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ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA COMISSÃO DE AGROPECUÁRIA, PARA

DEBATER A REVITALIZAÇÃO DA CULTURA DO ALGODÃO NO ESTADO DO


CEARÁ, REALIZADA NO COMPLEXO DAS COMISSÕES TÉCNICAS, EM 26 DE
AGOSTO DE 2022.

SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS ADERBAL BEZERRA: Bom dia senhoras e senhores


presentes aos Auditórios Deputados: Manoel de Castro e Castelo de Castro do Complexo de
Comissões Técnicas da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.
Muito bom-dia senhoras e senhores telespectadores da TV Assembleia e ouvintes da Rádio
FM Assembleia. Estamos ao vivo para todo o Estado do Ceará.
O Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, Deputado Evandro Leitão e o
Presidente da Comissão de Agropecuária Deputado Moisés Braz atendendo ao Requerimento do
Deputado Carlos Matos realizam esta audiência pública para discutir sobre a revitalização da
cultura do algodão no Estado do Ceará.
O ciclo do algodão junto aos ciclos do gado e do couro movimentou a economia cearense na
segunda metade do século XX. Apesar das diferentes tentativas de revitalização da cultura
algodoeira no Estado só em 2021 se teve a retomada da produção do conhecido ouro branco. Os
desafios para a retomada dessa atividade são diversos, pois perpassam desde o preparo do solo até a
sua colheita. A deficiência, tecnologias baratas e acessíveis somadas a ausência de assistência
técnica especializada são fatores que prejudicam a reinstalação da cotonicultura no Estado do Ceará.
Milhares de empregos são gerados no campo e na indústria de beneficiamento. No presente
momento a retomada do algodão ainda está restrita, mas caso seja fortalecida tem potencial para ser
expandida.
E para dirigir os trabalhos dessa audiência pública anuncio o Exmo. Sr. Deputado Carlos
Matos.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (União): Bom dia. É com muita alegria que
fui demandado para participar da discussão de uma cultura importante para o Ceará para que nós
pudéssemos ter esse momento rico onde pretendemos discutir a cultura do algodão ouvindo os
protagonistas. Não há nenhuma universidade maior do que a vida, do que a prática, do que a
experiência onde nós pretendemos aqui tocar nos pontos críticos dos desafios e encontrar soluções.
Eu queria compor a Mesa convidando:

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NO COMPLEXO DAS COMISSÕES TÉCNICAS, EM 26 DE AGOSTO DE 2022.
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- A Ana Teresa Secretária da Secretaria de Desenvolvimento Agrário-SDA, mão está, mas o
Gustavo Amorim está representando;
- O Professor Sebastião Cavalcante da Universidade do Cariri;
- O Airton Carneiro, Presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Ceará;
- O José Welington Sousa da Silva, representando a Superintendência Federal de Agricultura
e Abastecimento do Ceará (SFA);
- O Marcos Montenegro pela Federação da Agricultura;
- O Fábio Aquino da Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária;
- O Eduardo representante da Federação da Agricultura.
- Amorim, amigo Amorim que representa a SDA;
- O Vicente Júnior representante da Federação dos Trabalhadores (FETRAECE). Obrigado pela
presença Vicente;
- A Franciele Silva.
Temos alguém da ADAGRI, Agência de Defesa Agropecuária? Euvaldo Bringel?
Bom dia meus amigos, minhas amigas. É uma alegria dirigir essa audiência pública. Como
vimos, nós temos uma história do algodão no Ceará e a cada geração nós temos a oportunidade de
rever e revitalizar aquilo que fazíamos.
O bicudo é um praga que ameaça a cultura sempre, mas as tecnologias novas vão permitindo
que se possa ter uma nova onda com trabalhos genéticos que a Embrapa vem desenvolvendo, com
novas sementes, quiça um sonho que tenha um resistente ao bicudo. Vamos ouvir se já tem essa
possibilidade porque hoje também com o estudo dos genes e com todo um DNA feito para cada
cultura você pode transpor a resistência de uma outra cultura para nos ajudar e termos realmente
essas variedades que possam ser resistentes ao bicudo, seria um sonho. Mas enquanto isso não
acontece nós vamos vendo soluções que os produtores já têm dado. Não se pode mais discutir da
viabilidade do algodão ou da inviabilidade do algodão. O algodão é viável. A forma de fazer é que
faz toda a diferença. As políticas públicas, tudo o que possamos fazer, exigem respostas a algumas
perguntas: aonde nós queremos chegar? Hoje o Ceará tem três mil hectares de algodão. É muito
pouco, é nada. Então nós queremos ir para dez mil, para vinte mil, para trinta mil, para quarenta mil,
para cinquenta mil hectares, e dependendo dessa resposta nós teremos desafios menores ou maiores.
Eu tenho sempre feito um esforço, e a Federação da Agricultura tem feito um trabalho muito
importante de construir o Projeto Sementes do Futuro para transpor a um governo porque se não a

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gente fica na dependência. O governador é assim, ele acredita, ele não acredita! O outro governador
entra, deixou de acreditar e destruiu o que foi feito. Nós não podemos, a iniciativa privada e a
sociedade cearense ficar a mercê de um desejo de quatro anos. Nós temos que pensar mais largo,
para dez anos. E acho que a Federação da Agricultura e a Federação das Indústrias têm um papel
muito importante nisso de poder ser a plataforma que assegura esse crescimento.
Quando nós vemos hoje já a realidade exitosas é importante que numa audiência pública
como essa nós entendamos o que é que está sendo feito. E por outro lado para a gente dar esse voou
da águia, como se diz com amplitude maior, quais são os desafios que estão impedindo que nós
possamos avançar?
Então agora para conduzir a audiência pública nós vamos ter três momentos: nós vamos ter
um momento para nós entendermos, nós todos, e como os jovens dizem ficar na mesma página,
alinhados, de tudo que se está pesando, qual a situação atual da cotonicultura e nós podermos ter um
consenso.
Depois nós vamos para os desafios. E entendido os desafios, nós vamos para as soluções.
Como é que é as soluções com as diversas instituições aqui envolvidas nós podemos pensar, nós
podemos trabalhar juntos para poder ter as possíveis soluções aonde nós queremos chegar. E ao
final vamos dar os encaminhamentos para que nós possamos ter uma manhã de trabalho proveitosa.
Quero registrar aqui o Aloísio Ramalho que é uma referência da indústria cearense é uma
referência de transformar o algodão em riqueza. Então muito obrigado pela sua presença Sr.
Aloísio.
Bom, eu passo a palavra agora para o Airton que vai nos explanar da realidade da
cotonicultura hoje no Ceará.
SR. AIRTON CARNEIRO (Presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado
do Ceará): Queria agradecer ao deputado por essa oportunidade de estáar aqui.
É muito importante a gente falar de uma realidade que é tão plena em muitos Estados do
Brasil e que no Estado do Ceará nós estamos engatinhando. É uma cultura que dá uma receita muito
grande por hectare para o produtor. E que infelizmente o Estado do Ceará parou no tempo.
Em 2015 a Embrapa, na época o Dr. Sebastião era o chefe do Centro de Cultura de Algodão
de Campina Grande e visitou a FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará) no intuito de
revitalizar o algodão do Nordeste começando pelo Ceará.

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Eu quero deixar bem claro que o Estado do Ceará nunca deixou de plantar de algodão. O
Município de Quixeramobim, principalmente, nunca, em momento algum, com bicudo ou sem
bicudo deixou de plantar algodão. Nós tínhamos até o ano passado um produtor em Quixeramobim
que infelizmente faleceu ano passado que em momento algum ele tirou menos de mil arrouba de
algodão na terra dele, ele um pequeno produtor da agricultura familiar. É bom deixar claro que o
problema não é produzir. É como produzir. Ele tinha sua técnica própria, empírica, mas tinha.
Ganhou prêmio na Embrapa por isso, em Brasília é bom deixar bem claro também. Se existe essa
técnica nós temos que aplicá-la. Mas nós não tivemos até hoje um programa do governo que
realmente procurasse desenvolver a cultura. Foram feitos vários programas. O último foi em 2000
onde o Ceará saiu de menos de dez mil hectares para cem mil hectares. Na verdade nós não
tínhamos nem defensivos para combater as pragas desse algodão que foi plantado. Então foi um
verdadeiro desastre.
E agora com o surgimento da Apaece (Associação dos Produtores de Algodão do Estado do
Ceará) a gente está com o pé no chão. A gente tentou formar a Apaece, mas tivemos um problema,
salvo engano 2018/2019, um problema de semente porque a gente plantava uma variedade na
Embrapa chamada Aroeira e essa semente já estava com mais de dez anos no mercado, ela já estava
descacterizada. E ela não era mais uma semente, e o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento) nos proibiu de plantar essa semente. E não há males que não venham para o bem, o
Estado do Ceará que nunca tinha plantado semente sempre comprava de fora, não produzia
sementes, e nós conseguimos com a Embrapa, a produtora que hoje é membro da FAEC, a
Franciele, conseguiu 10 quilos de sementes da variedade DR-286 e multiplicou esses 10 quilos, essa
semente e hoje nós já temos sementes para em torno de três mil hectares de algodão convencional.
Deixar claro que essa semente que a gente está trabalhando com a agricultura familiar é
convencional, e ela deixou de existir praticamente no Brasil e no mundo. Nós temos hoje, acredito
que, próximo a três mil hectares plantados no Estado do Ceará. O Sr. Raimundo Delfino da Fazenda
Nova Agro tem mil hectares, só ele. E no Cariri temos também outros produtores com algodão
transgênico, no Iguatu também e na Região Centro-Sul. Hoje, aproximadamente 26 municípios
estão plantando algodão. Em 18 deles nós estamos trabalhando com as prefeituras.
Essas prefeituras adquirem as sementes e o defensivo porque é importantíssimo o defensivo
estar na mão do produtor senão ele não aplica. Esse defensivo é um defensivo biológico, não há
contaminação humana. Deixar bem claro, isso, e a gente faz um trabalho. A Apaece faz o

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treinamento dos técnicos da prefeitura, esses técnicos repassam para os produtores e a Apaece fica
acompanhando. São 18 municípios e já tem mais de vinte cadastrados para 2023. São trabalhos
feitos com as prefeituras.
Esse ano a gente teve com a secretária de agricultura que se disponibilizou a adquirir
semente para a hora de plantar, mas tem que ter muito cuidado com a distribuição dessa semente.
Ela tem que ser feita da mesma maneira que nós estamos fazendo individualmente com cada
município porque se o produtor não tiver como combater a praga nós vamos fazer como nós
fizemos no passado.
Então hoje a gente não quer aumentar a área, viu Carlos, é bom deixar bem claro, tem
volumes muito grandes, a gente tem que ir com o pé no chão, nós temos tecnologias para isso,
precisamos de tecnologia melhoradas, que infelizmente o Estado do Ceará proíbe, que é o uso de
pulverização aérea, erroneamente. A pulverização de avião deve ser proibida, concordo plenamente.
Mas hoje nós temos a tecnologia do drone que é mais bem aplicado do que no trator. Deriva
praticamente não existe. E o aplicador pode estar até quatrocentos metros do campo onde ele aplica
trabalhando no computador dele com GPS.
Hoje o pulverizador costal e o trator é um risco muito grande, principalmente quem usa
defensivo químico para o aplicador. E o uso do drone além de não consumir água que é
importantíssimo, a poluição dos mananciais é muito menor e não contamina o aplicador, o que é
muito mais importante. Pode ser usado tanto na agricultura familiar como na agricultura comercial é
bom deixar bem claro, isso. Economia de água nem se fala.
Hoje, com o problema de água no mundo, um trator usa de 400 a 600 litros de água por
hectare. Você veja quantos milhões de hectares o Brasil tem plantado e quantos milhões de litros de
água são usados em todo momento só para pulverizar. O drone é praticamente 30 litros por hectare
no máximo.
Essas são as minhas palavras. Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (União): Professor Sebastião. Muito
obrigado Airton por sua explanação.
SR. SEBASTIÃO CAVALCANTE (Professor da Universidade Regional do Cariri – URCA):
Bom dia a todos e a todas. É uma satisfação muito grande estar aqui mais uma vez. Já estive aqui
em outros momentos. Agradecer o Deputado Carlos Matos por abrir esse espaço para a gente
discutir o algodão.

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Nós já estamos no Projeto Ouro Branco da Universidade Federal do Cariri, no 4º ano do
projeto e começamos com esse Aroeira que o Dr. Fábio e Gildo conseguiram para nós na época para
a gente revitalizar. A primeira prefeitura que nós conseguimos foi a Várzea Alegre. Nós
multiplicamos para 50 hectares, desses 50 hectares nós paramos completamente porque a semente
não poderia ser mais multiplicada. Para produzir semente foi difícil, nós tivemos que ir atrás de
parcerias e muitos parceiros que nós procuramos não quiseram, não puderam porque é difícil
realmente. A tecnologia principal do algodão é a semente, é a principal tecnologia. E nós não
podíamos multiplicar as sementes transgênicas porque são patenteadas, e é mais complicado.
Nós conseguimos uma convencional 286 seguindo a orientação da Embrapa Algodão era
melhor para a nossa região. Então nós começamos com um hectarezinho, multiplicamos para 17
hectares e depois fomos para 50 hectares e hoje nós estamos em 300 hectares. Como o Sr. Airton
falou possivelmente vá para 1.500 hectares a 2.000 hectares ano que vem.
O algodão precisa da cadeia produtiva estar bem organizada. Antigamente uma das causas
do fim do algodão no Nordeste foi essa desorganização da cadeia produtiva. Todos os usineiros
sempre trabalhavam individualmente e os produtores também. E quando houve o problema era para
todos se unirem, todos se unirem e resolver o problema. E não, como estavam desunidos cada um
seguiu sua vida. De 165 usinas, Sr. Airton só ficaram três no Estado do Ceará. Os três bravos que
continuam e são esses três a nossa base para revitalizarmos uma cadeia. Então o que é que nós
fizemos? Através da universidade nós conseguimos fechar a cadeia produtiva, Produtora de
Sementes Convencional Franciele Silva. As sementes transgênicas, nós conseguimos em Mato
Grosso, a Semilla Sementes que é a semente transgênica 432, 433, 368, ela está oferecendo
qualquer quantidade para o Ceará ou para o Nordeste.
Depois veio o problema do defensivo porque nós começamos com a orientação das
pesquisas da Embrapa Algodão usar o Malation, mas nem todo canto tem. Em Iguatu teve um ano
que não teve o Malation. Pediram em Juazeiro e nós mandamos de topique para os produtores
aplicarem o Malation. Então o Malation era de amplo espectro, ele consegue atender a vários tipos
de insetos, inclusive abelha. Então a gente começou a pulverizar com Malation, mas se via que
realmente contaminava o agricultor, contaminava o meio ambiente e ainda tinha ação sobre as
abelhas que é o principal polinizador do algodão. Nós conseguimos através também de resultados
de pesquisa de Mato Grosso esse produto que é o MDC que é o vetor principal contra o bicudo.
Então a nossa metodologia é preventiva.

