devido à deficiência
na ligação física, no caso de reboco aplicado sobre emboço liso, ou à fraqueza da
ligação química, que ocorre quando o reboco é aplicado sobre emboço carbonatado
sem a devida preparação. Pode ser também em decorrência da incompatibilidade
dimensional entre as duas camadas, causada por diferenças no módulo de
elasticidade e/ou no coeficiente de dilatação térmica.

A consolidação pretendida neste trabalho só é possível quando o reboco a ser


tratado conserva alguma integridade. A percepção dos trechos de reboco
descolados pode ser obtida através da percussão com martelo de borracha, que
produz um som cavo, característico do descolamento. Alguns rebocos chegam a
estufar, deixando evidente o defeito da superfície curva em relação à prumada do
revestimento, dispensando a verificação percussiva.
39

Definida a área a ser consolidada, é executada uma série de furos com broca
de vídea, de diâmetro 8 mm, espaçados de 25 cm, até a profundidade do
descolamento, de maneira que os furos se distribuam de maneira uniforme sobre a
superfície afetada. Utilizando-se seringa de 60 cc, de uso veterinário, é feita
inicialmente a saturação dos tecidos a serem ligados, com água através dos furos
abertos. A seguir é feita a injeção de resina de base acrílica, diluída em água na
proporção de 1:1, que pode ser carregada com carbonato de cálcio, completando
primeiro a linha de furos mais baixa e prosseguindo no sentido ascendente,
tomando-se cuidado com possíveis vazamentos, os quais podem ser fechados com
pasta de gesso, assim como os furos completados com a resina. No caso de
superfícies muito grandes ou instáveis é conveniente precaver-se contra o empuxo
da consolidação, que tende a aumentar o estufamento ou até mesmo arruinar o
reboco remanescente, utilizando-se uma fôrma para contenção, revestida com
espuma, do parâmento vertical a consolidar, fixada com escoras inclinadas apoiadas
no pavimento ou buchas e parafusos alojados na alvenaria periférica que esteja com
o revestimento em bom estado.

2.6 MINORAÇÃO DOS EFEITOS DA UMIDADE ASCENDENTE

Uma edificação bem conservada deve ser estanque pelo telhado, pelas
fachadas, pelas empenas, pelas instalações e pelas fundações. Mesmo um bom
programa de manutenção de edificação antiga pode sofrer os efeitos danosos da
ascensão capilar da umidade, proveniente do solo de fundação, caso a mesma
esteja situada em uma formação geológica retentora de umidade ou com o lençol
freático esteja próximo da superfície. Esse aqüífero pode conter sais solúveis
dissolvidos. Além disso, existe a possibilidade da percolação de água através da
alvenaria dissolver outros compostos solúveis das argamassas de assentamento e
de revestimento, lixiviando as argamassas.

Entre os efeitos da umidade do subsolo está a formação de eflorescências na


superfície do revestimento, em região situada pouco acima do nível do terreno. É
uma situação que apresenta a inconveniência de manchar a pintura das paredes,
mas indica também que a água esta evaporando na superfície e os sais dissolvidos,
40

contidos nela, estão sendo eliminados. Pior acontece quando a evaporação da água
acontece no interior da alvenaria. Ao evaporar, a água precipita os sais solúveis que
se depositam nos vazios e passam por um processo de cristalização. A cristalização
de sais é um fenômeno expansivo e em função do tamanho do poro, em algum
momento a pressão da dilatação cristalina sobrepujará a coesão da matriz da
argamassa e ou dos blocos formadores da alvenaria. Nesse momento haverá a
ruptura e a desestruturação da alvenaria.

A dessalinização da alvenaria de uma edificação antiga, construída com


materiais porosos e permeáveis, não é um objetivo tão custoso e que deve ser
implementado. Abaixo está uma rotina de dessalinização prescrita pelo prof. Nelson
Porto Ribeiro, que normalmente atinge o objetivo:

• demolição e retirada da argamassa de revestimento contaminada;

• ensacar e retirar imediatamente da obra os escombros;

• retirar a argamassa de assentamento até a profundidade 15 mm;

• lavar a alvenaria com água abundante e esfregar com escova de nylon;

• se for necessário deverá ser aplicado emplastos de pasta de cal, que age
como um seqüestrador de sais;

• repetir o procedimento de lavagem com retirada da pasta de cal e deixar


secar.

Em edificação assentada em terreno úmido, sujeita a freqüentes


manutenções da pintura e caso a dessalinização da argamassa não seja necessária,
pode-se executar uma canaleta de drenagem em torno da edificação, para rebaixar
o nível do lençol freático, de forma localizada, e minimizar o acesso de água até a
alvenaria histórica. Esse tipo de intervenção foi executado na Igreja Nossa Senhora
da Luz, na praia da Luz em São Gonçalo, defronte à baía de Guanabara. Os
41

detalhes da canaleta executada estão nas figuras 5 e 6, sendo os materiais listados


abaixo correspondidos pela numeração da segunda figura.

1. alvenaria periférica da edificação;

2. tabeira em argamassa de cimento e areia (1:3), aditivada com


impermeabilizante e espessura de 3 cm;

3. tampa em grelha de ferro fundido;

4. concreto magro;

5. trincheira drenante (seixo rolado com diâmetro ¾” a 1½”), ver Foto 4;

6. enchimento em bloco de concreto;

7. mesma argamassa de 2;

8. pintura impermeabilizante;

9. placa pré moldada drenante, ver Foto 5;

10. geotêxtil filtrante;

11. placa pré moldada estabilizadora;

12. fundo pré moldado, assentado sob solo firme, com caimento de 1 %, ver
Foto 6.
42

Figura 5 - Seção típica da canaleta


Fonte: Arquivo da Ópera Prima
43

Figura 6 – Detalhe das placas drenante e de estabilização


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 4 – Trincheira drenante


Fonte: Arquivo da Ópera Prima
44

Foto 5 – Placa drenante


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 6 – Fundo da calha


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

2.6 CONSOLIDAÇÃO DE MADEIRA COM ENXERTO DE PRÓTESE

A interrupção do processo de degradação da madeira pode levar a situações


em que a peça anômala ainda possui capacidade resiliente, estando em condições
de continuar a desempenhar sua função estrutural. Nos casos em que há
deterioração de tecido lenhoso, este deverá ser removido, com ferramentas manuais
ou elétricas, até uma profundidade em que a madeira encontre-se sã e tenha boas
condições de aderência. A retirada da parte deteriorada elimina odores atraentes a
possíveis hóspedes xilófagos.
45

No caso de peças que possam ser removidas para uma posição favorável ao
trabalho, caso seja conveniente, é possível então executar a consolidação, que nos
caso de pequenos volumes pode ser feita com uma prótese de argamassa em que o
aglutinante é uma resina termo endurecida e a carga pode ser areia fina com
umidade zero, especialmente preparada para este fim ou um outro tipo de carga
neutra, como a vermiculita. Quanto às resinas, numa escala decrescente de
resistência e de custo, tem-se a resina epóxi, de poliéster e de base acrílica, entre
outras, sendo esta última indicada apenas para serviços, não estruturais, de
estucatura, que deverão ser escolhidas em função da importância do serviço e da
disponibilidade de recursos do contratante. Escolhidos os tipos de resina e de carga,
deve-se ter atenção ao pot life, ou seja, ao tempo disponível de trabalho após a
mistura dos componentes: resina e endurecedor, no caso da resina epóxi, ou resina
e catalisador, no caso da resina de poliéster, que em ambos os casos têm o pot life
influenciado pela temperatura, quanto mais elevada ela for mais rápido se dará o
endurecimento. O restaurador experiente mistura os componentes, em quantidades
adequadas a cada etapa da consolidação, para evitar o desperdício de material.
Antes de se adicionar o agregado deve ser separada uma pequena quantidade da
resina, para fazer-se a imprimação da cavidade, para uma melhor penetração na
superfície da madeira. Um traço de argamassa que mostrou uma boa performance
foi a adição de 1 kg de areia preparada para 1 kg de Sikadur 32 gel. Essa resina
possui baixa viscosidade e é específica para penetrar em pequenos orifícios. A
adição crescente de carga eleva a viscosidade da mistura, diminuindo assim sua
capacidade de penetração.

Quando é inviável a retirada da peça a ser consolidada e a aplicação deve ser


feita em cavidade executada em sua parte inferior, a tendência é o escorrimento do
reparo. Nessas situações deve-se escolher uma resina que possua propriedades
tixotrópicas, como a Sikadur 31.

Caso o volume a ser preenchido seja grande, e aumente o consumo de


resina, com conseqüente elevação no custo, pode ficar interessante a utilização de
prótese em madeira seca, com características semelhantes à madeira a ser
consolidada, colada com resina. Nesse caso deverá ser feita previamente a
46

preparação da cavidade, que retirará o tecido deteriorado e uma parte de tecido


sadio, formando um prisma de base retangular com geometria idêntica à da prótese
a ser enxertada. A definição do volume a ser retirado poderá ser feita utilizando-se
um traçador elétrico, dotado de gabarito paralelo, e um formão afiado, para definição
das esquinas da base. A retirada das fibras mais fundas pode ser feita com uma
tupia portátil de alta rotação e a limpeza final com um formão. O fundo da cavidade
deve ser plano e paralelo à superfície externa da peça. O serviço feito com
qualidade é reconhecido quando a colocação da prótese é feita de maneira ajustada,
ou seja, com pequena folga e pouco espaço para ser completado com resina. A
inserção completa da prótese ajustada necessita da energia de algumas marteladas,
com martelo de madeira dura, com a expulsão do excesso de resina, o qual
oportunamente poderá ser removido.

2.7 EMENDA EM VIGA DE MADEIRA REFORÇADA COM TALAS DE AÇO

A composição de custo desse tipo de reforço pode servir de parâmetro para


compor o custo de outro tipo de reforço em estrutura de madeira, que utilize
elementos de aço aparafusados. Essa emenda foi executada algumas vezes nas
Casas Casadas em Laranjeiras na cidade do Rio de Janeiro, onde foram
apropriadas todas as etapas do serviço.

As Casas Casadas compõem um edifício de três pavimentos, com seis casas


geminadas, em que apenas a casa quatro seria restaurada e as outras cinco teriam
apenas as fachadas, as paredes estruturais divisórias das unidades e o
madeiramento do telhado preservados e recuperados, sendo o restante da
edificação demolido, devido ao adiantado estado de deterioração em que se
encontravam. As paredes divisórias estruturais, feitas em alvenaria de pedra
assentada com argamassa de cal e areia, engastavam o barroteamento e estavam
afastadas sete metros umas das outras. O barroteamento, feito em ipê com seção
de 16cm x 20 cm suportava os assoalhos e os forros, e apresentava-se em vários
locais arruinado, principalmente próximo dos apoios, devido à umidade da alvenaria.
47

Foi contratado um empreiteiro para executar o arrancamento de todo


madeiramento, dos pavimentos 1, 2 e 3, começando pelos forros e sancas e
seguidos pelos assoalhos. Por último, restou o arrancamento dos barrotes
espaçados de 60 cm, muitos em bom estado, que se engastavam e contraventavam
as paredes divisórias. Cada barrote, com comprimento total de 7,60 m, pesava
aproximadamente 220 kg e estava imerso 30 cm na alvenaria. Para facilitar a
retirada e o transporte dos barrotes, a equipe de demolição os cortou em seções
afastadas de 20 cm das alvenarias. Após a retirada, restou um grande estoque de
barrotes, em bom estado, com aproximadamente 6,60 m de comprimento.

No trabalho de restauração da casa IV houve a necessidade de consolidar


barrotes usando a técnica de enxertos com argamassa de resina carregada com
areia ou com prótese de madeira, ambas já comentadas neste estudo. As peças que
apresentavam degradação superior a 30 % eram descartadas e teriam de ser
substituídas por novas. O problema foi a dificuldade de encontrar peças de madeira
com as características geométricas das originais, tanto na seção quanto no
comprimento. Assim, com a disponibilidade de barrotes originais estocados, foram
feitas as emendas de topo dos barrotes, solidarizados com talas em chapa de aço
com espessura de 8 mm, fixados com barras rosqueadas, arruelas e porcas de
diâmetro 16 mm, conforme detalhe fornecido pelo engenheiro Bruno Del Soldato,
reproduzido na Figura 7. As emendas foram concebidas para trabalhar numa
situação limite extrema a 1 m de distância do apoio. Após a execução das emendas
(Foto 7), os barrotes foram assentados em berço preparado na alvenaria, de
maneira que as emendas em barrotes vizinhos ficassem alternadas.
48

Figura 7 – Detalhe da tala de aço


Fonte: Carla Codeço Coelho
Foto 7 – Emenda de topo com talas de aço
Fonte: Marcio Joppert

2.8 RECONSTRUÇÃO ESQUADRIAS EM MADEIRA

As esquadrias de portas e janelas, do período colonial, são estruturas com


detalhamento simples e consistem normalmente na união lateral de tábuas, lavradas
manualmente, com encaixe ao longo da espessura à meia madeira e reforçadas com
travessas cravadas ou cavilhadas, onde normalmente são instaladas as dobradiças,
conforme figura 8.

Em algumas esquadrias, com avarias menos importantes, é possível


preencher pequenos volumes com próteses, utilizando a técnica desenvolvida no
item 2.7, no próprio canteiro de obras. No caso de uma tábua, componente da
esquadria estar muito deteriorada, a esquadria deverá ser desmontada, para esse
elemento deteriorado ser substituído por um novo, confeccionado conforme o
modelo original em madeira seca e similar à utilizada na esquadria. A reprodução
dos modelos originais pode exigir a utilização de ferramentas capazes de executar
rebaixos e encaixes, nem sempre disponíveis na obra.

Em algumas obras, que tenham em seu escopo a restauração de esquadrias,


pode ser possível fazer-se a desmontagem, por exemplo, de duas esquadrias iguais
avariadas, que combinadas resultem em uma esquadria nova e bem acabada,
tendo-se praticamente apenas o custo da mão de obra na execução da
desmontagem/remontagem dessa esquadria resultante. Restam a fabricação e
49

montagem de esquadria para substituir aquela que foi desmontada para


reaproveitamento.

Em geral, as empresas responsáveis pela obra de restauração não possuem


em seu quadro funcional, carpinteiros de esquadria qualificados para desenvolverem
completamente a fabricação de uma esquadria. Normalmente são convidados
alguns carpinteiros autônomos, que avaliam o serviço e que concorrem pelo menor
preço.

Uma forma de se calcular o custo deste item pode ser desenvolvido levando-
se em consideração um determinado modelo de esquadria, o tempo gasto pela
equipe de carpinteiro e ajudante, os materiais empregados e um prêmio dado à
equipe como um incentivo a produção.

Figura 8 – Esquema da porta com elevação e corte


Desenho: Carla Codeço Coelho
50

2.9 RECUPERAÇÃO DE TELHADO COLONIAL

O telhado objeto deste estudo cobre a Casa do Bispo, situada no Rio


Comprido, na cidade do Rio de Janeiro. A edificação, construída no século XVIII e
reformada no século XIX, é um patrimônio tombado pelo IPHAN, onde na época da
obra funcionava a Fundação Roberto Marinho, que solicitou a recuperação do
entelhamento colonial constituído de telhas capa e canal com 50 cm de comprimento
útil.

