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1.

DO QUE SE TRATA ESSE GUIA

Uma das grandes dificuldades ao longo do estudo da bateria é a organiza-


ção. É muito frequente perder muito tempo tocando “qualquer coisa” ou
estudando exercícios que não contribuem de forma eficiente para a evolu-
ção, deixando lacunas no aprendizado.

Quando o assunto é organização, a primeira coisa que se deve ter em


mente é que o estudo da bateria se dá com matérias sequenciais que vão
se adaptando ao longo dos semestres, da mesma maneira que é organiza-
do um curso universitário.

Essas matérias estão dispostas sob pilares maiores, que são temas essen-
ciais e abrangentes. Por exemplo, quem faz faculdade de design pode ter
os pilares de design gráfico, design de produto, web design, design de em-
balagem, etc. Por sua vez, sob cada um destes pilares existem diversas
matérias a ser estudadas, cada uma delas vindo numa sequência, a seu
tempo.

Para entendermos melhor como isso se aplica na bateria, precisamos co-


nhecer os pilares do estudo desse instrumento e quais são as principais
matérias em cada um deles. Além disso, é necessário entender quais ma-
térias são base para todos os bateristas e quais fazem parte de uma es-
pecialização, dependendo do estilo que você queira seguir no instrumento.
Por exemplo: tanto um psiquiatra forense quanto um neurocirurgião estu-
daram medicina antes da especialização, tiveram a mesma base. Depois,
optaram por se especializar em temas completamente diferentes.

2.
ÍNDICE
OS PILARES DO ESTUDO E SUAS MATÉRIAS BÁSICAS……………………………………… 4

1A - Técnica de Mãos………………………………………………………………………………………. 4
- Os 5 Movimentos………………………………………………………………………………………… 4
- Sobre os Rudimentos………………………………………………………………………………….. 4
- Metodologia de Estudo dos Rudimentos…………………………………………………….. 10
1B - Técnica de Pés………………………………………………………………………………………… 11
1C - Combinações de Mãos e Pés…………………………………………………………………… 11
2 - Coordenação……………………………………………………………………………………………. 12
3 - Independência…………………………………………………………………………………………. 12
4 - Leitura…………………………………………………………………………………………………..… 13
5 - Treinamento Auditivo…………………………….…………………………………………………. 14
6 - Criação/Composição………………………………………………………………………………… 14
7 - Repertório………………………………………………………………………………………………… 15
8 - Percepção e Noção de Tempo…………………………………………………………………… 15
9 - História………………………..………………………………………………………………………….. 16

TRANSIÇÃO PARA ESPECIALIZAÇÃO…………………………………………………………….. 17

Cultura e Vivência Musical……………………………………………………………………………… 18

PILARES E MATÉRIAS DE ESPECIALIZAÇÃO…………………………………………….……… 19

1 - Técnica e Sonoridade Original…………………………………………………………………… 20


2 - Coordenação…….……………….………………………………………………………………….…. 20
3 - Independência…………………………………………………………………………………….…… 20
4 - Leitura…………………………………………………………………………………………………….. 20
5 - Treinamento Auditivo……………………………………………………………………………….. 20
6 - Criação/Composição………………………………………………………………………………… 21
7 - Repertório…………………………………………………………..……………………………….…… 21
8 - Percepção e Noção de Tempo…………………………..…………………………………….… 21
9 - História…………………………………………………………………….……………………………… 21

SOBRE O TEMPO DE ESTUDO……………………………………..…………………………………. 22

3.
OS PILARES DO ESTUDO E
SUAS MATÉRIAS BÁSICAS

1a - TÉCNICA DE MÃOS
A divisão deste pilar é simples, mas composta por muitas fases de estudo.
É interessante começar pelo estudo dos movimentos, lembrando sempre
de treinar aplicações de cada um deles e compreender em qual caso utili-
zá-los.

OS 5 MOVIMENTOS SÃO:

- Pulso Controlado (Wrist Control)


- Tipos de Toques (Strokes)
- Finger Control (Controle de Dedos)
- Moeller
- Movimento Circular (The Approach)

Dentro do estudo de técnica de mãos também é importante incluir os es-


tudos de Rudimentos e suas aplicações, Velocidade e Resistência.

