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REVISTA

DOS TRIBUNAIS
ANO 62 FEVEREIRO 1973 VOLUME 448
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Publicação oficial do Tribunal de Justiça, Primeiro e


Segundo Tribunais de Alçada Civil e Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo;
dos Tribunais de Justiça do Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro,
Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia,
Minas Gerais, Guanabara e dos Tribunais de Alçada de Minas Gerais,
Guanabara, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
UNIDADE OU PLURALIDADE DE CONTRATOS
Contratos conexos, vinculados ou coligadas.
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO E LITISCONSÓRCIO
FAC U LTAT ! VO

"Comunhão de interesses", "conexão de causas" e "afinidade


de questões por um ponto comum de fato ou de direito”.
JOSE CARLOS BARBOSA MOREIRA
Professor de Direito Judiciário Civil na Fa­
culdade de Direito da Universidade do Estado
da Guanabara

EXPOSIÇÃO da CTB e de suas subsidiárias, e a su­


1. Por instrumento particular datado pervisionar &. operação e a manutenção
de 30.9.1968. a. Standard Telephone and
dos sistemas instalados» (cláusula 1').
Cables Ltd.. sediada na cidade de Lon— Subscreveram esse segundo instrumento
dres, obrigou-se a vender e a fornecer, assim a Standard Telefones e Cabos do
e a Cia. Telefônica Brasileira a com­ Brasil Ltda. e & CTB. como &. Stan­
prar, «os equipamentos rádio, multiplex. dard Telephones and Cables Ltd., «na
cabos coaxiais, equipamento de força, qualidade de interveniente, responsabi­
mesas interurbanas, e seus acessórios ' lizando-se solidariamente com &. Stan­
l...), a serem importados do Reino dard Telefones e Cabos do Brasil Ltda.,
Unido e destinados à execução do pla­ por todas as» obrigações assumidas:
(cláusula 17').
no trienal de expansão do serviço inte­
rurbano da CTB e de suas subsidiárias» 2. A Standard Telefones e Cabos do
lcláusula 1'. 1.1). Brasil Ltda. é sociedade por cotas, com
Na mesma data, foi assinado outro sede nesta cidade, cujo ato constitutivo
foi arquivado na Junta. Comercial do
instrumento particular. pelo qual a Estado da Guanabara, sob o n. 6.666.
Standard Telefones e Cabos do Brasil
Ltda. «se obrigou a instalar todos os em 28.7.1968, isto é. dois meses antes
equipamentos (exceto os cabos coaxiais) da assinatura dos instrumentos acima
:nportados pela CTB do Reino Unido, referidos.
nos termos do contrato firmado (...) Pelo texto do instrumento de altera—
com a Standard Telephones and Cables ção de contrato social, que examinamos.
Ltd., destinado à execução do plano trie­ datado de 4.6.1969, e igualmente arqui­
.-.:ll de expansão do serviço interurbano vado na Junta Comercial do Estado da
& 52 RT-448 —— FEVEREIRO DE 1973
Guanabara, verifica—se que o capital da entre as partes contratantes. A própria
firma. inteiramente realizado, se divide redação das cláusulas é, não raro, idên­
em 10.000 cotas de Cr$ 1.00 cada, das tica.
quais 9.998 (ou sejam, 99,98%) subscri— Assim é que num e noutro instrumen­
tas pela Standard Telephones and Cables to se regulam em termos inteiramente
Ltd., uma (0,01%) pelo Sr. John Mau­ iguais a relevância dos documentos anc­
rice Edgerton e uma (0,01%) pelo Sr. xos (cláusula ?, 2.2), o modo de solver
Gerald Scear (arts. 2º da alteração con­ dúvidas ou divergências entre eles e o
tratual e 4º dos estatutos consolidados). texto contratual, bem como divergên­
3. Na petição inicial da ação ordina— cias dos anexos entre si (2.4), a limita­
ria proposta pela Standard Telcphones ção dos preços e forma. de assegura-ia
and Cables Ltd., e pela Standard Telefo­ (7.4 no lº instrumento, 10.2 no 2“), a
nes e Cabos do Brasil Ltda., de que nos transferibilidade do contrato (cláusulas
foi fornecida cópia, lê-se: «1. Após lon­ 11' do lº instrumento, 13' do segundo).
gas c cuidadosas negociações durante o a resilição ou suspensão (cláusulas 12'
biênio de 1967-68, a 1' suplicante (Stan­ do lº, 15' do 2º), o procedimento ado­
dard Telephones and Cables Ltd.), e a tãvel para dirimir as dúvidas e contro—
1' suplicada (CTB) concordaram com vérsias entre as partes (cláusula com­
os termos de um contrato baseado no promissória — 14.1 no 1º instrumento,
modelo comumente utilizado pela Em— 16.1 no 2“). a. eleição do foro (14.2 no
bratel (...), para o fornecimento e ins­ 1º,,16.2 no 2ª).
talação dºs equipamentos necessários à. As cláusulas que, num e noutro ins­
CTB (...), e suas companhias subsidiá— trumento, não apresentam tal corres­
rias para implementação do piano trie­ pondência são aquelas onde se dispõe
nal de expansão de telecomunicações in­ sobre as prestações reciprocamente
terurbanas, plano ate que havia sido complementares a que se obrigaram, pe­
previamente aprovado pelas altas auto­ rante a CTB, a Standard Telephones
ridades do Gºverno brasileiro. and Cables Ltd. e a Standard Telefones
«2. Foi acordado, entretanto, que o e Cabos do Brasil Ltda, — a saber, for­
contrato básico'estabelecido entre as necimento e instalação de equipamen­
contratantes deveria ser dividido em tos, respectivamente -— bem como sobre
duas partes: uma delas designada como as contraprestações devidas pela CTB.
