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cenpec.org.br/oficinas/criando-poemas-visuais
O que é?
Material
Finalidade
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Expectativa
Público
Local
Duração
3 a 5 encontros de 1h a 1h30
Início de conversa
A poesia visual é uma forma de expressão artística que se caracteriza quase sempre pela
combinação de palavra e imagem. É um gênero artístico de pequeno formato que,
empregando alguns poucos elementos – como a disposição gráfica de palavras e/ou letras,
bem como de imagens –, tem a capacidade de produzir grande impacto. A mensagem do
poema é captada pela visualização da forma, que muitas vezes explora aspectos lúdicos,
sonoros e visuais.
O poema visual utiliza, com rara felicidade, a combinação dos signos verbais com a expressividade
de linguagem icônica. Assim os dois códigos, o digital e o icônico, se combinam à perfeição para
traduzir imagens poéticas e juízos críticos.”
Fábio Lucas, escritor e crítico literário
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A poesia visual é um tipo de poesia em
que – abolindo-se certas distinções
entre os gêneros textuais e outras
formas de arte – o texto, as imagens e
os símbolos são dispostos de tal forma
que o elemento visual assume papel
preponderante na obra, não
dependendo de elementos verbais
para ser caracterizado como poesia. O
ovo, do grego Símias de Rodes (300
a.C.), ao lado, é o poema visual mais
antigo de que se tem notícia.
A poesia visual
Representar pensamentos, Símias de Rodes, O ovo
sentimentos, histórias, experiências
pessoais e coletivas, conferindo a eles
uma dimensão estética, é o que o homem
vem fazendo há milhares de anos por
meio da linguagem artística ou pelos
diversos caminhos e motivações da arte.
Outras experiências envolvendo escrita e
imagem datam do início do século XVI até
meados do século XVIII, momento que
corresponde esteticamente ao
Maneirismo e ao Barroco. Um exemplo é
o poema Labirinto cúbico, datado do
século XVIII.
Anastácio Ayres de Penhafiel, barroco baiano
No início do século XX, com as vanguardas
artísticas, experimentações envolvendo escrita e imagem ganham novo destaque. É o caso
dos célebres caligramas do poeta francês Guillaume Apollinaire. No Brasil, o movimento
concretista se destaca no cenário artístico da década de 1950. Saiba mais sobre poesia
concreta.
A seguir, assista à adaptação audiovisual dos poemas concretos “Cinco” (José Lino
Grunewald, 1964), “Velocidade” (Ronald Azeredo, 1957), “Cidade” (Augusto de Campos,
1963), “Pêndulo” (E. M. de Melo e Castro, 1961/62) e “O organismo” (Décio Pignatari, 1960).
Direção: Christian Caselli.
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https://youtu.be/yC3e7rmSYM4
Na prática
Sugestão de encaminhamento
Primeiros contatos com a poesia visual
Antes de falar sobre poesia visual com seus alunos, leia para eles o poema “Oco”, de Jorge
Miguel Marinho, abaixo. (Clique aqui para acessar o texto do poema.) Estimule comentários,
para perceberem que o poema trata da tentativa de compreensão do eu por um
adolescente. Depois mostre a eles uma cópia ampliada do poema e faça nova leitura,
acompanhando o texto com o dedo, e pergunte qual das duas formas de apresentação do
poema é mais significativa.
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MARINHO, Jorge M. Oco. In: Blue e outras cores do meu voo. Ilustrações de Raquel
Matshushita. São Paulo: Sesi, 2014. p. 14-15.
A seguir, organize a turma em duplas e apresente alguns poemas de outro autor, Sérgio
Capparelli, representativos desse gênero. Mostre o poema “Falta de sorte”, ao
lado. Sugerimos outros poemas do autor: “A primavera endoideceu”, “Urgente!” e “Jacaré
letrado”. (Baixe-os aqui.)
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Proponha que leiam os poemas com atenção, procurando observar, além das palavras, o
jeito como elas vêm escritas no papel e de que forma esse jeito interfere na compreensão
dos poemas. Depois de um tempo, converse com eles sobre o que observaram. Pergunte se
gostaram dos poemas e procure explorar cada um deles.
