Você está na página 1de 8

GUIA DE

ORGANIZAÇÃO DE ESTUDOS

Uma das grandes dificuldades ao longo do estudo da bateria é a


organização. É muito frequente perder muito tempo tocando “qualquer
coisa”, ou estudando exercícios que não contribuem de forma eficiente
para a evolução, deixando lacunas no aprendizado.

Quando o assunto é organização, a primeira coisa que se deve ter em


mente é que o estudo da bateria se dá com matérias sequenciais que vão
se adaptando ao longo dos semestres, da mesma maneira que é
organizado um curso universitário.

Essas matérias estão sob pilares maiores, que são temas essenciais e
abrangentes. Por exemplo, quem faz faculdade de design pode ter os
pilares de design gráfico, design de produto, web design, design de
embalagem, etc. Por sua vez, sob cada um destes pilares existem diversas
matérias a ser estudadas, cada uma delas em sequência, a seu tempo.

Então para entendermos melhor como se aplica isso na bateria,


precisamos entender quais são os pilares do estudo desse instrumento e
quais são as principais matérias em cada um deles. Vamos lá!
1 - LEITURA
A leitura é deixada de lado por muitos bateristas que começam a estudar
sozinhos, fazendo com que percam oportunidades importantes por não
possuírem esse conhecimento, além de compreensões essenciais, toda riqueza
dos livros de música, partituras e outros materiais. Abaixo seguem algumas
das matérias que compõe este pilar. O iniciante tende a partir por solfejos e
partituras simples, evoluindo posteriormente para transcrições, charts, peças
de caixa e partituras mais complexas.

- Solfejo
- Charts
- Transcrições
- Partituras
- Peças de caixa

2 - TÉCNICA
A divisão deste pilar é simples, mas com muito material sequencial. Na
técnica de mãos, por exemplo, o iniciante começa estudando movimentos de
pulso, depois evolui para outros movimentos, como Moeller, movimento
circular, finger control. O mesmo ocorre com o estudo de toques e
rudimentos, que estão presentes desde o início, mas são estudados e
aplicados um a um em um cronograma bem organizado de estudos.

- Mãos
- Pés
- Combinações de Mãos e Pés
3 - COORDENAÇÃO
Talvez este seja o pilar em que as matérias mais mudem com o tempo.
Praticamente só se estuda coordenação pura no início, o que resulta em
alguns grooves e frases essenciais. Porém, com o tempo, a coordenação não
é mais objetivo de estudo, mas sim um meio para chegar a grooves, frases e
estilos. A coordenação abraça tudo, mas por si só não nos dá um resultado
prático, por isso este pilar deve ser muito bem trabalhado.

- Coordenação Básica e Ritmos Básicos em Colcheia


- Grooves (com base tercinada/com base em semicolcheia)
- Frases (com base tercinada/com base em semicolcheia)
- Ritmos Brasileiros/Ritmos Americanos/Ritmos Latinos/Ritmos
Africanos…
- Ritmos Lineares
- Versões Rítmicas

4 - INDEPENDÊNCIA
O estudo de independência por tantas vezes é confundido com o estudo de
coordenação, mas na verdade eles são bem diferentes. A coordenação visa
combinar partes do corpo, movimentos e subdivisões de maneira
coordenada. Já a independência visa automatizar certos grupos e conseguir
improvisar, interagir, ler ou interpretar com outros grupos. Um exemplo
simples seria você tocar um ritmo e conversar com uma pessoa enquanto
toca. Você estará deixando o ritmo no “automático” e liberando seu
pensamento para se dedicar à fala e ao assunto em questão. Esse pilar ajuda
a desenvolver sua capacidade de tornar seus membros independentes e
aumentar sua percepção para a música e para o improviso. Se formos
comparar com o estudo de um idioma, a coordenação seria o estudo de
vocabulário e pronúncia, enquanto a independência seria a conversação. As
matérias deste pilar geralmente são as mesmas com o tempo, mudando o
grau de dificuldade.

- Grooves e Frases Melódicos


- Estudo de Sistemas Independentes e Ostinatos
- Acompanhamento e Solfejo Melódico

5 - TREINAMENTO AUDITIVO
Muitos bateristas começam a estudar exatamente por esse pilar. Ouvem e
tentam reproduzir o que ouviram. É um pilar importante, mas não podemos
ficar só nele. Assim como o pilar anterior, as matérias deste pilar seguem
constantes com o tempo, mas o conteúdo e o grau de dificuldade mudam.

- “Tirar Músicas de Ouvido”


- Harmonia (tensões e relaxamentos)
- Ouvir e Reproduzir
- Ouvir e Interpretar
6 - CRIAÇÃO/COMPOSIÇÃO
Neste estudo é importante tentar extrair a sua própria personalidade como
músico, criando ideias únicas e originais, além de estudar maneiras de ser
mais musical. Neste pilar começamos com matérias mais simples, como a
criação com bases rítmicas por exemplo, mas geralmente não entra nos
primeiros semestres.

- Criação com bases lineares


- Criação com bases melódicas
- Criação com bases rítmicas
- Composição em músicas
- Recomposição

7 - REPERTÓRIO
Este estudo consiste no aprofundamento de repertório musical dentro dos
estilos que você estuda. De nada adianta saber tocar um ritmo de samba, se
você não conhece e nem sabe tocar nenhum tema de samba, nenhuma
música. O mesmo vale para qualquer outro estilo. A evolução da matéria
deste pilar varia de acordo com o estilo que você opta por estudar no
momento. Neste caso não existe uma ordem precisa.

- Estudos de temas e músicas


8 - PERCEPÇÃO
A percepção é quase um braço da independência, com uma pitada de
treinamento auditivo. O intuito deste pilar é ainda menos técnico e mais
sensitivo, visando internalizar estruturas “invisíveis”, como por exemplo o
tempo. Este pilar aparece isoladamente com matérias próprias depois de
alguns semestres de estudo.

- Percepção e manutenção do tempo


- Contagem e percepção de outras fórmulas de compasso
- Tempo e pulsos

9 - HISTÓRIA
Este é um pilar mais teórico, mas que ajuda bastante na compreensão e
consciência de todo estudo, além de inspirar e abrir os horizontes para novas
descobertas musicais.

- Pesquisa de obras de grandes bateristas


- Álbuns de gêneros musicais
- Origem rítmica
- História dos gêneros musicais
- História da Bateria e suas partes
SOBRE O TEMPO DE ESTUDO
Muito se ouve sobre o tempo ideal de estudo diário para evoluir no
instrumento, mas não existe uma regra clara para isso, é algo que varia
de acordo com cada indivíduo e de suas pretensões dentro da música. O
que é claro, é que a falta de organização e de uma boa metodologia
atrasam muito a evolução.

Obviamente será muito difícil você se tornar um grande baterista


estudando uma hora por semana, assim como seria muito difícil você se
tornar um grande médico, ou um grande engenheiro com esse tempo de
estudo. Podemos partir da ideia de que se você quer se tornar um bom
profissional, pense em pelo menos 4 horas por dia de estudo. Já se suas
pretensões são menos ambiciosas, só quer ter uma banda que não toca
muitos estilos diferentes e se divertir, pense em pelo menos uma hora
por dia.

Esperamos ter esclarecido algumas dúvidas e que este material seja útil
para você!

Um abraço da Zorzi Drums!

www.zorzidrums.com.br
facebook.com/zorzidrums
youtube.com/zorzidrums
instagram.com/zorzidrums

Você também pode gostar