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RELATÓRIO DO ENCONTRO:

tERRITÓRIOS DA
SAÚDE E DA
AGROECOLOGIA

03 A 06 DE NOVEMBRO DE 2021
QUILOMBO DA FAZENDA - UBATUBA (SP)
Da Serra ao Mar,
Agroecologia não pode faltar!

Após um longo período de


Objetivo geral: encontros, oficinas e reuniões
virtuais, este foi o primeiro
momento em que
representantes das três
unidades da Fiocruz e da
VPAAPS se encontraram para
celebrar a conquista e o início
da execução das atividades, e
começar o ciclo de encontros de
planejamento e gestão coletiva.

01
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Reconhecer e intercambiar
experiências entre os
territórios, promovendo
vivências nas comunidades
diretamente envolvidas no
projeto;

Avançar na construção
coletiva da identidade do
projeto de integração;

Partilhar as propostas
atualizadas dos projetos
territoriais;

Pactuar o desenho dos


principais processos que
compõem o projeto:

Governança: quem participa


e qual a estrutura

Ciclo de diálogo de saberes:


intercâmbios e ações
formativas

Monitoramento, avaliação e
sistematização: estratégia,
indicadores e plataforma
Agroecologia em Rede (AeR)

Comunicação: estratégias de
registro, diálogo e memória.

02
4 de Novembro| mANHÃ
RECONHECENDO O TERRITÓRIO QUE NOS ACOLHE

Nosso encontro foi iniciado com uma cantoria quilombola e com


uma “farinhada” que acolheu as/os participantes, a partir dos seus
territórios e Programas Territoriais de origem.

"Caiçara, índio e quilombola ensinam a regenerar


Olha o degrau, olha o degrau, olha o degrau..." Clique para ouvir

Logo após, recebemos as boas-vindas de duas lideranças


comunitárias: o vice-presidente da Associação do Quilombo da
Fazenda, Marcos Antonio Silva (Marquinho), e Laura Braga (dona
Laura).

03
RECONHECENDO O TERRITÓRIO QUE NOS ACOLHE

MARQUINHO | "Eu sou o


Marquinhos, sou vice-presidente
da associação do Quilombo da
Fazenda. Eu quero agradecer a
presença de vocês em nosso
território. Nós somos uma
comunidade que tem passado
muita luta... Há muita luta, mas
também há muita vitória! Sejam
bem-vindos em nosso território e
voltem sempre! Estamos juntos!"

DONA LAURA | Vocês são muito


bem-vindos! Vocês estão na
comunidade do Quilombo da
Fazenda. Eu sou líder comunitá-
ria, fui presidente por 12 anos.
Desde então, nós estamos na
luta. A nossa luta é pela resistên-
cia, pela permanência no
território. A gente vive em
constante luta para continuar
permanecendo no território.

Antes, nós vivíamos da pesca, da roça. A nossa cultura era muito viva,
a gente praticava as nossas festas, a gente plantava, a gente colhia, a
gente fazia trocas. A nossa pesca não era predatória, apenas para
consumo, porque a gente não precisava vender, a gente fazia muita
troca. A gente era feliz, apesar de não ter nenhum meio de
transporte, nenhum meio de comunicação, também não tinha a BR.

Assim que terminou a fazenda Picinguaba, que era uma fazenda de


escravos, a Caixa Econômica assumiu essa fazenda e meu tio foi
chamado para ser coordenador da fazenda.

04
O meu tio Leopoldo já morava aqui e com seis anos eu vim do
Quilombo do Campinho para cá. A Caixa autorizou o meu tio a
colocar 12 famílias para usufruto, para plantar, morar, e foi aí que
meu pai veio para cá. Vivíamos isolados, mas felizes e fazíamos a
nossa cultura. Era muito legal, a nossa cultura era viva mesmo.

