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Lilian Peake
Projeto Revisoras 2
Paixão e inocência – Lilian Peake
Julia 176
C A P Í T U LO I
Se não fosse pela i nsistência de Edna, Tânia teria d esisti do de tudo e
voltado para casa.
— Você não pode me deixar sozinha num local como este. Meu pai só
me deixou vir por que eu diss e que precisava acompanhar você — Edna
insistia, puxando T ânia para debaixo do guarda-chuva.
— Mais meia hora e vou ped ir à sra. Beas ley para vir me buscar —
Tânia suspirou desconsolada.
— Bem — disse Edna -—. só faltam mesmo quinze minutos para meu
pai vir me pegar, e olhe o que sobrou das flores.
— Você tem sorte. Pelo menos já ven deu alguma coisa. Eu não vendi
um quadro sequer.
Projeto Revisoras 3
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Ele olhou primeiro para Edna, depois para Tânia, c uja imediata
reação foi desv iar os olhos, di zendo a si mesma: como eu tinha pensado!
Com esse ar dista nte, olhar de arrasa-corações, não é o tipo que c ompra
quadros na estrada.
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Será que isto aind a ia terminar com uma venda? Meu D eus, uma só
que fosse, mesmo uma miniatura, só para dar um estímulo a Cassandra.
Ela olhou para cima e imediatamente seu rosto ficou todo respingado.
Contudo, concordou. Tudo por uma venda, pensou.
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— Ah! Você vai comprar um? Pode fa zer o ch eque para minha irmã,
por favor. — Excit ada, olhou a lista de preços e p erguntou: — Qual deles
escolheu, p or favor ?
— Lá dentro pelo menos está mais s eco. Não é precis o ter medo d e
mim. — Seu tom de voz também era seco.
Tânia resolveu con fiar nele. Virando-s e, fez um leve sina l para Edna,
que observava c om desaprovação. Como podia tranqüil izá-la? S eria difíci l .
Parecia loucura entrar no carro de um estranho assim de noite; mas,
loucura ou não, ela resolveu entrar.
Assim que Tânia entrou, ele fechou a porta e deu a volta para o lado
do motorista. Ela desejou que Edna tivesse, pelo menos, anotado o número
da chapa.
A mão dele segurou novamente seu braço e d esta vez ela tomou
consciência do cal or que emanava do corpo del e.
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— Todos?
— Eu não tenho esposa para aprovar ou não. Isso s ignifi ca que posso
comprar o que me dá prazer. Preciso dar a você um motivo ac eitável para
poder comprar seus quadros? — Balançando a caneta, ele sorria. — Sabe,
você não é b em o que se pode ch amar de uma vendedora de primeira
classe, srta. Foster.
Seu rosto não se alterou quando Tânia deu o total. Não fez qualquer
pergunta sobre o f ato de uma artista desconhecida pedi r tais preços pel o
seu trabalho. Pel o contrário, até comentou:
— Então acha que estou comprando tudo isso por uma pechincha?
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Um rápido olhar para o cheque mostrou a soma que ele ti nha escrito.
Séria, Tânia comen tou:
— Espero que con fie nist o... Vá olh ando enquanto eu marco cada
valor. Ch egue mai s perto, srta. Fos ter. Eu não costumo engolir jovens
estranhas. Minha profissão é curar, não ferir.
— Deve ser muito agradável voltar todos os dias para ca sa num lugar
tão lindo como ess e...
— Não sei como ag radecer, sr. Barratt. Ou devo tratá-l o por doutor?
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carro, sorriu, dizendo: — Não se preocupe. El e va i tra zer uma toalha para
enxugar tudo.
Deu a volta e abriu a porta para ela. Tânia saiu. Chegava o momento
da despedida e, cu riosamente, ela rel utava em deixá-l o i r.
— Fred Harley virá o mais d epressa possível. Até logo, srta. Foster.
Foi um prazer conhecê-la. Gostaria de poder conhecer também a artista. —
Sua mão apertou a dela, breve mas fi rmemente.
— Ela também adoraria conhecê- lo, sr. Barratt. Sempre pede uma
descrição da pessoa que compra seus trabalhos, porque... — hesitou —...
ela é inválida.
— Minha irmã. Ela vai subir à lua quando souber que vendi todos.
Nem eu acredito, ai nda.
O sr. Harley riu com ela. Era um homem grisalho, de ros to enrugado.
— Aquela é uma amiga. Minha irmã não pôde vir. Não está bem de
saúde....
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Voltou e viu que o pai de Edna tinha chegado. Era um senhor de rosto
amigável, como a f i lha. Trocaram algumas palavras sobre o mau tempo.
— Sabe d e uma coi sa, Tânia? Desc obri que me tornei uma fatalista e
ao mesmo tempo uma otimista. Se essa operação não for bem-sucedida,
nem vou dar bola. Porém se tudo sair bem... — Seus olhos se umedeceram.
— Bem, só vou acreditar quando puder ver, isto é, quand o puder sentir.
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— Não diga isso desse modo, viu ? Soa c omo se d uvidasse dos
resultados. Por favor, não estrague a única coisa boa q ue ainda tenho na
vida — respondeu Cassandra angustiada.
Se por acaso diss esse a el e o que pensava sobre sua atitude com
Cassandra e sobr e a et erna perseguição a ela própria, Frank podia
simplesmente ir embora, deixando as duas abandonadas.
— Vem cá, você ainda não me cumprimentou pela venda. Sou uma
garota de sorte, não?
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— Sócia, ult imamente não temos muito trabalho, não? — disse Frank,
seguindo-a.
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— Penso que até pode ser uma boa idéia. A lguma forma de
publicidade é melh or que nenhuma — insistiu Tânia.
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Perto do fim de semana o rascunho dos folh etos e o modelo estavam
prontos e apr ovad os, na gráfica. Ti nham prometido aprontar tudo até o
começo da semana seguinte. O t empo permanecia b om e Frank pôde fa zer
algum progresso na pintura externa. Como Cassandra estava ocupada com
um novo quadro, Tânia pôde ajudá-lo pintando o térreo e deixando para el e
as partes altas.
Isso afinal não tin ha importância. Olhou para fora, para a rua pobre
em que viv ia, para o meio-f io d e carros parados e para as casas miserávei s
enfileiradas, a maioria das quais, como a delas, div idid a em duas moradia s.
A casa tinha sido de sua mãe e, quando esta morreu, tornou-se delas. Isto,
apesar de tudo, si gnificava que, ao contrário de muita gente, elas t eriam
sempre um teto sobre suas cabeças.
— Cassie — Tânia conseguiu dizer com voz rouca —, ele vem vindo.
Aquele homem está quase na porta. Veja como estamos e como está a casa!
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Quando se c onvenc eu de que era ele mesmo que estava diante dela,
de que era o homem cujo rosto tinha se sobreposto a tudo que olhava, cada
página que lia, um sorriso abriu-se como um raio de sol dep ois de uma
tempestade.
— Pela lista telef ônica. Tinha perguntado a você, lemb ra? Daí, f oi
fácil.
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Gregg Barratt parecia não entender essa história de f ila, então vir ou-
se para Tânia, interrogativamente. Hesitante, tendo em vista o status do
visitante, Tânia ex plicou.
Ele parecia surdo, mas com um leve s orriso divertido. Tâ nia lá estava
fora da sala, no hal l. Ele a s egurou avi damente pelos omb ros.
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Não houve chance de dizer uma palavra sequer de protesto. Sua boca
estava na dela, não com carinho, mas com uma violência ávida que fez seu
coração bater louca mente.
Ele a largou, enfian do as mãos nos bol sos do palet ó. Sorr iu, dizendo:
— Não f oi um homem que me bei jou. Foi um... animal. — Ela mesmo
achou que estava exagerando um pouco.
— Animal? Santo D eus, se eu rea lmente deixar que o ani mal em mim
se liberte voc ê nem vai saber o que foi que a machucou.
— Sua irmã não p recisa ficar tão chocada. — Sua mão cobriu a d e
Cassandra. — Estou lisonjeado que t enha tanta confiança em mim, apesar
de nosso curto c onhecimento. Parece que sua irmã não partilha dessa
confiança.
— Quer dizer que ele deixou de amar você por causa disto? — Ele
apontou suas pernas.
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— Tânia?
Ouvir seu nome dito com tanto ódi o pel o homem cujo pod er de
atração tinha sido impossível esquecer, desde o primeiro momento, f ez
Tânia sentir um calafrio.
Foi l ongo o olhar que ela trocou com a irmã. Será q ue Cassandra
tinha percebido? Os beijinhos rou bados de Frank, sua mão sempre
procurando seu corpo e, pi or ain da, a falha dela em não repelir
energicamente seus gestos, de medo que ele pudess e ab andoná-las.
— É... é sim, foi i sso que eu quis di zer. Voc ê não com preendeu, sr.
Barratt. Frank é meu namorado, não de Tânia. Ele ainda me ama, penso eu.
Ela está dizendo a verdade. Eles t êm uma firma.
