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FACULDADE DOS GUARARAPES

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR


CASO CLÍNICO: V.L.S

Jaboatão dos Guararapes-PE


2022

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KÁTIA VALESKA DE SOUZA LOPES
PAULA MARCELLA OLIVEIRA DE LUCENA

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR


CASO CLÍNICO: V.L.S

Projeto Terapêutico Singular desenvolvido


na disciplina de Estágio Básico em Processos
Psicossociais e Promoção de Saúde, no 5º
período turno da noite, ministrada pela
professora Clarice Spencer.

Jaboatão dos Guararapes-PE


2022

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1. SUMÁRIO

Introdução ........................................................................... 04
Caso ..................................................................................... 05
Desenvolvimento ................................................................ 07
Queixa principal ......................................................... 07
Hipóteses diagnósticas ............................................ 07
Mapa Multidimensional da vida ............................... 11
Métodos de Projeção Temporal ............................... 12
Metas e Acompanhamentos .............................................. 14
Evolução do PTS ................................................................ 15
Conclusão ........................................................................... 17
Referências Bibliográficas ................................................ 18

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2. INTRODUÇÃO

Em seu sentido mais amplo, o Projeto Terapêutico Singular (PTS) visa fornecer
aos usuários de Saúde de forma individual ou coletiva, ferramentas necessárias para
se tornarem participantes ativos de seu próprio tratamento, com o objetivo de
aumentar a autonomia. De acordo com o Ministério da Saúde (2007), o PTS visa
proporcionar um trabalho de equipe integrado e coordenado em que vários
conhecimentos possam ser agrupados e utilizados para desenvolver planos de ação
direcionados para indivíduos, comunidade e/ou serviços de saúde.
Essas ferramentas podem ser utilizadas por meio de condutas terapêuticas que
se articulam e trabalho interdisciplinar, com foco na individualidade do sujeito,
trabalho em equipe, envolvendo a família e equipe multidisciplinar em todo o
processo. O projeto terapêutico incorpora um conceito interdisciplinar que reúne
contribuições de diversas disciplinas e de distintas profissões” (PINTO, et al, 2011,
p.494). Neste primeiro encontro, em forma de plantão, tivermos a oportunidade da
escuta da paciente V.LS, de 49 anos, mãe e profissiona; por meio da aplicação do
questionário elaborado, o qual foi norteado de acordo com as diretrizes do PTS,
constatando abertura em sua idenitidade central, na maternidade, familiar e dentre
outras questões.

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3. CASO

V.L.S, 49 anos, mãe solteira de 04 (quatro) filhos, trabalha de segunda à sábado e


em alguns domingos como empregada doméstica. Durante o atendimento,
demonstrou sinais de nervosismo e bastante emotiva. Trouxe como demanda inicial
o caso de sua filha mais nova, com 12 anos de idade, relatando que a mesma
apresentou sinais de instabilidade emocional perante uma postagem em suas redes
sociais.; a paciente relatou que em meio a tudo isso entrou em choque com o fato
ocorrido e publicado pela sua filha, do qual a deixou sem ação. Afirma em seguida
que a filha possui um temperamento bastante forte, sem manter vínculos de
amizade, mesmo sendo amorosa, sem demonstrar traços agressivos. Relatou que
a filha também demonstrou interesse em sair de casa e morar com sua irmã mais
velha, de 25 anos. Ao questionarmos como a paciente se sentia a essa situação, ela
afirmou não ser uma mãe tão presente como gostaria, devido suas atividades
cotidianas que a estressava e não conseguia demonstrar carinho e afeto. A paciente
relatou não ter tempo nem pra ela, mais que dedica seu tempo aos outros, como de
sua família. Atualmente V.L tem um companheiro do qual dedica suas atividades no
interior de Pernambuco, como Borracheiro. Confessou que seu relacionamento é
estável, porém vive em “banho maria” e sente-se sufocada quando ele está presente
em casa, devido ao seu comportamento autoritário e por vezes grosseiro. A paciente
relatou também ser desgastante a convivência, onde os filhos, inclusive a filha mais
nova questiona a mãe que somente ela aguenta o companheiro. No decorrer da
consulta perguntamos a paciente quem ela era? A paciente após choro, se
descreveu como uma mulher guerreira, trabalhadora, mais cheia de conflitos
relacionados as suas escolhas e com ela mesmo. Apresentando um sentimento de
culpa pela sua trajetória e suas decisões erradas no longo da vida, onde se pergunta
todos os dias quem ela é, trazendo nessa fala uma exaustão bem perceptível. V.L.S
traz um sentimento de responsabilidade por ocupar a dupla função de ser mãe e pai
ao mesmo tempo. Logo após relatou também sobre seus outros filhos, o rapaz de
22 anos que está sendo acompanhado por ser usuário de drogas, onde contou-nos
um pouco sobre a dificuldade desse tratamento e o risco de morte que sofreu por
um período, sendo necessário o afastamento por um tempo para que a família
resolvesse a situação de suas dívidas e que ele permanece bem. A paciente também
falou sobre a importância da irmã mais velha para com os irmãos, a única que a
auxiliava na educação dos irmãos, mais também demonstrou uma preocupação nos
contando que a mesma quando mais jovem sofreu abuso de um dos cunhados, e
que isso fez com que a paciente confessasse que vive a vida confiando e