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Na primeira florada do algodão, Fábio, a gente faz a primeira aplicação. Depois de 15 em 15
dias fica aplicando e observando, o agricultor monitorando, os técnicos da prefeitura monitorando
se o bicudo entra ou não entra. Se o bicudo entrar com 7 dias aplica, fica de 7 em 7 dias até o
bicudo desaparecer. Então nós percebemos que assim que o inseto entra ele é contaminado, o
adulto, se ele chega a ovopositar, então a larva dentro do botão também é acionada por essas
bactérias, esses fungos. A gente vê a larva toda esbranquiçada, morta dentro do botão no chão.
Para nós foi uma coisa fantástica, esse produto. Nós testamos um ano, testamos o segundo
ano. Estamos agora no segundo ano e vamos para o terceiro ano e a gente está vendo produtividades
excelentes. Em Irauçuba, por exemplo, nós temos produtores que estão tirando 180, 200 arroba por
hectare porque lá houve uma distribuição de chuva muito boa. Não choveu muito, a fertilidade do
solo é muito boa e não faltou umidade para o algodão. Então para nós foi extraordinário porque a
gente vê no campo, e o pessoal da ADAGRI que está aí, nosso parceiro muito forte. E não percebe
algodão, não vê algodão no campo, deputado, não vê o bicudo nas áreas. Então para nós é muito
interessante porque a gente vê as abelhas visitando as flores, muitas abelhas visitando as flores.
Então um ponto de desequilíbrio muito grande era essa falta de abelhas porque quanto mais abelha
melhor é a polinização. Então foi fantástico.
Agora nós estamos num problema que são as grandes áreas que nós temos no Ceará com os
solos argilosos, aquele barro preto que racha, uns chamam massapê, academia chama de vertissolos,
solos extraordinários para o algodão. Eu cresci colhendo algodão no meu cascudinho no Icó, Valdir,
nesse barro preto quando a gente vai com chuva a perna entra até o joelho nessa lama. Então é
impossível a gente entrar nessa área antiga de produção de algodão do Ceará que é Icó, Iguatu,
Apodi, algumas áreas em Brejo Santo, Missão Velha e Milagres, que tem esse barro preto. Ele pode
proporcionar grandes produtividades desde que a gente consiga entrar com os produtos para
combater o bicudo porque quando chover, trator nenhum entra nessas áreas. E esses produtores de
Iguatu principalmente estão precisando dessa tecnologia do drone, Sr. Airton, principalmente essa
tecnologia para a pulverização.
A gente teve uma palestra numa atividade no Distrito Federal, no Crato em que o palestrante
que é um dos permissionários de drones no Nordeste, que ele disse que pode fazer um hectare em
15 minutos. Em 15 minutos um drone faz um hectare por R$ 130,00, à época. Eu não sei quanto é
que está agora, mas R$ 130,00 é muito mais barato do que um trator e em 15 minutos ele termina.
Dez hectares, ele faz em uma hora e meia, mais ou menos. Cento e cinquenta minutos dão duas

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horas em 10 hectares. São as áreas dos agricultores de Iguatu, que a grande quantidade de
produtores tem essa área.
Então esse dia aqui é muito importante para nós, por quê? Porque a tecnologia principal que
nós estamos usando e a metodologia que é o associativismo, parceria prefeitura, técnicos,
agricultores, associativismo Apaece organizando a produção, organizando a logística de transporte
para a colheita e o pagamento é direto na conta do agricultor em PIX, que antigamente não era
assim, porque tinham muitos atravessadores e isso diminuía a sustentabilidade da cotonicultura.
Hoje, os grupos técnicos, os grupos de agricultores são no whatsapp, cada município tem que ter um
grupo de produtores e técnicos no whatsapp. A gente recebe a demanda e responde imediatamente.
Nós temos um dos problemas que era a colheita, a logística que aparece na fazenda é muito
boa junto com as usinas. Agora talvez tenha uma visita prevista para o Sr. Raimundo Delfino para a
usina dele também entrar nessa logística de colheita.
E uma coisa interessante, Fábio, tem uns atravessadores querendo comprar o algodão a
arroba a R$ 25,00 achando que é naquela época ainda. O agricultor consulta a gente: não, está a R$
55,00. Não tem como o agricultor vender para o atravessador. Então a informática também está do
nosso lado.
Está faltando para outros grandes produtores do Estado entrar no processo de produção essa
questão da pulverização que nós estamos trazendo aqui. O Cariri também, não somente para o
algodão, a fruticultura do Cariri está precisando muito da aprovação desse projeto dos drones para
gente continuar esse processo. Tá bom?
Então muito obrigado. E até a próxima.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (União): Muito obrigado Professor
Sebastião.
Passamos a palavra agora para o Marcos Montenegro do Sindalgodão.
SR. MARCOS MOTENEGRO (Sindicato das Indústrias da Extração de Fibras Vegetais e do
descaroçamento do Algodão do Estado do Ceará-Sindalgodão): Bom dia a todos.
Inicialmente, eu gostaria de me qualificar um pouco. Eu, no O Povo de terça-feira passada
que diz aqueles fatos há 40 anos, eles citam uma palavra minha de 40 anos quando se questionava
se a escassez d’água ia impactar com a produção de algodão, e eu dizia: “não, o algodão o problema
é bicudo”. Em 1982. E o Deputado Carlos Matos foi muito enfático de dizer que esse bicudo ainda
continua aperreando a gente.

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Eu, além de ser presidente do Sindicato da Federação da Indústria, eu sou presidente do
Sindicato dos Produtores Rurais da Federação da Agricultura. E quero dizer que nós, brevemente
vamos ter aqui, talvez ele nos prometeu que chegaria aqui até 10 horas o Amilcar que está sendo um
grande estimulador do nosso programa da revitalização do algodão.
Eu gostaria de agradecer o Deputado Carlos Matos que é um parceiro nosso da indústria, um
parceiro nosso da Federação da Agricultura e da Federação das Indústrias. Um grande parceiro
porque ele é uma das pessoas abençoadas não só por Deus, abençoada pela experiência de vida. E
ele disse muito bem, nós precisamos aqui de uma política de governo, política de Estado e não de
governo, que o governo muda de quatro em quatro anos. Carlos Matos é fundamental que o nosso
programa seja um programa de Estado para dar continuidade.
O nosso mestre de cerimônias falou que a nossa programação começa com o preparo do
solo. Não, nós precisamos começar com a escolha de quem vai plantar e capacitar essas pessoas. A
capacitação é fundamental. E para isso nós temos o nosso parceiro Amilcar Presidente da Federação
da Agricultura que já nos garantiu toda a capacitação para todos aqueles técnicos que foram
selecionados pelo SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), que está disposto a dar por
conta da Federação da Agricultura a capacitação, qualquer que seja o nome, o número, isso pode ser
também Amorim com os nossos técnicos esses que chegaram agora para serem capacitados para o
plantio do algodão, acompanhar os produtores sendo capacitados pelo SENAR. Nós estamos à
disposição, a Federação de Agricultura em capacitar qualquer que seja o número de agrônomos que
entrou agora no programa da Ematerce.
Nós vamos cobrar do nosso deputado, nosso representante da Federação da Agricultura e da
Indústria, esse grande deputado que brevemente será um grande deputado federal, se a sociedade do
Ceará entender da importância desse jovem à frente das reivindicações desse Estado que essa
dificuldade que nós temos com drone é fundamental para o nosso programa. Nós vamos contar com
a sua maneira aguerrida de ser e vamos contar que você resolva esse nosso problema. Muito
obrigado a todos.
Eu vou esperar na hora de questionar o Amorim. Nós precisamos do governo é fundamental.
Eu sei que o nosso presidente da Apaece está meio desesperançoso com o governo e quer levar a
revitalização pelos empresários. Nós não vamos conseguir ter sucesso, se através do Governo
Federal, do Governo Estadual, sermos parceiros nesse nosso programa da revitalização. É
importante e precisamos do apoio do Governo Federal, do Governo Estadual para serem alinhados

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conosco. Nós não podemos mais distribuir sementes no Programa Bora Plantar sem antes perguntar
a Apaece quem é que deve receber a semente. Só deve receber semente do governo quem estiver
preparado e capacitado para plantar. Por enquanto a minha fala é essa.
Muito obrigado. E obrigado pelo convite Companheiro Carlos Matos.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (União): Marcos Montenegro muito
obrigado pelo estímulo e pelas palavras. Você é uma das pessoas que é uma autoridade do algodão
porque defende isso há muitos anos, e esses desafios não são fáceis se não já tinham sido superados.
Por isso que justifica uma audiência pública como essa para que nós de braços dados e as diversas
instituições possamos encontrar esse caminho que dê segurança. Como o Airton complementou, eu
penso às vezes grande, quando eu penso num desafio, porque senão a gente fica num passo pequeno
e as coisas acontecem numa velocidade que não dão para o governo ter, por exemplo, quando eu
escuto um relato desse que faltou Malation, está faltando é organização. O que é isso? Num desafio
desse que o bicudo é um ponto crucial para colocar falta produto, insumo para colocar? Então falta
de insumos. Porque a cadeia não tem volume. Se tivesse volume tinha produto porque tem
comerciante que surge na cadeia, que não deixa faltar o produto porque se não cai o faturamento.
Ontem mesmo eu estava na Serra da Ibiapaba, visitei a Forte Agro, paraibano chegou aqui
há 20 anos, funcionário de uma multinacional. Hoje a empresa grande uma das maiores da Serra da
Ibiapaba e ele muito atuante na área de hortifruticultura onde ele financia até o produtor, a cadeia
toda, mas não tem possibilidade de faltar insumo. Então tem que surgir esses agentes na cadeia se
não o produtor não tem tempo de cultivar o solo, preparar a semente e ainda ver todas essas
questões.
Então para poder ampliar essa nossa compreensão da realidade eu quero convidar a Embrapa
para falar, Fábio.
Quero registrar a presença do Marcos Landim da Associação do Cariri que está aqui
presente. Muito obrigado Marcos pela sua presença. O Valdir também. Obrigado.
SR. FÁBIO AQUINO (Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-
EMBRAPA): Bom dia a todos. Deputado Carlos Matos, a Embrapa agradece o convite. Eu
justifico a ausência do nosso Chefe- Geral, o Dr. Alderi porque coincidentemente também está em
viagem hoje. E a gente na próxima semana também já está indo para o Maranhão. E felizmente por
eu estar aqui em Barbalha ficou mais fácil a minha presença e também pela minha ligação com o
algodão no semiárido também.

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Bom, acho que as falas que me antecederam já posicionaram muito bem o que é o algodão, o
que foi, o que é e provavelmente o que será. Eu gostaria apenas de complementar algumas
informações no que diz respeito a dois períodos: o famoso período pré-bicudo e pós-bicudo. O
algodão pós-bicudo se desenvolveu basicamente porque ele migrou para uma outra região com
melhores condições edafoclimáticas basicamente o Centro-Oeste com solos, água e chuva
principalmente. E lá cultivares que aqui a gente atingia, dois mil, três mil quilos, lá nas primeiras
safras depois de amansamento do solo chegou a produzir quatro mil quilos. Então era um salto
quantitativo muito grande.
E hoje nós todos sabemos que o Mato Grosso é o principal e o maior produtor de algodão no
Brasil, das 1.6 milhões de hectares aproximadamente quase um milhão é só no Mato Grosso. É um
algodão de altíssima produtividade assim como o da Bahia, o de Goiás, o do Piauí, do Maranhão, de
São Paulo, de Minas Gerais que tem uma mescla de grandes e pequenos produtores e mais
recentemente o do Paraná que por coincidência também voltou a plantar algodão no mesmo ano que
iniciou o projeto lá em 2018, se eu não estou enganado. São pequenos agricultores, o maior que tem
lá, acho que deve ter em torno de 50 ou 100 hectares. Mas a maioria é áreas menores.
E apenas complementando uma das coisas que tem contribuído para o sucesso no Paraná,
por exemplo, é essa maquininha aqui. Eu não estou fazendo defesa da tecnologia propriamente dita,
que a gente também não mexe com isso. Mas o que é que acontece? Hoje, o controle localizado de
pragas e doenças é muito mais eficiente do que área de cobertura total. Então um equipamento
desse tipo ele praticamente atinge, o agente e a praga na cabeça, digamos assim, num português
bem popular, com aquilo que já foi falado, zero praticamente de consumo de água, risco de
contaminação minimizado desde que eu não vá pulverizar por cima de residências que pode
acontecer também. Mas em condição de campo, praticamente o risco de contaminação com esse
equipamento é zero.
E vale destacar, o algodão assim como o Brasil, assim como o Nordeste tem diferentes
tecnologias que podem se adequadas as regiões que vão produzir. Eu já participei de algumas outras
reuniões de revitalização de algodão no Nordeste e muita gente se inspira no serrado brasileiro. E
realmente é um modelo. Mas para a nossa realidade, eu costumo dizer o seguinte não pensem em
400 arrobas, 300 arrobas, esse não é o nosso foco principalmente quando está começando. É por
isso que um programa que ele tem um horizonte de quatro anos, ele não vai trazer resultados
consistentes.

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Recentemente até foi publicado no grupo, uma área na Bahia, 613 arrobas de algodão por
hectare, mas se trabalha algodão na Bahia pelo menos há 25 anos, fazendo perfil de solo,
incrementando tecnologia. Lá faz veranico também, lá tem seca. Obviamente, nós temos mais seca
do que lá. Esse ano Mato Grosso tem áreas fechando 150 arrobas por hectare por causa de seca.
A tecnologia existe, o bicudo, nobre deputado a gente ainda está correndo atrás desse
material resistente a bicudo, mas mesmo que ele aconteça o que vai ser mais importante do que esse
material resistente a bicudo será o manejo, sempre. E eu cito um exemplo das tecnologias
transgênicas que temos hoje para as lagartas. A tecnologia mais recente que são os materiais com
tecnologia GLTP ou B3, a lagarta helicoverpa já quebrou a resistência. Então o manejo é mais
importante do que a tecnologia isoladamente. E o Estado do Ceará, a gente pode se orgulhar de ter
instituído, agora eu não me lembro o ano exatamente, mas eu acho que foi 2019, a Lei da Portaria
do Vazio Sanitário. Isso é fundamental para quem quer produzir algodão. Sem vazio sanitário
esqueçam, não dá. E eu tenho experimentos, a Embrapa tem experimentos. Quem quiser ver o que é
um estrago de bicudo pode ir lá em Barbalha para ver dentro das nossas áreas experimentais que eu
me dou o luxo de ter o bicudo para avaliações, mas em área de produção mesmo de primeiro ano
você pode perder 70%, de primeiro ano. Se você não faz vazio sanitário nem espere o algodão na
safra seguinte.
Então para não me estender mais, tecnologias existem, existe convivência com o bicudo e
outras pragas. O que precisa é adequar a realidade de quem vai produzir. Tirando isso, o algodão
volta a ser como está voltando na verdade. Já tem três, quatro anos que ele está sendo plantado no
Estado com incremento tecnológico.
É isso por enquanto. Obrigado.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (União): Muito obrigado. É importante
saber que uma instituição como a Embrapa está dedicada, focada para a superação dos desafios. E
acho muito importante, você dar essa ênfase para o manejo, porque já existe tecnologia para
superar. O manejo é o ponto crítico. E um dos pontos, o Marcos até me questionou sempre, porque
para o algodão, a experiência que nós fizemos, eu estimulei um grupo de amigos para plantar
algodão, eles plantaram foi espetacular e na hora de colher não conseguiram porque no Iguatu
choveu tanto e não deu para colher. Mas sempre tem me alertado que é uma coisa que vale a pena a
gente discutir nessa audiência pública. O controle do bicudo se dá com mais eficiência se nós
tivermos áreas contíguas de algodão e uma política de manejo global, não só da propriedade.

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Imaginemos um perímetro de irrigação, há todo um regramento para quem faz parte daquele
perímetro de irrigação. Se nós criarmos zonas especiais de produção de algodão com 20 mil
hectares ou com 10 mil hectares, ali se pode ter uma condição especial de política pública e para
termos uma regra.
Vamos dizer que nós somos 50 produtores e 03 não fazem o vazio sanitário, não fazem o
manejo, não dão o tratamento adequado, compromete tudo. Então com esse tamanho de área que
nós temos não tem muito esse problema. E o Airton está alertando, quer dizer, a gente não expande,
tem que ir devagar, com prudência. Mas se expandir e não tiver um regramento, esqueça, não vai
dar porque um estrago tudo.
(Conversa Fora do Microfone)
…. mas a legislação, eu sou legislador, estou aqui como deputado, mas a legislação não
resolve. Se não houver um manejo, não houver um gerenciamento, se não houver um
acompanhamento você vai ter uma fábrica de multas. Eu vi isso agora em Fortaleza. Crise hídrica,
todo mundo tem que reduzir o consumo porque está faltando água. Multa para quem estiver
consumindo mais água. Todo mundo pagou a multa, foram seiscenos e vinte milhões arrecadados
de multa e ninguém reduziu o consumo.
Então às vezes é vazia a lei, se não houver uma estratégia. É, assistência técnica, vai já falar
o nosso amigo Amorim aqui de acompanhamento. Mas se a gente não facilitar a própria assistência
técnica fica incontrolável. Olha o Ceará tem 148.000 Km², não pode ser proibido um produtor de
algodão plantar onde ele quiser, onde ele estiver, mas depois de ter 50 mil hectares cultivados um
produtor chega e passa a ser abrigo do bicudo, compromete tudo. Então nós precisaríamos definir
assim como o zoneamento agrícola, mas criar uma política pública e tudo que favoreça a quem
aderir a um programa de cultivo de algodão responsável ter acesso as políticas públicas. Porque
aquele tratamento às vezes voluntário ou involuntário, mas irresponsável. Uma produção sem
manejo, prejudica o todo. Se prejudicar só o produtor menos mal, mas não é o caso. Eu acho que
vale apenas a gente discutir sobre isso.
SR. FÁBIO AQUINO (Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-
Embrapa): Uma observação. O manejo de bicudo, especificamente do bicudo é um manejo pelo
menos ecorregional. Não adianta pensar em propriedade isolada. Ou você pensa naquela
microrregião ou esqueça o controle de bicudo. Mesmo que ele não tenha capacidade de voo como
as mariposas, as borboletas têm, quem mais dispersa bicudo somos nós. Caminhões que carregam o

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adubo, com caminhões que carregam calcário, o trânsito de máquinas. É impressionante como a
gente tem a capacidade de dispersar bicudo. Então, ou o manejo é regional, microrregional ou é
inviável controlar bicudo.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (União): Pois é! E nós temos eu acho que o
ambiente favorável para isso. Eu como secretário criei a Agência de Defesa Agropecuária,
consciente de três coisas: não existe produção intensiva com tecnologia e com alta produtividade
sem o controle sanitário adequado.
Segundo, as barreiras sanitárias serão sanitárias não serão fiscais, não serão de incentivo,
não serão de outra natureza. As barreiras sanitárias são importantes. E fizemos uma luta para tornar
o Ceará livre de moscas das frutas, tornamos com vacinação aftosa, uma agenda que nós criamos
várias campanhas. Do bicudo tem que ter uma estratégia própria para ele. E o vazio sanitário é
fundamental. Eu venho da avicultura, e nós durante muito tempo queríamos otimizar as instalações
e não dava vazio sanitário, só faltou quebrar todo mundo. Tem que dar o vazio, já tem lei, ótimo.
Mas é uma consciência, é uma mentalidade. Pois é, fantástico, muito bom.
Queremos ouvir agora o MAPA, Ministério da Agricultura.
SR. JOSÉ WELLINGTON (Auditor Fiscal Federal Agropecuário – SIFISV/SFA): Bom dia.
Obrigado pelo convite Deputado Carlos Matos.
Como o Airton falou no início quando começou a revitalização do algodão, vários
produtores começaram a utilizar os seus grãos para a sua semeadura e isso não é permitido. O
MAPA chamou atenção no início e foi complicado e como o Professor Sebastião falou não existia o
costume de utilizar sementes. Então nós esclarecemos os produtores, nos reunimos e falamos da
necessidade da utilização da semente que é um insumo importante.
A Legislação Brasileira de Sementes e Mudas fala que todo agricultor que vai utilizar
semente tem que comprar de quem é inscrito no RENASEM que é o Registro Nacional de Sementes
e Mudas. E é permitido ainda, o produtor fazer a reserva do seu material desde que ele declare para
o MAPA. Então é bastante importante essa questão legal não ser negligenciada tanto em relação a
semente como também ao agrotóxico que vai ser utilizado, o produto biológico que vai ser
utilizado, tudo tem que ser registrado e cadastrado também no Estado para a utilização.
Em relação a aplicação aérea a gente vê isso também como um ponto importante porque
mesmo a utilização de drone ela não é permitida. A proibição foi para a aplicação aérea tanto em
veículo tripulado quanto não tripulado. Então esse ponto tem que ser também bem pensado para que