Parte A (documento n. 1), compreen­ 5. Em 29.3.1971. alegando descum­
dendo os trabalhos a serem efetuados primento do contrato por parte da Stan—
fora do 'Brasil, e a outra denominada dard Telephones and Gables Ltd., a CTB
Parte B (documento n. 2), na qual está. promoveu-lhe a'notificação para resili­
descrito o trabalho a ser efetuado no ção, nos termos da cláusula 12' do ins­
Brasil. trumento n. 1. «In verbis»: «... uma
(3. As razões para dividir o contrato vez que está. caracterizada a culpa con­
em duas partes foram as seguintes: a) tratual da notificada, requer a notifica—
a pedido das autoridades financeiras do çâo desta (...), para o fim de declarar
Governo da Inglaterra, o Governo bra­ rescindido, por inadimplemento da noti­
sileiro garantiu os compromissºs de pa­ ficada, o contrato caracterizado nesta
gamento da 1' suplicada (CTB) relati­ petição» (n. 17, princípio, da petição de
vos a equipamentos e serviços a serem notificação).
fornecidos fora do Brasil; e b) nos ter­ Com'o consequência da resilição, deve­
mos das leis brasileiras e para melhor ria a standard Telephones and Cables
cumpri-las, foi exigido da 1' suplicante Ltd., sempre nos termos do requerimen­
_criar uma empresa distinta, com a fi— to de notificação, (sustar (...) quais­
nalidade de executar os trabalhos que quer embarques de materiais (.. .), sob
seriam realizados no Brasil, razão pela pena de recusa da mercadoria» (n. 17.
qual essa empresa deveria ser brasileira a). Outros efeitos e cominações, que não
e ter sede aqui.» interessam tão de perto ao nosso pro—
4. O exame dos instrumentos assina— blema, constam das letras cb) a ci» da
dos em 30.9.1968 evidencia tratar-se de petição. de que igualmente nos foi for­
duas réplicas do mesmo e único modelo, necida cópia.
existindo perfeito paralelismo na disci­ 6. Em 29.4.1971, a Standard Tele­
plina fixada em ambos para as relações phones and Cables Ltd. e a standard
(.
CONSULTAS E PARECERES (CIVEL) 53
I'vlc-fones e Cabos do Brasil Ltda., em PARECER
lliim'onsórcio, ajuizaram ação ordinária 1. É questão de interpretação contra­
mmm a CTB e a Uni㺠Federal. Veri­ tual a de saber se nos instrumentos
iln'n se da leitura da inicial: subscritos em 30.9.1968 se cºrpºrificam
:|) que as autºras atribuem à. CTB realmente dºis cºntratos distintos ºu
" descumprimento de obrigações assu­ um contratº único, dividido, «commodi—
mldns. quer por força dº instrumento tatis causa», em duas partes. De tal
" 1 (subscrito pela Standard Telephº­ quest㺠só nºs ocuparemºs na medida
Nun nnd Cables Ltd, e pela CTB). quer indispensável à. sºlução do problema de
pur força do instrumentº n. 2 (subscritº índºle processual, sobre que versa es­
|ml' ambas as autoras e pela CTB); pecificamente & cºnsulta formulada.
I)) que consideram injustificada a A doutrina tem assinaladº a dificul­
rruiilç㺠pela CTB. através da notifica­ dade que muitas vezes se encºntra em
çnu feita à primeira autora; reconhecer a. ºcºrrência de nulidade ºu
e) que entendem tai resilição corno de pluralidade de negóciºs jurídicºs (v.
nbrungente não só do instrumento n. 1, Enneccerus, in «Tratadº de Derecho Ci­
uma também do instrumento n. 2 —— dc­ vil»; de Ennecccrus —— Kipp — Wºlff.
-lunudºs, respectivamente. por Parte A «Derecho de Obligaciones», vºl. II. 2'
e Parte B — pois, a seu ver, se trata ed., Barcelona: 1950. Dil-Ss. 5-6; Messi­
de «partes integrantes de. um mesmo neo, «Ii contrattº in genero», tomº I;
contratº, subdivididº por conveniência no «Trattatº di Dirittº Civiie e Cºn-imer­
dos cºntratantes), e «a execução de ciaie», de Cicu-Messineº, vol. XXI, Mi­
qualquer uma das obrigações da Parte lãº, 1968, págs. 702 e segs.; Scognami­
li nº será possivel se houver concomi— giio, verbete «Coilegamentº negºziaie»,
inntemente a execuç㺠da Parte A» (n. in «Enciclopedia dei Diritto», vol. VII/
21 da inicial). 376). Acs critériºs puramente extrínse­
Podem as autºras o ressarcimento dos cos de distinç㺠n㺠se atribui relevân­
«Innes causadºs pela inadimplência da cia decisiva: a unidade n㺠fica preex­
(“TB e pelo imotivado rompimento dº ciuida pelº mero fato de haver «due o
contrato. ph“: document! probatori cºntratuali, an­
che se nºn cºntestuaii». e vice-versa
7. Na cºntestação da. CTB. de que (Mcssineo, ob. e tºmº ci-ts., pág. 705;
iumbém examinamos cópia, argúi—se, gritado nº ºriginal).