Eu vou resumir por causa do tempo… Por volta da década de 1970,


em 1978, restauraram a Casa da Farinha, a roda d’água, na intenção
de gerar renda pra comunidade. Realmente ela geraria renda,
porque ela faz até 200 quilos por dia e a farinha era o nosso
principal produto... A gente tinha a liberdade de plantar. Só que, ao
restaurá-la, eles tiraram o direito de plantar. Então ficou uma coisa
sem sentido: restaura para gerar renda, mas agora não pode plantar
mais. Hoje ela está aí só para tirar foto, para visita. Quando se fala de
Quilombo da Fazenda, o cartão postal é a Casa da Farinha. Tem que
dar manutenção, a gente não pode contar com prefeitura, nem com
governo, nem com ninguém. Geralmente, a gente tem que correr
atrás de parceiros para poder fazer a reforma e teve uma recente…

Por volta de 1980, foi tombada a parte estadual da Serra do Mar.


Sobrevoaram por aí, viram a mata linda, maravilhosa, viram uma
água perfeita, uma cachoeira linda com suas águas brancas, a praia
isolada, apenas com os moradores… “Opa, vamos tombar”. Só que eles
vieram trazendo um modelo de Parque que também não faz sentido.
Onde tem várias comunidades, onde passa uma BR, onde têm várias
praias… Com certeza eles iriam encontrar conflito no meio de tudo
isso. E realmente vivemos até hoje em conflito com o Parque.

Vieram sem nenhuma educação ambiental. Vieram tipo jagunço. Eu


tive minha casa demolida, grávida de cinco meses, com cinco filhos
pequenos. Hoje ele está um “moção”, mas ele estava na minha
barriga. Foi um período muito difícil! Fiquei na rua, derrubaram
minha casa com as poucas coisas que eu tinha lá dentro. Só que isso
me deu força para a luta. Alguém me falou que eu era uma
remanescente e tinha uma lei que me defendia. E eu corri atrás
dessa lei e fundei a Associação de Remanescentes de Quilombo.

05
Realmente surgiram vários parceiros. Antes a gente não conhecia
ninguém. Veio o ITESP, o Instituto de Terras (do Estado de São
Paulo), e terminou o trabalho dele. O nosso território era de 3.780
hectares. Toda hora em negociação com o Parque eles pediam pra
gente: “abre mão da praia que a gente reconhece vocês”. A gente
abria mão, não acontecia nada. “Olha, abre mão do Cubatã
(cachoeira do Sertão do Cubatã), que a gente reconhece”. Desde
2010 que a gente vem nessa luta de negociação com eles e não
acontece nada. A gente foi abrindo mão. Hoje a gente tem um
hectare, 940 apenas, de 3780.

A gente quilombola não quer briga, a gente negocia. Nós estamos


dispostos a negociar. Quem não quer negociação são eles. E aí a
gente hoje não planta, não pode construir… Isso varia muito de
gestor para gestor…

O que eu queria dizer é que


nós não somos contra o
meio ambiente. Imagina!
Se eles encontraram uma
mata preservada, a ponto
de ser tombada, é porque
quem estava aqui
preservou, quem estava
aqui cuidou. A gente tem
todo esse cuidado com a
mata. Nós somos guardiões
dela! A terra é que nos dava
sustento e dá até hoje,
imagine se a gente quer
prejudicar tudo isso que a
gente vê aí na mata
maravilhosa…

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Então nós não somos destruidores não, nós somos parceiros, estamos
aí para isso. Nossa geração é de 200 anos. Tinha que ter um olhar,
uma outra visão para os quilombolas, para os caiçaras, para os
indígenas. Eu costumo dizer que a nossa luta é tudo igual. Os
indígenas lutam pela terra, pelo território. Nós também lutamos pela
permanência na nossa terra. É isso que a gente quer.

Hoje o sistema de plantio que o Parque abraça, depois de muita luta,


de muita conversa, é sistema agrofloresta. Nós temos duas: eu tenho
uma, de dois anos, e tem a do meu irmão, que foi a primeira, que
tem 10 anos. Essa já fornece os produtos para o consumo da gente,
para os dois restaurantes que a gente tem hoje. Mas é uma luta
constante.

Eu estou muito feliz com a vinda de vocês. São pessoas maravilhosas!