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— Você acha que poderia fazer o que Cassandra pediu e... — Tânia
parou, consciente das dificuldades e da ética médica envol vidas para que
fosse possí vel aten der a um pedido dessa ordem.
— Não tem import ância se não puder, sr. Barratt. Contanto que não
desapareça da minha vida tão depressa quanto veio. ..
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— Sei muito bem o que sua irmã quis dizer. Diga-me, seu s pais vivem
em outro lugar?
Duas tardes depois , Frank tel efonou. Disse que estava m uito cansado
para ajudar a entregar os folhetos d ep ois de uma dia de t rabalho.
— Pois me lembre de te dar as duas moedas. O medo fez com que ela
se retratasse:
— Então mude seu tom comigo e p ense antes de fal ar. Quer ver
Cassandra magoada? Então não diga mais essas coisas.
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— Ele al ega que só sugeriu os f olh etos e que fui eu que mandei
imprimir — acrescentou Tânia.
— Você parece ach á-lo tão irres istível quanto sua irmã, não?
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— Quero sair daqui, sr. Barratt. Quero andar, dançar com Frank. Sabe
o que isso s ignifica ? — implorou Cassa ndra.
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não dissera uma só palavra . Durante todo o t empo Gregg olhava fixo para
ela. Tendo esperad o alguns momentos pela resposta, ele finalmente disse:
— Ele é de Frank.
— Seu parceiro não pode ir buscar você? Se não, pod e vir de trem.
Não invente d ificul dades. Agora, quer me responder?
— Se você é assi m tão fanática por lucro que se recusa a dar uma
solução, deixe pelo menos sua irmã aceitar. Ela pode ir e você f ica aqui.
— Não é, não, não vá embora, sr. Barratt. Frank sempre diz que
devíamos achar um lugar melhor para viver. Uma vez até sugeriu que eu
fosse vi ver em sua casa. Você sabe, di vidir tudo.
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De novo ela t entou escapar, mas ele apertou seu braço puxando-a
inapelavelmente pa ra ele.
Ela se agitou contra a força del e mas foi traída p elas reações de s eu
próprio corpo. Ded os firmes segurara m seu queixo e su a boca foi d ominada
pela dele. Os lábios de Gregg entrea briram os seus e ele saboreou tod o o
frescor de sua boca. As mãos dela se crisparam em seu peito, e d epois
começaram a circundar conscientemente os ombros del e, cruzando-se ao
redor de seu pescoço.
— Concordo, eu concordo...
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— Qual garota diria não, depois de uma cena quente como essa?
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— Como não é da minha conta? — repetiu Frank. — Ele está pedindo
que vá vi ver c om ele! Não faltava m ais nada. Você é minha sócia, sabia?
Foster & Anderson, lembra-se?
— Obrigada por colocar meu nome primeiro. — Tânia sor riu, irônica.
— Além disso o sr. Barratt não está me convidando para viver com
ele.
— Está vendo?
— Não, não é n esse sentido. — Tânia olhava para Gregg com raiva. —
O sr. Barratt apenas ofereceu sua casa como um novo la r para nós, perto de
Ashdown Forest, em Sussex. É uma casa grande com muitos quartos vazios .
— O sr. Barratt diz que é um lugar perfeito para Cassa ndra. Haverá
quem cuide dela q uando eu esti ver f ora, trabalhando... com você é claro.
Eu... eu preciso de você, Frank. Como sócio.
Tânia pensou: já estou até implorando. E se ele diss er: "Está bem,
vamos nos separar", não terei trabalh o nem como pagar nossa acomodação,
nem nada.
Frank foi para junto dela, que l evantou os braços. Suavemente ele se
abaixou, bei jando-a nos lábios.
— Você? Bem, você vai lá me ver, ora. Continua sócio d e Tânia, não?
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Suas mãos agarraram as dela, num gesto que tanto pod ia significar
atração de homem por mulher, como desejo de reafirmar boas relações nos
negócios.
Pelo s orriso cín ico de Gregg, p erceb ia-se o que ele achava. Tânia
também achou que era isso o que Frank visava c om a atitude.
— Isso não col oca você numa boa pos ição — repreendeu Cassie.
— Então você também não me quer mais como seu na morado? Ok.
Vou sair da vida de ambas — disse, dirigindo-se para a p orta.
— Tenho as duas na mão, não tenho? São duas marionetes nos meus
cordéis.
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Paixão e inocência – Lilian Peake
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Não devo s entir ciú mes, disse a si mesma. Ciúme implica sentimentos
profundos, como a feição ou amor. Nã o poss o me apaixonar por um homem
como esse.
— Vocês p odem pa ssar uma ou duas noites lá. Para s entir o ambiente
e ver s e gostam do lugar.
Num dos dias em que trabalhava com Frank, ele hav ia dit o:
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— Eu faço o que q uero. Como já diss e, você tem que da nçar a minha
música, srta. Foster — disse, imitando Gregg.
Tânia recriminou-se por ter col ocado mais uma arma nas mãos dele.
— Você está certa. Ele é mesmo um homem, pelo modo como a pegou
outro dia. Divertira m-se, não? Nunca pensei que você f osse desse tip o.
Não importava quantas vezes ela d izi a a si mesma para aceitar o fato
e ser agradecida. A questão era "por quê?" A tod o momento relembrava a
maneira que ele ti nha de olhar para ela e esse p ensamento a t onteava. Não
podia esquec er como o c ontato com ele despertava seus sentidos ,
amedrontando-a com sua força, obrigando-a a corresponder de uma forma
que a excitava e c hocava ao mesmo tempo. Com Cassa ndra ele era gentil ,
sempre elogiando o caráter firme que ela possuía. Para ela, nem uma
palavra de carinho. A maior parte do t empo a olhava com zombaria e crítica.
Por quê? Ela, que tinha esperad o h oras na chuva p or um freguês que
comprasse apenas uma pintura. Afinal de c ontas, fora ela quem trouxera
Gregg para suas vidas...
Nessa tarde foi logo para casa. Queria estar o melhor possível
quando Gregg chegasse.
— Não precisa se p reocupar com as minhas coisas. Decidi não ir. Você
é mais do que suficiente para examinar a casa. E não adianta insistir. Estou
trabalhando num novo quadro, e não quero interromper.
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Paixão e inocência – Lilian Peake
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Pelo visto, Cassandra não tinha dito a ela o motivo pelo q ual Tânia ia
passar o fim de s emana fora, o que parecia s ensato. Ela provavelmente
acharia a casa de Gregg pomposa demais para elas.
— Frank prometeu que virá me ver se eu ligar para ele. Nós... nós
não ficamos a sós há séculos. Desde que estive no hosp ital. — A incerteza
da voz de Cassandra continha um apelo que tocou o cora ção da irmã.
Esta, pensou reflet ida no espelho, é uma garota que Gregg Barratt
nunca viu. Será que el e ia s orrir com sinceridade, s em aquele toque de
cinismo que pareci a estar sempre presente quando olhava para ela?
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Seus olh os examin aram a roupa dela mas se aprovava ou não ela não soub e
dizer.
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Não houve tempo para dizer mais nada. A boca de Gregg cobriu a
dela, pressi onando-a contra el e e t ornando-a consciente como nunca de sua
presença. Por f im ela c edeu s elvag emente, abrindo os lábios e s entindo em
todo corpo a prem ência de seu des ejo. S e el es est ivess em sozinhos nesse
momento, pensava ela, se não houves se ninguém presente...
— Está claro que você acha que ela tem. Pois Cassie está errada e
você também. Agora, por favor me dei xe ir.
— Não seja sarcástico com o sr. Barra tt. Acho que el e é maravilhoso.
— Quando será que estarei melhor? Não sei quando isso vai
acontecer, nem como. — A alegria sumiu de seu rosto e ela olhou duvidos a
para as pernas.
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— Há dias atrás você d isse que eu tinha lhe traz ido esperança —
disse Gregg, chega ndo-se a ela. — Onde está ela?
— E coragem?
— Se voc ê quiser, é claro que venho, Cassie — Frank fal ou sem jeito,
na sua falta de tato.
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— Um bom sentimento.
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Uma mulher franzina, de cabelos gri salhos, veio de uma das portas
que se abriram para o hall e Tânia sor riu para ela.
— Lá fora você di sse que sentia c omo se o lugar esti vesse abrindo
seus braços. Pode sentir o mesmo aqui dentro?
— Já que insiste em levar para o lad o pessoal, não pos so negar que
jamais estive nos b raços de um homem como voc ê. Sei que Cassandra diss e
que tive muitos n amorados, porém, acredite ou não, nunca me envolv i
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— Não vai ser fácil. Chamo apenas meus amigos pelo primeiro nome,
porém...
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— Não? — perguntou Gregg com o olhar zombeteir o.
Não vou olhar para ele ag ora, pois deve estar com aquele sorriso
sarcástico, ela pen sou. Então, desviou o olhar.
Ele agradeceu.
— Não. prec isa fica r na defensi va com igo, minha linda Tânia. — S eus
dedos correram p el o seu queixo, l evan tando seu rosto. — De que tem medo?