preliminarmente, a inadminibiiidade do 2. A circunstância mesma de ser um
litiscºnsórciº ativo. Para tanto, afirma­ dºs instrumentºs subscritº por pessoa
no que nºs dois instrumentºs assinados que n㺠subscreveu o ºutrº, pºr si só,
em 80.9.1968 se consubstanciam, na rea­ tampouco será. bastante para que se in­
ildnde. contratºs distintºs. e autônomºs. fira cºm segurança a existência de dois
niiº só pºrque celebradºs entre partes negóciºs diversºs. Na espécie sºb exa­
diferentes, mas ainda porque diversas me, cabe acentuar que:
lll respectivas naturezas e objetos. a) a standard Teiephones and Cabies
Dni se conciui que, «na hipótese de Ltd. subscreveu ambºs ºs instrumentos.
ilwxecução contratual. º,inadimpiemen­ assumindo, consºante a cláusula 17' do
lo de um dos cºntratos independe da ? instrumento (que as autoras desig­
Iumiimplência que ocºrrer no outro. e nam por Parte (B»), responsabilidade
os motivos de rescisão ser㺠sempre. a sºlidária com & Standard Telefºnes e
evidência, diferentes» (n. 5 da contes­ Cabos de Brasil Ltda., por tºdas as
inçiiº). Conclui-se, mais, que, (se as obrigações que esta assumiu;
partes, em cada um daqueles contratos b) a Standard Telefºnes e Cabºs dº
podem acionar ºu ser acionadas isola­ Brasil Ltda., embºra tenha fºrmalmen­
damente. n㺠se configura, no caso, um te personaiidade juridica autônoma. fºi
|||). elementºs característicos dº litis­ criada comº instrumentº de atuaç㺠da
mmnórciº necesariº, que é º da obri­ Standard Teiephºnes and Cabies Ltd..
ntoriºdado da presença de todºs os in­ que lhe detém 99,98% do capital social.
inn-usados. indispensável & eflcâcia da De acordo cºm o que se lê na inicial.
solitnnp» (n. 6 da contestação; grifos a criação da Standard Telefones e Ca­
llu ºriginal). bos do Brasil Ltda. representou expe­
64 RT-HB — FEVEREIRO DE 1913
diente de ordem prática, utilizado para sara la regola); ma e possibile che —
atender a imposições legais especificas. se tale interesso sia complesso. o non
As tratativas preliminares foram todas suscettibile di essere realimto «uno
mantidas entre a CTB e a Standard Te­ , actu», o se piu intel-essi siano fra loro
lephones and Cables Ltd. Não fossem as connessi — le parti facciano rieorso a
dificuldades particulares ligadas a re— plú (di regola, due) contratti; i quali,
gulamentação da matéria no ordenamen­ naturalmente, restano connessl, in vis­
to brasileiro, teria a própria firma in­ ta, appunto, dell'unità. dell'interesse, o
glesa assumido o encargo integral, obri­ della connessione fra i piu interessi e,
gando-se a prestar não somente o for­ quindi. della finalità definitiva da con­
necimento do material necessário, mas seguire» (ob. e tomo cits., pág. 723; gri—
também a respectiva instalação, como fado no original).
em regra acontece. Acentuam os autores que não e es-.
3. A melhor doutrina recomenda que sencial a vinculação externa dos negó­
se atente, para discernir entre os casos cios, bastando que as recíprocas pres­
de unidade e de pluralidade de negócios, tações tenham sido pactuadas como ele—
no «elemento della causa o funzione mentos que se coordenam, na intenção
economico-sociale» (Scognamiglio, verbe­ das partes, em vista do fim comum que
te cit.. pág. 378). Na espécie, é incon­ se quer atingir. Algumas vezes, haverá
testável que os direitos e obrigações dependência bilateral, de sorte que cada
previstos nos dois instrumentos foram um dos contratos só existe em função
concebidos e avençados como meios do outro; mas pode haver também de­
para a consecução de um fim comum. pendência unilateral, se um dos contra­
Ressalta ao primeiro olhar a unidade tos pressupõe o outro sem que a reci­
teleológica. proca seja verdadeira. Na segunda hi—
Queria, com efeito, a CTB executar pótese. a conexão não fica excluída pelo
o plano trienal de expansão de teleco­ fato de serem diversos os sujeitos dos
municações interurbanas. Para tanto. contratos: assim, expressamente, Messi­
precisava de bens e de serviços. Uns e neo, ob. e tomo cits., pág. 725, que
outros podiam ser-lhes oferecidos pela acrescenta ser suficiente a coincidência
Standard Telephones and Cabies Ltd. So­ quanto a uma das partes.
bre uns e outros desenvolveram-se as 5. Na espécie sob exame. a conexão
negociações entre ambas. Contingências — senão a unidade — salta aos olhos
formais levaram à bipartição instru­ do intérprete. que por força da óbvia
mental de! uma operação que, em subs— convergência finalistica das prestações
tância, permanece una, como uno per­ ajustadas; quer à luz da vontade ex—
manece. em substância, o acervo de in­ pressamente manifestada pelas partes
teresses concentrado-na pessoa da Stan­ na. cláusula 1' do instrumento n. 2
dard Telephones and Cables Ltd., não (subscrito tanto pela standard Telefo­
obstante a constituição da Standard Te­ nes c Cabos do Brasil Ltda. quanto pela.
