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2- Mediação e conciliação
A mediação e a conciliação são meios não jurisdicionais de resolução de conflitos, que
exigem a intervenção de um terceiro (cfr., art. 33.º Carta da ONU). Todavia, enquanto na
mediação (bons ofícios), a intervenção do terceiro é apenas para propor soluções no
sentido de dar seguimento às negociações e encaminhar um conflito para o seu termo, a
conciliação é um meio mais complexo, que requer maior formalidade, podendo afirmar-
se que se trata de um meio quase-jurisdicional. Na conciliação, através da intervenção de
um terceiro, podem distinguir-se duas fases (1ª fase de investigação dos factos relevantes
e 2.ª fase de proposta de solução). De qualquer modo, há sempre lugar à
discricionariedade das partes quanto à aceitação da solução proposta, uma vez que o
terceiro apenas faz recomendações.
III- Comente a seguinte afirmação:
1. «O funcionamento do Tribunal Internacional de Justiça assenta no princípio da
consensualidade».
O órgão judiciário das Nações Unidas – Tribunal Internacional de Justiça (TIJ)
– possui dois tipos de competência – a consultiva e a contenciosa.
Quando se afirma que o funcionamento do TIJ assenta no princípio da
consensualidade pretende aludir-se à competência contenciosa do Tribunal, que é,
em princípio, facultativa. Daí que a afirmação esteja correta, na medida em que o
princípio da consensualidade assenta na ideia de uma aceitação voluntária das partes
e, no caso do TIJ, os Estados são estão sujeitos à competência deste órgão se assim o
convierem (art. 36., n.º 1 ETIJ). Com efeito, seja por acordo especial, fórum
prorrogatum ou subscrição de uma cláusula facultativa de jurisdição obrigatória, a
verdade é que se exige sempre o consentimento dos Estados que venham a ser
julgados por este órgão.
No caso de acordo especial, perante um conflito, as Partes acordam recorrer
ao TIJ para que este órgão aprecie e resolva o litígio. Diz-se que há forum prorrogatum
quando em causa está um comportamento do Estado demandado em que este
manifesta uma aceitação tácita da competência do TIJ.
Mas, também, nas situações em que o TIJ detém uma competência quase
obrigatória se verifica a necessidade do consentimento (nestes casos, antecipado) dos
Estados para que o TIJ possa intervir. Referimo-nos à celebração de convenções
bilaterais ou multilaterais, em que as Partes reconhecem como obrigatória a
competência do TIJ em eventuais litígios que venham a ocorrer ou mesmo na,
aparentemente paradoxal, hipótese de subscrição da cláusula facultativa de jurisdição
obrigatória, nos termos do art. 36.º, n.º 2 do ETIJ. Nesta última situação, os Estados,
unilateralmente, através de uma notificação enviada ao Secretário-geral da ONU,
declaram aceitar a jurisdição obrigatória do TIJ em todos os litígios jurídicos.
Assim, pode comprovar-se que, embora as situações em que o TIJ possa ser
chamado a intervir variem, é sempre necessário o consentimento, antecipado ou a
posteriori, das Partes. Daí a ideia da consensualidade.
II- Distinga:
1. Conciliação e arbitragem:
I- De a noção de:
1. Organização internacional
II- Distinga:
1. Cláusula arbitral e compromisso arbitral
A CRP absorve, à luz do seu art.º 8, uma posição monista com primado do DI com
mitigações relacionadas e dependentes da natureza jurídica da norma de DI, que acabam por
estabelecer um diferente regime jurídico de incorporação e relacionamento hierárquico entre
o direito interno e o direito internacional.
Relativamente ao DI geral, a que se refere o nº 1 do art.º 8 da CRP, a receção é
automática e, mediante interpretação conjugada com o art.º 16, nº2 da CRP, a alocação
hierárquica relativamente ao direito interno é a supraconstitucional. Logo, CI – vg., a DUDH –
que positivem normas de cunho universal/geral de DIP terão não só supralegal, como
supraconstitucional.
No que concerne ao DI Particular, nos termos do art.º 8, nº 2 da CRP, a regra é a da
receção automática condicionada a prévia aprovação, ratificação e publicação e,
hierarquicamente, consoante o posicionamento doutrinário maioritário, da receção com valor
supralegal, mas infraconstitucional (a partir de uma leitura sistemática e conjugada com os
arts. 277º, 278º e 119º CRP).