De que voc ê e sua irmã tenham que viver lutando contra meu modo de vida?
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— Para mim, você parece bem como está. Contudo, minha profissão
me coloca em uma escala s ocial que tenho que seguir, embora de baixo d a
pele eu seja um homem simples.
O quarto que a sra. Casey deu a Tâni a era vizinho àquel e em que sua
irmã iria ficar, quando fosse morar lá. Tânia agradeceu e a sra. Casey diss e:
Tânia olhou para o teto com olhos profissionais, nota ndo o branco
manchado. As paredes também precisavam de nova p intura.
— Sei que a casa está precisando d e algumas coisas, mas não creio
que pôr tudo em ordem vá me levar à falência.
— Não quis di zer i sso — ela protestou, empurrando-o com força para
se soltar, e, ao inv és disso, ap enas conseguindo encostar mais seu corpo a o
dele.
— Está entre dois infernos — ele di sse rindo, malic ios o. — Se não
gosta de meu contato, afaste-se e s e machuque.
Com as mãos espalmadas em seu peito, Tânia olhava- o nos olh os.
Seu coração bateu mais forte ao senti r suas pernas em contato com as dele.
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Uma batida leve na porta deixou-a mais tensa, e suas mãos passaram
a empurrar ao inv és de puxar. Sua boca ainda estava presa e o turbilhão
desse contato aind a não tinha se acalmado, quando a sra. Casey anunciou:
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— Tanto por fora c omo por dentro? — Ele observava seu perfil.
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Depois d o café, Gr egg a l evou para u ma volta pela casa. Ela perdeu a
conta do número de quartos. El e expl icou seu pla no de reforma, s ua
intenção de instal ar banheiros em alguns quartos, transformando-os em
suítes.
— Não conte sempre com isso, Tânia. — Ele cheg ou perto o sufic iente
para pegá-la, mas apenas murmurou: — Arranhe minha pele e você va i
despeitar um animal selvag em, que pulará em sua garganta.
Com os olhos nos olhos dele, ela moveu vagarosamente as mãos para
seu pescoço, e subitamente oito dedos curvados fingiram arranhá-lo. As
mãos dele apossara m-se de seus pulsos, torcendo-os para trás.
— Nem que acreditasse que Frank Anderson fosse s omente seu sóci o?
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— Espero que acredite nisso. O que chama de provoca ção foi nada
mais que uma brincadeira.
Tânia não sabia se ele fal ava para agradá-la ou se estava sendo
sincero, porém seu s olhos brilharam, agradecidos.
Uma jarra de água vei o para a mesa e Gregg encheu o copo de Tânia.
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— E a irmã dela?
— E eu, o que vou fazer no meu tempo livre? Talvez possa ajudar a
empregada. — Ele permaneceu impassível , e ela acres centou depressa: —
Não, suponho que não.
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As mãos dele s e m oviam para baixo e para cima, por todo seu corpo.
Finalmente acharam seus sei os, e c omeçaram a acariciá-los em concha. El a
aceitava tudo, pas siva e languidamente. Ele abaixou a cabeça, pousando
seus lábios na nuca dela em seu ponto mais sensível .
Todas essas carícias, suas mãos em concha sobre seu seio, a levaram
a tal ponto de sofreguidão que desejou correr os dedos pela maciez dos
cabelos dele, encostar seu rosto naquele p eito e ped ir que el e fi zess e amor
com ela.
— Com a experi ência que voc ê deve ter, eu não estou nada surpresa.
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— Não posso fazer nada sobre minhas unhas. Trabalho duro para
ganhar a vida. Não se pode pintar paredes com luvas.
— Que foi que eu disse? Você realmen te acredita que eu penso o pior
de você porque tem que suportar as marcas do seu trabalho? Que tipo de
homem pensa que sou?
— Você faz tudo parecer tão horrivel mente clínico, quando deveria
ser quente, espont âneo e cheio de amor.
— Muito bem. Daqui por diante vou agir diferente. Vou começar
dizendo: Tânia, eu te amo, está bem?
Ele ficou ali por uns instantes, ereto, diferente e inteira mente fora do
seu alcance. Esticou o braço, e, com u m jeito dos d edos, coloc ou seu d ecote
no lugar.
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A voz veio por detr ás dela. Tânia virou-se para ver Greg g na porta do
jardim, pois as du as portas da sala estavam abertas. Ele entrou, e fic ou
diante dela, c om as mãos nos bols os, camisa azul-es curo desabotoada e
calça justa com aparência impecável, cuidadas que eram pela sra. Cas ey.
— Vai ser ótimo para Cassandra, quando vocês duas vierem vi ver
aqui.
— Não, depois de certo tratamento, que você vai sab er qual será.
Natação ajuda a fortalecer os músculos.
Ele olhava para a área intocada. Ela também quase podia ver a
piscina, ouvir as risadas, o borrifar da água e os gritos de felicidade d a
recém-libertada Cassandra. Havia apenas uma coisa naquela visão do
futuro. Ela, Tânia, não estava lá.
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A empregada levou o café para o jardim. Gregg tinha colocado uma
poltrona de jardim para Tânia. Cabeça para trás, ela relaxou o corpo com o
sol da primavera acariciando seu rosto. Depois , Greg g deitou-se em um
tapete sobre a grama. Com as mãos atrás da cabeça, olhava as nuven s
brancas movendo-se majestosamente pelo c éu. Quando a sra. Casey veio
buscar a bandeja, Gregg disse obrigado, sem se mover. Subitamente ele
chamou Tânia:
Suas palavras fi zeram com que ela tentasse ficar longe dele, p orém o
aperto de seu braç o era tão f orte que não a deixava esc apar.
Ela sorriu sem compreender. Ele pegou sua mão e passou-a pelo
rosto. Com olhos d e desafio, perguntou:
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tendo uma mulher como companhia, então achei que pod eria voltar ao meu
estado de homem primitivo.
Os olhos d ele bril haram com o desafio, e Tânia riu de novo. Ela
passou levemente a mão sobre a negra aspereza do s eu rosto e correu o
dedo entre a boca e o nariz, movendo-se finalmente para traçar o arco da
sobrancelha. O si mples ato de tocá-lo tão intimamente fez com que seu
coração desandasse. Seus dedos latejavam ao simples toque de sua pele.
Quando sua mão penetrou nos pêlos de seu peito, correndo por el es até qu e
outro botão da ca misa se abrisse, el e agarrou seu pulso, puxando-a contra
ele.
Gregg rolou por cima dela e prendeu seus braços pelos pulsos, acima
da cabeça. Sua boca explorava a del a novamente, com o se cada vez ele
pudesse descobrir novos sabor es.
— Gregg, meu querido! Você está tão frustrado que não pôde esperar
pela minha volta? — A voz estranha soou algo imperiosa :
O avis o era bem c laro na voz femini na e diz ia: mantenha-se fora,
propriedade particular, pensou Tânia.
Até onde Gregg concordava com a ati tude possessi va da visitante era
difícil de d eterminar, uma vez que permanecia apoiado nos cotovel os, e
aparentava não ter a mínima intenção de se erguer, para uma polida, ou
pelo menos c ordial, atitude de recepçã o.
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Paixão e inocência – Lilian Peake
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Isso queria dizer, Tânia calculou, que ela era uma enfermeira,
possivelmente a en fermeira-chefe. Tâ nia ficou de p é, ten tando em vão alisa r
sua camiseta amarrotada. Porém nada nela indicava qu e Gregg a t ivess e
tocado.
— Eu, noivo?
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Paixão e inocência – Lilian Peake
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— Está desconversando...
Ele olhou-a rap idamente. O que Greg g teria percebido c om esse olhar
frio e prof issional?, pensou Tânia. Dep ois de algum tempo ele p erguntou:
— Se for o caso, p osso até arranjar a lguém que est eja precisando de
uma casa.
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Paixão e inocência – Lilian Peake
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— Você o trouxe! Então é porque tudo deve estar bem. Gregg, é tão
bom vê-lo. Pintei, e pintei, até f icar sem material. Você tem que ver o que
produzi. Passei tod o o f im de semana...
— Frank? Ele vei o me ver, sim. — Sua voz sumiu, assi m como a cor
em seu rosto. — El e veio uma vez, por alguns minutos...
Aquela noite, Cass andra foi dormir cedo. Na cama ao lado, Tânia
meditava sobre tudo o que tinha acontecido. Dep ois do c omovente apel o de
Cassandra, Gregg tinha encontrado carinhosas palavras de conforto.
Projeto Revisoras 51
Paixão e inocência – Lilian Peake
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Ele voltou.
Ela olhava para Cassandra, que ainda tomava teimosamente seu café.
Sentiu-se presa. Alguma coisa doía por dentro, em algum lugar. Então
julgou sentir exatamente o que um c oelho sente quando é apanhado numa
armadilha.
— Fiz, e fech ei neg ócio. Vamos começ ar pelos quartos, h oje. O furgão
está aí fora a apen as algumas quadras daqui.