lefones e Cabºs do Brasil Ltda.. sua Standard Telephones and Cables Ltd. —
«longa manusr. além, é claro, da CTB), onde se lê:
4. Se não se reconhecer a unidade «1.1. Pelo presente instrumento a
contratual, não se fugira, em todo ca­ Standard Telefones e Cabos do Brasil
so. a caracterização dos contratºs co­ Ltda. se obriga a instalar todos ºs equi­
mo conexos. vinculados ou coligados. pamentos (exceto os cabos coaxiais) im­
Sob easas e outras denominações de portados pela CTB do Reino Unido. nos
teor aproximado, capitulo. a doutrina os termos do contrato firmado nesta data
negócios jurídicos «queridos solo como com a Standard Telephones and Cables
un todo. o sea en recíproca dependen­ Ltd., destinado a execução do plano
cia, 0 al menos de manera que uno de— trienal de expansão do serviço interur­
penda del otro y no éste de aquél» (En­ bano da CTB o da suas subsidiárias, e
neccerus, ob. e vol. cits., pág. 6). A supervisionar a operação e a manuten­
moderna literatura eivilistica dá. espe— ção dos sistemas instalados.»
cial atenção ao fenômeno. Leia-se a li­ Mostra o trecho gritado, com solar
ção de Measineo: «E certamente possi­ clareza, que a contratação dos serviços
bile che l'interesse economico unitário de instalação se destinou exclusivamen­
sia appagato da un contratto unico (e te, na intenção das partes, a ensejar a
CONSULTAS E PARECERES (CIVEL) 55
efetiva utilizaçâo, pela CTB. dos mate— primo sl comunica al secondo» (eb. e
riais fornecidos de acordo com e ins­ tomo cits.. pág. 73, grifos do autor); e
trumento n. 1. Isolado. o instrumento Enneccerus, cujas palavras se aplicam,
n. 2 não tem sentido inteligível. Ele com justeza de luva, à. hipótese dos au­
prmsupõe necessariamente o outro. A tos: «Sl conforme e este se ha querido
atuação prática das relações por ele una relación de dependencia, no es só—
criadas entre as partes é inconcebível lo la validez de un contrato lo que de­
sem a atuação prática. prévia. ou simul­ pende de la validez del otro, sino que,
tânea, das relações criadas entre as par­ según la prasumible intención de las
les pelo instrumento n. 1. partes. la revocación de un contrato lm­
A Standard Telefones e Cabos do Bra.­ plicará. tambiem la revocaeión del otro»
sll Ltda. não poderá. continuar a pres— (ob. e tomo cita, pág. 6).
tar serviços de instalação dos «equipa— 7. As precedentes considerações, re­
mentos importados pela CTB do Reino lativas &. tópicos de direito material,
Unido, nos termos do contrato firmado eram imprescindíveis para a fixação das.
(...) com a Standard Telephones and premissas em que se tem de assentar
Cables Ltd.», se tais equipamentos del­ a solução do problema processual. ati—
xarem de ser importadºs. Cessando o nente à. legitimidade ou ilegitimidade do
antecedente. cessa. e consequente. A litisconsórcio ativo entre a Stande Te­
existirem dois contratos. e não um úni­ lephones and Cables Ltd. e a Standard
co. 6 fora de dúvida, de qualquer me— Telefones e Cabos do Brasil Ltda.
de, que este não pode subsistir sem A regulamentação do listiconsórcio no
aquele. art. 38 do CPC. com efeito, por valer-se
o. Se se recorrer, ainda uma. vez, às de fórmulas demasiado amplas e im­
luzes da doutrina, vcr—se-á. que ela su­ precisas — como as de «comunhão de
blinha a importância prática da noção interesses», «conexão de causas» e «afi­
(ie contratos conexos (ou coligadas, ou nidade de questões por um ponto co—
vinculados) exatamente na. perspectiva mum de fato ou_ de direito» — tem dado
da influência que as vicissitudes sofri— ensejo a notórias incertezas e vacila­
das por um deles são capazes de exer­ ções doutrinárias e jurisprudenciais.
t'ur sobre o outro. Betti, por exemplo. São frequentes as dúvidas sobre 0 cor­
depois de observar que o nexo de in­ reto enquadramento de figuras litiscon­
ivrdcpendência recíproca ou unilateral sorciais concretas numa das três mol—
entre negócios jurídicos «puõ, anzitutto. duras iegais, com sérias consequências
rinuitaro oggettivamente dallo stesso práticas. ante a diversidade das res—
eontenuto economico-sociale del rispetti­ pectivas disciplinas: indispensabilidade
vo regulamento d'interessi», ensina que do litisconsórcio num caso; admissibili­
lui nexo, «in caso di soppravenuto im­ dade no segundo, independentemente da
pedimento o impossibilita di attuazione, anuência da parte contrária; sujeição &.
pub giustificare una reazione sia del tal concordância. no último.
ungozio principale sull'acessorio, sia in Ora. a determinação das pessoas que
«mmo inverso, dell'acessorio sul princi— devem ou podem ser partes principais
pale. anche senza bisogno di una: consa­ no processo é operação que necemria—
|wvole previsione e pattuizione dello mente reflete dados da própria lide. ca­
parti» ((Teoria Generale, del Negozio racteristicas da situação jurídica subs­
(liuridico». Turim, 1952. pág. 306). E tanclal deduzida em juízo. Dai dizer-se,
acrescenta: «Nel rapportl fra. le parti. com inteiro acerto, que «não é o nexo
quando l'assetto d'interessi avuto di ml— entre as ações, mas o nexo entre as
rn col due negozl sia concepito como pretensões (de direito material ou, ex­
una unità. economica, basta questo nesse cepcionalmente, de direito processual)
tilnzlonale a. far si che lo svolglmento que enseja a formação do litisconsórcio»
« lu vloendo dell'un negozio si rlpercuo— (Machado Guimarães, (As três figuras
uma sul negozlo collognto» (idem, ibi­ do litisconsórcio», in «Estudos de Di­
civil]; sem grifo no original). reito Processual Civil», 1969, pág. 210).