SOBRE OS RUDIMENTOS:

Os rudimentos são pequenos padrões que servem como fundamento,


como bases para a criação de padrões maiores, combinações e variações.
São como sílabas que depois vão formar palavras, ou palavras que vão vi-
rar frases e servirão para que você possa se expressar, dizer o que pensa
(como o treino de escalas e arpejos para um guitarrista, por exemplo).

4.
Os rudimentos surgiram muito antes da bateria, alguns falam de padrões
de caixa criados por grupos militares para fins de comunicação na Suíça
no século XVII, mas a verdade é que existem indícios de que padrões rít-
micos percussivos eram utilizados desde o antigo Egito.

No último século, esses padrões foram organizados e catalogados, mais


recentemente com a NARD (National Association of Rudimental Drummer),
em 1933, com 26 rudimentos (13 essenciais e 13 complementares), e com
a PAS (Percussive Arts Society), em 1987, adicionando mais 14 rudimentos,
formando os famosos 40 que você deve ter ouvido falar.

O que vale ressaltar sobre os rudimentos é que eles foram organizados


nessas tabelas especificamente para a caixa e seu uso em grupos milita-
res de percussão (Drum Corps), tanto que a nomenclatura da tabela da
PAS era “The 40 International Snare Drum Rudiments” (Os 40 Rudimentos
Internacionais DE CAIXA). Portanto, é uma consequência seu estudo para
tocarmos bateria, já que é formada pela caixa e outros tambores que se
tocam com baquetas, mas essencialmente a tabela de rudimentos não
surgiu pensada para o kit de bateria e nem na maneira como costumamos
usar a bateria nas músicas hoje em dia.

Entendido até aqui, ainda gostaria de ressaltar os seguintes pontos:

- Os rudimentos nos trazem habilidades fundamentais para tocarmos no


kit de bateria. Nenhum estudo é em vão, mas existem prioridades.

- Para a bateria moderna, alguns rudimentos são extremamente funda-


mentais, enquanto outros são raramente utilizados fora do contexto mi-
litar de caixa. Exemplo: Double Ratamacue, Double Ratamacue, Double
Drag Tap, Single Flammed Mill. A maioria dos bateristas nem conhece ou

5.
sabe tocá-los; eu sei porque gosto de estudar, mas confesso que uso
muito pouco.

- Existem outras variações de rudimentos, como rudimentos híbridos, va-


riações de acentos, subdivisões, combinações de mãos e pés baseadas
em rudimentos, que são muito mais fundamentais e utilizadas que al-
guns dos rudimentos da tabela (má notícia para quem achou que teria
menos trabalho).

Os rudimentos principais e todas essas variações são estudados para que,


quando você for aplicar na bateria, não precise mais ficar pensando nos
rudimentos em si. Você pensa no resultado sonoro que busca e a fluência
das mãos acontece naturalmente, já que estudou diversas possibilidades
de combinações. É como nos antigos cursos de datilografia, em que se
aprendia a digitar com fluência, sem olhar o teclado e sem pensar em qual
dedo utilizar.

Quando você fala, você pensa no que quer dizer e não em cada sílaba de
cada palavra. Porém, esse processo só é automático porque já você co-
nhece as sílabas e sabe como pronunciá-las. Faz sentido? No caso da ba-
teria, os rudimentos formam essa base importantíssima para conseguir-
mos nos expressar musicalmente.

E ainda tem a entonação, o sotaque, a cadência... tudo isso também existe


na batera. Na hora de aplicar, as “sílabas” são as mesmas para todos, mas
cada um entona de um jeito, monta suas frases e pode dizer coisas com-
pletamente diferentes.

Com base nisso, podemos dizer que para ser um baterista você não preci-
sa estudar a fundo os 40 rudimentos, apesar de ser legal conhecer todos

6.
eles. Mas sim, você deve estudar muitos deles, e sim, deve ir muito além
do que está escrito na tabela.