Embora tais conclusões não sejam pacíficas – havendo vozes dissonantes na doutrina
quanto ao valor supralegal do DI convencional, a exemplo de Gomes Canotilho e Vital Moreira,
que colocam na mesma ordem hierárquica as CI e o direito interno ordinário –, uma
interpretação sistemática da CRP parece encaminhar forçosamente a tal solução.
A uma porque tais normas, por mandamento constitucional do art.º 8, nº2, devem
vigorar no plano interno enquanto vincularem internacionalmente o Estado Português,
afigurando-se, como consequência logica, a sua necessária prevalência frente às leis
ordinárias posteriores que, eventualmente, as contrariem, o que só se pode assegurar
mediante a atribuição de valor supralegal; a duas porque, sob uma perspetiva material, a
ponderação de valores em conflito parece pender para tal conclusão, sobretudo à luz de uma
evidente abertura do sistema jurídico português ao DIP (art. 7º e 16º CRP); e, por fim, porque
a prática internacional tem se firmado neste sentido, sendo, ainda, esta posição – a do valor
supralegal das CI – aquela consagrada pelo TC português.
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, em seu artigo 49º, consagra, como
vício material de consentimento a ensejar a nulidade relativa das CI, o dolo, quando um Estado
tenha sido induzido a concluir um tratado por conduta fraudulenta de um outro Estado que
participou na negociação.
Para tanto, deve estar demonstrada, no caso concreto, a intenção ou consciência de
estar a induzir prejudicialmente a outra parte na formação da base essencial do seu
convencimento e, assim, uma conduta, comissiva ou omissiva, fraudulenta (destinada a
enganar/convencer/dissuadir, culminando numa representação inexata da realidade por
parte do representante do Estado vitima).
No caso enunciado, o Estado A alega que o representante de B, dolosamente, omitiu,
aquando das negociações, a existência de uma convenção mais vantajosa celebrada entre B e
C. Sucede que em sua vertente omissiva, a configuração de dolo depende da existência do
dever jurídico de informar aquilo que, afinal, foi ocultado no curso das negociações, bem como
da analise das circunstancias do caso para identificar-se, por diligencia normal, o Estado vítima
sabia ou deveria saber a informação ocultada.
Diante disso, não está configurado o dolo no caso concreto, uma vez que os Estados,
normalmente, podem celebrar convenções internacionais com outros Estados e possuem
ampla margem de discricionariedade para conferir maiores ou menores vantagens a uma ou
outra contraparte, não se lhes impondo um dever de conceder tratamento idêntico entre os
Estados (Estado A e C, neste caso), tampouco e em consequência, um dever jurídico de
informar aos Estados com os quais negoceia a existência e termos de todas as convenções
internacionais que tenha celebrado com os demais Estados.
Ademais, o Estado A, ao negociar uma convenção sobre matéria de comércio
internacional com B, deveria e tinha plenas condições de, no âmbito da diligência normal,
informar-se sobre os demais tratados celebrados por B.
Logo, o vicio não se encontra configurado, embora seja possível argumentar, no limite,
que, na hipótese de ter o Estado A questionado diretamente a existência de outros tratados
mais vantajosos para ponderar a necessidade ou não de incluir na convenção uma clausula de
nação mais favorecida e ter recebido resposta negativa pelo representante de B, poderia
colocar-se a nulidade relativa da convenção.
Independentemente disso, com base no princípio da relatividade dos efeitos dos
tratados (art.º 34 da CVDT) e não mencionando o enunciado a existência, na convenção
celebrada entre A e B, de cláusula de nação mais favorecida – pelo contrário, a conduta de A
indica a inexistência desta cláusula -, os termos da convenção celebrada entre B e C não
podem ser aplicadas a A (e, assim, à empresa XPTO).
Por conseguinte, não há fundamentos para configuração da responsabilidade
internacional de B, que pressupõe a ocorrência de um ato ilícito imputável ao Estado cujos
efeitos diretos e imediatos sejam danos a outrem, porquanto não foi praticado qualquer ato
ilícito por B tampouco existem direitos a A ou a empresa XPTO de valer-se dos termos da
convenção de que o Estado C é parte.
Relativamente ao funcionamento do TIJ, o art.º 34 do ETIJ confere legitimação ativa e
passiva somente a Estados no exercício da competência contenciosa do tribunal, resultando
em que uma empresa não possua legitimidade para propor uma ação contenciosa no TIJ, razão
pela qual, ex officio ou mediante uma exceção preliminar rationae personae suscitada por B,
a ilegitimidade ativa de XPTO Informática S.A. deve ser reconhecida no caso concreto para
extinguir a ação, absolvendo o réu da instância.
