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SÁBADO

07:50 h - Café
08:00 h - Vigília na Capela
08:30 h - HARMONIA CONJUGAL
09:00 h - Círculos de Estudo
10:00 h - Café
10:15 h - Apresentação dos Círculos de Estudo A CULTURA MóRMON
10:40 h - DIÁLOGO COM OS FILHOS
11 :30 h - Conversa a dois
12:00 h - Almoço
Nádia Fernanda Maia de AMORIM
12:45 h - Café
13:00 h - Cartazes
13:50 h - Apresentação dos Cartazes
14:10 h - Sociodrama com Solução 1. A Doutrina Mórmon: Resumo
14:40 h - PENIT~NCIA
15:10 h - Café 1 . 1 . Fuf11damentos
15:25 h - JOVENS
16:00 h - Conversa a dois ( .. . ) a Igreja restaurada de Jesus Cristo
16:40 h - NOSSA SENHORA NA VIDA DE FAMfLIA está edificada sobre a rocha da revelação.
17:30 h - CEIA EUCARfSTICA A revelação . A revelação continua é, na
19:20 h - Testemunho verdade, o próprio sangue vital do Evange-
19:30 h - Jantar lho do Senhor e Salvador Vivente Jesus
20:10 h - Café Cristo .
20 :20 h - Círculo de Estudo - "FILHO PRóDIGO" Não aceitamos a teoria dos pretensos
20:50 h - Apresentação dos Círculos de Estudo mestres do cristianismo, de que o Ve lho Tes-
21:10 h - Fi:: NOS REVEZES DA VIDA tamento constitui a totalidade das palavras
22:00 h - Visita à Capela. dos Profetas de Deus; também pouco cremos
que o Novo Testamento seja o fim da re-
velação. Testificamos que, muito pelo con-
trário, as revelações de Oeus continu 1.m a
fluir para o benefício e bem-estar do ho-
mem.
Nos primeiros anos de sua nova dispen-
sação, o Senhor institu iu sua divina Lei de
sucessão : os profetas seguiram-se um ano ao
outro e continuarão a fazê-lo numa sucessão
infinita, divinamente estabelecida ~ os segre-
dos do Senhor serão revelados sem medida.
( . . . ) desde o Profeta da Restauração até
o Profeta atual, a linha de comunicação se
mantém ininterrupta, a autoridade é incessan-
te . .. (1) (G . N .) .
Rev. de C
96 Re\". de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/ 19, N.o 1/2, 1987/1988 · Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988
97
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O texto transcrito, extrato do discurso proferido por rança autoritária, porque inatacável e inquestionável, da,do o
Spencer W. Kimball, na cidade de Salt Lake, Utah, Estados "discernimento" , " inspiração" e " espírito de revelação '' que
Unidos, em abril de 1977, por ocasião da 141:l Confe rência paira sobre a mesma, legitimando-a e dando-lhe continuida-
Anual da Igreja, da qual é o atual pres.dente, exprime os fun- de. (5)
damentos sobre os quais foi organizada a Igreja Mórmon: a Entretanto, o elo estabelecido entre o sacerdócio e o
revelação, o espírito da profecia, o sacerdócio. direito ao governo da Igreja não exclui "o consentimento
Organizada sobre o fundamento da revelação contempo- dos membros" para o acesso aos cargos e funções, em vir-
rânea e contínua, afirmando que "O Espírito de inspiração, o tude de o ' 'Livre Arbítrio" ser um princípio fundamental do
dom da reve lação não pertencem a apenas um homem, não é mormonismo . Assim, a "Lei do Comum Acordo" (6) rege a
um dom que seja direito exclusivo da presidência da Igreja e sucessão, sem interferir no poder dirigente, vez que este de-
dos Doze Apóstolos, não está restrito às autoridades pre- tentor absoluto das prerrogativas do sacerdócio, manipula e
sidentes, mas pertence a cada um dos membros" (2), não se estabelece as bases emocionais das decisões dos adeptos.
coloca a Igreja diante de um impasse? Como resolvê-lo? Como Decisões que atingem níveis de "subord ,nação d.sciplina-
resolver a contradição contida na afirmativa de que o "dom. da" (7) porque encaixada numa organização caracterizada
da revelação é direito e privilégio de todo o membro mas pelo apego a ' 'atribuições oficiais fixas." (8)
que a somente um é dado receber revelações para a Igre- Por morte do Presidente, reúnem-se os ''Doze" (9), caris-
ja" (3)? A distinção entre inspiração e revelação surge como maticamente qualificados, oram e esperam que o Senhor os
elemento de conciliação, significando, a primeira, influência inspire quanto à escolha do substituto que dentre eles será
direta do Espírito, manifestações para o indivíduo, diretrizes o indicado . Recebida a "inspiração", é comunicada aos mem-
para a sua vida mas não para a Igreja; significando a segun- bros com vistas ao apoio e voto. (10) O caráter inquestionável
da um chamado divino, uma preordenação- desde a pré- da mesma, dado o nível de indiscutibilidade da "revelação",
existência (4), uma comunicação direta da vontade de Deus suprime a possibilidade de desacordo na questão da suces-
ao homem, uma capacidade de predizer. são. De Joseph Smith e Spencer W . Kimba!l, atual presJden-
Contudo, a solução para o problema é encontrada ao te, tal tem sido o mecanismo utilizado para prová-la .
nível dos membros como um todo. Mas., permanece o mes-
mo, ao nível dos portadores do sacerdócio, considerando to-
dos eles possuidores do espírito de revelação. Novamente 1 . 2. Cosmovisão
uma distinção se transforma numa justificação que visa o
impedimento de cisões e centraliza organização em torno A cosmovisão dos Santos dos últimos D:as comporta vá-
do Presidente/ Profeta. Assim é que o ser portador do sa- rios matizes de glória, (11) explicados a partir de passagens
cerdócio não equivale ao ser detentor das chaves do sacer- do Novo Testamento:
dócio . O primeiro restringe-se à autoridade para agir em
nome de Deus. O segundo implica também a supervisão das "Na casa de meu pai há muitas moradas. "
atividades desenvolvidas pelo primeiro . Implica não apenas (João, 14:2}
possuir, mas deter o poder do sacerdócio. "Conheço um homem em Cristo que, há ca-
Na prática religiosa, na medida em que o Presidente da torze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu . .. "
Igreja acumula as funções de Presidente do Sumo Sacerdócio (11 Cor. 12:2-4)
na condição de Vidente, Reve/ador, Tradutor e Profeta, rom- "Também há corpos celestiais e corpos terres-
pe-se a possibilidade de contenda e cisões. Sacerdotes e tres; e sem dúvida uma é a glória dos celes.t iais
Profetas incorporando-se mutuamente, integram-se, com vis'as e outra dos terrestres. Uma é a glória do sol ,
à preserv,ação de posições adquiridas . Ao mesmo tempo, outra é a glória da lua, e outra a das estrelas . ..
atribuindo-se à sucessão e à autoridade a propriedade de di- Pois assim também é a ressurreição dos. mor-
vinamente estabelecidas, justifica-se a existência de uma lide- tos .. . " (I Cor . 15:40-42)

98 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N. 0 1/2, 1987/1988 99
O texto transcrito, extrato do discurso proferido por rança autoritária, porque inatacável e inquestionável, d apo o
Spencer W . Kimball , na cidade de Salt Lake, Utah, Estados " discernimento" , "inspiração" e "espírito de revelação '' que
Unidos, em abril de 1977, por ocasião da 14~ Confe rência paira sobre a mesma, legitimando-a e dando-lhe continuida-
Anual da Igreja, da qual é o atual pres.dente, exprime os fun- de . (5)
damentos sobre os quais foi organizada a Igreja Mórmon: a Entretanto, o elo estabelecido entre o sacerdócio e o
revelação, o espírito da profecia, o sacerdócio. direito ao governo da Igreja não exclui "o consentimento
Organizada sobre o fundamento da revelação contempo- dos membros" para o acesso aos cargos e funções, em vir-
rânea e contínua, afirmando que " O Espírito de inspiração, o tude de o ' 'Livre Arbítrio" ser um princípio fundamental do
dom da reve lação não pertencem a apenas um homem, não é mormonismo . Assim, a "Lei do Comum Acordo" (6) rege a
um dom que seja direito exclusivo da presidência da Igreja e sucessão, sem interferir no poder dirigente, vez que este de-
dos Doze Apóstolos, não está restrito às autoridades pre- tentor absoluto das prerrogativas do sacerdócio, manipula e
sidentes, mas pertence a cada um dos membros" (2) , não se estabelece as bases emocionais das decisões dos adeptos.
coloca a Igreja diante de um impasse? Como resolvê-lo? Como Decisões que atingem níveis de "subord,nação d.sciplina-
resolver a contradição contida na afirmativa de que o "dom. da" (7) porque encaixada numa organização caracterizada
da revelação é direito e privilégio de todo o membro mas pelo apego a ' 'atribuições oficiais fixas." (8)
que a somente um é dado receber revelações para a Igre- Por morte do Presidente, reúnem-se os ''Doze" (9), caris-
ja" (3)? A distinção entre inspiração e revelação surge como maticamente qualificados, oram e esperam que o Senhor os
elemento de conciliação, significando, a primeira, influência inspire quanto à escolha do substituto que dentre eles será
direta do Espírito, manifestações para o indivíduo, diretrizes o indicado . Recebida a "inspiração", é comunicada aos mem-
para a sua vida mas não para a Igreja; significando a segun- bros com vistas ao apoio e voto. (10) O caráter inquestionável
da um chamado divino, uma preordenação- desde a pré- da mesma, dado o nível de indiscut ibilidade da "revelação",
existência (4), uma comunicação direta da vontade de Deus suprime a possibilidade de desacordo na questão da suces-
ao homem, uma capacidade de predizer. são. De Joseph Smith e Spencer W . Kimba!l, atual presjden-
Contudo, a solução para o problema é encontrada ao te, tal tem sido o mecanismo utilizado para prová-la .
nível dos membros como um todo. Mas., permanece o mes-
mo, ao nível dos portadores do sacerdócio, considerando to-
dos eles possuidores do espírito de revelação. Novamente 1 .2 . Cosmovisão
uma distinção se transforma numa justificação que visa o
impedimento de cisões e centraliza organização em torno A cosmovisão dos Santos dos últimos D;as comporta vá-
do Presidente/ Profeta. Assim é que o ser portador do sa- rios matizes de glória, (11) explicados. a partir de passagens
cerdócio não equivale ao ser detentor das chaves do sacer- do Novo Testamento:
dócio . O primeiro restringe-se à autoridade para agir em
nome de Deus. O segundo implica também a supervisão das "Na casa de meu pai há muitas moradas. "
atividades desenvolvidas pelo primeiro . Implica não apenas (João, 14:2)
possuir, mas deter o poder do sacerdócio. "Conheço um homem em Cristo que, há ca-
Na prática religiosa, na medida em que o Presidente da torze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu . .. "
Igreja acumula as funções de Presidente do Sumo Sacerdócio (11 Cor. 12:2-4)
na condição de Vidente, Reve/ador, Tradutor e Profeta, rom- "Também há corpos celestiais e corpos terres.-
pe-se a possibilidade de contenda e cisões. Sacerdotes e tres; e sem dúvida uma é a glória dos celes.t iais
Profetas incorporando-se mutuamente, integram-se, com vis'as e outra dos terrestres. Uma é a glória do sol ,
à pres.erv,ação de posições adquiridas. Ao mesmo tempo, outra é a glória da lua, e outra a das estrelas . ..
atribuindo-se à sucessão e à autoridade a propriedade de di- Pois assim também é a ressurreição dos mor-
vinamente estabelecidas, justifica-se a existência de uma lide- tos . .. " (I Cor . 15:40-42)

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Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v . 18/19, N.0 1/2, 1987/1988 101


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Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.O 1/2, 1987/1988 101