Deixo aqui os 13 rudimentos essenciais categorizados pela NARD na déca-


da de 30, os 13 secundários e os últimos 14 adicionados na tabela da PAS.
Pela organização, vocês poderão perceber que o grau de importância real-
mente diz muito respeito à escola militar de caixa.

Na sequência, eu categorizo os meus preferidos, os que eu julgo essenci-


ais.

Os 13 Rudimentos Essenciais da NARD

• Double stroke open roll


• Five stroke roll
• Seven stroke roll
• Flam
• Flam accent
• Flam paradiddle
• Flamacue
• Drag (half drag or ruff)
• Single drag tap
• Double drag tap
• Double paradiddle
• Single ratamacue
• Triple ratamacue

Os 13 Rudimentos Secundários da NARD

• Single stroke roll


• Nine stroke roll
• Ten stroke roll

7.
• Eleven stroke roll
• Thirteen stroke roll
• Fifteen stroke roll
• Flam tap
• Single paradiddle
• Drag paradiddle No. 1
• Drag paradiddle No. 2
• Flam paradiddle-diddle
• Lesson 25
• Double ratamacue

Os 14 Rudimentos Adicionados pela PAS

• Single stroke four


• Single stroke seven
• Multiple bounce roll
• Triple stroke roll
• Six stroke roll
• Seventeen stroke roll
• Triple paradiddle
• Single paradiddle-diddle
• Single flammed mill
• Pataflafla
• Swiss Army triplet
• Inverted flam tap
• Flam drag
• Single dragadiddle

8.
Os Meus Principais Rudimentos

Os rudimentos abaixo são os que eu costumo destrinchar ao máximo, des-


locando acentos, tocando em outras subdivisões, testando combinações
entre rudimentos, combinações de mãos e pés, explorando diferentes vo-
zes, entre outros estudos e aplicações.

Os outros, que não estão listados, também estudo e considero importan-


tes, porém não costumo fazer o mesmo trabalho de aprofundamento mui-
to além da tabela. Eles ganham importância se você pretende estudar pe-
ças de caixa ou tem um trabalho em orquestra, porém também não cos-
tumam aparecer em variações muito diferentes do que está escrito na ta-
bela.

• Single stroke roll


• Double stroke open roll
• Single paradiddle
• Flam
• Multiple bounce roll
• Drag
• Single stroke four
• Five stroke roll
• Six stroke roll
• Triple stroke roll
• Double paradiddle
• Single paradiddle-diddle
• Flam accent
• Pataflafla
• Flam tap
• Single dragadiddle
• Swiss Army triplet

9.
METODOLOGIA DE ESTUDO DOS RUDIMENTOS:

Depois de estudar de muitas formas e realizar diversos testes, desenvolvi


uma metodologia própria, definida pela sigla TSACHA.

Este método é composto de 6 passos para seguir, pensados para explorar


ao máximo cada rudimento e é organizado da seguinte forma:

- Técnica: quais são as técnicas que posso utilizar neste rudimento.


- Subdivisões: que vozes compõem este rudimento e que outras subdivi-
sões posso utilizar na aplicação deste rudimento (tercina, semicolcheia,
sextina, etc).
- Acentuações: que outras formas de deslocamento de acentos posso
aplicar nesse rudimento.
- Combinações: que combinações de mãos e pés e com outros rudimen-
tos posso aplicar.
- Híbridos: que rudimentos híbridos posso criar a partir desse rudimento
base.
- Aplicações: que aplicações posso fazer no kit de bateria a partir dos
passos anteriores.

10.
1b - TÉCNICA DE PÉS
As técnicas de pedal basicamente se dividem em 4:

- Heel Down (Calcanhar Apoiado)


- Heel Up (Calcanhar Para Cima)
- Slide
- Toe Pivot

Dentro do estudo de técnica de pés, você também estuda Pedal Duplo ali-
ado às 4 técnicas citadas acima, além de estudos de Velocidade e Resis-
tência, Dinâmicas e Acentuações. Em casos mais avançados, também é
legal estudar rudimentos além do Single Stroke Roll, como o Double Stro-
ke Roll, Triple Stroke Roll, Paradiddle e até mesmo Flams.