Exame época normal 11/1/2016
II- Distinga:
1- Veto de duplo veto
2- Conciliação e arbitragem
Já respondido anteriormente
A CRP absorve, à luz de seu art. 8º, uma posição monista com primado do Direito
Internacional com mitigações relacionadas a e dependentes da natureza jurídica da norma
de Direito Internacional, que acabam por estabelecer um diferente regime jurídico de
incorporação e relacionamento hierárquico entre o Direito interno e o Direito
Internacional.
Relativamente ao Direito Internacional geral, a que se refere o nº 1 do art. 8º da CRP,
a receção é automática e, mediante interpretação conjugada com o art. 16º, nº 2 da CRP,
a alocação hierárquica relativamente ao Direito interno é a supraconstitucional. Logo,
convenções internacionais – v.g., a Declaração Universal dos Direitos do Homem – que
positivem normas de cunho universal/geral de Direito Internacional Público terão não só
valor supralegal como supraconstitucional.
No que concerne ao Direito Internacional particular, nos termos do art. 8º, nº 2, da
CRP, a regra é da receção automática condicionada a prévia ratificação e publicação e,
hierarquicamente, consoante o posicionamento doutrinário maioritário, da receção com
valor supralegal, mas infraconstitucional (a partir de uma leitura sistemática e conjugada
com os arts. 277º, 278º e 119º CRP).
Embora tais conclusões não sejam pacíficas – havendo vozes dissonantes na doutrina
quanto ao valor supralegal do Direito internacional convencional, a exemplo de Gomes
Canotilho e Vital Moreira, que colocam na mesma ordem hierárquica as convenções
internacionais e o direito interno ordinário –, uma interpretação sistemática da CRP
parece encaminhar forçosamente a tal solução.
A uma porque tais normas, por mandamento constitucional do art. 8º, nº 2, devem
vigorar no plano interno enquanto vincularem internacionalmente o Estado português,
afigurando-se, como consequência lógica, a sua necessária prevalência frente às leis
ordinárias posteriores que, eventualmente, as contrariem, o que só se pode assegurar
mediante a atribuição de valor supralegal; a duas porque, sob uma perspetiva material, a
ponderação de valores em conflito parece pender para tal conclusão, sobretudo à luz de
uma evidente abertura do sistema jurídico português ao DIP (art. 7º e 16º CRP); e, por
fim, porque a prática internacional tem se firmado neste sentido, sendo, ainda, esta
posição – a do valor supralegal das convenções internacionais – aquela consagrada pelo
Tribunal Constitucional português.
Perfilhados como fonte (supletiva) do Direito Internacional Público (art. 38º, nº 1, al.
c do ETIJ), os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas são objeto
de divergências doutrinárias entre três principais correntes, a saber, a que os equipara
aos princípios fundamentais do Direito Internacional, a que remete para os princípios
gerais de direito interno e, por fim, a que admite que podem ser compostos tanto por
uns quanto por outros. Tendo em conta a autonomia com que devem ser
compreendidos relativamente às demais fontes consagradas no art. 38º do ETIJ, os
princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas são aqueles
consagrados amplamente pelas ordens jurídicas nacionais passíveis de transposição para
o plano internacional, como os princípios da boa-fé, segurança jurídica e igualdade das
partes.
II- Distinga:
1- Transformação e receção automática condicionada
O reconhecimento é dos vários tipos de atos jurídicos unilaterais por parte do Estado.
Assim sendo, o reconhecimento é um ato através do qual um Estado comprova a
existência de determinados factos, situações ou atos jurídicos, aceitando que lhe sejam
oponíveis, em virtude de os julgar conformes com o DI. Pode, v.g., estar em causa o
surgimento de um novo Estado na comunidade internacional, a apreciação do grau de
efetividade de um governo (reconhecimento de insurretos e beligerantes), a
representatividade de um movimento de libertação nacional, a nacionalidade concedida
a um individuo, a oponibilidade de normas costumeiras das OI a Estados não membros.
