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Abdala Assumane

Alcídio Júlio Bernardo

Almirante Gilberto José

Anita Ambrósio José

Bernardo Vasco Bingano

TEXTO POÉTICO

Curso de Licenciatura em Ensino de Inglês

4º Ano

Universidade Rovuma

Nampula

2024
Abdala Assumane

Alcídio Júlio Bernardo

Almirante Gilberto José

Anita Ambrósio José

Bernardo Vasco Bingano

Texto Poéticos

Curso de Licenciatura em Ensino de Inglês, 4º Ano

Trabalho de carácter avaliativo, a


ser submetido na faculdade de
ciências socias e de linguagem arte
e comunicação, na disciplina de
Língua Português III

Docente: Isabel V. Ernesto

Universidade Rovuma

Nampula

2024
Índice

Introdução ....................................................................................................................................... 4

1. Texto poético ........................................................................................................................... 5

1.1. Elementos do texto poético ...................................................................................................... 6

1.2. Objectivo texto poético ............................................................................................................ 6

1.3. As principais características dos textos poéticos ..................................................................... 7

2. O enquadramento sonoro poético .......................................................................................... 11

3. Linguagem e formas poética.................................................................................................. 12

4. Os princípios da sonoridade poética ...................................................................................... 15

Conclusão...................................................................................................................................... 17

Referência ..................................................................................................................................... 18
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Introdução

A poesia, como forma literária, transcende a mera comunicação de informações, buscando


transmitir emoções e reflexões de forma expressiva e esteticamente apurada. O texto poético,
caracterizado por sua riqueza linguística e musicalidade, utiliza recursos estilísticos para criar
imagens vívidas e despertar sentimentos no leitor. Composta por versos e estrofes, a poesia
envolve o leitor em uma experiência única, onde o ritmo, a métrica e as figuras de linguagem
desempenham um papel crucial na construção do significado e da beleza do texto. Além disso, a
função poética da linguagem, centrada na expressão artística e na criação de efeitos estéticos,
confere à poesia um carácter singular e emotivo, que vai além da simples comunicação. Neste
trabalho, exploraremos os elementos fundamentais do texto poético, desde sua estrutura até sua
sonoridade, investigando como esses aspectos contribuem para a riqueza e complexidade dessa
forma de expressão literária.
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1. Texto poético

Um texto é um conjunto de signos, codificados num sistema, com o intuito de transmitir uma
mensagem.

De acordo com Fiorin (2008), “o texto poético é, portanto, aquele que apela a diversos recursos
estilísticos para transmitir emoções e sentimentos, respeitando os critérios de estilo do autor”.
Portanto, O texto poético é tipo de texto que se destaca pela riqueza e também pela complexidade
de sua formação. os textos poéticos são escritos pelos poetas, a partir de experiências pessoais,
sentimentos, fatos, reflexões, etc. O poeta pode ser considerado a voz do poema. O texto poético
apresenta maneiras únicas de expressar algo por meio das palavras. É um texto expressivo, sensível,
com ritmo e, até mesmo, uma musicalidade própria.

Para Cegalla (2020), “o texto poético também é conhecido como poema ou poesia, uma obra
escrita na qual cada linha recebe o nome de verso, e cada conjunto de versos recebe o nome de
estrofe”. Na estrutura do texto poético, as estrofes são separadas por meio de um espaço em branco
e podem ser formadas por um ou mais versos.

Na óptica do autor acima destacado, infere-se que o texto poético é composto basicamente por
versos, estrofes e pelo ritmo. Esse tipo de produção literária exige do leitor um posicionamento
activo para decodificar o conteúdo da forma correcta, alcançando a emoção que a mensagem
pretende transmitir. Além disso, no género poético, a estética é uma grande preocupação do autor.
Por isso, esses textos são criados com o uso de muitas linguagens metafóricas, licença poética e
outros recursos. Jakobson (2003), sustenta de que “o texto poético também emprega recursos
estilísticos, com o intuito de expressar emoções”. Portanto, cada poeta usa seus recursos
linguísticos e estilo próprio.