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não prejudique o sucesso do projeto de revitalização da cultura do algodoeiro. Porque como muito
bem falado aqui você vai aplicar com trator, pulverizador que utiliza mais produto e que traz muito
mais risco para o aplicador e para o meio ambiente. Então a questão legal tem que ser bastante
considerada.
O vazio também como muito bem foi falado aqui outro ponto crucial porque sem esse
cuidado a revitalização da cultura do algodoeiro fica prejudicada. Então era isso que eu queria falar
para vocês.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (União): Muito obrigado.
Agora vamos ouvir a SEDET, Secretaria de Desenvolvimento na pessoa do Euvaldo Bringel
que tem feito também um trabalho importante nessa área.
SR. EUVALDO BRINGEL ( Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho-SEDET):
Bom dia a todos. Bom dia Deputado Carlos Matos, ex-Secretário de Agricultura. Bom dia, amigos.
Bom é muito bom estar numa reunião como essa de pessoas que estão ligadas na questão do
algodão que é como já foi dito muito importante para o Ceará para a geração de emprego. É uma
cultura muito adaptada ao nosso clima, é uma das mais resistentes em relação ao clima. O Ceará já
foi um grande produtor e tem toda uma história que a gente pode recuperar. Inclusive, eu vou fazer
uma passagem do programa do algodão em si, da questão do algodão.
Nós fomos procurados, na época eu era secretário adjunto da agricultura e pesca e depois fui
secretário titular e fomos procurados pela Embrapa, pelo Valdir da Ematerce, pelo Marcos
Montenegro para gente criar o programa do algodão no Governo do Estado. Então a gente elaborou,
já vinha com a proposta na verdade. O programa e a proposta, a gente levou depois ao Governador
Camilo Santana que de início logo abraçou a causa. E veio o chefe-geral da Embrapa no dia com
toda uma foto bonita, com toda a cadeia produtiva do algodão, o Airton Carneiro, o Marcos
Montenegro para apresentar no dia e a partir desse dia foi criado o Programa de Modernização na
Cadeia Produtiva do Algodão. A opção da modernização da cadeia produtiva do algodão é porque a
gente não se achava como até hoje também ainda é difícil com pernas para fazer em larga escala
como foi feito. Quem já tinha uma experiência anterior onde o governo estimulou o plantio de 20,
30 mil hectares e não teve suporte como foi dito aqui, faltou insumos, faltou combate ao bicudo e
manuseio. Então dentro desse programa a gente estabeleceu quais seriam o cronograma e as metas a
serem cumpridas. Entre elas uma grande preocupação era a organização da cadeia produtiva. A

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gente teve já o desmantelamento e aqui a saída do mercado das nossas usinas que descaroçavam
algodão e toda a cadeia produtiva ficou prejudicada em relação a essas questões.
Então a gente procurou de início a organização da cadeia, estabeleceu qual era o normativo
que ia regular isso. Então a gente chamou a ADAGRI e se criou, baseado em pesquisas da Embrapa,
em pesquisas da Ematerce o vazio sanitário no Ceará. Então de outubro a dezembro não pode ter
algodão no Ceará, até 30 de setembro tem que erradicar os restos culturais, que essa foi a
recomendação técnica da Embrapa para que a gente convivesse melhor com o bicudo já que a gente
não pode falar em erradicar o bicudo, acabar com o bicudo a gente tem que conviver com ele. E o
vazio sanitário propicia que a população do bicudo diminua, não é isso Dr. Fábio, e a partir daí,
criou essa Portaria e que virou lei depois, do vazio sanitário.
Criamos também alguns convênios com a Embrapa para fazer áreas demonstrativas que já
era um trabalho que a Embrapa Algodão estava fazendo já no Cariri, o Fábio, o Gildo e essa turma
boa. E a gente fez as primeiras áreas demonstrativas no Cariri. Logo em seguida um grupo liderado
pelo Marcos Landim no Cariri enfrentou a questão do algodão, mas tinha um outro problema como
colher o algodão! Então a gente procurou o Raimundo Delfino que se dispôs a colocar as máquinas
e garantir a compra na questão dos maiores produtores. E o Airton Carneiro que é um grande
guerreiro do algodão já trabalhava com vários produtores na região central.
Então a gente começou a partir daí a dar mais volume, mais corpo a questão do algodão.
Organizar alguns dias de campos levando prefeitura, secretário de prefeitura, levando produtores
para mostrar essas novas tecnologias porque a gente já queria trazer o algodão, mas diante de novas
tecnologias.
Nós temos hoje, deputado, alguma realidade no Estado que é bem melhor do que quando o
senhor foi secretário. As prefeituras hoje elas têm uma secretaria de agricultura já bem melhorada
em relação ao passado. Nós temos um time já grande de técnicos agrícolas no interior graças a
Deus, de agrônomos, de zootecnistas inclusive, vários na área agrícola como um todo e na área
agropecuária hoje já bem mais desenvolvida. Então a gente envolveu também essas prefeituras.
Eu quero parabenizar a FAECE (Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará), a Franciele, ao
Sebastião por essa luta também de trazer uma outra tecnologia que é diferente. A da Embrapa
inicialmente foi uma tecnologia que a gente levou para os grandes produtores que é com um tipo de
semente, padrão tecnológico, e o do Sebastião com a Franciele também é outro padrão tecnológico
que é mais adequado inclusive para os pequenos produtores. Então são coisas complementares.

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E como foi dito aqui o importante é que em termo de microrregião ou até de macrorregião a
gente controle a questão do bicudo porque acontece muito. Às vezes as pessoas começam a ter
prejuízo por algum motivo na cultura abandona e fica lá e é do jeito que o bicudo gosta e prejudica
todo mundo do município que planta ali ou do entorno que planta ali. Então essa questão é muito
importante para gente levar isso.
E fica aqui deputado, reforço a solicitação de todo o grupo em relação a mudança da lei da
proibição da pulverização. Quando a lei saiu, a gente não falava nem em drone, mas agora o drone é
uma coisa muito precisa, ele é capaz de pulverizar de um lado aqui, pular e pulverizar do outro sem
problema, muito baixinho, ele pulveriza bem próximo ao algodoeiro. E a pulverização em si,
mesmo para o pequeno produtor é uma atividade muito cruel, ele que está com uma bomba nas
costas pulverizando ali é uma coisa muito ruim. O drone pode fazer isso mesmo em áreas pequenas.
No Município de Quixadá o cara que aluga o drone faz um hectare aqui vizinho, ele tem condição
de fazer. Então essa questão secretário é importante.
SR. AIRTON CARNEIRO (Presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado
do Ceará): Euvaldo, inclusive o SCE do Cariri está disposto a botar um curso só sobre drone. O
cara vai ser técnico de uso de drone que pode ser botado na lei, caso seja alterado que só quem pode
usar o drone é quem tiver o curso de formação para o uso de drone.
SR. EUVALDO BRINGEL (Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho-SEDET):
Perfeito. A gente inclusive vai ter mais controle do que está sendo usado. É uma boa iniciativa.
Então fica aqui essas duas propostas, deputado. Em relação a questão do drone acho que tem
que ser modificada essa lei. E a outra que foi citada já aqui essa relação da FAEC, SENAR, com
Ematerce, as prefeituras e associações para que gente dê mais apoio aos pequenos produtores, que o
pequeno produtor tenha mais acesso a essas tecnologias porque ainda incomoda muito o produtor
estar com vontade de fazer, mas ele não tem as informações necessárias. A Ematerce também agora
teve um grupo grande de recém-contratados, e eu acho que pode ser também feito um trabalho com
eles para capacitar, mais voltado para a questão do algodão. Então a gente tem um trabalho grande
para ser feito. Fica aqui a nossa vontade de fazer, nossa contribuição.
Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado, Euvaldo.
Parabéns a esse avanço do vazio sanitário. Eu acho que já foi uma conquista importante.

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E agora eu passo a palavra para o Amorim, Presidente da Ematerce representando a
Secretaria de Desenvolvimento Agrário.
SR. ANTÔNIO AMORIM (Presidente da Empresa de Assistência Técnica Extensão Rural do
Ceará-Ematerce): Obrigado, Deputado Carlos Matos. Bom dia a todos.
Eu queria iniciar a minha fala prestando homenagem a duas pessoas. Primeiro ao Airton,
que é um dos “caba” mais teimoso nessa área do algodão, não é? Porque enquanto a gente conversa
sobre tudo e as tecnologias, ele teve e andou no Estado todo trabalhando esse processo. Ele tem
uma visão muito direta no mundo da produção direto com o agricultor. E eu queria também
homenagear, Carlos Matos, uma entidade que a meu ver, foi muito corajosa durante todo esse
período. Enquanto muitos deixaram de plantar algodão, o Esplar nunca deixou de estar presente na
área do algodão agroecológico, teimando muito para dar certo. E quando eu vejo hoje, professor, a
gente ter produtos, biotecnologia sendo aplicados, eu queria dizer, que o Esplar, e eu queria falar
isso homenageando o Pedro Jorge, um agrônomo teimoso, também, carinhoso e muito
comprometido com isso, significa que nós avançamos muito. Precisamos avançar muito mais
porque nós vivemos no mundo do conflito no uso dos agroquímicos, e nós precisamos compreender
o que é mau e o que é importante ser usado. E nós precisamos estar claro do uso das tecnologias.
Nós estamos falando aqui do drone, aliás, o meu sonho era ter um drone pelo menos em cada
regional da Ematerce para a gente fazer muitas coisas. Mas a gente não chegava a ser para fazer a
pulverização. Que bom que isso possa acontecer. Precisa que as pessoas tenham as condições de
fazer. Se for esperar para o governo para fazer isso, nós vamos atrapalhar a vida do projeto. Nós
precisamos ter parcerias. Essa discussão não é comigo, é com os que fizeram isso.
Mas eu entro num outro elemento muito importante, Marcos, que é a questão do uso das
tecnologias. Eu cheguei agora, eu flagrei uma ação do Airton com um matuto de Tauá,
transformando. Veja bem, em outras audiências daqui, se perguntava se era possível ter a
maquinazinha que o pequeno agricultor pudesse usar. Eu lembro que o nosso saudoso Flávio
Saboya, também está muito comprometido para que isso acontecesse. E quando chegou, como
sempre, a gente não sabe usar as tecnologias que tem e às vezes, em vez de entusiasmar faz é
desanimar. E quando eu chego lá, em Tauá, na oficina do Geraldo, está lá um carrinho sendo feito
para fazer a colheita do algodão, já que o saco do algodão da máquina é muito pequeno. E o Airton
me fala que na Bahia já está sendo usado, na Paraíba um instrumento muito maior. Esse é o
elemento fundamental, mão de obra para qualquer dos nossos trabalhos, ela está escassa. E aquilo

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que nós podermos colocar de tecnologias novas, implementos novos para que o homem possa
trabalhar menos e ter mais resultados, esse é o fundamental. Isso serve para todos os segmentos, não
é só para algodão, é para qualquer dos nossos produtos. Estamos vivenciando a questão do milho,
que neste momento nós temos pouca possibilidade de termos milho vindo de outros Estados, porque
eleva bastante o custo e nós vamos ter que ter milho no nosso Nordeste. E nós percebemos
claramente como é possível mudar isso.
Na Ocara, Airton, foi uma grande surpresa, uma área arenosa, mas o milho chegou a
169 sacos por hectare. Ou seja, se você tem tecnologias, você consegue fazer isso, agora precisamos
desse acesso a todos. E aí entra a questão dos financiamentos, direcionados àquilo que é importante
para os pequenos agricultores. Também não vamos pensar que vai aumentar muito os agricultores.
Vamos ter que aumentar áreas, tecnologia que possa trabalhar com mais condições produtivas e a
gente poder fazer aquilo que vem, que eu sou daqueles, quando o Carlos Matos estava abrindo a
audiência, eu estava me lembrando de quantas vezes eu passei a mão no cangote para matar piolho
de algodão. Chega a ser até gostoso, apesar de seboso quando você está no pingo do meio-dia os
cascudos do algodão lhe atacando, e você com a mão na maçã do algodão e a outra no pescoço,
matando os cascudos de algodão.
E eu não só apanhei, eu vivi disso, eu sei o que é isso. E isso é muito importante, por
isso que eu fiz essa homenagem aos dois, porque quando desapareceu com o ataque do bicudo,
ficaram poucas pessoas que tiveram a coragem de ir para frente e o Esplar foi uma delas, na visão
que eles têm e o Airton foi discutindo com todos os segmentos. Por isso que eu admiro muito as
pessoas que tem essa coragem.
E hoje nós estamos, e tem um detalhe importante, vocês hão de convir que ninguém
fazia o vazio sanitário e o vazio agora é uma obrigatoriedade. E nesse momento nós vamos ter que,
eu entendo exatamente isso, a lei, ela é importante, mas se as pessoas não tiverem a consciência, o
compromisso, a lei vira um conflito. E em vez de eu ter o conflito, eu tenho que ter a resolução do
problema e essa resolução do problema é que a gente tem que estar no convencimento das pessoas e
convencemos de duas formas.
Primeiro é que enquanto menos a gente deixar algodão ou zerar, deixar algodão na roça,
mais é a possibilidade da gente não ter ataque de bicudo. Coisas simples, bandeiras simples, não é?
Enquanto mais eu me desleixar e deixar o algodão na roça, maior possibilidade de eu ter um ataque
de bicudo. Mas eu preciso também, e quando nós estivemos em Mauriti, nas 120 tarefas de algodão,

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nós fizemos as contas. O custo de apanhar algodão hoje, manual, ele é muito elevado. A máquina
fazia isso por menos da metade do preço da mão de obra humana. Então quem tem máquinas, ele
avança, quem não tem, ele tem muitas dificuldades.
Por isso nós precisamos estar tecnificando todo o nosso povo para que ele possa fazer
isso. Como eu já disse antes, não é só para o algodão. Isso vai para o milho, mais difícil para o
feijão de sequeiro, mas vai também para isso, vai para todos os nossos produtos.
Ontem, quando eu estava na I Feira do CAJUTEC em Barreira, o sonho das pessoas era
ter uma máquina para catar castanha porque a dificuldade de mão de obra para catar castanha
também é grande. Nós chegamos ontem lá, com a roçadeirazinha do motocultivador para fazer o
coroamento do cajueiro, que já diminui em 80% o custo de mão de obra que você tem para fazer o
coroamento, porque mesmo tendo as roçadeiras ou as nossas grades para limpar o cajueiro, o
coroamento do cajueiro, exatamente onde a castanha cai, ela precisa da mão de obra humana,
porque nós temos poucas pessoas, salvo alguns, que já compraram as enxadas rotativas para fazer o
entorno do cajueiro, mas ele também eleva muito o custo. Eu juro que eu pensava que a semente da
aroeira, o aroeira, ia ser a semente que nunca ia se vencer. Contudo, estamos vendo aqui, nós
precisamos estar atentamente a essa parte das sementes, que a nosso ver, naquele tempo, foi um dos
principais imbróglios que nós tivemos.
Então acho que na medida em que a Embrapa vai nos dando essa visão e essa
possibilidade de novas sementes, isso vai trazendo para nós, com certeza também, uma capacidade
maior para que a gente possa desenvolver as nossas culturas nas diversas situações. Eu sei que nós
temos hoje, além da semente transgênica e a semente comum, nós vamos ter que saber trabalhar
com todo o segmento que trabalha a diversidade do algodão. Porque tem uma coisa muito
importante. Eu estava conversando com o Nezinho, ele saiu agora, mas o algodão agroecológico
chegou a dar até 60 arrobas por hectare, isso consorciado. Isso significa que é 120 arroba por
hectare, que eu tenho 50% ocupada com outras culturas.
Se isso é possível, isso é uma forma do pequeno trabalhar, então vamos trabalhar com
ele também. Aquele que quer trabalhar a tecnologia mais pura, então vamos trabalhar com ele. O
importante é que nós tenhamos duas coisas, a inclusão de todos e uso da tecnologia também seja
para todos. Por isso nós trabalhamos sempre a acessibilidade.
Eu estou vivendo hoje, Carlos Matos, nós já estamos nos tratores mais modernos. Eu
conversava com um menino na Serra de Crateús, ele dizia: “ a minha máquina de plantar não serve