2- Plataforma continental
A plataforma continental é uma zona em que o Estado exerce, a partir das 12 milhas
marítimas (no inicio da sua fundação, com a Convenção de Genebra de 1958), poderes de
mera jurisdição, podendo, nomeadamente, proceder à exploração e extração dos
aludidos recursos, mas aos fundos marinhos se cingindo, porquanto as águas
suprajacentes à plataforma continental não fazem já, evidentemente, parte desta. A
convenção de Montego Bay (art. 76º) fixou a plataforma continental em 200 milhas,
contadas desde a linha de base, não deixando, porém, de consagrar um regime assaz
flexível: aos Estados cujo prolongamento subaquático do território terrestre fique aquém
dessas duzentas milhas, permite-se a atividade de exploração e extração até aquele limite;
pelo contrário, aqueles que disponham de uma plataforma continental muito extensa, a
convenção reconhece idênticos direito de exploração e extração mesmo para alem das
duzentas milhas, até, no entanto, um limite máximo de 350.
II- Distinga:
1- Veto de duplo veto (no CS da ONU)
A CRP absorve, à luz de seu art. 8º, uma posição monista com primado do Direito
Internacional com mitigações relacionadas a e dependentes da natureza jurídica da norma
de Direito Internacional, que acabam por estabelecer um diferente regime jurídico de
incorporação e relacionamento hierárquico entre o Direito interno e o Direito
Internacional.
Relativamente ao Direito Internacional geral, a que se refere o nº 1 do art. 8º da CRP,
a receção é automática e, mediante interpretação conjugada com o art. 16º, nº 2 da CRP,
a alocação hierárquica relativamente ao Direito interno é a supraconstitucional. Logo,
convenções internacionais – v.g., a Declaração Universal dos Direitos do Homem – que
positivem normas de cunho universal/geral de Direito Internacional Público terão não só
valor supralegal como supraconstitucional.
No que concerne ao Direito Internacional particular, nos termos do art. 8º, nº 2, da
CRP, a regra é da receção automática condicionada a prévia ratificação e publicação e,
hierarquicamente, consoante o posicionamento doutrinário maioritário, da receção com
valor supralegal, mas infraconstitucional (a partir de uma leitura sistemática e conjugada
com os arts. 277º, 278º e 119º CRP).
Embora tais conclusões não sejam pacíficas – havendo vozes dissonantes na doutrina
quanto ao valor supralegal do Direito internacional convencional, a exemplo de Gomes
Canotilho e Vital Moreira, que colocam na mesma ordem hierárquica as convenções
internacionais e o direito interno ordinário –, uma interpretação sistemática da CRP
parece encaminhar forçosamente a tal solução.
A uma porque tais normas, por mandamento constitucional do art. 8º, nº 2, devem
vigorar no plano interno enquanto vincularem internacionalmente o Estado português,
afigurando-se, como consequência lógica, a sua necessária prevalência frente às leis
ordinárias posteriores que, eventualmente, as contrariem, o que só se pode assegurar
mediante a atribuição de valor supralegal; a duas porque, sob uma perspetiva material, a
ponderação de valores em conflito parece pender para tal conclusão, sobretudo à luz de
uma evidente abertura do sistema jurídico português ao DIP (art. 7º e 16º CRP); e, por
fim, porque a prática internacional tem se firmado neste sentido, sendo, ainda, esta
posição – a do valor supralegal das convenções internacionais – aquela consagrada pelo
Tribunal Constitucional português.
19- Comente: ‘’ No Conselho de Segurança da ONU, não há veto sem duplo veto’’.
O poder de veto deriva da obrigatoriedade de uma decisão unânime dos membros
permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas na votação de uma
proposição envolvendo questão de natureza material. O sistema de duplo veto apresenta-
se porque a própria qualificação da natureza da questão a ser discutida – se é processual
ou material – é considerada uma questão material e, assim, sujeita a veto dos membros
permanentes. Logo, o poder de veto exerce-se, em primeiro plano, no âmbito da votação
acerca da qualificação da questão e, vindo a ser-lhe atribuída natureza material,
apresenta-se nova oportunidade de exercício do poder de veto (ou duplo veto), já agora
no âmbito da votação acerca da solução a ser dada à questão de cunho material (arts. 23
a 27 CNU). Assim, pode-se dizer que só existira veto, se existir duplo veto, já que se a
natureza da questão for processual os membros permanentes não tem o direito de veto
e se na definição da natureza, ela for definida como processual, significa que os membros
permanentes não utilizaram o poder de veto.
43- Comente: ‘’ A CRP positiva uma solução monista moderada com primado do
Direito Internacional ‘’.