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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

TÉCNICAS DE INVESTIGAÇAO DE ANALISE EM ANTROPOLOGIA

RESENHA: O OFÍCIO DO ETNÓLOGO, OU COMO TER ANTROPOLOGIA


BLUES- ROBERTO DA MATTA

O antropólogo da Matta no início do seu texto, desenvolve o que é a antropologia. O


autor diz que a antropologia é uma disciplina que utiliza de instrumentos de mediação
ou institucionais para fazer uma ponte entre dois universos de significação. Além disso,
ele faz uma crítica a falta de criatividade dos etnólogos nas interpretações nas pesquisas
de campo, é o medo de sentir o “antropological blues” fazendo referência a Jean Carter
Lave.

A antropologia blues é ter à vontade, prontidão e curiosidade para extrair o máximo


possível do campo até no cotidiano. O etnólogo precisa ser crítico e transformar o
“exótico” em familiar (citando os clássicos da antropologia Marcel Mauss e
Malinowski) e o familiar em exótico.

Falando da primeira transformação fundamental do oficio do etnólogo que é transformar


o “exótico” em familiar por meio de apreensões cognitivas, o trabalho de campo diz
respeito a três momentos: a saída de sua sociedade, o encontro com o outro no campo e
a volta para casa. Sobre transformar o que é diferente em familiar é preciso existir um
cuidado para não entrar em um complexo de tentativa de “virar nativo”. Já na segunda
transformação, transformar o familiar em exótico, é feito a partir de um desligamento
emocional (que de fato não acontece por completo), o autor faz uma comparação como
uma viagem quase que xamânica, onde se estranha o que já é conhecido, que se tem
conhecimento dentro do meio da antropologia como uma tarefa desafiadora até para os
mais experientes, já que se pode cair facilmente no preconceito de algo que se pensa que
conhece a fundo e assim, existindo uma dificuldade de construção de senso crítico em
alguns casos. Porém, sobre isso o autor diz: “As duas transformações estão, pois,
intimamente relacionadas e ambas sujeitas a uma série de resíduos, nunca sendo
realmente perfeitas. De fato, o exótico nunca pode ser familiar; e o familiar nunca deixa
de ser exótico” (MATTA, 1978, P.6)

Com isso, Matta diz que o antropological blues é algo que se insinua em uma pesquisa
antropológica, mas não se está esperando. Ou seja, durante o trabalho de campo a
própria subjetividade desperta e como intrusas, chegam a saudade e tristeza, o
sentimento e a emoção fazem parte do ofício do etnólogo que inclusive Da Matta
exemplifica com suas próprias experiências em campo. O autor também identifica a
partir do antropological blues, que os etnólogos, apesar de muitos teóricos clássicos
dizerem, não são sozinhos, eles se relacionam com os nativos e com isso, percebe-se
que é preciso “[...] do outro como seu espelho e seu guia” (MATTA, 1978, P.12)

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