100 Rev. de c. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988
rança da Igreja no sentido de impedir que os jovens negli-
da em regras de conduta e de vida que frisam a obrigatorie- genciem o casamento. Mas que este seja endogâmico. E
dade do casamento como o ún.co meio de evitar as. puni- que tenham em mente aqueles que casam fora da Igreja a
ções divinas provenientes da transgressão à lei da castidade, perpetuação da separação após a morte: o conflito de lea!-
como a única via à preservc.ção da raça humana, como a dad~ que s.urgirá face a divisão interior relativa ao compro-
pedra angular de relações que, transcendendo o tempo e o metimento com a doutrina e modo de vida mórmon, por um
espaço, conduzem o homem e a muiher ao mais alto grau lado; por outro, com os ajustamentos ligados ao cônjuge e
de glória, a "glória celestial". que solapam o treino religioso impedindo a unidade familiar.
Segundo a doutrina mórmon, a "exaltação" é inalcançá- Permanecendo no mundo espiritual as mesmas relações e
vel para aqueles que não contraem matrimônio, assim impe- g~au~ de parente~co vigentes na terra, é de primordial impor-
dindo que inúmeros espíritos que se encontrem à espera da tanc•a que se ev1te a separação que advirá nesta vida ou na
aquisição de um corpo físico tenham sua oportunidade de eternidade em conseaüência, quer da não comunhão de cren-
habitar entre os homens. (13) Ocorre que, sendo o número de ças, quer das condições de inacessibilidade ao mesmo grau
mulheres na Igreja superior ao número de homens e s.endo de "glória celestial".
desaconselhado o casamento exogâmico, a solução para o O matrimônio destina-se à preservação da espócie Os
impasse criado viria através de uma revelação que Joseph filhos, considerados dádivas de Deus, completam e dignificam
Smith teria recebido em 1844 (D. e C. 132) e que revestia a o casamento. Uma prole numerosa é aconselhada. Os ca-
poligamia de um aspecto sagrado não somente por ser "re- sais que tendam a impedir ou restrinqir o nascimento de fi-
velada" mas também porque, de sua prática, resultaria a pos. lhos são acusados de iniqüidade e conivência com uma prá-
sibilidade de "exaltação", para todas as mulheres e de aqui- tica pecaminosa que assume as proporções de um cr'me.
sição de corpos, para os seres espirituais. Adotada, foi limi- Os argumentos dos defensores do controle de nata'idade
tada aos que eram considerados dignos e economicamente ca- são vistos como típicos de uma época antifamília, manipu-
pazes de arcar com o ônus de manutenção de mais de uma lados por uma sociedade ineficientemente organizada que
família.
transfere para a população em si problemas gerados por um
O fato é que a adoção do casamento plural acirrou as sistema social que não se coaduna com os ideais de vida
tensões entre o grupo e a sociedade mais ampla. Em 1890- dos ''Santos dos últimos Dias" - S. U. D. Ideais aue consti-
quarenta e seis anos após sua instituição - , cedendo a pres- tuem um sistema de va'ores que estabelece prioridades a par-
sões institucionais norte-americanas, os mórmons., então presi- tir de uma visão que coloca a vida sobre a terra, a aouisicão
didos por Wilford Woodruff, aboliram-no, invocando a ''regra de um corpo físico, na categoria de um passo em uma mar-
de fé" (14) que fala da obediência aos poderes constituídos. A cha eterna, sem a qual terá sido roubada aos espíritos a opor-
inconformação de alguns dos praticantes, no que tange à proi- tunidade de aperfeiçoamento concedida pela existência tem-
bição, resultou em cisão. Hoje, um grupo minoritário man- poral. Assim, os oue violam o · prooósito do casamento, con-
tém a prática nos Estados Unidos, autoconsiderando-se o fiel trolando a natalidade, serão punidos, não lhes sendo con-
seguidor de Joseph Smith e não atentando para a excomu- cedidas as bênçãos do progresso eterno.
nhão de que é alvo por parte do grupo majoritário sediado Eterno é o casamento, eterna é a ornanização familiar.
em Salt Lake. (15) Os filhos. cujos pais foram cas<>dos no Templo, para o tempo
Assim, o casamento em função da vida presente importa e a eternidade, a eles oermanecem ligados e juntaménte com
pouco, se desvinculado de sua condição de instrumento de eles serão "exaltados".
"exaltação eterna" à qual aspiram as partes contratantes. Se Essência do sistema de vida mórmon, a disciplina fa-
celebrado no Templo em concordânc:a com a doutrina da miliar reoousa sobre a ordem oatriarcal riaorosamente culti-
eternidade do convêni'o, tem o poder de "transformar os ho- vada. Na condição de autoridade oresidente e nort<>dor do
mens em ·deuses na eternidade". O homem ou mu'her, se ce- sacerdócio, o chefe da família é ensinado a ze•ar pela pre-
libatários, entram no mundo espiritual destituídos do direito servação da lei e da ordem no lar, estando tal preservação
ao crescimento eterno. Daí a preocupação por parte de lide-
Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N. 0 1/2, 1987/1988 1 03
1 02 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N. 0 1/2, 1987/1988
rança da Igreja no sentido de impedir que os jovens negli-
da em regras de conduta e de vida que frisam a obrigatorie- genciem o casamento. Mas que este seja endogâmico. E
dade do casamento como o ún.co meio de evitar as. puni- que tenham em mente aqueles que casam fora da Igreja a
ções divinas provenientes da transgressão à lei da castidade, perpetuação da separação após a morte: o conflito de lea!-
como a única via à preserv&ção da raça humana, como a dad~ que surgirá face a divisão interior relativa ao compro-
pedra angular de relações que, transcendendo o tempo e o metimento com a doutrina e modo de vida mórmon, por um
espaço, conduzem o homem e a mulher ao mais alto grau lado; por outro, com os ajustamentos ligados ao cônjuge e
de glória, a ''glória celestial". que solapam o treino religioso impedindo a unidade familiar.
Segundo a doutrina mórmon, a "exaltação" é inalcançá- Permanecendo no mundo espiritual as mesmas relações e
vel para aque les que não contraem matrimônio, assim impe- g!au~ de parente~co vigentes na terra, é de primordial impor-
dindo que inúmeros espíritos que se encontrem à espera da tancla que se ev1te a separação que advirá nesta vida ou na
aquisição de um corpo físico tenham sua oportunidade de eternidade em conseaüência, quer da não comunhão de cren-
habitar entre os homens. (13) Ocorre que, sendo o número de ças, quer das condições de inacessibilidade ao mesmo grau
mulheres na Igreja superior ao número de homens e sendo de "glória celestial".
desaconselhado o casamento exogâmico, a solução para o O matrimônio destina-se à preservação da espõcie Os
impasse criado viria através de uma revelação que Joseph filhos, considerados dádivas de Deus, completam e dignificam
Smith teria recebido em 1844 (D. e C. 132) e que revestia a o casamento. Uma prole numerosa é aconselhada. Os ca-
poligamia de um aspecto sagrado não somente por ser "re- sais que tendam a impedir ou restrinqir o 'nascimento de fi-
v,elada" mas também porque, de sua prática, resultaria a pos- lhos são acusados de iniqüidade e conivência com uma prá-
sibilidade de "exaltação", para todas as mulheres e de aqui- tica pecaminosa que assume as proporções de um cr'me.
sição de corpos, para os seres. espirituais. Adotada, foi limi- Os argumentos dos defensores do controle de nata'idade
tada aos que eram considerados dignos e economicamente ca- são vistos como típicos de uma época antifamília, manipu-
pazes de arcar com o ônus de manutenção de mais de uma lados por uma sociedade ineficientemente organizada que
família.
transfere para a população em si problemas gerados por um
O fato é que a adoção do casamento plural acirrou as sistema social que não se coaduna com os ideais de vida
tensões entre o grupo e a s.ociedade mais ampla. Em 1890- dos ''Santos dos últimos Dias" - S. U. D. Ideais aue consti-
quarenta e seis anos após sua instituição - , cedendo a pres- tuem um sistema de va'ores que estabelece prioridades a par-
sões institucionais norte-americanas, os mórmons., então presi- tir de uma visão que coloca a vida sobre a terra, a aouisicão
didos por Wilford Woodruff, aboliram-no, invocando a ''regra de um corpo físico, na categoria de um passo em uma mar-
de fé" (14) que fala da obediência aos poderes constituídos. A cha eterna, sem a qual terá sido roubada aos espíritos a opor-
inconformação de alguns dos praticantes, no que tange à proi- tunidade de aperfeiçoamento concedida pela existência tem-
bição, resultou em cisão. Hoje, um grupo minoritário man- poral. Assim, os oue violam o · prooósito do casamento, con-
tém a prática nos Estados Unidos, autoconsiderando-se o fiel trolando a natalidade, serão punidos, não lhes sendo con-
seguidor de Joseph Smith e não atentando para a excomu- cedidas as bênçãos do progresso eterno.
nhão de que é alvo por parte do grupo majoritário sediado Eterno é o casamento, eterna é a ornanização familiar.
em Salt Lake. (15) Os filhos. cujos pais foram cas<>dos no Templo, para o tempo
Assim, o casamento em função da vida presente importa e a eternidade , a eles oermanecem ligados e juntaménte com
pouco, se desvinculado de sua condição de instrumento de eles serão "exaltados".
"exaltação eterna" à qual aspiram as partes contratantes. Se Essência do sistema de vida mórmon, a disciolina fa-
celebrado no Templo em concordânc:a com a doutrina da miliar reoousa sobre a ordem oatriarca/ riaorosamente culti-
eternidade do conv.ên{o, tem o poder de "transformar os ho- vada. Na condição de autorid ade nresidf'lnte e l"ort<>dor do
mens em ·deuses na eternidade". O homem ou mu'her, se ce- sacerdócio, o chefe da família é ensinado a ze'ar pela pre-
libatários, entram no mundo espiritual destituídos do direito servação da lei e da ordem no lar, estando tal preservação
ao cres.cimento eterno. Daí a preocupação por parte de lide-
Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988 103
1 02 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N. 0 1/2, 1987/1988
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na dependência da aquisição de uma atitude que atente para '' Pross.i gamos, como um povo, sendo dife ren-
o trabalho como condição básica de bem-estar pessoal e tes do mundo neste aspecto . Espero que os san-
familiar; e de uma conduta que propicie eficiente administra- tos sempre sejam um povo dono de suas próprias
ção dos bens materiais e o não esquecimento de princípios casas, e não errante, sublocatário e pension is-
éticos consoantes com a responsabilidade de "mordomo do tas."
Senhor". "Para os santos, não é uma questão de deci-
O lar, no cotidiano da existência, deve corresponder à dir se é mais lucrativo comprar a casa ou pagar
negação das opiniões do mundo, quando estiverem elas li- aluguel. t um assunto de importância vital para a
gadas às idéias de emancipação, liberdade sexual, controle posição e força que, no futuro , poderemos desfru-
da natalidade, aborto; deve possibilitar a aquisição de uma tar numa terra que segundo todas as leis, normas
conduta pautada na disciplina, no amor ao trabalho, na par- de eqüidade, nos pertence."
cimônia, na moderação, na pureza . "Todo jovem deve ter a ambição Id e ser o
proprietário da casa onde mora. ~ melhor para ele,
BRIGHAM YOUNG para a família, para a sociedade, para o Estado.
2<? Presidente da Igreja e para a Igreja. Nada gera m :1is estabilidade, força ,
"Jamais permitais que algo seja desperd 'ça- poder, patriotismo, fidelfidade ao país e a Deus . . . "
do. Sede prudentes, poupai tudo o que puder- (G.N . )
des ... "
''Se quisef1des enriquecer, poupai tudo o que SUGESTõES
obtiverdes. Qualquer to lo pode poupá-lo e tirar o
maior proveito dele." 1 . Ensine aos membros da família, logo cedo, a
importância do trabafho e do sa ''á rio .
"ó santos dos últimos dias, aprendei a sus- 2 . Ensine as. crianças a tomarem decisões con-
tentar-vos, produzi tudo o de que necessitais cernentes ao dinheiro, de acordo com sua ca-
para comer, beber ou vestir; e se não puderdes pacidade de entendimento. _.
obter tudo o que desejais, aprendei a passar sem 3. Ensine aos membros da famÍlia a contribuírem
o que não podeis comprar e pagar, sujeitando para o bem-estar geral da família .
vossa mente, de modo que possais viver dentro 4 . Ensine aos membros da família a sa~dar pon-
dos vossos próprios recursos." tualmente as obrig ações ; faz parte do desen-
"Se um homem vier morar no meio desde volvimento da honestidade e integridalde.
povo e trouxer dinheiro, que o use oara embele- 5 . Aprenda a controlar o dinheiro antes de o di-
zar sua herança em S;ão, aumentando seu capi. nheiro controlar você .
tal através de sábia aplicação. Que e'e estabeleç'õl 6 . Aprenda autodisciplina e autodomínio nos as-
uma grande fazenda, abasteça-a de tudo o que é suntos monetários.
necessário, e fortifique-a com uma cerca boa e 7. Faça um orçamento.
eficiente . Para quê? Para aplicar seu dinheiro. 8 . F2ça da educação um processo contínuo .
Que ele plante pastagens, adorne sua propriedade 9. Procure adqu ;rir casa própria.
com árvores e construa nela sua casa. O dinheiro 1 O. Participe de um programa de seguro apropria-
que assim foi gasto, através de uma ap 1icação sá- do.
bia e prudente, encontra-se num estado em que 11 . Procure entender e enfrentar a inflação existen-
pode muftiplicar cem vezes mais." (G . N . ) te .
J. F. SMITH 12 . Dedique-se a um programa de armazenamento
10<? Presidente da Igreja de gêneros alimentícios. (G . N .)