No mesmo sentido, cverbi gratia», Bem compreendidas. as fórmulas do
Mc'uineo, para quem, ainda na vincula— art. 88 espelham uma graduação de in­
uno unilateral, em que o contrato de­ tensidade decrescente no laço que pren­
pendente se considera como acessório ou de as posições jurídicas das partes con­
.mxiliar do outro, «og-ni vioenda del sorciadas em relação ao objeto do pro—
56 RT-448 —— FEVEREIRO DE 1973
cesso. a «res in iudicium deducta». A timidade das partes: legitimados são aí,
escala vai do grau máximo, em que os com efeito. os (:o-titulares em conjunto,
litisconsortes se apresentam como co-ti­ não cada. um deles em separado.
tulares da relação jurídica litigiosa (eco­ Confira-se. na jurispudência, este
munhâo de interesses»), até o grau mí­ acórdão da Terceira Câmara Cível do
nimo, em que não há propriamen­ Tribunal de Justiça do Estado da Gua—
te vinculação, mas simples analogia ou nabara, de que foi relator um mestre
paralelismo entre as relações jurídicas de direito processual. o Des. Guilherme
litigiosas de que se apresentam como Esteilita, e que parece redigido com os
titulares os litisconsortes («afinidade de olhos na hipótese vertente: «Segundo o
questões por um ponto comum de fato nosso direito positivo, o litisconsórcio é
ou de direito»). No grau médio, situam­ necessario, ativo ou passivo, quando há.
—se as hipóteses de relações jurídicas li­ entre o autor, o réu e outras pessoas
tigiosas distintas, porém vinculadas comunhão de interesses sobre o objeto
(«conexão de causas»). do litígio (CPC, art. 88). Que essa co­
8. Aplicando-se essas noções à. espé­ munhão existe num contrato bilateral,
cie doe autos, desde logo se _verifica entre todos os contratantes do uma par­
que, a reconhecer-se a unidade contra­ te. a todos os da outra. parece não ser
tual, o litígio versará sobre o inadim­ preciso demonstrar. A; subsistência do
plemento e a ruptura de um contrato, contrato interessa a todos quantos o
com a consequente pretensão à compo­ concluíram, pois dele nasceram não só
sição de perdas e danos. A Standard obrigações comuns, mas ainda e sobre—
Teiephones and Gables Ltd. e a Stan­ tudo direitos» (apelação civel n. 17.556.
dard Telefones e Cabos do Brasil Ltda. 5.7.1962. in «Revista de Jurisprudência
serão co-titulares, da relação jurídica do Tribunal de Justiça do Estado da
deduzida em juízo. Estará satisfeito o Guanabara». vol. 5/152; sem grifo no
pressuposto apontado por Pontes de Mi­ original).
randa, quando assinala que: «O Código A conclusão, pois. é esta: a admitir­
preferiu considerar necessários todos os —se a existência de um único negócio
litisconsórcios baseados na comunhão de jurídico, as duas sociedades, a inglesa
interesses. Quer dizer: a lei processual e a brasileira, não apenas podiam, mas
considera indispensável sempre que a deviam propor consorciadas a ação (art.
pretensão dos litisconsortes ou contra 88, 2' alínea, principio. «verbis»: «Não
os iitlsconsortes se funda na mesma re­ poderão as partes dispensa-lo»).
laçâo juridica) («Comentários ao Códi— 9. Resta ver como se passarão as
go de Processo Civil», 2' ed., tomo II. coisas se se preferir caracterizar os
pág. 102; grifos do original). dois documentos de 30.9.1968 como las­
Salvo nos casos — nenhum dos quais trumentos de contratºs distintºs. Nesta
ocorre aqui — em que a lei. excepcio­ perspectiva, o dado fundamental. que
nalmente, permite a um único dos co­ se há. de ter em vista. é o de que os
-titula.res comparecer sozinho a. juizo contratos, distintºs que se reputem.
na defesa do direito comum (exemplo: serão, porém, em todo caso, conexos.
solidariedade, condomínio), a pluralida­ vinculados ou coligados, correndo, se
de de sujeitos na relação jurídica liti­ gundo se pôs em relevo (supra, ns. 4-6).
giosa determina a indispensabiiidade do relação de dependência entre o corpo—
litisconsórcio (Machado Guimarães. ob. rificado no 2º instrumento e o consubs­
cit., págs. 207-8; Calmon de Passos, «Do tanciado no 1'. além da. convergência
litisconsórcio no Código de Processo ' finalistlca de ambos.
Civil». Salvador, 1952, págs. 19, 29-30.
