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Cuiabá
2023
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RESUMO
INTRODUÇÃO
oferecer poesia viva à plateia. Ou como ela mesma qualifica: proporcionar “um mergulho nos
desvãos emocionais da palavra”.
JUSTIFICATIVA
Este projeto de pesquisa propõe uma investigação aprofundada do uso da poesia como
elemento dramatúrgico no teatro contemporâneo, no âmbito do Programa de Pós-Graduação
em Cultura Contemporânea da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A escolha se
baseia na sua abordagem interdisciplinar e na valorização das manifestações culturais e
artísticas da contemporaneidade, proporcionando um ambiente propício para explorar as
possibilidades e os desafios do uso da poesia como dramaturgia na cena teatral atual.
OBJETIVO GERAL
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Passo agora a esmiuçar os temas e conceitos que cercam este projeto de pesquisa. No
livro Dicionário de Teatro, Patrice Pavis apresenta o verbete “poesia no teatro” e afirma que a
poesia obriga o espectador a outra escuta. A relação, segundo ele, beneficia tanto a poesia
quanto o teatro. Para o autor, é na performance cênica que a polifonia de sentidos ganha
corpo.
Falo em performance, tendo em vista que, no campo do teatro, o gênero é uma das
vias que mais dialoga para a transcriação do texto poético na cena teatral em função da
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Firmo aqui, então, o desejo de articular palavras no corpo. Instigo-me pelo conceito do
ator-compositor de Matteo Bonffito (2011), que entende o performer enquanto compositor;
um criador que também compõe, alguém que se envolve de forma ativa na criação e na
composição da cena, utilizando o corpo como instrumento expressivo.
Parto da ideia de que poemas enquanto produção literária são, em suas maiorias,
textualidades não dramáticas que não foram compostas enquanto dramaturgia para o teatro,
mas que podem ganhar corporeidade através da encenação e da declamação, por exemplo. É
preciso então que a poesia ganhe corpo. Em se tratando desta ferramenta, é preciso destacar os
conceitos do filósofo francês, Maurice Merleau-Ponty (2018). O autor destaca a importância
da corporeidade como base para a experiência perceptiva e a expressão artística. O corpo do
ator se torna, então, instrumento para a criação artística e conexão com o espectador.
A relação entre corpo e poesia começa antes e tem raízes na tradição oral. Cito como
exemplos os griots, que são contadores de história, cantores, poetas e musicistas de África
considerados como guardiões da palavra e responsáveis pela transmissão de mitos, técnicas e
tradições de geração para a geração. Para pesquisadores que investigavam a oralidade, a
poesia oral abrange as mais variadas manifestações artísticas que têm a voz como matéria
principal, mas não só. A priori porque voz também é corpo, mas também porque a oralidade é
tudo aquilo que escapa de nós em direção ao outro seja pela voz, por um gesto mudo ou
mesmo um olhar, como reforça Leite (2011):
Tratemos, então, de uma performance poética não apenas por sua função, mas por
conter em si a própria poesia como fio condutor ou disparador do processo criativo e, por
consequência, influenciando seu resultado. Cabe ao corpo modalizar o discurso do poema, dar
visões de sua intenção. “O gesto gera no espaço a forma externa do poema. Ele funda sua
unidade temporal, escandindo-a de suas recorrências”. (Zumthor, 1997, p. 204). Em
“Performance, Recepção, Leitura”, publicado no Brasil em 2018, o autor se apoia em outros
pensadores para refletir sobre a relação entre texto literário e performance, enquanto
expressão corporal. Especialmente focado na questão vocal da performance, o autor chega a
conclusão de que o prazer poético é orgânico; sendo a poesia mais física do que intelectual.
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performance abriga um sem número de artistas das mais diversas linguagens, tornando-se uma
espécie de “legião estrangeira das artes”,
METODOLOGIA
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COHEN, Renato. Performance como Linguagem. São Paulo: Edusp, Ed. Perspectiva, 1989.
FABIÃO, Eleonora. Corpo cênico, estado cênico. Contrapontos, v. 10, n. 03, p. 321-326,
2010.
RIVERA, Juliana Capilé et al. Por uma poética cartográfica: estratégias para a
construção da dramaturgia e da encenação em EntreNãoLugares. 2021.