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mais porque ela é daquela tradicional”. “Eu tenho que ter agora aquela que com o ar ela aplica a
semente mais correta”. Eu digo e ainda tem, no mínimo, 99% do nosso povo que ainda não conhece
nem a matraca, imagina a máquina de plantar.
E está aqui um processo, porque a plantabilidade é algo fundamental. Por que a nossa
produtividade de milho é tão baixa? Por questões de plantabilidade. Por que ela é tão baixa? Você
acha que eu vou fazer adubação de fundação com a mão? Eu teria de ter com o quê. Então essas são
as coisas que eu acho que dá o debate para tudo quanto há na agricultura e nós não temos como ser
diferente.
Eu acabo de chegar de uma reunião com a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores
de Zebu) em Uberaba, em Minas Gerais, e como percebemos, o avanço que tivemos nas tecnologias
para a produção de forragem. E como que nós mudamos a produção de carne e de leite, e como que
nós temos hoje tecnologias que foram ajudando com que as pessoas pudessem fazer mais, em
menos áreas e com mais qualidade, que é o que o mercado vai exigir sempre de nós.
Então fica aqui essa nossa mensagem, nos colocando à disposição. Não só podemos
fazer a formação com o SENAR, como temos nosso mestre do algodão que pode ajudar a fazer essa
formação de todos os técnicos, inclusive do SENAR também, naquilo que for para a gente
contribuir para os municípios, porque o Valdizim foi aquela pessoa que durante esse tempo todo ele
andou por todos os cantos, pelas grandes áreas, pelas pequenas áreas, pelas áreas agroecológicas. Eu
diria sempre que é a cabeça da diversidade das oleaginosas. Foi um dos grandes teimosos da
mamona, quando muitos dizem que não tem mamona, eu ainda hoje continuo plantando mamona. E
teimoso igual, como é o nome daquele senhor da Embrapa que cuidava da mamona? Ah, esqueço
sempre o nome dele. Não, não. Napoleão, que quando chegou aqui, inclusive nessa mesa, ele dizia
que mamona não se produzia com o consórcio de milho, era um consórcio de feijão, porque essa era
a visão da Embrapa. Mas quando ele foi em Monsenhor Tabosa que voltou, ele já chegou quase
plantando milho com mamona, porque ele viu.
Ele disse que o cidadão de Irecê, na Bahia, chegou para ele e apresentou dois litros de
mel no garrafão pet mesmo, tirado e espremido a mão, não era criador de abelha não, e disse para
ele: “doutor está aqui um melzinho para o senhor tomar, isso aqui cura câncer”. E do jeito dele, que
todos vocês conheciam bem, quem já se viu um negócio desse? Eu sou doutor e agora você me
dizer que a flor da mamona produz mel e cura câncer? E ele foi para a análise laboratorial e na

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análise laboratorial, tinham muitas coisas dos medicamentos contra o câncer que também continha
no mel, que era da florada da mamona.
O que é importante é que aquilo que é empírico ainda não é científico, mas ele pode se
tornar. Depende da nossa capacidade de estudar, acreditar e fazer valer.
Por isso, eu quero parabenizar pela condução da audiência, Carlos Matos, e nós vamos
estar sempre à disposição. A Ematerce sempre esteve nesse processo. Nós com as nossas condições
mínimas que temos, se Deus quiser, vamos ampliar essa capacidade. Hoje, com os novos técnicos,
nós não vamos ampliar só nessa área, mas em todas as áreas. E estamos trabalhando a possibilidade
de melhorar isso, inclusive para o próximo ano, com uma inovação de novos quadros para a
Ematerce e nos colocar à disposição para esse debate.
Eu sou daqueles que acham que nós não vamos fazer muito se a gente não melhorar os
nossos índices de produtividade, para quem quer melhorar de vida no campo tem tudo, mas sem ter
as tecnologias e melhorar os índices de produtividade, ele desanima, porque trabalhar muito e
produzir pouco é coisa que dá trabalho para gente.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Eu admiro muito o Amorim que
ele é muito objetivo e toca nos pontos que às vezes são polêmicos e muita gente ficou presa a ele no
passado. O Ceará sem mecanização vai ficar para trás. Nós precisamos, tem tratores. Só como
secretário, nós tivemos 700 tratores distribuídos. O governo tem feito isso. Quando chega na hora
do implemento, a visão do Banco Mundial e de muita gente é de que o implemento vai tirar a mão
de obra. Na verdade, o que acontece na prática é que o agricultor não consegue ter uma área mínima
para ele poder estar no campo olhando manualmente, não existe isso, tem que ser mecanizado. É
plantio direto. Eu, em 97, por isso pouca gente sabe porque eu me tornei secretário de agricultura.
Eu era presidente da Associação Cearense de Avicultura. Nós, em um desafio gigante de competir
com o Sul, trazendo o milho de Goiás, da Argentina, do Mato Grosso. Eu disse: “não, vamos
verticalizar isso”. Qual é a produtividade do Ceará? São 250 kg por hectare. O Brasil era 3.000, a
média. Nós fomos para o Jaguaribe-Apodi, trouxemos a Empresa Ciclo Verde, da Bahia, e nós
colhemos 10.000 kg por hectare. O governador quando viu ficou impressionado e foi ver que
eramos nós, da Associação de Agricultura que tínhamos feito aquele trabalho. Foi o papel das
usinas, o papel das usinas que o Airton tem feito. O Marcos faz há anos, de estimular a cadeia para
colocar.

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Bom, o resultado concreto desse programa é que nós introduzimos o milho híbrido na
Secretaria da Agricultura, com o Pedro Sisnando, ainda Secretário. Eu cheguei, potencializei esse
programa e a produtividade de milho triplicou no Ceará. Hoje nós estamos vendo, o pessoal da
Corteva me mostrou, um programa novo, Prospera, colhendo 100, 120 sacas em sequeiro, em
sequeiro no Cariri, em porteira sequeiro, 192 sacos por hectare. Então existe um gap, uma
oportunidade gigante de produtividade, porque também a gente não vai conseguindo 150 arrobas
por hectare, não fecha a conta. Então nós estamos competindo com quem produz seiscentos. Como
é que faz? Como é que está baseado esse programa? É uma coisa só para plantar até 10.000 hectare
ou é uma coisa mais ampla?
SR. AIRTON CARNEIRO (Presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado
do Ceará): Deputado, no primeiro ano em Itatira, foi feito até um dia de campo, produtor, com 2
hectares está colhendo, ele deve estar fechando agora em torno de 250 arrobas sem uso de adubo, só
com tecnologia de solo, sequeiro. Ele aplicou todas as tecnologias de solo bem aplicado. Agricultor
familiar, 250 arrobas, deve atingir um pouco mais até, por hectare. Em sequeiro, no Ceará, primeiro
ano, ele nunca tinha plantado algodão. Ele já tinha visto à época que o pai dele plantava, se animou
e plantou. Em Irauçuba nós temos também mais de 200 arrobas por hectare, em primeiro ano, sem
tecnologia. Em Irauçuba tem muito solo, nem tecnologia foi aplicada de curva de nível, desse tipo
de coisa. Nós temos muitos desafios, muitos desafios.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Eu até me animei e pedi para a
minha assessoria colocar, se você pudesse Airton, conduzir para gente já produzir um
encaminhamento dessa audiência pública. Se nós pudéssemos sair daqui com um manifesto pró-
algodão, com o que que nós queremos, com todas as instituições assinando. Se a gente produzir isso
hoje, ótimo. Se não a gente produzir depois. Vai criando um ambiente para avançar em cima do que
já foi avançado. Já tivemos várias conquistas? Ótimo, nós estamos agora construindo alguns
consensos. Não tem como avançar na cultura do algodão sem fazer uma pulverização eficiente,
planta a planta. Esse é um ponto fundamental, então sai no manifesto. Eu estou disposto, a minha
assessoria já está trabalhando, estudando as leis para gente apresentar um projeto de lei hoje para
regulamentar o drone no Ceará. Certo?
Então já, já eu passo porque também eu quero fazer de mãos dadas com o setor
produtivo. Então nós vamos ler aqui o Projeto de Lei, e se todos concordarmos, eu dou entrada. Se
tivermos ajustes, a gente já faz e eu dou entrada hoje mesmo no Projeto de Lei que vai exigir de nós

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uma articulação, como todo processo que existe convencimento, que exige convencer os outros
pares para que seja votado.
Eu vou ter uma conversa com o Renato Roseno, que é um homem inteligente. O ponto
fundamental que ele falava da questão da proibição da pulverização aérea era a deriva que tinham
apresentado estudos para ele que não era possível pulverizar só aquela área objeto do que o avião
deveria pulverizar. Tinha uma deriva muito forte e oferecia risco. O drone não oferece esse risco. O
drone tem zero, quase, problemas de deriva. Eu acho que a gente consegue equacionar com a ajuda
do Amorim, não é?
SR. MARCOS MONTENEGRO (Presidente do Sindicato da Indústria da Extração de Fibras
Vegetais e do Descaroçamento do Algodão no Estado do Ceará - Sindalgodão): Deputado,
muito interessante essa sua proposta, e a partir de hoje, já começar um trabalho sobre a lei que
somente o Estado do Ceará, no Nordeste, ainda não tem, que é aceitar o drone na pulverização, e
como também nós temos parceiros aqui, representantes de órgãos do governo, nós gostaríamos de
ter o apoio do Amorim e do Euvaldo na assinatura desse nosso movimento memorial, essa
reinvindicação que é de todos que fazem parte desse programa de revitalização da cultura.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado Marcos. Porque
um manifesto que possa sair nosso, eu quero também registrar a presença do Ronildo Mastroianni,
foi citado aqui da Esplar por esse trabalho brilhante que tem feito, e vai certamente falar aqui para
nós, obrigado pela sua presença, Ronildo, e parabéns pelo trabalho. O professor também, Nezinho,
vai já nos falar sobre o algodão agroecológico para gente poder abrir para Plenária e poder dar os
encaminhamentos.
Então para concluir esse momento de introdução que nós ouvimos todas as instituições,
Presidente Amilcar, à Mesa, por favor. A Federação da Agricultura, que vem fazendo um trabalho
brilhante nas diversas culturas, nos diversos segmentos da agropecuária cearense. Temos a honra de
contar com a presença do Presidente Amílcar, onde eu passo, imediatamente, a palavra a ele. Não?
Então vamos ouvir agora a Franciele.
SRA. FRANCIELE SILVA (Consultora da Semilla Sementes): Bom dia a todos e a todas aqui.
Eu sempre gosto de frisar essa questão a todas, representando também as mulheres produtoras de
algodão, temos muitas, e até nós estamos fazendo um levantamento, um estudo que a gente está
vendo que onde a mulher está inserida, o produtor está tendo mais produção. E agradecer a

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oportunidade de falar aqui. Eu sou produtora de algodão. Faço parte da Apaece, e na Associação
Estadual dos Produtores de Algodão, a gente tem propostas para todos os elos produtivos.
Nós temos o manejo, as tecnologias, os nossos planos para os grandes produtores e para
os pequenos também, voltando à questão do algodão convencional, e também, nós temos a questão
do apoio aos agroecológicos. A associação é de todos, não é uma associação só para grandes áreas,
para a produção em grande escala, mas também pensando na cultura, na história do algodão, onde a
produção era com a agricultura familiar. E nesse foco, o nosso trabalho, o Sr. Airton Carneiro é um
grande defensor da agricultura familiar, o Professor Sebastião e eu também. Eu aqui, como Semilla
Sementes e Biotecnologia.
A Semilla Sementes é uma empresa de produção. Ela não é só uma empresa de
comércio. A Semilla tem toda a sua estrutura produtiva e hoje está trabalhando também na pesquisa
para o uso de biotecnologia, uma vez que todo o cenário de produção está voltado para a
sustentabilidade, para dar essa sustentação econômica, ambiental, social nos campos de produção. E
a Semilla vem como parceira da Apaece hoje, falar sobre os seus trabalhos.
Um dos grandes trabalhos realizados para a cadeia produtiva de algodão no Estado de
Ceará, primeiro foi a viabilidade de uso de semente certificada. Hoje eu sou produtora de semente
certificada, está aqui o Wellington, do Ministério, que sabe que a gente é cadastrada, trabalha de
uma forma totalmente dentro da legalidade, mas para acontecer esse projeto a gente teve que contar
com a Semilla Semente, com uso de semente transgênica. A gente conseguiu um preço mais
acessível para os produtores que queriam iniciar o projeto em 2019.
Aqui nós temos um grande representante disso, que foi a Prefeitura de Iguatu, através
do Secretário Venâncio que está presente. A Prefeitura de Iguatu disse, vamos apostar aqui, vamos
trabalhar, vamos viabilizar isso para a agricultura familiar também. E a gente começou a trabalhar
em Iguatu. Hoje nós já estamos no terceiro ano. O projeto é de três anos como o Professor Sebastião
falou.
Primeiro ano é de aprendizado. Então está a iniciativa privada, através da Semilla
Sementes, da Rações Carneiro, que dão suporte na logística da venda, e outras usinas também. Tem
a prefeitura, tem esse momento de aprendizado onde todo mundo, a pesquisa, estar aprendendo. No
segundo ano para aperfeiçoar todas essas tecnologias, saber o que tem de errado, o que a gente
errou. Foi no plantio? Como o Presidente da Ematerce falou, o Dr. Amorim, erro de produção a
maioria dos casos foi por erro de plantio. Pessoas que tinham uma população de plantas, de 20.000

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plantas por hectare, mas estava querendo tirar 300 arrobas. Quando a gente foi avaliar, não foi
bicudo, não foi chuva que faltou, foi justamente o erro no plantio que conduziu todo o solo e esse
problema. Então o segundo ano é aprendizado.
Terceiro ano está o Município de Iguatu, que já aperfeiçoou o sistema e ano que vem já
tem os produtores andando com suas próprias pernas, porque esse é o objetivo do projeto.
E a Semilla veio para viabilizar a semente, abrir no primeiro momento para os
agricultores familiares e também para os grandes produtores, visto que é inviável a produção hoje
de algodão convencional em larga escala porque precisa que todo o sistema seja mecanizado, e o
algodão convencional não facilita isso. Então para as grandes áreas está a semente, temos semente,
temos insumos. Como o deputado falou, é um erro de organização faltar insumo durante o processo
produtivo e a Semilla veio para dar esse suporte. Hoje a gente consegue entregar em todo o Estado a
quantidade que fôr.
Depois vem a questão do bicudo. A agricultura familiar, ela sempre vai no elo da
sustentabilidade, do meio ambiente. A gente sabe que os produtores, ainda não têm aquela
sensibilidade do uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), e nós, como associação, ficamos
preocupados, e também os nossos parceiros. Aquele produtor está se expondo ao utilizar um
produto químico sem esse uso, sem esse aparato de toda a segurança. Franciele, e usando biológico
exclui esse EPI? De jeito nenhum. Não exclui. A gente continua batendo na tecla, mas sabemos que
já é menos perigoso. Já estamos trazendo menos risco e isso nos acalma quando a gente trabalha
com essa questão da sustentabilidade.
Então, a Semilla Sementes, ela nos visitou, conheceu as áreas e nós começamos a fazer
um trabalho preventivo, controle, o manejo integrado de pragas e doenças, não só para o bicudo,
mas para pulgão, mosca branca, as lagartas e começamos a trazer produtos biológicos para inserir
nesse processo de produção.
Outro problema, quantidade. Como é que eu vou mandar um litro para o agricultor
familiar, porque eles produzem 0.6 hectares, 1 hectare, então era inviável para a Semilla chegar aqui
e fazer as embalagens de 1 litro, fazer aquelas quantidades menores, só que através da parceria e a
gente através das prefeituras, que é sempre bom ressaltar essa grande parceria que nós temos hoje
com mais de 26 municípios e aumentando a cada dia. As prefeituras entram em contato com Apaece
para aumentar essa produção no Estado, a gente conseguiu e a Semilla encontrou o caminho. Fez as
embalagens de 1 litro e a grande logística da Semilla, hoje é através do avião. Então hoje, nós

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conseguimos mandar essas quantidades, tanto de produtos biológicos como de semente para todo o
Estado dessa forma, junto aos nossos parceiros. A gente não pode esquecer que temos a Rações
Carneiro que nos ajuda na logística de entrega junto à Apaece também.
Então, sempre que a gente está falando de viabilizar, de revitalizar a cultura do algodão,
a gente tem que atrelar a tecnologia, a logística, ao nosso sistema de parceiros, entrando agora, a
FIEC e a FAEC. Está aqui o Presidente Amilcar que vai dar aquela força na capacitação de
técnicos. Então tudo isso tem que caminhar junto e a Semilla Semente como empresa comerciante,
como empresa produtora, como empresa que pesquisa através das suas estruturas próprias de
pesquisa, temos laboratórios para isso, faz essa parte de sempre estar nos auxiliando com uma
tecnologia mais inovadora e um sistema mais produtivo e eficaz.
Então essas são as minhas palavras.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado, Franciele.
Bom, agora vamos ouvir o Sr. Nezinho. Ele vai nos fazer uma apresentação sobre o
algodão agroecológico e depois vamos ouvir o presidente da FAEC.
SR. MANOEL LOIOLA DE SENA - NEZINHO (Agência de Desenvolvimento do Estado do
Ceará-ADECE): Eu gostaria de cumprimentar toda a Mesa em nome do Deputado Carlos Matos.
Eu o conheço há algum tempo. Não sei se ele lembra de mim, mas a gente se encontrou várias vezes
naquele período de 2006, 2007, através do Fórum dos Secretários de Agricultura da Região dos
Inhamuns, Crateús, aonde nós criamos o Fórum dos Secretários. Nessa época eu era secretário de
agricultura do Município de Tauá, e o Carlos Matos era Secretário de Agricultura do Estado do
Ceará. Ele participou de algumas reuniões nossas. Foi muito importantes aquelas participações
porque a gente evoluiu muito em algumas coisas na região.
Bom, eu queria falar um pouquinho aqui do Projeto do Algodão Agroecológico da
Adece.
O Amorim fez uma pequena introdução quando falou do Esplar. A Adece é uma
associação que existe desde fevereiro de 1986. E a partir de 93 com a implementação do Plano de
Desenvolvimento Agroecológico de Tauá, que foi elaborado pelo Sindicato dos Trabalhadores
Rurais e assessorado pelo Esplar e a SPTA, na época, a Adece cedeu o seu espaço para que fosse
absorvido as atividades contidas no PDA, e desde essa época a gente trabalha, de alguma forma, os
consórcios do algodão agroecológico.

