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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA


BIBLIOTECA DO IFCH - UNICAMP

Paranhos,Adalbertode.Paula
P212r O roubo da fala: origens da ideologiado trabalhismono ~,
Brasil / Adalberto de Paula Paranhos. -- Campinas, SP;
[s.n.],1996.

Orientador: Caio Navarro de Toledo


-
Dissertação (mestrado) Universidade Estadual de Cam-
pinas,InstitutodeFilosofiae CiênciasHumanas.

1. Ideologia. 2. Trabalhismo-Brasil. 3. Estado. I.Toledo,


Caio Navarro de. II.Universidade Estadual de Campinas.
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. ID. Título.
64

prática essa concepção orgânico-corporativista, que, no fundo, nos remete à


sociologia positivista.

Durkheim, um dos seus expoentes, não se conformava diante do


"triste espetáculo" da "anomia"jurídica e moral oferecido pelo mundo econômico
na virada do século. Identificando nos conflitos sociais "fenômenos mórbidos",
um "estado de desregramento", propunha como antídoto às "desordens"
incessantes e à "anarquia" uma moral profissional que se constituísse
efetivamente numa disciplina. Daí, em meio à sua critica ao liberalismo
econômico e à defesa da coesão, da regularidade, da integração, sustentar a
necessidade do consenso sob uma potência moral, pois" as paixões humanas não
cessam senão diante de uma potência moral que respeitem"53.

Se havia, portanto, uma relação antagônica entre o liberalismo e o


corporativismo, entre este e o capitalismo, pelo contrário, a compatibilidade era
plena, como afirmava insistentemente Azevedo Amara154. Afmal de contas, o
antiliberalismo era a forma que assumia o anticomunismo. Contra este inimigo
comunista~sim, se deveria travar, em escala internacional, uma luta sem tréguas.
E o liberalismo, incapaz de oferecer resposta satisfatória face à espiral de
problemas econômicos, políticos e sociais que agitavam o mundo moderno,
funcionava, segundo os ideólogos autoritários, como um fator alimentador do
comunismo. Francisco Campos sintetizou admiravelmente tal ponto de vista:
"O corporativismo mata o comunismo como o liberalismo gera o comunismo.
o corporativismo interrompe o processo de decomposição do mundo capitalista
previsto por Marx como resultante da anarquia liberal" (EN, p. 62). De quebra, o

53Cf Émile Durkheim, "Da Divisão do Trabalho Social", em Os Pensadores,


voI. XXXIII, São Paulo, Abril Cultural, 1973, prefácio da 2a. ed., citação da p. 306. As
lutas de classe, no fundo, eram tachadas de fenômeno "patológico". Para a distinção
entre o "normal" e o "patológico", v. Émile Durkeim, "As Regras do Método
Sociológico", em op. cit., capoterceiro.
54No seu exame da relação entre capitalismoe organização corporativa da economia, ele
concluía que "o novo regime brasileiro é no plano econômico essencialmente capitalista".
V. EA, ps. 193/208 (a citação é da p. 193).

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