104 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N. 0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 105
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na dependência da aquisição de uma atitude que atente para ' 'Prossi gamos, como um povo, sendo diferen-
o trabalho como condição básica de bem-estar pessoal e tes do mundo neste aspecto . Espero que os san-
familiar; e de uma conduta que propicie eficiente administra- tos sempre sejam um povo dono de suas próprias
ção dos bens materiais e o não esquecimento de princípios casas, e não errante, sublocatário e pension is-
éticos consoantes com a responsabilidade -de "mordomo do tas."
Senhor". " Para os santos, não é uma questão de deci-
O lar, no cotidiano da existência, deve corresponder à dir se é mais lucrativo comprar a casa ou pagar
negação das opiniões do mundo, quando estiverem elas li- aluguel . ~ um assunto de importância vital para a
gadas às idéias de emancipação, liberdade sexual, controle posição e força que, no futuro , poderemos desfru-
da natalidade, aborto; deve possibilitar a aquisição de uma tar numa terra que segundo todas as leis, normas
conduta pautada na disciplina, no amor ao trabalho, na par- de eqüidade, nos pertence."
cimônia, na moderação, na pureza . "Todo jovem deve ter a ambição Id e ser o
proprietário da casa onde mora. ~ melhor para ele,
BRIGHAM YOUNG para a família, para a sociedade, para o Estado.
2<? Presidente da Igreja e para a Igreja. Nada gera m <:1 is estabilidade, força ,
"Jamais permitais que algo seja desperd ;ça- poder, patriotismo, fidelfidade ao país e a Deus . . . "
do. Sede prudentes, poupai tudo o que puder- (G.N . )
des ... "
''Se quiser<des enriquecer, poupai tudo o que SUGESTõES
obtiverdes. Qualquer to lo pode poupá-lo e tirar o
maior proveito dele." 1 . Ensine aos membros da família, logo cedo, a
importância do trabafho e do sa '"ário .
"ó santos dos últimos dias, aprendei a sus- 2 . Ensine as. crianças a tomarem decisões con-
tentar-vos, produzi tudo o de que necessitais cernentes ao dinheiro, de acordo com sua ca-
para comer, beber ou vestir; e se não puderdes pacidade de entendimento. _.
obter tudo o que desejais, aprendei a passar sem 3. Ensine aos membros da famÍlia a contribuírem
o que não podeis comprar e pagar, s.ujeitando para o bem-estar geral da família .
vossa mente, de modo que possais viver dentro 4 . Ensine aos membros da família a sa~dar pon-
dos vossos próprios recursos." tualmente as obrig ações; faz parte do desen-
"Se um homem vier morar no meio desde volvimento da honestidade e integrida,de.
povo e trouxer dinheiro, que o use oara embele- 5 . Aprenda a controlar o dinheiro antes de o di-
zar sua herança em Sião, aumentando seu capi. nheiro controlar você .
tal através de sábia aplicação. Que e'e estabeleç'l 6 . Aprenda autodisciplina e autodomínio nos as-
uma grande fazenda, abasteça-a de tudo o que é suntos monetários.
necessário, e fortifique-a com uma cerca boa e 7. Faça um orçamento.
eficiente. Para quê? Para aplicar seu dinheiro. 8 . F2.ça da educação um processo contínuo .
Que ele plante pastagens, adorne sua propriedade 9. Procure adqu irir casa própria.
com árvores e construa nela sua casa. O dinheiro 1O. Participe de um programa de seguro apropria-
que assim foi gasto, através de uma ap 1icação sá- do.
bia e prudente, encontra-se num estado em que 11 . Procure entender e enfrentar a inflação existen-
pode muftiplicar cem vezes mais." (G . N . ) te .
J. F. SMITH 12. Dedique-se a um programa de armazenamento
1O<? Presidente da Igreja de gêneros alimentícios. (G . N . )

104 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/ 1988 105
Em tal conjuntura, à mulher é atribuído o papel de com- te para o sustento da família, planejamento do orçamento,
panheira submissa na condição de "rainha do lar". produção e armazenamento doméstico - , da saúde - pre-
Reiterando constantemente a importância de unidade fa- servada pelo cultivo de prática dietéticas, de exercíc:os físi-
miliar, a santidade do convênio matrimonial, os mórmons co- cos, de moderação, de treinamento de primeiros socorros -
locam-se doutrinariamente contra o divórcio. Ace:tam-no, toda- e do fortalecimento espiritual através do autodomínio, os
via, em casos considerados extremos.: infidelidade e violência traços caracterísicos do projeto de vida elaborado.
física. Também aceitam as uniões subseqüentes, desde que Correspondendo-se entre si, os textos explicam a racio-
seja o membro considerado digno e merecedor de uma nalidade do comportamento dos fiéis. Os primeiros conver-
nova oportunidade. E se os litigantes. foram casados no Tem- sos mórmons procediam ''das fábricas e minas da Grã-Breta-
plo (16), ao Presidente da Igreja compete o cancelamento nha, das indústrias de pesca e granjas leiteiras da Escandiná-
da união. Cancelamento sancionado pelo Senhor, frisam, via. das oficinas da Alemanha, dos vinhedos franceses e ita-
porque efetuado por aquele que, na terra, retém as chaves lianos". Form8ndo colônias, com base no interesse comuni-
do poder e autoridade do sacerdócio. (17) tário, desenvolviam o trabalho de lavradores, criadores de
A riqidez com que se preserva a hierarquia familiar, o gado, ferreiros, através de um plano de coo~Jeracão C'lue vi-
status atribuído à mulher, o estímu'o à prole numerosa, são savq a conquista de um melhor padrão de vida. (21) Hoje, or-
traços. que permitem a colocação da família mórmon na ca- gulham-se os mórmons de sua contribu 1cão à coloniz~ção e
teooria tradicional-patriarcal. E nos remetem .a tevtos indica- construção da Nacão norte-americana. Pelo estímu 1o ao tra-
tivos, quer dos valores enfatizados, quer das relações de com- b~'ho. à sobried8de. à cooperacão, construíram uma comuni-
plementaridade entre os vários níveis da realidadé mórmon. d~de de economia e~tflvel, oos!':uidora de indústrias, vi~a m::tn-
ter afastados da caridade púb'ica os membros em dificulda-
de<> firt1'!nceiras pelq prestação de servicos à próoria !areia.
2. A ~tica Mórmon
OrniJlham-se. iaualmente, das estatísticas oue apresentam o
eYr.e!':sO de nascimentos sobre o de mortes, o reduzido
2. 1 . Valores Enfatizaldos:
nt'tmero dP. na~cimentos i'enftimos, a RltB taxq dA r.::~.c;qrnP.n­
to~ e a b~ixa t::txa de divnrr.ios, a rerhr~ida ins<>n 1dade mA!'l-
Trabalho, Austeridade e Família (<>erne'hança com a
tal, a colocacão do Estado de Utah como o primeiro
ética protestante analisada por Weber).
no<> emoreendimentos edtJracionai!': e. ne'e. a r,reja Mórmon
Tomando como ponto de partida para a análise ds cul- como a mais rica e poderosa oraanizacão. (22)
tura mórmon, no que concerne à sua visão de mundo, tre- Tudo isso ilustra a ética elaborada e que resuJ+a no
chos de discursos de Brigham Young e tde Joseph Fiefdd'ng "uso da rioueza para fins necessários, práticos e úteis". (23)
Smith (18), Presidente da !areja nos períodos corresponden- Já que "exaltação" depende de obras, voltam-se os fiéis para
tes a 1844-1877 e 1970-1972, procedamos ao confronto dos a rea'idade do cotidiano, buscando a a auto-suficiência como
mesmos com as Doze Sugestões Para a Melhoria · da Adminis- o recurso básico para o desfrutar das bênçãos correspon-
tração Financeira, Pessoal e Familiar, (19), propostas ao SUO, dentes ao "estado de exaltação".
na Sessão de Bem-Estar de Conferência Geral de abril de O proieto de vida elaborado é austero. Elege como va-
1975, pelo t=lder Marvin J. Ashton. lores centrais a autodisciplina, o metódico planejamento, a
Da transcrição longa, porém necessária ao confronto, inteqridade. a temperança, a previdência, a relação ind 1víduo-
capta-se a ética mórmon, emergente nos discursos. de Brigham família, todos 9eradores de uma situação de autonomia que
Young, retificada nos discursos de J. F. Smith e consolida- o mórmon é instado a procurar. Revela-se, neste ponto, a
da no Programa de Bem-Estar (20) atualmente em execução ênfase dada ao trabalho. Somente o esforço individual -
e que faz 'da educação básica para adultos e crianças, do ação - assegura a independência, com a caoacidade de
desenvolvimento vocacional, da administração financeira a poupança e a recusa da posição de tutelado, seja do Go-
partir do estabelecimento de prioridades - salário suficien- verno, da Igreja ou de qualquer outra instituição. Demonstra

106 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o l/2, 1987/1988 107
Em tal conjuntura, à mulher é atribuído o papel de com- te para o sustento da família, planejamento do orçamento,
panheira submissa na condição de "rainha do lar" . produção e armazenamento doméstico - , da saúde - pre-
Reiterando constantemente a importância de unidade fa- servada pelo cultivo de prática dietéticas, de exercíc:os físi-
miliar, a santidade do convênio matrimonial, os mórmons co- cos, de moderação, de treinamento de primeiros socorros -
locam-se doutrinariamente contra o divórcio. Ace:tam-no, toda- e do fortalecimento espiritual através do autodomínio, os
via, em casos considerados extremos.: infidelidade e violência traços caracterísicos do projeto de vida elaborado.
física. Também aceitam as uniões subseqüentes, desde que Correspondendo-se entre si, os textos explicam a racio-
seja o membro considerado digno e merecedor de uma nalidade do comportamento dos fiéis. Os primeiros conver-
nova oportunidade. E se os litigantes. foram casados no Tem- sos mórmons procediam ''das fábricas e minas da Grã-Breta-
plo (16), ao Presidente da Igreja compete o cancelamento nha, das indústrias de pesca e granjas leiteiras da Escandiná-
da união. Cancelamento sancionado pelo Senhor, frisam, via. das oficinas da Alemanha, dos vinhedos franceses e ita-
porque efetuado por aquele que, na terra, retém as chaves lianos". Form2ndo colônias, com base no interesse comuni-
do poder e autoridade do sacerdócio. (17) tário, desenvolviam o trabalho de lavradores, criadores de
A riqidez com que se preserva a hierarquia familiar, o gado, ferreiros, através de um plano de cool?eracão ("!Ue vi-
status atribuído à mulher, o estímu'o à prole numerosa, são savq a conquista de um melhor padrão de vida. (21) Hoje, or-
traços. que permitem a colocação da família mórmon na ca- gulham-se os mórmons de sua contribu 1cão à coloniz~ção e
teooria tradicional-patriarcal. E nos remetem .a tevtos indica- construção da Nacão norte-americana. Pelo estímu'o ao tra-
tivos, quer dos valores enfatizados, quer das relações de com- b~'ho. à sobriedade. à cooperacão, construíram uma comuni-
plementaridade entre os vários níveis da realldadé mórmon. dF~de de economia ec::tR.vel, pos~uidora de indústrias, vic::a m~n­
ter afastados da caridade pública os membros em dificulda-
dec; finl'lnceiras pelq prestação de servicos à próoria lareia.
2. A ~ti c a Mórmon
Orn11lham-se. iaualmente, das estatísticas oue apresentam o
evr.e~so de nascimentos sobre o de mortes, o reduzido
2. 1 . Valores Enfatízaldos:
n(•mero dA nascimentos i'enítimos, a :::tlt;:t taxq dP. r.::~c;~mAn­
toc; e a bF~ixa t~xa de divórr.ios, a re<ill?.:ida ins<>.n1dade me!1-
Trabalho, Austeridade e Família (c;erne'hança com a
tal, a colocacão do Estado de Utah como o primeiro
ética protestante analisada por Weber).
noc; emoreendimentos edoracionais e. ne'e. a r,reja Mórmon
Tomando como ponto de partida para a análise d:1 cul- como a mais rica e poderosa oraanizacão. (22)
tura mórmon, no que concerne à sua visão de mundo, tre- Tudo isso ilustra a ética elaborada e que resul+a no
chos de discursos de Brigham Young e 1de Joseph Fieldd'ng "uso da rioueza para fins necessários, práticos e úteis". (23)
Smíth (18), Presidente da !areja nos períodos corresponden- Já que "exaltação" depende de obras, voltam-se os fiéis para
tes a 1844-1877 e 1970-1972, procedamos ao confronto dos a rea'idade do cotidiano, buscando a a auto-suficiência como
mesmos com as Doze Sugestões Para a Melhoria da Adminis- o recurso básico para o desfrutar das bênçãos correspon-
tração Financeira, Pessoal e Familiar, (19), propostas ao SUO, dentes ao "estado de exaltação''.
na Sess.ão de Bem-Estar de Conferência Geral de abril de O proieto de vida elaborado é austero. Elege como va-
1975, pelo ~lder Marvin J. Ashton. lores centrais a autodisciplina, o metódico planejamento, a
Da transcrição longa, porém necessária ao confronto, inteqridade. a temperança, a previdência, a relação ind:víduo-
capta-se a ética mórmon, emergente nos discursos. de Brigham família, todos 9eradores de uma situação de autonomia que
Young, retificada nos discursos de J. F. Smith e consolida- o mórmon é instado a procurar. Revela-se, neste ponto, a
da no Programa de Bem-Estar (20) atualmente em execução ênfase dada ao trabalho. Somente o esforço individual -
e que faz 'da educação básica para adultos e crianças, do ação - assegura a independência, com a capacidade de
desenvolvimento vocacional, da administração financeira a poupança e a recusa da posição de tutelado, seja do Go-
partir do estabelecimento de prioridades - salário suficien- verno, da Igreja ou de qualquer outra instituição. Demonstra