Cassandra finalmente olhou para ela , porém sua expressão era tão
tocante que Tânia não pôde encará-la .
Projeto Revisoras 52
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Eles estavam traba lhando no menor dos dois d ormitórios da casa que
tinha contratado seus serviços. Já t inham feito a preparação inicial. A
mobília tinha sido removida pelo cl iente, e os carpet es, cobertos, para
proteção. Tânia ti nha retirado as c ortinas, pois algumas donas-de-casa
esqueciam desse detalhe. Juntos, ela e Frank tapavam rachaduras no
reboco, dei xando a parede plana e pronta para ser pintada.
— Olhe aqui! — Ele parou de trabalhar. — Sinto muito que ela tenha
sofrido um acidente. Sinto, também, por ela estar numa cadeira de rodas.
Ela é uma garota boa e l inda. Porém você tem que ent ender meu ponto d e
vista. Eu gosto de viver em movimento. G osto de dançar e sair. Será que el a
não entende? Eu gosto dela, porém , para mim, agora, ela é c omo uma
irmãzinha. — E continuou trabalhando.
— Então está bem , mas pelo menos me dei xe em paz quando ela
estiver pres ente, si m?
— Você pediu a ela para viver com você? Antes do acid ente, é claro.
Projeto Revisoras 53
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— Olha aqui — avisou —, faça isso mais uma vez e será a última vez
que me verá. E se pensa que vou desistir de você só p orque aborreço sua
irmãzinha...
Assim que abriu a porta da frente, sentiu que alguma coisa não
estava bem. Arrancou a jaqueta e correu para a sala. Cassandra não estava
lá. Já preocupada, foi até a coz inha, que estava vaz i a como a sala. No
quarto, viu a cadei ra de r odas. Estava vazia, e para Tâ nia foi a v isão mais
assustadora que podia ter. Para onde teria ido Cassandra?
— Sim?
— Levou Cassie embora? O que quer dizer com iss o? Você não pod e
raptá-la assim...
— Está mentindo, tem que estar mentindo. Cassie jamai s teria feito
semelhante coisa s em me consultar.
— Sinto muito, sua irmã se recusa a falar com você. Pode dizer o que
quer.
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— Olhe, Gr egg — disse Tânia —, s ei que você não entende, nem ela
mas Frank e eu somos apenas sócios . Confi o nele p or muitas coisas, como
para fazer o trabal ho mais sof isticado, e el e c onfia em mim para as coisas
mais simples.
No caminho para a casa de Gregg, Tânia quase não falou, a não ser
quando Gregg puxou conversa. Is so foi raro, pois o tráfego estava
congestionado e d irigir requeria atenção.
— Conheço uma pessoa, srta. Foster, enfermeira como eu, que ficaria
muito satisfeita em poder alugar a parte debaixo da casa.
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— Diga-me — seu olhar era frio —, por não poder viver sem Frank
que você ficou assi m tão quieta desde que saímos?
— Nada que eu diga irá convencer voc ê, não? Então apen as deixe que
eu leve minha vida à minha maneira certo?
— O que pensa que sou, afinal? Uma mulher que, sem mais nem
menos, tira o namorado da irmã, enq uanto ela f ica olha ndo, incapaz que é
de fazer alguma coisa?
Ele apoi ou o cot ovelo na direçã o e olhava para Tânia c omo se ela
fosse um estranho caso médico prestes a atingir um ponto crítico.
— Não tenho, por acaso, olhado por Cassandra noite e dia desde o
acidente? Não tenh o trabalhado duro para nosso sustento, ficando inclusi ve
em acostamentos c om qualquer tempo, vendendo os qu adros de Cassandra
para obter mais dinheiro para o trata mento? E você s enta aí e vem me dar
um aviso para não estragar a vida del a?
— Não estou critic ando seu amor por sua irmã, nem sua devoçã o e
lealdade. Somente sua moral.
O descaso dele para com uma coisa que tinha significado tanto para
ela f ez Tânia engolir um grito de an gústia. Quando se acalmou, viu que
estava pronta a aceitar a verdade: não havia a menor possibilidade dest e
homem ser seu.
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— No seu tipo de trabalho não pode fazer nada sozi nha. Não vai
arranjar nada — disse Cassandra, puxando o caval ete.
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— Sabe que Gregg tem uma namorada? — perguntou Cassandra,
puxando conversa, quando foram dormir.
— Você acha que ela está certa? Por que, se estiver — mergulhou o
rosto no travesseir o —, eu não sei se quero continuar vivendo!
— Vou falar c om Gregg, Cassi e. Eu sei que ele vai f azer a lguma
coisa. — Tânia queria estar tão certa, quanto parecia, de que Gregg daria o
toque mágico que produziria a cura. Mas sua própria enfermeira-chefe não
tinha tirado toda a esperança?
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— Cada vez que fa l a com ele, suas rea ções quando el e a toca, mesmo
em público, desmentem essa afirmação.
Ela ia dizer: "É por outras razões", mas procurou palavras que
pudessem convenc ê-lo. Iss o importava?, pensou, amargamente, que não
importava o que di ssesse, Gregg c ontinuaria não acreditando. Mas, pel o seu
bem, ela tinha que tentar.
— Frank não tem nada comigo. Ele é um artista e, como tal, tem que
enfrentar várias barreiras em sua vida e no seu trab alho. Eu, por meu
lado... g osto de di v idir as coisas, e definir claramente os limites.
— Talvez ela ti vess e pensado que voc ê falava p or querer Frank para
você mesma — argumentou, desafiando-a.
— Quer parar com essas insinuações de que sou ment irosa? Frank
não me diz nada.
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— Quantas vezes tenho que dizer que preto é preto, até que pare de
chamá-lo de branco?
— Muito irrelevante, desde que isso não afete o b em-es tar emocional
de Cassandra! Em outras palavras, a solução desse p roblema irrelevante
será de grande aju da para fazê-la dec idir-se a se r ecuperar e vai assegurar
que qualquer tratamento tenha grandes chances de sucesso.
— O que quer d izer que ela deve d esf azer qualquer l igação emoci onal
que tiver com Frank Anderson?
— Como expl iquei, quando nos conh ecemos, ortopedia não é minha
especial idade. Contudo, tenho um amigo que é cirurgião-ortopedist a
consultor, e é meu colega no hosp ital.
— Minha doce Tâni a — sua voz era m acia e acariciante, ainda que um
pouco autoritária —, se não se acalmar, vou ter que atendê-la por um
possível colaps o.
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— Mas el e está em Londres. Ag ora es tamos vivendo aqui e ela vai ter
que trocar de médico, de qualquer for ma, não é?
Ele concordou.
Ele sorriu, e a cab eça dela rod opiou. Queria correr para ele, jogar os
braços em seu pescoço e agradecer. .. e d eixar todo o seu amor por el e
transbordar por seus lábios.
Olhando para longe, com medo de demonstrar seu segredo, ela diss e:
— Tem sido tão b om para nós que eu simplesmente não sei c omo
agradecer. Nunca serei capaz de r ecompensá-lo por tudo.
— Ah, mas você pode, sim! — Sua voz era enganosamente macia. Ele
levantou-se e, seg urando sua mão, ordenou:
— Levante-se, Tâni a.
Se est e era o modo que Gr egg tinha escolh ido para d eixar que ela
agradecesse, então ela faria, de todo coração. Sorrindo, levantou os braços
e... de repente ac hou que não podia tocá-lo. Hav ia dentro dela um apelo
para que o fi zess e, mas não houve jeito, e ela não c onseguiu dominar sua
timidez.
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Paixão e inocência – Lilian Peake
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— São aqueles limi tes de que fal ou? A quelas barreiras definidas estão
inibindo você?
— Vai ter que cruzar essas fronteiras uma vez. Não vai dormir esta
noite se não o fi zer. Entendeu bem isso?
Com raiva, Tânia levantou os bra ços, desta vez pr endendo seu
pescoço. Ela ia beijá-l o, sim, pen sou, ia mostrar a ele que não s e
amedrontava com s uas ameaças. Cruzou os braços em seu pescoço, mas el e
não moveu a cab eça. Cheg ou a fic ar na ponta dos pés para incitá-lo a
chegar à sua boca. Gregg estava impassível, com os braços caídos ao lado
do corpo. Ah, sim, ela ia beijá-l o para tirar aquele sorriso sarcástico.
Quando pressionou seus lábios nos dele, um furacão de sensações jorrou em
sua cabeça. Ele tinha se curvado um pouquinho, o suficiente para el a
exercer maior pressão. Começou a ouvir pequenos gemidos, que, depoi s
notou, vinham de sua própria garganta. Ela tinha que f azê-l o corresponder,
para reconhecê-la como uma mulher desejável, l eva ntar seus braços e
apertá-la. Afastou-se um pouco, olh ou-o nos olhos e encontrou-o rindo,
zombeteiro. De novo sua boca buscou a dele e suas mãos se moveram,
correndo pelos cab elos d ele e, d e leve, pelo s eu maxilar.