32; J. C. Barbosa Moreira, «0 litiscon­ Curvado ao peso de longa tradição,
sórcio e seu duplo regime. in «Direito emprega o art. 88 do vigente diploma
Processual Civil), Rio, 1971. págs. 41—2: processual. som defini-la — e nenhuma
Jorge Lafayette Pinto Guimarães. in outra regra legal supre a omissão —
«Diário Oficial», parte III. do Estado da uma expressão tão corriqueira quão
Guanabara, de 25.2.1971, pág. 2.740). Os equivoco. a de (conexão de causas». A
vários sujeitos que juntos figuram no tal respeito. a classica.eiaboração dou­
plano substantivo têm de figurar jun— trinária. como se sabe. é construída so­
tos no plano processual. sob pena de bre o esquema dos três elementos de
não ficar satisfeito o requisito da legi­ identificação das ações — sujeitos
CONSULTAS E PARECERES (CIVEL) 57
i-pr-rsonae»). objeto («res»)/e funda­ nos termos em que é levada, por meio
lm-nto («causa petendi») — consideran­ da demanda. à. cognição do juiz. A
ulnme iguais as ações em que haja coin­ cláusula grifada merece atenção: o pro­
cidência total. e conexas aquelas em que blema da admissibilidade do litiscon­
haja coincidência parcial dos elementos. sórcio. como problema atinente não a
Não falta quem impugne, na moder­ definição do litígio, mas apenas à ins­
na literatura processual, estrangeira e tauração regular do contraditório. tem
Inrnsileira (v. nesta, por exemplo, Bueno de ser enfrentado e resolvido fazendo-se
Vidigal. «A conexão no Código de Pro­ abstração de serem, ou não, verdadeiras
rvnso Civil brasileiro», in «Revista de as alegações das partes, de serem, ou
Direito Processual Civil», vol. 2/5 e não, fundadas as suas pretenções. Como
nega.: Tomas Para Filho, «Estudo so­ explica Machado Guimarães, ob. cit.,
bre a conexão de causas no processo pág. 210, «para decidir da admissibilida—
rlvil», São Paulo, 1964. apassim». espe­ de do litisconsórcio deve o juiz cingir­
c-Inlmente capítulos III, IV e IX), & -se ao exame da situação jurídica tal
própria validade teórica dessa constru­ como é afirmada pelas partes, admi­
çi'uo. O que 'mais importa acentuar, po­ tindo, provisoriamente, que .«vera slnt
rem. é que a lei em vigor, deixando exposita», sem se pronunciar sobre a
lntencionalmente de conceituar a figu­ real existência da situação alegada».
rn. abre ao intérprete'espaço livro para Na. espécie, as autoras sustentam que
ajustar-lhe a compreensão, na exegese a notificação feita pela CTB rompeu o
do art. 88, às necessidades decorrentes contrato único formalizado nos dois ins—
da finalidade prática do instituto do ll­ trumentos; que a CTB descumpriu esse
tisconsórclo. Pode-se, assim, continuar contrato: que deve ressarcir os prejuí­
a falar de uma conexão «stricto sensu», zos causados. Aceito o entendimento da
definida nos termos tradicionais, sem unidade contratual, como já. se mostrou,
por isso restringir demasiado — ao ar­ a conclusão seria a da necessarledade
repio das óbvias razões de conveniência do litisconsórcio. A admitir-ee a exis­
e utilidade que lhe inspiraram. nessa tência de dois contratos conexos. assim
parte, a redação — o campo de incidên— se traduzirão as a.firmaçõa da. inicial:
cia da norma do art. 88. a CTB. mediante a notificação, resiliu
E ainda Machado Guimarães. ob. cit., não apenas o lº contrato (designado pe­
pág. 210, que proclama evidente «a in— las autores como Parte (A.»). mas tam­
nuflciêncla (e, em certos casos, a inad­ bém o 2º contrato (designado como Par­
lnlnibilidade) do conceito de «conexão te (B»), que pressupõe aquele e não
de causas» como fonte do litisconsór­ pode subsistir se ele cessa (v. supra, n.
cio»; reporta-se o ilustre autor, ao pro­ 5); descumpriu a CTB, por outro lado,
pósito. a. exemplos que ministrara Car­ os dois contratos conexos; deve ressarcir
nuluttl, e aos quais acrescenta outro. os prejuízos causados pela injusta resi­
Cumpre reconhecer que, em regra, a lição e pelo inadimplemento.
identidade parcial dos elementos de in­ Se, em tudo isso, assiste razão às
dividualização das ações — excetuada. autoras, 6 matéria de mérito, que será.
li claro. a dos sujeitos, inconcebível objeto de cognição e decisão à luz das
em se tratando de litisconsórcio, isto é, provas e das normas de direito material
de pluralidade de autores ou réus — aplicáveis à. hipótese. Não nos ocupa­
da ensejo à. propositura. conjunta por 'mos aqui desse aspecto. Cabe-nos uni­
várias pessoas ou contra varias pessoas, camente dizer se. à vista do exposto,
vom fundamento na 2' parte do art. 88. e considerados os termos em que a lide
Mas, pode haver casos em que, mesmo está sendo deduzida em juízo, se legi­
sob tais circunstâncias, fique excluída tima a invocação do art. as, «verbis»:
a admissibilidade do litisconsórcio, co­ «conexão de num, para justificar o
lno os pode haver em que, mama fora litisconsórcio entre a Standard Telepho—
delas, a 2' parte do art. 88 seja invo­ nes and Gables Ltd. e a Standard Te—
nivel para legitimar a coligação das lefones e Cabos do Brasil Ltda.