1c - COMBINAÇÕES DE MÃOS E PÉS


Aqui o estudo se dá combinando as técnicas estudadas de mãos e pés. As
células criadas nesse estudo são amplamente utilizadas em grooves e fra-
ses, nos mais variados estilos.

As combinações compõem:

Combinações com Base em Rudimentos


Combinações com Base em Sua Subdivisão:
- Tercinas e Sextinas
- Semicolcheias e Fusas
- Outras Quiálteras

11.
2 - COORDENAÇÃO
Este talvez seja o pilar em que as matérias mais mudem com o tempo.
Praticamente só se estuda coordenação pura no início, o que resulta em
alguns grooves e frases essenciais. Porém, com o tempo, a coordenação
não é mais objetivo de estudo, mas sim um meio para chegar a grooves,
frases e estilos. A coordenação abraça tudo, mas por si só não nos dá um
resultado musical prático, alcançado, posteriormente, pelo estudo da In-
dependência.

As principais matérias são:

- Coordenação Básica e Ritmos Básicos em Colcheia


- Grooves (com base tercinada/com base em semicolcheias)
- Frases/Viradas (com base tercinada/com base em semicolcheias)
- Ritmos Brasileiros/Ritmos Americanos/Ritmos Latinos/Ritmos Africanos
- Ritmos Lineares Básicos
- Variações de Conduções, Marcações e outras versões rítmicas

3 - INDEPENDÊNCIA
O estudo de independência muitas vezes é confundido com o estudo de
coordenação, mas na verdade eles são bem diferentes. A coordenação visa
combinar partes do corpo, movimentos e subdivisões de maneira coorde-
nada. Já a independência visa automatizar certos grupos (partes do corpo)
e conseguir improvisar, interagir, ler ou interpretar com outros grupos (ou-
tras partes do corpo ou mente).

Um exemplo simples seria você tocar um ritmo e conversar com uma pes-
soa enquanto toca. Você estará deixando o ritmo no “automático” e libe-
rando seu pensamento para se dedicar à fala e ao assunto em questão.

12.
Esse pilar ajuda a desenvolver sua capacidade de tornar seus membros in-
dependentes e aumentar sua percepção para a música e para o improviso.
Se formos comparar com o estudo de um idioma, a coordenação seria o
estudo de vocabulário e pronúncia, enquanto a independência seria a con-
versação. As matérias deste pilar geralmente são as mesmas com o tem-
po, mudando somente o grau de dificuldade.

- Grooves e Frases Melódicos


- Estudo de Sistemas de Independência Sobre Bases Simples e Ostinatos
- Bases Fixas + Solfejo Rítmico ou Melódico

4 - LEITURA
A leitura é deixada de lado por muitos bateristas que começam a estudar
sozinhos, fazendo com que percam oportunidades importantes por não
possuírem esse conhecimento, além de compreensões essenciais, toda ri-
queza dos livros de música, partituras e outros materiais. Abaixo seguem
algumas das matérias que compõem este pilar. O iniciante tende a partir
por solfejos e partituras simples, evoluindo posteriormente para transcri-
ções, charts, peças de caixa e partituras mais complexas.

- Solfejo
- Charts
- Transcrições
- Partituras
- Peças de caixa

13.
5 - TREINAMENTO AUDITIVO
Muitos bateristas começam a estudar exatamente por este pilar. Ouvem e
tentam reproduzir o que ouviram. Assim como o pilar anterior, as matérias
deste pilar seguem constantes com o tempo, mas o conteúdo e o grau de
dificuldade mudam bastante.