Alguns eu já conheço, outros eu vou ter a oportunidade de conhecer.
Eu participei do encontro em 2018, no Campinho, e eu sei que está
dando continuidade… Esses encontros são maravilhosos porque eles
vêm fortalecer o nosso território, a nossa cultura. Então eu espero
que vocês estejam sendo bem acolhidos na nossa comunidade!
Depois, se em outra oportunidade tiver mais tempo, a gente fala
como que estamos hoje. A gente começou uma luta muito grande,
mas hoje nós estamos em uma segunda fase."

07
CUIDADO COMO PEDAGOGIA

Na sequência, fizemos a pactuação de combinados para o bom


andamento dos nossos dias, repassando:

O percurso que nos trouxe até este encontro

Orientações de prevenção à Covid-19

A programação do Encontro

Convite à participação das avaliações diárias nos painéis


interativos

Dinâmica das vivências de turismo de base comunitária

Clique em cada item


para saber mais

08
APRESENTAÇÃO DOS PROJETOS

Clique para ler a versão atualizada das apresentações:

OTSS

Fiocruz Mata Atlântica

Fórum Itaboraí

Agenda de Saúde e Agroecologia/ VPAAPS

09
“Em 2011, a comunidade passou pela tragédia que teve com as
chuvas. Tivemos que sair da comunidade e, com muita luta,
conseguimos retornar três anos depois. Foi um momento de
muita dificuldade, mas teve benefício em questão de visibilidade:
um Quilombo, que está ao final de um condomínio bem
renomado, bem escondidinho e poucas pessoas tinham
conhecimento... Quando veio a tragédia, foi quando muitos deles
conseguiram ter noção que naquela localidade tem uma
comunidade de remanescente de Quilombo.

Eu e meu esposo estamos com essa parte agroecológica, com o


plantio de bananas, e preparo também geleia para agregar um
pouquinho mais de renda. Buscando trazer todos os outros
também para que, futuramente, seja possível tornar o Quilombo
autossustentável. Não termos que sair da comunidade pra buscar
renda fora, distante, como muitos de nós temos feito atualmente.

Hoje, temos muitas lutas, mas já facilitou bastante porque


contamos com muitos parceiros. Na época de meu pai, de minha
avó, não tinha estrutura nenhuma. Para sair do Quilombo e
chegar ao início do condomínio, era necessário caminhar 4 horas
por dia, duas indo e duas voltando.
Não tinha estrutura de estrada. Hoje
a estrada já chega até a comunida-
de. Pra escoar a produção ficou bem
mais fácil e também para que as
pessoas consigam chegar até lá.
Até 2013, não tinha energia elétrica.
Então, hoje em dia, mesmo com
muita luta, através das parcerias,
nós estamos mais aliviados e vendo
ser possível tornar o nosso sonho
real, de buscar tirar renda de dentro
da nossa própria comunidade.” Eva
Lucia Casciano, do Quilombo da
Tapera.

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4 de Novembro| tarde
RODA DE PROSA: TERRITÓRIOS, SABERES E GESTÃO

O que significa a conquista de um Projeto como este, que


acontece em rede e em sintonia com os territórios? Quais são
estratégias possíveis para seu desenvolvimento?

Como garantir o maior envolvimento/mobilização com as


comunidades, visando que o projeto aconteça o mais
associado possível às dinâmicas comunitárias e territoriais?

Quais as expectativas e também desafios das diferentes


instituições frente às propostas do Projeto?

CONDUZIREMOS ATIVIDADES
DE AVALIAÇÃO E
UTILIZAREMOS INDICADORES
DE SUCESSO OU DESEMPENHO
PARA MEDIR O PROGRESSO
DO PLANO DO PROJETO.