Sugestões de perguntas:
• Em “Falta de sorte”, que figura o poema forma? O que acontece com a palavra “cai”? Com
que intenção o autor teria desenhado esse círculo vermelho?
• Em “A primavera endoideceu”, como a disposição das palavras colabora para a
compreensão do poema? Por que o autor escolheu as expressões “bem me quer/ mal me
quer” para formar as pétalas e repetiu a palavra “zum” para formar o miolo? Por que o caule
é formado pelos versos “Nos meus olhos zumbiam mil abelhas/ e me fitavam detrás da
cerca dos cílios”?
• No poema “Urgente!”, que figura lembra a disposição das palavras? Observando só o título
e as palavras, o texto lembra que gênero textual? O que confere caráter poético a esse
texto?
• Em “Jacaré letrado”, por que o autor deu esse título ao poema?
Finalmente, proponha a seguinte reflexão: os quatro poemas provocariam o mesmo
impacto se, por exemplo, em vez de serem publicados em livros, fossem apenas ouvidos no
rádio? Por quê?
Essas questões são propostas mais com o objetivo de levar os estudantes a refletir sobre os
poemas visuais e a perceber suas características, do que de encontrar uma resposta única.
Por isso, lembre a eles que em literatura e, sobretudo, em poesia são possíveis múltiplas
interpretações, desde que fundamentadas no texto.
Diga que os poemas mostram, principalmente, a maneira como os poetas veem as coisas.
Assim, as palavras ganham um sentido mais rico, como se quisessem dizer mais de uma
coisa ao mesmo tempo. No caso desses poemas, o poeta resolve recorrer à disposição
gráfica das palavras para enriquecer o sentido do que queria dizer.
Muitas vezes, os alunos vão precisar de sua ajuda para estabelecer relação entre os poemas
e outros conhecimentos: por exemplo, a função do caule na sustentação e na alimentação
da planta e a função dos dois versos (que graficamente remetem ao caule) na sustentação
do poema, isto é, são eles que explicitam a ligação da primavera com o zumbido das
abelhas e com o aspecto romântico de despetalar uma flor para saber se seu amor é
correspondido. Ou para perceber que o poema “Urgente!” lembra uma notícia
sensacionalista de jornal, ou ainda que a bandeira do Japão é branca com um círculo
vermelho no centro. Sugira aos alunos que procurem livros de Sérgio Capparelli na sala de
leitura.
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Conte aos estudantes que Sérgio Capparelli nasceu em Uberlândia
(MG), mas viveu em Porto Alegre durante muitos anos. Foi professor
de Comunicação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). É autor de prosa e poesia, com muitos livros premiados.
Entre suas obras estão Tigres no quintal (1989) e Poesia visual
(2006), este último em parceria com Ana Claudia Gruszynski,
designer e professora de Comunicação Visual da UFGRS.
É claro que, dada a pouca experiência de vida, eles terão dificuldades para compreender
muitas das referências implícitas nos poemas. Mas você pode ajudá-los, contextualizando
os textos no tempo e no espaço e fornecendo a eles as informações necessárias para
ampliar sua compreensão. Para facilitar, apresentamos algumas referências sobre os
autores e suas obras.
Paulo Leminski
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publicidade, foi tradutor de várias obras de língua inglesa e estudou língua e cultura
japonesa. Como compositor, teve canções gravadas por Caetano Veloso, Itamar Assumpção,
Guilherme Arantes, entre muitos outros. Ganhou o prêmio Jabuti de Poesia em 1995, com o
livro Metamorfose. Foi casado com a poesia Alice Ruiz. Faleceu em 1989, na cidade natal,
Curitiba.
Apresente à turma o poema “Brasa” (In: Almanak 88. São Paulo: Kraft, 1988), de Paulo
Leminski. A composição forma uma figura geométrica – um octógono – e duas palavras:
brasa e brisa. Você pode perguntar aos alunos por que o autor escolheu essa forma para se
expressar. Embora a resposta seja pessoal, eles podem, por exemplo, comparar a figura à
imagem de um ventilador, que produz brisa para aplacar o calor abrasador. Ou podem
observar que, como o “i” é muito pequeno (dentro do “a” central), a “brisa” não é suficiente
para abrandar o calor, daí a sensação de “brasa”.