Os textos poéticos destacam-se pela inclusão de elementos de valor simbólico e de imagens


literárias. Desta forma, cabe ao leitor ter uma atitude activa para decodificar a mensagem. Ou seja,
há necessidade de o leitor estudar determinado texto a fim de compreender a mensagem a qual o
escritor objectivou transmitir por meio dele.

Por exemplo:

Um texto poético pode fazer referência ao sol como “a moeda dourada” ou a “fonte da vida”.
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A sua génese aponta que esse tipo de texto, os poemas eram produzidos para serem apresentados
ao público de forma cantada e, por esse motivo, até hoje, eles apresentam certa musicalidade. Nas
suas origens, os textos poéticos tinham um carácter ritual e comunitário, embora tenham aparecido
outras temáticas ao longo dos anos. Como diz Staiger (1975), O mais habitual é que o texto poético
esteja escrito em verso e se chame poema ou poesia. Existem, no entanto, textos poéticos
desenvolvidos sob a forma de prosa. Os versos, as estrofes e o ritmo compõem a métrica do texto
poético, onde os poetas gravam o cunho dos seus recursos literários.

1.1. Elementos do texto poético

Sujeito poético – É quem fala sobre as experiências, sentimentos e vivências;

Verso – É cada uma das linhas que fazem parte do poema;

Estrofe – É o conjunto de versos separados com um espaço em branco. As estrofes podem ser
monósticas, dísticas, tercetas, quadras, quintilhas, sextilhas, sétimas, oitavas, nonas e décimas;

Rima – É todo som semelhante apresentado no final dos versos. As rimas acompanham um
esquema rimático e podem ser emparelhadas, cruzadas ou interpoladas. Os versos que não rimam
são chamados de versos soltos;

Métrica – Diz respeito à medida do verso (número de sílabas métricas gramaticais).

Num texto poético o ritmo se traduz num elemento crucial para que o mesmo se distinga dos
demais tipos de textos. E esse ritmo resulta na pausa demarcada pelas silabas tónicas, rimas, etc.
É importante que não se confunda o ritmo no poema com o ritmo na música. Pois, apesar de ambos
possuírem uma certa afinidade, no texto poético o ritmo é fundamentado na métrica (onde se mede
o tamanho dos versos) e já a música é regida pelo compasso.

1.2. Objectivo texto poético

A intenção do autor de um texto poético é exprimir os seus sentimentos e despertar emoções no


seu leitor e para isso usa uma linguagem expressiva, harmoniosa, figurativa. O objectivo desse tipo
de texto é gerar no leitor algum tipo de reacção. E, nesse sentido, as palavras são utilizadas de
maneira organizada e com uma preocupação tamanha no tocante a estética.
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1.3. As principais características dos textos poéticos

Assim, o texto poético costuma ter uma característica única:

• Expressa sentimentos dirigidos para comover o leitor;

• Sua forma gráfica se apresenta em versos acompanhados de espaços em branco. Por outro
lado, as palavras incorporam certa musicalidade e um sentido do ritmo implícito;

• O texto poético pode ser classificado como aquele que é escrito em versos e que apresenta
uma linguagem específica, com significados profundos e recursos especiais;

❖ Figuras de estilo

Aliteração: consiste na repetição de sons consonânticos em várias palavras seguidas, ou em sílabas


da mesma palavra.

Ex.: “Leva-lhe o vento a voz, que o vento deita”.

Anáfora: consiste na repetição da mesma palavra, ou construção sintáctica, no princípio de cada


verso, ou no princípio de diversos membros de um período.

Ex.: “É urgente o amor. / É urgente um barco no mar./ É urgente destruir certas palavras.»

Anástrofe: consiste na inversão da ordem natural dos elementos na frase. Não obscurece o sentido
como pode acontecer com o hipérbato.

Ex.: “Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.”

Gradação: consiste numa enumeração que sugere uma intensidade crescente ou decrescente da
ideia.