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desconfiando. Notamos o quanto V.L.S era dedicada e se importava com seus filhos.
Vivia para eles e para dar o melhor para cada um. Logo assim voltou a falar da filha
mais nova, que mantinha o melhor que podia para que a menina tivesse um futuro
promissor, com aulas de balé e música e que a mesma era esforçada, diferente do
seu outro irmão de 16 anos que estava em uma fase rebelde e demonstrava
dificuldade de aprendizado, do qual também estava trazendo uma preocupação para
a paciente. Prosseguimos com a conclusão do atendimento perguntando a paciente
se a mesma gostaria de trazer mais alguma demanda, deixando livre para viver e
sentir, pois o espaço era unicamente dela e a mesma relatou um certo alívio pelo
momento de escuta e acolhida neste plantão, demonstrando interesse e aceitando
dar continuidade no acompanhamento terapêutico.
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4. DESENVOLVIMENTO
Queixa principal: A queixa inicial enfocava em uma preocupação com a filha
mais nova, as dificuldades de convivência com os demais. Filhos, exaustão,
sensação de sufoco e perda de identidade.

HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS

Em análise do caso de V.L.S constatamos que a mesma apresentou traços de


nervosismo e ansiedade em sua consulta. Retratou uma demanda inicial da filha
mais nova que está enfrentando e mostrou uma gama de preocupação pela
instabilidade emocional da filha. Porém para V.L.S atender as necessidades da
filha, como dos demais três filhos, quase que impossível, devido a sobrecarga
de trabalho que a mesma possui. Inclusive se dedica ao máximo, por vezes
completa os sete dias trabalhando, esquecendo de tudo e até de sí própria.
Demonstrou bastante exaustão, ansiedade, desinteresse, estresse, cansaço
físico e mental e até falta de sua representatividade. A paciente comentou em
seu discurso que vive para seu trabalho, não tem energia, priorizando outros no
tempo que lhe sobra, menos ela. Vive cansada resultante do trabalho, e que já
não consegue se relacionar com os filhos direito, mesmo considerando uma
pessoa que gosta de fazer amizades, de conversar e interagir. A síndrome de
burnout é definida pela OMS como “resultante de um estresse crônico associado
ao local de trabalho que não foi adequadamente administrado”. Conforme a
caracterização da entidade, há três dimensões que compõem a condição:
exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal. Nos dias atuais
muitas pessoas deixam de priorizar sua saúde mental e de desdobram no âmbito
profissional, achando que quem muito trabalha, mais recebe em termos de
salário, e muitas vezes não é como achamos. A síndrome apresenta-se com um
grande problema biopsicossocial que está a afetar profissionais de diversas
áreas, manifestada pelo desencanto e cansaço que, frequentemente, ocasiona
falta de expectativa no trabalho, o abandono e a desesperança, dificuldade em
superar os obstáculos cotidianos (CODO, 2000). Segundo Tamayo (2000), a
partir da falta de satisfação o profissional pode chegar a ter desempenhos
negativos em sua organização, favorecendo a perda do seu investimento afetivo.
Quando o ser humano não almeja os seus objetivos, ele fica com sentimentos
de incapacidade pessoal e impotência. O estado de tensão emocional crônico
pode ocasionar em doenças físicas, como distúrbios gastrointestinais,