O motivo da solicitação deveu-se à instabilidade das telhas capa, decorrente


de um detalhe construtivo mal realizado. Normalmente este tipo de telha é fixado à
ripa com fio metálico em forma de duplo gancho, para evitar o escorregamento e ou
o arrancamento em fortes ventanias. O detalhe encontrado era também um fio com
duplo gancho, mas nenhuma telha era fixada ao madeiramento. A última telha,
próxima à cumeeira, era enganchada na penúltima, que era enganchada na
antepenúltima, e assim sucessivamente, até a terceira telha. Esta telha sem gancho,
situada sobre a alvenaria, era argamassada num detalhe colonial conhecido como
cachorro. Aconteceu algumas vezes de uma fiada inteira, a partir da terceira,
deslizar e cair na calçada, próximo a veículos estacionados.

Por tratar-se de edificação tombada, foi exigido pelo órgão fiscalizador que,
além dos serviços normalmente executados em recuperação de telhados, fosse
aplicada uma subcobertura, com a propriedade de ser impermeável à água infiltrada
por alguma telha que por ventura esteja quebrada e ao mesmo tempo permeável à
fuga de vapores provenientes do forro. A seguir está uma relação dos serviços
contratados e executados:

• montagem de plataforma de serviço, apoiada em andaime fachadeiro


devidamente contraventado, 1 m abaixo do beiral;

• instalação de acesso provisório, em tábua com detalhe anti derrapante, sobre


o telhado;
51

• retirada cuidadosa das telhas, para possibilitar a visita ao forro, para executar
a sua proteção com chapas (madeirite, eucatex ou espuma com densidade
45) e para implantação de passarelas de acesso, ver cobertura destelhada na
Foto 8;

• demolição da telha argamassada de cumeeira e retirada dos escombros;

• retirada cuidadosa das telhas argamassadas no cachorro;

• demolição das telhas argamassadas sobre a empena e retirada dos


escombros;

• retirada cuidadosa das ripas para serem reaproveitadas;

• varredura com vassoura de piaçava dos caibros e demais peças de madeira


situadas próximas do entelhamento;

• limpeza com retirada de pregos dos caibros;

• higienização do forro em gamela, compreendendo catação manual, varredura


e aspiração mecânica e retirada do entulho;

• desenvolvimento de subcobertura Tyvek, fixada provisoriamente com prego G


15 x 15 e arruela confeccionada em fórmica, com transpasse de 10 cm em
cada desenvolvimento, (ver Foto 9);

• imprimação com fenil pirazol, diluído em querosene desodorizado na


proporção 1:100, de toda ripa nova, em maçaranduba, introduzida;

• colocação de ripa espaçadora sobre os caibros, chamada de contra-caibro,


pregada com prego G 16 x 21, para fixação e proteção da subcobertura, (ver
Foto 10);
52

• colocação de ripa com galgação adequada ao comprimento da telha, pregada


com prego G 17 x 27, (ver Foto 10);

• colocação de calha de drenagem, com diâmetro 75 mm, assentada com


argamassa sob o cachorro e colada com silicone na borda da 1ª subcobertura
desenvolvida. Essa calha possui drenos de 3/8” que atravessam a alvenaria a
cada 6 m e podem pingar eventualmente, caso alguma telha quebre,
conforme a Figura 9.

• limpeza das telhas, passíveis de reaproveitamento, com detergente neutro e


escovas de nylon;

• corte e dobra de gancho em fio de cobre, com diâmetro de 2 mm, para fixação
de todas as telhas no ripamento;

• preparo de argamassa de cimento, areia e terra vermelha no traço 1:3:3, para


assentamento de todas as telhas;

• assentamento das telhas, (ver Foto 11);

• corte das últimas telhas próximas à cumeeira, caso seja necessário e


assentamento delas;

• corte de cacos de telhas para confecção de bebedouro na cumeeira, (ver Foto


14);

• colocação de suspiro de 3
/8”, em mangueira cristal na cumeeira, para
eliminação dos vapores, (ver Foto 14);

• colocação das telhas de capa da cumeeira com argamassa;

• arremate da massa de assentamento da cumeeira;

• corte das telhas nos rincões e espigões e assentamento delas, (ver Foto 12);
53

• arremate com massa dos rincões, (ver Foto 13);

• corte de cacos de telhas para confecção de bebedouro nos espigões;

• colocação das telhas de capa do espigão com argamassa e arremate da


massa;

• arremate das telhas sobre as empenas;

• limpeza do telhado;

• arremate da cimalha no beiral e limpeza da alvenaria;

• caiação da parte superior das fachadas e empenas;

• desmontagem e desmobilização dos andaimes.

Figura 9 – Detalhe da calha de drenagem


Desenho: Carla Codeço Coelho
54

Durante o desenvolvimento dos serviços existe uma rotina diária básica, que
é a proteção provisória com lona emborrachada pesada, do tipo carreteiro, aberta no
início do expediente e fechada ao final da jornada de trabalho. Essa lona deve ser
firmemente esticada e presa com tirantes de nylon aos andaimes na parte inferior e
na parte superior deve cobrir a cumeeira e estar ancorada ao outro lado da
edificação por meio de tirantes, conforme Foto 15.

Foto 8 – Cobertura destelhada


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 9 – Desenvolvimento de sub cobertura Tyvek


Fonte: Arquivo da Ópera Prima
55

Foto 10 – Aplicação de contra caibro e ripamento


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 11 – Assentamento de telhas


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 12 – Corte de acabamento do rincão


Fonte: Arquivo da Ópera Prima
56

Foto 13 – Telhado arrematado


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 14 – Cumeeira com bebedouro/suspiro


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 15 – Movimentação diária da proteção provisória


Fonte: Arquivo da Ópera Prima
57

2.10 RESTAURAÇÃO DE CANTARIAS EM GNAISSE

As rochas podem ser classificadas quanto à gênese em três grupos


principais: as ígneas, que são formadas pelo resfriamento do magma oriundo da
crosta e do manto superior, as sedimentares, que são consolidadas pela cimentação
de depósitos de sedimentos erodidos e as metamórficas, que são resultantes de
transformações físico-químicas, decorrentes do aumento de temperatura e pressão,
sofridas pelas rochas dos dois primeiros grupos.

O gnaisse é uma rocha metamórfica, derivada do granito, que sofreu


transformações físicas decorrentes de alterações geológicas, como o processo de
formação de montanhas e/ou pela proximidade de magma no interior da crosta
terrestre, em que houve a elevação da temperatura e da pressão. Pode ser
identificado pela separação em camadas dos minerais constituintes, pela pouca
quantidade de matriz entre os grãos bem desenvolvidos, com moderado coeficiente
de dilatação térmica e orientação constante dos cristais (BRAGA, 2003, p.27).

A cidade do Rio de Janeiro está assentada sobre uma grande formação


gnáissica, que aflora em diversos pontos com composições ligeiramente
modificadas. A disponibilidade desse material propiciou seu uso em diferentes
períodos da história carioca. O gnaisse pode ser encontrado, na forma aparente,
com as faces afeiçoadas, estruturando embasamentos de alvenarias, arrematando o
contorno de vãos, decorando escadas e balaustradas, etc, ou na forma bruta, em
blocos assentados com ou sem argamassa, em alvenarias e ou muros revestidos ou
aparentes. Essa pedra às vezes é confundida, sendo indevidamente chamada de
granito devido à semelhança e constituição idêntica. Em sua composição
predominam os minerais silicosos, sendo os principais o feldspato, o quartzo, a mica,
o anfibólio e o piroxênio. A estratificação em camadas dos grãos é uma
característica que distingue o gnaisse da falta de orientação definida na textura dos
granitos. O gnaisse, assim como o granito, é muito duro e resiste bem à abrasão, e
no Rio de Janeiro foi muito utilizado como pavimentação, na forma de
paralelepípedos.
58

O caráter geológico e mineralógico que proporciona aos gnaisses uma boa


longevidade também é responsável pelo encarecimento da mão de obra empregada
no afeiçoamento manual de cantarias. O canteiro, que é o profissional encarregado
de dar feição às pedras, é raro de ser encontrado, segundo OLIVEIRA (1996, p.65).
Os principais agentes causadores de deterioração nos gnaisses são as infiltrações
causadas por chuvas ácidas, devido à poluição atmosférica, e pela umidade, que
pode conter sais solúveis e ações mecânicas. Esses agentes podem propiciar
desfolhamentos paralelos ao plano de clivagem da pedra, criando espaço para o
crescimento de vegetação oportunista.

Abaixo está apresentada uma série de serviços, com os procedimentos


apropriados a restauração de cantarias gnáissicas. Esses procedimentos foram
retirados de um relatório técnico, elaborado pela empresa Velatura Restaurações
Ltda, componente do projeto de restauração das fachadas do prédio do MECIR,
antiga caixa de amortização, de propriedade do Banco Central, no Centro do Rio de
Janeiro.
• “aplicação de biocida para extermínio de pátinas biológica e de vegetação
já desenvolvida;
• execução de limpeza inicial, que deve ser feita com água corrente,
detergente com pH neutro (Detertec 7) a 5%, e o uso de escovas de
cerdas macias. Antes do início da limpeza, áreas que apresentarem
desfolhamento e/ou desagregação por pulverulência, devem ser
demarcadas para que não sofram ainda mais com o processo de limpeza
com escovação, (ver Foto 16);

• retirada de manchas ocasionadas por ataques diversos às rochas, que


normalmente é uma operação delicada, porque envolve uma série de
procedimentos que não são muitos simples e nem sempre apresentam
resultados satisfatórios, de forma que o restaurador experiente já está
acostumado a ter que conviver com determinados tipos de manchas para
não ter que optar por soluções radicais, que acabam atacando a
integridade física das rochas históricas, ou seja, muitas vezes é preferível
a mancha do que correr o risco de se deteriorar mais ainda a pedra. No
59

caso, as manchas verificadas são pátinas de material inorgânico, sendo as


amareladas provenientes de determinados elementos da constituição do
gnaisse, como óxidos de ferro. Os procedimentos propostos são adotados
há longo tempo por experimentados restauradores do Centro Internacional
para o Estudo da Preservação e Restauração de Bens Culturais
(ICCROM) de Roma. As manchas de material inorgânico (escuras)
encontradas tendem a sair totalmente com a simples lavagem. Contudo,
em casos onde isso não se verificar, deverá ser usado emplastros com a
fórmula AB57 do ICCROM: para cada litro de água deverá ser adicionado:

o 30g de bicarbonato de amônia;

o 50g de bicarbonato de sódio;

o 25 g de EDTA (sal bisódica);

o 60 g de carboximetilcelulose, agente tixotrópico, que não apenas


fixa a mistura em paramentos verticais, mas, sobretudo, mantém a
solução, à base de sais solúveis, na superfície pétrea, impedindo a
penetração demasiada da mesma, devido à alta viscosidade, o que
poderia ser prejudicial à pedra.

Essa formulação, aplicada com trincha (ver Foto 17), tem sido alterada com
sucesso, através da substituição do agente tixotrópico por polpa de papel na forma
de emplastro. O emplastro deverá ser protegido de uma rápida evaporação com
filme de polietileno, e, se necessário, com plástico preto por cima. A duração do
emplastro não deverá exceder sessenta minutos e, após a retirada do mesmo,
deverá ser efetuado enxágüe copioso com água corrente. A cargo da fiscalização da
obra, o emplastro poderá ser repetido outras vezes. As manchas de óxidos de ferro,
em geral com maior dificuldade para serem removidas, podem ser tratadas com
razoável sucesso utilizando-se o ácido oxálico aplicado de maneira controlada;

• aplicação de novo rejunte deverá ser executado com uma argamassa de


cal e areia no traço 1: 3 em volume, à qual é adicionado 10% do volume
60

da pasta de cal em resina polivinílica do tipo Rhodopás 503 D. A adição da


resina é conveniente para incrementar a plasticidade da argamassa ao
mesmo tempo em que, pela pequena quantidade adicionada, não
compromete sua permeabilidade. Poderá também, para efeito de igualar
coloração, ser juntado a esta argamassa gnaisse moído (ver Foto 18), em
proporção igual à areia que for retirada do traço inicial. Essa massa pode
ser útil, também, para o preenchimento de orifícios e falhas, que possam
significar um local privilegiado para a entrada de água (ver Foto 19);

• consolidação de áreas com desfolhamento far-se-á com a aplicação de


resina de poliéster injetada com seringa de injeção, de uso veterinário.
Para tanto, a área a ser consolidada deverá estar limpa, seca e sem
poeira. É importante que a resina a ser utilizada contenha protetivo contra
raios ultravioleta, pois a resina de poliéster, embora mais resistente que as
epoxídicas, também sofre a ação da luz. Para obtenção de uma resina
com viscosidade mais baixa, portanto com uma maior capacidade de
penetração, a mesma poderá ser diluída em estireno, que é o monômero
mais indicado. Os eventuais escorrimentos deverão ser limpos
imediatamente com estopa embebida em acetona, evitando-se que este
produto entre em contato com a superfície consolidada. Essa resina
poderá ser usada como adesivo caso haja necessidade de se consolidar
fragmentos e lascas soltas. No caso de próteses maiores e em posições
mais vulneráveis; é recomendável a utilização de pinos metálicos de aço
inox ou de latão;

• após as consolidações localizadas, com resina de poliéster, e após a cura


total desta resina, as pedras deverão novamente ser limpas com água
corrente e, após secagem, deverão receber tratamento final com
hidrofugante à base de silano-siloxano (Nitoprimer 40 da Fosroc). Este
produto deverá ser aplicado com trincha, por toda a superfície da pedra. A
propriedade mais útil deste produto é o poder hidrófugo que ele confere ao
material tratado, qualidade extremamente desejável para a conservação
61

do monumento arquitetônico. Contudo, eles são capazes também de


realizarem a consolidação da superfície pétrea”.

Algumas considerações podem ser feitas sobre esse relatório:

• o uso do carboximetilcelulose, encontrado apenas na Casa do


Restaurador em São Paulo, na formulação do AB57 encarece a mistura e
em um país como o Brasil, em desenvolvimento, ficaria inviável sua
utilização na construção civil, sendo o mesmo substituído, com
desvantagem técnica, pela polpa de papel. A utilização da formulação do
AB57, pode ser justificada na retirada de crostas negras de estátuas;

• caso seja necessário proceder a limpeza de mármores, deverá ser


adicionado a um litro d’água apenas carbonato de amônia;

• a recomendação de aplicação controlada do ácido oxálico, para retirada


de manchas de óxido de ferro em gnaisse, deveria ser mais enfática, pois
realmente uma aplicação menos criteriosa pode trazer bons resultados
imediatos, porém as conseqüências podem ser desastrosas pelo ataque
do ácido a outras intrusões, desse minério, disseminadas pela pedra;

• cabe frisar a diferença entre desfolhamento e desplacamento. A primeira


anomalia é o descolamento da superfície externa ou casca paralela ao
plano de clivagem da rocha, sem perda de volumetria, enquanto a
segunda é a evolução da primeira, que quando não tratada desprende-se
e cai (ver Foto 20);

• alguns produtos utilizados em restauração são controlados pela polícia


federal, como acetona e bicarbonato de amônia, sendo necessário a
obtenção de licença especial para sua compra e transporte.
62

Foto 16 – lavagem com adstringente e escovação


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 17 – três aplicações de AB57 sobre polpa de papel


Fonte: Arquivo da Ópera Prima
63

Foto 18 – Moagem de gnaisse


Fonte: Arquivo da Ópera Prima

Foto 19 – Colmatação de aberturas e falhas


Fonte: Arquivo da Ópera Prima
64

Foto 20 – Embasamento em gnaisse com desplacamento


Fonte: Arquivo a Ópera Prima

2.11 TRATAMENTO DE ELEMENTOS METÁLICOS

A descrição dos sub serviços abaixo é uma adaptação do relatório, já


mencionado no item anterior, do projeto de restauração das fachadas do prédio do
MECIR.