Ex.: “os dois olhos do velho (…) caíram sobre ele, ficaram sobre ele, varando-o até às
profundidades da alma…”

Antítese: consiste no contraste entre dois elementos ou ideias.

Ex.: “Em todas as ruas te encontro/ Em todas as ruas te perco”

Eufemismo: consiste em transmitir de forma atenuada uma ideia ou realidade que é desagradável.
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Ex.: “Alma minha gentil que te partiste/ Tão cedo desta vida”

Hipérbole: consiste no emprego de uma expressão que exagera o pensamento para dar mais ênfase
ao discurso.

Ex.: “Ela só viu as lágrimas em fio, que (…) / se acrescentaram em grande e largo rio.”

Perífrase: consiste em dizer por várias palavras o que poderia ser dito por algumas ou apenas uma.

Ex.: “Pelo neto gentil do velho Atlante [Mercúrio].”

Pleonasmo: consiste na repetição do mesmo significado através de significantes diferentes com o


objectivo de reforçar uma ideia.

Ex.: “Vi claramente visto”

❖ Rimas

Classificação de rimas quanto à posição no verso

➢ Rima final (ou externa): Que ocorre no fim do verso.

Exemplo:

“E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto”

(Vinícius de Moraes)

➢ Rima interna (ou coroada): Que ocorre no interior do verso.

Exemplo:

“A bela bola do Raul

Bola amarela”

(Cecília Meireles)
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✓ Classificação de rimas quanto à posição na estrofe


➢ Rimas alternadas (ou cruzadas): Combinam-se alternadamente, seguindo o esquema
ABAB.

Exemplo

“O meu amor não tem (A)

importância nenhuma. (B)

Não tem o peso nem (A)

de uma rosa de espuma!” (B)

(Cecília Meireles)

✓ Rimas emparelhadas (ou paralelas): Combinam-se de duas em duas, seguindo o


esquema AABBCC.

Exemplo

“Vagueio campos nocturnos (A)

Muros soturnos (A)

Paredes de solidão (B)

Sufocam minha canção.” (B)

(Ferreira Gullar)

✓ Rimas interpoladas (opostas ou intercaladas): Combinam-se numa ordem oposta,


seguindo o esquema ABBA.

Exemplo

“De tudo, ao meu amor serei atento (A)


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Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto (B)

Que mesmo em face do maior encanto (B)

Dele se encante mais meu pensamento.” (A)

(Vinícius de Moraes)

✓ Rimas encadeadas: Combinam-se entre estrofes, nomeadamente tercetos, seguindo o


esquema ABA BCB CDC.

Exemplo

“O sulmonense Ovídio, desterrado (A)

na aspereza do Ponto, imaginando (B)

ver-se de seus parentes apartado, (A)

sua cara mulher desamparando, (B)

seus doces filhos, seu contentamento, (C)

de sua pátria os olhos apartando; (B)

não podendo encobrir o sentimento, (C)

aos montes e às águas se queixava (D)

de seu escuro e triste nacimento.” (C)

(Luís Vaz de Camões)


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✓ Rimas misturadas (ou mistas): Quando apresentam outras combinações e posições na


estrofe, sem esquemas fixos.

Exemplo

“Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconsequente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive.”

(Manuel Bandeira)

2. O enquadramento sonoro poético

De acordo com Staiger (1975), “o enquadramento sonoro poético refere-se à maneira como os
elementos sonoros são organizados dentro de um poema para criar uma experiência auditiva
significativa e esteticamente agradável”. Portanto, isso envolve a selecção cuidadosa de palavras,
estruturas de frase e técnicas poéticas para maximizar o impacto do som na composição geral. O
enquadramento sonoro pode ser alcançado através da utilização de princípios como aliteração,
assonância, rima e ritmo, bem como através da consideração do comprimento das linhas, o uso de
pausas e a ênfase em certas palavras ou sons. Em essência, o enquadramento sonoro poético visa
criar uma harmonia entre o conteúdo do poema e sua expressão sonora, aprimorando assim sua
beleza e poder emocional
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3. Linguagem e formas poética