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neurológico, cardiovasculares e psíquicas. No conjunto as condições de trabalho
físicas, emocionais e psicológicas em processos desgastantes reverberam na
vida do profissional sucedendo distúrbios mentais, como a síndrome de Burn-
out. Diante disso, faz-se necessário um trabalho paralelo a isso e priorizar
atividades físicas, lazer, entretenimento, momentos de relaxamento e
massagem, com o intuito de diminuir as tensões ocasionadas pelo trabalho e
seus obstáculos e a manter a saúde mental e física. A terapia cognitivo-
comportamental – irá a maneira que o ser humano percebe os acontecimentos
sob seu prisma, pensamentos e sentimentos em relação a determinada situação,
provada por sensações negativas (BECK, 1997).

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Ainda em análise ao caso de V.L.S, outra hipótese que observamos foi uma certa
ansiedade exacerbada dentro de si, norteando sua mente que reflete em seu
comportamento. Isso tem a impedido de enxergar os acontecimentos ao seu
redor e não tem permitido que ela pense em si mesma, gerando um conflito
interno, questionando-se qual a sua função e quem é ela nesse contexto de
mundo. Aron Becker, pioneiro da TCC em suas descobertas em 1960, criou e
estudou métodos que norteiam a depressão, vinda da TAG. A depressão nada
mais é que a raiva ou ódio dentro de si. A tríade utilizada por Becker diz que “os
pensamentos automáticos” vem de forma espontânea e norteiam os
pensamentos sobre si mesmo, de como somos sobre o mundo e sobre o futuro.

Segundo a OMS, mais de 9,3% dos brasileiros sofrem de alguma forma de


ansiedade, tornando o Brasil o país mais ansioso do mundo. A ansiedade é uma
reação natural a situações que podem causar medo, dúvida ou expectativa. As
pessoas que apresentam esse transtorno sentem-se ansiosas a maior parte do
tempo, ainda que não consigam necessariamente dizer por quê, que é o caso
de V.L.S. A mesma relatou não saber quem ela é nesse contexto de mundo.
Todos nós experimentamos ansiedade, seja diante de novas experiências, um
compromisso significativo ou a antecipação de um sonho há muito esperado.
Mas, se estivermos com ansiedade excessiva, precisamos prestar atenção e dar
a atenção que ela merece. A preocupação é uma emoção natural que todos nós
experimentamos em algum momento de nossas vidas. Estamos profundamente
preocupados com questões cotidianas, como saúde, trabalho e segurança
familiar. Mas, quando essa preocupação cresce fora de proporção, é sinal de
que algo está fora de controle. A ansiedade crônica e incontrolável merece

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atenção especial, pois pode ter assumido uma forma que chamamos de
"Transtorno de Ansiedade Generalizada" em psicologia (TAG).
Ademais da ansiedade, elas se afligem demais, aguardando com inquietação
que o pior venha lhes acontecer. A ansiedade é definida pelo CID-11 como um
estado de antecipação ou antecipação de perigos ou eventos futuros
desfavoráveis, acompanhado por um sentimento de preocupação, desconforto
ou sintomas físicos somáticos. Consideramos um transtorno de ansiedade
patológica quando causa dor ou prejuízo funcional. A síndrome da ansiedade é
composta por sintomas que são tradicionalmente divididos em duas categorias:
subjetivos e objetivos. A primeira, referida como uma experiência psicológica,
incluindo medo, preocupações emocionais, despersonalização e assim por
diante. Objetivos, ou somáticos, incluem, entre outras coisas, dor abdominal,
náusea, vertigem, palpitações e boca seca. O conceito de ansiedade difere do
de medo. Aquela é um temor difuso sem objeto determinado. Já o medo é um
temor proporcional a um objeto ou circunstância determinados. A fobia, por outro
lado, é um estado de medo ou medo irracional que nada tem a ver com o
verdadeiro perigo do objeto. Pânico, por outro lado, denota um episódio
paralisante de ansiedade acompanhado de descarga de autonomia adrenérgica.