Para a limpeza e desoxidação das grades das janelas do embasamento, não


é conveniente que as mesmas sejam retiradas, e o trabalho deverá ser feito in loco.

No tratamento de superfícies metálicas corroídas existem três métodos


possíveis: o uso de solventes, o uso de redutores químicos e eletroquímicos, e
métodos mecânicos. Podem ser utilizados separadamente ou em conjunto. Aqui é
proposto o método mecânico com o uso de espátulas e escovas de aço para retirada
do grosso da pintura existente, seguida de uma limpeza por chama: uma chama à
alta temperatura (oxi-acetilênica) é passada sobre a ferrugem, que devido à
diferença existente nos coeficientes de dilatação desta última e do ferro, esta salta
fora crepitando. Os materiais orgânicos são também eliminados por carbonização.

Para complementar a limpeza mecânica, deverá ser efetuada uma limpeza


química com a utilização de solventes clorados não inflamáveis (tricloroetano). Trata-
se de um processo muito efetivo para remoção de graxas e gorduras de peças
metálicas.

A princípio não foram observadas partes faltantes nos gradis da fachada do


MECIR; contudo, qualquer substituição deverá ser feita com a reposição de peças
de aço de mesma bitola e de mesma característica metalúrgica. Não serão admitidas
próteses em perfis metálicos comerciais.

Para o processo de soldagem das peças e próteses a serem inseridas,


deverá ser utilizado o processo da solda por pressão, onde se aceitará o tipo de
solda sob pressão por resistência elétrica.
65

Para inibir o desenvolvimento de ferrugem são usados, comumente, os


pigmentos anticorrosivos, como o zarcão (óxido vermelho de chumbo) ou os
cromatos, em especial o de zinco. Como preparação da base bastam os
procedimentos de limpeza já preconizados.

A pintura final de acabamento deverá ser à base de esmalte sintético, em


duas demãos, na coloração confirmada pelas prospecções.

Os sub serviços que comporão o tratamento de gradis sofreram algumas


alterações em relação ao relatório acima e estão identificados abaixo:

• deverá ser providenciada a proteção das superfícies próximas à área a ser


tratada, com plástico preto;

• escovação da grade com escova de aço;

• aplicação por pincelamento de redutor do tipo Remotem, Pintoff ou pasta


Wanda, para arrancamento da tinta;

• raspagem com espátula e escovação com escova de aço para retirada do


material de pintura amolecido;

• desengraxamento com thinner de segunda;

• preparação da base, com retirada de superfície corroída, utilizando-se


pistola de agulha;

• aplicação do pigmento inibidor de corrosão cromato de zinco;

• aplicação de esmalte sintético em duas demãos.


3 TRABALHO EXPERIMENTAL

Devido ao uso cada vez mais raro de pasta de cal virgem pura para produzir
argamassas para revestimentos e tintas para pinturas em obras novas, engenheiros
e arquitetos com menos de vinte anos de formação, nos grandes centros brasileiros,
acostumaram-se aos benefícios advindos do uso do cimento Portland, como a alta
resistência inicial e boa compacidade, e do excelente desempenho das tintas
sintéticas. Assim, o hábito de manipular cal virgem praticamente extinguiu-se entre
os mais jovens e as instruções para extinção da cal virgem, encontradas em
algumas fontes, não elucidam algumas dúvidas práticas do procedimento de
hidratação. Esse procedimento deve ser realizado por operários bem treinados e
equipados, em local próprio para este fim, dentro do canteiro de obras.

Com o objetivo de conhecer a boa técnica para uma hidratação segura,


experimentou-se hidratar 150 kg de cal virgem em pedra, servindo-se de caixa em
PVC no Laboratório de Estruturas, entre 23 de maio e 4 de junho de 2002, que
resultou em 0,24 m3 de pasta de cal pura.

Para aplicar as argamassas de revestimento, um dos objetivos desse estudo,


foi construída uma parede de tijolos furados de 10 cm x 20 cm x 20/30 cm, em ½
vez, assentada sobre o piso do laboratório (Foto 16), entre os dias 20 de maio e 20
de junho de 2002. A parede está confinada nas duas extremidades por pilares da
estrutura do prédio da Escola de Engenharia, possui cinta armada na parte superior
(Foto 17) e mede 1,90 m de altura por 3,45 m de extensão. Seus tijolos foram
assentados com argamassa de cimento, areia e barro vermelho, para dar liga, no
traço 1:3:3. Para definir o ponto acabado, do revestimento, foram utilizados
granzepes de cedrinho aparelhados, aplicados verticalmente, que serviram como
63

mestras perdidas para sarrafear a argamassa final de acabamento, e ficaram


incorporados ao revestimento.

A alvenaria foi revestida em um de seus lados com argamassa de cal e areia


no traço 1:3, dividida em 3 camadas de espessuras 15 mm, 15 mm e 10 mm,
precedidas de chapisco, sendo a última de acabamento. Em apenas um dos terços
deste lado, na camada de acabamento foi aplicada uma argamassa mais rica em
cal, com traço 1:1. O outro lado da parede foi revestido com três argamassas: cal e
terra preta (1:3); cimento, cal e areia (1:1:3) e cal, saibro macio e areia (1:1,5:1,5),
aplicadas lado a lado em três camadas de 10 mm, 10 mm e 5 mm sem chapiscar.

Foto 18 – Arranque da alvenaria


Fonte: Marcela Richa, 2002 Foto 19 – Cintamento da parede
Fonte: Marcio Joppert, 2002

Contrariando as recomendações de KANAN (III-1996), durante o preparo das


argamassas, em algumas medidas dos traços, foi necessário adicionar mais água
para misturar manualmente os ingredientes das argamassas e obter uma
consistência adequada ao trabalho. Além disso, a aplicação das camadas foi
realizada em dias muito quentes e com pulverização de água de cal apenas antes
do início e logo após o término das mesmas. Talvez a adição de mais água na
argamassa junto com procedimentos precários de cura, em dias de intenso calor,
seja justificativa para a disseminação de fissuras de retração em partes do
revestimento, em ambos os lados da parede.
64

A pequena escala do trabalho, a pouca disponibilidade de tempo para realizá-


lo, sendo o mesmo feito em etapas semanais, e a falta de experiência do aprendiz
de pedreiro encarregado de realizar o serviço de revestimento, demandou uma
quantidade de tempo superior aos tempos consumidos nas composições de
revestimento, encontradas na EMOP (1997) e TCPO (1975). Os revestimentos
executados foram suficientes para fornecer uma gradação da facilidade de aplicação
das quatro argamassas. A demanda dos insumos, mão de obra e materiais, que
serão utilizados para compor o custo da aplicação do revestimento, será feita com os
considerados pelas publicações especializadas, já citadas. Assim, numa escala
decrescente de trabalhabilidade, têm-se:

• cal e areia, 1:3;

• cimento, cal e areia, 1:1:3;

• cal, areia e saibro amarelado, 1:1,5:1,5;

• cal e terra preta, 1:3.

O trato dos agregados empregados no revestimento da parede foi apenas


eliminar a fração grossa com diâmetro superior a 5 mm. Caso haja necessidade de
equalização de textura entre argamassas novas e velhas, deverá ser analisada a
composição granulométrica da argamassa original e adquirir agregado com curva
granulométrica semelhante ao utilizado na amostra analisada, para diminuição do
refugo após a operação de cirandagem.

A recomendação de KANAN (III-1996) de estocar a argamassa pronta por


alguns dias, prevenindo contra carbonatação, para melhorar a sua consistência e
separação de um eventual excesso de água, só foi seguida uma única vez, com a
argamassa de cal e areia (1:1) aplicada em um dos terços da parede, pois não havia
disponibilidade de recipientes para estocagem da argamassa pronta.

A falta de unanimidade entre alguns autores e entre alguns práticos sobre a


diluição da cal em água e o número de demãos necessárias a uma cobertura eficaz
65

do revestimento foi a principal motivação para a construção da parede piloto. As


variações na diluição e no número de demãos necessárias englobam desde pasta
de cal e água (1:1) com 2 demãos até pasta de cal e água (1:5) com 10 demãos.

A caiação da parede piloto foi executada sem adição de pigmentos, ficando a


mesma, portanto, com a tonalidade clara. A diluição da pasta foi feita seguindo a
orientação de KANAN (V-1996), ou seja, 1:5. As demãos de pintura se deram em
dias quentes e nem todas respeitaram o intervalo de 24 h entre aplicações. Foi
aplicado um total de 10 demãos, distribuídas nos seguintes dias:

• 28 de setembro - 1a e 2a demãos, com intervalo de 4 h;

• 02 de outubro – 3a e 4a demãos, com intervalo de 2 h;

• 03 de outubro – 5a e 6a demãos, com intervalo de 2 h;

• 10 de outubro – 7a demão;

• 17 de outubro – 8a demão;

• 31 de outubro – 9a demão;

• 14 de novembro – 10a demão.

Como já foi comentado, em um terço de um lado da parede foi aplicada uma


camada de acabamento com argamassa de cal e areia e traço enriquecido de 1:1,
sendo o restante desse lado acabado com argamassa de cal e areia com traço 1:3.
A tonalidade da areia utilizada nas argamassas é bege encardido, que na
argamassa mais rica quase não é percebida, mas na outra argamassa fica evidente.
A aplicação das 10 demãos de caiação foi insuficiente para cobrir plenamente o
trecho revestido com argamassa 1:3, ficando perceptível sob a caiação a tonalidade
encardida dos grãos em alguns trechos do revestimento. Talvez a baixa cobertura da
caiação deva-se ao fato das 2a, 4a e 6a camadas terem sido aplicadas sob demãos
66

ainda úmidas. De qualquer forma será considerada na composição a aplicação de


10 demãos de uma pasta de cal diluída em água na relação 1:5.
4 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS

4.1 CRITÉRIOS CONSIDERADOS

A contribuição dos utensílios utilizados no custo de determinado serviço foi


calculada em função da produção do utensílio, em uma vida útil estimada com base
na experiência de campo. O inverso dessa produção ao longo da vida útil,
denominado nesta pesquisa de fator de utilização, multiplicado pelo custo de
aquisição do utensílio, representa o quanto o mesmo contribui para compor o custo
por unidade de serviço realizado.

A parcela de custo referente à mão de obra baseou-se na tabela de


salário/hora do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da
cidade do Rio de Janeiro, dissídio de agosto de 2003. A ela podem ser acrescidos
os encargos sociais relacionados por DIAS (2001, p.52), o vale transporte previsto
em lei, e outros eventuais benefícios oferecidos por empresas de construção, como
auxílio-alimentação, seguro saúde, etc. Na cidade do Rio de Janeiro, o vale
transporte pode corresponder a um acréscimo nominal de até 50 % sobre o salário
mensal, para o caso do servente (operário de menor remuneração entre os que
trabalham na construção civil), segundo DIAS (2001 p.46). O auxílio-alimentação,
considerando café da manha e almoço, pode corresponder a (22 x 4,50) / 424,60 =
23,32 % sobre o salário mensal do servente. Neste trabalho será considerado um
adicional médio de 40 % sobre o salário/hora, relativo aos benefícios de transporte e
alimentação. No Quadro 1 estão relacionados os encargos sociais incidentes sobre o
salário/hora.
67

Quadro 1 – Encargos incidentes sobre o salário/hora, adaptado de DIAS, P.R.V.

Uma Metodologia de Orçamentação Para Obras Civis,Rio de Janeiro, 2001

incidentes sobre o salário hora


incidente
descrição s/ hora
grupo A grupo B grupo C extra

INSS 20,0 20,0

SESI/SESC 1,5 1,5

SENAI/SESC 1,0 1,0

SEBRAE 0,6 0,6

INCRA 0,2 0,2

salário educação 2,5 2,5

seguro contra acidente de trabalho 3,0 3,0

FGTS 8,0 8,0

salário maternidade 0,0 0,0

repouso semanal remunerado 17,8 17,8

férias 14,8 14,8

feriados 4,4 4,4

aviso prévio trabalhado 2,6 2,6

auxílio-enfermidade 1,8 1,8

licença paternidade 0,0 0,0

13o salário 11,1 11,1

aviso prévio indenizado 6,8 6,8

depósito rescisão sem justa causa 3,2 3,2


68

INSS sobre 13o salário 1,0 1,0

FGTS sobre 13o salário 0,9 0,9

sub-totais 36,8 52,5 11,9 101,2

incidêcia cumulativa do grupo A sobre grupo B 19,3

total 120,5

Assim, os encargos sociais e demais benefícios considerados totalizam


160,5% sobre o salário/hora e se encontram no Quadro 2.

Quadro 2 – Salário-hora (agosto de 2003), encargos e alguns benefícios

custo da
salário-
categoria empresa: salário-
hora
hora x 2,605

mestre de obra 5,94 15,47

encarregado de obra 4,58 11,93

carpinteiro de esquadria 2,91 7,58

pedreiro 2,69 7,01

pintor 2,69 7,01

½ oficial 2,08 5,41

servente 1,93 5,02

4.2 HIDRATAÇÃO DA CAL

4.2.1 Considerações

No cálculo do custo dos utensílios utilizados foi levada em consideração a


durabilidade dos mesmos. A periodicidade mínima da hidratação/maturação da cal
69

virgem é de 15 dias. Assim, tomou-se como exemplo os utensílios mais robustos, os


quais foram considerados com uma vida útil equivalente a 48 quinzenas, que no
ritmo de 1000 kg de cal virgem consumida no período mínimo de maturação equivale
a 1,6 m3 pasta de cal produzida por quinzena, é suficiente para produzir 76,8 m3 de
pasta ao longo da vida útil. O inverso dessa cubagem (1 / 76,8 = 0,013) é o fator de
utilização dos utensílios mais duráveis. O fator de cada utensílio multiplicado pelo
seu custo resulta em quanto o utensílio contribui para compor o custo do m3 de pasta
produzida. No Quadro 3 estão resumidos a produção estimada e o respectivo fator
de utilização.

Quadro 3 – Produção estimada e fator de utilização

produção fator de utilização

48 quinzenas : 76,8 m3 1/76,8 = 0,013

24 quinzenas : 38,4 m3 1/38,4 = 0,026

12 quinzenas : 19,2 m3 1/19,2 = 0,052

6 quinzenas : 9,6 m3 1/9,6 = 0,104

4.2.2 Memória

O custo da etapa referente ao controle, com testes de qualidade da matéria


prima, são formadores do custo indireto e não serão considerados na composição do
serviço. O preço da tonelada de cal virgem, incluindo o frete, cotado no dia 15 de
julho de 2002, é de R$ 261,88. O custo dos utensílios utilizados na hidratação da cal
estão agrupados no Quadro 4.

A mão de obra necessária para a hidratação de 1000 kg de cal é equivalente


a dois dias de trabalho de ½ oficial, ou seja, dezoito horas. Para maturar esse peso
de material foi considerado o consumo de 1 h por dia durante 10 dias, o que resulta
70

em dez horas. Assim, para hidratar e maturar 1000 kg de material são consumidas
28 h de ½ oficial.