De acordo com Staiger (1975), “a linguagem poética é “antes de tudo criação, ou recriação,
enquanto que a linguagem prosaica mais me parece linguagem de comunicação.” O que significa
dizer que o objectivo da linguagem poética é a “criação” ou a “recriação” de um objecto, enquanto
que o objectivo final do texto em prosa é de comunicar com clareza ideias, uma visão de mundo,
etc.” A linguagem poética é um estilo de linguagem que é caracterizado pelo uso de figuras de
linguagem, como metáforas, metonímias, aliterações e ritmo, para criar imagens vívidas e
transmitir emoções de forma mais profunda e evocativa. Essa forma de linguagem é
frequentemente encontrada na poesia, mas também pode ser usada em outros tipos de textos e
comunicações para criar impacto emocional e estético.

A linguagem e as formas poéticas são elementos essenciais da poesia, pois contribuem para a
expressão artística e a comunicação de significados profundos e emocionais. Aqui estão algumas
maneiras pelas quais a linguagem e as formas poéticas são usadas na criação de poemas:

a) Versificação: Refere-se à organização estrutural dos versos dentro de um poema, incluindo


o número de linhas, métrica, ritmo e esquema de rima. Exemplos: sonetos, odes, haicais,
entre outros.
b) Imagética: Envolve o uso de linguagem figurativa, como metáforas, comparações e
símbolos, para criar imagens vivas e sensoriais que estimulam a imaginação do leitor e
evocam emoções profundas.
c) Conotação e denotação: A conotação refere-se às associações emocionais e subjectivas
de uma palavra, enquanto a denotação refere-se ao seu significado literal. Os poetas muitas
vezes jogam com essas duas formas de significado para criar efeitos poéticos sutis.
d) Tropos: São figuras de linguagem que alteram ou ampliam o significado de palavras
através do uso de metáforas, metonímias, sinédoques, entre outros recursos, contribuindo
para a riqueza e a complexidade da linguagem poética.
e) Sintaxe e pontuação: A disposição das palavras e a pontuação dentro de um poema podem
influenciar o ritmo, a cadência e a interpretação do texto, criando uma variedade de efeitos
poéticos, como pausas dramáticas, fluidez ou disrupção.
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f) Linguagem sonora: Refere-se ao uso deliberado de sons, como aliteração, assonância e


onomatopeias, para criar uma experiência auditiva distintiva e enfatizar certos aspectos do
poema, como ritmo, musicalidade e atmosfera.

No geral, a linguagem e as formas poéticas são ferramentas poderosas que os poetas utilizam para
transmitir suas ideias, emoções e visões de mundo de maneira criativa e impactante.

As funções da linguagem poética

➢ Apelativa e fática, centradas no receptor e no contacto.

➢ Emotiva e poética, centradas no emissor e na mensagem.

➢ Referencial e apelativa, centradas no contexto e no contacto.

➢ Emotiva e metalinguística, centradas no emissor e no código.

➢ Poética e referencial, centradas na mensagem e no contexto.

A seguir descreve-se a explanação de cada função.

• Função emotiva ou expressiva

Focada no próprio emissor, isto é, em seus sentimentos e emoções, apresentando-se de forma


subjectiva e pessoal. É encontrada principalmente em poemas, cartas, relatos pessoais etc.

• Função conativa ou apelativa

Direccionada ao receptor, trazendo elementos que possam influenciá-lo sobre algo. Ela é muito
comum em propagandas e discursos políticos ou religiosos.

• Função referencial ou denotativa

Trata do conteúdo de maneira objectiva, clara e concisa. É encontrada com facilidade em textos
de cunho jornalístico ou materiais didácticos.
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• Função fática

Centrada na construção da comunicação em si, com ênfase no contacto estabelecido com o


destinatário. É encontrada em contextos como a piada, bilhete, ligação Telefónica, conversa de
elevador etc.