partes. E irrelevante, portanto, a possibilida­
10. O critério decisivo, aqui como de de vir o juiz, na sentença definitiva,
alhures, há. de ser o que, resulte da a afirmar ou negar a injustiça da resi—
análise da situação jurídica substancial, lição unilateral pela CTB, o inadimple­
58 RT—MB — FEVEREIRO DE 1973
mento contratual por parte desta, ou o tão que se discute quanto ao litiscon­
dever de compor perdas e danos. E ir­ sorte B. Em outras palavras: nos iti—
relevante, até, a eventualidade de vir &. nerários mentalmente percorridos pelo
julgar-se procedente o pedido quanto a. juiz, para decidir sobre o pedido de A
uma das autoras e improcedente quanto e para decidir sobre o de B (figura—se
a outra: não está em causa, com efeito. aqui a hipótese de litisconsórcio ativo).
a unitariedade do litisconsórcio (CPC. bá._um passo comum, suscetível de utili­
art. 90). mas apenas e. sua irrecusabi­ zar-se como premissa tanto na decisão
lidade pela parte contrária. isto é, a em face de A como na decisão em face
admissibilidade de sua formação inde­ de B. Isso, em essência, é que a lei quer
pendentempnte da aquiescência da CTB. dizer com a fórmula imprecisa e tecni­
como corolário do fato de fundar—se ele camente criticávei da «afinidade de
na conexão (art. 88. 2' parte, «verbis»: questões por um ponto comum de fato
«não poderão recusa-lo quando requeri­ ou de direito».
do por qualquer deles...»). 12. Veja-se o exemplo imaginado
11. As considerações formuladas em por Pontes de Miranda: «Se A discute
o n. 9, acima, autorizam resposta afir­ com C, perante o juízo de uma Vara.
mativa à questão que se nos propõe. O digamos a Vara X. se determinado arti­
cpunctus pruriens» consiste aqui em go de lei é imperativo, ou é dispositivo.
distinguir nitidamente os prmsupostos e vem a saber da. existência de tal pro­
do litisconsórcio irrecusável (ou impro­ cesso contra C. em vez de levar o seu
priamente facultativo) e do litisconsór­ pedido à Vara 2, pode B estabelecer o
cio propriamente facultativo —— ou seja. seu litisconsórcio com A. Esse litiscon­
da segunda e da terceira figura do art. sórcio é inicial ou ulterior. Tal forma
88. Repousa a distinção sobre a dife— de litisconsórcio permite a C propor a
rença que ocorre, no confronto de am­ ação contra A, contra B e contra todas
bas, entre as posições jurídicas subs­ as outras pessoas que estejam em di­
tanciais dos litisconsortas, olhadas nas vergência com ele. quanto à. interpreta­
suas recíprocas relações. ção do artigo de lei do nosso exemplo.
No litisconsórcio da terceira espécie, Também A e B têm o direito de acionar,
são autônomas as posições jurídicas juntos. a C» («Comentários» cit., tomo
substanciais das partes coligadas. Existe 11/104-5).
somente analogia., entre essas posições, Quer dizer: «ex hypothesis, não há
em face da posição jurídica do litigan— nexo algum que prenda as relações juri­
te adverso. Cada um dos litisconsortes dicas entre A e C e entre B e C. Só há
A e B tem com a parte contrária C­ uma. questão — isto é, um ponto duvi­
uma relação jurídica. própria. e indepen­ doso — que, resolvida neste ou naquele
dente. Essas relações jurídicas são pa— sentido (a regra legal é imperativa; a.
ralelas, mas não se ligam uma a outra regra legal é dispositiva), serve ao juiz
por qualquer vínculo de dependência. ou de elemento para. formar sua. convicção
subordinação. Ao órgão judicial cabe já no que tange à relação jurídica en­
pronunciar-se sobre cada. qual. em se tre A e C. já. no que concerne à; relação
parado, sem que o pronunciamento jurídica entre B e C, entrando e. fazer
acerca desta repercuta praticamente so­ parte, assim, do material utilizável na.
bre o pronunciamento acerca daquela. construção das decisões sobre ambas as
O litisconsórcio é ai admitido pela. lei lides.
apenas «commoditatis causa», porque, Outros exemplos clássicos são os dos
para compor os diversos conflitos de in­ contribuintes que, tendo pago certo im­
teresses. terá o juiz de resolver questões posto, reclamam do fisco a restituição
que se põem em termos análogos, em das importâncias respectivas, argiiindo
relação aos vários co—autores ou co-réus. a inconstitucionalidade da lei institui­
Assim. a solução porventura dada a uma. dora do tributo: o dos funcionários que
questão que se discute quanto ao litis­ querem obter da Administração vanta­
consorte A — por exemplo: e'. ou não. gens análogas — «verb! gratia», a pro­
inconstitucional a lei de cuja incidência moção de cada qual à. classe superior;
se cogita? É ou não, verdadeiro o fato e asim por diante. E total a indepen—
cuja ocorrência se alega? —- revela-se dência entre as relações juridico-tribu­
logicamente aproveitável para a. ques­ tárias que ligam ao fisco o contribuinte
CONSULTAS E PARECERES (CIVEL) 59
A e o contribuinte B, como entre as ria. na qual trataria de colaborar com
rc-Inções jurídico-administrativas que a Standard Telephones and Cables Ltd.,
unem ao Estado ((lato sensu») o fun­ mercê do seu interesse jurídico na vl­
vlonário A e o funcionário B. O único tória desta.
traço comum entre as lides conjunta­ Na espécie, porém, o pedido formu­
mente deduzidas é a similitude das ques-_ lado na inicial diz respeito a conse­
iões que, para compõ—ias, terá. de resol— quências da resilição e do inadimple—
ver o órgão judicial. mento de ambos ºs contratos — ou. con­
Em todas essas hipóteses, a admis­ forme sustentam as autoras, de ambas
sibilidade do litisconsórcio fica subor­ as partes do contrato. Não é só a Stan­
nllnada ao consenso das partes. Para que dard Teiephones and Cabies Ltd. que
um forme o litisconsórcio ativo, portan­ pede: a. Standard Telefones e Cabos do
in. 6 indispensável não só que os vários Brasil pede igualmente, e para si. ºra.