Já esteve em seus braços antes, rec ebido s eus beijos, suas carícias,
mas nunca como desta vez. Sempre tinha sido a caça. Por sua própria
vontade seu corpo necessitava sentir o dele, a pressão de suas coxas e de
seus joelhos contra ela, seu p eito c omprimindo seus seios.
— Vou ajudar, mas com uma condição — disse Gregg. — Você deixa o
mundo saber que é minha mulher.
— Isso é chantagem!
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— Talvez ele tenha sua própria tática para conseguir quebrar suas
barreiras.
A mão dela levantou-se para esbof eteá-lo, mas caiu de novo. Como
podia ferir fis icamente um homem que estava querendo a judá-la?
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— Percebo que está lutando com suas rígidas barreiras, aquelas que
traçou em volta d e si mesma. Se espera minha ajuda, vai esperar para
sempre.
— Nesse caso, por que, se eu concord ar com sua sugestão, não pode
me chamar de noiva?
Ele não deu s equer uma resposta. Tânia não podia ver a mágoa
patente em seu próprio olhar.
— Provavelmente eu já o perdi.
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Era manhã de segunda-feira, e ela tinha que vê-lo antes que ele
saísse para Londres, Vestiu rapida mente uma jaqueta sobre o pi jama e
correu para o corr edor. A porta dele estava aberta, e el a entrou correndo,
certa de encontrar o quarto vazi o. Gregg estava vestind o a camisa. Quando
ela o v iu, parou.
— S... sim, não! Queria alcançá-lo antes que saísse para perguntar
como...
Excitada, olhou para ele, e foi aí que os lábios del e toca ram os dela.
Ela estava certa de que ele pod ia sentir seu corpo latejar, respondendo
loucamente às suas carícias. Vagarosas, suas mãos se moveram de novo.
Com um gemido rouco sentiu que elas rodeavam possessivamente seus
seios. Instintivamente, ela pressi onou-se contra o c orpo dele. Suas carícias
acenderam um fogo dentro d ela, q ue ameaçava cres cer e tomar-se um
pequeno inferno. El a suspirava:
— Por favor, Gregg, não faça isso. Ag ora não, por favor.
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— Eu vim para falar com você, não pa ra dar a você uma oportunidade
de fazermos amor.
— Sim, você conc ordou — ela insis tiu. — Estou cert a de que se
lembra disso. Estou pedindo sua p ermissão para falar hoje com Frank, d e
modo que ele pos sa vir e olhar a casa. Aí nós poderíamos fazer uma
estimativa e dar a você um orçamento de...
Tânia telefon ou para Frank e falou com ele pouco antes dele sair para
o trabalho.
— Estava aqui pen sando quando ia ter notícias de você. Como estão
Foster & Anderson agora que mudou de casa?
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Paixão e inocência – Lilian Peake
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— O sr. Barratt não estará em casa nos próximos dias, srta. Foster.
Ele me avis ou es ta manhã que, depois do hospital, vai para o s eu
apartamento em Londres.
— Gregg vai estar fora, se é isso o q ue quer dizer, Frank. Tem mais
uma coisa que gostaria de pedir.
— Você quer dizer, como ela era a ntes? — O tom de Frank era
cuidadoso.
Tânia sabia que es tava errada fa lando com tanto otimis mo, sobre a
recuperação de Ca ssandra, porém diz ia a si mesma que estava c erta, desd e
que isso trouxesse Frank de volta. De qualquer forma, Tânia tranqüilizava
sua consciência, talvez esse médic o seja mesmo tão competente que possa
fazer um milagre.
— Ok, vou ser bonzinho com ela. Vou dar beijinhos e segurar sua
mão e...
Tânia achava que tinha sido convincente, pois ele havi a concordado
com seu pedido.
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Este era o "outro" Frank Anderson que Tânia conhecia. O rapaz com
habilidade artística, e perspicaz, quali dade que escondia debaixo da imagem
de inconseqüente q ue gostava de projetar.
Tânia não sabia até onde Gregg ia c hegar com aquilo de: "Deixe o
mundo saber que é minha mulher''.
— Se é isso o que quer... Mas significa que, afinal, não há nada entre
você e Frank? — O alívio estava estampado nela.
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Gregg esteve fora durante quatro dias. Para Tânia, as horas se
arrastavam. Não tinha nada para fazer, rodava por toda a casa, examinando
cada quarto, para ver quais os preparativos que s eriam necessários antes de
começar a pintura.
— Peça ao sr. Barratt para levar você a Ashdown Forest, qualquer fim
de semana — sugeriu a sra. Casey durante o café. — É um lugar muito
bonito. Por lá há gamos, não há, Geor ge?
— Por que não, se ela é a razão prin cipal dessa visita? Pode pedir à
sra. Casey para providenciar jantar para quatro, amanhã à noite?
— Pedi sua permis são. Nós, isto é, Foster & Anderson, quero dizer,
fizemos um orçamento do trabalho a ser f eito. Frank precisava tirar a s
medidas dos apos entos. — Tânia d esejou que Frank tivesse feito a lgum
comentário. — É a penas uma estimativa inic ial. Quando você voltar e diss er
exatamente o que deseja pod emos lh e dar um orçamento completo.
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— Por favor, não seja sarcástico. Você verá o que estou dizendo,
quando puder vê-los juntos de novo.
Cassandra pediu sua ajuda. Para ela, escolheram uma blusa azul e
branca, e um casaquinho para combinar. Tânia observou a irmã se
maquilando, tentando impedir que se empetecasse demai s. Cassandra não a
ouviu.
— Estou tentando parecer mais vel ha. Quero ser admirada, Tânia.
Tudo que um homem pode ver em mi m é o rosto, você s abe disso.
— Puxa, você sabe como fa zer uma moça sentir-se b ela e atraente —
respondeu, fazendo beicinho.
Tânia sorriu. Ela mesma estava eufóri ca. Gregg estava c hegando!
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Russell Mansfi eld n ão era nem grisalho nem careca. Estava, segundo
calculou Tânia, p erto da idade d e Gr egg. O que el e nã o possuía, em seu s
olhos azuis, era o mesmo magnetismo e a masculinidade arrogante de
Gregg.
Tânia olhou rápido para Gregg, temen do que ele se c ontrariasse, mas
ele riu ab ertamente do c omentário de Cassandra. Como seu colega também
riu, todos ficaram à vontade.
Ainda sorrindo, Tânia olhou para Gregg. Apreciando o p razer que sua
presença lhe trazi a, revelando-s e por um brilho em seus olhos. N otando
isso, Gregg estend eu a mão para ela.
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A pergunta sussurrada de Gregg fez Tânia tinir de rai va. Ela podia
ouvir Cassandra e Russel l convers ando, o que lh e deu coragem pa ra
resmungar uma mentira:
— Você deve ter me pintado como uma pessoa horrível para fa zer
com que essas duas adoráveis jovens acreditassem que sou avarento.
— Srta. Foster, não vou tocar em seu dinheiro. Você será tratada por
mim, no hospital, como qualquer outra pessoa.
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— Não só gostei d ele. Confio nele e estou certa d e que vai fa zer o
milagre que tenho esperado tanto.
Gregg olhou rápid o para Tânia, parecendo querer di zer algo, mas
calou-se, Que estra nho olhar foi aquel e? O que ele ia di zer?
— Está uma linda manhã — disse Tânia, olhando pela janela, apenas
para quebrar o estranho silêncio. — Gregg, a sra. Casey sugeriu que eu
pedisse a você para me l evar qualquer dia até Ashdown Forest. George diss e
que se tem uma linda vista de lá.
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Por algum tempo a ndaram em silênci o, com Tânia refl et indo sobre o
passado daquele lu gar.
Tânia olhou para ele, que ac olheu s eu olhar com um sorriso. Uma
onda de cal or com eçou a passar através das mãos que cobriam sua cintura,
e ele a puxou mais para perto. Andando, suas coxas se tocavam e ela senti a
o cal or crescer, c riando um desejo de maior contato. Deba ixo de u m
pequeno pinheiro ele parou, puxando-a para si.
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— Você vai rir de mim, mas posso sentir o passado. Ele está aqui,
não? Ainda ao noss o redor.
Estendendo uma toalha no chão, puxou Tânia para junto dele. Tirou
seu paletó e col ocou nela. Quando enrolou as mangas da camisa, ela
reparou em seus músculos e nos pêl os que cobriam seus braços.
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Uma estranha sensação surgiu dentro dela, des ejand o juntar sua
feminilidade com o poderos o magneti smo da masculinidade del e. Percebeu
que ele tinha desabotoado a camisa até a cintura. Os pêlos escuros de seu
peito aumentaram seu desejo de tocá -los, de t ocar sua c arne com seu rost o.
Isso tornou-se tão forte que ela baixou a cabeça, como se quisesse evitar
um desmaio.
— Qual é sua avali ação? Sou suficient emente bom para me relacionar
mais profundamente com voc ê?
A verdadeira resp osta seria sim, e não, então ela per maneceu em
silênci o.