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Então era uma das atividades contidas no plano e a partir de então, a gente passou a
trabalhar o algodão agroecológico. Inicialmente assessorado bem de perto pelo Esplar, capitaneado
pelo Pedro Jorge, Marcos Vinícius e outros. Estou vendo a Rosa aqui também, que na época já fazia
parte do Esplar, Ronildo é mais novo, Rogaciano, que ficou mais em Tauá, o Lacerda, enfim, a
gente iniciou esse trabalho e nós estamos esse ano completando 29 anos produzindo algodão
agroecológico em Tauá que foi ampliado nesses últimos 5 anos para a Região dos Inhamuns. Então
é um trabalho prazeroso.
A Adece é composta essencialmente por agricultores familiares. Praticamente 90% do
quadro de associados da Adece, hoje, tem em torno de 174, e desses, 150 produzem o algodão de
forma consorciada, utilizando tecnologias que permitem a convivência com a natureza, sem utilizar
nenhum tipo de agrotóxicos, nem adubo químico. Tem alguns aqui que eu acho que conhece, ele
esteve presente conhecendo o nosso projeto na Adece, antes da Pandemia um pouco. Nós temos
evoluído nesses últimos 5 anos com parceria com as secretarias de agricultura da região.
Inicialmente foi Tauá, depois Independência, Boa Viagem, Parambu, tem grupos de Novo Oriente,
Mombaça e esse ano entrou também a Secretaria de Agricultura de Pedra Branca e Madalena.
Então nós produzimos nesses últimos 5 anos, de 2018, principalmente nos 4 anos de
2018 a 2021, em torno de 184 toneladas de algodão orgânico na região. Só esse ano de 2022 nós
vamos ultrapassar a barreira de 100 toneladas de algodão agroecológico. A nossa composição de
trabalho é ligada diretamente aos agricultores familiares. São pessoas que têm pequenas áreas. Elas
vão de 0,6 a 4 hectares. Por que essa delimitação do piso e do teto? Para poder viabilizar um pouco
o acompanhamento da assistência técnica porque todos eles têm um processo burocrático. Tem que
cumprir as normas do projeto, se convencer que é aquilo mesmo que ele quer, principalmente isso.
Eu sou um agricultor também. Não sou, hoje, agricultor familiar porque a composição de quem se
identifica como agricultor familiar é a composição da renda. Eu não tenho como comprovar hoje, a
renda que permite que eu seja agricultor familiar, mas cumpro com as mesmas normas de todos os
outros.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Senhor Nezinho, o senhor vai
apresentar? A apresentação já está no ponto.
SR. MANOEL LOIOLA DE SENA - NEZINHO (Agência de Desenvolvimento do Estado do
Ceará-ADECE): Eu já falei um pouco da Adece de 86, então pode passar que o pessoal vai
acompanhando o raciocínio.

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A Adece começou com a Associação de Tauá, mas hoje ela compõe a Região dos
Inhamuns. Em 94, iniciou o desenvolvimento da cultura do algodão através dos consórcios, também
já falei um pouco. E ela trabalha principalmente na questão do fortalecimento da agricultura
familiar, como eu disse.
Nós temos trabalhado, e temos tido problema, é claro, mas nós temos observado que o
agricultor que tem se dedicado com o projeto, ele tem tido resultados extraordinários. Primeiro, por
que o consórcio? Pode até ser que vá na contramão. Porque a nossa operação principal é quando o
bicudo ataca, a gente faz a catação dos botões florais para impedir que ele se multiplique. E o
consórcio, ele cria faixas que permitem, porque o bicudo, sempre chega por um local da roça, e
como tem as faixas, ele faz a catação e impede que ele passe para o lado de lá, para rua de lá que a
gente chama. O agricultor coloca que planta as ruas de algodão. Tem agricultor que a gente iniciou
orientando de uma forma, e tem agricultor que ele tem superado essas orientações, têm sido até
exemplo. Ele cria mecanismo das faixas de consórcio, que às vezes convence a equipe técnica que
ele está tendo melhor resultado do que a própria orientação dos técnicos. Ou seja, o agricultor, ele
se torna...
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Sem querer lhe interromper, só
para organizar aqui. Quanto tempo o senhor precisa para apresentar?
SR. MANOEL LOIOLA DE SENA - NEZINHO (Agência de Desenvolvimento do Estado do
Ceará-ADECE): Aqui mais uns 5 minutos dão para fechar.
Então, o que a gente tem observado? Eu acho que alguns falaram aqui do Projeto do
Algodão e se não tiver a dedicação do agricultor e convencimento daquilo que ele está fazendo,
normalmente ele não vai obter a excelência nos resultados, porque se você mesmo não está
convencido com aquilo que você está fazendo, imagine como é que vai chegar essa questão da
produção. O consórcio, permite melhorar a questão da renda familiar, como também a conservação
do solo, segurança alimentar e a oferta de produtos saudáveis.
A gente tem uma parceria hoje, na parte da comercialização, principalmente com a
Veja, que aqui no Brasil é Vert, que absorve 60% da nossa pluma produzida. E a Justa Trama que é
uma cooperativa que nós fazemos parte dela a nível nacional absorve 40% da produção da pluma.
Então o pessoal que trabalha com o comércio justo, aonde tem a participação dos
agricultores na composição das informações com relação aos resultados obtidos, principalmente na
cadeia da pluma do algodão.

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Até o ano passado, nós fomos certificados pelo Instituto Biodinâmico, IBD, e a
certificação por auditoria, e a partir deste ano, nós estamos aderindo, foi mudado para participação,
certificado participativo de garantia, aonde a própria Adece, dentro dos grupos, eles mesmos vão
fazer esse processo de certificação. O sistema de garantia, como eu coloquei, a partir deste ano, nós
estamos em processo de implementação dessa questão da certificação.
No ano de 2010, a Adece, por esse trabalho que ela desenvolve nessa questão da
preservação do meio ambiente, ela recebeu uma comenda da Assembleia Legislativa, da Medalha
Joaquim Feitosa. Foi uma premiação que ela recebeu.
E no ano de 2019, nós participamos da premiação da Fundação Banco do Brasil que
participam não só a nível nacional, como também alguns órgãos a nível da América Latina, da
premiação. Fomos premiados na gestão comunitária do algodão agroecológico, como tecnologia
social e sustentável.
Eu acredito que a gente poderia até participar, eu colocando para o Rogaciano,
avaliando, que nesse período para cá, na década dos últimos 5 anos, a gente tem trabalhado muito,
que é uma questão que acontece muito nas organizações sociais a parte da gestão. Então a parte da
gestão, nós temos trabalhado fundamentalmente com a questão de discussão e apresentação dos
resultados, aonde cada agricultor tem um caderno de atividade, aonde ele anota tudo o que ele
desenvolveu de qualquer atividade dentro do roçado, saber principalmente qual foram os custos
daquela área e qual a produção que ele obteve em cada área.
Tem a questão do resultado que eu falei um pouco. Ultimamente, estamos em processo
de legalização da IG do algodão assessorado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas), que é um parceiro que entrou agora há 2 anos e que está trabalhando junto
com a gente a questão da identificação geográfica do algodão dos Inhamuns. Nós estamos já há
muito tempo já trabalhando essa questão do algodão e estamos em processo já de regularização
junto ao Ministério da Agricultura, a nível nacional, dessa parte, criando um selo do nosso algodão
da Região dos Inhamuns.
Pode alguém considerar um pouco na contramão do projeto, mas eu acho que não tem
nada a ver. O importante aqui é que nós temos características no Estado, que éinerente à própria
agricultura familiar. O Tauá é um município composto de áreas que a grande maioria desses
agricultores têm 5, 10, 20 hectares de terra, que nessas áreas ele não consegue produzir nela toda.

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Então é realmente um trabalho voltado para a questão da agricultura familiar e convivência com a
biodiversidade da natureza.
Então queria agradecer à você. E nos colocarmos à disposição. Nós produzimos nesses
anos, principalmente nesses últimos 5 anos, como chegar próximo de 300 toneladas de algodão
orgânico. Quem trabalha com isso ou já trabalhou de alguma forma, sabe que não é uma missão
fácil, principalmente o pessoal do Esplar, que já vem de longe junto com a gente e que se considera
inclusive uma cria do Esplar que hoje está procurando caminhar com suas próprias pernas. A gente
tem os filhos e quer sempre que os filhos sejam melhor do que a gente. E é isso que a gente tem
procurado, fazendo um trabalho que não tem a participação dos órgãos governamentais. De alguma
forma, hoje nós estamos tendo a parceria mais específica das secretarias de agriculturas nos
municípios, mas nós não temos o apoio do Governo do Estado. Ultimamente, nós temos tendo um
apoio importante do Sebrae. A gente sabe que tem esse financiamento do Sebrae. A gente sabe que
é do Poder Público, mas diretamente pelo governo, infelizmente não tem. Eu acho que nessa
questão do resgate do algodão como uma cultura que já foi referencial no Ceará e no Nordeste, é
necessário que a gente abra a discussão para ver o que realmente está discutindo, porque a gente
fica, às vezesapreensivo quando a gente escuta alguém falar que ninguém mais plantou algodão nos
últimos 5 anos, 10 anos. Nós estamos há 29 anos plantando algodão, e todos os anos,
independentemente da seca que teve, que tivemos período com 7 anos sucessivos de seca, a gente
conseguiu produzir alguma coisa do algodão.
Logicamente que nesses anos de 2020, 2022, ele nos demonstrou que se você se aplicar,
se dedicar ao trabalho você consegue produzir muito, porque mesmo no consórcio com 50% de
algodão, nós também conseguimos produzir em Tauá mais de 100 arrobas de algodão por hectare,
esse ano. Então são coisas importantes.
A nossa semente é selecionada dos melhores algodões. O algodão que deu a maior
produtividade, o agricultor que cumpriu melhor com os compromissos do projeto e tem dado certo.
O pessoal que trabalha mais diretamente com a questão da produtividade de pluma de
algodão, mas nós estamos chegando a 40% esse ano de pluma do algodão, e é o BRS Aroeira que
está sendo trabalhado lá. Então precisa ser avaliado para a gente ver se nós conseguirmos uma
semente, lógico, desde que seja orgânico, que melhora o aumento da produtividade, melhor ainda,
mas eu considero que é muito importante porque nós estamos chegando esse ano a 40% de pluma.

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SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado, Nezinho.
Muito obrigado. Parabéns. Parabéns pelas premiações.
Vamos ouvir agora o Júnior da Fetraece, representando o Presidente da FETRAECE.
Fique à vontade.
SR. VICENTE JUNIOR (Representante da Federação dos Trabalhadores Rurais
Agricultores/as Familiares do Estado do Ceará-FETRAECE): Bom dia aos presentes. Eu vou
ser bem breve em função de que muito já se falou sobre números, perspectivas e sistemas
produtivos. A gente agradece esse espaço por estar possibilitando a Fetraece expressar um pouco o
que ela pensa em relação à questão da revitalização da cultura do algodão.
Essa revitalização, na verdade, a gente já vivenciou em outros momentos os famosos
programas de revitalização, mas o que a gente acabou de ver aqui, o ponto alto dessa audiência, é
que o algodão nunca deixou de ser cultivado no Estado do Ceará. Cultivado em bases produtivas
sustentáveis, em base produtiva que de fato priorizou aqueles que nunca abandonaram a cultura, que
são os pequenos. Os grandes, a gente parabeniza pelo esforço, a gente entende a importância da
produção em larga escala, mas a gente compreende que precisa compreender melhor o que vem
sendo feito, a gente precisa aprender mais com o Esplar, com a Adece, com a Acepi (Associação
Agroecológica de Certificação Participativa dos Inhamuns Crateús), com a Acep (Associação de
Certificação Participação Agroecológica do Sertão Central do Ceará), que são associações de
certificação participativa que podem, que tem muito a nos ensinar nesse processo.
A Fetraece está disposta a participar da construção de toda e qualquer política pública
no Estado do Ceará, desde que ela tenha base produtiva sustentável, que respeite o meio ambiente e
que possibilite aos agricultores receberem um preço justo pela produção. Porque a gente sabe que os
ciclos, o algodão, assim como a palma forrageira no Estado do Ceará, eles sofreram de pragas na
década de 80. A palma forrageira, ela foi revitalizada, graças ao grande trabalho que foi feito pelo
Governo do Estado do Ceará com os pequenos e os grandes também. O algodão não é diferente. A
gente percebeu que existem experiências desenvolvidas pelos pequenos, que podem ser replicadas
em escalas sustentáveis e escalas maiores. De certa forma o nosso recado é dizer que a gente
compreende que esse processo precisa de um debate maior, precisa de um amadurecimento maior e
a gente precisa conhecer um pouco mais esses sistemas que já estão postos.
A gente lamenta muito o Esplar não estar aqui à Mesa para também poder dar o seu
testemunho e expor a sua experiência de larga escala que ele tem há 30 anos em três regiões

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importantes do Estado do Ceará, Sertão Central, nos Inhamuns, Crateús e há algum tempo o pessoal
também produzido na região de Sobral. E existe experiência inclusive, no Cariri, produção de
algodão agroecológico no Município de Aurora.
A gente finaliza, agradecendo mais uma vez, e estamos dispostos a participar de todo e
qualquer debate. Nós compreendemos que a matriz produtiva precisa ser sustentável. A gente
precisa debater a questão da semente sim, a questão do crédito, a assistência técnica, o mercado,
mas a gente precisa ter uma ação mais incisiva do Estado na construção de uma política pública. A
palma foi revitalizada graças a uma ação que vem sendo trabalhada pelo Estado através de um
programa que o nosso querido Deputado Carlos Matos conhece muito bem que foi o Programa Hora
de Plantar. Então ele possibilitou a retomada da cultura da palma.
Nós precisamos fomentar através de um debate institucional que envolva esse conjunto
de instituições, mas que a gente priorize as experiências que vêm sendo trabalhadas, porque são
essas experiências que mantiveram vivas a produção de algodão no Estado do Ceará durante um
período. Quando a produtividade não foi lucrativa, os grandes e os médios abandonaram a atividade
e os pequenos não deixaram essa atividade morrer. Então vamos conhecer mais as experiências que
estão sendo trabalhadas, vamos levar isso em consideração e construir uma proposta sustentável.
Eu consultava o Presidente Raimundo Martins, o presidente da Fetraece, e a gente já
antecipa aqui em relação a um possível documento que venha a ser elaborado, a gente não vai
assinar esse documento, por a gente compreender que essa lei foi construída através de um amplo
debate que possibilitou a participação de todos os representantes do povo cearense. E,
posteriormente, essa lei foi sancionada pelo Governador do Estado e a gente compreende que esse
debate necessita ser feito com a participação ampla do Legislativo, para que outras instituições,
além das que estão aqui representadas, possam participar, possam dar o seu testemunho e ao final a
gente compreende que os representantes do povo, ou manterão a lei, ou construirão algo melhor
com bases sustentáveis sempre. É isso.
Obrigado pelo espaço.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado, Júnior.
Agora encerrando as palavras da Mesa. Em seguida, vamos abrir, a Esplar muito citada,
e para ouvir, nós temos aqui o Marcos Landim, da Associação do Cariri, que é uma região que tem
crescido algodão.

