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Para citar esse documento:

JESUS, Milton Santos de. Cena-memória: poética de atuação e formação de um


artista cênico. Anais do VI Encontro Científico da Associação Nacional de
Pesquisadores em Dança - ANDA. Salvador: ANDA, 2019. p. 1503-1511.

www.portalanda.org.br

1502
CENA-MEMÓRIA:
POÉTICA DE ATUAÇÃO E FORMAÇÃO DE UM ARTISTA CÊNICO

Milton Santos de Jesus (IFG)i

RESUMO: Este artigo é parte integrante de um Trabalho de Conclusão de Curso


(TCC), pesquisa em andamento que revisita parte de minha trajetória de formação
artística de ator-dançarino, tendo como referência processos criativos vivenciados e
posteriormente deflagrados em cenas memórias. Analisa como tais vivências,
nutridas por uma perspectiva de história de vida, de dramaturgia pessoal e de uma
dramaturgia da memória, foram criadas de forma autoral na relação da dança com o
teatro contemporâneos, forjando minha identidade e biografia. Pretende-se por meio
da subjetividade, contextualizar correlações entre vida e obra de arte na produção
de uma estética da existência, nos cuidados de si e fabricação de si e na
reinvenção/concepção de uma vida artista. Interessa a este trabalho colaborar com o
debate sobre a autonomia artística e a poética de atuação e formação do artista
cênico.

PALAVRAS-CHAVE: Cena. Dança. Formação Artística. Memória. Teatro.

MEMORY SCENE:
POETICS OF ACTION AND TRAINING OF A SCIENTIFIC ARTIST

ABSTRACT: This article is an integral part of a Course Completion Work (TCC), an


ongoing research that revisits part of my trajectory of artistic training as actor-dancer,
having as reference creative processes experienced and later triggered in memorial
scenes. It analyzes how such experiences, nourished by a perspective of life history,
personal dramaturgy and a dramaturgy of memory, were created in an authorial way
in the relation of contemporary dance and theater, forging my identity and biography.
It is intended through subjectivity to contextualize correlations between life and work
of art in the production of an aesthetic of existence, in the care of self and self-
fabrication and in the reinvention / conception of an artist's life. It is interesting to
collaborate with the debate on the artistic autonomy and the poetics of acting and
training of the scenic artist.

KEYWORDS: Scene. Dance. Artistic Training. Memory. Theater.

Quando teatro dança

Venho de uma escola de formação de intérprete da cena cultivada na


experiência prática em processos de trabalho com teatro e dança em sua maioria
com grupos, coletivos e companhias de artistas. Neste contexto, parte dos artistas
envolvidos também pertenceram a uma trajetória de aprendizagem fora do universo
acadêmico.
1503
É nessa perspectiva que início na vida artística em 1999, com trabalhos
desenvolvidos em grande parte para com teatro de grupo, e em geral com estéticas
de criação inclinadas para o teatro do movimento1 (teatro físico), o teatro de
animação e em pesquisas de experimentações diversas: palco fechado, aberto, rua,
entre outros, cujo corpo sempre foram o viés de norteamento e agenciamento. A
partir de 2003, uma ênfase maior com o corpo foi estabelecida por meio do
envolvimento com os métodos de trabalho psicofísicos desenvolvido e difundidos
pelo grupo Lume Teatro2.

No ano de 2007, uma maior aproximação com a dança aconteceu a partir de


uma breve experiência com o coreógrafo paraense Jaime Amaral3, para uma dança
num espetáculo de ópera infantil. E, posteriormente em 2008, entrei para
Companhia de Investigação Cênica4 para colaborar em uma dramaturgia de dança,
o que me capturou de vez para um trabalho ativo e contínuo com a dança
contemporânea. Tudo isso em paralelo com as outras áreas de atuação, ou seja,
uma vida artística rizomática5(LIMA, 2005).

A partir de 2011, outras perspectivas são inauguradas, quando parto para


uma etapa de novas descobertas no campo da formação em arte. Um processo de
imersão em residências e intercâmbios artísticos fora da minha região,
desdobrando-se em uma nova relação com a vida artística. Um aprofundamento em
pesquisas e caminhos autônomos propícios para uma atividade de criação solo.

No ano de 2015, ingresso no curso de licenciatura em Dança do IFG por


muitos motivos, entre eles, pela necessidade de uma formação acadêmica e pela
vontade de desencadear uma pesquisa que unisse minha experiência ininterrupta no
teatro com os novos caminhos trilhados na dança.