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É preciso inverter a lógica
Fazer com
Falar para fora
E falar pra dentro
É preciso ter a oportunidade de contar outras histórias

É a democracia que costura nossas partilhas, nossas ideias,


nossas ações
Projetos que só ganham vida quando partem do chão
Projetos que fortalecem elos

Territórios para territórios


Integrar para re integrar
Projetos no papel e projetos fora dele
Projetos que superem agressões

Cada grupo tem sua história de resistência


Sermos parceiros dessas heranças
Esse projeto como um grande agregador

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Território que resiste para continuar existindo
Integrar ações e experiências
Transbordar emoções

Entrar na canoa
Para juntas e juntos não deixar ela virar
Porque às vezes não dá certo
Pra dar certo de muitas outras formas

Seguimos tecendo encontros de ideias e caminhos


É preciso sistematizar para inspirar
É preciso sistematizar para impulsionar

Convergir para olhar a saúde


Convergir para que mudanças possam ser compartilhadas

Agricultura tradicional e pesca artesanal que existem, resistem,


cuidam e alimentam!
Fazer pontes
Ser corredor

E o que é comunicar?

Relato Poético
“Aprendizados em
Rede”, com trechos
das falas de Flavia
Londres, Cristhiane
Amâncio, Marcela
Cananeia, Hermano
Castro e Marco
Menezes

Por Nati Almeida e


Aline Tavares

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Participaram da roda de conversa enquanto representantes
institucionais: Marco Menezes, diretor da Escola Nacional de
Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP); Hermano Castro, Vice-
Presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde
(VPAAPS); Flavia Londres, secretaria executiva da Articulação
Nacional de Agroecologia (ANA);Cristhiane Amâncio, Chefe-
geral da Embrapa Agrobiologia; Marcela Cananéa, coordena-
dora do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT); e Davis
Sansolo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Clique para acessar o relato na íntegra

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Clique para acessar o relato da roda de prosa na íntegra

Clique para ler

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RODA DE PROSA: COLHENDO FRUTOS E SEMEANDO
NOVOS HORIZONTES
QUAIS FRUTOS QUEREMOS COLHER AO LONGO E AO FIM
DA CAMINHADA?

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RODA DE PROSA: COLHENDO FRUTOS E SEMEANDO
NOVOS HORIZONTES
O QUE NÃO PODE FALTAR NA CAMINHADA?

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RODA DE CONVERSA DAS MULHERES

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RODA DE CONVERSA DAS MULHERES

"Onde a brasa mora


E devora o breu
Como a chuva molha
O que se escondeu

O seu olhar, seu olhar


melhora
Melhora o meu"

Clique para ouvir

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CINE PIPOCA CRIOULA COM O OTSS

POVOS - Territórios, identidade e tradição

Documentário revela papel da cartografia social para defesa de


territórios tradicionais de RJ e SP Imaginem um território cheio
de diversidade, desafios, lutas histórias e reivindicações que
mobilizam povos e comunidades tradicionais em busca de
garantir a continuidade de suas vidas e culturas. Nesse lugar,
localizado no litoral entre o Rio de Janeiro e o Estado de São
Paulo, o movimento do Fórum de Comunidades Tradicionais
realiza uma grande cartografia social chamada de Projeto Povos.

O documentário foi feito por diversas mãos durante os percursos


que fizeram com que a cartografia social fosse realizada nos
primeiros anos de projeto e narra parte dessa trajetória junto aos
povos caiçaras, indígenas e quilombolas de Paraty e Ubatuba.

Assista clicando aqui

CONDUZIREMOS ATIVIDADES
DE AVALIAÇÃO E
UTILIZAREMOS INDICADORES
DE SUCESSO OU DESEMPENHO
PARA MEDIR O PROGRESSO
DO PLANO DO PROJETO.

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5 de Novembro| mANHÃ
AVANÇANDO NO DESENHO DOS EIXOS DE TRABALHO

"A nossa música fala pra nós da nossa luta, dos nossos
antepassados..." Foi com a força da luta indígena, expressada no
canto Guarani, que o segundo dia do Encontro foi iniciado.

Com a certeza de que "nós seremos mais fortes juntos, unidos",


iniciamos os trabalhos em grupo, refletindo sobre a dinâmica dos
diferentes eixos do projeto: Comunicação; Governança;
Intercâmbios; e Sistematização e monitoramento.

Clique para ouvir


o canto Guarani

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As reflexões foram orientadas pelas seguintes perguntas
geradoras:

1- Com base no que temos discutido, como vocês imaginam que


este tema pode ser exercitado ao longo do projeto?