- Tirar Músicas de Ouvido


- Harmonia (identificação de tensões e relaxamentos)
- Ouvir e Reproduzir
- Ouvir e Interpretar

6 - CRIAÇÃO/COMPOSIÇÃO
Neste estudo é importante tentar extrair a sua própria personalidade
como músico, criando ideias únicas e originais, além de estudar maneiras
de ser mais musical. Neste pilar, começamos com matérias mais simples,
como a criação com bases rítmicas e interpretação de músicas com ele-
mentos que você já estudou. Este é o momento em que você pode tocar
mais só aquilo que gosta, se divertindo e deixando fluir sua criatividade.

- Criação com bases lineares


- Criação com bases melódicas
- Criação com bases rítmicas
- Composição em músicas
- Interpretação e criação de versões de músicas

14.
7 - REPERTÓRIO
Este estudo consiste no aprofundamento de repertório musical dentro
dos estilos que você estuda. De nada adianta saber tocar um ritmo de
samba, se você não conhece e nem sabe tocar nenhum tema de samba,
nenhuma música. O mesmo vale para qualquer outro estilo. A evolução da
matéria deste pilar varia de acordo com o estilo que você opta por estudar
no momento. Nesse caso não existe uma ordem precisa.

- Estudos de temas e músicas


- Catalogação de repertório já estudado (criar lista dividida por estilos)

8 - PERCEPÇÃO E NOÇÃO DE TEMPO


A percepção é quase um braço da independência, com uma pitada de trei-
namento auditivo. O intuito deste pilar é ainda menos técnico e mais sen-
sitivo, visando internalizar estruturas “invisíveis”, como por exemplo o
tempo.

- Percepção e manutenção do tempo


- Contagem e percepção de outras fórmulas de compasso
- Tempo e pulsos

15.
9 - HISTÓRIA
Este é um pilar mais teórico, mas que ajuda bastante na compreensão e
consciência de todo estudo, além de inspirar e abrir os horizontes para
novas descobertas musicais.

- Pesquisa de Obras de Grandes Bateristas


- Álbuns de Gêneros Musicais
- Origem Rítmica
- História dos Gêneros Musicais
- História da Bateria e suas partes

16.
TRANSIÇÃO PARA UMA
ESPECIALIZAÇÃO
Se você tiver estudado devidamente os pilares de estudo e suas matérias
básicas, independente do estilo que seguir, você nunca mais vai se depa-
rar com a dúvida de como aquele batera fez tal coisa, sem ter a mais páli-
da ideia de que passos dar para chegar até lá, pois parte do caminho que
aquele baterista percorreu você também terá percorrido, talvez até melhor
e com mais atenção (isso só depende de você!).

Depois disso, nós temos a via de meio, um pré-requisito que é ignorado na


maioria das vezes, mas que eu considero muito importante.

Quando você define uma linha para seguir, um estilo musical, uma especi-
alização, você precisa entrar na cultura e vivência musical, a fim de, nas
matérias de especialização, desenvolver sua linguagem e repertório musi-
cal.

Isso inclui:

- Entender de onde vem o ritmo


- Qual a ligação com a dança, a religiosidade ou outros aspectos culturais
- Como é composto esse ritmo, quais as camadas e os instrumentos de
percussão originais

17.
ESSA CAMADA INTERMEDIÁRIA, EU CHAMO DE ESTUDO DE
CULTURA E VIVÊNCIA

A falta desse estudo gera problemas, como por exemplo a dificuldade dos
gringos em tocar samba. Isso se dá pela falta de compreensão do contexto
musical, aprendendo somente os Grooves, sem saber o que faz um tam-
borim, um pandeiro, qual o requebrado da dança, qual sua ligação cultural,
qual a paisagem daquele ritmo (o cenário e atmosfera onde acontece o
samba) e o que caracteriza a identidade do Samba a nível rítmico (peculia-
ridades da subdivisão).

Sem isso não rola o suingue, soa estranho até mesmo para quem não é
músico.

18.
PILARES E MATÉRIAS
DE ESPECIALIZAÇÃO

Primeiro temos que entender do que se trata uma especialização. Quando


você está na escola, estuda matemática e física, por exemplo. Na faculda-
de, quem for bom em matemática e física pode escolher estudar Enge-
nharia Mecânica. Depois de formado, ele pode fazer uma especialização,
uma pós-graduação em Engenharia Automotiva, para ser um especialista
no ramo automotivo. Desde a escola até seu último dia de especialização,
a matemática e a física estarão presentes, porém em níveis de profundi-
dade diferentes.