Uma fundamentação: da memória na história de vida e na vida artista

1
Essa terminologia é conhecida em Belém através da pesquisa desenvolvida pelo Prof. Dr. Miguel
Santa „Brígida e seu grupo Cia. Atores Contemporâneos.
2
Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa Teatral da Unicamp – Lume Teatro.
3
Bailarino, coreografo e professor de dança efetivo da Escola de Teatro e Dança da UFPA.
4
Grupo de dança contemporânea atuante em Belém/PA desde 2008.
5
Parte do conceito deleuziano sobre rizoma, um pensamento que se faz múltiplo, que se quer com 1504
diferentes formas e multiplicidades (grifos nossos).
“A memória. Um retorno sobre os mesmos passos,
6
para onde quer que se vá.” (Vicente Franz Cecim )

Desejo com essa pesquisa olhar o passado, revisitar trabalhos, experiências e


encontros, momentos singulares de um período criativo que considero minha
principal escola de formação artística. Esse retorno far-se-á através de uma
aproximação agenciada por dois alicerces da arte cênica: o primeiro é o corpo, como
caminho de escrituras da cena e de invenção de corporeidades; o segundo é a
memória, como legado e fonte inesgotável de produção de material sensível e que
alimentam meu viver e fazer em arte. E é por meio desses dois temas fundantes que
desejo fabular minhas autoficções (GREINER, 2017) de vida artista.

Para refletir essa trajetória, busco contribuição nos estudos sobre a


Dramaturgia da Memória no Teatro-dança (SANCHEZ, 2010), segundo qual
podemos convocar ao presente a construção de um ato poético de resistência,
reconstruído pelo passado no teatro-dança, estimulados por recursos operados pela
dramaturgia da memória. Sobre esse caminho de reconstrução do fazer e da ação
da memória, Sánchez (2010) aponta a dramaturgia como um processo de criação:

Porque dramaturgia? Essa palavra que significa literalmente fazer (drama) e


ação (ergon), define-se como representação de uma peça de teatro, mas
também como um catálogo de obras dramáticas. Nesse caso, a memória é
concebida não como uma aptidão para lembrar, mas também como um
conjunto de lembranças: um arquivo, mas um arquivo vivo, porque essa
Dramaturgia da Memória é entendida como um processo criativo. (p.82)

Esses processos revisitados foram atravessados por histórias de vida que


alimentaram minhas escolhas dramatúrgicas, para pensar esse caminho da
pessoalidade na criação, convoco algumas reflexões sobre dramaturgia pessoal, em
que o acontecimento vivido de cada um e por cada um, isto é, a história de vida,
recebe um espaço significativo na prática da dramaturgia pessoal do ator, como um
aspecto autorreferente na arte contemporânea (LIMA, 2005).
Ao longo da pesquisa veremos como são agenciadas tais conduções de
processos quando “os atores inventam os próprios procedimentos para contagiarem-
se por histórias vividas por eles mesmos e assim criarem suas dramaturgias
pessoais que nunca pretenderam ser imitações ou mesmo representações da
realidade vivida, mas seres de sensações” (LIMA, 2005). Para mim, esses processos