106 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 107
o grau de convicção do fiel, na medida em que o êxito
obtido é interpretado como correspondente à observância
1
f - nele estando e atuando - o membro da Igreja, faz resi-
dir justamente nessa d iferença sua condição de privileg iado.
dos princípios religiosos . Daí resulta uma planificação de Dentro desse espírito, a educação - com sua dimensão
vida em que o com que viver e o porque viver imbricam-se técnica - é enfatizada como instrumento de crescente do-
numa relação de complementaridade . Contextua'mente, o mínio sobre as condições ambientais; a educação integral,
componente básico a ser extraído é o ascético-racional. como economia de forças - por conduzir ao des.envolvimen-
O modo de vida proposto e motivado pelo mormonis- to dirigido das potencialidades - e agente de promoção so-
mo configura uma ética que se nos apresenta extremamente cial e espiritual . !:: co locada na categoria de processo contí-
próxima da protestante e nos provoca questões como : nuo em função da própria teologia mórmon: já que o ho-
mem será amanhã como Deus é hoje, não pode cessar de
- Até que ponto, independentemente de uma diferente ganhar conhecimento.
dpgmática teo'ógica, as máximas éticas do mormo- Daí decorre uma concepção de vida que pode ser resu-
nismo são semelhantes às do protestantismo anali- mida na fórmula: "as primeiras coisas em primeiro lugar" .
sadas por Max Weber? E o que, para o mórmon, deve vir em primeiro lugar?
- Que correlações podem ser estabelecidas tomando-se A prosperidade é uma meta perseguida como um dever
por base o comportamento moral determinado pelo que se busca cumprir . Adquirida, reveste-se das caracter•s-
mormonismo? ticas de um compromisso assumido com "seu real proprietá-
Que elementos de identidade podem ser identifica- rio: Deus".
dos nà confronto entre ambos? Torna-se símbo'o de uma ética de vida que se mantém
enauanto pautada nas motivações e crenças religiosas que
A conduta moral determinada pelo mormonismo encontra atr:buem ao trabalho um poder sobre as. coisas - mediante
seu ponto de partida no es.t abelecimento de padrões que os result ?dos práticos do sucesso pessoal e familiar - ao
visam o combate ao pecado, definido como tudo o aue tempo em aue o qualifica moralmente (26) como instrumen-
ofende a lei de Deus, através de uma riaoros~ ohservânc'a to de sa'vacão temporal e espiritual.
dos princípios relidiosos .:....._ supervisionada pelos pais, no lar A consideração ética que permeia a ação do fiel indu-
e pelàs oraanizações. auxiliares ' dq !arejá - e nue se mani-' zido a execut<> r o trabalho na condição de adm 'nistrador
festa ao nível de uma vida cuidadosamente planejada e me- dos bens do Senhor, corresponde, na prática, a um ascetismo
todicamente orientada. ' . . racional na medida em que conhecimento e dom ínio de si
Vimos, nas páainas precedentes, que o alvo para o aual mesmo estão na doutrina mórmon, diretamente ligados à su-
se dirine a vida do mórmon é a 'exaltaçqo" o Mas o aces~o· prem <> cia da vontade; esta, à autodisciplina que requer, por
ao "reino celestial", morada dos "ex8.ltad0s", tem exiaên- seu turno, um atuar no mundo descomprometido com os va-
cias. que implicam um modo de vida no aual fé e obras apa- lores do mesmo .
recem numa relação de interdependência. Do conceito de indolência que não se restringe à fa 1ta
O trabalho e a riqueza por ele nerada é o meio aue se de coraaem para o trabalho físico, mas. aue se estende à
ajusta ao fim o O ocioso, o fracassado, nunca será um ''exal- incap acidade no cumprimento dos preceitos morais, resulta
tado:" (24) Somente o trabalho promove a independência. uma educação ascética até o ponto em que faz da autodos-
Esta a auto-suficiência que se faz acompanhar do auto- ciplina. do autocontrole, da "crucificação da carne" os seus
respeito. Os três, frutos de uma riç:~orosa ''organização de elementos condutores . Resulta, também, uma educação emi-
vida, pela divisão e coordenação das diversas ativid ":des nentemente utilitária, enauanto incentivadora de uma ação
( . . . ) com vistas à maior eficácia e rendimento" o (25) Frutos prática, auer ao nível da escolha de uma profissão que facul-
de um acentuado racionalismo que faz, concomitantemente, te o eficaz atendimento das necessidades básicas, auer ao
da crescente conquista de si mesmo a condição básica para nível de uma planificação de vida aue motive e condicione o
aquisição de uma conduta que, tornando diferente do mundo sucesso nos empreendimentos e o êxito profissional inalcan-

Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N. 0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 109
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o grau de convicção do fiel , na medida em que o êxito - nele estando e atuando - o membro da Igreja, faz resi-
obtido é interpretado como correspondente à observância dir justamente nessa diferença s.ua condição de privileg iado.
dos princípios religiosos . Daí resulta uma planificação de Dentro desse espírito, a educação - com sua dimensão
vida em que o com que viver e o porque viver imbricam-se técnica - é enfatizada como instrumento de crescente do-
numa relação de complementaridade . Contextuarmente, o mínio sobre as condições ambientais; a educação integral,
componente básico a ser extraído é o ascético-racional. como economia de forças - por conduzir ao des.envolvimen-
O modo de vida proposto e motivado pelo mormonis- to dirigido das potencialidades - e agente de promoção so-
mo configura uma ética que se nos apresenta extremamente ~· cial e espiritual . E: co locada na categoria de processo contí-
próxima da protestante e nos provoca questões como: nuo em função da própria teologia mórmon: já que o ho-
mem será amanhã como Deus é hoje, não pode cessar de
- Até que ponto, independentemente de uma diferente ganhar conhecimento .
dogmática teológica, as máximas éticas do mormo- Daí decorre uma concepção de vida que pode ser resu-
nismo são semelhantes às do protestantismo anali- mida na fórmula: "as primeiras coisas em primeiro lugar" .
sadas por Max Weber? E o que, para o mórmon, deve vir em primeiro lugar?
Que correlações podem ser estabelecidas tomando-se A prosperidade é uma meta perseguida como um dever
por base o comportamento moral determinado pelo que se busca cumprir . Adquirida, reveste-se das caracter•s-
mormonismo? ticas de um compromisso assumido com "s.eu real proprietá-
- Qúe elementos de identidade podem ser identifica- rio: Deus".
dos nà confronto entre ambos? Torna-se símbo'o de uma ética de vida que se mantém
enauanto pautada nas motivações e crenças religiosas que
A conduta moral determinada pelo mormonismo encontra atr:buem ao trabalho um poder sobre as. coisas - mediante
seu ponto de partida no estabelecimento de padrões que os result ?dos práticos do sucesso pessoal e familiar - ao
visam o combate ao pecado, definido como tudo o aue tempo em aue o qualifica moralmente (26) como instrumen-
ofende a lei de Deus, através de uma riaoros~ onservânc'a to de sa'vacão temporal e espiritual.
dos princípios relidiosos .:...- supérvisiónada pelos pais, no lar A consideração ética que permeia a ação do fiel indu-
e pelas oraanizações. auxiliares · dq !areja - e nue se mani-' zido a execut<>r o trabalho na condição de adm'nistrador
festa ao nível de uma vida cuidadosamente planejada e me- dos bens do Senhor, corresponde, na prática, a um ascetismo
todicamente orientada. · · · racional na medida em que conhecimento e domínio de si
Vimos, nas páainas precedentes, que o alvo para o oual mesmo estão na doutrina mórmon, diretamente ligados à su-
se dirioe a vida do mórmon é a 'exaltaçqo" . Mas o acesc:;o' prem <> cia da vontade; esta, à autodisciplina que requer, por
ao "reino celestial", morada dos "ex8.!tad0s", tem ·exiaên- seu turno, um atuar no mundo descomprometido com os va-
cias. que implicam um modo de vida no aual fé e obras apa- lores do mesmo .
recem numa relação de interdependência . Do conceito de indolência que não se restringe à fa 1ta
O trabalho e a riqueza por ele nerada é o meio aue se de coraaem para o trabalho físico, mas aue se estende à
ajusta ao fim . O ocioso, o fracassado, nunca será um ''exal- incap acidade no cumprimento dos preceitos morais, resulta
tado:" (24) Somente o trabalho promove a independência. uma educação ascética até o ponto em que faz da autod·s-
Esta a auto-suficiência que se faz acompanhar do auto- ciplina. do autocontrole, da "crucificação da carne" os seus
respeito . Os três, frutos de uma riç:1orosa ''organização de elementos condutores. Resulta, também, uma educação emi-
vida, pela divisão e coordenação das diversas ativid "'. des nentemente utilitária, enouanto incentivadora de uma ação
( .. . ) com vistas à maior eficácia e rendimento". (25) Frutos prática, auer ao nível da escolha de uma profissão que facul-
de um acentuado raciona!ismo que faz, concomitantemente, te o eficaz atendimento das necessidades básicas, auer ao
da crescente conquista de si mesmo a condição básica para nível de uma planificação de vida que motive e cond icione o
aquisição de uma conduta que, tornando diferente do mundo sucesso nos empreendimentos e o êxito profissional inalcan-

Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 109
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çáveis para aquele que não se submete ao exercício do que- vida em torno da aspiração à "exaltação", emerge uma ética
rer; ao trabalho como princípio governante e veículo para de vida que, não obstante originar um comportamento auste-
a ''exaltação" . Como instava em seus discursos J. F. Smith: ro-repressivo, encontra, paradoxalmente, sua justificativa num
discurso escatológico profuso em esperança e otimismo a
"Desejo dizer novamente que eu ficaria satis- partir de uma teologia que apresenta Deus em permanente
feito de ver mais dos nossos jovens aprendendo estado de evolução e acena ao homem com a possibilidade
ofícios, ao invés de tentarem aprender profissões, de vir a ser como Ele é. Uma teologia que apresenta a "lei
Preferiria que um homem se tornasse um bom me- do progresso eterno" como a mola propulsora da participa-
como de advogado ou médico, ou outras profis- ção cria1dora do homem visto, simultaneamente, como ser
sões. Preferiria que um homem se tornasse um bom criado e agente criador.
mecânico, um bom construtor, maquinista, agrimen- Dessa forma, ascetismo e racionalismo combinam-se na
sor, fazendeiro, ferreiro ou um bom operário, do busca da solução a uma situação problemática porque vincu-
que vê-lo seguir essas outras profissões. lada a um universo de significação que, entremeando ação-
1 homem, criador do mundo - com aspirações transceden-
Não importa quão ricos os santos dos ú ti-
mos dias se tornem, se quiserem honrar sua con- tais - homem, criatura de mundo - resolvem-na, na medida
dição de membros da Igreja, ensinarão aos filhos em que estabelecem as bases para uma ação eminentemente
a dignidade do trabalho e quão importante é ser prática e utilitária. Na medida em que não delimitam a rela-
prático nos deveres e responsabilidades da vida. A ção entre o homem e Deus, mas vêem-na como a essência
fé em Jesus Cristo é importante e essencial, mas de um programa conjunto, cooperativamente desenvolvido,
deve ser uma fé viva leve o homem a traba- com vistas ao ''progresso eterno".
lhar pela sua própria salvação, e a ajudar o próxi- Para o mórmon, a "exaltação" é a própria culminância
mo a fazer o mesmo." (27) (G. N.) do progresso. i: a aspiração primeira e última que incorpo-
ra um projeto de vida basicamente estruturado em torno de
Nesse contexto, não há luÇJar para a caridade como uma racionalidade econômica. É a motivação mais profunda
paternalismo e dependência; mas, sim, como aiuda mútua ·aue para a concordância com rígidos preceitos morais. É o ele-
se constitui no receber hoie para devolver amanhã. As~im, o mento em torno do qual fé e obras, encontram-se, sintetizam-
se, eternizam-se.
membro em dific::11ldade financeira, desde a11e dizimõsta, tem
o direito de solicitar o auxílio da Igreja. Mas não o de se Não estão nessa aspiração e nos recursos indicados
colocar na posição de tutelado. Ao invés, deve receber a para o seu reconhecimento e domínio, a semelhança, a cor-
do<>ção tendo em mente a obriaação de restituí-la com o seu relação e mesmo a identidade entre a ética protestante e a
ética mórmon?
próprio trabalho (D. e C. 42:42; 68:30; 75:29). O recebimen-
to passivo da ajuda material humilha e apeauena o homem
instilando-lhe sentimentos de àutocomiseração e dependên-
cia, absolutamente incompatíveis com a ética mórmon que 2. 2 . A práxis dos Mórmons: Estilo de Vida, Socialização,
Cerimonial
alça ao nível dos valores mais nobres a prosperidade e auto-
suficiência alcançadas mediante a industriosid ~ de. (28)
!::, portanto, como "empresa racional" que tem sentido Os mórmons frisam reiteradamente que sua filosofia de
vida nada possui de acetismo. Todavia, será isto que se de-
a caridade. (29)
De um sistema de valores aue inclui a diliaência no tra- preende da análise dos textos relativos ao comportamento
balho, a temperança, o autodomínio como fatores de suces- proposto por sua ética? Será isto que se depreende da socia-
so nos empreendimentos, aue tem como eixo uma nítida Uzação enqu3.nto produto de sua acepção? Será isto que se
vinculação entre necessidades, materiais e espirituais e a deduz das "disposições" que gera e das "motivações'' que sus-
confiança na eficácia dos esforços humanos, que faz girar a cita (30)? Contrariamente. a dimensão básica de seu cerimo-