2- O que é preciso garantir para ter uma boa "tema do grupo" no


projeto?

3- Como você compreende esse tema dentro da sua


unidade/instituição/comunidade e como se vê participando no
âmbito do projeto?

Após as discussões, os grupos compartilharam, em plenária, a


síntese dos diálogos.

Grupo 1 - Comunicação (coord: Angélica e relatoria: Lorena)


Os pontos principais destacados foram: a importância de
processos de comunicação que favoreçam a autonomia e o
protagonismo dos territórios, por meio da escuta às
comunidades envolvidas no projeto, reconhecimento das
lideranças, formas de organização e estratégias de diálogo e
comunicação que já funcionam nesses grupos. Para dar
seguimento ao diálogo e planejamento, o grupo de comunicação
combinou a realização de reuniões virtuais com periodicidade
bimestral, e momentos presenciais nos encontros ampliados, a
cada seis meses; a formação de um grupo operacional no
WhatsApp, grupo de email e uso do Google Drive como ambiente
de trabalho. Também foram sinalizadas como atividades
prioritárias previstas até o final do ano a criação da identidade
visual do projeto e do plano de comunicação.

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Grupo 2 - Governança (coord: Déco e relatoria Claude)
Na plenária foi apresentada a proposta de dinâmica e
composição do Colegiado do Projeto Integração que foi proposta
pela Equipe do Projeto Integração e consensuada no grupo. A
dinâmica se refere à realização de encontros ampliados
semestrais (sendo mais 5 encontros a realizar e o próximo
previsto para abril/maio 2022) e encontros das comissões (Gestão
Físico Financeira, Coordenação Executiva das Atividades e
Comunicação, Memória e Sentidos) mensais ou conforme a
necessidade. O Colegiado de Gestão Compartilhada do projeto
será constituído de representantes dos projetos territoriais,
representantes das comunidades, representantes da Embrapa e
da Secretaria Executiva da ANA e membros da Equipe do Projeto
Integração/ VPAAPS e eventualmente pessoas/entidades
convidadas. Ficou pactuado realizar uma reunião extra do
Colegiado no dia 14 de dezembro, por via remota.

Grupo 3 - Intercâmbios (coord: Nati e relatoria Marcelle)


1)Como fazer:
Diálogo entre a comunidade
Dentro da comunidade na prática, e em outros territórios
oficinas
A partir dos temas que os territórios possuem mais
experiências, como também mais necessidades
Com ação prática
Trabalho como os jovens
Com trocas de saberes e sabores
Instalações permanentes
Nos territórios, mão na massa
Nos territórios e nas instituições com vivências
Várias culturas se manifestando
Com a comunidade e territórios
Diversidades de participantes, com decisão coletiva dos
temas
Encontros territoriais

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2)Cuidados coletivos
Cuidado com linguagem
Participação das mulheres
Entender antes com as experiências visitadas as necessidades
locais, e realizar comunicação com comunitárias/os
Estrutura, cuidados com os participantes,equipe unida
Esclarecer totalmente na comunidade que recebe do que se
trata
Divulgação da cultura do território para conhecimento da
sociedade
Informação dentro da comunidade, acolhimento local
Cuidado com as frustrações dos projetos na comunidade
Ser no tempo da vida
Acolhimento e metodologia
Respeito com os registros dentro da comunidade
Cuidar do nosso território e proteger a natureza
Gerações participarem e alimentação

3)Como o território já faz


Estrutura, planejamento, acolhimento com carinho e solução
dos temas
Acolhimento, turismo, comida, estrutura e os direitos que o
território traz
Bom acolhimento, respeito, comida boa e diálogo de saberes,
saúde e agroecologia
Logística, saneamento ecológico,TBC e educação diferenciada
Positividade e acolhimento
Motivação dos resgates culturais
Treinamento prático
Receber visitantes com canto do coral
Comunicação territorial

