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TEXTO POÉTICO
4º Ano
Universidade Rovuma
Nampula
2024
Abdala Assumane
Texto Poéticos
Universidade Rovuma
Nampula
2024
Índice
Introdução ....................................................................................................................................... 4
Conclusão...................................................................................................................................... 17
Referência ..................................................................................................................................... 18
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Introdução
1. Texto poético
Um texto é um conjunto de signos, codificados num sistema, com o intuito de transmitir uma
mensagem.
De acordo com Fiorin (2008), “o texto poético é, portanto, aquele que apela a diversos recursos
estilísticos para transmitir emoções e sentimentos, respeitando os critérios de estilo do autor”.
Portanto, O texto poético é tipo de texto que se destaca pela riqueza e também pela complexidade
de sua formação. os textos poéticos são escritos pelos poetas, a partir de experiências pessoais,
sentimentos, fatos, reflexões, etc. O poeta pode ser considerado a voz do poema. O texto poético
apresenta maneiras únicas de expressar algo por meio das palavras. É um texto expressivo, sensível,
com ritmo e, até mesmo, uma musicalidade própria.
Para Cegalla (2020), “o texto poético também é conhecido como poema ou poesia, uma obra
escrita na qual cada linha recebe o nome de verso, e cada conjunto de versos recebe o nome de
estrofe”. Na estrutura do texto poético, as estrofes são separadas por meio de um espaço em branco
e podem ser formadas por um ou mais versos.
Na óptica do autor acima destacado, infere-se que o texto poético é composto basicamente por
versos, estrofes e pelo ritmo. Esse tipo de produção literária exige do leitor um posicionamento
activo para decodificar o conteúdo da forma correcta, alcançando a emoção que a mensagem
pretende transmitir. Além disso, no género poético, a estética é uma grande preocupação do autor.
Por isso, esses textos são criados com o uso de muitas linguagens metafóricas, licença poética e
outros recursos. Jakobson (2003), sustenta de que “o texto poético também emprega recursos
estilísticos, com o intuito de expressar emoções”. Portanto, cada poeta usa seus recursos
linguísticos e estilo próprio.
Por exemplo:
Um texto poético pode fazer referência ao sol como “a moeda dourada” ou a “fonte da vida”.
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A sua génese aponta que esse tipo de texto, os poemas eram produzidos para serem apresentados
ao público de forma cantada e, por esse motivo, até hoje, eles apresentam certa musicalidade. Nas
suas origens, os textos poéticos tinham um carácter ritual e comunitário, embora tenham aparecido
outras temáticas ao longo dos anos. Como diz Staiger (1975), O mais habitual é que o texto poético
esteja escrito em verso e se chame poema ou poesia. Existem, no entanto, textos poéticos
desenvolvidos sob a forma de prosa. Os versos, as estrofes e o ritmo compõem a métrica do texto
poético, onde os poetas gravam o cunho dos seus recursos literários.
Estrofe – É o conjunto de versos separados com um espaço em branco. As estrofes podem ser
monósticas, dísticas, tercetas, quadras, quintilhas, sextilhas, sétimas, oitavas, nonas e décimas;
Rima – É todo som semelhante apresentado no final dos versos. As rimas acompanham um
esquema rimático e podem ser emparelhadas, cruzadas ou interpoladas. Os versos que não rimam
são chamados de versos soltos;
Num texto poético o ritmo se traduz num elemento crucial para que o mesmo se distinga dos
demais tipos de textos. E esse ritmo resulta na pausa demarcada pelas silabas tónicas, rimas, etc.
É importante que não se confunda o ritmo no poema com o ritmo na música. Pois, apesar de ambos
possuírem uma certa afinidade, no texto poético o ritmo é fundamentado na métrica (onde se mede
o tamanho dos versos) e já a música é regida pelo compasso.
• Sua forma gráfica se apresenta em versos acompanhados de espaços em branco. Por outro
lado, as palavras incorporam certa musicalidade e um sentido do ritmo implícito;
• O texto poético pode ser classificado como aquele que é escrito em versos e que apresenta
uma linguagem específica, com significados profundos e recursos especiais;
❖ Figuras de estilo
Ex.: “É urgente o amor. / É urgente um barco no mar./ É urgente destruir certas palavras.»