Interessados queiram litigar juntos, mas de que isso não é dado fazer ao assis­
também que nisso convenha o réu (art.
lui. 2' parte. «verbis»: «...poderão ado­ tente jã ninguém pode hoje duvidar
m-io. quando de acordo...»). com seriedade (cf. Liebman, nota às
13. Não é o que acontece no caso «Instituições de Direito Processual Ci­
soh exame, em que, como demonstrado vil», de Chiovenda, tradução brasileira,
supra, ocorre mais que simples parale­ 2' ed., São Paulo, 1965, vol. II/239; Gui­
lismo de relações jurídicas: ou se trata lherme Estellita, «Do Litisconsórcio no
de relação contratual única, ou de re­ Direito Brasileiro». Rio, 1955, pág. 229;
luções contratuais conexas, vinculadas Jorge Lafayette Pinto Guimarães, ver—
ou coligadas, ressaltando o laço de de— bete «Assistência», in «Repertório En­
pendência existente entre o pactuado no ciclopédico do Direito Brasileiro», voi.
Instrumento n. 2 (ou parte B) e o 4/341. 34556; J. C. Barbosa Moreira. «In­
nvençado no instrumento n. 1 (ou por­ tervençâo iitisconsorciai voluntária». in
in A). «Direito Processual Civil» cit.. págs. 25­
Aqui convém prevenir objeção previ­ 43). Se duas pessoas — como, no caso.
ulvel. Dir-se-á. talvez: se a relação jurí­ a firma inglesa e a brasileira -— pos­
dica entre a Standard Telefones e Ca­ tulam direito ou direitos que, a existi­
rem, pertencem a ambas, e portanto se
bos do Brasil Ltda. e & CTB pode so­ situam em posições idênticas no piano
frer a influência do pronunciamento material, devem ocupar também posi—
sobre a relação jurídica entre a Stan­ ções idênticas no plano processual.
dnrd Telephones and Cables Ltd. e a Uma e outra serão co-autoras, isto e',
(STB. então a posição adequada & pri­
meira firma. no proce-o, sera a de litisconsortes ativas.
mero assistente. nos termos do art. 93 14. O . litisconsórcio ativo entre a
do estatuto processual civil. Standard Teiephones and Gables Ltd. e
Coiheria o argumento — &. admitir-se,
a Standard Telefones e Cabos do Bra—
nlnda aqui, por via hipotética, a duali— sil Ltda. não se funda na mera «afini—
dude de negócios — se se estivessem dade de questões por um ponto comum
«induzindo em juízo, exclusivamente. de fato e de direito». Encontra sua ra­
pretensões fundadas no instrumento n. zão de ser na íntima vinculação que
!. subscrito pela Standard Telephones substancialmente existe entre as respec­
und Cabies Ltd. e pela CTB. Em se­ tivas posições jurídicas. por força ou da
melhante perspectiva, a Standard Tele— unidade contratual ocorrente, ou da
fones e Cabos do Brasil não seria ti— conexão entre os dois contratos, se se
iuinr da «res in iudiclum deducta», não houverem de reputar distintºs — afas­
teria relação jurídica própria discutida tada a possibilidade, à luz dºs respecti—
um juízo. Por conseguinte, não se equi— vos textos, de negar-se o laço de depen­
purnndo à. da firma inglesa a sua posi­ dência entre o instrumento n. 2 e o
çru) em relação ao objeto do processo, instrumento n. 1;
uno faria eia jus a ocupar neste posição «Tertium non datur», pola: ou o litis­
Igual a da outra. Somente'ihe caberia a consórcio ativo entre as duas firmas será.
punição de parte acessória ou secunda­ necesario, em. virtude da «comunhão
60 BET-448 — FEVEREIRO DE 1973
de interesses», ou será. impropriamente n. 65.756, 11.11.1953. ln RT 221/265: gri­
facultativo, mercê da «conexão de cau­ íamos).
sas». para usarmos as discutivcis fór­ 15. A consulta formulada. responde­
mulas do art." 88. Ao menos & ocorrên­ mos, pois, que de modo algum se subor­
cia da segunda figura. ao nosso Ver, dina. ao consentimento da ré (CTB) &
deve ser reconhecida. como aliás. em admissibilidade do litisconsórcio entre
hipóteses análogas, & têm reconhecido as autoras (Standard Telephones and
os Tribunais pátrios excmplificatlva— Cablcs Ltd. c Standard Telefones e Cabos
mente: «O que autoriza. a coligação de do Brasil Ltda.), sendo de todo em todo
autores contra. o mesmo réu é a mesma irrelevante & impugnação que na con­
e única causa de pedir, ou quando os testação se contém.
pedidos estejam entre si numa efetiva E o que. salvo melhor juízo, nos pa.­
relação do solldnriedade e dependência» rece.
(TJSP, Quinta Câmara Civel. apelação Rio de Janeiro, 10 de julho de 1971.

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