Na bateria é a mesma coisa, se você quiser se tornar um especialista em


Samba, por exemplo, os pilares que estudou na sua formação anterior
continuam sendo sua base de evolução, porém com matérias mais apro-
fundadas dentro do tema escolhido.

A seguir exemplifico as matérias que estariam presentes sob os pilares


básicos, no caso de uma especialização em Samba. Outros estilos seguiri-
am estruturas muito semelhantes, mesmo ao buscar uma fusão de estilos,
como por exemplo a aplicação de elementos e padrões de música brasi-
leira no Heavy Metal. Ou ainda, habilidades paralelas não ligadas a um es-
tilo específico, como o estudo avançado de técnicas de pedal duplo.

19.
1 - TÉCNICA E SONORIDADE ORIGINAL
- Aplicações de técnicas de mãos no Samba (como os movimentos de
condução de mão direita, por exemplo)
- Aplicações de técnicas de pés no Samba (estudos de dinâmicas no
bumbo)
- Combinações de Mãos e Pés baseadas em linhas de acentuação dos ins-
trumentos de percussão, buscando nuances de sonoridades que repre-
sentem o suingue dos ritmos.

2 - COORDENAÇÃO
- Samba Partido Alto
- Samba de Roda
- Samba Batucada
- Ritmos Lineares de Samba

3 - INDEPENDÊNCIA
- Grooves e Frases Melódicos baseados em Samba
- Estudo de Sistemas Independentes e Ostinatos de Samba
- Groovando e cantando melodias de Samba

4 - LEITURA
- Charts de Samba
- Transcrições de Samba
- Partituras de Samba

5 - TREINAMENTO AUDITIVO
- Tirar Temas de Samba de Ouvido
- Estudo de Harmonia (tensões e relaxamentos no Samba)
- Ouvir e Reproduzir temas de Samba
- Ouvir e Interpretar temas de Samba

20.
6 - CRIAÇÃO/COMPOSIÇÃO
- Criação de Samba com bases lineares
- Criação de Samba com bases melódicas
- Criação com bases percussivas

7 - REPERTÓRIO
- Catalogação dos principais expoentes e temas de Samba
- Ouvir a obra de grandes bateristas e outros músicos no Samba
- Seleção e análise dos temas

8 - PERCEPÇÃO
- Percepção e manutenção do tempo no Samba
- Contagem e percepção de outras fórmulas de compasso no Samba
- Tempo e pulsos no Samba

9 - HISTÓRIA
- Pesquisa de Obras de Grandes Bateristas
- Álbuns de Gêneros Musicais
- Origem Rítmica
- História dos Gêneros Musicais
- História da Bateria e suas partes

21.
SOBRE O TEMPO DE ESTUDO
Muito se ouve sobre o tempo ideal de estudo diário para evoluir no ins-
trumento, mas não existe uma regra clara para isso, é algo que varia de
acordo com cada indivíduo e suas pretensões dentro da música. O certo é
que a falta de organização e de uma boa metodologia atrasam muito a
evolução.

Obviamente será muito difícil você se tornar um grande baterista estudan-


do uma hora por semana, assim como seria muito difícil você se tornar um
grande médico ou engenheiro com esse tempo de estudo. Podemos partir
da ideia de que se você quer se tornar um bom profissional, pense em
pelo menos 4 horas por dia de estudo. Já se suas pretensões são menos
ambiciosas, se só quer ter uma banda que não toca muitos estilos dife-
rentes e se divertir, pense em pelo menos uma hora por dia.

Para organizar seu estudo de forma prática, clique aqui e baixe a planilha
de organização de tarefas, incluindo as matérias que pretende estudar na
semana, além do seu tempo de prática disponível.

Espero ter esclarecido algumas dúvidas e que este material seja útil para
você!

Um grande abraço da Zorzi Drums!

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