— Não tenho escol ha, não é? Quer d izer, se não concordasse, voc ê
não teria trazido o sr. Mansfield para ver Cassandra.
— Para manter Lola Buxton em seu lugar, até que ela esteja
legalmente livre. Quando isso acontec er, sei muito bem que não vai perder
um só minuto!
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— Isso quer di zer "venha cá" ou "caia fora"? — Ele estava mais brutal
agora, sua boca parecia mais agressiva. O macho que havia nele o jogava
rispidamente contra ela. Sua mão subiu mais impaciente debaixo da blusa,
comprimindo a maciez daquela p ele.
Sem fôlego, esper ou pela resposta, que foi mais zombeteira que
raivosa, e ela agradeceu por isso.
Ela devia ter dito, então, que não seria sua mulher, mas as palavras
não vieram à sua boca. Não o fez e a reação era simples: ela queria ser a
mulher de Gregg.
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Projeto Revisoras 79
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— Tive duas visitas enquanto vocês es tiveram fora — diss e Cassandra
quando voltaram. Estava animada, com olhos brilhantes, como Tânia não vi a
desde antes do aci dente.
— Preciso arrumar as coisas que vai levar. Ele disse al guma coisa?
Chinelos , camisola. ..
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— Russell vai fa zer o melhor que puder por você — ele assegurou. —
Ele me disse que acha você a garota mais linda que já conheceu. Então? —
Sorriu, apertando sua mão.
— Vamos imaginar que ela já está lá, banhada pelo sol, cheia de
água, azul. E nós mergulharemos... um no outro.
Apenas uma faísca passou por seus ol hos e ele tornou a sorrir.
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— O nosso.
— Isso tem que parar, Gregg. Toda esta coisa entre você é eu. Eu me
recuso a continuar.
Ela sacudia a cabeça, pedindo que el e parasse. Por ém, quanto mais
ela tentava escapar, mais ele a prendi a.
— Agora, quero você agora — ele su ssurrava. —Meu amor, isto tem
que ser...
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Tânia nunca tinha se sentido tão desl ocada. Se seguisse seu instinto,
teria deitado ao lado dele, para acariciá-lo. Recusando-o daquela forma, e
causando nele só Deus sabe que angústia, ela provava que continuava
amarrada às rígidas normas de conduta moral que t inha se imposto, de só
se submeter ao homem que amasse.
Teria sido mesmo um erro negar-se para ele? Para Gregg, devia ser
como possuir mais uma mulher. Para Tânia, seria a primeira vez,
inesquecível, pelo seu amor a ele, el emento indiscutível.
Parte dela ficou aliviada com seu bom humor. A outra parte se
revolt ou com a falta de tato com que ele s e ref eria ao ca so.
Ele rolou para mai s perto dela, al isando seus cabelos e tocando seus
lábios de leve, c om os dedos.
— Eu admiro você por isso, respeito e amo você por isso. Agora, sabe
como está o ego de um homem que foi colocado em seu d evido lugar.
Tânia juntou-se a ele nas risadas e a fel icidade encheu seu coração.
Afinal, sua integridade era tal que Gregg não se revoltava contra ela.
Ela olhou para Gregg para encontrar seu sorriso, mas viu apenas seu
perfil descansando.
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— Não, sua petulante, e sabe que não. Existem ainda muitas coisas
que deve fa zer para ser a "minha mulher", al ém de s implesmente deitar ao
meu lado e se anin har como um gatinho.
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Paixão e inocência – Lilian Peake
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Olhando para trás, viu Tânia ainda deitada na grama. Com as mãos
nos quadris e as pernas separadas, disse, gozador:
Tânia estava louca de raiva, mas ainda não tinha decidido se era dela
mesma, por ter con fessado seu amor s ecreto; d e Gregg, por el e l evar tudo a
ponto tão íntimo e deixar a noiva saber; ou de Lola Buxton por ela
interromper o abraço apaixonado.
— Não se ap egue muito ao meu noi vo, srta. Foster. Di virta-se com
ele, se gosta, p orém lembre-se de que é meu.
Projeto Revisoras 85
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Incapaz de voltar sua fúria contra quem falava, Tânia virou-se para o
homem que segurava sua mão.
— Uma vez eu diss e que voc ê tinha integridade — disse, sabendo que
Lola não a ouviri a. — Cancele iss o, sim? Voc ê p ode ser um brilhante
cirurgião, mas, como homem, é um vil trapaceiro!
Projeto Revisoras 86
Paixão e inocência – Lilian Peake
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C A P Í T U LO I X
Tânia fechou o cinto do vestido azul. Era curto e sem mangas. Como
os demais, era gracioso, porém barat o, mas sua cor c ontrastava com o l oir o
de seus lindos cabelos.
Olhou pela janela do quarto para a área onde Lola est ava sentada.
Seu pé, calçando u ma linda sandália branca, balançava com irritação.
— Por acaso é culpa minha se não tem? Não sou responsável por seu
caráter...
— Ela pensa dif erente. Disse que voc ê lhe pertence. Voc ê ouv iu e não
desmentiu. Como fi co eu, nessa confu são toda?
— Eu... eu não amo nada. Foi... um engano meu e, veja bem, eu não
o provoco delibera damente.
Projeto Revisoras 87
Paixão e inocência – Lilian Peake
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— Provoca s im, meu amor. Olhe para você n este momento. Tentando
escapar para que eu tenha que caçar essa boca.
Quando o beijo ch egou, f oi um grande alí vio. Ela p ôde então agarrar
seus ombros, puxando-o para mais perto.
— Não posso deixá -lo, Gregg. E o p ior é que você sabe di sso.
Agora, a atenção dele estava em Lola . Ele ouvia atento cada palavra
dela. Seria o mútuo interesse pel o trabalho que os fazia ficar tão juntos? Ou
ele não pod ia res istir à sua atração e seu p erfume? Tânia sentiu uma
alfinetada de ciúmes por vê-l os tão próximos.
Projeto Revisoras 88
Paixão e inocência – Lilian Peake
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— Ela é uma criança adorável. Quando puder andar, talvez tudo possa
voltar a ser como a ntes.
— Ok, f ique tranq üila — ele disse, olhando para Greg g e L ola. —
Quem é aquela Ave do Paraíso s entada ao lado dele?
— Ainda bem que você nem está tenta ndo conquistá-lo, hein?
— Russell não p odi a fazer nada hoje, mas estará no hos pital amanhã
cedo.
Projeto Revisoras 89
Paixão e inocência – Lilian Peake
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Se Lola des ejava pôr-se em meu lugar, pensou Tânia, amarga, então
teve sucess o.
Tânia olhou para Gregg, porém sua reação foi ap enas levantar as
sobrancelhas e d ar de ombros, c omo se isso pudesse acabar com o
problema.
Antes de ir embora , Frank lembrou a Tânia sobre o traba lho ainda por
terminar em Londres.
— Não se preocupe — ela prometeu. — Não vou dei xar você na mão.
Tânia pensou que Frank realmente estava l evando a s ério o que tinha
prometido a resp eito d e Cassandra. Porém, ao invés de acalmar seus
receios, os intensif icava a inda mais. A nova devoção de Frank era baseada
em afeição rea l ou apenas numa falsa esperança de cura?
Projeto Revisoras 90
Paixão e inocência – Lilian Peake
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— Quem? Gregg?
— Ei, menina. E Frank? Você nunca me disse nada sobre essa sua
preferência...
— Vai ser log o. Vou ficar tão feli z quando isto terminar... E, depois,
com o dr. Mansfiel d operando, tudo vai ficar bem, não? Eu realmente confi o
nele, Tânia.
Projeto Revisoras 91
Paixão e inocência – Lilian Peake
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Viu-se sol itária, sentindo falta de Gregg. Dizia a si mesma que era
uma tola, que ele estava c ertamente passando seu tempo com L ola e que já
tinha esquecido a inquilina, Tânia Foster, a quem decidira chamar "sua
mulher" quando lhe convinha, ignorando-a quando assim o desejava.
Quando foi vis itar Cassandra, ela estava mais alegre do que de
costume, e anunciou:
— Mas o que el e f ez para merecer isso? Não bei jou você o suficiente?
— Você não está... não pode estar falando sério a respeito de Russell
Mansfield.
— Ele... ele por acaso sugeriu alguma coisa séria, Cassie? O dr.
Mansfield, quero di zer.
— Ele não pode, quero di zer, eu sou paciente del e. Não pod e
demonstrar nada até que eu esteja f ora do hospital. Alg umas vezes ele vem
no fim do dia, só para perguntar como me sinto e se a fisioterap ia es tá
ajudando minha perna. Ele não fala m uito, apenas fica a qui, de p é, olhando
para mim. Posso di zer, Tânia. Eu sei q ue el e gosta d e mi m. E penso que ele
sabe que gosto del e também — acrescentou.
Projeto Revisoras 92
Paixão e inocência – Lilian Peake
Julia 176
— Não fique tão azeda, Tânia. Tudo o que eu quero é.. . bem... que
tire Frank do meu caminho.