Quadro 4 – Custo dos utensílios utilizados

quanti- preço fator de parcela


utensílios utilizados unidade total
dade unitário utilização no custo

cx.amianto 500 l unidade 4 75,00 300,00 0,013 3,90

tonel 200 l unidade 4 25,00 100,00 0,013 1,30

tonel 70 l unidade 4 8,00 32,00 0,013 0,42

balde 12 l unidade 4 3,20 12,80 0,052 0,67

EPI conjunto 2 64,55 129,10 0,052 6,71

peneira # 2,36 mm m2 1 28,26 28,26 0,104 2,94

peneira # 20 mm m2 1 106,17 106,17 0,026 2,76

carrinho de tonel unidade 1 80,00 80,00 0,013 1,04

carrinho de mão unidade 1 35,00 35,00 0,026 0,91

enxada unidade 1 5,80 5,80 0,026 0,15

pá sem bico unidade 1 5,80 5,80 0,026 0,15

colher de pedreiro unidade 1 5,50 5,50 0,026 0,14

pá de madeira unidade 1 4,04 4,04 0,026 0,11

vassoura unidade 2 2,00 4,00 0,104 0,42

custo dos utensílios / m3 de pasta produzida (R$/m3) 21,61

No Quadro 5 é apresentada a demanda de insumos com seus respectivos


custos e o custo/m3 de pasta de cal hidratada:
71

Quadro 5 – Composição do custo da pasta de cal

insumo unidade quantidade custo unit. Total

cal t 0,625 261,88 163,68

utensílios cj 1 21,61 21,61

½ oficial h 28 5,41 151,48

total (R$/m3) 336,77

4.3 APLICAÇÃO DE ARGAMASSA

4.3.1 Considerações

Quando se restaura o revestimento de uma parede, os custos de alguns


procedimentos, nem sempre tão óbvios, devem ser considerados. Destacam-se
entre eles a mobilização/desmobilização e montagem/desmontagem de andaimes
metálicos, caso o trabalho seja desenvolvido em alturas superiores a dois metros,
preparo da superfície a ser restaurada e procedimentos de cura, se a superfície for
externa e exposta à insolação e ventos.
O trabalho de preparo da superfície a ser reparada vai depender do estado do
revestimento antigo. Em princípio, quanto mais deteriorado estiver o revestimento,
mais fácil torna-se a remoção das partes comprometidas. Evidentemente, se a razão
da deterioração for a presença de sais na alvenaria deverá ser procedida a sua
dessalinização, conforme os procedimentos descritos no item 2.5. No caso de
preparação de base para aplicação de prótese é de praxe circunscrever a zona
degradada com cortes retos, realizados com ferramenta rotativa, dotada de disco
diamantado, formando figuras geométricas regulares, e remover todo material
interno degradado. A observação no campo tem mostrado que 0,25 h de ½ oficial
são suficientes para remover o revestimento danificado, escovar a área para retirada
de partículas desagregadas e pulverizar água de cal para melhorar a ligação entre a
alvenaria e o chapisco em 1 m2 de parede.
72

Neste trabalho, além do umedecimento posterior das 4 camadas aplicadas (1


de chapisco, 2 de enchimento e 1 de acabamento) é prevista a colocação de lona
plástica de proteção, emoldurada com ripas de maçaranduba, contra o vento e a
insolação, sobre a superfície acabada, por pelo menos 5 dias. Nesse intervalo é
estimado que se consuma mais 0,75 h/m2 (3 minutos x 3 vezes/dia x 5 dias) de
servente para umedecer com borrifação o reparo executado três vezes em cada um
dos cinco dias de cura da argamassa, nos períodos mais quentes do dia.
Os tempos demandados até agora foram considerados em serviços
realizados ao nível do terreno e até 2 m de altura. À medida que a altura do trabalho
aumenta, o tempo demandado no transporte vertical da argamassa até o nível do
serviço também aumenta. Além disso, deve-se considerar o custo da locação e da
montagem/desmontagem de andaime. As empresas que alugam andaimes cobram
uma taxa de mobilização e de desmobilização. Essa taxa deve ser rateada
proporcionalmente ao custo de locação de cada elemento, entre todos os elementos
alugados para o serviço. No presente trabalho não foi considerada esta taxa. Para
calcular-se o custo da montagem/desmontagem, seguiu-se a indicação do item
05.008.001-0 da EMOP (1997), que em sua composição consome 0,40 h de SVT/m2
de projeção vertical, o que equivale a R$ 2,01/m2. No Quadro 6 estão agrupados os
custos de locação de andaimes por 8 dias (3 dias para o preparo e a execução do
revestimento e 5 dias para cura) e os referentes à montagem/desmontagem.

Quadro 6 – Custo de andaime – torre com 2,0 m x 1,0 m em planta

altura do custo de área vertical montagem/desmont. total para 8


trabalho locação (m2) dias de
R$ 2.01/m2 trabalho
mensal

0a2m - - - -

2a4m 19.68 8 16,08 21,33

4a6m* 32.76 12 24,12 32,86

6a8m 41.16 16 32,16 43,14


73

8 a 10 m * 54.24 20 40,20 54,66

10 a 12 m 62.64 24 48,24 64,94

* - indica as alturas recomendadas para contraventamento horizontal da torre.

O consumo de mão de obra no transporte vertical de 1 m3 de argamassa, sem


uso de equipamentos elétricos e realizado exclusivamente por serventes, pode ser
parametrizado pelos itens 04.045 e 04.046 das TCPO (1975), que fornecem os
tempos de 1,8 h até 3 metros ( R$ 9,04) e 4,3 h até 6 metros de altura (R$ 21,59),
respectivamente.

4.3.2 Memória

O consumo de materiais baseou-se nas apropriações das TCPO (1975) e da


EMOP (1997), abaixo relacionadas:

• 1 m3 de argamassa de cal e areia no traço 1:3 necessita de 0,35 m3 de


pasta de cal e 1,08 m3 de areia preparada, segundo o item 16.008 das
TCPO;

• comparando os itens 07.001.050-1, 07.001.145-1 e 07.001.150-1 da


EMOP, foi verificado que, em argamassas que utilizam o cimento como
aglomerante, a terra preta, o saibro um pouco menos e a areia
incorporam-se na mesma proporção. Foi assumido um consumo idêntico
desses três agregados, quando misturados com pasta de cal, para
produzir 1 m3 de argamassa igual a 0,35 m3 de pasta de cal para 1,08 m3
de cada um dos agregados, repetindo o item anterior;

• o item 07.001.040-1 da EMOP, argamassa de cimento e areia no traço


1:1,5, que consome 0,87 m3 de areia e 693 kg de cimento, corresponde à
mistura de cimento, cal e areia no traço 1:1:3, com consumo respectivo de
346,5 kg, 0,28 m3 e 0,87 m3 do agregado por m3 de argamassa;
74

• em todas as composições de argamassas preparadas manualmente da


EMOP, o consumo de mão de obra é de 11 h de servente;

• segundo o item 04.106 das TCPO, são necessários 24 h de servente para


preparo de 1 m3 de areia fina, seca e peneirada (24h x R$ 5,02/h = R$
120,48). Esse valor será extrapolado para a terra preta e para o saibro
macio.

Foi considerado que 10% do volume fornecido dos agregados estão acima do
diâmetro máximo de 5mm (refugo ou impurezas), para uma boa aplicação das
argamassas, ou foram desperdiçados nas operações de cirandagem.

No Quadro 7 está demonstrada a contribuição na composição de custo dos


utensílios usados na operação de cirandagem.

Quadro 7 – Custo/m3 das cirandas

Custo de aquisição das malhas custo de confecção das cirandas

abertura R$/m2 quantidade Total insumos unidade quant. c. unit. total

# 4,8 mm 39,75 1,5 59,63 sarrafo 3” ml 38 1,16 44,08

# 2,4 mm 27,00 1,5 40,50 pinho 15mm unidade 0,5 51,90 25,95

# 0,6 mm 30,00 1,5 45,00 carpinteiro h 6 7,58 45,48

#0,15 mm 91,41 1,5 137,12 prego 17/27 kg 1 2,50 2,50

total R$ 282,24 total R$ 118,01

produção útil do conjunto de cirandas: 90 m3 custo total 400,25

custo unitário = 400,25/90 = R$ 4,45/m3

Nos Quadros 8 e 9 estão demonstrados o incremento no custo dos


agregados, em decorrência da operação de preparo dos mesmos, e a composição
do custo de confecção da masseira, respectivamente.
75

Quadro 8 – Custo do m3 dos agregados após o preparo

material unit refugo unit/útil ciranda m.o. total

areia 30,00 10 % 33,00 4,45 120,48 R$ 157,93

terra preta 20,00 10 % 22,00 4,45 120,48 R$ 146,93

saibro 18,00 10 % 19,80 4,45 120,48 R$ 144,73

Quadro 9 - Composição do custo da confecção da masseira

masseira unidade quant unit total

Chapa de madeirite 10 mm ud 1 18,50 18,50

tábua 12" ml 6,6 4,80 31,68

carpinteiro h 1 7,58 7,58

total R$ 57,76

vida útil da masseira 30 m3 fator : 1/30 = 0,033

No Quadro 10 está demonstrada a contribuição dos utensílios usados no


custo de produção das argamassas.

Quadro 10 – Custo por m3 dos utensílios no preparo de argamassa

quanti- preço fator de parcela


utensílios utilizados unidade total
dade unitário utilização no custo

masseira ud 1 57,76 57,76 0,033 1,906

Enxada ud 1 5,80 5,8 0,017 0,099


76

balde 12 l ud 1 3,20 3,2 0,033 0,106

Colher ud 1 5,50 5,5 0,005 0,028

tonel de 200 l ud 1 25,00 25 0,005 0,125

pá sem bico Ud 1 5,80 5,8 0,005 0,029

total R$/m3 2,29


Nos quadros 11, 12, 13 e 14 estão resumidas as composições de custo do m3
das quatro argamassas pesquisadas.

Quadro 11 – Composição da argamassa I - de cal e areia (1:3)

insumo ud quantidade c. unitário total

areia m3 1,08 157,93 170,56

pasta de cal m3 0,35 336,77 117,87

utensílios cj 1 2,29 2,29

servente h 11 5,02 55,22

total R$/m3 345,94

Quadro 12 – Composição da argamassa II - de cal e terra preta (1:3)

insumo ud quantidade unitário total

terra preta m3 1,08 146,93 158,68

pasta de cal m3 0,35 336,61 117,81

utensílios cj 1 2,29 2,29

servente h 11 5,02 55,22


77

total R$/m3 334,01

Quadro 13 – Composição da argamassa III - de cal, areia e saibro (1:1,5:1,5)

insumo ud quantidade unitário total

areia m3 0,54 157,93 85,28

saibro m3 0,54 144,73 78,15

pasta de cal m3 0,35 336,77 117,87

utensílios cj 1 2,29 2,29

servente h 11 5,02 55,22

total R$/m3 338,82


78

Quadro 14 – Composição da argamassa IV - de cimento, cal e areia (1:1:3)

insumo ud quantidade unitário total

areia m3 0,87 157,93 137,40

cimento kg 346,5 0,37 128,21

pasta de cal m3 0,28 336,77 94,30

utensílios cj 1 2,29 2,29

servente h 11 5,02 55,22

total R$/m3 417,41

Após a aplicação da última camada de acabamento é aplicado um anteparo


protetor para diminuir a evaporação provocada pelo sol e pelo vento. Foi admitido
um anteparo quadrado com 1,20 m de lado, estruturado com ripas de maçaranduba,
para proteger uma área quadrada restaurada de 1,00 m de lado, que tem seu custo
calculado no Quadro 15. Está prevista a criação de atmosfera úmida através de
água nebulizada, obtida com a ajuda de bicos nebulizadores em cerâmica lapidada
com adaptação antigotejamento, produzidos pela indústria agrária e avicultora
(marca Tritec Chimarrão ou similar). Esta é uma forma barata e ao mesmo tempo
eficiente de substituir os caros equipamentos de atomizacão de água utilizados em
Europa. A nebulizacão através destes bicos trabalha com pequena vazão de água (7
l/hora x bico), com o máximo efeito, provocando uma névoa de água que cai
praticamente sem pressão alguma sobre a superfície revestida.
79

Quadro 15 – Composição de custo do anteparo protetor

insumo quantidade ud c.unitário c.total f.utilização parcela c.

ripa 11 m 0,49 5,39 0,1 0,54

lona 5,2 m2 0,28 1,456 0,5 0,73

carpinteiro 0,5 h 7,58 3,79 1 3,79

composição total R$ 5,06

No Quadro 16 estão custeados os utensílios utilizados na aplicação e na cura


da argamassa.

Quadro 16 – Custo/m2 dos utensílios de aplicação de argamassa

insumo ud quantidade unitário fator util. custo

régua c/ 3 m ud 1 7,00 0,02 0,14

colher ud 1 5,50 0,005 0,028

desempenadeira ud 1 5,00 0,04 0,2

prumo de face ud 1 8,80 0,005 0,044

pulverizador agrícola ud 1 62,00 0,01 0,62

anteparo de proteção ud 1 5,06 1 5,06

nebulizador/mangueira 8mm cj 1 45,00 0,05 2,25

total R$/m2 8,34


80

A mão de obra agregada às etapas do serviço de revestimento foi baseada


em apropriações das TCPO e em observações de campo. O consumo da mesma
está resumido no Quadro 17 e foi considerado equivalente para as quatro
argamassas.

Quadro 17 – Consumo de mão de obra em revestimento

etapa/m2 TCPO servente 1/2 oficial pedreiro

preparo da superfície 0,25

chapisco 7 mm 17.002 0,2 0,2

emboço 20 mm 17.010 0,6 0,6

reboco 6 mm 17.012 0,6 0,6

cura 0,75

total em horas 2.15 0,25 1,4


Nos quadros 18, 19, 20 e 21 estão compostos os custos/m2 das argamassas
I, II, III e IV, aplicadas e curadas, considerando-se que as mesmas sejam
executadas em nível próximo ao térreo:

Quadro 18 – Custo/m2 de aplicação da argamassa I – R$ 41,72

insumo unidade quantidade c. unitário total

argamassa m3 0,033 345,94 11,42

utensílios cj 1 8,34 8,34

servente h 2,15 5,02 10,79

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

Pedreiro h 1,4 7,01 9,81


81

Quadro 19 – Custo/m2 de aplicação da argamassa II – R$ 41,32

insumo unidade quantidade unitário total

argamassa m3 0,033 334,01 11,02

utensílios cj 1 8,34 8,34

servente h 2,15 5,02 10,79

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

pedreiro h 1,4 7,01 9,81

Quadro 20 – Custo/m2 de aplicação da argamassa III – R$ 41,48

insumo unidade quantidade unitário total

argamassa m3 0,033 338,82 11,18

utensílios cj 1 8,34 8,34

servente h 2,15 5,02 10,79

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

pedreiro h 1,4 7,01 9,81

Quadro 21 – Custo/m2 de aplicação da argamassa IV – R$ 44,07

insumo unidade quantidade unitário total

argamassa m3 0,033 417,41 13,77

utensílios cj 1 8,34 8,34

servente h 2,15 5,02 10,79

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

pedreiro h 1,4 7,01 9,81


82

Pode-se fazer uma simulação do custo da restauração de 1 m2 de


revestimento, com argamassa de cal e areia (1:3), numa situação localizada a 6 m
de altura, por exemplo,

• custo da aplicação da argamassa I – R$ 41,72/m2

• custo do andaime – R$ 43.14/ 8 dias

• custo do transporte vertical da argamassa – R$ 21,59/m3

o equivale a - 0,033 m3 x R$ 21,59/m3 = R$ 0,71/m2

Finalmente, chega-se ao custo de R$ 85,57 para o serviço de restauração de


revestimento de uma pequena superfície com um metro quadrado com a argamassa
I, para as condições arbitradas.