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Quero agradecer e cumprimentar todos os secretários de agricultura do Ceará, na pessoa
do Secretário Venâncio, de Iguatu, aqui presente. Muito obrigado por sua presença. Os municípios
têm assumido um papel importantíssimo, e a Federação da Agricultura tem dado esse enfoque
também em valorizar os municípios fez agora, onde nós podemos aqui contribuir, uma mudança
histórica, onde os municípios passam a ter autonomia para fazer inspeção de laticínios, onde o
produtor estava praticamente ilhado, sem poder vender o seu produto. De 2.500 laticínios, no Ceará,
mais de 2.000 sem inspeção, e se tivesse a inspeção municipal, só poderia vender no próprio
município, então não faria sentido. Isso foi um marco importante que eu tive a honra de poder
participar desse processo e o presidente da federação liderou esse processo. Então nós precisamos
que os municípios participem ativamente desse grande potencial que tem a agropecuária no Ceará.
Parabenizo a sua presença aqui, e cumprimento todos os secretários de agricultura
porque sei da importância do município.
Presidente Amílcar com a palavra.
SR. AMILCAR SILVEIRA (Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do
Ceará-FAEC): Bom dia a todos. Carlos Matos, eu fico muito feliz e me sinto em casa. Eu estive
aqui a última vez numa reunião da Enel que foi muito proveitosa para gente. Quando a Enel fez a
loucura daquele aumento, e nós estivemos aqui.
Hoje eu sei do Deputado Moisés Braz que está aqui com você, um dos melhores secretários
de agricultura. Para mim é motivo de orgulho, e rogo a Deus que você esteja na Câmara Federal a
partir de janeiro para defender os interesses do Ceará que nós precisamos, precisamos muito disso.
Queria cumprimentar o meu chefe, Marcos, nosso parceiro. Eu vou colocar uma sala
para ele na Federação da Agricultura. Eu sei o trabalho desse homem. Marcos e Airton, esses
homens não têm sangue vermelho nas veias, tem sangue branco por causa do algodão, e vocês
viveram muito esse algodão. Ao meu chefe, Euvaldo, que sempre foi uma luta grande no algodão e
nós reconhecemos isso. E aqui tem o meu respeito, Dr. Amorim que é um dos homens sérios que eu
conheço, aonde ele passou tem o nosso respeito, porque a Ematerce está sempre em boas mãos. Eu
aproveito, Dr. Amorim, para dizer que está na hora da gente fazer uma força-tarefa do Senai
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e da Ematerce, porque o nosso interesse é atender
produtor rural no Estado de Ceará e nós não temos tamanho de produtor rural para ser atendido. É
assim que eu espero do senhor, Dr. Amorim, que a gente possa construir isso junto. E o senhor tem

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na gente, uma parceria pelo respeito que eu tenho ao senhor, pelo respeito que a gente tem a sua
instituição. Muito obrigado.
A Federação da Agricultura tem agido para defender os interesses de produtores rurais
de fato. E aqui eu queria me comprometer, eu acho que nós estamos atrasados, Eduardo, mas já era
para a gente ter a outorga do algodão. Eu sou de uma cidade que foi, e é grande, graças à
cotonicultura. Quixadá tinha 5 indústrias de algodão, inclusive um era do tio do Airton, que é um
grande parceiro, é um lutador pelo algodão no Estado de Ceará, o Sr. Renato de Araújo Carneiro,
um homem de saudosa memória que ajudou muito a desenvolver o Quixadá e a cotonicultura na
nossa cidade. Mas é preciso a Federação da Agricultura fazer a sua parte e nós estamos aqui para
assumir esse compromisso, Professor Sebastião.
Assumir o compromisso das turmas de assistência técnica, aliás, já estamos atrasados, e
eu sei da burocracia que é o SENAR, por isso que eu estou fazendo aqui a nossa mea culpa. Nós
temos que fazer nossas turmas de assistência técnica, nós temos que capacitar os nossos técnicos. E
aqui, vai um agradecimento ao Deputado Carlos Matos. Essa legislação que o senhor pode fazer, e
eu tenho certeza que a seriedade dos deputados que fazem essa Casa vão contribuir para que a gente
possa usar drones, e na verdade, deputado, essa Casa está reparando um erro que fizeram com uma
legislação louca feita por gente que não conhece o agronegócio, quando pegaram simplesmente e
colocaram em propriedades que não podiam ser feitas a pulverização aérea que era numa cultura da
banana, utilizavam 20 litros e passaram a usar 400 litros. Você não diminuiu o uso de defensivos,
você aumentou. Na cabeça de gente que não tem juízo, é que faz uma legislação dessa. Eu lamento.
Essa Casa precisa reparar o seu erro para que a gente possa produzir. E aqui nós devemos facilitar a
vida do produtor rural, seja em nova legislação, e o governo tem feito isso, quando melhorou a
outorga da água que era feito no Ceará, que levava, Sr. Marcos, 211 dias, hoje leva sete. É preciso
melhorar e facilitar a vida do homem do campo.
É facilitando a vida do homem do campo que nós vamos produzir mais. Nós somos, em
sua grande maioria dos alimentos, somos importadores de outros Estados. Feito o algodão que aqui
nós temos um homem que temos que tirar o chapéu para ele, pela sua luta e o investimento no
Ceará, que é o Raimundo Delfino e aqui leva a nossa saudação e a gratidão a ele por estar
investindo muito no Ceará. E um homem que investe no Ceará, seja ele que tamanho for, é preciso
ser tirado o chapéu.

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Eu lamento quando foi feita essa lei e que o Governador do Estado do Ceará, um
agrônomo, assinou. Isso é para ser lamentável. Ou ele não acreditava na ADAGRI, que deu um
Parecer contrário, ou ele fez um negócio por ideologia burra e qualquer outra coisa, menos
seriedade do que ele fez. Eu lamento isso. Eu acho que o Governador do Estado de Ceará, o ex-
governador, foi um dos piores ex-governadores para um negócio desse Estado. Eu digo isso em
todo canto, não é pessoal, não é partidário.
Eu estou presidente da Federação da Agricultura, mas antes de ser presidente da
Federação da Agricultura, eu sou ovinocultor, eu sei o que eu estou falando. Eu lamento por isso.
Eu lamento que o desenvolvimento, e olhe só, eu estou falando isso em números, 22% da população
desse Estado estão nas áreas rurais e 66% na pobreza. Não existe pobreza se não tivesse
investimento. Não foi feito a contento. Eu espero que a governadora, que é uma pessoa sensível, eu
a tenho nisso, nesse fim de mandato ela corrija e o próximo Governador do Estado de Ceará, olhe o
agronegócio e, principalmente, quem quiser melhorar a pobreza desse Estado tem que investir nas
áreas rurais. Se quiser melhorar a pobreza do Estado tem que investir nas áreas rurais.
Ontem nós fomos atacados, e aqui é só um desabafo, pelo ex-Presidente da República.
Eu entendo, eu compreendo. Às vezes o vício, o alcoolismo provoca isso. Hoje a Federação da
Agricultura vai dar uma nota a altura para respeitar quem produz e quem trabalha nesse Estado.
Deputado, você aqui tem a minha gratidão, muito obrigado. Eu vou procurar, se o senhor me
permitir, ser companheiro nessa luta, procurar os deputados, produtores rurais, e quem não seja
produtor rural, mas que entenda o que é o agronegócio no Estado do Ceará, a juntar com você e
fazermos essa nova luta para utilização de drone nesse Estado que é necessário.
Aqui fica a minha gratidão ao seu trabalho, muito obrigado, deputado.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Eu ia evitar entrar nesse debate
porque eu acho que interessa pouco, mas me obriguei a ter que entrar Na hora que o Júnior disse
que não assinaria qualquer documento que nós fizéssemos aqui e que essa lei que foi aprovada ela
foi amplamente discutida que o Governador do Estado sancionou. Ela não foi amplamente
discutida. Ela foi um absurdo que nem a Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará foi
ouvida, que a ADAGRI, a agência, então fecha a ADAGRI. Se ela não é mais a autoridade sanitária
do Estado do Ceará, fecha. Agora o governador desrespeitar a ADAGRI, isso é um absurdo.
E agora nós estamos diante de uma realidade objetiva de que não se pode expandir, não é só
o do algodão, mas a banana, várias culturas porque foi feita uma lei que não é inteligente, uma lei

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ultrapassada. Uma lei que tomou como pressuposto que só pode ser feita a pulverização aérea por
avião. É porque a turma fica atrasada mesmo, deixa de olhar para a frente. E surgiu o drone, tem
hoje documentos vastos sobre isso, estou com o documento aqui na minha frente, feito pelo SENAR
Nacional, de agricultura de precisão com drones. O mundo todo está fazendo, o Brasil todo está
fazendo, o Nordeste está fazendo. O Ceará vai ficar atrasado?
Agora, quais seriam os pontos?
SR. AIRTON CARNEIRO (Presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado
do Ceará): Deputado, o drone é tão meticuloso na sua posição de pulverização que em um campo
de mil hectares você pode pulverizar 10 hectares espalhados aonde está entrando aquele tipo de
praga. Então ele é totalmente dirigido a certos pontos. É impossível que um drone, feita a
localização geográfica por vários satélites que ele pulverize áreas de população, é impossível.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Então a verdadeira guerra é
contra mentalidades ao invés de ser guerra biológica do besouro. Nós não podemos e nós todos
concordamos que nós precisamos proteger a sociedade e a população que corra riscos com os
defensivos. Esse é o ponto-chave.
Se é isso que nós queremos o drone é a resposta porque ele não tem deriva, é possível ser
feita a pulverização com eficiência e não coloca em risco a população. Se não é isso que nós
queremos então o que é? E por que se é contra? É ideológico? Qual é o problema?
Ao mesmo tempo, eu disse isso para o Renato Roseno, não se tem respeito pela pessoa
humana, é isso que se pretende, mas na prática não é isso que se faz, porque a pulverização costal é
um crime para a pessoa fazer e é isso que é permitido no Ceará. Não é permitido o avião, mas é
permitido fazer pulverização costal que várias pessoas já morreram, corre risco de contaminação,
muito mais grave.
Então é chamada a essa Assembleia Legislativa, e eu estou no pleno poder do meu mandato
de poder não ser omisso, de poder propor para que a Casa aprecie, que os deputados também não se
sintam donos do mundo, que eles possam ser pressionados. A sociedade é viva, é atuante. Existem
instituições fortes como a Federação da Agricultura, Federação das Indústrias, sindicatos,
representando a própria Fetraece, associações que abraçaram essa luta como um todo, e por que
vamos ficar presos a viéses ideológicos que consumam o atraso? Eu acho que o governador não leu
essa lei, porque assina tanta coisa, sabe nem o que assinou, porque eu ouvi de deputado aqui que

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assinou e que hoje tem um desgaste enorme e quando foi questionado disse que não sabia o que
tinha assinado.
Então eu acho que essa proposta hoje, eu não gostaria que fosse minha, se for minha eu não
apresento, se for só minha, eu não gostaria de ser omisso. Mas eu já estou colocando, eu quero
aproveitar essa audiência pública para ler a apresentação do Projeto de Lei e se houver
questionamentos possamos pacificar aqui para ela entrar com força na Casa e peço à Federação da
Agricultura para ajudar nessa articulação interna da Casa para que a lei possa encaminhar. Então
essa é a minha intenção.
Eu quero na verdade tirar os gargalos, e o Amorim foi muito feliz quando falou na
mecanização, mas isso vale para as outras políticas, os gargalos se apresentam à nossa frente para
termos a capacidade de superá-los. Essa audiência pública se não for para tirarmos gargalos foi
vazia, perdemos tempo, todos nós. Agora é a hora de encaminhar, de nós ouvirmos mais nomes,
mas como entrou na pauta essa questão eu gostaria de ler para vocês, minha assessoria trabalhou
nela, já aprimorando uma proposta que havia sido feita pelo Professor Sebastião para que nós
possamos, não contestar, nada, vamos construir um novo caminho buscando superar um desafio.
Qual é o desafio? Por isso que o bicudo é a mentalidade.
Eu tive uma discussão há muitos anos com o Banco Mundial quando nós íamos financiar
700 tratores e ele não queria financiar os implementos. Eu disse: “meu amigo, então para é que
serve esse trator? Não, ele só pode ter carroça que é para transportar a produção, não pode ter
plantadeira”. O que é isso?
Eles me tacharam de secretário de ricos porque eu queria uma agricultura tecnificada e tudo
que era feita para ricos, os pobres não podiam ter. É o inverso. Eles condenam os pobres a serem
pobres a vida toda, o agricultor pequeno a vida toda porque não permitiu que aquele equipamento
que foi feito um esforço com recurso público não desse o real impacto que lhe é dado. Na prática,
um agricultor que planta 1,5 hectare passa imediatamente a poder plantar 10 hectares se for
mecanizado. Então a renda do agricultor cresce imensamente.
Eu parabenizo o Amorim que eu já o admirava, mas quando eu vejo uma visão de público
do que ele coloca, é uma visão que não está ideologizada, que não está amarrada com travas, está no
ponto que importa. É mecanizado, não é para poder vender, para o dono da empresa de trator ganhar
dinheiro nem implemento não, é porque dobra a renda, triplica, quadriplica a renda do agricultor
que é o que interessa. Isso vale para a mecanização, mas isso vale também para a pulverização.

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Como é que nós vamos fazer, o Airton me explicava agora pela manhã, se eu tenho uma infestação
de bicudo naquele dia para 10 hectares, vai pulverizar nas costas, é? Avião não pode. Como é que
vai fazer? Vai pulverizar de trator. Trator está atolando, então como é que faz? Chora, senta do lado
do algodão, coloca umas plumazinhas para deitar a cabeça e reclama do mundo porque perdeu a sua
produção. É isso que o Governo do Estado quer? É isso que nós queremos? Não.
Então vamos apresentar uma solução, porque a inteligência está a nosso favor, não é contra
ou a favor de pessoas. Nós estamos a favor da superação dos desafios que nós estamos e isso é o
que importa. Eu sei que o processo político ele é rico, tem pensamentos completamente diferentes, e
aí Junior, eu quero alertar para três coisas: eu sou deputado e tenho autonomia para prover um
Projeto de Lei, eu não preciso combinar com ninguém para apresentá-lo. A Constituição Brasileira,
a Constituição do Ceará me assegura esse direito, então eu não estou desrespeitando nenhum
processo participativo.
Segundo, o processo Legislativo, em si, já é por si, participativo. Ele não precisa ter uma
combinação para ter participação, porque são 46 deputados que discutem, que tem a oportunidade
de aprovar, de desaprovar, de colocar e representa a totalidade da população do Ceará. Nenhum
outro Poder representa a totalidade, nenhum. O Legislativo representa toda sociedade. Dizer que
não é participativo, por favor, isso é um alerta que eu queria fazer para não dizer que não é
participativo.
(Conversa fora do Microfone)
... mas quando você diz que a outra lei foi discutida amplamente, e não foi, aí eu estou
contestando você porque não foi ouvida a Secretaria do Meio Ambiente, não foi ouvida a Agência
de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará porque eu conversei com eles pessoalmente, não foi
porque me disseram não. Eu conversei com o secretário e com a presidente da ADAGRI e não
participaram desse processo.
Então se não houve essa participação com as duas instituições que são públicas, que tem
autoridade sobre a área, você chamar isso de processo participativo, eu vou ser obrigado a contestar.
E agora sim, pretendemos fazer um processo participativo que eu já inicio antes mesmo de
apresentar o Projeto de Lei para a discussão nossa porque não é minha intenção contrariar nada
além do que seja o bom senso, do que seja travas para que a cultura do algodão possa se
desenvolver no Ceará. Não é isso, Dr. Valdir, você que é a autoridade na área?

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Só para ficar pacificado isso, eu entendi a sua posição, da Fetraece, mas eu estou dizendo do
processo em si que ele já é participativo por isso. Então se vocês concordarem eu peço permissão
agora para lermos o Projeto de Lei que está sendo apresentado e sofrer as correções. O Dr. Tiago
está aqui comigo, Façanha, advogado. Nós pegamos a sugestão do Sebastião, pegamos leis
nacionais, pegamos leis federais, fizemos um consolidado para propor que esse Projeto de Lei, e
tenho cópias aqui, e vou passando. O Amorim pode passar para poder acompanhar. Eu posso ler
então?
“O Projeto de Lei pretende hoje apresentar, dispõe sobre a utilização de Aeronaves
Remotamente Pilotadas, ARPs ou drones, na agricultura de precisão no combate do controle de
pragas e no gerenciamento de rotinas agrícolas, no âmbito do Estado do Ceará e dá outras
providências.
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará decreta, fica autorizada a utilização de
Aeronaves Remotamente Pilotadas, ARPs ou Drones, na agricultura de precisão no combate ao
controle de pragas e gerenciamento de rotinas agrícolas no âmbito do Estado do Ceará nos termos
desta lei.
Parágrafo único – para fins desta lei considera-se:
1 – Veículo aéreo não tripulado é o termo usado para descrever todo e qualquer tipo de
aeronave que não necessita de pilotos embarcados para ser guiada;
2 – A aeronave remotamaente pilotada ou drone, a aeronave não tripulada pilotada a partir
de uma estação de pilotagem remota, subcategoria de VANT;
3 - Operação de ARP, pessoa física ou jurídica, agricultor ou empresa rural, cooperativa,
consórcio de produtores rurais, empresa prestadora de serviço e órgão governamental, tanto o
proprietário quanto o arrendatário de ARP que pretenda efetuar operações aéreoagrícolas com
aplicação de agrotóxicos e afins, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes;
4 – Piloto remoto, pessoa que manipula os controles de voo de Aeronaves Remotamente
Pilotadas;
5 – Agricultura de precisão, sistema de gerenciamento agrícola cujo objetivo consiste em
aumentar a produção com maior eficiência e sustentabilidade dos recursos econômicos e
ambientais.

