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Apostila de prática de

composição musical

Prof. Rafael Pegorari Benites


2022
Sumário

Introdução……………………………………………………………………………………………. 02

Capítulo 1: Apreciação e Análise Musical………………………………….. 03

Capítulo 2: Criações Iniciais…………………………..………………………………. 04

Capítulo 3: Estruturação e Finalização……………………………………… 07

Capítulo 4: Letragem………………………………………………………………………… 08

Agradecimentos………………………………………………………………………………….. 11

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Introdução

Essa apostila é uma contrapartida para a lei de incentivo


à cultura ProAC 39/2021, e serve como uma extensão para meu
trabalho de conclusão de curso da pós-graduação em
pedagogia musical pela faculdade Souza Lima. Ela tem o
propósito de aprofundar assuntos abordados na vídeo aula,
bem como apresentar sugestões e exercícios para a prática de
composição musical.
O primeiro capítulo busca contextualizar brevemente
conceitos de apreciação e análise musical. No capítulo 2
discutimos formas de iniciar os processos de criação, e suas
vantagens e desvantagens. O terceiro capítulo concerne a
estruturação e finalização da composição. Um quarto capítulo,
a qual não abordo na vídeo aula, foi adicionado para tratar da
letragem.
O objetivo com esse projeto é incentivar e auxiliar novos
compositores; sejam eles iniciantes, intermediários ou
avançados, visando aquecer o mercado de música autoral.
Desejo a todos uma ótima leitura!

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CAPÍTULO 1:

APRECIAÇÃO E ANÁLISE MUSICAL

Assim como em qualquer outra área da arte, a apreciação


da mesma fica mais intensa e lógica quando entendemos os
eventos presentes na obra. Na música isso não é diferente.
Ao ouvirmos uma música, muitas vezes não nos atentamos
ao que está acontecendo; como ela está estruturada, quantas
repetições acontecem das passagens, se a melodia está
diferente ou é modificada em algum momento. Entretanto,
esses elementos são importantes para a coerência do discurso
sonoro, e quanto mais coerente, mais simples de compreender
e apreciar a peça musical. Por isso devemos desenvolver nossa
audição ativa, e deixar de lado a relação de escutar
passivamente, passando a prestar mais atenção e retendo mais
informação da música.
Logo, um primeiro ponto a analisar é a organização de
suas seções, como: A, B, A, B, B. Ou seja, a seção A vai conter
alguns elementos, a B terá elementos diferentes, por isso as
diferenciamos. Se há mais seções com diferenciação chamamos
de C, D, E…e assim sucessivamente.

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Um segundo ponto importante é reconhecer as melodias e
suas possíveis modificações, modulações métricas1 ou tonais2.

Repertório:

Ter um repertório extenso é importante, pois quanto mais


ideias ouvimos, mais referências, materiais e características de
gêneros musicais diferentes adquirimos. No ímpeto de compor
algo referente a um estilo musical específico, é crucial
compreender os detalhes que o caracterizam, isso requer
bastante audição ativa de diversos artistas de um mesmo
segmento.

CAPÍTULO 2:

CRIAÇÕES INICIAIS

Para fazer essas criações podemos pensar em seções


(verso, refrãos, seção A,B,C…) e criá-las separadamente. Com
diferentes materiais sonoros.

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Troca de fórmula de compasso durante a música.
2
Mudança de tom em relação ao original.

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Harmonia:

Uma sugestão é começar a criação pela cadência de


acordes. Ela é uma boa opção por oferecer muitas
possibilidades de sonoridade. Por conter tríades e tétrades
(notas que formam o acorde) já é possível desenvolver ideias
melódicas, tendo como opção criar cadências ou apenas
manter um ou dois acordes dos quais a sonoridade te agradou.

● Sugestões de cadência de acordes:

I - VI - II - V ; I - III - IV - V ; IV - V - I ; II - V - I ; V - IV - I .

Melodia:

Iniciar a composição pensando na melodia pode ser


mais vantajoso pois, ao pensarmos no acompanhamento
desta, criamos diversas possibilidades de sonoridades,
estruturando o entorno musical com base no motivo
melódico desenvolvido.

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● Sugestão de melodia:

Definir uma quadratura de compassos, definir um tom, e


transitar pelas escalas e arpejos, com notas principais (notas
do acorde) iniciando compassos, e notas mais “dissonantes” no
final dos compassos.