Agora, mostre o poema “Vazio agudo” (In: Leminski, Paulo; Suplicy, João. Winterverno. São
Paulo: Iluminuras, 2001). Nele, o texto apresenta muitos contrastes: vazio/cheio;
agudo/cheio; vazio/tudo; meio/cheio… Talvez os alunos consigam estabelecer uma relação
entre as palavras do texto e a forma em que elas estão inseridas: o círculo incompleto e o
texto ocupando só metade da circunferência lembram uma lua minguante, o que remete à
ideia de esvaziamento; a pincelada mais larga na parte de baixo do círculo em contraste
com o fino traço da parte cima podem remeter, respectivamente, a cheio e agudo. Talvez
possa se referir ao fato de o eu lírico andar “meio cheio de tudo”, isto é, sentir um grande
(agudo) vazio, não ver sentido nas coisas…
Além da visualidade, o poema tem uma sonoridade bem marcada. O que contribui para
isso são as rimas: meio/cheio; tudo/agudo.
Observe se eles percebem que as letras “p.l.” no texto significam a assinatura do autor,
Paulo Leminski.
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Arnaldo Antunes (São Paulo, 1960) é músico,
ensaísta, compositor e artista visual. Iniciou o
curso de Letras na Universidade de São Paulo
(USP), mas não o concluiu em virtude do sucesso
da banda Titãs, da qual fazia parte. Deixou a
banda em 1992, mas continuou compondo com
os demais integrantes. Em 2002, formou o trio
Tribalistas, em parceria com Marisa Monte e
Carlinhos Brown. É um dos principais
compositores da música pop brasileira,
respirando influências concretistas e pós-
modernas. Lançou, em 1983, seu primeiro livro de
poemas, Ou/e. De lá para cá, publicou dezenas de
livros, entre eles Cultura (2012), voltado ao
Arnaldo Antunes
público infantil.
Em relação ao poema “Vejo miro” (In: Palavra desordem. São Paulo: Iluminuras, 2002), de
Arnaldo Antunes, os estudantes podem, por exemplo, pensar na determinação com que o
eu lírico vai atrás daquilo com que sonha; contrapondo o desejo (“vejo como um beijo”),
com todos os sentidos do corpo, à luta para conseguir o que quer (“miro como um tiro”),
oposição marcada pela inversão espacial das frases. Muitas outras interpretações são
possíveis e desejáveis. Assista abaixo à radioarte criada por Diego Lima dos Santos com
base nesse poema visual.
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https://youtu.be/PGAGWgayDq8
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Criação de outros poemas visuais
Combine com o professor orientador da sala de leitura uma visita da turma voltada à
consulta de livros de poesia. Oriente os estudantes a escolherem um poema que gostariam
de configurar como poema visual, sem alterar o texto verbal. Caso tenham dificuldades,
você poderá organizar com eles um dos poemas que a turma conheça e de que goste.
Depois, poderão fazer suas tentativas individualmente ou em duplas, se preferirem. Ajude-
os dando dicas para que aprimorem seus trabalhos. Depois, junto com a turma, bolem um
jeito bem criativo de expor os trabalhos!
Avaliação
O momento da avaliação de um trabalho é muito importante. Comece com uma conversa
informal, dando oportunidade para que todos se manifestem.
Depois, com a ajuda deles, reveja todo o trabalho desenvolvido e vá elencando as
aprendizagens feitas durante o processo. Valorize bastante as conquistas e minimize as
dificuldades, dizendo que eles ainda têm muito tempo para vencê-las.
Por fim, avalie os poemas visuais produzidos e a apresentação deles, levantando os pontos
positivos e os aspectos a serem aperfeiçoados para as próximas vezes.
Assista também ao bate-papo sobre poesia visual com Sérgio Capparelli e Ana Cláudia
Gruszynski, que realizado pela Plataforma do Letramento em março de 2014.
https://youtu.be/W-8JPhsCElU
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