i 10 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N. 0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N. 0 1/2, 1987/1988 111
çáveis para aquele que não se submete ao exercício do que- vida em torno da aspiração à "exaltação", emerge uma ética
rer; ao trabalho como princípio governante e veículo para de vida que, não obstante originar um comportamento auste-
a ' 'exaltação". Como instava em seus discursos J . F . Sm ith: ro-repressivo, encontra, paradoxalmente, sua justificativa num
discurso escatológico profuso em esperança e otimismo a
"Desejo dizer novamente que eu ficaria satis- partir de uma teologia que apresenta Deus em permanente
feito de ver mais dos nossos jovens aprendendo estado de evolução e acena ao homem com a possibilidade
ofícios., ao invés de tentarem aprender profissões, de vir a ser como Ele é. Uma teolog ia que apresenta a "lei
Preferiria que um homem se tornasse um bom me- do progresso eterno" como a mola propulsora da participa-
como de advogado ou médico, ou outras profis- ção cria1dora do homem visto, simultaneamente, como ser
sões. Preferiria que um homem se tornasse um bom criado e agente criador.
mecânico, um bom construtor, maquinista, agrimen- Dessa forma, ascetismo e racionalismo combinam-se na
sor, fazendeiro, ferreiro ou um bom operário, do busca da solução a uma situação prob lemática porque vincu-
que vê-lo seguir essas outras profissões. lada a um universo de significação que, entremeando ação-
Não importa quão ricos os santos dos ú'ti- homem, criador do mundo - com aspirações transceden-
mos dias se tornem, se quiserem honrar sua con- tais - homem, criatura de mundo - resolvem-na, na medida
dição de membros da Igreja, ensinarão aos filhos em que estabe lecem as bases para uma ação eminentemente
a dignidade do trabalho e quão importante é ser prática e utilitária . Na medida em que não delimitam a rela-
prático nos deveres e responsabilidades da vida. A ção entre o homem e Deus, mas vêem-na como a essência
fé em Jesus Cristo é importante e essencial, mas de um programa conjunto, cooperativamente desenvolvido,
deve ser uma fé viva leve o homem a traba- com vistas ao ''progresso eterno".
lhar pela sua própria salvação, e a ajudar o próxi- Para o mórmon, a "exaltação" é a própria culminância
mo a fazer o mesmo." (27) (G. N.) do progresso. É a aspiração primeira e última que incorpo-
ra um projeto de vida basicamente estruturado em torno de
Nesse contexto, não há lugar para a caridade como uma racionalidade econômica . É a motivação mais profunda
paternalismo e dependência; mas, sim, como aiuda mútua ·aue para a concordância com rígidos preceitos morais. É o ele-
se constitui no receber hoie para devolver amanhã . As~im, o mento em torno do qual fé e obras encontram-se, sintetizam-
se, eternizam-se.
membro em difict~ldade financeira , desde 011e dizim;sta, tem
o direito de solicitar o auxílio da Igreja. Mas não o de se Não estão nessa aspiração e nos recursos indicados
colocar na posição de tutelado. Ao invés, deve receber a para o seu reconhecimento e domínio, a semelhança, a cor-
do<>ção tendo em mente a obriaação de restituí-la com o seu re lação e mesmo a identidade entre a ética protestante e a
ética mórmon?
próprio trabalho (D. e C. 42 :42; 68:30; 75:29). O recebimen-
to passivo da ajuda material humilha e apeauena o homem
instilando-lhe sentimentos de àutocomiseração e dependên-
cia, absolutamente incompatíveis com a ética mórmon que 2. 2 . A práxis dos Mórmons: Estilo de Vida, Socialização,
Cerimonial
alça ao nível dos valores mais nobres a prosperidade e auto-
suficiência alcançadas mediante a industriosid ~de . (28)
~. portanto, como "empresa racional" que tem sentido Os mórmons frisam reiteradamente que sua filosofia de
vida nada possui de acetis.mo. Todavia, será isto que se de-
a caridade . (29)
De um sistema de valores aue inclui a diliqência no tra- preende da análise dos textos relativos ao comportamento
balho, a temperanç a, o autodomínio como fatores de suces- proposto por sua ética? Será isto que se depreende da socia-
so nos empreendimentos, aue tem como eixo uma nítida Jjzação enqu 3.nto produto de sua acepção? Será isto que se
vinculação entre necessidades. materiais e espirituais e a deduz das "disposições" que gera e das "motivações'' que sus-
confiança na eficácia dos esforços humanos, que faz girar a cita (30)? Contrariamente, a dimensão básica de seu cerimo-

i 10 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988 R ev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/ 1988 111
da Igreja, retificando o pensamento de Heber J . Grant, 79
nial, a nível interno e externo, não comporta a combinação Presidente:
de elementos ascético-racionais?
Os padrões que têm por alvo ''0 Vigor da Juventude" (31) . ( ... ) "Não há sequer um Santo dos últimos
expressam a preocupação com a observância de trad ic:o- dias que não prefira sepultar um filho ou filha,
nais regras de moralidade que envolvem, desde os. trajes - do que vê-lo ou vê-la perder a castidade - sa-
que devem atentar para os critérios da feminilidade e mas- bendo que a castidade tem mais va lor do que
culinidade - à aparência - que deve ser imaculadamente qualquer outra coisa no mundo. (34)
limpa- aos entretenimentos -que devem ser puros e sóbrios
- às manifestações de afeto entre os jovens - que não de-
vem pôr em pengo a castidade - à moderação ao falar, ao Nesse contexto, compete à Associação de Melhoramen-
dançar, ao participar. tos Mútuos de Rapazes e Moças - A . M. M. - no campo
A rigidez da moral expressa nestes padrões revela-se em educacional, a promoção de conferências, concursos e de-
toda a sua dimensão quando doutrinariamente ratificada: bates; no campo reJifgioso, o culttvo do fortalecimento do
testemunho; no campo social, a promoção e supervisão dos
"Quão humilhante não deve ser para um ho- entretenimentos, que, frisam, não devem se transformar num
mem inteligente sentir-se escravo dos seus ape- hábito pelo perigo de encorajamento à frivolidade. Devem
tites, ou de um vaidoso e torpe hábito, desejo ou estar em consonância com o espírito relig.oso, ser veículo
paixão: Acreditamos na mais sincera temperança, de consideração pelas coisas sagradas e da vitória sobre a
na abstinência de todos os hábitos vis e do uso concupiscência.
de todas as coisas prejudiciais ( ... ) .
Homem nenhum pode sentir-se tranqüilo, a "A Palavra de Sabedoria", revelação que Josept Smith
teria recebtdo em 1833 (D. e C., 89), é invocada como có-
menos que seja senhor de si mesmo; e não há
digo de saúde e como código de vida . O uso do fumo, do
tirano mais impiedoso ou que deva ser mais te-
mido do que um desejo ou paixão incontro á- álcool, do chá, do café, constitui, assim, recusa ao cumpri-
mento deste código e instrumento de excitamento de pai-
vel. Se dermos lugar aos apetites da carne e os
xões e diminuição da resistência moral. O preventivo é en-
seguirmos, iremos des.c obrir que o fim será inva-
riavelmente amargo, nocivo e lamentável, tanto tão a supremacia da vontade, o autodomínio, o ser senhor
de si mesmo. A partir daí, forja-se um estilo ICie vida as.c ético-
para a pessoa como para a sociedade.
( ... ) A rejeição desses apetites - a crucifi- racional supervisionado pelas Organizações Auxiliares - Es-
cola Dominical, Sociedade de Socorro, Associação de Melho-
cação da carne, por assim dizer - e a aspira-
ção por algo nobre, sempre que possível fazendo ramentos Mútuos, Primária; consagrado pela educação que,
o bem a nossos semelhantes, tendo esperança no permeada pelo princípio da autoridade, orienta as novas ge-
futuro, ajuntando tesouros no céu ( ... ) todas es- rações estimulando-as quanto ao desenvolvimento de atribu-
sas coisas trarão felicidade eterna; felicidade para tos físicos, intelectuais e morais (35), compatíveis com o eixo
em torno do qual gira o mormonismo; salvação temporal -
este mundo e para o futuro. (32) (G. N.)
pureza individual, aprimoramento intelectual, sucesso no lar
e nos. empreendimentos- como veículo para a exaltação.
A mortificação das paixões, o absoluto domínio dos
impulsos, a colocação da prática do sexo fora do casamen- Do trabalho conjunto dos pais no f1ar e dos professores
to na categoria do "mais grave pecado depois do assassi- na escola 1dominical e primária devem emerg 'r personalida-
nato", supõe um modo de vida que encontra na meticulosa des que constituam em si mesmas a essência do mormonis.-
planificação voltada para o ''isto eu farei '' e o "isto não mo; que sejam exatamente como a Igreja quer que elas
farei" (33) a base de um férreo ideal de moralidade sexual. sejam.
Conforme frisa Spencer W . Kimball, 129 e atual Presidente
Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 113
Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988
.112
da Igreja, retificando o pensamento de Hebe r J . Grant, ~<?
nial, a nível interno e externo, não comporta a combinação Presidente :
de elementos ascético-racionais?
Os padrões que têm por alvo ''0 Vigor da Juventude" (31) . ( .. . ) " Não há sequer um Santo dos últim t~ s
expressam a preocupação com a observância de trad ic:o- dias que não prefira sepultar um fi lho ou filha
nais regras de moralidade que envolvem , desde os. trajes do que vê-lo ou vê-la perder a castidade - aa:
que devem atentar para os critérios da feminilidade e mas- béndo que a castidade tem mais valor do que
culinidade - à aparência - que deve ser imaculad amente qualquer outra coisa no mundo . (34)
limpa- aos entretenimentos -que devem ser puros e sóbrios
- às manifestações de afeto entre os jovens - que não de-
vem pôr em pengo a castidade - à moderação ao falar, ao Nesse contexto, compete à Ass.ociação de MelhoramEln·
dançar, ao participar. tos Mútuos de Rap azes e Moças - A . M. M . - no camp o
A rigidez da moral expressa nestes padrões revela-se em educacional, a promoção de conferências, concursos e de.
toda a sua dimensão quando doutrinariamente ratificada: bates; no campo re1ifgioso, o cultivo do fortalecimento d o
testemunho; no campo social, a promoção e supervis.ão dos
"Quão humilhante nãd deve ser para um ho- entretenimentos, que, frisam , não devem se transformar num
mem inteligente sentir-se escravo dos seus ape- hábito pelo perigo de encorajamento à frivolidade. Devem
tites, ou de um vaidoso e torpe hábito, desejo ou estar em consonância com o espírito relig .oso, ser veículo
paixão: Acreditamos na mais sincera temperança, de consideração pelas coisas sagradas e da vitória sobre a
na abstinência de todos os hábitos vis e do uso concupiscência .
de todas as coisas prejudiciais ( . . . ) .
Homem nenhum pode sentir-se tranqüilo, a "A Palavra de Sabedoria' ', revelação que Josept Sm ith
menos que seja senhor de s.i mesmo; e não há teria receb,do em 1833 (O . e C., 89), é invocada como có.
tirano mais impiedoso ou que deva ser mais te- digo de saúde e como cód igo de vida . O uso do fumo, do
mido do que um desejo ou paixão incontro á- álcool, do chá, do café, constitui, assim, recusa ao cumpri-
vel. Se dermos lugar aos apetites da carne e os mento deste código e instrumento de excitamento de pai-
seguirmos, iremos des.cobrir que o fim será inva- xões e diminuição da resistência moral. O preventivo é en-
riavelmente amargo, nocivo e lamentável, tanto tão a supremacia da vontade, o autodomínio, o ser senhor
para a pessoa como para a sociedade. de si mesmo . A partir daí, forja-se um estilo ICie vida as.céti c 0 •
( . .. ) A rejeição desses apetites - a crucifi- rac ional supervisionado pelas Organizações Auxiliares - Es-
cação da carne, por assim dizer - e a aspira- cola Dominical, Sociedade de Socorro, Assoc iação de Melho-
ção por algo nobre, sempre que possível fazendo ramentos Mútuos, Primária; consagrado pela educação que1
o bem a nossos semelhantes, tendo esperança no permeada pelo princípio da autoridade, orienta as novas ge.
futuro, ajuntando tesouros no céu ( . . . ) todas es- rações estimulando-as quanto ao desenvolvimento de atribu-
sas coisas trarão felicidade eterna; felicidade para tos físicos, intelectuais e morais (35), compatíveis com o eixo
este mundo e para o futuro. (32) (G. N .) ., em torno do qual gira o mormonismo; salvação temporal -
pureza individual, aprimoramento intelectual, sucesso no lar
A mortificação das paixões, o absoluto domínio dos e nos. empreendimentos - como veículo para a exaltação.
impulsos, a colocação da prática do sexo fora do casamen- Do trabalho conjunto dos pais no Aar e dos professo res
to na categoria do "mais grave pecado depois do ass3ssi- na escola 1dominical e primária devem emerg ;r personali da-
nato", supõe um modo de vida que encontra na meticulosa des que constituam em si mesmas a essência do mormonis~
planificação voltada para o "isto eu fare i'' e o "isto não mo; que sejam exatamente como a Igreja quer que elas
farei" (33) a base de um férreo ideal de moralidade sexual. sejam.
Conforme frisa Spencer W . Kimball , 12<? e atual Presidente
Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 113
.112 Rev. de C. Sociais, Forta leza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988
O objetivo das nossas Escolas. Dominicais e suscita e nas motivações que engendra ao formular " concei-
das Escolas da Igreja, o grande, o objetivo prin- tos de uma ordem de existência" (37), voltados para uma rea-
cipal, é o de ensinar a verdade aos nossos fi- lidade cujo transcendentalismo emerge a part1r da própria
lhos; ensiná-los. a serem honrados, puros, virtuo- ação humana alicerçada no querer e no poder, com vistas
sos, honestos e retos e capacitá-los, por nosso à conquista de si mesmo, pelo exercício da vontade; emerge
conselho e advertência, e pela proteção que lhes do aqui e do agora, pelo significado espiritual atribu ído à
dispensamos até que alcancem os: anos de res- atividade secular . Assim é que as. principais reuniões - a
ponsabilidade e se tornem cidadãos respeitados, Reun 1ão Familiar, a Escola Dominical, Reunião de Testemü-
bons, puros, virtuosos e íntegros entre a humani- nhos, a Reunião Sacramental - ao tempo em que assumem
dade e que sejam dignos de entrar na casa de a função de ritua l religioso, privilegiam em sua representa-
Deus e não sê sintam envergonhados de si mes- ção as disposições para o agir em conformidade com um
mos na presença dos anjos, se estes forem visi- projeto de vida para o qual o homem tanto mais. se torna
tá-los. (36) (G. N . ) apto, quanto mais enfrenta com êx.to a situação-limite do
com que viver, na qual o porque viver surge permeado de
Portanto, lemas do tipo: "A glória de Deus é a inteligên- racionalidade ascética enquanto vontade coordenadora da
cia" (D . e C. 93:36), ''É impossível ao homem ser salvo em
ignorância" (D . e C. 130:18), "Qualquer princípio de inteligên- .. conquista do mundo e de si mesmo, mediante exercícios de
subordinação à doutrina e de luta contra o mundanismo en-
cia que alcançarmos nesta vida surgirá conosco na ressur- tendido como a livre expressão dos impulsos eróticos.
reição" (D . e C . 131 :6) envolvem, mais que o ativo exercício De maneira que a Reunião FamiiJar (38), para a qual re-
das funções mentais., mais que a instrução escolar, a inculca- serva-se a noite das segundas-feiras, tem um caráter doutriná-
ção, nos jovens, dos valores mórmons que colocam a "pleni- rio-recreativo. Visa o fortalecimento da unidad~ da família
tude de glória no reino celestial'' - exaltação - na cate- e o estímulo à vivência dos princípios diretivos. . É planejada
goria de fim primeiro e último da tarefa educativa. É a partir de forma a comportar tempo para aula e tempo para lazer.
daí que o progresso surge enquanto princípio ético nortea- Iniciada e concluída com um hino e uma oração, sob a presi-
dor da caminhada para a "exaltação". A educação secular, dência do chefe da família, em consonância com o sistem~
colocada ao nível dos fundamentos religiosos. que vêem no patriarcal, reflete a mesma a própria substância da religião
trabalho, a própria construção de Deus é então buscada como ao se fazer veículo dos seus dogmas, prescrições e organi-
agente propiciador de uma ação humana que, se crescente- zação.
mente eficaz ao nível das necessidades práticas do cotid;a- A Escola Dominical opera na condição de transmissora
no, confere ao homem o poder; o poder de, paralelamente sistemática de doutrina . Precedem à aula um cântico, uma
ao domínio do mundo, pelo desenvolvimento da ciência e oração, dois pequenos discursos - dois minutos e meio -
da técnica, situar s.ua relação com Deus em um universo den- anúncios, bênção e distribuição do sacramento, após o que
tro do qual a contemplação não aparece como essencial. são separadas as classes. por grupos de idade. Transcorrem
Como essenciais, sim, as virtudes perseguidas - tempenn- as aulas ao longo de quarenta e cinco minutos . Os cursos,
ça, autodomínio, prosperidade, pureza - e que, alcançadas, montados pelas equipes responsáveis pelo sistema educacio-
realçam a identidade Homem-Deus teologicamente enfatizada nal da Igreja, enfatizam , simultâneamente, a ''veracid ade do
pelo princípio de que ''como Deus é hoje o homem será Evangelho Restaurado" e a observância dos padrões de com-
amanhã, vez que nunca cessará de ganhar conhecimento". portementos propostos.
No âmbito do cerimonial vamos encontrar a reiteração A cada primeiro domingo do mês a aula é preced;da
dos componentes normativos-repressivos, seja no aspecto in- pela Reunião 1de Testemunhos na qual os membros. expres-
terno, seja no aspecto externo - formas pelas. quais as reu- sam, alternativamente, os motivos da adesão e os seus efei-
niões são conduzidas . E, pelo que foi visto, capta-se o sig- tos . A emoção de que se faz acompanhar cada testemunho
nificado de que se reveste o cerimonial, nas disposições que é somente revelada pelo mau disfarçado tremor das. mãos ou