6
Escritor e romancista paraense, autor da ontológica coletânea amazônica “Viagem a Andara, o livro 1505
Invisível”
autorreferentes foram marcados por encontros intensos com artistas fazedores das
artes cênicas, com os quais pude desenvolver peculiaridades no aprendizado para a
criação do sensível. Nesses percursos, identifico a intuição como principal veículo de
condução dessa produção do sensível, e a curiosidade como elemento essencial
para criar e se relacionar com tudo que circunda este lugar de invenção que é a
cena.
Neste sentido, trago ainda como contribuição para o âmbito da pesquisa a
pedagogia do Corpo Poético de Lecoq (2010) que vai tratar de uma dimensão
abstrata da criação, feita de espaços, de luzes, de cores, de matérias, de sons, que
se encontram em cada um de nós, depositados no corpo a partir de nossas diversas
experiências, de nossas sensações, de tudo aquilo que vimos, escutamos,
apreciamos. Tratando de aspectos que ficam em nossos corpos e constituem um
fundo comum de impulsos e desejos de criação (LECOQ, 2010).
Esse rastro de história que convoco, a cena-memória, termo usado para dar
nome e sentido poético a esta pesquisa, será o lugar/tempo mais importante a ser
revisitado a partir de minha própria história de vida, atravessada, transbordada e
constituída em/por minha prática cênica. Pretendo desvelar dessas dramaturgias
autorais de ator-dançarino, elementos simbólicos de minha pessoalidade,
lembranças e memórias, que uma vez ficcionadas, tornaram-se subsídios narrativos
essenciais das encenações. E com isso, almejo aproximar este trabalho de um
entendimento filosófico, onde criar é, antes de tudo, construir uma ficção sobre si7.
Nesta premissa da vida e arte, faz-se necessário relacionar minha abordagem
de pesquisa ao conceito de Vida Artista de Foucault (2006), que perpassa por uma
possibilidade de todo sujeito ético-autônomo, ter o potencial de inventar-se a si
mesmo e à vida de outros a ele vinculados.
Mas como é possível pensar a vida como uma obra de arte? A proposta de
Foucault é a de refletir as escolhas éticas dentro de critérios estéticos.
Neste aspecto, o estético não está simplesmente voltado para questões de
beleza e não se limita a questões individuais. Não se trata de uma visão
solipsista da moralidade. Por detrás da estética da existência encontra-se
aspirações coletivas, posturas políticas e éticas compromissadas. A estética
da existência comporta um sujeito ativo e resistente. (ARANTES, 2018,
p.89)

A estética de existência, para o âmbito dessa pesquisa, poderá ser


compreendida como um dispositivo operante na fabricação de si e da própria vida,

1506
7
Greiner, C. Leituras do corpo no Japão. N-1 edições, SP: 2015
como uma obra de arte, articuladas nas práticas do cuidado de si e na investigação
do trabalho sobre si8. Nesse caminho buscarei perceber como vida e arte forjaram
minha formação de artista cênico9.

Cena-memória: uma apresentação ou retorno sobre os mesmos passos

Em 2005 estreei o espetáculo “80 Já Era!”, após oito meses de intensa


pesquisa e experimentação10 uma criação do grupo Usina de Belém, com direção de
Nando Lima. Nesse espetáculo toda construção perpassou pela dinâmica do
processo criativo colaborativo, capitaneado pelo diretor. Sem um texto definido
usamos como referencial a cena cultural da década de 1980, na realidade local
(Belém), contrapondo com fatos e a histórias daquele período em âmbito nacional e
global. Um dos caminhos que alimentam o processo, além da investigação da
cultura da época, foi a história de vida e as relações entre as pessoas da época,
trazidas pela equipe de criadores.

Por ter sido a década em que nasci, pouco de minhas histórias foram usadas
como referência, entretanto, identifico nesse trabalho um espaço primeiro de
construção de um arcabouço cultural para minha formação pessoal, social e cultural,
em especial por trazer à tona um recorte de vida cultural que desconhecia. Entre as
cenas do trabalho, uma em especial ganha destaque para análise e reflexão nesta
pesquisa. Um encontro de duas figuras femininas em uma boate fictícia, a New
Pussanga, nela as personagens Manara Lance e Socorrinho encontram-se e vivem
um romance. A cena foi concebida como um videoclipe dentro da estrutura de
dramaturgia do espetáculo, a partir de um relato pessoal de uma história de minha
família, em contraponto com situações semelhantes e testemunhadas pelos outros
criadores nas noites dos anos 1980.

8
Grotowski, J. Para um teatro pobre. 2011.
9
Artista Cênico: o ator, o dançarino, o mímico, o músico, o performer, ou seja, todo artista que traz
em seu próprio corpo o resultado de sua arte (Strazzacappa, 2016 a.).
10
Projeto financiando pela Bolsa de Experimentação e Criação Artística do Instituto de Artes do Pará 1507
-IAP.
Nos anos seguintes participei de outros dois espetáculos do grupo Usina11, e
em 2010, com criação do espetáculo “Eutanázio e o Princípio do Mundo”, inspirado
na obra “Chove nos Campos de Cachoeira” do romancista paraense Dalcídio
Jurandir, um novo ciclo de imersão sobre os processos de história de vida e
pessoalidade na construção de cena foi retomado. Neste novo mergulho, buscou-se
investigar as narrativas literárias em contraponto com ações desencadeadas pelo
corpo, pela investigação do cotidiano e atravessadas pela memória pessoal. Durante
a pesquisa a direção do espetáculo motivou–me a experimentar e levar para cena
estruturas de atuação que evocassem histórias vivenciadas por mim na infância, e
que se fizessem espelho das histórias do personagem Alfredo, um dos protagonistas
do romance.