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Grupo 4 - Sistematização e monitoramento (coord: Helena e
relatoria André)
O grupo contou com um momento de reconhecimento das
diferentes compreensões que as/os presentes tinham sobre
sistematização, monitoramento e indicadores. O que de antemão
já anunciou a necessidade de nos formarmos enquanto coletivo
ao longo do projeto, garantindo partilhas e intercâmbios dos
diferentes conhecimentos e acúmulos de cada um/a. Ainda que
de forma breve, foi feita uma rodada sobre algumas experiências
que têm conseguido produzir monitoramentos e sistematizações
e coletar indicadores, combinando respostas técnicas com
dimensões que também fazem sentido para o cotidiano das
comunidades, sobretudo pensando em como envolvê-las
ativamente nesses processos. Ficou combinado que, antes de
tratar propriamente sobre indicadores, era importante dedicar a
compreender em profundidade as experiências de
monitoramento e sistematização, o que acontecerá, por meio de
uma oficina on-line. A partir daí, são ser disparados novos
processos, como a discussão sobre indicadores e estratégias de
monitoramento complementares ao longo do projeto. Como
instrumento para manter o contato e organização, foi
combinada a criação de um grupo de WhatsApp.

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5 de Novembro| TARDE
VIVÊNCIAS NAS COMUNIDADES

Seguindo com o compromisso de garantir encontros que


reconheçam a diversidade de saberes e fazeres enraizados na
realidade das comunidades, quatro vivências territoriais foram
realizadas: Roteiro Quilombo da Fazenda: “Agroflorestas,
práticas e saberes tradicionais"; Roteiro Aldeia Boa Vista: “Povo
indígena Guarani Mbya”; Roteiro TBC Trindade: “Pesca Artesanal";
Roteiro TBC Almada: “Praia e Pesca”.

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QUILOMBO DA FAZENDA

"Juntamos o grupo, acompanhadas/os pelas crianças locais,


guiadas/os pelo Cristiano, jovem quilombola, filho da Dona Laura,
liderança local. Iniciamos conhecendo a agrofloresta há 16 anos
cultivada pela comunidade. Sr.Cirilo é quilombola, maneja a área
desde sua implementação, compartilhando saberes das práticas
realizadas em sua produção com manejo agroflorestal que foi
realizada com a contribuição do IPEMA– Instituto de
Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica.

Ele apresentou uma diversidade de árvores frutíferas como cacau,


jussara, cambuci, cupuaçu, bananeiras, combinadas com espécies
arbóreas e palmeiras. A horta cultivada pela família possui
hortaliças, temperos, taioba, milho, mandioca para fazer farinha. É
da Agrofloresta que o quilombo tira parte do seu alimento e
sustento.

Cristiano nos guia para a Casa da Farinha Comunitária, realizando


uma roda de conversa, emocionando a todas/os com sua fala
cheia de ancestralidade, resistência e força da continuidade.
Conta a história da formação do Quilombo e da Casa de Farinha,
antigo engenho de álcool e açúcar, que foi reformada e adaptada
para a fabricação de farinha em 1985 pela gestão do Parque
Estadual da Serra do Mar.

Atualmente, o espaço da Casa de Farinha é gerido pela


comunidade, com atividades de visitação de Turismo de Base
Comunitária. Ao lado tem a Casa de Artesanato Quilombola,
espaço onde artesãs quilombolas explicam na teoria e prática o
artesanato local e comercializam seus trabalhos manuais.

Demos continuidade à vivência realizando caminhada até a


cachoeira, onde foi possível mergulhar nas águas da Serra da
Bocaina, conhecendo a plenitude da natureza e da Mata Atlântica
preservada e pela comunidade quilombola.

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Passamos também pelo Observatório de Pássaros, atividade que
vem crescendo no território, onde visitantes e pesquisadoras/es
aproveitam para observar e estudar as diversas espécies de aves
da região."

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ALDEIA BOA VISTA

"A visita ao povo indígena Guarani Mbya começa por uma trilha
na floresta Mata Atlântica, uma caminhada de aproximadamente
20 minutos. Ao longo de todo o trajeto fomos acompanhadas/os
pelo rio que passa também na aldeia. O acesso final à aldeia
acontece por uma ponte, de onde já se avista as casas e o campo
de futebol. A partir daí, Mirim, liderança indígena jovem da
aldeia, passa a nos acompanhar. O primeiro ponto de parada é
para conhecer o arco-flecha, arma de caça utilizada pelos
antepassados, como nos explica.

