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Inspiracao perene: 100 textos de hisória antiga de Jaime Pinsky

Technical Report · August 2021


DOI: 10.13140/RG.2.2.34410.03524

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Pedro Paulo A. Funari Pedro Funari


University of Campinas University of Campinas
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inspiracao-perene/?artigofunari-100textos
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AUTOR / BLOG / CRÍTICA / ESTUDANTES / HISTÓRIA / LANÇAMENTO / LIVRO

100 Textos de História Antiga, de Jaime Pinsky: inspiração perene.

4 DE AGOSTO DE 2021EDITORA CONTEXTO

100 Textos de História Antiga completa meio século! Bom livro, bom autor, Jaime
Pinsky, bom compêndio. Importa o fruto, o que frutifica. 100 Textos de História Antiga
e Jaime Pinsky prepararam e continuam a preparar tantos, a receber e frutificar.
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100 Textos de História Antiga, de Jaime Pinsky: inspiração perene.

A perenidade da obra deriva de suas diversas características únicas. Grande novidade à


época, os documentos foram agrupados em onze diferentes temas e, em cada um deles,
também subdivididos em subtemas. Isso facilita muito o seu uso em sala de aula e revela
outra particularidade notável: a abordagem antropológica ou cultural da História.
Diferenças e semelhanças estão no cerne da coletânea. Em seguida, sobressai a
preocupação com a exploração, a justiça social, as mudanças sociais e políticas, as
mulheres e as relações de gênero, a historiografia. Mesmo os sete personagens tratados
no capítulo nove (“perfis”) apresentam temas sociais diversos. Para isso, recorre ao uso
de documentos nem tão conhecidos ou utilizados, como no caso de inscrições. Mas,
mesmo as fontes mais conhecidas fornecem informações que podem surpreender e levar
à reflexão. O profeta bíblico Amós 5, 24 é citado: “antes corra o juízo como as águas, e a
justiça como ribeiro perene”. Esta é uma passagem citada com frequência nas lutas pelos
direitos civis, como, à época da edição original. Era o caso do pastor Martin Luther King.
Hoje, tem sido o senador norte-americano Bernie Senders a utilizá-lo em defesa dos
humildes.

Aparecem em itálico muitas das principais passagens, a facilitar o leitor. Algumas delas
são de referência perene, permanente e persistente, como Aristóteles, Poética, sobre a
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maior nobreza da poesia, ao ser genérica, frente à efemeridade do particular, característica


da História (Poética, 1451b). Outras bem menos conhecidas, mas não menos atuais,
como: “os homens importantes destroem a cidade, o povo cai na escravidão de um só
senhor por ignorância” (Diodoro). Nos tempos atuais, de terra plana (entre outras
asneiras), a presença do Globo Terrestre (Messala Corvino, p. 120) lembra que os gregos
antigos já sabiam do caráter esférico da Terra. Ou que o pai não deve ser um senhor de
escravo, em relação à prole (Terêncio, Adelfos 77, p. 117). Dividir para imperar, lema de
tantos impérios, dos romanos a otomanos e britânicos, aparece na Guerra das Gálias, de
Júlio César (I, 44-45, p. 45.).

A coletânea já tratava de aspectos meio em baixa à época e hoje mais atuais do que nunca,
como a religiosidade. A conciliação dos deuses (Pérsio, Sátiras, II, p. 67), as narrativas
míticas, como a de Tito Lívio (I, 3-4, p. 55), sobre a Loba romana como prostituta,
mantêm interesse inesperado, no contexto religioso e de gênero, a mostrar que a
Antiguidade continua a poder nos inspirar em plena segunda década do século XXI. Obra
clássica, “100 Textos de História Antiga” comemora meio século desde sua primeira
edição vigorosa e propensa a inspirar as novas gerações. Nessas cinco décadas, inúmeras
pessoas foram por ela inspiradas, como eu mesmo. Mais notável, ainda, é sua projeção
para o futuro, em 2021. Assim como me senti impulsado na graduação, entre os anos 1970
e 1980, outras tantas pessoas, hoje o são.

Iniciei dizendo que bom, produtivo e fértil são sentidos interlaçados. O passado serve, no
presente, para o futuro. Para Pinsky, como para mim e tantas pessoas mais, a História
pode ser Antiga, História Antiga, mas se bem estudada, serve, hoje, para forjar um devir
mais justo, aberto ao convívio de diferentes, oposto à destruição. Jaime Pinsky, bom
amigo, bom professor, bom intelectual, inspiração ontem, hoje e sempre. Meio século a
multiplicar a vida, só posso dizer, em meu nome e de tantos mais: muito obrigado! Esse
o maior prêmio: poder testemunhar o florescimento, a vida que brota. Esse o sentido
último da perenidade.
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Pedro Paulo Funari é professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)


e professor do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da Universidade de São
Paulo (USP), além de pesquisador associado de universidades do Brasil e do exterior.
Pela Contexto, é autor de Grécia e Roma, Arqueologia, Pré-história do Brasil; coautor de
A temática indígena na escola, História na sala de aula, História da cidadania, História
das guerras, Fontes históricas e Novos combates pela História; e organizador das obras
As religiões que o mundo esqueceu e Turismo e patrimônio cultural.

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