Para que seja feito o diagnóstico do transtorno de ansiedade generalizada é


utilizado como base o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-5), que por sua vez indica os seis critérios:

Os sintomas podem variar de uma pessoa para outra. Os mais comuns são:

• Inquietação;
• Fadiga;
• Irritabilidade;
• Dificuldade de concentração;
• Tensão muscular.

Existem também outras queixas que podem estar associadas ao transtorno da


ansiedade generalizada:

• Palpitações;
• Falta de ar;
• Taquicardia;
• Aumento da pressão arterial;
• Sudorese excessiva;

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• Dor de cabeça;
• Alteração nos hábitos intestinais;
• Náuseas;
• Aperto no peito;
• Dores musculares.

O comportamento daqueles que sofrem de transtorno de ansiedade


generalizada muda. Uma pessoa começa a ter dificuldade de concentração, fica
ansiosa e irritável, pois está constantemente em alerta máximo, e até seu sono
é gravemente prejudicado. A insônia toma conta e, quando a pessoa finalmente
adormece, sente-se exausta, pois não relaxou o suficiente para colher os
benefícios do sono.

1.1. TRATAMENTO

Desenvolvida na década de 60, por Aaron T. Beck, a Terapia Cognitiva (TCC) é


uma psicoterapia breve e estruturada, com foco no presente e com o fim de
desenvolver os problemas atuais do paciente através da reestruturação de seus
pensamentos distorcidos e comportamentos, conforme corrobora a autora J.
Portal dos Psicólogos ISSN 1646-6977 Documento publicado em 01.06.2020
Ana Luísa Caetano Melo Lélio Moura Lourenço - Beck (2013). Uma vez que a
TCC entende que os sentimentos não são influenciados pela situação em si, mas
sim pelo modo como as pessoas percebem e estruturam a realidade, isso surtirá
influência em seus sentimentos e comportamentos (Knapp & Beck, 2008). Nessa
perspectiva, entende-se que os transtornos psicológicos se dão devido a uma
maneira disfuncional de indivíduos mal ajustados perceberem os
acontecimentos da realidade (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1997). A partir disso,
entende-se que a pessoa ansiosa gera imagens que levam ao aparecimento de
sintomas fisiológicos para alimentar o sistema ansioso e estes interferem nas
possíveis estratégias que ela normalmente teria para enfrentar a situação,
fazendo-a distorcer acontecimentos inofensivos ou pouco perigosos. Dessa
forma, a TCC aplicada ao tratamento da ansiedade visa reduzir esta ansiedade
mostrando ao paciente como perceber, avaliar, alterar e ter controle sobre os
pensamentos desestruturados que provocam e reforçam o estado ansiogênico,
como citado por Hawton, Salkovskis, Kirk e Clark (1997). Além disso, é
importante destacar sobre a abordagem terapêutica:

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“O tratamento também está baseado em uma conceituação, ou
compreensão, de cada paciente (suas crenças específicas e
padrões de comportamento). O terapeuta procura produzir de
várias formas uma mudança cognitiva - modificação no
pensamento e no sistema de crenças do paciente - para produzir
uma mudança emocional e comportamental duradoura.” (J. Beck,
2013, p. 22).

Mapa Multidimensional da Vida:

INFÂNCIA:

Sem relatos.
ESCOLARIZAÇÃO:

Ensino fundamental completo

DOENÇA:

Sem relatos.

Somente cuidados preventivos.


TRABALHO:

Empregada doméstica

RELAÇÕES AFETIVAS:

Atualmente vive com um


companheiro que não é o pais dos
CIDADE:
seus 04 filhos.

Jaboatáo dos Guararapes/PE

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Método de projeção temporal

1.1. Dimensões básicas:


Dimensão Corporal
A paciente se apresentou visivelmente saudável fisicamente, entretanto,
não demonstrava muito autocuidado com sua aparência. Foi perceptível
um abalo emocional e um certo nervosismo da paciente ao entrar na sala.
Seus pertences e documentos estavam todos jogados em uma bolsa, na
qual ela passou uma parte de tempo tentando encontrar seu RG. Se
mostrou inquieta, ansiosa e um alto nível de preocupação.