114 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 115
O objetivo das nossas Escolas Dominicais e suscita e nas motivações que engendra ao formular " concei -
das Escolas da Igreja, o grande, o objetivo prin- tos de uma ordem de existência" (37), voltados para uma rea-
cipal, é o de ensinar a verdade aos nossos fi- lidade cujo transcendentalismo emerge a part1r da própria
lhos; ensiná-los, a serem honrados, puros, virtuo- ação humana alicerçada no querer e no poder, com vistas
sos, honestos e retos e capacitá-los, por nosso à conquista de si mesmo, pelo exercício da vontade ; emerge
conselho e advertência, e pela proteção que lhe::; do aqui e do agora, pelo significado espiritual atribuído à
dispensamos até que alcancem os anos de res- atividade secular. Assim é que as, principais reuniões - a
ponsabilidade e se tornem cidadãos respeitados, Reun 1ão Familiar, a Escola Dominical, Reunião de Testemü-
bons, puros, virtuosos e íntegros entre a humani- nhos, a Reunião Sacramental - ao tempo em que assumem
dade e que sejam dignos de entrar na casa de a função de ritual religioso, privilegiam em sua representa-
Deus e não sê sintam envergonhados de si mes- ção as disposições para o agir em conformidade com um
mos na presença dos anjos, se estes forem visi- projeto de vida para o qual o homem tanto mais, se torna
tá-los. (36) (G . N .) apto, quanto mais enfrenta com êx.to a situação-limite do
com que viver, na qual o porque viver surge permeado de
Portanto, lemas do tipo: "A glória de Deus é a inteligên- racionalidade ascética enquanto vontade coordenadora da
cia" (D. e C. 93:36), ''É impossível ao homem ser salvo em
ignorância" (D. e C. 130:18), "Qualquer princípio de inteligên- .. conquista do mundo e de si mesmo, mediante exercícios de
subordinação à doutrina e de luta contra o mundanismo en-
cia que alcançarmos nesta vida surgirá conosco na ressur- tendido como a livre expressão dos impulsos eróticos..
reição" (D. e C. 131 :6) envolvem, mais que o ativo exercício De maneira que a Reunião Fami!Jar (38), para a qual re-
das funções mentais., mais que a instrução escolar, a inculca- serva-se a noite das segundas-feiras, tem um caráter doutriná-
ção, nos jovens, dos valores mórmons que colocam a "pleni- rio-recreativo . Visa o fortalecimento da unidad~ da família
tude de glória no reino celestial" - exaltação - na cate- e o estímulo à vivência dos princípios diretivos . E: planejada
goria de fim primeiro e último da tarefa educativa. É a partir de forma a comportar tempo para aula e tempo para lazer.
daí que o progresso surge enquanto princípio ético nortea- Iniciada e concluída com um hino e uma oração, sob a presi-
dor da caminhada para a "exaltação" . A educação secular, dência do chefe da família, em consonância com o sistem~
colocada ao nível dos fundamentos religiosos. que vêem no patriarcal, reflete a mesma a própria substância da religião
trabalho, a própria construção de Deus é então buscada como ao se fazer veículo dos seus dogmas, prescrições e organi-
agente propiciador de uma ação humana que, se crescente- zação .
mente eficaz ao nível das necessidades práticas do cotid;a- A Escola Dominical opera na condição de transmissora
no, confere ao homem o poder; o poder de, paralelamente sistemática de doutrina. Precedem à aula um cântico, uma
ao domínio do mundo, pelo desenvolvimento da ciência e oração, dois pequenos discursos - dois minutos e meio -
da técnica, situar sua relação com Deus em um universo den- anúncios, bênção e distribuição do sacramento, após o que
tro do qual a contemplação não aparece como essencial. são separadas as classes. por grupos de idade. Transcorrem
Como essenciais, sim , as virtudes perseguidas - tempenn- as aulas ao longo de quarenta e cinco minutos. Os cursos,
ça, autodomínio, prosperidade, pureza - e que, alcançadas, montados pelas equipes responsáveis pelo sistema educacio-
realçam a identidade Homem-Deus teologicamente enfatizada nal da Igreja, enfatizam , simultâneamente, a ''veracidade do
pelo princípio de que ''como Deus é hoje o homem será Evangelho Restaurado " e a observância dos padrões de com-
amanhã, vez que nunca cessará de ganhar conhecimento". portamentos propostos.
No âmbito do cerimonial vamos encontrar a reiteração A cada primeiro domingo do mês a aula é preced;da
dos componentes normativos-repressivos, seja no aspecto in- pela Reunião tde Testemunhos na qual os membros, expres-
terno, seja no aspecto externo - formas pelas. quais as reu- sam, alternativamente, os motivos da adesão e os seus efei-
niões são conduzidas . E, pelo que foi visto, capta-se o sig- tos . A emoção de que se faz acompanhar cada testemunho
nificado de que se reveste o cerimonial, nas disposições que é somente revelada pelo mau disfarçado tremor das. mãos ou

114 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 115
pelo incontido marejar de lágrimas. No mais, sobriedade e dupla dimensão : revela o que o homem fez de si mesmo -
reverência são as palavras de ordem. (39) por sua atual condição de vida- e determina o que ele fará
A Reunião Sacramental, real.zada aos domingos, à tarde de si mesmo por sua capacidade de auto-afirmação no mun-
ou à noite, inicia-se com os anúncios - que envolvem desde do que o circunda e que é medida pelo êxito indiv.dual.
as decisões, para toda a Igreja pelas Autoridades Gerais à A questão que se coloca, então, é a do grau de liberda-
programação da semana a nível local . A seguir, hino de lou- de. Ela existe, de fato, em um universo tão rigidamente ela-
vor, primeira oração, hino sacramental, bênção e distribui- borado? Ela existe enquanto libertação da mente face às an-
ção dos sacramentos - pão e água - dois discursos entre- gústias existenciais? Ele comporta dúvidas? Ela confere a to-
meados por um hino, últimc cântico, oração de encerramen- dos os membros, equitativamente, recursos para a luta na su-
to, agradecimentos. peração dos obstáculos? Ou ela relega a um segundo pla-
Observa-se nos discursos uma acentuada preocupação no, ou mesmo esquece os fatores de ordem estrutural que
com o trabalho missionário, o crescimento e õ fortaleci- bloqueiam o progresso individual, se por progresso enten-
mento da Igreja mediante a unidade familiar, a observância de-se uma condição global de vida? Se ''ninguém pode ser
dos padrões morais, o pagamento do dízimo. sãlvo em ignorância", conforme reza um dos preceitos mór-
E volta o fiel à sua residência, pronto a iniciar uma se- mons, onde a salvação para os que não "recebem a verdade",
mana predominantemente voltada para reuniões: Sociedade para os qwg não têm direito a conhecê-la, face às humilhan-
de Socorro para Senhoras, Associação de Melhoramentos tes condições de existência em que se encontram submer-
Mútuos para Jovens, Primária para crianças, todas ratificado- sos e nas quais não penetram os "colaboradores de Deus",
ras de um compromisso assumido· que se revela num duplo por considerá-las próprias dos ociosos?
sentido: de um lado, um comportamento orientado para uma São questões que ficam sem resposta num trabalho cujo
ética de vida eminentemente prática (40) e, de outro, uma objeto centraliza-se em torno da questão racial . Mas que
dependência com relação à autoridade de que a mesma se são pertinentes, porque motivadas pelo projeto de vida que a
reveste ao atribuir às decisões do seu corpo de líderes a Doutrina Mórmon incorpora . E porque descortinam a utilida-
inquestionalidade decorrente "do contato direto com Deus, de de uma investigação em profundidade por parte dos estu-
do qual são produto". diosos das Ciências Humanas e da Filosofia .

As Autoridades Gerais constantemente clamam


contra o que é intolerável à vista do Senhor; con- REFER~NCIAS
tra a poluição da mente, corpo e de tudo o que
nos circunda; contra a vulgaridade, a pilhagem, a 1. S . W. Kimball. "Revelação: A Palavra do Senhor aos Seus Profetas".
mentira, o orgulho e a blasfêmia; contra a forni- In: Revista A Liahona, outubro de 1977, págs. 76-78 .
cação, o adultério, a homossexualidade e todos 2 r. F . Smith. Doutrina do Evangelho, Cap. I li, pág . 32 .
os abusos do poder sagrado de criar; contra o 3. Id . Ibid., pág. 32.
asassinato e tudo o que se lhe assemelha; contra 4. Na doutrina mórmon, preordenação significa a designação para uma ta-
toda a sorte de profanações. (41) refa desde a Preexistência.
Preexistência: existência do espírito anterior ao estado mortal .
Fica mais uma vez definida a ética mórmon. A regra ideal Nela, os espíritos fazendo uso do seu livre-arbítrio, teriam aceito o cha-
de conduta mantém o compromisso com uma filos.ofia de mado de Deus para vir à Terra, em determinada época e lugar, para
vida que atribui ao livre exercício do querer o acesso ao ajudar, de forma específica, no processo criador. (Ver: J. E. Talmage
poder na medida em que, pela observância dos padrões de Regras de Fé, págs. 178-182) .
crença, opta o fiel por uma forma de vida quA faz do traba- 5 . J. Smith. Doutrina e Convênios, seção 20 .
lho e da abstinência dos prazeres sensíveis o preventivo r. F . Smith . Doutrina do Evangelho, cap . I li .
. contra todos os males,. É assim que o presente assume uma 6 . J. F . Smith. Doutrina da Salvação, Vol. I, pág. 275 .