— Olhe aqui, Cassa ndra, tenho feito m uito por voc ê...
— Se quer dizer G regg, Tânia, está perdendo seu tempo. Aquela tal
de Lola va i f icar liv re log o. Está d ecidi da a casar com Gregg, e, p el o que me
disse, parece que n ão há dúvidas sobre iss o. Disse, ainda , que ele não pode
casar com ninguém fora da profissão.
— Ele tenta suas coisinhas, nós sabemos disso. Mas nunca mais
tentou nada, desde que soube que voc ê vai f icar boa.
Por algum tempo, andou desconsol ada pela casa. Tinha dito a
Cassandra que precisava pensar no assunto e que não iria v ê-la naquela
tarde. A sra. Casey se of ereceu para ir em seu lugar.
Desde que tinha id o para a casa de G regg, não tomava o café na sala
onde ela e Gregg tinham tomado naquele f im de s emana que passara lá.
Gregg chamava o aposento d e "sa la matinal". Para el e era um lugar
confortável e r ela xante. Depois de abrir três ou quatro portas, achou o
aposento. Tudo est ava mudado. Gregg o tinha transformado em escritóri o.
Projeto Revisoras 93
Paixão e inocência – Lilian Peake
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Foi puxada por dois braços fortes, sentada em seu colo e aninhada
junto dele, mergulhando a face em seus cabelos. Seu rosto abaixava e
levantava c om, o movimento do peit o del e. Deitada contra ele, maleá vel,
dócil, aspirando o odor de sua masculinidade e seu p erfume, seus braços
automaticamente o circundaram, até onde podiam alcançar.
Projeto Revisoras 94
Paixão e inocência – Lilian Peake
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Conhecendo Gr egg, Tânia se reprovou por ter feito tal per gunta.
— Por quê? Está se oferec endo para mim? Se estiver, você deve
primeiro estimular meu apetite.
Projeto Revisoras 95
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— Srta. Foster? Oh, sr. Barratt, eu não sabia que estava em casa. Se
havia alguma coisa no ar, a empregada pareceu não ter notado.
Tânia riu, porém Gregg, que agora es tava de pé, não riu com ela.
— Russell não pod e fazer milagres, embora não haja dúvidas sobre
sua habilidade como cirurgião. Se f or humanamente possível restaurar a
perna de Cassandra, ele conseguirá.
Projeto Revisoras 96
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Projeto Revisoras 97
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C A P Í T U LO X
O café da manhã tinha terminado e Gregg se l evantou, a nunciando:
— Sei que hoje é sábado, mas tenho que trabalhar. Pode se entreter
sozinha, querida?
— Tenho muita coisa para ler, Gregg. Posso ler lá no es túdio, a seu
lado?
— Por que não? Está achando que eu quero pôr Tânia para fora?
Projeto Revisoras 98
Paixão e inocência – Lilian Peake
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— Bem, o senhor não deixa entrar nem uma mosca quando está
trabalhando...
— Mas uma mulher como essa! — acrescentou Gregg. — Elas são uma
distração e tanto, sra. Casey, especial mente esta.
— Não sou sua es crava, nem você é meu senhor — resmungou ela,
indignada.
— Agora, venha cá . Gosta de ser afa gada, não? — Sua mão correu
pelos cabelos dela.
— Não são somente suas inquilinas que você trata como esposas —
disse Tânia, tomando o café.
— Estou ansiosa. Acho que é natural , não? Toda op eraç ão tem seus
perigos.
— Sim.
Ele estava rec lina do, sorrindo preg uiçoso, c om os braços caídos.
Havia uma l eve sombra em seu quei xo e sobre os lábi os , como se tivesse s e
barbeado às pressas. Os cabelos caídos para a frente, a camisa
parcialmente aberta, revelando a sombra escura dos pêlos em seu peito, o
tornavam irresistível, d inâmico e es quivo. Quando ela se inclinou diant e
dele, p ousando seus lábios nos del e, e quando os dois braços a rodearam
como fitas de aço, soube que nunca desvendaria o enfeitiçante enigma que
era a personalidad e del e.
Projeto Revisoras 99
Paixão e inocência – Lilian Peake
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Foi Gregg quem telefonou para o hospital para saber sobre o estado
de Cassandra. Seu nome era como u ma chave mágica que abriu todas as
portas necessárias.
— Ela está indo bem — disse a Tânia. Falou de novo ao telef one: —
Russell? Soube que está tudo bem com Cassie. Ótimo! Há uma coisa que eu
gostaria de perguntar.
Sabendo que Greg g não voltaria ao t rabalho se ela fica sse por perto,
foi para seu quarto. Quando subiu a escada, lembrou que Frank tinha
decidido c omeçar o serviço, na s egunda-feira, lá por cima . George retirou os
móveis e recobriu o carpete.
Havia uma ou duas coisas que Tânia sabia que podia a diantar para
facilitar o trabalho. Voltando para a parte de baixo, vi u que Gregg tinha
deixado o hall. A empregada confirmou que ele estava n ovamen te
trabalhando.
— Você me disse p ara me fa zer bonit a... — ela prot estou como se el e
a criticasse.
— Não seja bobo, Gregg — disse desanimada. — Por que pensa que
vesti esta droga de vestid o e fi z tudo isto? — Apontou para o vestido, o
cabelo e o rost o.
— Isso, minha cara Tânia, é o que vamos ver — disse, agarrando seu
braço.
— Não, não pode. Vai borrar t odo meu batom e s eu convidado vai
chegar num minuto.
— Não pode entra r aqui desse jeito, Gregg. Estava pr onta para ir
dormir...
— Isso foi só para tapear, não f oi? — Quanto mais ela tentava se
soltar de s eus braç os, mais ele apert ava. — Uma cortin a de fumaça para o
caso que vem mantendo com voc ê!
— Deixar voc ê ir? Pede para deixá-la ir quando aí mesmo está uma
cama, ninguém em volta para me impedir e você. .. meio nua? Esta é a
chance que eu procurava há tempos. E agora que sei que tipo de mulher
você é...
Gregg procurou rápido nas costas dela, e r emoveu a única peça que
restava. Agora não havia nada para escondê-la de s eu olh ar atrevido.
Tânia lutou o tempo todo para se l ivra r, para escapar de seus insultos
e sua avaliaçã o debochada, mas ele ti nha outros planos.
— Gregg — ela i mplorou —, não faça isso! Não sabe o que está
fazendo! Há um terrível engano, deixe-me explicar tudo, por favor!
— Então Cassandra ficou tão abalada com o que supõe que eu tenha
feito que sentiu necessidade de di zer a alguém? E, por uma grande
coincidência, o dr. Mansfield estava por perto e ela abri u seu coraçã o para
ele? Nã o vê, Gregg ? Foi tudo estudado...
Ela desejou gritar: é p orque amo você, mas sabia que el e não
ouviria.
Ardendo de des ejo, Gregg tinha acendido uma fogueira dentro dela.
Tânia estava pronta para se render totalmente aos des ejos daquele homem,
o único que ela amava. Perceb eu seu corpo se arqueando para sentir melhor
o contato com o dele. Sua carne estava em fogo.
Quando Gregg rolou, afastando-se dela, não pôde acreditar. Era como
uma dor física. Ti nha sido deixada com o corpo em brasa, latejando d e
desejo, com uma vontade desesperad a de voltar a ser uma só pessoa com
ele, para ser nova mente descartada com um desrespeito zombeteiro.
— Por que, Gregg, por quê? Deve saber o que está fazendo comigo.
— Tânia sentou-se e, com as mãos na cabeça, descansou a testa nos
joelhos. — Oh, Deus. Não posso sup ortar isto. Quero q ue voc ê me ame. —
Levantando a cabeça, murmurou: — Quero ser sua mulher, Gregg. Quero s er
sua.
Ele olhava friamente para ela, ouvindo sem se mover. Então toda sua
frustração, rejeição e humilhação voltaram-se contra ele, procurando uma
válvula de escape.
— Por que será que eu parei? — Estava tão calmo e relaxado que
Tânia sentiu vontade de bater nele. — Para punir você pelo que fez com
Cassandra — concluiu. E levantou-se, vestindo a camisa . — A despeito de
seus protestos de virtuosidade e d evoçã o a ela, e de suas constantes
negativas de qualquer envolv imento com Anderson, conheci a extensão do
sofrimento dela. Ouvi, finalmente, e de seus próprios lábios, toda a
verdade.
— Eu não iria querer você agora, nem que me pagasse por isso.
— Eu avisei uma vez, para que voc ê n ão arranhasse minha pele e não
despertasse o animal que há em mim. — Ele sorriu friamente. — Pelo seu
comportamento com sua irmã, você me arranhou. Se por acaso a maltratei,
não pode dizer que não foi avisada. Durma bem — acrescentou, fechando a
porta.