• Função metalinguística

Trata-se da linguagem falando de si mesma, levando em consideração o código utilizado no


estabelecimento da comunicação. Há uma diversidade de géneros textuais que a utilizam, como o
dicionário, o romance, a resenha, o resumo etc.

• Função poética

A função poética é comum em textos literários. Neles, palavras e imagens podem ter múltiplos
significados ou interpretações. A função poética, conforme descrita pelo linguista russo Roman
Jakobson (2003), é uma das seis funções da linguagem que ele propôs em seu modelo de
comunicação verbal. A função poética, também conhecida como função estética, está relacionada
ao uso da linguagem para criar efeitos estéticos, como ritmo, sonoridade, imagens vívidas e
metáforas. Quando a função poética está em destaque, o foco principal é na mensagem e em sua
construção, isto é, na forma como as palavras são organizadas e usadas para transmitir algo,
principalmente de maneira artística ou expressiva.

Para Fiorin (2008) diz que, essa função é particularmente proeminente na poesia, onde as palavras
são seleccionadas e organizadas com grande cuidado para evocar emoções, despertar a imaginação
e transmitir significados profundos de uma forma não apenas denotativa, mas também conotativa.

Principais características da função poética

A função poética da linguagem possui várias características distintivas que a diferenciam das
outras funções comunicativas. A seguir, algumas das principais características, que são apenas
algumas das muitas maneiras pelas quais a função poética se distingue como uma forma de
expressão.

a. Ritmo e musicalidade - O texto que enfatiza a função poética, muitas vezes, possui um
ritmo marcante e uma musicalidade que é alcançada através de esquemas de métrica,
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padrões de rima, aliterações e assonâncias. Esses elementos contribuem para a cadência do


poema e podem aumentar seu impacto emocional.
b. Expressão de emoções e reflexões filosóficas - Essa função é frequentemente utilizada
como um meio de expressar emoções profundas, sentimentos pessoais e reflexões
filosóficas sobre a vida, o amor, a morte e outros temas universais. Os poetas exploram
essas questões de uma forma que vai além da linguagem cotidiana, buscando alcançar uma
compreensão mais profunda da experiência humana.
c. Presença de figuras de linguagem - A função poética tende a utilizar uma variedade de
figuras de linguagem, como metáforas, metonímias, símiles e alegorias, para criar uma
linguagem evocativa e expressiva. Essas figuras de linguagem ajudam a transmitir
significados além do sentido literal das palavras.
d. Ambiguidade e polissemia - Na função poética, é possível que sejam exploradas a
ambiguidade e a polissemia, em que as palavras e as imagens podem ter múltiplos
significados ou interpretações. Isso permite uma gama mais ampla de possibilidades
interpretativas por parte do leitor, tornando a experiência da poesia mais rica e complexa.

4. Os princípios da sonoridade poética

Os princípios da sonoridade poética referem-se aos elementos sonoros que os poetas utilizam para
criar efeitos auditivos agradáveis e expressivos em seus poemas. Alguns desses princípios incluem
aliteração, assonância, rima, ritmo, métrica e musicalidade das palavras. Cada um desses
elementos contribui para a musicalidade e a beleza do poema, tornando-o mais cativante para o
ouvinte ou leitor. Tal como os recursos sonoros do texto literário são representados por algumas
figuras de linguagem.

i. Aliteração: Repetição de sons consonantais no início das palavras próximas ou em uma


mesma linha. Exemplo: “Silêncio, sussurra o vento suave.”
ii. Assonância: Repetição de sons de vogais dentro de palavras próximas ou em uma mesma
linha. Exemplo: “A lua ilumina a rua escura.”
iii. Rima: Correspondência de sons entre as últimas sílabas ou palavras finais de versos ou
linhas de um poema. Exemplo: “Amor” e “flor” ou “coração” e "solidão".
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iv. Métrica: Organização regular de sílabas e acentos em um poema, criando um padrão


rítmico específico. Exemplo: O soneto tradicional tem 14 versos divididos em dois
quartetos e dois tercetos, com um esquema de rima específico e uma métrica tradicional,
como decassílabos ou pentassílabos.
v. Musicalidade das palavras: Escolha de palavras que tenham sons agradáveis quando
pronunciadas em conjunto, contribuindo para a melodia do poema. Exemplo: "Suspiros
suaves deslizam pela brisa.