Ritmo:

Pode-se tanto seguir um ritmo existente, como samba,


baião, entre outros; ou também criar um padrão rítmico de sua
preferência.

● Exercícios de criação rítmica:

Para criar um ritmo basta batucar ou cantarolar ciclos de


tempos, criando um padrão. O som de maneira ordenada se
configura como um ritmo, pois tem lógica e sentido.

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CAPÍTULO 3:

ESTRUTURAÇÃO E FINALIZAÇÃO

Desenvolvimento:

Nesta etapa faremos os últimos retoques nas melodias


e/ou acordes. Ao ouvir as criações iniciais, às vezes
podemos sentir falta de um complemento, uma ligação
para outras seções. Dessa forma sugiro ouvir em
sequência os materiais compostos e testar possibilidades
e ajustes nos momentos em que a sua audição sentir
necessidade. Nesta etapa podemos lapidar a composição,
com o surgimento de ideias de introdução, melodia de
finalização, ponte e afins.

Organização de seções:

Esse é o momento de estruturar nossa música, onde


escolhemos o começo, o meio e o fim; deixando-a coerente
dentro dos materiais compostos. Dessa forma pense na
sequência dos eventos sonoros e organize-os.

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Finalização:

Agora que já temos os materiais desenvolvidos e a


estruturação de seções, podemos finalizar a composição.
Ou seja, entendê-la como finalizada, e registrá-la, no
sentido de escrever isso em partitura ou gravá-la. Podemos
também pensar em instrumentos para fazer os
acompanhamentos de acordes e as melodias, como:
trompete, saxofone, guitarra, violão, piano, entre outros.
Deixe sua criatividade escolher as “cores” de diferentes
timbres em sua composição!

CAPÍTULO 4:

LETRAGEM

Primariamente é necessário compreender o


desenvolvimento de um texto. Já que um dos principais
inimigos de uma criação textual é exatamente a ideia de
construção linear, começo, meio e fim. Vale ressaltar que a
construção artística não é uma redação, como de um

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vestibular. Por isso lançaremos mão da contextualização, pois
dessa forma obteremos uma ideia temática.
Pensaremos inicialmente em uma contextualização, que pode
ser baixa ou hiper-contextualizada:

● Contextualização baixa: Uma ideia que faz com que


muitas pessoas se reconheçam com aquela história. Algo
mais geral e de fácil compreensão.

● Hiper-contextualização: Uma ideia fechada, com menos


possibilidade de aberturas e/ou divagações extras.

Exercícios:

1ª PARTE: DEFINIR UM TEMA.

2ª PARTE: 3 PALAVRAS QUE SE ARTICULAM COM O TEMA.

3ª PARTE: 3 FRASES AFIRMATIVAS SOBRE O TEMA.

4ª PARTE: 3 FRASES INTERROGATIVAS - FRASES DE


PENSAMENTO ABERTO

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Exemplo:

TEMA: *MÚSICA*

3 palavras: arte, sublime, composição.

3 frases afirmativas:
● A mais bela forma de arte.
● Uma sensação sublime que arrepia
● A composição é a extração da alma.

3 frases interrogativas:
● Como definir a sensação de ouvir uma música?
● Por que ela me toca dessa forma?
● Seria a música a língua dos anjos?

O próximo passo consiste em criar frases livres que rimem


com as frases já criadas, e organizá-las de forma que faça
sentido para você. Para inseri-las dentro da melodia criada
basta encaixar as sílabas nas notas.
Vale ressaltar que uma análise de letras das quais você goste
também irá te ajudar muito!

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer o Dr. João Marcondes que


juntamente com a professora Mariana Sayad me ajudaram a
desenvolver meu primeiro projeto e que felizmente foi aprovado.
Também agradecer ao Rafael Saraiva por gravar e editar a
videoaula. E o Guilherme Faber que revisou e aprovou o texto
desta apostila.

Rafael Pegorari Benites é formado em Música, com


especialização em guitarra elétrica pela Faculdade Integral
Cantareira, e atualmente cursa Pós-Graduação em Educação
Musical pela Faculdade Souza Lima. É professor, instrumentista
e compositor.
Instagram: @_rafaelbenites_

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