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Artigo 2º: Para efeito de segurança operacional a aplicação aeroagrícola com ARP fica
restrita à área de alvo da intervenção e observará os normativos do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento bem como as seguintes regras:
1º – Não é permitido a aplicação aérea de agrotóxicos e afins coadjuvantes, fertilizantes,
inoculantes, corretivos, sementes ARP em áreas situadas a uma distância mínima de 20 metros de
povoações, cidades, vilas, bairros, moradias isoladas, agrupamentos de animais, de mananciais de
captação de água para abastecimento de população, inclusive reservas legais e Áreas de Preservação
Permanente, além de outras áreas ambientais com larguras mínimas de proteção estabelecidas em
legislação específica. Caso não seja áreas alvos de aplicação devendo ser respeitadas ainda quando
couber as restrições de distância constantes na recomendação do produto a ser aplicado;
2º - Ficam dispensadas do cumprimento do Inciso 1º as aplicações com agrotóxicos
registrados no mapa e classificados como agentes biológicos ou produtos fitossanitários utilizados
na agricultura orgânica, desde que não apresentem restrições contra a saúde humana e ao meio
ambiente;
3º - As ARPs ou drones que estejam abastecidas com produtos para aplicação ficam
proibidas de sobrevoar as áreas povoadas, moradias e agrupamentos humanos, ressalvados os casos
de produtos para controle de vetores observados as normas legais pertinentes;
4º - Nas proximidades do local da operação deverá ser fixada placa de sinalização visível
para pessoas não envolvidas na atividade contendo a expressão “cuidado, operação com drone”.
Passo aqui para o Amorim para ler da 5ª em diante.
SR. ANTÔNIO AMORIM (Presidente da Empresa de Assistência Técnica Extensão Rural do
Ceará-Ematerce): No local da operação, deverá ser mantido fácil acesso ao extintor de incêndio de
categoria adequada para equipamento eletrônico, sabão, água para higiene pessoal e caixa contendo
material de primeiros-socorros, observando ainda as orientações específicas contidas na bula ou no
rótulo do produto. No local da operação deverão constar de forma legível o endereço e os números
do telefone de hospitais e centros de informações toxicológicos.
A equipe de campo deverá obrigatoriamente usar os Equipamentos de Proteção Individual,
EPIs, necessários, fornecidos pelo empregador. A equipe de campo deverá utilizar coletes ou faixas
de sinalização durante as atividades;
As condições meteorológicas e ambientais deverão ser devidamente avaliadas durante as
operações de modo a se garantir a eficácia e a segurança da aplicação.

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O disposto nesta lei não se aplica aos balões livres e tradicionais e tão pouco os balões
usados em pesquisas e estudos atmosféricos, aos foguetes, as pandorgas e pipas, papagaios e
similares.
Artigo 4º: O Poder Executivo regulamentará a presente lei do que couber no prazo de 60
dias. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogada as disposições em contrário.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Queria escutar alguma sugestão
ou contestação do que está posto.
SR. AIRTON CARNEIRO (Presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado
do Ceará): Posso sugerir que seja colocado, que a pessoa que usa o drone tenha curso para isso?
Tem que ter habilitação, porque hoje nós temos as faculdades.
(Conversa Fora do Microfone)
SR. AIRTON CARNEIRO (Presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado
do Ceará): Então se já é lei não precisa estar lei.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): É desnecessário porque existe a
regulação pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Perfeito.
SR. AIRTON CARNEIRO (Presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado
do Ceará): Só queria dar uma palavra aqui, a Apaece ela está aqui, a Associação dos Produtores de
Algodão do Estado do Ceará representada, como sempre digo, eu estou na presidência, eu não sou
presidente. Queria convocar os produtores da associação do Cariri como também os produtores de
algodão agroecológico para se unir em uma associação. Não precisa deixar de existir a associação
de vocês, mas uma associação de todo o Estado, unindo as associações. Ela fica muito mais forte.
Precisamos ser filiados, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, porque temos o
dinheiro que está, não é da associação brasileira, está no Instituto Brasileiro de Algodão, que é
dinheiro que nós conseguimos, os produtores de algodão do Brasil, e eu digo nós porque nós nunca
deixamos de plantar algodão, como foi dito aqui, nós também precisamos desse dinheiro. Esse
dinheiro é dos produtores e só temos acesso a ele se formos filiados à Abrapa (Associação
Brasileira dos Produtores de Algodão). Esse dinheiro é para ser usado em melhoria de tecnologia,
em estudos, e temos que ter acesso a esse dinheiro.
Então precisamos da força de vocês para que a gente consiga chegar até ele.

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SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Então vamos começando os
encaminhamentos. Queria concluir o Projeto de Lei, se é isso, se eu estou autorizado a assinar o
Projeto de Lei para dar entrada da forma que foi apresentado a vocês.
SR. FABIO AQUINO (Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária): Só
queria fazer uma observação no Artigo 2º do Inciso 2, no final do parágrafo fala assim: “desde que
não apresente restrições contra a saúde humana e ao meio ambiente”. Refere-se basicamente à
questão de produtos utilizados na agricultura orgânica ou agroecológia. Nem todo produto, e não é
uma questão de condenação de uso, mas nem todo produto utilizado na agricultura orgânica
necessariamente é inócuo ao ser humano ou a animais.
Então essa questão da avaliação, quem vai poder avaliar esse critério, essa restrição?
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): É melhor suprimir, porque isso
já foi vista a implicação humana pelos órgãos governamentais que regulam a lei. Não compete à
Assembleia Legislativa fazer o juízo sobre isso, é melhor suprimir.
SR. FABIO AQUINO (Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária): Só
para ilustrar, o ácido pirolenhoso, é um produto que pode ser utilizado na cultura orgânica, mas não
deve ser utilizado de forma, inclusive é proibido pela legislação dos orgânicos a obtenção deles.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): É porque tudo é a dosagem, até
fitoterápicos usados em dosagens abusivas ele oferece. Então suprime essa do Inciso 2. É só
suprimir para assinarmos. Mais alguma consideração? Tudo ok?
Quero abrir agora com muito prazer e alegria para que possam se manifestar, o auditório
para irmos para o encaminhamento. Estou vendo aqui já dois, um, é o Projeto de Lei que nós vamos
assinar sobre a regulamentação de drones no Ceará. Segundo, é um apelo do Airton Carneiro para
que haja uma força unificada para a cultura do algodão para ter acesso à Abrapa e ter acesso a
recurso de inovação. Não podemos perder isso.
Então acho que isso é fundamental se encaminharmos aqui. Se há essa disposição abençoada
pelo presidente da Federação da Agricultura que está junto. Acho que era bom ouvirmos o Marcos
Landim que está aqui representando a Associação do Cariri, não só com o que ele tenha a
contribuir, mas sobre esse desafio propriamente dito.
SR. MARCOS LANDIM (Associação do Cariri): Boa tarde. Eu quero em primeiro lugar
agradecer e mandar um abraço ao Airton que foi quem primeiro me orientou para que plantássemos

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o algodão no Cariri. Estive na empresa dele para me aconselhar e ele me orientou. Há uns três anos
começamos a plantar o algodão no Cariri. Começamos com 20 sócios a nossa região.
Para você ter uma ideia o quanto é difícil o plantio do algodão, o quanto é difícil unir todo
mundo e dar tudo. Nós começamos com 20, hoje somos 10, criamos a associação, fizemos uma
parceria com a Embrapa que tem uma área em Missão Velha, uma área de estudo e estava mais ou
menos parada. Nós fizemos um comodato da Embrapa com a nossa associação e conseguimos uma
usina. Estava parada, em Patos, na Paraíba, essa usina foi para Missão Velha, nós montamos e esse
ano já estamos fazendo a pluma em Missão Velha. Conseguimos plantar algo em torno de uns 800
hectares, entre 700 e 800 hectares, estamos produzindo uma média de 2 mil quilos por hectare.
Achamos muito interessante essa posição de Airton. Nós temos que nos unir para criarmos
força e que venha as benesses para nos estruturarmos e caminhe para frente, porque tudo isso que
fizemos lá foi com recurso próprio desses nove produtores. Isso pesa, é muito gasto, é muito
dinheiro e não estamos pensando em parar isso, queremos progredir.
Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado. Queria dar a
palavra ao Secretário de Agricultura de Iguatu.
SR. VENÂNCIO JOSÉ VIEIRA (Secretário de Agricultura de Iguatú): Bom dia a todos. Eu
gostaria de saudar à Mesa na pessoa do Deputado Carlos Matos, o Sr. Sebastião, a Franciele e o
Airton Carneiro.
Primeiramente parabenizar pela proposta que está sendo encaminhada. É muito importante
para os produtores de algodão. Eu venho de uma região, do município que já foi o maior produtor
de algodão do Brasil, na década de 70, não era nem nascido ainda, e juntando-se aos municípios do
Centro-Sul nós tínhamos para mais de duas dezenas de indústrias de processamento de algodão lá
na época. Para ser mas preciso em 73 tinha em torno de dois mil produtores da agricultura familiar
plantando algodão só no nosso município que era naquela época o Município de Quixelô fazia
parte, só no Iguatu, em digo duas dezenas na região inteira, o Euvaldo sabe disso, lá do Saboeiro,
conhece essa história também.
Como é importante nos modernizarmos. Eu acredito que há 20, 30 anos a estrutura da
Assembleia não era essa mesma. A tecnologia não era essa mesma, não tínhamos como nos
comunicar com as pessoas com o nível tecnológico que temos. A utilização do equipamento que

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vem para facilitar, que vem para otimizar e para melhorar o convívio ambiental, ecológico e com a
questão da humanidade ela é muito bem-vinda.
Então, eu enquanto secretário de agricultura do município representando aqui o Prefeito
Ednaldo Lavor apostamos na parceria, apostamos na sistemática de trabalho coletivamente com os
produtores. E, infelizmente nós só não temos mais áreas expressivas até com os pequenos
produtores porque a questão da mão de obra é muito difícil, eles precisam de uma ajuda. E essa
questão, eu gostaria que ficasse bem claro que é importante que desde que seja bem debatido como
está sendo debatido, esclarecido, ela venha a ajudar os produtores, aos pequenos produtores, aos
médios produtores ou a todos eles que cultivam a cultura do algodão.
Parabenizo e deixo aqui as minhas palavras de apoio nesse sentido de podermos encontrar o
melhor caminho, a melhor maneira de poder juntos sanar esse reparo e com isso avançar
consideravelmente na questão da produção agropecuária. Iguatu no próximo ano agora tem uma
proposta de produzir em torno de 400 hectares dos pequenos produtores de algodão. Hoje nós temos
cinco, seis, sete, oito, mas isso precisa que isso aqui avance, que tenhamos políticas de apoio com as
sementes, com os produtos se for necessário utilizar e com o apoio tecnológico que é
imprescindível.
Obrigado.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado Venâncio.
Voltando ao Projeto de Lei nós estamos corrigindo aqui o segundo, ficou com a seguinte redação:
“Ficam dispensados do cumprimento do Inciso 1º as aplicações com agrotóxicos registrados no
mapa e classificados como agentes biológicos com produtos fitossanitários utilizados na agricultura
orgânica”. Resolvido? Posso assinar? Perfeito, então vamos à assinatura. Dada entrada agora
mesmo.
Assinado, passo ao presidente da Federação da Agricultura para nos apoiar na articulação
interna da Assembleia para construir um consenso e termos a aprovação dessa lei. Perfeito, então já
valeu a nossa audiência pública para construirmos esse consenso. Seria muito perigoso, nós não
construirmos esse consenso para entrar com a proposta que muda um pouco a realidade para
positivo. Estão instituições públicas, privadas, todos juntos para superar esses desafios.
Quero agora passar a palavra para o Valdir Silva, o rei do algodão, da Ematerce. Quero
agradecer a presença do Presidente Amilca, antes da sua fala, só para ele dar a sua palavra final
Valdir, porque vai precisar sair.

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Então muito obrigado presidente, pela sua presença.
SR. VALDIR SILVA (Engenheiro Agrônomo da Ematerce): Deputado Carlos Matos em nome
do qual eu saúdo à Mesa. Gostaria de colocar alguns pontos para pensarmos. Primeiro a ausência da
Secretaria da Agricultura Familiar, que deverá através de um projeto criar um projeto para dar
suporte a esse Programa do Algodão no Estado do Ceará, juntamente com demais órgãos já
envolvidos.
Outro ponto que nós temos que pensar é o custo de produção para o pequeno agricultor
familiar. Nós sabemos que uma produtividade nas áreas sem a devida tecnologia é necessário até
sete e meio hectares para você ter uma renda de um salário mínimo anual, mensal. E para isso é
necessário que nós tenhamos diminuição do custo de mão de obra. Se não tiver tecnologia, como o
Amorim colocou, com maquinários, necessário para o pequeno agricultor familiar inviabiliza a
produção. A mesma coisa acontece com os nossos solos, são altamente degradados. Se não houver
um programa de adubação forte para a cultura em que consigamos realmente ter alta produtividade
para o pequeno agricultor em áreas pequenas, de um hectare, no máximo dois hectares, que é o
agricultor familiar você não tem um resultado satisfatório. E o incremento de mais agricultores
nesse processo.
Um dos pontos-chaves é a aquisição de insumos. O agricultor precisa de insumos. Ele não
tem acesso ao crédito, como fazer isso? Talvez viabilizando um projeto através da Secretaria de
Desenvolvimento Agrário, com meios que favoreçam essa aquisição pelo pequeno, através do
sistema cooperativo, a cooperativa compraria sementes, insumos, através da Franciele, para que ele
pudesse pagar esse custo de aquisições após colher a sua produção. Esse crédito agrícola é
importantíssimo para o desenvolvimento da agricultura do Estado.
Foi falado em aderiva, não foi deputado? A deriva. O senhor sabia que o costal tem mais
deriva proporcionalmente de que os demais métodos. Então a deriva pode ser totalmente eliminada
em qualquer dos métodos de aplicação, inclusive nós participamos de uma palestra de uma doutora
da USP na Fazenda Normal, inclusive o Amorim passou, que ela colocou que você pode zerar. Se
você tiver um bom controle dos bicos adequados, da regulagem adequada e observar algumas
estratégias para a aplicação você zera a deriva.
Então louvo esse seu trabalho de usar o drone que nada mais é de que uma redução
altamente de custos para o pequeno agricultor familiar. A água é custo, se ele não paga a água, ele

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tira do açude, a água tem que ser de qualidade, tem um custo. São esses pontos que eu gostaria de
colocar.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado Valdir. Nós
estamos agora com um desafio do tempo. Eu queria ouvir o Esplar, mas além do Esplar alguém
mais queria se inscrever para falar e concluirmos? Queria convidar o Secretário de Agricultura para
fazer parte da Mesa, o Venâncio. Eu queria convidar o Ronildo Mastroianni da Esplar para vir à
Mesa também para falar e nós podermos partir para o encerramento dessa audiência pública.
SR. RONILDO MASTROIANNI (Técnico do Esplar - Centro de Pesquisa e Assessoria): Bom
dia a todas e a todos. O Esplar foi convidado para esse evento e estamos meio que surpresos com
esse decreto, para começo de história. Muitas coisas que foram faladas aqui são importantes.
O Esplar é uma organização não-governamental. Nós fizemos agora 48 anos e trabalhamos
com agroecologia a serviço da agricultura familiar.
Eu vim para cá realmente muito motivado, e uma das coisas que é um dos pontos comuns é
da revitalização da cultura do algodão nas diferentes perspectivas, como o Amorim colocou. Então
no Estado democrático de direito é importante colocarmos nossas ideias para que a população
compreenda quais ideias cabem nos cantos e nos cantos de fala,g principalmente. Então percebemos
que os modelos apresentados aqui, o modelo que a Adece desenvolve e o Esplar defende é o modelo
da agroecologia. Nós temos essa atividade dos consórcios agroecológicos com o algodão há trinta
anos, desenvolvemos isso, e essa atividade foi que colocou o Brasil nas estatísticas mundiais de
produção orgânica.
Em um tempo aonde a certificação orgânica era inicial no Brasil, o Ceará colocou o Brasil
nessas estatísticas e vem de lá para cá até hoje. Nossa proposta, e como já foi falado, o Amorim
falou tudo que eu queria falar, porque ele disse que a gente tem que ter milho, tem que ter feijão,
tem que ter algodão, faltou gergelim, e algumas outras coisas que faz essa diversidade dos
consórcios agroecológicos com o algodão. A nossa proposta iniciou em 1991 justamente por uma
inquietação de um agricultor de Madalena chamado Veríssimo que pegou esse rapaizinho chamado
Pedro Jorge e colocou: “por que não produzimos mais algodão”?
Então já falamos aqui das causas, mas não podemos falar mais do mesmo ou fazer com as
mesmas questões que foram pautadas nesse período. Então de lá para cá foi construída uma
proposta que tem uma base técnica que a primeira é a conservação e preservação dos bens naturais,

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e se não tivermos o ambiente preservado, se não tivermos as vidas humanas e não-humanas
preservadas vamos seguir num caminho muito difícil.
O outro ponto é a soberania e segurança alimentar e nutricional, que é aonde pegamos e
trabalhamos a partir da realidade de cada território, seja no Cariri, no Sertão Central ou nos
Inhamuns. O que as pessoas já fazem nos seus roçados não vão deixar de fazer. Agora do ponto de
vista de conceitos e técnicas aplicadas conseguimos desenvolver a produção do algodão dentro dos
roçados que as famílias já fazem. E o terceiro pilar dessa proposta técnica que defendemos e vem
desenvolvendo nesse período todo é a geração de renda, porque o algodão e a cultura de geração de
renda, mas de 1991 para cá muitas questões foram sendo ressignificadas, foram sendo aprimoradas
porque essa proposta sempre foi participativa e precisamos ouvir os agricultores e agricultoras, e o
segmento que o Esplar defende é o da agricultura familiar, então são agricultores familiares. Essa
terminologia não é pequena porque eles são grandes quando se juntam e vem mantendo a cultura do
algodão dentro do Estado do Ceará nesse período todo.
Me espantou ouvir também aqui quando dissemos que a tantos anos para cá é que vem
sendo retomada, mas esse trabalho, esse rapaizinho é teimoso, mas ele é acolhedor, é tinhoso, tem
muitos ideais e a gente vem construindo estratégias de convivência com o semiárido. Então
reconhecer os consórcios agroecológicos com o algodão é uma questão de que estamos no canto
certo, porque estamos na Assembleia Legislativa, estamos com as pessoas de poder, mas estamos
com as pessoas que precisam das deliberações desses poderes, que são dados a vocês.
Temos que entender que o modelo da agroecologia é para a agricultura familiar, entendendo
porque, por todas as limitações que são colocadas e dizer que é importante que as famílias
agricultoras se apropriem desse processo. Já foi falado aqui da Adece, Acepi e a Acep são
associações que são autônomas em relação à cadeia. Dentro das coisas que são muito comuns tem
uma que é muito importante. Nós estamos num canto hoje desse mundo globalizado onde todos os
holofotes, estamos na televisão, estamos sendo vistos e os ODS (Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável) nos conectam com o mundo das possibilidades, mas também com o mundo das
sanções. Temos que entender que dentro de qualquer modelo que a gente venha fazer escolha e a
escolha do Esplar pelo modelo agroecológico como das associações, temos que estar linkando essa
ação porque iniciamos esse trabalho numa época onde só tinha três objetivos, hoje são 17 e o
mundo observa nosso movimentar-se e transitar-se por isso.