4.4 CAIAÇÃO

4.4.1 Considerações

O item 20.004 das TCPO (1975), preparo de 1m3 de tinta, utiliza uma diluição
da pasta de cal obtida da hidratação da cal virgem em água na razão de 1:1 e que
consome 10 h de servente para produzi-la. Pesquisados também nas TCPO, os
itens 20.005, caiação interna, e 20.006, caiação externa, ambos com aplicação de
três demãos, consomem com pintor 0,3 h e 0,4 h por m2 , respectivamente.

Os itens 17.012.010-0, caiação com 2 demãos e 17.012.011-0, caiação com 3


demãos, ambos da EMOP (1997), indicam o consumo de pintor por m2 de 0,3 h e
0,4 h, respectivamente, para interiores ou exteriores, sendo a matéria prima a cal
hidratada em pó.

As tintas acima mencionadas são mais encorpadas que a tinta utilizada na


parede experimental e, portanto, com maior poder de cobertura e assim conseguem
83

finalizar o serviço com um número menor de demãos. Para efeito da composição de


custo será utilizado o consumo de 0,1 h/demão por m2 de pintor, que, para as 10
demãos recomendadas, equivale a 1 h de pintor/m2.

4.4.2 Memória

Na caiação da parede experimental utilizou-se na diluição da pasta de cal em


água a relação 1:5. Foram utilizados 150 ml (0,15 x 10-3 m3) de pasta de cal que,
diluídos em 750 ml de água, foram suficientes para aplicar uma demão em 7 m2 de
superfície. Para as 10 demãos são necessários 9 x 10-3 m3 de tinta diluída para
cobrir os 7 m2. Assim são necessários 0,00129 m3 de cal diluída para caiar 1 m2 de
superfície. A ausência de fixador na suspensão obrigava a nova agitação da tinta,
para homogeneização do precipitado, a cada imersão da brocha. Extrapolando os
tempos demandados no projeto experimental para o preparo da tinta, chegou-se a 8
h/m3 de ajudante.

Nos quadros 22 e 23 estão apropriados os custos dos utensílios e da


preparação da tinta, respectivamente.

Quadro 22 – Custo dos utensílios para preparação de tinta

insumo ud quantidade unitário fator utiliz. custo

balde 12 l ud 1 3,20 0,5 1,60

tonel 70 l ud 1 8,00 0,1 0,80

total R$/m3 2,40

Quadro 23 – Custo da preparação da tinta

insumo ud quantidade unitário total

pasta de cal m3 0,17 336,77 57,25

½ oficial h 8 5,41 43,28


84

utensílios cj 1 2,40 2,40

total R$/m3 102,93

Nos quadros 24 e 25 estão apropriados os custos dos utensílios para


aplicação e da própria aplicação da tinta, respectivamente.

Quadro 24 – Custo dos utensílios utilizados na caiação

insumos ud quantidade unitário fator utiliz. custo

brocha 100 mm ud 1 4,50 0,02 0,09

trincha 1" ud 1 3,00 0,02 0,06

lona plástica m2 1 0,32 1 0,32

balde 12 l ud 1 3,20 0,02 0,064

total R$/m2 0,53

Quadro 25 – Custo da caiação

insumo ud quantidade unitário total

cal diluída m3 0,00129 102,93 0,13

pintor h 1 7,01 7,01

utensílios cj 1 0,53 0,53

total R$/m2 7,67

Da mesma maneira como foi feita na restauração de alvenaria, a caiação


pode necessitar de estrutura de andaimes ou de escadas de abrir para pintura.
Como as demãos são executadas em curtos períodos de tempo, dependendo da
85

altura do serviço, admite-se a utilização de rodízios adaptados aos andaimes, para


dar versatilidade e rapidez ao serviço.

4.5 REESTRUTURAÇÃO DE ALVENARIAS

4.5.1 Consolidação de fissuras em alvenaria de tijolo maciço

4.5.5.1 Considerações

O tempo de trabalho dos profissionais, considerados neste item, se refere ao


tijolo maciço de adobe, com dimensões que o tornam pesado e trabalhoso de
manusear. Por outro lado, o serviço foi facilitado pelo estado fragilizado da
argamassa de assentamento, lixiviada e erodida pela água da chuva na região
circunvizinha às fissuras. Assim, na ausência de outros dados, será utilizada na
composição a produção horária de 1 metro por face, operadas, por uma equipe de
um pedreiro e um ½ oficial.

As fissuras eram em forma de Y, com diminuição de abertura no sentido


descendente, se iniciavam perto dos frechais, que estão a nove metros acima do
nível do terreno, e praticamente terminavam sua propagação pela alvenaria a três
metros acima do terreno. Foi, portanto, necessário a montagem/desmontagem de
torre de andaime tanto pelo exterior como pelo interior, alternadamente.

As juntas entre fiadas tinham aproximadamente 2 cm de espessura, que para


altura de 10 cm dos tijolos equivaliam a 8,33 fiadas/(m x face) de fissura, com um
consumo de argamassa de assentamento equivalente à soma de duas parcelas:

• laterais e berço dos tijolos – (0,10 x 2 + 0,44) x 0,20 x 0.02 x 8,33 =


0,0213

• fundos dos tijolos – 0,44 x 012 x 0,02 x 8,33 =


0,088,
86

totalizando 0,0301 m3 de argamassa/(m x face) de fissura. Utilizando-se o custo da


argamassa III (R$ 338,82/m3) e tratando-se das duas faces, tem-se:

• Consumo de argamassa – 0,0301 x 2 x 338,82 = R$ 20,39/m de fissura;


para um comprimento médio de 6 m equivale à 6 m x 0,0602 m3/m = 0,36
m 3.

Considerando-se o tratamento das fissuras, com produção média de 1 m/h


para a equipe de 1 pedreiro e 1 ajudante, são necessários dois dias de andaimes
(20 m2), duas montagem/desmontagem para as duas superfícies a serem tratadas.
Assim compondo-se os custos do Quadro 6, têm-se:

• locação por dois dias (h = 10 m) – 54,24 x 2 / 30 = 3,62

• montagem/desmontagem – 2,01 x 2,0 x 20,0 = 80,40

• custo do andaime – R$ 84,02/fissura

O custo da mão de obra, para costura de fissura, é a multiplicação de 12 m


pelo custo da hora do pedreiro e do ajudante.

• 12 x (7.01 + 5.41) = R$ 149,04/fissura

Utilizando-se o item 04.046 das TCPO (1975), para consumo de servente


para o transporte vertical da argamassa e considerando-se como 6 m a altura média
do serviço, tem-se:

• 4,3 h/m3 x 0,36 m3 x R$ 5,02/h = R$ 7,80/fissura

4.5.1.2 Memória
87

No Quadro 26 está calculado o custo da plataforma de serviço, incluindo a


montagem no nível superior e mais seis remanejamentos até o nível inferior do
serviço, para ser adicionado aos custos já determinados.

Quadro 26 – Composição do custo da plataforma de serviço (exterior/interior)

insumo ud unitário quantidade parcial f. utilização total

tábua 12" m 4,80 10 48,00 0,1 4,80

pedreiro h 7,01 2 14,02 1 14,02

½ oficial h 5,41 2 10,82 1 10,82

custo da plataforma por fissura R$ 29,64

Os componentes do custo e o custo unitário do serviço, em reais, são


mostrados no Quadro 27, sendo considerado 6 m o comprimento médio da fissura:

Quadro 27 – Composição do custo da costura de fissura em alvenaria de adobe

insumo R$

argamassa 20,39

andaime 84,02

transporte vertical 7,80

plataforma 29,64

mão de obra 149,04

custo total/6 m de fissura 290,89

custo/m de fissura 48,48


88

4.5.2 Consolidação de fissuras em alvenaria de pedra e cal

4.5.2.1 Considerações

Para efeito da composição desse serviço foram levantadas as seguintes


características da alvenaria:

• espessura da parede – 60 cm;

• espessura média da argamassa de assentamento – 3 cm;

• abertura média da fissura – 4 mm.

Foram apropriadas as seguintes demandas de insumos por metro linear de


fissura:

• escarificarificação ao longo da fissura – 0,05 h de servente;

• execução de 2 furos de 3/4” – 0,33 h de pedreiro;

• limpeza com jato de ar – 0,10 h de servente;

• inserção dos drenos – 0,05 h de pedreiro e 2,60 m de mangueira cristal;

• colmatação da fissura – 0,05 h de pedreiro e 0,006 m3 de argamassa de


cimento, areia e saibro (1:2:2);

• injeção da calda de cimento – 0,50 h de pedreiro e servente e 0,0024 m3


de pasta de cimento;
89

Para cálculo do custo horário de ferramentas foi utilizada a metodologia do


professor Paulo Roberto Vilela Dias, em que considera-se o mês com 160 horas
normais para operação. O custo mensal é formado pela soma de três parcelas:

• depreciação (D) = valor de aquisição ÷ vida útil;

• juros (J) = valor de aquisição x taxa de juros anual ÷ 12;

• manutenção (M) = 0,5 x valor de aquisição ÷ vida útil.

No caso de perfuratriz manual elétrica, com valor de aquisição de R$ 650,00,


vida útil igual a 24 meses e considerando-se uma taxa de juros anual de 26%, tem-
se o custo mensal calculado no Quadro 28.

Quadro 28 – Cálculo do custo mensal de perfuratriz

parcela R$

D 650 ÷ 24 27,08

J 650 x 0,26 ÷ 12 14,08

M 0,5 x 650 ÷ 24 13,54

custo mensal 54,70

O custo horário da perfuratriz será 54,70 ÷ 160 = R$ 0,34.

4.5.2.2 Memória

O custo da argamassa utilizada na colmatação foi composto baseado no


consumo de insumos do item 07.001.120-1 da EMOP (1997) e o custo da pasta de
cimento foi obtido diretamente do Boletim de Custo de abril de 2003, da EMOP,
segundo o item 07.001.010-1. No Quadro 29 estão custeados os componentes da
argamassa.
90

Quadro 29 – Composição da argamassa de colmatação

insumos ud quantidade c. unitário total

areia m3 0,6 30,00 18,00

saibro m3 0,6 20,00 12,00

cimento kg 326,0 0,37 120,60

servente h 11,0 5,02 55,22

total R$/m3 205,80

No Quadro 30 estão compostos os custos por metro linear de fissura


consolidada.

Quadro 30 – Custo unitário da consolidação da fissura

insumos ud quantidade c. unitário total

mangueira m 2,6 0,95 2,47

argamassa m3 0,006 205,80 1,23

pasta m3 0,0024 444,04 1,07

furadeira h 0,33 0,34 0,11

servente h 0,65 5,02 3,26

pedreiro h 0,93 7,01 6,52

total R$/m 14,66


91

4.5.3 - Reestruturação de alvenaria de pau a pique

4.5.3.1 – Considerações

Foi considerada para efeito desse estudo a reestruturação de uma parede de


pau a pique no segundo pavimento da Casa IV, nas Casas Casadas, com 4,50 m de
comprimento, 4,50 m de altura e 0,13 m de espessura. Essa parede, com 20,25 m2
de área, que devido ao adiantado estado de degradação foi desmontada e
reconstruída, com a substituição das peças danificadas. Nesse tipo de serviço é
sugerida a divisão do trabalho nas seguintes etapas:

• retirada das varas horizontais e dos pregos corroídos das réguas verticais,
caso existam;

• retirada das réguas estruturais verticais comprometidos;

• limpeza das réguas remanescentes com encho ou formão, se for o caso;

• substituição das réguas retiradas por novas em madeira de lei;

• colocação dos fasquios;

• pode ser colocada uma tela de fio galvanizado para melhorar a aderência do
revestimento ao substrato;

• imunização com pesticida;

• aplicação com as mãos de argamassa de cal, areia, terra vermelha (1:4:4),


um procedimento conhecido como taipa de sopapo;

• chapisco e revestimento de cal e areia no traço 1:3.


92

Na realização deste serviço não houve necessidade de execução de


escoramento, dessa forma têm-se, conforme os itens 05.001.007-0 da EMOP (1997)
e 03.018 das TCPO (1975), demolição de revestimento de cal e areia, o consumo de
0,5 hora de servente por m2. No caso de pau a pique em avançado grau de
deterioração, como o estudado, foi apropriado o consumo de 0,10 horas de servente
por m2 de revestimento demolido, inclusive demolição do “recheio”, em argamassa
de terra. O serviço de retirada de escombros foi feito de modo manual, com
transporte vertical através de carretilha, corda e baldes. O entulho empolado rendeu
aproximadamente 2,60 m3, somando-se as duas faces da parede e consumiu o
tempo de três serventes durante 2,50 horas.

Para a retirada das varas apodrecidas (27 m/m2 por face) e limpeza dos
pregos corroídos (81 un/m2 por face) nas réguas verticais, foram consumidas 0,66
horas de servente por m2 de estrutura. Na parede estudada houve perda de 80 %
das réguas, as quais foram substituídos por réguas de assoalhos com 15 cm de
largura num total de 16,20 m2 (aproximadamente 100 m de régua), retiradas de
alguns pavimentos que tiveram seus pisos substituídos, diminuindo assim as
despesas com a compra de material. Para substituir as varas foram utilizadas ripas
de maçaranduba, com 1,5 cm x 5 cm, que, ao serem desdobradas ao meio,
consumiram 0,5 hora de carpinteiro e 0,5 hora de ½ oficial para produzir 212 m de
meia-ripa ou fasquio, suficiente para cobrir [212/(27 x 2)] = 3,93 m2 de parede, ou
seja, 0,13 hora de carpinteiro e 0,13 hora de ½ oficial para desdobrar a quantidade
de fasquio suficiente para cobrir 1 m2 de parede em ambas as faces.

Levando em consideração as paredes mais danificadas, com grande perda de


réguas, a substituição das peças descartadas por novas, nesse caso, assoalhos
antigos com capacidade estrutural, consome 0,5 horas de carpinteiro, 0,5 horas de
½ oficial e 0,10 kg de prego (G 17 x 27) por m2 de estrutura aplicada.

A aplicação dos fasquios desdobrados consome em média 0,7 horas de


carpinteiro e ½ oficial e 0,255 de prego (G 16 x 24) por m2 de face de estrutura.
93

A colocação da tela de aço galvanizada é feita prendendo-se a extremidade


do rolo na parte superior da parede com fio de aço G para esticar a mesma no
sentido descendente e prendendo-a nos fasquios a cada 30 cm nas duas direções.
Esse procedimento consome 0,50 horas de pedreiro e servente e 0,10 kg de fio G
número 18 por m2 de parede forrada, considerando-se os dois lados. A seguir deve
ser feita a imunização da estrutura da parede, que consome 0,05 h de ½ oficial e 0,2
l de solução diluída por m2, para os dois lados da parede.

O recheio é executado nas duas faces simultaneamente por um profissional e


por um ½ oficial, equipados com luvas emborrachadas para proteção. Consome
0,018 m3 de argamassa de cal, areia e terra vermelha, no traço 1:5:3 por m2 de
parede e 0,33 horas da equipe para aplicação em ambos os lados da parede. O
custo do m3 da argamassa utilizada no recheio está no Quadro 31, que foi composto
utilizando-se os parâmetros do item 07.001.135-1 da EMOP (1997).

Quadro 31 – Composição do custo da argamassa de recheio

insumo ud quantidade c.unit. c. total

areia grossa m3 0,9 30,00 27,00

terra vermelha m3 0,5 18,00 9,00

cal hidratada kg 155 0,27 41,85

servente h 11 5,02 55,22

total/m3 133,07

Após 24 horas, a base está apta a receber camada de chapisco, que,


conforme o item 17.002 das TCPO (1975), consome 0,20 horas de pedreiro e
servente e após mais 24 horas, emboço de uma vez, que, pelo item 17.010 das
TCPO, consome 0,6 horas de pedreiro e servente para revestir 1 m2 de uma face do
94

tabique. O consumo de argamassa para revestir ambos os lados da parede é em


torno de 0,05 m3/m2.