Um retorno ao início, meu início. A um Marajó de onde saí e que por algum
tempo quis ignorar. O lugar das minhas lembranças mais alegres... e tristes
também, mergulhadas naquelas águas escuras. Minha fortaleza e raiz. Em
Eutanázio e o princípio do mundo conto histórias do Marajó escritas por DJ
e junto, conto minha própria trajetória até aqui... e chegar até este momento,
neste processo foi um exercício árduo de procurar e reinventar a cada dia
nosso chão. Nosso faz de conta... Até quando? (Diário de montagem,
escrito do autor, 2010)

Desse mergulho em águas profundas da memória, um híbrido de imagens e


narrativas foram levadas para a encenação do espetáculo dando corpo e voz a
figura Milton-Alfredo, construindo uma amalgama de situações reais e imaginárias.
Para esse estudo volto meu olhar para o solo de apresentação do ator “a dança do
nascimento”, seguida da apresentação do personagem narrador, Milton-Alfredo, cujo
interesse se faz em conceber, à presença do expectador, a metalinguagem da
junção ator-narrador-personagem-memória.

No ano de 2011, estreio “À Sombra de Dom Quixote” obra em teatro de


sombras e multlinguagem, espetáculo inaugural do Coletivo Miasombra12, concebido
de forma coletiva e colaborativa, livremente inspirado na obra Dom Quixote de La
Macha de escritor espanhol Miguel de Cervantes. O espetáculo usa a personagem
Quixote para, através dela, construir uma aproximação com a realidade amazônica e
nela discorrer sobre os sonhos, os desejos e as superações de uma vida cotidiana.

11
Frozen, em 2007, com direção de Nando Lima; e, Ágora Mandrágora ou Santa Maria do Grão
Agora, de 2009, com direção de Alberto Silva Neto
12
Coletivo de artista paraense que se formou em 2009 para a pesquisa e criação do espetáculo À 1508
Sombra de Dom Quixote, a partir de financiamento do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Munis/2008.
Neste contexto, deflagra-se na dramaturgia a possibilidade de desaparecimento e
desistência das aventuras por parte do Sr. Quixote. Assim os atores passam a
mediar um diálogo imaginário por meio de cartas escritas ao cavaleiro da triste
figura, contando-lhe suas jornadas e desafios pessoais, como estimulo para que
este não desista de suas aventuras e sonhos. Extraio como recorto dessa
montagem, a cena em que escrevo uma carta para Dom Quixote, contando minha
aventura pessoal, nela aparecem de forma imaginária, uma história por debaixo das
águas dos rios amazônicos, dialogando com o enredo da carta.

Nesse mesmo ano de 2011, estreio a cena “Makunaíma, em a árvore do


mundo e a grande enchente”13, experiência surgida de um processo de imersão à
memória de antepassados, de uma vivência numa residência de dança pessoal e
butô com o Lume Teatro em Campinas14. Esse trabalho foi sendo fermentado ao
longo do curso, por meio da ativação de memórias e da exploração de imagens dos
ancestrais de cada um por meio da dança. Com as provocações feitas nesta
residência, retorno a minha cidade e a partir disso, com a colaboração de outros
artistas parceiros, concebo uma versão pessoal para as narrativas dos ameríndios
das nações Taulipangue e Arekuná do auto Roraima15, estruturada no teatro físico e
na dança pessoal, envolvida por reminiscências de minha infância junto a meus
irmãos. Algumas similaridades e semelhanças aproximavam as nossas brincadeiras
de irmãos com as narrativas que contam as experiências de Makunaíma e seus
irmãos quando das aventuras no princípio de criação do mundo, na cosmogonia dos
ameríndios.