Anástrofe: consiste na inversão da ordem natural dos elementos na frase. Não obscurece o sentido
como pode acontecer com o hipérbato.
Gradação: consiste numa enumeração que sugere uma intensidade crescente ou decrescente da
ideia.
Ex.: “os dois olhos do velho (…) caíram sobre ele, ficaram sobre ele, varando-o até às
profundidades da alma…”
Eufemismo: consiste em transmitir de forma atenuada uma ideia ou realidade que é desagradável.
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Ex.: “Alma minha gentil que te partiste/ Tão cedo desta vida”
Hipérbole: consiste no emprego de uma expressão que exagera o pensamento para dar mais ênfase
ao discurso.
Ex.: “Ela só viu as lágrimas em fio, que (…) / se acrescentaram em grande e largo rio.”
Perífrase: consiste em dizer por várias palavras o que poderia ser dito por algumas ou apenas uma.
❖ Rimas
Exemplo:
(Vinícius de Moraes)
Exemplo:
Bola amarela”
(Cecília Meireles)
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Exemplo
(Cecília Meireles)
Exemplo
(Ferreira Gullar)
Exemplo
(Vinícius de Moraes)
Exemplo
Exemplo
(Manuel Bandeira)
De acordo com Staiger (1975), “o enquadramento sonoro poético refere-se à maneira como os
elementos sonoros são organizados dentro de um poema para criar uma experiência auditiva
significativa e esteticamente agradável”. Portanto, isso envolve a selecção cuidadosa de palavras,
estruturas de frase e técnicas poéticas para maximizar o impacto do som na composição geral. O
enquadramento sonoro pode ser alcançado através da utilização de princípios como aliteração,
assonância, rima e ritmo, bem como através da consideração do comprimento das linhas, o uso de
pausas e a ênfase em certas palavras ou sons. Em essência, o enquadramento sonoro poético visa
criar uma harmonia entre o conteúdo do poema e sua expressão sonora, aprimorando assim sua
beleza e poder emocional
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De acordo com Staiger (1975), “a linguagem poética é “antes de tudo criação, ou recriação,
enquanto que a linguagem prosaica mais me parece linguagem de comunicação.” O que significa
dizer que o objectivo da linguagem poética é a “criação” ou a “recriação” de um objecto, enquanto
que o objectivo final do texto em prosa é de comunicar com clareza ideias, uma visão de mundo,
etc.” A linguagem poética é um estilo de linguagem que é caracterizado pelo uso de figuras de
linguagem, como metáforas, metonímias, aliterações e ritmo, para criar imagens vívidas e
transmitir emoções de forma mais profunda e evocativa. Essa forma de linguagem é
frequentemente encontrada na poesia, mas também pode ser usada em outros tipos de textos e
comunicações para criar impacto emocional e estético.
A linguagem e as formas poéticas são elementos essenciais da poesia, pois contribuem para a
expressão artística e a comunicação de significados profundos e emocionais. Aqui estão algumas
maneiras pelas quais a linguagem e as formas poéticas são usadas na criação de poemas:
No geral, a linguagem e as formas poéticas são ferramentas poderosas que os poetas utilizam para
transmitir suas ideias, emoções e visões de mundo de maneira criativa e impactante.
Direccionada ao receptor, trazendo elementos que possam influenciá-lo sobre algo. Ela é muito
comum em propagandas e discursos políticos ou religiosos.
Trata do conteúdo de maneira objectiva, clara e concisa. É encontrada com facilidade em textos
de cunho jornalístico ou materiais didácticos.
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• Função fática
• Função metalinguística
• Função poética
A função poética é comum em textos literários. Neles, palavras e imagens podem ter múltiplos
significados ou interpretações. A função poética, conforme descrita pelo linguista russo Roman
Jakobson (2003), é uma das seis funções da linguagem que ele propôs em seu modelo de
comunicação verbal. A função poética, também conhecida como função estética, está relacionada
ao uso da linguagem para criar efeitos estéticos, como ritmo, sonoridade, imagens vívidas e
metáforas. Quando a função poética está em destaque, o foco principal é na mensagem e em sua
construção, isto é, na forma como as palavras são organizadas e usadas para transmitir algo,
principalmente de maneira artística ou expressiva.