Dimensão Psicossocial

A paciente apresenta vínculos familiares em estado de alerta, visto que


tem enfrentado diversas dificuldades nos relacionamentos com os filhos
e extrema insatisfação com o relacionamento amoroso que está
envolvida. Não relata em nenhum momento vínculos com os pais.

Dimensão Instrumental

V.L tem autonomia, ela pode ir e vir, não tem limitações nesse sentido.
Trabalha de segunda à sábado e em alguns domingos como empregada
doméstica, sendo essa, a sua renda principal para o sustento do seu lar.
Entretanto, queixa-se da falta de tempo para outras atividades.

1.2. Etapas de ação:

Ações de Reparação

Realização de psicoterapia breve onde a paciente teria seu espaço para


ser ouvida e se sentir acolhida.

Ações de Potenciação

Acompanhamento terapêutico visando o desenvolvimento do


autoconhecimento para que a pacienta possa descobrir seus pontos
positivos e aprimorá-los.

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Ações de Emancipação

Elaborar um planejamento de rotina e cronograma de atividades para que a


pacienta consiga desfrutar do seu tempo livre da melhor forma possível,
praticando o autocuidado e fortalecendo seus vínculos familiares.

Ação/Dimensão Reparação Potenciação Emancipação

Corporal Psicoterapia Autoconfiança Colocar a si


breve como prioridade

Psicossocial Terapia familiar Carinho e afeto Relações


saudáveis

Instrumental Planejamento de Fortalecendo a Autonomia


rotina independência sobre seu tempo

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5. METAS E ACOMPANHAMENTO
METAS DE CURTO PRAZO
HÀ QUEM A
RESPONSÁVEL PERÍODO DE
Nº OBJETIVOS METAS AÇÃO PERIODICIDADE LOCAL AÇÃO É
TÉCNICO REAVALIAÇÃO
DIRECIONADA
01 Trabalhar preocupação
excessiva, cobrança Reparar os desgastes
sobre a criação dos emocionais e recuperação Psicoterapia Semanal CISBEM Psicólogo 30 DIAS
filhos e perda de de identidade. V.L.S
identidade.

02 Elevação da autoestima e V.LS


Diminuir o nível de Práticas de exercícios 2-3 vezes na
melhora do CESI Personal Trainner 30 DIAS
ansiedade e estresse físicos semana
condicionamento físico.

METAS DE MÉDIO PRAZO


HÀ QUEM A
RESPONSÁVEL PERÍODO DE
Nº OBJETIVOS METAS AÇÃO PERIODICIDADE LOCAL AÇÃO É
TÉCNICO REAVALIAÇÃO
DIRECIONADA
01 Objetivo de reparar
Reparar danos de
dificuldade de Atividades externas com os
dificuldades de convivência Quinzenal À escolha X V.LS 6 meses
aproximação com os filhos
com os filhos.
filhos.

METAS DE LONGO PRAZO


HÀ QUEM A
RESPONSÁVEL PERÍODO DE
Nº OBJETIVOS M ETAS AÇÃO PERIODICIDADE LOCAL AÇÃO É
TÉCNICO REAVALIAÇÃO
DIRECIONADA
01
Trabalhar o Alinhamento familiar,
fortalecimento de melhor relacionamento Terapia familiar Quinzenal CREAS Psicólogo 12 MESES
vínculo familiar. com os filhos V.LS