Esses princípios trabalham juntos para criar uma experiência auditiva rica e envolvente na poesia,
enfatizando a musicalidade e a beleza das palavras e dos versos.

✓ O aspecto sonoro

A obra literária molda-se sobre uma série de sons dos quais emerge o significado. Em algumas
obras o estrato sonoro é mais apagado; em outras, mesmo as de prosa, ele atrai a atenção e constitui
a parte integrante do efeito estético. É necessário distinguir entre execução e esquema sonoro. O
estudo do ritmo e da métrica não pode fundar-se nas declamações individuais; também não é o
caso de se analisar o som separado do significado. Sozinho, o som pouco ou nenhum efeito estético
produz. O estrato sonoro é variado e importante, quando concebido como parte integrante do
poema como um todo. Cohen (1987), O som tem um elemento inerente e um elemento relacional.
Inerente é o aspecto da individualidade de um som, digamos “a”, que não pode ser mais nem menos
do que ele é. As distinções qualitativas, as inerentes, são a base para os efeitos da “musicalidade”
ou “eufonia”.

As distinções relacionais fornecem as bases para o ritmo e o metro: o tom, a duração dos sons, a
acentuação, a frequência das recorrências, que são distinções quantitativas. Esta distinção isola um
grupo de elementos aos quais os formalistas russos dão o nome de “orquestração”, visando
enfatizar que a qualidade sonora é o elemento manipulado pelo escritor, cabendo ainda incluir aqui
a noção de “cacofonia”, utilizada por alguns escritores. Nesse campo, é necessário distinguir três
graus: A imitação propriamente dita (cuco); a pintura sonora, que é a reprodução de sons naturais
por meio de sons da fala (frrrrrio), num contexto em que as palavras por si mesmas não sendo
onomatopaicas, são integradas numa estrutura sonora; finalmente, num nível superior, o
simbolismo sonoro ou metáfora sonora.
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Conclusão

A análise apresentada revela a complexidade e a riqueza do texto poético, destacando seus


elementos estruturais, suas funções linguísticas e suas características estilísticas. Ao longo do
trabalho, foram abordados aspectos como a definição do texto poético, sua estrutura básica (versos,
estrofes, ritmo), elementos como sujeito poético, figuras de estilo, classificação de rimas e as
funções da linguagem poética. Através da função poética da linguagem, os poetas buscam criar
efeitos estéticos, expressar emoções profundas e transmitir significados de forma não apenas
denotativa, mas também conotativa. Essa função é especialmente proeminente na poesia, onde as
palavras são seleccionadas e organizadas com grande cuidado para evocar emoções, despertar a
imaginação e transmitir significados profundos.

Além disso, o aspecto sonoro desempenha um papel fundamental na poesia, contribuindo para a
musicalidade e a beleza dos versos. Elementos como aliteração, assonância, rima e ritmo criam
uma experiência auditiva distintiva e enfatizam certos aspectos do poema, aumentando seu
impacto emocional e estético. Portanto, o texto poético é mais do que uma simples transmissão de
informações; é uma forma de arte que utiliza a linguagem de maneira expressiva e criativa para
explorar a complexidade da experiência humana. Através de suas palavras cuidadosamente
escolhidas e sua estrutura meticulosamente construída, o poema convida o leitor a mergulhar em
um mundo de emoções, imagens e reflexões profundas.
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Referência

CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora


Nacional, 2020.

COHEN, J. A Plenitude da Linguagem (Teoria da Poeticidade). Trad. José Carlos Seabra Pereira.
Coimbra: Livraria Almedina, 1987.

FIORIN, J. L. (org.). Introdução à linguística. 5.ed. São Paulo: Contexto, 2008.

JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 2003.

STAIGER, E. Conceitos fundamentais da poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.

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