No Quadro 32 encontra-se a tabela com o resumo do consumo de mão de


obra para reestrutração da alvenaria e no Quadro 33 uma projeção para estimar o
tempo consumido pelos andaimes para a parede reestruturada.

Quadro 32 – Consumo de mão de obra em h/m2 de pau a pique

serviço servente ½ oficial pedreiro carpinteiro

demolição de revestimento 0,20

retirada dos escombros 0,37

arrancamento de varas 0,66

desdobro de fasquios 0,13 0,13

substituição de réguas 0,50 0,50

aplicação de fasquios 1,40 1,40

aplicação de tela 0,50 0,50

imunização 0,05

taipa de sopapo 0,33 0,33

chapisco, emboço e reboco 1,60 1,60

total 3,33 2,41 2,43 2,03


95

Quadro 33 – Projeção do tempo consumido por andaime

serviço hora dia

demolição de revestimento 4,05

retirada dos escombros 2,50 3

arrancamento de réguas 13,37

substituição de montantes 8,10


5
aplicação de fasquios 28,35

aplicação de tela 10,13


2
imunização 1,01

taipa de sopapo 6,68


1
cura 24,00

chapisco 8,10
1
cura 24,00

emboço e reboco 24,30 3

total 154,59 15

4.5.3.2 Memória

Para obter-se a parcela do custo referente à mobilização de andaime foi


considerada a montagem/desmontagem de 1 torre, com 8 m2 para cada lado da
parede, a ser reestruturada durante 15 dias. Assim, aproveitando-se os custos do
Quadro 6, têm-se:
96

• locação – R$ 19,68/torre x 2 torre x ½ mês = R$ 19,68;

• montagem – R$ 2,01/m2 x 16 m2 = R$ 32,16.

O custo total de andaime para o serviço foi de R$ 51,84 para uma parede com
20,25 m2, resultando em R$ 2,56/m2.

O custo do preparo da solução imunizadora está no Quadro 34.

Quadro 34 – Composição do custo da solução imunizadora

insumo ud quantidade c.unit. c. total

fenil pirazol l 0,01 68,50 0,69

querosene desodorizado l 1 3,60 3,60

½ oficial h 0,02 5,41 0,11

total R$/l 4,39

A apropriação dos custos está sintetizada no Quadro 35, sem computar-se o


custo dos andaime.

Quadro 35 – Composição de custo da alvenaria

insumo ud quantidade c. unit. c. total

prego G kg 0,36 3 1,08

fio G kg 0,1 5,9 0,59

tela G m2 1 3,2 3,20

solução imunizante l 0,2 4,39 0,88


97

argamassa do recheio m3 0,018 133,07 2,40

argamassa do revestimento m3 0,05 345,94 17,30

servente h 3,33 5,02 16,72

meio oficial h 2,41 5,41 13,04

pedreiro h 2,43 7,01 17,03

carpinteiro h 2,03 7,58 15,39

total R$/m2 87,62

Levando-se em conta o custo dos andaimes, tem-se: 2,56 + 87,62 = R$


90,18/m2, que é o custo unitário para reconstrução completa da alvenaria, incluindo
o seu desmanche.

4.5 CONSOLIDAÇÃO DE REBOCOS À BASE DE CAL

4.5.1 Considerações

A apropriação de custos desse serviço foi feita tendo como base a


consolidação realizada em alvenaria de pau a pique, situada no terceiro pavimento
da casa IV nas Casas Casadas. O reboco consolidado estava contido num painel de
alvenaria, com 2,00 m de comprimento por 2,50 m de altura, e era confinado nas
duas laterais por aduelas das esquadrias das portas. Devido à pequena altura do
serviço não houve necessidade de montagem de andaimes, sendo que as injeções,
feitas com seringa de 60 cc, nos furos mais elevados, foram realizadas com o auxílio
de escada de pintor.

Um contra-tempo que pode ocorrer neste tipo de serviço é a fuga indesejável


da emulsão por orifícios não vedados, que obrigam a interrupção da injeção para
fazer-se o fechamento, com pasta de gesso, do orifício de fuga e proceder à limpeza
98

do material desperdiçado. O profissional encarregado de injetar a emulsão deve


desconfiar quando o furo que está sendo injetado demorar muito a ser completado.
Essa demora pode ser um sinal de falta de estanqueidade do volume a ser
consolidado.

Uma proporção de emulsão que teve bom desempenho na consolidação foi


obtida misturando-se em um recipiente 350 cc de água, 350 cc de Vedafix e 100g de
carbonato de cálcio. Devido à baixa solubilidade do carbonato de cálcio, era preciso
agitar a emulsão para suspendê-lo do fundo para realizar a alimentação da seringa
de forma mais homogênea.

A consolidação dos cinco m2 de reboco consumiu 18 h de pedreiro e de


ajudante, 3 kg de gesso, 5,25 l de Vedafix, 1,5 kg de CaCo3. Não foi considerado o
custo da seringa de injeção (R$ 7,00), pois após essa consolidação ela continuava
apta para operação, nem o custo da locação da furadeira e da aquisição da broca,
devido ao caráter pouco desgastante do seu trabalho.

4.5.2 Memória

O custo da consolidação está composto no Quadro 36.

Quadro 36 – Composição de custo da consolidação de reboco

insumo ud quantidade c.unitário c. total

gesso kg 0,60 0,55 0,33

Vedafix l 1,05 7,50 7,88

CaCO3 kg 0,30 62,36 18,71

pedreiro h 3,60 7,01 25,24

½ oficial h 3,60 5,41 19,48

total R$/m2 71,63


99

4.6 MINORAÇÃO DOS EFEITOS DA UMIDADE ASCENDENTE

4.6.1 Considerações

A composição de custo desse item foi baseada no detalhe da canaleta,


executada no final de 2001, e nas condições do canteiro da Igreja Nossa Sra da Luz.
A igreja, situada no município de São Gonçalo, está localizada a poucos metros do
mar, nos fundos da baía da Guanabara. Não possuía calçamento no seu contorno e,
quando chovia, recebia a carga pluvial concentrada do seu beiral. A pequena
elevação em relação ao nível do mar contribuía para a ascensão capilar da umidade
com sais dissolvidos nas alvenarias. A execução da canaleta e de calçada periférica
à edificação aumentou a durabilidade da caiação externa, o que indica que houve a
diminuição da umidade no interior da alvenaria, segundo relato da zeladora da
igreja.

Esse tipo de intervenção usa técnicas comuns da construção civil e a


composição de seu custo pode ser obtida diretamente das publicações
especializadas ou usando-se os preços de compra de alguns produtos e o consumo
de mão de obra para sua aplicação, observado durante a execução. A seqüência
executiva dos sub serviços está descrita abaixo e, para os itens que possuírem
referência no catálogo da EMOP (1997), serão considerados os custos unitários
publicados no boletim de custos de abril de 2003 e, aqueles que não estão
catalogados, serão compostos com os custos de mercado por metro linear:

1) escavação manual de vala em material de 1a, item 03.001.001-1 – R$ 14,40/m3

a) enchimento/canaleta – 0,8 x 0,75 = 0,60

b) trincheira drenante – (0,27 + 0,54) ÷ 2 x 0,35 = 0,14

c) total – 0,74 m3/m

2) alvenaria de enchimento em bloco de concreto de 20 x 20 x 40 cm, item


12.005.080-0 – R$ 28,05/m2
100

a) área 0,80 m2/m

3) calha pré moldada semicilíndrica de concreto, com diâmetro de 40 cm,


fornecimento e assentamento, item 06.003.011-0 – R$ 19,37/m

a) total - 1 m/m

4) revestimento com argamassa de cimento e areia (1:3), com a água de


amassamento aditivada com impermeabilizante de pega normal (1:12), com
espessura de 3 cm, da tabeira e da parte interna da canaleta, item 13.301.100-0
– R$ 19,79/m2

a) total - 0,85 m2/m

5) placas pré moldadas em concreto com fck de 15 MPa, exclusive a fôrma, item
11.003.002-2 – R$ 196,68/m3

a) placa drenante – 0.45 x 0,05 = 0,0225

b) placa estabilizadora – 0,45 x 0,35 x 0,05 = 0,0079

c) total – 0,0304 m3/m

6) fôrma para placas com reutilização de 20 vezes, item 11.004.001-1- R$ 7,27/m2

a) placa drenante – 0,45 x (1,0 + 0,05) = 0,47

b) placa estabilizadora – 0,45 x (0,35 + 0,05) = 0,18

c) total – 0,65 m2/m

7) manta geotêxtil para filtragem, item 06.100.010-0 – R$ 4,27/m2

a) total – 2,00 m2/m


101

8) fornecimento de seixo rolado, com diâmetro ¾” a 1½”, para trincheira drenante,


item 06.502.010-0 – R$ 512,00/m3

a) total – 0,14 m3/m

9) concreto magro do calçamento, com seção de 0,05 x 1,00 = 0,05 m3/m

a) materiais, item 11.001.020 – 1 – R$ 106,43/m3

b) preparo, item 11.002.010 – 0 – R$ 32,92/m3

c) lançamento, item 11.002.037 – 1 – R$ 22,13/m3

d) total – 0,05 x R$ 161,48

10) piso cimentado da calçada, com 3 cm de espessura, item 13.301.125 – 1 – R$


10,56/m2

a) total - 0,70 m2/m

11) fornecimento e colocação de grelha de ferro fundido, com 40 cm de largura


(preço de mercado)

a) total R$ 56,00/m

4.6.2 Memória

No Quadro 37 está a composição de custo, praticamente elaborada com base


nos custos fornecidos pelo Boletim de Custo de abril de 2003, da EMOP.
102

Quadro 37 – Composição do custo da canaleta de drenagem

serviço ud quantidade c. unitário total

1 m3 0,74 14,40 10,66

2 m2 0,80 28,05 22,44

3 m 1,00 19,37 19,37

4 m2 0,85 19,79 16,82

5 m3 0,03 196,68 5,90

6 m2 0,65 7,27 4,73

7 m2 2,00 4,27 8,54

8 m3 0,14 512,00 71,68

9 m3 0,05 161,48 8,07

10 m2 0,70 10,56 7,39

11 ud 1,00 56,00 56,00

total R$/m 231,60

4.8 CONSOLIDAÇÃO DE MADEIRA COM ENXERTO DE PRÓTESE

4.8.1 Considerações

O custo final desse serviço dependerá do seu tamanho, dos materiais


aplicados e se foi ou não utilizada prótese de madeira. Assim, esse serviço terá dois
exemplos custeados:
• enxerto com prótese de argamassa de resina, carregada com areia fina
sem umidade;
• enxerto com prótese de madeira seca, colada com resina.
103

Optou-se pela utilização de resina epóxi Araltec, pela sua boa performance
em ambientes interiores sem incidência de luz solar. Foi considerado, no caso dos
dois exemplos, inviável a remoção da peça a ser consolidada para uma bancada de
trabalho.

Sem levar em consideração o aspecto estético da prótese, que no caso do


enxerto com madeira tem um melhor acabamento e valoriza o serviço mais do que
no enxerto com argamassa, a primeira consolidação tem seu custo aumentado pela
mão de obra empregada no preparo da cavidade e da prótese e a segunda pode ter
seu custo elevado devido a um elevado consumo de resina.

A areia utilizada na argamassa pode ser a industrializada pela Sika, ou


preparada no canteiro. Para preparar a areia, ela deve lavada, isenta de matéria
orgânica, peneirada em malha de abertura 0,6 mm, para conseguir boa penetração,
e seca com soprador térmico para desidratá-la. São consumidas 2 h de servente
para preparar 10 litros de areia (R$ 1,00/l).

A apropriação dos materiais componentes da argamassa foi obtida na obra de


recuperação do telhado da Casa do bispo, no Rio Comprido, através de balança
comercial. Para completar 1 l de argamassa foram necessários 1 kg de Araltec
(densidade relativa = 1,5) e 700 ml de areia preparada. A consolidação foi realizada
em frechal, com trechos apoercidos, sobre a varanda do pátio interno. A substituição
do frechal implicaria na retirada de todo caibramento, o que aumentaria demais o
custo do serviço. Não é raro ser surpreendido pelo alto consumo de argamassa, em
consolidações desse tipo, mesmo tomando-se o cuidado de colmatar todos os
possíveis escapes visíveis da argamassa. A argamassa encontra pontos vulneráveis
e escapa, sendo necessário o acompanhamento, sob a peça consolidada, para que
seja feito estancamento da sangria. A consolidação desse frechal estendeu-se por 6
m de comprimento e consumiu 12 l de argamassa.

Em obras que tenham em seu escopo serviço de consolidação em madeira e


por ventura alguma demolição, não é difícil se encontrar peças condenadas, mas
104

que ainda podem ser desdobradas em seções menores e úteis para serem
enxertadas. Caso não exista a disponibilidade de madeira apropriada ao serviço no
canteiro de obras, a mesma deverá ser obtida em depósitos que colecionam peças
retiradas em demolição de edificações antigas, ao custo de até R$ 4.000,00/m3.

Foi considerado como exemplo a consolidação de segmento superior de


assoalho, com 40 mm de espessura, nas Casas Casadas, com o aproveitamento da
madeira do próprio canteiro e no tamanho de 0,10 m x 1,0 m x 0,03 m.

O desgaste das ferramentas utilizadas no procedimento de preparo do


rebaixo acontece principalmente nas lâminas que cortam a madeira, quando
operadas com técnica. Para esculpir o rebaixo regular na peça, para alojar a prótese,
é de praxe definir na superfície anômala um retângulo, que no caso estudado é de
0,1 m x 1,0 m, com traçador de disco de vídea, ajustado para cortar na profundidade
de 3 cm, e formão. Para acertar a parte posterior do rebaixo podem ser utilizados
uma tupia portátil de alta rotação, com ponta de fresa, em aço rápido, e um formão.
O custo do desgaste das ferramentas foi considerado como 5% do valor de
aquisição das lâminas e está calculado no Quadro 38.

Quadro 38 – Custo do desgaste de ferramenta

ferramenta valor 5%

disco de 6" 55,00 2,75

fresa de ½" 45,00 2,25

formão de 2" 50,00 2,50

desgaste/rebaixo R$ 7,50

4.8.2 Memória
105

Nos quadros 39, 40 e 41 estão compostos os custos da argamassa e das


consolidações respectivamente.