Em 2013, veio a montagem do espetáculo “FADER” em dança


contemporânea, criação que partiu de uma residência artística do Projeto Conexão
Dança Curimbó16, com direção e coreografia da artista israelense Maya M. Carroll.
Neste trabalho nós, os intérpretes, fomos provocados a trazer para cena relatos e
desejos sobre nossa cultura local, traduzidos por movimentos e danças que

13
Esta cena curta foi apresentada em Belém-PA; São Paulo-SP (Mostra Amazônica de Experimento
Teatral do Pessoal do Faroeste); Belo Horizonte-MG (Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine
Horto); Goiânia-GO (Circuito de Cenas Curtas) e Curitiba-PR (8ª Mostra Cena Breve Curitiba – 2012).
14
Essa vivência deu-se em 2011 no curso “O Visível e o Invisível no Trabalho do Ator Dançarino”
ministrado por Carlos Simione (Lume Teatro) e Tadashi Endo (MAMU Butoh Centrum).
15
Narrativas registradas pelo estudioso alemão Theodor Koch-Grünberg em 1913.
16
Realizado em 2013 e 2014 pela Cia de Investigação Cênica em Belém do Pará, por meio do 1509
Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna/2012.
mostrassem sínteses de nossas relações com os costumes da região. A encenação
costurou esses depoimentos de forma narrativa não linear, usando a sonoridade do
instrumento curimbó e distorções estéticas que produziam a sensação de que
estávamos adentando no “DNA” de nossa origem cultural. Dessa experiência,
recorto o fragmento em que enceno uma possível raiz ancestral pessoal,
reinventada para o ambiente dramatúrgico da peça. Costuro essa sequência a uma
célula coreográfica, com a qual dança o encontro com meu parceiro de vida e arte.

Para onde se quer ir

Desse encontro de histórias de vida, marcados pela dramaturgia de cinco


obras cênicas, pretendo discorrer como essas memórias foram fundamentais na
concepção das dramaturgias dos espetáculos. Busco me debruçar sobre as
simbologias que produziram aproximações entre essas cenas, e, de como esses
encontros constituíram uma dramaturgia da memória no caminho de minha
formação como um artista cênico. Nessa perspectiva, considero minhas histórias de
vida, imaginação e criação como elementos estruturantes de minha performance de
atuação no teatro e na dança. Na etapa seguinte da pesquisa, há o objetivo de levar
essas provocações para a cena, experimentando-as sobre a forma de uma
performance baseada em uma recomposição poética, isto é, uma dança sobre as
cenas-memórias. Este momento será um tempo para reencontrar esses lugares da
memória no corpo presente e a possibilidade de reconstruir o caminho de volta ao
passado, para inaugurar novos espaços de potência para a criações futuras.

Referências

ARANTES, Marco Antonio. Vida Artista e Vida Artística: encontros e desencontros


na arte de viver. Revista ecopolítica, 20: jan-abr, 2018.

FOUCAULT, Michel, 1926-1984. A hermenêutica do sujeito / Michel Foucault:


edição estabelecida sob a direção de François Ewald e Alessandro Fontana, por
Frédéric Gros; tradução Márcio Alves da Fonseca. Salma Tannus Muchail. - 2' ed. -
São Paulo: Martins Fontes, 2006. - (Tópicos).

GREINER, Christine. Leituras do corpo no Japão e suas diásporas cognitivas. 1510


São Paulo: N-1 Edições, 2015.

_________________. Fabulações do corpo no Japão e seus microativismos.


São Paulo: N-1 Edições, 2017.

GROTOWSKI, J. Para um teatro pobre. Brasília: Teatro Caleidoscópio & Editora


Ducina, 2011.

________________. Performer. Inhumas: Revista Performatus, ano 3, n. 14, jul.


2015 ISSN 2316-8102.

LECOQ, Jacques. Corpo poético: uma pedagogia da criação teatral. Com a


colaboração de Jean-Gabriel Carasso e de Jean-Claude Lallias; tradução de
Marcelo Gomes. – São Paulo: Editora Senac São Paulo: Edições SESC SP, 2010.

LIMA, Wlad. Dramaturgia Pessoal do Ator. Belém: Grupo Cuíra, 2005.

ROCHA, Thereza. Por uma docência artista com dança contemporânea. In.:
Docência-artista do artista-docente: Seminário Dança Teatro Educação / Thaís
Gonçalves, Héctor Briones, Denise Parra e Carolina Vieira [organizadores] –
Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2012.

SÁNCHEZ, Lícia Maria Morais. A dramaturgia da memória no teatro-dança. São


Paulo: Perspectiva, 2010. 183 p., il. (Estudos, 259).

i
Ator e dançarino, paraense, radicado em Goiás. Graduando do curso de Licenciatura em Dança pelo
Instituto Federal de Goiás – IFG – câmpus Aparecida de Goiânia (GO). Para acessar este CV na
plataforma Lattes/CNPq acesse: http://lattes.cnpq.br/1860070975477276. E-mail:
s.jesus@academico.ifg.edu.br

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