116 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v . 18/19, N.O 1/2, 1987/1988 ~ 117
pelo incontido marejar de lágrimas. No mais, sobriedade e dupla dimensão: revela o que o homem fez de si mesmo -
reverência são as palavras de ordem. (39) por sua atual condição de vida - e determina o que ele fará
A Reunião Sacramental, reaJ.zada aos domingos, à tarde de si mesmo por sua capacidade de auto-afirmação no mun-
ou à noite, inicia-se com os anúncios - que envolvem desde do que o circunda e que é medida pelo êxito indiv.dual.
as decisões, para toda a Igreja pelas Autoridades Gerais à A questão que se coloca, então, é a do grau de liberda-
programação da semana a nível local. A seguir, hino de lou- de . Ela existe, de fato, em um universo tão rigidamente ela-
vor, primeira oração, hino sacramental, bênção e distribui- borado? Ela existe enquanto libertação da mente face às an-
ção dos sacramentos - pão e água - dois discursos entre- gús.tias existenciais? Ele comporta dúvidas? Ela confere a to-
meados por um hino, últimc cântico, oração de encerramen- dos os membros, equitativamente, recursos para a luta na su-
to, agradecimentos. peração dos obstáculos? Ou ela relega a um segundo pla-
Observa-se nos discursos uma acentuada preocupação no, ou mesmo esquece os fatores de ordem estrutural que
com o trabalho missionário, o crescimento e õ fortaleci- bloqueiam o progresso individual, se por progresso enten-
mento da Igreja mediante a unidade familiar, a observância de-se uma condição global de vida? Se ''ninguém pode ser
dos padrões morais, o pagamento do dízimo. salvo em ignorância", conforme reza um dos preceitos mór-
E volta o fiel à sua residência, pronto a iniciar uma se- mons, onde a salvação para os que não "recebem a verdade",
mana predominantemente voltada para reuniões: Sociedade para os qwil não têm d ireito a conhecê-la, face às humilhan-
de Socorro para Senhoras, Associação de Melhoramentos tes condições de existência em que se encontram submer-
Mútuos. para Jovens, Primária para crianças, todas ratificado- sos e nas quais não penetram os "colaboradores de Deus",
ras de um compromisso assumido· que se revela num duplo por considerá-las próprias dos ociosos?
sentido: de um lado, um comportamento orientado para uma São questões que ficam sem resposta num trabalho cujo
ética de vida eminentemente prática (40) e, de outro, uma objeto centraliza-se em torno da questão racial. Mas que
dependência com relação à autoridade de que a mesma se são pertinentes. porque motivadas pelo projeto de vida que a
reveste ao atribuir às decisões do seu corpo de líderes a Doutrina Mórmon incorpora . E porque descortinam a utilida-
inquestionalidade decorrente "do contato direto com Deus, de de uma investigação em profundidade por parte dos estu-
do qual são produto". diosos das Ciências Humanás e da Filosofia.

As Autoridades Gerais constantemente clamam


contra o que é intolerável à vista do Senhor; con- REFER~NCIAS
tra a poluição da mente, corpo e de tudo o que
nos circunda; contra a vulgaridade, a pilhagem, a 1. S. W. Kimball . "Revelação: A Palavra do Senhor aos Seus Profetas".
mentira, o orgulho e a blasfêmia; contra a forni- In: Revista A Liahona, outubro de 1977, págs. 76-78.
cação, o adultério, a homossexualidade e todos 2 J. F. Smith. Doutrina do Evangelho, Cap. III, pág. 32 .
os abusos do poder sagrado de criar; contra o 3 . Id . lbid . , pág. 32.
asassinato e tudo o que se lhe assemelha; contra 4. Na doutrina mórmon, preordenação significa a designação para uma ta·
toda a sorte de profanações. (41) refa desde a Preexistência.
Preexistência: existência do espírito anterior ao estado mortal .
Fica mais uma vez definida a ética mórmon. A regra ideal Nela, os espíritos fazendo uso do seu livre-arbítrio, teriam aceito o cha-
de conduta mantém o compromisso com uma filosofia de mado de Deus para vir à Terra, em determinada época e lugar, para
vida que atribui ao livre exercício do querer o acesso ao ajudar, de forma específica, no processo criador. (Ver: J. E . Talmage
poder na medida em que, pela observância dos padrões de· Regras de Fé, págs. 178-182).
crença, opta o fiel por uma forma de vida quA faz do traba- 5 . J. Smith. Doutrina e Convênios, seção 20 .
lho e da abstinência dos prazeres sensíveis o preventivo T. F . Smith . Doutrina do Evangelho, cap . III .
contra todos os males.. ~ assim que o presente assume uma 6 . J. F . Smith. Doutrina da Salvação, Vol. I , pág. 275 .

116 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.O 1/2, 1987/1988 ! 117

r:.
7. Max Weber. Economia e Sociedade, pág . 882. 28 . Id. Ibid . Cap. XII, págs. 209, 212, 216 .
8. Id. Ibid., pág. 716. 29. Max Weber. Economia e Sociedade. Pág. 254.
9. Cf. Cap. li, o quadro referente à organização geral da Igreja . 30. Geertz, analisando as "disposições" e "motivações" a que são induzidos
10 . Joseph Smith. Op . Cit. Seções: 20:63; 26:2; 65; 28:13. os homens pela religião, as distingue, enfatizando que, enquanto as
11. Le Grand Richards. Uma obra Maravilhosa e um Assombro. Cap. XVIII . primeiras surgem circunstancialmente, sem responder a um fim espe-
Manual - Princípios do Evangelho. Págs. 289-290 . cífico, as segundas "têm um molde direcional"; são persistentes e signi
D. e C . 76:50; 113; 132:15/20 . ficativas em relação aos fins . CF. "A Religião como Sistema Cultural"
Programa de Integração para Alunos - I. J. C. S. U. D. In: A Interpretação das Culturas. Cap. IV, págs. 109-112.
31. Págs. 3-16 _
J2 . Neste ponto, a linguagem que utilizamos é a do próprio grupo. Isto
32. J. F. Smith: Doutrinação do Evangelho. Págs. 217, 224, 225.
decorre da tentativa de "imersão empática" - expressão utilizada por
Duglas Teixeira Monteiro - no universo pesquisado. Tentamos, com 33 . S. W. Kimball. O Milagre do Perdão. Cap. XII, pág. 227.
este procedimento, colocarmo-nos do ponto de vista do objeto para, daí, 34 Id . Ibid., Cap . V, pág. 66-80.
identificarmos seu espírito e captarmos sua realidade. 35. Emile Durkheim. Educação e Sociologia. Págs. 41 .
13 . John A . Widtsoe (compilador). Discursos de Brigham Young. pág. 197. 36. J. F. Smith. Op . Cit. Pág. 353.
William E . Berret. A lgreja Restaurada. Cap. XXIII , págs. 195-197. 37. Clifford Geertz. Op. Cit., Pág. 112.
14. Ver em Anexos: J'vfanifesto relativo à suspensão da prática e Regras de 38. Dados colhidos no processo de observação participante .
Fé da I. /. C. S. U. D. 39. As cerimônias realizadas no Templo, mesmo na condição de participan
15 . "A Dura Vida dos polígamos" - revista Manchete. te integral, não tivemos acesso. A parte o caráter sigiloso de que se re:
16. Na medida em que os templos são reservados apenas para os membros vestem, a nossa condição de mulher solteira já se constituiria em real
mais fiéis da Igreja, conforme frisa M . E. Peterson, no artigo "Por que impedimento vez que, ao celibatário, não é permitido o ingresso no
os mórmons constroem templos", revista A Liahona, de novembro de Templo. Isso limita a validade da afirmativa ligada à sobriedade enquan ·
1978, pág. 33 - às cerimônias templárias não têm acesso todos os mem- to componente do cerimonial ao tempo em que sugere um estudo sobre
bros. Assim, resta aos demais a alternativa de uma bênç'ão na capela do a situação da mulher solteira no universo religioso .
Ramo ou Ala a que pertencem. 40. Ver no Cap. IV o relato dos testemunhos.
Sobre o trabalho realizado r>os templos há uma vasta bibliografia. Para 41. S. W. Kimball. "Os Falsos Deuses a Quem Adoramos". In: Revista
uma informação global, sugerimos a leitura do número especial da re- A Liahona. Agosto de 1977, pág. 2
vista A Liahona, de novembro de 1978 .
17. J. F. Smith. Doutrina da Salvação. Caps. IV e V . Doutrina do Evan-
gelho. Cap. XVI.
18 . John A . Widtsoe. Op . Cit. Págs. 292, 293, 313 . J. F. Smith. Doutrina ANEXOS
do Evangelho. Págs. 277-278, (J. Fielding Smith, sobrinho-neto do pro-
feta fundador. Nascido em 1876, em 1906 assumiu as funções de his· -I-
toriador da Igreja. Em 1910 foi ordenado Apóstolo, e, em 1970, Presi
dente. Faleceu em 1972. Foi o terceiro Smith a responder pela Presi- MAN 1FFSTO CONTRA A PRATICA DO
dência da Organização) . "CASAMENTO PLURAL"
J9. In . A Missão que Recebi do Senhor. Pags. 191-194.
20 Revista A Liahona. Maio de 1978, págs. 43-45 . Conferência Geral - Salt Lake City,
21. J. F. Smith. Doutrina de Salvação. Vol. III, cap. XVIII, págs. 353-363 . 6 de outubro de 1980
22. Le Grand Richards. Op . Cit., Cap . XXVI.
23. Max Weber. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Pág. 123 . Têm sido enviados de S:1lt Lake City, com prooós:tos po-
24. J. F. Smith. Doutrina do Evangelho. Cap . X, pág. 187 . líticos., despachos da imprensa, largamente publicados, ale-
25 . J . Freud. Sociologia de Max Weber. Pág. 19 . gando que a Comissão de Utah, no seu recente relatório
26 . Max Weber. Op ., Cit., pág. 54 . ao Secretário do Interior, diz que casamentos plurais ainda
27. Doutrina do Evangelho. Cap XIX, págs. 214, 314 e 321. estão sendo solenizados e que quarenta ou mais casamen-

118 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N. 0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 119

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7. Max Weber. Economia e Sociedade, pág . 882. 28. Id. Ibid. Cap. XII, págs. 209, 212, 216 .
8. Id. Ibid., pág. 716. 29. Max Weber. Economia e Sociedade. Pág. 254 .
30. Geertz, analisando as "disposições" e "motivações" a que são induzidos
9. Cf. Cap. li, o quadro referente à organização geral da Igreja.
os homens pela religião, as distingue, enfatizando que, enquanto as
lü. Joseph Smith. Op . Cit. Seções: 20:63; 26:2; 65; 28:13.
primeiras surgem circunstancialmente, sem responder a um fim espe-
11. Le Grand Richards. Uma obra Maravilhosa e um Assombro. Cap. XVIII.
cífico, as segundas "têm um molde direcional"; são persistentes e signi
Manual - Princípios do Evangelho. Págs. 289-290.
D. e C. 76:50; 113; 132:15/20.
ficativas em relação aos fins. CF. "A Religião como Sistema Cultt1ral".
In: A Interpretação das Culturas. Cap. IV, págs. 109-112.
Programa de Integração para Alunos - I. J. C. S. U. D.
31. Págs . 3-16.
!2. Neste ponto, a linguagem que utilizamos é a do próprio grupo. Isto
32. J. F. Smith: Doutrinação do Evangelho. Págs. 217, 224, 225.
decorre da tentativa de "imersão empática" - expressão utilizada por
33. S. W. Kimball. O Milagre do Perdão. Cap. XII, pág. 227 .
Duglas Teixeira Monteiro - no universo pesquisado. Tentamos, com
este procedimento, colocarmo-nos do ponto de vista do objeto para, daí, 34 Id . Ibid., Cap. V, pág. 66-80.
identificarmos seu espírito e captarmos sua realidade. 35. Emile Durkheim. Educação e Sociologia. Págs. 41.
13. John A. Widtsoe (compilador). Discursos de Brigham Young. pág. 197. 36. J. F. Smith. Op. Cit. Pág. 353 .
William E. Berret. A Tgreja Restaurada. Cap. XXIII, págs. 195-197. 37. Clifford Geertz. Op . Cit., Pág. 112.
14. Ver em Anexos: lvlanifesto relativo à suspensão da prática e Regras de 38. Dados colhidos no processo de observação participante.
Fé da I. /. C. S. U. D. 39. Às cerimônias realizadas no Templo, mesmo na condição de participan
15. "A Dura Vida dos polígamos" - revista Manchete. te integral, não tivemos acesso. À parte o caráter sigiloso de que se re:
lt:i. Na medida em que os templos são reservados apenas para os membros vestem, a nossa condição de mulher solteira já se constituiria em real
mais fiéis da Igreja, conforme frisa M . E. Peterson, no artigo "Por que impedimento vez que, ao celibatário, não é permitido o ingresso no
os mórmons constroem templos", revista A Liahona, de novembro de Templo. Isso limita a validade da afirmativa ligada à sobriedade enquan ·
1978, pág. 33 - às cerimônias templárias não têm acesso todos os mem- to componente do cerimonial ao tempo em que sugere um estudo sobre
bros. Assim, resta aos demais a alternativa de uma bênç'ão na capela do a situação da mulher solteira no universo religioso.
Ramo ou Ala a que pertencem. 40. Ver no Cap. IV o relato dos testemunhos.
Sobre o trabalho realizado nos templos há uma vasta bibliografia. Para <, 41. S. W. Kimball. "Os Falsos Deuses a Quem Adoramos". In: Revista
uma informação global, sugerimos a leitura do número especial da re- A Liahona. Agosto de 1977, pág. 2
vista A Liahona, de novembro de 1978.
17. J. F. Smith. Doutrina da Salvação. Caps. IV e V. Doutrina do Evan-
gelho. Cap. XVI .
ANEXOS
_,_
18. John A. Widtsoe. Op. Cit. Págs. 292,293,313. J. F. Smith. Doutrina
do Evangelho. Págs. 277-278, (J. Fielding Smith, sobrinho-neto do pro-
feta fundador. Nascido em 1876, em 1906 assumiu as funções de his·
toriador da Igreja. Em 1910 foi ordenado Apóstolo, e, em 1~70, Presi
dente. Faleceu em 1972. Foi o terceiro Smith a responder pela Presi- M.AN 1FFSTO CONTRA A PRATICA DO
dência da Organização) . "CASAMENTO PLURAL"
19. In. A Missão que Recebi do Senhor. Pags. 191-194 .
20 Revista A Liahona. Maio de 1978, págs. 43-45. Conferência Geral - Salt Lake City,
21 . J. F. Smith. Doutrina de Salvação. V oi. III, cap. XVIII, págs. 353-363. 6 de outubro de 1980
22. Le Grand Richards. Op . Cit., Cap. XXVI.
23. Max Weber. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Pág. 123. Têm sido enviados de Sóllt Lake City, com prooós:tos po-
24. J. F. Smith. Doutrina do Evangelho. Cap. X, pág. 187 . líticos., despachos da imprensa, largamente publicados, ale-
25 . J. Freud. Sociologia de Max Weber. Pág . 19. gando que a Comissão de Utah, no seu recente relatório
26. Max Weber. Op., Cit., pág. 54 . ao Secretário do Interior, diz que casamentos plurais ainda
27. Doutrina do Evangelho. Cap XIX, págs. 214, 314 e 321. estão sendo solenizados e que quarenta ou mais casamen-