Foi logo d epois do café que Lola apareceu. Tânia tinha acabado de.
tomar seu café, numa cadeira do jardim, e Gregg estava sozinho na sal a
matinal. Lola dei xou seu carro na porta e entrou pel o jardim, esperand o
encontrar Gregg lá . Vendo Tânia soz i nha, fez uma saudação sem sorriso, e
foi para a coz inha. Tânia ouv iu a s ra. Casey expl icar que Gregg estava
ocupado, trabalhando, e que ela duvid ava que ele quisess e ser perturbado.
— Querido — Tânia ouviu —, você não faz objeç ões que eu entre,
faz?
A resposta deve ter sido um convite, uma vez que a porta foi fechada
e tudo ficou em silêncio. Tânia se levantou, carregando sua xícara vazia,
pensando como poderia sair de lá. A empregada agradeceu por ela ter
trazido a xícara e T ânia perguntou:
— Tem sim, srta. Foster. Mas por que andar até lá se pode telef onar
daqui?
— Se é assunto particular e não quer usar o telef one d o hall, por que
não vai ao quarto do sr. Barratt? Existe ext ensão lá. Ele está ocupado,
trabalhando, e estou certa de que não vai se importar.
— Você tinha que se arrastar até aqui em cima para chamá-lo, não?
Não teve c oragem de usar o telef one do hall. Por quê?
— Porque eu odei o ter que olhar para você — disse, furiosa consigo
mesma por demonstrar o quanto a atitude dele a abal ava.
— Eu sei que pod e. É mais forte. Mas não fará isso porq ue sua noiva
está lá embaixo.
C A P Í T U LO X I
Tânia se s entou n o muro, comendo os sanduíches que a sra. Casey
insistiu em lhe dar. A empregada estava aborrecida com sua partida secreta.
Ainda faltava algum tempo para Frank chegar. O dia estava nublado
mas seco, e as ru as da vila, s onol entas como qualquer outra vi la numa
segunda-feira à tarde. Quando, hora e meia antes do combinado, o furgão
de Frank apareceu, quebrando o s ilêncio, e parou dian te dela, Tânia fic ou
tão aliviada que s e jog ou no banco de passageiro, dei xando as malas no
chão.
— Tão feliz em me ver que não pode esperar para ficar juntinho de
mim.
— Sinto muito, a mor, mas eu não podia atirar esta chance pela
janela. Posso t entar arrumar um emprego para voc ê lá, t ambém, assim que
houver uma vaga.
Não levou muito tempo para que Tânia se alojasse no quarto que
tinha sido res ervad o a ela. S e diante de outros aparentava contentamento,
era porque tinha aprendido muito bem a esconder seus problemas.
O trabalho que encontrou não era o que procurava. Por uns tempos,
trabalhou como garçonete num café, p assando depois a a judante de vendas
em uma loja. Ambos os empregos requeriam resistência física, e isso, ela
descobriu em pânico, era a lgo que nã o tinha no momento. A lgumas manhãs
ela mal t inha forças para se levantar, quanto mais ficar de pé quatro horas
por período. Não demorou muito para que se juntasse à multidão de
desempregados sustentados pelo g overno. Fora isso, p agava o aluguel d e
seu quarto, comprava alguma comida e outras pequenas necessidades.
Toda essa s ituação tinha feito Tânia esquecer um pouc o seu amor-
próprio. Ter perdido contato com Cassandra, a dor profunda que sentia toda
vez que pensava em Gregg, o med o de tel efonar e desc obrir que o div órci o
de Lola afinal havi a saído e ela era a gora a esposa d e Gregg tinham tirado
grande parte de sua saúde e boa aparência.
Teve vontade de contar que sua doença não era nada que a medicina
pudesse curar, e q ue somente o tempo podia ajudá-la a voltar a ser o que
fora. O tempo, agora, passava lentamente.
Repentinamente, teve uma idéia. Uma velha boa idéi a. Não tinha
nada para fazer, p or que não pedia a Frank para l evá- la com as pinturas
para o acostamento, na estrada, n o dia seguinte? Ain da possuía aquela
licença municipal para expor, e quem sabe podia fazer al gum dinheiro. Mais
tarde, quando estivesse trabalhando, pagaria a Cassa ndra, se vendesse
algum.
Tânia abriu uma cadeira de armar que tinha levado, c oloc ou uma
sacola contendo bis coitos e chá, ao seu lado, e sentou-se, abrindo um livro.
Por que teria vin do, por que não falava, mesmo qu e fosse para
perguntar como ela estava?
Estaria ela imaginando tudo isso, como tinha imaginado nos últimos
meses o rost o dele deitado a s eu lado, sua boca na dela, sonhando acordada
que seus braços es tavam a seu redor?
— Todos. Já fi zemos isso antes. Diga- me quanto quer por todos el es.
O interior do carro era famil iar para ela, e lhe pareceu como um
velho amigo. Olh ava o perfi l do dono, que esperava, caneta pronta,
parecendo o lado escarpado de uma montanha, impossível de escal ar,
inacessível.
— Por quê?
— Eu... preciso de dinheiro. Assim que for possível vou devolv ê-l o a
Cassandra.
— Estou desempregada.
— Parece que você não foi capaz de dar conta de seu apetite sexual.
Devia avisá- lo para ser mais cuidadoso antes que tenha um colapso.
— Para Londres? Si m.
— Com uma garota chamada Chrissie. Agora ele é gerent e do pai dela
em uma loja de dec orações.
Não havia dúvida que, depois disso, n unca mais veria Gregg de novo.
Tinha permitido que el e pensasse o pi or dela.
— Então pensa que vou viver outra vez em sua casa, junto com sua
noiva, ou devo di zer sua esposa?
Dessa vez foi ele quem resolveu fica r em silêncio. Tânia olhou em
volta.
— Aqui — disse Gr egg, puxando Tânia para dentro de uma gruta, que
ela l embrou ser a mesma onde tinham descansado na primavera.
Indicou a Tânia que sentasse nela, e ela o fez, deixando espaço para
ele. Ao inv és diss o, el e s e sentou n o mato sec o. Iss o magoou Tânia um
pouco, mas ela dis se a si mesma que não ligava. T irou sua velha jaqueta
que coloc ou ao lad o.
— Muito bem.
Parecia que Gregg não queria dar mais nenhuma informação. Ele
estava mei o deita do, descansando sobre o cot ovelo. T inha apanhado uma
haste de capim, que mastigava.
— No dia em que deixei sua casa, Frank me levou para a casa dele.
Falou sobre a oferta que tinha recebido para ser gerente da loja d e
materiais de decorações. Disse que era o fim de Foster & Anderson. E era
mesmo. Tentei vári os empregos, porém eu... bem, isso soa meio idi ota na
minha idade, mas eu simplesmente parecia não ter forç as para enfrentar o
trabalho.
— Arrasada, talvez.
Será que ele estava sabendo o quanto o amava, e tinha sentido sua
falta?
— Esquecer o quê?
— Isso, iss o tudo, o que eu diss e. Todo essa história, essa droga,
você e eu.
Então, a revolta jor rou de dentro dela, que começou a gri tar:
— Eu queria nunca tê-lo conhec ido! Queria nunca ter ido para aquele
lugar onde voc ê me encontrou. Eu queria estar ainda na casa de minha mãe,
Cassandra e eu. Nós ainda teríamos nossas esperanças e nossos sonhos ,
ainda estaríamos guardando dinheiro, dia a dia, para ess a operação.
Ela não podia sequer olhar para ele, e não podia suportar seu olhar
de piedade.
Havia por acaso, naqueles olh os de âmbar, um brilho que ela não
podia entender? Era derrota ou esperança, ou, o pior de tudo, piedade?
— Porque tinha que fa zer alguma coi sa para manter você long e de
Anderson.
— Você desc onfiava tanto assim de mim? — disse ressab iada. — Você
ainda não entendeu? Eu nunca quis Frank Anderson! Eu só tinha medo d e
que el e desf izess e nossa soc iedad e e, pior ainda, se afastasse de
Cassandra. Tinha sempre que empurrá-lo para l onge ca da vez que el e me
tocava. Entende agora? Eu disse tantas vezes que el e n ão era o meu tipo!
No final das c ontas, nem Cassandra o quis. Ela disse a o dr. Mansfield que
Frank era meu namorado para que Russell soubess e que o caminho estava
livre para ele.
— Lola nunca foi "minha mulher". Ela se diverte brincando com essa
idéia. Passou por maus momentos com o marido. Eu tomava parte na
brincadeira para ajudá-la a recuperar a autoconfiança e, em parte, para que
você c ontinuasse perguntando...
— Vão mesmo? Oh, estou tão feliz, realmente tão feliz! — respondeu
Tânia. — Era o que ela queria. S oube disso depois que fu i embora.
Ela não precisou de um segundo pedido, embora não sou besse direit o
Gregg olhava para ela, como se não pudesse ter o bastante dela para
si mesmo.
Ele murmurou:
— Sinto por voc ê um amor tão profundo que não acho as palavras
certas para me expressar. Só posso dizê-l o por ações. Vou fazer amor com
você agora, você s erá só minha.
FIM