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Dentro das coisas que eu acho importante reconhecer aqui, primeiro, o vazio sanitário é
importante, mas antes do vazio sanitário a catação dos botões florais, porque se for para deixar para
fazer o vazio sanitário em outubro e os botões irem se acumulando mesmo que quem aplica essas
coisinhas aí, o bicudo vai estar se multiplicando do mesmo jeito. Precisamos de uma terra
qualificada para trabalhar com os agricultores familiares e uma terra de base agroecológica porque
até esse direito nos foi diminuído, porque a Constituição, a lei dos orgânicos estabeleceu diretrizes
nesse sentido.
O manejo é fundamental para isso, as tecnologias poupadoras do trabalho, foi falado no
início, é muito importante e dentro desse trabalho a gente vem somando parcerias e temos alguns
acúmulos, temos algumas experiências nesse sentido que são experiências que precisam de leis ou
de políticas públicas para visibilizá-las, para multiplicá-las.
O Esplar entende esse movimento, mas não aceita o decreto. E, dizer para o meu amigo
Amilca, quando ele falou do Camilo, que foi meu colega de faculdade, Nós estudamos juntos e
somos parceiros e que eu divirjo do que ele disse. Queria agradecer.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado Mastroianni.
Eu, quando secretário de agricultura, e criei uma área de agricultura orgânica, e ontem visitei
um produtor de 25 hectares produzindo morangos, produzindo todo tipo de hortaliças de forma
orgânica. Então eu acho que esse espaço cresceu, lamento, você ter 30 anos de trabalho e os
governos não terem potencializado o seu trabalho, porque carrega uma filosofia junto também. Mas
nós temos que pensar que o espectro da agricultura é muito mais amplo. Hoje só 1% do que é
produzido no mundo é orgânico. Para produzir em escalas isso não é factível. Era ótimo e eu queria
que o Esplar fosse um gigante hoje, mas não é, 30 anos.
SR. RONILDO MASTROIANNI (Técnico do Esplar - Centro de Pesquisa e Assessoria): Posso
fazer um complemento? Tem um princípio do Direito que diz: “a gente está no canto certo, temos
que tratar os desiguais desigualmente na medida das suas desigualdades”. Não devemos e não
queremos reproduzir uma lógica de injustiça, de dominação, temos que quebrar esse ciclo. Eu acho
que estamos avançando muito para o debate e com elegância, mas é importante entendermos que os
desiguais têm que ser tratados igualmente, nessa perspectiva.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Eu me tornei político por isso,
para reduzir as desigualdades. Se eu vou ser candidato a deputado federal para mexer nas estruturas
do País e produzir uma igualdade que nos últimos 30 anos não foi produzido.

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O Ceará hoje metade da população, talvez você não saiba disso, é pobre e ganha menos que
meio salário mínimo.
SR. RONILDO MASTROIANNI (Técnico do Esplar - Centro de Pesquisa e Assessoria): E só
concluir, que nesse canto se existem desigualdades existem direitos a serem acessados, direitos a
serem recuperados e o Esplar trabalha para isso, para efetivar direitos dos povos do semiárido.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Perfeito, nobre missão.
SR. AIRTON CARNEIRO (Presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado
do Ceará): Deputado, só dizer aqui uma coisa. Eu achei que me tocou na parte que ele falou. Olhe,
trabalhamos com algodão, a nossa empresa de 1956, hoje sou um dos sócios. Meu avô começou em
1923 a beneficiar algodão, beneficiar, em 1923, Damião Carneiro, Quixeramobim. Então a Região
de Quixeramobim que eu saiba de 1923 até hoje nunca deixou de plantar algodão. Preocupação
ecológica tenho demais. Eu sou e acho principalmente porque meu município é basicamente de
agricultura familiar que temos que dar sustentabilidade à agricultura familiar e uma das atividades
que mais dá renda é o algodão. Não importa que tipo, se orgânico ou se convencional com
defensivos. Sei dizer que nós temos lá, o José Maria Pimenta era secretário de agricultura, foi
presidente da Ematerce, em Quixeramobim, rodou o mundo, Israel, Estados Unidos, rodou o
mundo, atrás de tecnologia para trazer para o Estado do Ceará. Chegou na frente do meu pai e disse:
“o Quixeramobim vai voltar a plantar algodão”. Meu pai chegou para ele e disse: “você está muito
enganado, Quixeramobim nunca plantou e você não precisava ter ido em Israel e Estados Unidos
procurar tecnologia. Procure o Sr. Elias e o Sr. Francimar, um nas Lajes e outro não me lembro
como era o nome da fazenda dele, que eles conseguem com bicudo, com tudo, com toda a
desorganização que o governo complica a produzir a cada ano mais de mil arroba de hectares em
propriedades e agricultura familiar”. Mil arrobas de algodão hoje são R$ 60,00, são sessenta mil
reais para um produtor, um único produtor de agricultura familiar. É bom deixar bem claro.
Eu acho que tem muita coisa que a Fretaece tem que melhorar. Não discordo do trabalho da
Fetraece, muito pelo contrário, eu tenho parceiros dentro do Sindicato Rural de Quixeramobim e de
várias cidades do Sertão Central, mas achar que o produtor tem que ser pequeno é ser pequeno. Eu
acho que o produtor da agricultura familiar tem que ser grande, tem que ganhar dinheiro e mostrar
que os grandes produtores estão errados porque a agricultura familiar é muito viável, e é o que eu
vejo muita gente dizer que agricultura familiar é inviável.

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Hoje nós temos uma população de quase quatro milhões de habitantes em volta de Fortaleza
a custos de achar que a agricultura familiar não é viável.
Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Obrigado. O Sr. Sebastião pediu
a palavra?
SR. SEBASTIÃO CAVALCANTE (Professor da Universidade do Cariri - URCA):
Primeiramente, eu queria agradecer ao deputado pela receptividade. Esse é um fardo que nós vamos
carregar até a aprovação. Queria dizer que desses quatro anos do projeto depois do Malation, em
Penaforte fizemos um trabalho e aplicamos o Malation, só tinha ele e vimos muitas coisas, inclusive
a rasga mortalha morrendo na frente da gente, a rasga mortalha, bêbada e caindo. Então essa
tecnologia não é para a agricultura familiar. A agricultura familiar não merece ser intoxicada.
Então o que nós estamos trazendo, uma forma associativa, a associatividade para mim é a
melhor tecnologia para o retorno do algodão, depois o cooperativismo. Talvez Itatira seja a primeira
cooperativa que vai surgir de produtores de algodão devido a organização deles. A cooperativa, eu
trabalhei no Banco do Nordeste na época que o senhor era secretário, não sei se o senhor lembra,
mas visitei quase todas as cooperativas de algodão do passado, elas quebraram não foi por dívida
não, foi porque não tinha algodão, só quebraram por isso. A de Icó é muito bem organizada, o
Venâncio é testemunha.
Então esse trabalho com esse produto biológico que conseguimos, o nosso algodão é
praticamente orgânico, não tem nenhum tipo de defensivo que usamos, é só o solo sem adubo e
orgânico da agricultura familiar. Quem usou adubo de gado aumentou mais a produtividade ainda.
Então deputado, isso é uma das frentes que estamos aprovando hoje. A Franciele e o Sr.
Airton já estiveram em Tauá, viram as tecnologias lá. Possivelmente no ano que vem a gente já
traga essas tecnologias que é a aspiração do algodão e jogar na carrocinha, como o Sr. Airton falou
o saco é pequeno.
SRA. FRANCIELE SILVA (Consultora da Semilla Sementes): E essa tecnologia de colheita já
vai ser testada ano que vem.
SR. SEBASTIÃO CAVALCANTE (Professor da Universidade do Cariri - URCA): Então
quando for talvez ano que vem já tenhamos essa tecnologia para disponibilizar. Os bancos já estão
querendo financiar, é só os agricultores se organizarem. Por isso nós não tratamos nada de
financiamento aqui. O Banco do Brasil, Banco do Nordeste estiveram presentes.

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Então dizer para todos e todas, esse foi um começo, o primeiro evento de algodão. Eu acho
que é histórico o que nós estamos tendo aqui. Eu estou muito satisfeito por poder ter participado
hoje aqui. Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado. Essa dialética
de termos grupos que pensam diferentes fortalece tudo. Por exemplo, quando o Mastroianni falava
eu ficava pensando, vamos desafiar as universidades, vamos ter produtos orgânicos fitoterápicos
que possam combater o bicudo. O drone é só um meio. Ele pode funcionar com produto químico e
com produto orgânico, mas o meio drone não tem como discutirmos para dar velocidade e
eficiência. Mas se nós conseguirmos um produto orgânico que combata o bicudo, show de bola,
vamos desafiar as universidades.
SRA. FRANCIELE SILVA (Consultora da Semilla Sementes): Que já funciona deputado. O
produto utilizado hoje na agricultura familiar pela Apaece é biológico e já está sendo tramitado para
aceitar na IBD para certificação. Inclusive é uma das propostas para os produtores agroecológicos.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Porque dar-se uma impressão
de que estamos lutando por um Projeto de Lei para dar o direito ao produtor de pulverizar com
drone de que seja um ataque ambiental, de que seja isso, de que seja aquilo. Não necessariamente,
nós podemos construir soluções e aqui já é uma resposta o que eu estava colocando.
Então não é o drone que vai gerar problema, pelo contrário, é a mentalidade do produtor, o
manejo integrado, a forma de abordagem, as certificações hoje que nós somos obrigados a ter, o
produto se tiver aderente às ODS vai ter mais valor. Então tudo isso, nós podemos construir.
Pois não, Júnior.
SR. VICENTE JUNIOR (SR. VICENTE JUNIOR (Representante da Federação dos
Trabalhadores Rurais Agricultores/as Familiares do Estado do Ceará-FETRAECE): A gente
não veio aqui para um debate de réplica e tréplica, viemos para um debate civilizado. É claro e
evidente que existem posições que concordamos e que discordamos. A FETRAECE só expôs aqui
que ela está disposta a participar da construção de toda e qualquer modelo de produção que seja
sustentável, sustentável. Respeite o meio ambiente, respeite o homem. É isso, mas finalizamos
dizendo que o direito de não assinar como o senhor já falou da sua prerrogativa enquanto
parlamentar que foi brilhante a explicação, sabemos que você tem o direito de apresentar e
valorizamos, respeitamos e até parabenizamos. Mas a FETRAECE só exerceu o direito dela de não
assinar, só isso.

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Então queremos esclarecer isso para as pessoas que estão nos ouvindo, os que estão aqui
presente para dizer que a FETRAECE só exerceu um direito de não assinar democraticamente por
nós estarmos no espaço democrático, foi isso.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Então estamos todos
entendidos. Nós estamos lutando pela mesma causa, ninguém quer lutar aqui por uma produção
insustentável, irregular que não cumpra os objetivos maiores da sociedade. O Projeto de Lei não
precisa de assinatura de ninguém, precisa da minha, ela já foi apresentado. O que nós podemos ir
construindo são consensos. Por exemplo, o que você acabou de dizer, é um consenso, vamos lutar
por uma agricultura sustentável, vamos lutar para o produtor ter mais renda, então a mecanização é
importante para esse processo, vamos lutar para a cultura do algodão crescer no Ceará. Para isso o
que precisa? Valorizar todo o agroecológico que está sendo feito, mas aqui o próprio Valdir
colocou, quer dizer, a ausência da SDA aqui, é uma situação, não sei porque razão, deve haver uma
razão muito forte para não estar. Mas eu considero aqui a presença da SDA através do Amorim aqui
presente, faz parte do sistema que dirige a Ematerce.
SR. ANTÔNIO AMORIM (Presidente da Empresa de Assistência Técnica Extensão Rural do
Ceará-Ematerce): Primeiro o Amilca não está mais, com todo respeito ao Amilca, é uma pessoa
muito esforçada e compreendo, mas eu queria só levar que no dia que se iniciou o trabalho do
algodão, inclusive nós levamos o Professor Sebastião junto com o Valdizinho, e um grupo bom, nós
tivemos com o governador que naquele dia aprovou o MAP que passou para a SEDET (Secretaria
do Desenvolvimento Econômico e Trabalho), e quem coordenou esse processo foi o Bringel,
exatamente para o desenvolvimento da cotonicultura.
Precisamos entender que às vezes, um elemento desse não pode apagar as demais políticas
públicas para a agricultura familiar que foi desenvolvida pelo Governador Camilo, e eu posso dizer
isso, desde quando ele secretário de desenvolvimento agrário, eu era o secretário adjunto dele e o
que nós estamos discutindo aqui eu tenho certeza que o Camilo é um daqueles que sempre fará,
inclusive como possível próximo legislador para contribuir para que nós possamos e nós já
avançamos muito.
Queria lembrar aqui, Carlos, quando em Tauá nós fizemos um encontro com o Esplar em
1982 e tinha uma plaquinha em nosso bolso: “trabalhar menos e produzir mais”. Eu fui chamado à
delegacia de polícia para explicar esse negócio. Hoje o Eduardo aqui, inclusive do desenvolvimento
agrário, estava lá comigo, foi quem me acompanhou, porque as pessoas não entendiam e hoje nós

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estamos aqui com produtos, com muita coisa da biotecnologia. São mais de 80 registros se não me
falha a memória, de produtos biotécnicos, e é muito importante para essa mudança, e isso foi
construído durante muito tempo com todos os debates com todas as pessoas, com todo segmento.
Queria ressaltar aqui que no desenvolvimento da agricultura familiar o Camilo sempre fez o
máximo para investir. Ele investiu com máquinas agrícolas, e acredito que hoje teríamos muito mais
como fazer de forma mais direta ao pequeno agricultor.É aquilo que o Valdizinho estava colocando,
é preciso calcular os nossos custos, é preciso ampliar. Não se faz milagre em roçado, em roçado se
faz trabalho, se faz melhorias, e nas melhorias você tem custos para melhorar o solo. Nós
precisamos melhorar o nosso solo.
Daqui a uns dias nós precisamos ser as pessoas que mais oferecem condições
agroecológicos no nosso Estado do Ceará, mas sem os nossos solos protegidos, sem as curvas de
nível, sem a cobertura vegetal que nós podemos fazer todos os anos no nosso roçado nós não vamos
ter um solo rico e nós precisamos enriquecer o nosso solo para ter os melhores níveis de
produtividades.
Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE DEPUTADO CARLOS MATOS (UNIÃO): Muito obrigado Amorim. Eu
quero finalizando essa audiência pública agradecer a presença de todos. Agradecer o Sr. Sebastião
que ajudou muito na organização da audiência pública; agradecer o Fábio Aquino da Embrapa; o
Mastroianni com a sua visão, contribuição, mas acima de tudo pelo trabalho de 30 anos,
agroecológico e vira uma referência premiado, com filhos já. Eu quero que você tenha mais filhos.
Nezinho vamos produzir mais filhos, multiplicar. Quero agradecer a superintendência de agricultura
na pessoa do Vicente, Euvaldo Bringel que é um entusiasta da cultura do algodão e já deu esses
avanços com a legislação para o vazio sanitário, nosso Secretário Venâncio aqui e pedir a ele que
seja um grande animador desses 26 municípios que já estão no Programa para o Algodão.
O Amorim que tem o desafio. Eu fico com o meu coração partido quando eu vejo que foi
dada toda essa prioridade para a agricultura, mas interromperam um programa fantástico como
havia sido concebido, talvez seja uma boa hora de retomar, fim de governo, começo de um novo
governo de coisas que ficaram pelo meio do caminho que ele disse bem, não é para justificar aquele
erro lá que ele errou em tudo. É muito radical sempre quando achamos que está tudo errado, mas
que tem erros graves que precisam ser corrigidom não há dúvida disso e que nós precisamos

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retomar, talvez tirando os culpados, não interessa muito isso, eu quero é olhar para frente e ver
como podemos construir isso.
Airton Carneiro que aqui foi quase homenageado também pelo trabalho obstinado pela
agricultura familiar de resultados já conectando com a indústria. Franciele muito obrigado; Júnior,
desculpa as diferentes visões, mas eu respeito muito a FETRAECE e acho que nós não podemos
caminhar separados, acho que o ambiente é concórdia, o ambiente é de marcharmos unidos
respeitando as diferenças, mas não convergindo estamos junto, no que não diverge não precisa.
Quero agradecer o Marcos Landim que se deslocou do Cariri para cá; o Valdir da Ematerce
que tem essa causa há tantos anos, e na pessoa dele, todos os servidores da Ematerce eu quero
cumprimentar. Nezinho muito obrigado pela sua explanação. Muito obrigado a todos. Eu queria que
nós déssemos, encerrando, uma salva de palmas para a capacidade que tivemos de trabalhar juntos.
Bom dia a todos.

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