Para Fiorin (2008) diz que, essa função é particularmente proeminente na poesia, onde as palavras
são seleccionadas e organizadas com grande cuidado para evocar emoções, despertar a imaginação
e transmitir significados profundos de uma forma não apenas denotativa, mas também conotativa.
A função poética da linguagem possui várias características distintivas que a diferenciam das
outras funções comunicativas. A seguir, algumas das principais características, que são apenas
algumas das muitas maneiras pelas quais a função poética se distingue como uma forma de
expressão.
a. Ritmo e musicalidade - O texto que enfatiza a função poética, muitas vezes, possui um
ritmo marcante e uma musicalidade que é alcançada através de esquemas de métrica,
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Os princípios da sonoridade poética referem-se aos elementos sonoros que os poetas utilizam para
criar efeitos auditivos agradáveis e expressivos em seus poemas. Alguns desses princípios incluem
aliteração, assonância, rima, ritmo, métrica e musicalidade das palavras. Cada um desses
elementos contribui para a musicalidade e a beleza do poema, tornando-o mais cativante para o
ouvinte ou leitor. Tal como os recursos sonoros do texto literário são representados por algumas
figuras de linguagem.
Esses princípios trabalham juntos para criar uma experiência auditiva rica e envolvente na poesia,
enfatizando a musicalidade e a beleza das palavras e dos versos.
✓ O aspecto sonoro
A obra literária molda-se sobre uma série de sons dos quais emerge o significado. Em algumas
obras o estrato sonoro é mais apagado; em outras, mesmo as de prosa, ele atrai a atenção e constitui
a parte integrante do efeito estético. É necessário distinguir entre execução e esquema sonoro. O
estudo do ritmo e da métrica não pode fundar-se nas declamações individuais; também não é o
caso de se analisar o som separado do significado. Sozinho, o som pouco ou nenhum efeito estético
produz. O estrato sonoro é variado e importante, quando concebido como parte integrante do
poema como um todo. Cohen (1987), O som tem um elemento inerente e um elemento relacional.
Inerente é o aspecto da individualidade de um som, digamos “a”, que não pode ser mais nem menos
do que ele é. As distinções qualitativas, as inerentes, são a base para os efeitos da “musicalidade”
ou “eufonia”.
As distinções relacionais fornecem as bases para o ritmo e o metro: o tom, a duração dos sons, a
acentuação, a frequência das recorrências, que são distinções quantitativas. Esta distinção isola um
grupo de elementos aos quais os formalistas russos dão o nome de “orquestração”, visando
enfatizar que a qualidade sonora é o elemento manipulado pelo escritor, cabendo ainda incluir aqui
a noção de “cacofonia”, utilizada por alguns escritores. Nesse campo, é necessário distinguir três
graus: A imitação propriamente dita (cuco); a pintura sonora, que é a reprodução de sons naturais
por meio de sons da fala (frrrrrio), num contexto em que as palavras por si mesmas não sendo
onomatopaicas, são integradas numa estrutura sonora; finalmente, num nível superior, o
simbolismo sonoro ou metáfora sonora.
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Conclusão
Além disso, o aspecto sonoro desempenha um papel fundamental na poesia, contribuindo para a
musicalidade e a beleza dos versos. Elementos como aliteração, assonância, rima e ritmo criam
uma experiência auditiva distintiva e enfatizam certos aspectos do poema, aumentando seu
impacto emocional e estético. Portanto, o texto poético é mais do que uma simples transmissão de
informações; é uma forma de arte que utiliza a linguagem de maneira expressiva e criativa para
explorar a complexidade da experiência humana. Através de suas palavras cuidadosamente
escolhidas e sua estrutura meticulosamente construída, o poema convida o leitor a mergulhar em
um mundo de emoções, imagens e reflexões profundas.
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Referência
COHEN, J. A Plenitude da Linguagem (Teoria da Poeticidade). Trad. José Carlos Seabra Pereira.
Coimbra: Livraria Almedina, 1987.