Quadro 39 – Composição do custo da argamassa

insumo ud quantidade c.unitário c. total

areia l 0,7 1,00 0,70

Araltec kg 1,0 25,00 25,00

½ oficial h 0,1 5,41 0,54

total R$/litro 26,24

Quadro 40 – Composição do custo da consolidação com enxerto em argamassa

insumo ud quantidade c.unitário c. total

argamassa l 12,00 26,24 314,88

carpinteiro h 2,00 7,58 15,16

½ oficial h 2,00 5,41 10,82

total R$/(6 m consolidação) 340,86

Quadro 41 – Composição do custo da consolidação com enxerto em madeira

insumo ud quantidade c.unit. c. total


106

Araltec kg 0,15 25,00 3,75

carpinteiro h 2,25 7,58 17,06

½ oficial h 0,10 5,41 0,54

desgaste ud 1,00 7,50 7,50

total R$/(1 m consolidação) 28,85

4.9 EMENDA EM VIGA DE MADEIRA REFORÇADA COM TALAS DE AÇO

4.9.1 Considerações

A emenda feita de topo, em peças de seção 16 cm x 20 cm, solidarizadas


com talas de aço, as quais são atravessadas por 12 barras rosqueadas de 16 mm, é
tarefa que exige perícia e controle para o perfeito alinhamento entre os furos das
duas chapas, com 8 mm de espessura, e os furos na madeira, com 16 cm de
largura. Quando o primeiro lote de talas foi fornecido à obra, muitas talas foram
rejeitadas, pois continham erros de locação na furação. Mesmo utilizando-se talas
idênticas aconteceu, em algumas emendas, o desalinhamento da furação,
acarretando o desperdício de madeira e de mão de obra. Para executar esse tipo de
serviço é recomendável a utilização de furadeira de coluna, normal a uma bancada
nivelada, com 7,50 m de comprimento. Como não houve disponibilidade dessa
ferramenta, o serviço desenvolveu-se com a utilização de furadeira elétrica manual,
operada por um carpinteiro, e, completando a equipe, havia mais dois profissionais,
que controlavam a verticalidade em duas direções ortogonais. Devido às condições
severas de operação da furadeira houve um consumo elevado de broca (1 broca a
cada 3 emendas – R$ 6,00/emenda). O trabalho da emenda era desenvolvido no
pavimento térreo, e após sua conclusão, a viga era transportada até o seu local de
aplicação, que poderia ser em qualquer um dos três pavimentos elevados.
107

A execução dos furos consumia, em média, seis horas da equipe de três


carpinteiros. Para a fixação das talas, com as barras rosqueadas e as 24 porcas,
eram gastos mais 1,5 h de carpinteiro e ajudante. A composição deste item
considerou o transporte, que era realizado por quatro profissionais auxiliados por
quatro ajudantes, sendo realizado até a altura média da edificação no segundo
pavimento, etapa do serviço que consumiu 0,75 h da equipe.

4.9.2 Memória

No Quadro 42 está apropriado o consumo de mão de obra e no Quadro 43 a


composição de custo do serviço.

Quadro 42 – Consumo de mão de obra em horas

serviço ajudante carpinteiro

furação 18

fixação 1,5 1,5

transporte 3 3

total (h) 4,5 22,5


108

Quadro 43 – Composição de custo da emenda

insumo ud quantidade c.unitário c. total

barra rosqueada m 3 5,20 15,60

porca/arruela ud 24 1,20 28,80

chapa ud 2 22,00 44,00

furadeira h 6 0,34 2,04

1
broca ud /3 18,00 6,00

ajudante h 4,5 5,41 24,35

carpinteiro h 22,5 7,58 170,55

total R$/emenda 291,33

4.10 RECONSTRUÇÃO DE ESQUADRIA EM MADEIRA

4.10.1 Considerações

Após o remanejamento das partes, em bom estado, de esquadrias


defeituosas existentes na edificação, para combinação e remontagem de novas, fica
faltando a reposição das esquadrias dos vãos que ficariam vazios. Foi escolhida
para ser custeada uma porta, típica do período colonial, encontrada na Igreja Nossa
Sra do Rosário de Donana. A madeira empregada na confecção da porta será o
cedro, macia para trabalhar e amarga demais para os xilófagos.

A união das quatro tábuas, que comporão a porta, se dará ao longo da


espessura, a meia madeira, as quais serão coladas com Araltec. Para reforçar o
109

painel serão colocadas três travessas unindo as tábuas com cavilhas de 10 mm,
também coladas com Araltec. As dobradiças da porta, consideradas em bom estado,
são fixadas com cravos de ferro. O esquema da porta foi mostrado na Figura 8.

As ferramentas utilizadas para confecção da porta estão descritas no Quadro


44 com os respectivos custos de aquisição. Foi admitido que 2 % do custo de
aquisição seja equivalente ao custo de locação e manutenção, ou seja, R$ 59,48.
Para estimular a produção foi arbitrada uma remuneração adicional, de dez horas
prêmio (sem incidência de encargos sociais), para a equipe de montagem da porta.

Quadro 44 – Custo de aquisição das ferramentas

ferramenta c. aquisição

bancada de serra multifunção 2500,00

furadeira 350,00

6 sargentos de 5" 84,00

chapa cavilheira 40,00

total 2974,00

4.9.2 Memória

Nos quadros 45, 46 e 47 estão descritos o custo do material aplicado, o


consumo de mão de obra empregada e a composição de custo da esquadria
escolhida neste item.
110

Quadro 45 – Custo do material aplicado

Insumos ud quantidade c. unitário total

cedro 26 cm x 4 cm m 10,40 74,77 777,61

cedro 10 cm x 4 cm m 3,00 24,75 74,25

Araltec kg 0,50 25,00 12,50

cravo 2 ½” ud 21,00 1,20 25,20

total R$ 889,56

Quadro 46 – Consumo da mão de obra empregada em horas

serviço carpinteiro ajudante

rebaixo em ½ madeira 1 1

fabricação das cavilhas 1,5

colagem das tábuas 2 2

fixação das cavilhas 1 1

colocação da porta 1,5 1,5

total R$/h 5,5 7

Quadro 47 – Composição do custo da porta

insumo ud quantidade c.unitário total

total de materiais ud 1,0 889,56 889,56


111

loc./manut. ferramentas ud 1,0 59,48 59,48

carpinteiro h 5,5 7,58 41,69

prêmio do carpinteiro h 10,0 2,91 29,10

½ oficial h 7,0 5,41 37,87

prêmio do oficial h 10,0 2,08 20,80

total R$/ud 1078,50

4.11 RECUPERAÇÃO DE TELHADO COLONIAL

4.11.1 Considerações

A recuperação de telhado é um serviço composto de vários sub serviços, que


estão relacionados por uma ordem lógica de execução. Este estudo comporá as
etapas executivas, que podem ser comuns a outros telhados, sendo que os serviços
específicos, que dependam das peculiaridades da edificação, serão apenas
comentados. Para o cômputo preciso dos custos em serviço desta natureza são
necessários o perfeito conhecimento da edificação e a elaboração de um
cronograma executivo detalhado, com o dimensionamento da equipe de trabalho
para atender o prazo da obra.

O custo com a locação e montagem/desmontagem de andaimes é


influenciado pela altura do beiral em relação ao térreo, pelas características do
passeio em torno da edificação (se é pavimentado ou se possui jardim) e pelas
possibilidades de contraventamento dos andaimes fachadeiros, nos vazados dos
vãos de janelas e balcões das fachadas. A estrutura do andaime deve ultrapassar
em pelo menos um metro o nível do beiral, para oferecer um guarda corpo seguro
para os operários que trabalham sobre a água do telhado. A plataforma de serviço
deve ser posicionada a aproximadamente um metro abaixo do beiral, para propiciar
112

uma posição ergonômica durante o seu alinhamento e arremate, além de servir de


local para estoque provisório de materiais e escombros. Dessa maneira, o serviço de
transporte será considerado apenas do meio da água até a plataforma de serviço.

Para verificar-se a qualidade das telhas a serem aplicadas, as Normas


Técnicas Brasileiras estabelecem a execução de dois testes para cada milheiro de
telhas. São eles:

• teste de impermeabilidade (NBR 8948) – as telhas não deverão apresentar


vazamentos ou formação de gotas na sua parte inferior, sendo porém
tolerado a presença de umidade;

• teste de absorção (NBR 8947) – o peso da telha saturada em água não


pode ultrapassar 20 % do peso da telha seca.

Será feita uma divisão dos sub serviços, baseada na homogeneização das
unidades, com o respectivo consumo de mão de obra, que assim poderão ser
compostos e apresentados. Primeiramente serão relacionados os serviços
necessários para compor o plano da água. A seguir os serviços sobre o forro e,
finalmente, aqueles que são medidos por metro linear, como cumeeira, espigão,
plataforma de serviço, rincão, etc.

Serviços componentes da água do telhado, medido em verdadeira grandeza


(as telhas, com 50 cm úteis, consomem 16 unidades para compor 1 m2) :

• retirada cuidadosa de telhas e estocagem sobre a plataforma de trabalho,


utilizando um escorrega de tábua - equipe de 1 carpinteiro e 1 ajudante
demandam 0,06 h/m2;

• retirada cuidadosa das 3 telhas argamassadas e encachorradas sobre a


alvenaria externa, inclusive com retirada de escombros – equipe de 1
pedreiro e 1 ajudante demandam 0,15 h/m2;
113

• retirada cuidadosa de ripamento (4 m/m2), inclusive limpeza e retirada dos


pregos – equipe de 1 carpinteiro e 1 ajudante demandam 0,08 h/m2;

• varredura do madeiramento contido no plano da água – equipe de 1


servente demanda 0.02 h/m2;

• retirada dos pregos do caibramento – equipe de 1 servente demanda 0,02


h/m2;

• colocação de sub cobertura Tyvek, inclusive contra-caibro em ripa e


ripamento para telha – equipe de 2 carpinteiros demandam 0,33 h/m2;

• limpeza técnica de telhas, com detergente neutro e escovas com cerdas


de nylon (16 unidades → 1 m2) – equipe de 1 servente demanda 0,48
h/m2;

• assentamento de telhas com argamassa, inclusive fixação de gancho de


cobre com diâmetro 2.5 mm – equipe de 2 pedreiros e 2 serventes
demandam 1,5 h/m2;

• limpeza do telhado, inclusive varredura e retirada de argamassa aderida


com espátula – equipe de 1 servente demanda 0,6 h/m2;

No Quadro 48 estão apropriados os consumos de mão de mão de obra para 1


2
m de telhado.

Quadro 48 - Consumo parcial de mão de obra para execução do telhado

serviço servente ajudante pedreiro carpinteiro

retirada de telhas 0,06 0,06

retirada de telhas encachorradas 0,15 0,15


114

retirada de ripamento 0,08 0,08

varredura do madeiramento 0,02

arrancamento de pregos dos caibros 0,02

colocação de Tyvek, c.c. e ripamento 0,66

limpeza das telhas 0,48

assentamento de telhas c/ gancho 1,30 1,30

limpeza final do telhado 0,60

2
total h/m 2,42 0,29 1,45 0,80

A seguir estão agrupados os consumos de alguns insumos de sub serviços e


os respectivos custos, para cada 100 m2 de telhado:

• limpeza das telhas

o 16 l de Detertec 7 a R$ 7,50/l = R$ 120,00

• preparação e aplicação de imunizante (fenil pirazol), suficiente para 200 m


de ripa

o 4,8 l de querosene desodorizado a R$ 3,50/l = R$ 16,80

o 0,048 l de Termidor 25 CE a R$ 68,50/l = R$ 3,29

o 2 h de servente a R$ 5,02/h = R$ 10,04

o total R$ 30,13

• corte, dobra de gancho em fio de cobre


115

O 15 kg fio de cobre a R$ 13,00/kg = R$ 195,00

O 9 h de ½ oficial a R$ 5,41/h = R$ 48,69

O total R$ 243,69

• argamassa de cimento,areia e terra vermelha (1,5:5:2), insumos/m3

O 238 kg de cimento a R$ 0,40 = R$ 95,20

O 0,72 m3 de areia a R$ 30,00 = R$ 21,60

o 0,29 m3 de terra a R$ 18,00 = R$ 5,22

o 11 h de servente a R$ 5,02 = R$ 55,22

o total R$ 177,22/m3 → 1,4 m3/100m2 → R$ 248,11

• reposição de 30% de telhas danificadas

o 30 m2 de telhas → 30 m2 x 16 ud/m2 x R$ 0,75 = R$ 360,00

• reposição de 30% do ripamento

o 30 m2 de água → 30 m2 x 4 m/m2 x R$ 0,60/m = R$ 72,00

Total parcial I: R$ 1073,93/100m2 → R$ 10,74/m2

Outros insumos com os respectivos custos/m2 são:

• Tyvek - consome 1,11 m2/m2 → 1,11 x R$ 7,47 = R$ 8,29/m2

• contra caibro - consome 2m/m2 → 2 x R$ 0,60 = R$ 1,20/m2


116

• prego – consome 0,07 kg/m2 → 0,05 x R$ 3,00 = R$ 0,21/m2

Total parcial II: R$ 9,70/m2

Os serviços acessórios, complementares e de arremate são função da


geometria do telhado. Esses serviços estão com seus custos unitários indicados
abaixo:

• montagem de plataforma de serviço sobre andaime metálico (m2)

o 4 m de tábua 12”(com reaproveitamento 10 vezes) a R$ 4,80 = R$


19,20

o 0,08 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,40

o total R$ 19,60

• proteção do forro com madeirite (m2)

o 1 m2 de chapa a R$ 7,70 = R$ 7,70

o 0,08 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,40

o total R$ 8,10

• instalação de passarelas sobre a estrutura do forro (m)

o 1 m tábua 12”(com reaproveitamento 10 vezes) a R$ 4,80 = R$


4,80

o 0,02 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,10

o total R$ 4,90
117

• demolição das telhas de cumeeira, inclusive retirada de escombros com


auxílio de escorrega (m)

o 0,10 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,50

• higienização do forro (m2)

o de 0,30 a 0,50 h de servente, dependendo das condições → R$


2,01

• colocação de calha de drenagem sob a 3a telha (m)

o 0,5 m de tubo de esgoto com 75 mm a R$ 3,20 = R$ 1,60

o 0,5 m de sarrafo 2,5 cm x 6 cm (p/ apoio do Tyvek) = R$ 1,30

o 0,15 h de servente a R$ 5,02 = R$ 0,75

o 0,20 h de pedreiro a R$ 7,01 = R$ 1,40

o 0.20 h de carpinteiro a 7,58 = R$ 1,52

o total → R$ 6.57

• colocação bebedouros na cumeeira com suspiros em ambos os lados (m)

o 2 m de mangueira 3/8” a R$ 0,95 = R$ 1,90

o 0,40 h de servente a R$ 5,02 = R$ 2,01

o 0,40 h de pedreiro a R$ 7,01 = R$ 2,80

o total → R$ 6,71

• assentamento de capa da cumeeira (m)


118

o 2 capas a R$ 0,75 = R$ 1,50

o de 0,010 a 0,015 m3, inclusive para os bebedouros, de argamassa a


R$ 177,22 → R$ 2,22

o 0,40 h de servente a R$ 5,02 = R$ 2,01

o 0,40 h de pedreiro a R$ 7,01 = R$ 2,80

o total → R$ 8,53

• corte de telhas e arremates no rincão em ambos os lados, exclusive chapa


metálica (m)

o 0,010 m3 de argamassa a R$ 177,22 = R$ 1,77

o 1,5 h de pedreiro a R$ 7,01 = R$ 10,52

o 1,5 h de servente a R$ 5,02 = R$ 7,53

o total → R$ 19,82

• arremate do beiral e limpeza da alvenaria (m)

o de 0,20 a 0,25 h de servente → R$ 1.13

o de 0,10 a 0,15 h de pedreiro → R$ 0,88

o de 0,002 a 0,010 m3 de argamassa a R$ 177,22 → R$ 1,06

o total → R$ 3,07
119

Outros custos devem ser considerados, como a abertura e o fechamento


diário de lona emborrachada, do tipo carreteiro, para proteção provisória das áreas
destelhadas. Pode-se considerar como uma área razoável de lona a de um
retângulo de 6 x 10 = 60 m2, ao preço de R$ 900,00. Gasta-se com uma equipe de 3
profissionais e 3 serventes, devidamente fiscalizados, diariamente, 0,3 h para abrir e
0,5 h para fechar por lona. A obra do telhado da Casa do Bispo chegou a utilizar três
lonas desse tamanho ao mesmo tempo. Como a obra desenvolveu-se com o cliente
operando normalmente, o canteiro era mantido limpo e organizado e, num período
de 105 dias, foram retiradas oito caçambas de entulho, com 5 m3 a R$ 100,00 cada.