____________________________
Técnico de Referência

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EVOLUÇÃO DO PTS
Registro:
Unidade de Saúde: CISBEM
Prontuário:
Nome: V.L.S
AÇÃO E ATORES OBJETIVO
DATA INDICADORES RESULTADOS
ENVOLVIDOS ALCANÇADO
Estabelecer ambiente Criação de elo
Sessão de Estabelecimento do confortável para com a paciente e
03/08/2022 psicoterapia com rapport e ficha escuta e estabelecimento
psicólogo. anamnese. levantamento de de rotina
dados do paciente. terapêutica.
Absorção da
Escuta inicial
Sessão de Acolher a paciente e queixa inicial e
abrangendo o
10/08/2022 psicoterapia com partir da queixa início do
relacionamento
psicólogo. inicial. processo
familiar.
terapêutico.
Aplicação da Compreensão
Sessão de Ser compreensiva
técnica: Padrões dos
17/08/2022 psicoterapia com com as próprias
duplos (dois pesos, pensamentos de
psicólogo. dificuldades.
duas medidas) autocobrança.
Diminuição dos
Perceber as ações pensamentos de
Sessão de Aplicação da
positivas que são autocritica e
24/08/2022 psicoterapia com técnica: Lista de
feitas por ela durante percepção mais
psicólogo. méritos.
a semana. clara de suas
qualidades.
Equilíbrio nos
Obter uma percepção níveis de
Sessão de e perspectiva maiores satisfação da
Uso da técnica:
31/08/2022 psicoterapia com em relação às esferas sua vida,
Roda da vida.
psicólogo. que fazem parte do reflexão sobre
seu dia-a-dia. prioridades e
objetivos.
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ALTA: Alta terapêutica ( ) Desligamento ( )
Observações:
A paciente continuará realizando o acompanhamento terapêutico.

Jaboatão dos Guararapes, 01 de Setembro de 2022

PSICÓLOGO

Técnico de Referência

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6. CONCLUSÃO
A proposta de construção do Projeto Terapêutico Singular, em colaboração com
o usuário, teve um papel importante em nosso processo acadêmico. Ele foi
desenvolvido a partir do processo de escuta e acolhimento em um plantão, em cima
da demanda trazida pela paciente em questão. Foi elaborado preenchimento de um
questionário através do rapport que ajudou a dar um norte de todo o contexto trazido
pela paciente dentro do processo. Ao discorrer, analisamos toda demanda
apresentada em sua singularidade visualizando sua integralidade, potencialidades,
estilo de vida, relacionamentos, crenças e outros fatores que norteam a paciente em
seu contexto (físicos, econômicos, sociais e emocionais), e, finalmente,
considerando as necessidades identificadas. Vale destacar também que o
desenvolvimento de um plano de cuidado baseado no PTS estabeleceu um
processo de aprendizagem não só para a paciente, mas também para nós,
acadêmicos e futuros profissionais na psicologia. Entretanto, este trabalho
promoveu um olhar e uma certeza de que amamos o que fazemos em prol ao
próximo, que a psicologia vai muito além de teorias e técnicas, que através da escuta
e do diálogo aberto, foi possível despertar na paciente a consciência que precisa de
autoconhecimento e autocuidado, de estabelecer prioridades para ela como meta
de vida. Buscando alternativas e soluções para seu dia a dia, para seus conflitos
internos, a fim de adquirir um equilíbrio psíquico, espiritual e intelectual.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARLOW, D. H. Manual clínico dos transtornos psicológicos: tratamento passo

a passo. Porto Alegre: Artmed, 2016.

OLIVEIRA,G.N.O Projeto terapêutico como contribuição para a mudança das


práticas de saúde.Campinas-SP, 2007. Disponível em:
http://wwwlibdigi.unicamp.br/document.Acesso em: 15 de abril.2015

https://www.scielo.br/j/psoc/a/6X46nvFMKpmcLKv7HnYx76R/?lang=pt

https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&ved=2ah
UKEwjx64y_9av4AhV1GbkGHYLgBgYQFnoECBQQAQ&url=https%3A%2F%2
Fidonline.emnuvens.com.br%2Fid%2Farticle%2Fdownload%2F2103%2F3201&
usg=AOvVaw08HiSS-Qj0v_srIA7VxWBa >

WHITBOURNE, S.K. HALGIN, R. P. Psicopatologia: perspectivas clínicas dos


transtornos psicológicos. 7ª Edição. Porto Alegre, 2015.

101 Técnicas da terapia cognitivo-comportamental : [recurso eletrônico] /


organização, Jaquelini Conceição, Gabriela Bueno. – Mafra, SC : Ed. da UnC,
2020.

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