118 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.O 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 119

..-._
tos foram contratados em Utah desde junho ou durante o ano -11-
findo, também que em dis,cursos públicos os líderes da Igreja
têm ensinado, encorajado e insistido na continuação da prá-
tica da poligamia . REGRAS DE F~ DA IGREJA DE JESUS CRISTO
Eu portanto, como Presidente da Igreja de Jesus Cristo DOS SANTOS DOS úLTIMOS DIAS
dos Santos dos últimos Dias, pela presente escritura, e da
maneira mais solene, declaro serem falsas tais acusações.
Nós, não estamos ensinando poligamia ou casamento plural, 1 . Cremos em Deus, o Pai Eterno, e no Seu Filho Jesus
nem permitido que qualquer pessoa o pratique, e nego que Cristo, e no Espírito Santo .
quarenta ou outro número qualquer de casamentos plurais 2 . Cremos que os homens s.erão punidos pelos seus pró-
hajam sido solenizados naquele dito período de tempo, em prios pecados e não pela transgressão de Adão.
nossos Temp!os ou em qualquer outro lugar do Território. 3. Cremos que por meio de Cristo toda a humanidade será
salva pela obediência às leis e regras do Evangelho.
Relatou-se um caso em que as partes declararam ter sido 4 . Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do
o casamento realizado na Casa de Investiduras, em Salt Lake Evangelho são: 19 - Fé no Senhor Jesus, Cristo; 29 -
City, na primavera de 1889, mas, não fui capaz de descobrir Arrependimento; 39 - Batismo por imersão, para remis-
quem realizou a cerimônia; o que foi feito nesse assunto foi são dos pec<>dos; 49 - Imposição das mãos para o dom
sem o meu conhecimento. Em conseqüência dessa aleqada do Espírito Santo.
ocorrência, a Casa de Investiduras foi , por minhas ordens, abo- 5. Cremos que um homem deve ser chamado por Deus pela
lida sem demora . profecia e pela imposição das mãos, que possua autori-
Sendo que o Congresso passou leis em proibição ao dade para pregar o Evangelho e administrar suas orde-
casamento plural, as quais foram pronunciadas consti tu- nanças.
cionais pelo tribunal da Corte Suprema, eu, pela presente es- 6 . Cremos na mesma organ ização existente na Igreja Pri-
critura, declaro a minha intenção de submeter-me àque'as mitiva, isto é, apóstolos, profetas, pastores, mestres ,
leis, e de usar a minha influência com os membros, da Igreja evangelistas etc.
sobre a qual presido para fazer com que eles sejam da mes- 7. Cremos no dom das línquas, na profecia, na revelação,
ma maneira . nas visões, na cura. na interpretação de língu 3.s etc.
Não há nada nos meus ensinos à Igreja ou nos de meus 8 . Cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, o quanto seja
colegas, durante o tempo especificado, que possa ser razoa- correta sua tradução ; cremos também ser o Livro de
velmente interpretado como que inculcando ou encorajando Mórmon a palavra de Deus .
poligamia; e se qualquer ~lder da Igreja usou de linauagem 9. Cremos em tudo o que Deus tem revelado. em tudo o
que parecia abranger tal ensino, o mesmo foi prontamente que E1e revela agora e cremos aue Ele ainda revelará
reprovado . E agora publicamente declaro que o meu conse- muitac:; nr~ndes e importantes coisas pertencentes ao Rei-
lho aos Santos dos últimos Dias é que se abstenham de con- no de Deus .
tratar casamento proibido pelas leis. da terra . 10. Cremos na coliqacão literal de Israel e na rec:;tau raci'ío
das Dez Tribos; aue Sião será construída nes.te conti-
Wilford Woodruff nente (o americano); oue Cristo rein<>rá oesso ~ lmente
sobre a Terra, a qual será renovada e receberá a sua gló-
FONTE: Descrições Históricas ria paradisíaca .
Extratos Históricos e Biográficos relacio nados com 11 . Pretendemos o privi'éqio de adorar a Deus Todo-Podero -
Doutrina e Convênios. so de acordo com os ditames de nossa consciência e
Departamento de Seminários e Institutos de Religião concedemos a todos os homens o mesmo prõvifégio,
do Sis,tema Educacional da Igreja (págs. 147-148) . deixando-os adorar como, onde, ou o que quiserem.

120 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/ 19, N.0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o l/2, 1987/1988 121
tos foram contratados em Utah desde junho ou durante o ano -11-
findo, também que em discursos públicos os líderes da Igreja
têm ensinado, encorajado e insistido na continuação da prá-
tica da poligamia . REGRAS DE F~ DA IGREJA DE JESUS CRISTO
Eu portanto, como Presidente da Igreja de Jesus Cristo DOS SANTOS DOS úLTIMOS DIAS
dos Santos dos últimos Dias, pela presente escritura, e da
maneira mais solene, declaro serem falsas tais acusações.
Nós. não estamos ensinando poligamia ou casamento plural, 1 . Cremos em Deus, o Pai Eterno, e no Seu Filho Jesus
nem permitido que qualquer pessoa o pratique, e nego que Cristo, e no Espírito Santo.
quarenta ou outro número qualquer de casamentos plurais 2 . Cremos que os homens serão punidos pelos seus pró-
hajam sido solenizados naquele dito período de tempo, em prios pecados e não pela transgressão de Adão.
nossos Temp!os ou em qualquer outro lugar do Território. 3 . Cremos que por meio de Cristo toda a humanidade será
salva pela obediência às leis e regras do Evangelho.
Relatou-se um caso em que as partes declararam ter sido 4. Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do
o casamento realizado na Casa de Investiduras, em Salt Lake Evangelho são: 19 - Fé no Senhor Jesus Cristo; 29 -
City, na primavera de 1889, mas. não fui capaz de descobrir Arrependimento; 39 - Batismo por imersão, para remis-
quem realizou a cerimônia; o que foi feito nesse assunto foi são dos pec<>dos; 49 - Imposição das mãos para o dom
sem o meu conhecimento . Em conseqüência dessa aleÇJada do Espírito Santo.
ocorrência, a Casa de Investiduras foi, por minhas ordens, abo- 5. Cremos que um homem deve ser chamado por Deus pela
lida sem demora . profecia e pela imposição das mãos, que possua autori-
Sendo que o Congresso passou leis em proibição ao dade para pregar o Evangelho e administrar suas orde-
casamento plural, as quais foram pronunciadas constitu- nanças.
cionais pelo tribunal da Corte Suprema, eu, pela presente es- 6 . Cremos na mesma organ ização existente na Igreja Pri-
critura, declaro a minha intenção de submeter-me àque'as mitiva, isto é, apóstolos, profetas, pastores, mestres,
leis, e de usar a minha influência com os membros. da Igreja evangelistas etc.
sobre a qual presido para fazer com que eles sejam da mes- 7 . Cremos no dom das línÇJuas, na profecia, na revelação,
ma maneira . nas visões, na cura. na interpretação de Jíngu ~ s etc.
Não há nada nos meus ensinos à Igreja ou nos de meus 8 . Cremos ser a Bíblia a pa'avra de Deus, o quanto seja
colegas, durante o tempo especificado, que possa ser razoa- correta sua tradução: cremos também ser o Livro de
velmente interpretado como que inculcando ou encorajando Mórmon a palavra de Deus.
poligamia; e se qualquer ~lder da Igreja usou de linauagem 9. Cremos em tudo o que Deus tem revelado, em tudo o
que parecia abranger tal ensino, o mesmo foi prontamente que E1e revela agora e cremos aue Ele ainda reveiRrá
reprovado . E agora publicamente declaro que o meu conse- muitac; nr~ndes e importantes coisas pertencentes ao Rei-
lho aos Santos dos últimos Dias é que se abstenham de con- no de Deus .
tratar casamento proibido pelas leis. da terra . 1O. Cremos na coliqacão literal de Israel e na rec;tau rac<~o
das Dez Tribos; aue Sião será construída neste conti-
Wilford Woodruff nente (o americano): oue Cristo rein<>rá oessoAimente
sobre a Terra, a qual será renovada e receberá a sua gló-
FONTE: Descrições Históricas ria paradisíaca.
Extratos Históricos e Biográficos relacio nados com 11 . Pretendemos o privi'éqio de adorar a Deus Todo-Podero-
Doutrina e Convênios. so de acordo com os ditames de nossa consciência e
Departamento de Seminários e Institutos de Religião concedemos a todos os homens o mesmo prõvifégio,
do Sistema Educacional da Igreja (págs. 147-148) . deixando-os adorar como, onde, ou o que quiserem.

120 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 Re11. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 121
12 . Cremos na submissão aos reis, presidentes, governadores
e magistrados, como também na obediência, honra e ma-
nutenção da lei .
13 . Cremos em sermos honestos, verdadeiros, castos., benevo-
lentes, virtuosos, e em fazer o bem a todos os homens;
na realidade, podemos dizer que seguimos a admoestação
de Paulo - Cremos em todas as coisas e cont:amos em
todas as coisas, temos suportado muitas coisas e confia-
mos na capacidade de tudo suportar. Se houver qualquer "OUVE E INTERPRETA-ME ESTE SONHO ..."
coisa virtuosa, amável ou louvável, nós a procuraremos.

FONTE: TALMAGE, J. E . - Regras de Fé . Adélia BEZERRA DE MENESES

"O respeito concedido aos sonhos. na An-


tiguidade, contudo, baseia-se num discernimen-
to psicológico correto e é a homenagem pres-
tada às forças incontroladas e indestrutíveis
existentes no espírito humano, ao poder de-
moníaco que produz o desejo onírico e que
encontramos em ação no nosso inconscien-
te."
Freud, Interpretação dos Sonhos.

O Canto XIX da Odisséia apresenta um sonho, que Pe-


nélope conta ao forasteiro que chegara a rtaca e que, disfar-
çado em mendigo, era nada mais. nada menos que Ulisses
incógnito, retornado após vinte anos de guerra e aventuras.
O que este sonho pode nos revelar do mundo onírico?
À primeira vista, a sua significação não apresenta pro-
blemas, pois, embutida dentro dele está a sua interpretação:
na parte final do sonho, uma das personaqens retoma e for-
nece a decodificação dos símbolos aí utilizados. Mesmo que
fosse ficar ao nível da interpretação simbólica, já teria a
oportunidade para o tratamento de questões interessantíssi-
mas.: a necessid ade de um contexto associativo cultural para
que essa simbolização possa se decifrar; o fato primário,
básico - e aqui, cristalino - do sonho como realização
de desejo; a ativação de arquétipos; a importância do siqni-
ficante; os processos de condensação, deslocamento, fiqura-
bilidade e elaboração secundária; e, finalmente, a constru-
ção, por parte de Penélope de uma pequena " teoria dos so-

122 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.0 1/2, 1987/1988 Rev. de C. Sociais, Fortaleza, v. 18/19, N.o 1/2, 1987/1988 123

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