4.11.2 MEMÓRIA

No Quadro 49 estão computados os custos parciais de mão de obra.

O custo do m2, considerando os custos parciais I, II e da mão de obra, resulta


em: 10,74 + 9,70 + 29,94 = R$ 50,38

Quadro 49 – Custo parcial de mão de obra

categoria ud consumo custo total

servente h 2,42 5,02 12,15

½ oficial h 0,29 5,41 1,57

pedreiro h 1,45 7,01 10,16

carpinteiro h 0,80 7,58 6,06

total R$/m2 29,94

Abaixo estão destacados os custos de serviços, medidos em metro linear,


e que normalmente são executados em recuperação de cobertura:
120

• demolição das telhas de cumeeira: R$ 0,50

• colocação de calha de drenagem, da sub cobertura, sobre a alvenaria: R$


6,57

• assentamento de capa da cumeeira com bebedouro e suspiro: R$ 15,24

• arremate no rincão, exclusive chapa metálica: R$ 19,82

• arremate do beiral: R$ 3,07

4.12 RESTAURAÇÃO DE CANTARIAS EM GNAISSE

4.12.1 Considerações

Os procedimentos que serão custeados neste item são serviços básicos de


limpeza, consolidação e de proteção, utilizando a metodologia descrita no item 2.11
desta Dissertação. A apropriação do consumo de mão de obra e materiais foi feita
tomando-se como base os serviços executados na obra de restauração do
Castelinho do Flamengo. As informações foram colhidas em entrevista com a
arquiteta residente Carla Codeço Coelho e restauradores que participaram dos
serviços.

O salário hora do restaurador equivale ao salário do encarregado de obras,


que, acrescido dos benefícios e dos encargos sociais, resulta em R$ 11,93/h.

A eliminação da vegetação oportunista foi iniciada com a aplicação de


biocida, derivado da glicina, diluído em água, na proporção 1:50, com aspersores
manuais. A aplicação consumiu 0,25 l de solução e 0,01 h de servente por m2. A
retirada manual da vegetação desenvolvida deu-se com a mesma já morta e seca, 5
dias após a aplicação do defensivo, e consumiu 0,01 h de servente.
121

A aplicação de detergente neutro, diluído em água (1:20), com escovação


manual, foi precedida de saturação da superfície com água corrente e sucedida de
generoso enxágüe, e consumiu 1 l de solução e 0,03 h de servente por m2.

A retirada das crostas negras remanescentes foi realizada com emplastros de


AB57, modificado pela retirada do agente tixotrópico, ficando a solução fixada à
superfície através de polpa de papel. A modificação da formulação oferece
vantagem no custo, mas requer um controle maior no procedimento, pois a mesma
solução que limpa, também pode contaminar a pedra com seus sais solúveis, caso
permaneça em contato prolongado e/ou não seja suficientemente enxaguada após a
retirada do emplastro. O consumo de insumos foi de 0,1 l da formulação, 2 rolos de
polpa e 0,17 h de ½ oficial por m2.

A aplicação de rejunte foi composta considerando-se uma junta com 4 mm de


espessura e com 10 mm de profundidade. A argamassa de rejuntamento utilizada,
em pasta de cal e areia no traço 1:3, foi aditivada com resina polivinílica (Rhodopás
503D) a 10 % do volume do aglutinante, foi aplicada com espátulas odontológicas
sobre a vizinhança da junta isolada e protegida por fita crepe. O consumo de
insumos foi de 4 x 10–5 m3 de rejunte, 2 m de fita crepe e 0,25 h de restaurador por
m.

A consolidação de superfície desfolhada teve seu custo composto


considerando-se que o afastamento entre o extrato externo e a base coesa era de
1,5 mm. O consumo de insumos foi de 1,5 l de mistura de resina de poliéster diluída
em estireno, em partes iguais, 100 ml de acetona e 100 g de estopa, para limpeza, 3
seringas de uso veterinário, 15 agulhas e 1 h de equipe de restaurador e ½ oficial
por m2 de superfície.

O contorno da superfície desplacada consolidada foi rejuntada com uma


mistura de resina de poliéster e gnaisse moído, com espátula odontológica. O
consumo de insumos foi de 0,036 l de rejunte, 1 m de fita crepe e 0,25 h de
restaurador por m linear de rejunte.
122

Após 24 h de cura, com a resina de poliéster aplicada já totalmente


polimerizada, as superfícies da cantaria foram enxaguadas e, após a secagem
completa, receberam tratamento com hidrofugante, aplicados com pistola/caneca de
pintura e ar comprimido, à baixa pressão, em 3 demãos. O consumo de insumos foi
de 0,21 l de hidrofugante e 0,05 h de ½ oficial por m2 de superfície aplicada.

4.12.1 Memória

Nos quadros 50 e 51 estão compostos os custos da preparação da solução


biocida e da aplicação da mesma, respectivamente.

Quadro 50 – Custo da preparação da solução biocida

insumos ud quantidade c. unitário total

Roundup l 0,02 27,90 0,56

almoxarife h 0,01 7,01 0,07

total R$/l 0,63

Quadro 51 – Custo da aplicação da solução biocida

insumos ud quantidade c. unitário total

solução l 0,25 0,63 0,16

servente h 0,02 5,02 0,10

total R$/m2 0,26

Nos quadros 52 e 53 estão compostos os custos da preparação e aplicação


de solução adstringente, respectivamente.
123

Quadro 52 – Custo da preparação da solução adstringente

insumos ud quantidade c. unitário total

Detertec l 0,05 7,88 0,39

almoxarife h 0,01 7,01 0,07

total R$/l 0,46

Quadro 53 – Custo da aplicação da solução adstringente

insumos ud quantidade c. unitário total

solução l 1,00 0,46 0,46

servente h 0,03 5,02 0,15

total R$/m2 0,61

Nos quadros 54 e 55 estão compostos os custos da preparação e aplicação


dos emplastros de AB57 adaptado, respectivamente.

Quadro 54 – Custo da preparação da fórmula do AB57

Insumos ud quantidade c. unitário total

bicarbonato de amonia kg 0,030 22,20 0,67

bicarbonato de sódio kg 0,050 6,20 0,31

EDTA kg 0,025 57,60 1,44

restaurador h 0,010 11,93 0,12

total R$/l 2,54


124

Quadro 55 – Custo da aplicação do emplastro de AB57

insumos ud quantidade c. unitário total

solução l 0,10 2,54 0,25

polpa de papel rl 2,00 0,88 1,76

½ oficial h 0,25 5,41 1,35

total R$/m2 3,37

Nos quadros 56 e 57 estão compostos os custos da preparação e da


aplicação de rejunte, respectivamente.

Quadro 56 – Custo da preparação do rejunte

insumos ud quantidade c. unitário total

pasta de cal m3 0,350 336,77 117,87

Rhodopás m3 0,035 3900,00 136,50

areia m3 1,080 157,93 170,56

servente h 11,000 5,02 55,22

total R$/m3 480,15


125

Quadro 57 – Custo da aplicação do rejunte

insumos ud quantidade c. unitário total

argamassa m3 0,00005 480,15 0,02

fita crepe m 2,00 0,05 0,10

restaurador h 0,25 11,93 2,98

total/m 3,11

Nos quadros 58 e 59 estão compostos os custos da preparação da resina de


poliéster com baixa viscosidade e da consolidação de superfícies com
desfolhamento, respectivamente.

Quadro 58 – Custo do preparo da resina para injeção

insumos ud quantidade c. unitário Total

resina de poliéster l 0,50 10,00 5,00

estireno l 0,50 10,00 5,00

restaurador h 0,15 11,93 1,79

total R$/l 11,79


126

Quadro 59 – Custo da consolidação de desfolhamento

insumos ud quantidade c. unitário total

mistura diluída l 1,50 11,79 17,69

seringa com 60 cc ud 3,00 7,00 21,00

agulha de 1/8" ud 15,00 1,80 27,00

acetona l 0,10 8,80 0,88

estopa kg 0,10 5,80 0,58

restaurador h 1,00 11,93 11,93

½ oficial h 1,00 5,41 5,41

total R$/m2 84,49

Nos quadros 60 e 61 estão compostos os custos da preparação da


argamassa e da colmatação dos bordos desplacados.

Quadro 60 – Custo da preparação da argamassa

insumos ud quantidade c. unitário total

resina de poliéster l 0,60 10,00 6,00

pó de gnaisse l 0,60 0,10 0,06

restaurador h 0,15 11,93 1,79


127

servente h 0,50 5,02 2,51

total R$/l 10,36

Quadro 61 – Custo da colmatação do bordo desplacado

insumos ud quantidade c. unitário total

argamassa l 0,036 10,36 0,37

fita crepe l 1,00 0,05 0,05

restaurador h 0,15 11,93 1,79

total R$/l 2,21

No Quadro 62 estão compostos os custos do tratamento de superfície com


hidrofugante.

Quadro 62 – Custo do tratamento superficial

insumos ud quantidade c. unitário total

Nitoprimer l 0,21 12,90 2,71

½ oficial h 0,05 5,41 0,27

total R$/m2 2,98

4.13 TRATAMENTO DE ELEMENTOS METÁLICOS

4.13.1 Considerações
128

Os consumos de materiais e mão de obra foram considerados com base nos


serviços realizados nas Casas Casadas. Assim têm-se:

• proteção com plástico preto das cantarias – 2 m2/m2;

• limpeza primária com escova de aço – 0,15 h de ½ oficial/m2;

• aplicação de removedor de tintas – 0.20 l de Pintoff e 0,25 h de ½


oficial/m2;

• escovação secundária – 0.15 h de ½ oficial/m2;

• aplicação de desengordurante – 0,30 l de Thinner e 0,25 h de ½ oficial/m2;

• preparação da base com pistola de agulha – 0,50 h ½ de oficial/m2;

• aplicação de fundo inibidor de corrosão – 0,20 l de cromato de zinco e


0,50 h de pintor/m2;

• aplicação de tinta de acabamento em duas demãos em esmalte sintético –


0,35 l de esmalte sintético e 1,00 h de pintor/m2.

O custo da hora de utilização da pistola de agulha pode ser obtido da mesma


maneira como foi obtido para perfuratriz, no item 4.5.2.1, pois o os dois
equipamentos possuem custos similares. Assim, o custo horário da pistola de agulha
foi considerado igual a R$ 0.34.

4.13.2 Memória

Nos Quadro 63 está resumido o consumo de mão de obra para os sub


serviços do tratamento de gradis e no Quadro 64 o consumo de insumos para o
tratamento de gradis.
129

Quadro 63 – Consumo de mão de obra dos sub serviços em tratamento de gradis

etapa mão de obra ud quantidade total

escovação primária ½ oficial h 0,15

aplicação de removedor ½ oficial h 0,25

escovação secundária ½ oficial h 0,15 1,3

aplicação de desengordurante ½ oficial h 0,25

preparação da base ½ oficial h 0,50

aplicação de fundo pintor h 0,50


1,5
aplicação do acabamento pintor h 1,00

Quadro 64 – Consumo de insumos para tratamento de gradis

insumos ud quantidade c. unitário total

plástico preto m2 2,00 0,38 0,76

Pintoff l 0,20 11,50 2,30

Thinner l 0,30 8,50 2,55

Pistola de agulha h 0,50 0,34 0,17

cromato de zinco l 0,20 11,11 2,22

esmalte sintético l 0,35 15,56 5,45

½ oficial h 1,30 5,41 7,03


130

pintor h 1,50 7,01 10,52

total R$/m2 30,99


5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Os serviços custeados neste trabalho, em geral, deram ênfase à técnica


empregada e à composição de custo do serviço objetivo, com simplificações das
características da edificação. Os serviços acessórios de proteção de partes
vulneráveis da edificação, de proteção de transeuntes e usuários da edificação e
montagem/desmontagem de infra-estrutura de acesso podem multiplicar em
algumas vezes o custo do serviço objetivo. Um exemplo é o custo da aplicação de
prótese de revestimento, em argamassa de cal e areia no traço 1:3, que aplicada no
nível do terreno custa R$ 41,72/m2 e quando aplicados seis metros acima do
terreno, o metro quadrado passa a custar R$ 85, 57, ou seja, uma diferença de mais
de 100 %.

Para calcular o custo, com razoável nível de confiança, dos serviços a serem
realizados em obras de restauração é necessário o conhecimento da edificação, das
suas peculiaridades que podem afetar no rendimento do serviço e do prazo
disponível para sua realização.

Os índices de produção da mão de obra, levantados em campo para essa


pesquisa, são flexíveis e variam de acordo com a qualidade do material humano
empregado no serviço. Quando possível esses índices resultaram de médias das
produções das equipes de trabalho, no caso de haver frente de serviço para mais de
uma equipe. A rotatividade da mão de obra na construção civil reduz a performance
inicial dos operários, que com a continuidade dos serviços acabam melhorando seu
desempenho.
112

Alguns serviços possuem, no custo da mão de obra, uma contribuição


relevante na formação do custo final. Dentre os custeados neste estudo destacam-
se os seguintes, com a respectiva contribuição da mão de obra na formação do
custo final:

• hidratação da cal virgem – 45 %,

• preparação de areia – 76 %;

• revestimento em cal e areia – 53 %;

• preparação de tinta – 42 %;

• caiação – 91 %

• consolidação de fissura em adobe – 60 %;

• consolidação de fissuras em pedra assentada com cal – 67 %;

• reestruturação de pau a pique – 71 %;

• consolidação de reboco – 63 %;

• emenda de viga com talas de aço – 67 %;

• rejuntamento em gnaisse – 96 %;

• colmatação de bordo de gnaisse desplacado – 81 %;

• limpeza e pintura de gradil de ferro – 57 %.


113

Salvo algumas exceções, a parcela do custo dos materiais, na composição do


custo do serviço é normalmente menos sujeita a incertezas no seu consumo, sendo,
portanto, mais confiável que a parcela relativa ao custo da mão de obra considerada,
que está sujeita à influência de características próprias da edificação e as limitações
que podem ser impostas pelo cliente. O apontamento diário do consumo de mão de
obra, nos serviços realizados em obras de restauração, deve ser organizado e servir
para informar ao residente do canteiro se as premissas de produtividade tidas no
orçamento estavam corretas. O responsável pelo orçamento poderá tirar proveito e
aprimorar sua percepção das dificuldades operacionais enfrentadas ao acompanhar
o andamento dos serviços executados.

Recomenda-se aos residentes de canteiros de restauração que tenham a


disciplina de registrar a produtividade de suas equipes de trabalho, para formar uma
base de dados, de consumo de mão de obra, de maneira que esses índices estejam
disponíveis para os profissionais envolvidos com os orçamentos da empresa,
fazerem suas composições de custos de maneira mais realista e confiável para
montar orçamentos competitivos e assim obter êxito nas concorrências que se
apresentarem no futuro.

Este trabalho, não tem a pretensão de ter esgotado todos os componentes


formadores do custo dos serviços, mas espera contribuir de alguma forma na
elaboração de novas planilhas de custo, que com um formato aperfeiçoado,
possibilite a atualização dinâmica dos componentes dos custos nas obras de
restauro assim como dispor esses dados aos responsáveis pelos orçamentos
públicos de restauração e manutenção de bens do patrimônio histórico.
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