Seguimos daí para a Casa de Reza da Aldeia. O cacique, sr. Altino,


se juntou a nós nesse momento e se colocou à disposição para
contar histórias a partir de algumas perguntas que gostaríamos
de fazer. A conquista do território guiou a conversa, foram
inúmeras idas e vindas à Brasília e São Paulo em meio a lutas e
mobilizações para que hoje a aldeia esteja demarcada. As
palavras luta e preconceito conectam as falas de Mirim e sr.
Altino. Nhanderu é quem guia. Ainda na Casa de Reza assistimos
à apresentação do Coral das/os jovens Guarani Mbya,
acompanhado de violão e rabeca. Depois começa a brincadeira,
hora de dançar com as crianças e jovens.

Uma parada para o lanche, pão quente, recém preparado, com


recheio de jussara. Seguimos daí para a Casa de Artesanatos. O
português, muitas vezes, uma língua distante, a língua mãe é o
guarani. Com miçangas em colares e pulseiras, cestarias e de
coração cheio fechamos nossa visita ao TBC da Aldeia Boa Vista."

Clique para ouvir


o canto Guarani Mbya

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TRINDADE

"Pudemos conhecer um pouco da história de resistência local


protagonizada pela comunidade. O grupo foi recebido por
Pamela, Esther Itamar e Raquel Dias na Casa de Farinha da Escola
do Mar, que desenvolve ações de educação diferenciada para o
povo tradicional.

Pâmela contextualizou que a comunidade encontra-se dentro da


Área de Proteção Ambiental APA Cairuçu e também tem áreas
cobertas pelo Parque Nacional da Serra da Bocaina, que é uma
unidade de proteção integral com regras mais restritivas. São
cerca de 1.100 moradores tradicionais que veem o território
cobiçado pela enorme beleza natural, enfrentando um
crescimento desordenado que fez com que as casas tradicionais e
ranchos de pesca cedessem lugar a pousadas, restaurantes e ao
turismo tradicional, que se intensificou desde a década de 70,
com a criação da usina de Angra, com a ampliação da BR e a
especulação imobiliária.

A área da Casa de Farinha se trata de uma ZUCOM - Zona de Uso


Coletivo da Comunidade, na qual encontram-se também o
estacionamento pra comunidade, o galpão de pesca artesanal e
restaurante da Associação Caiçara de Trindade e a escola de
entalhe.

Raquel contou que esta área foi conquistada pela comunidade há


seis anos, devido a um acontecimento trágico:

“Na década de 70, tinha uma empresa que queria nos expulsar
daqui de Trindade. Nossos avós e nossos pais lutaram pela
permanência. Em 1972, fizemos um acordo pela permanência no
lugar. Eles ficaram com a maioria do lugar e a gente com um
pedacinho. Até que, em 2016, um dos nossos primos, não
satisfeito com a forma de ser, de nos coagirem em um pedaço de
terra, na terra onde a gente não pode entrar pra comer fruta, não

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pode plantar, não pode nada... Um dos capangas deles tirou a
vida do nosso primo. A revolta da comunidade foi que por 40 anos
nós respeitamos os nossos mestres neste acordo, porque a gente
mais novo não é de acordo, porque sabe que a terra é direito
nosso, por nascença e porque a gente cuida da terra. Não ficou
por isso mesmo, foi a hora de a gente ter a retomada da terra e
aqui a gente está.A área é usada pra muitas coisas, uma área de
uso coletivo: a nossa casa de farinha, que a gente tem vivência.
Aqui é uma área que vem dinheiro que é usado na comunidade,
seja com escola, na questão da água. Tem os meninos que
trabalham com peixe, com pescado. Então a luta e a união é
como a gente consegue permanecer resistindo no território”,
afirmou.

Na sequência, o grupo foi recebido na praia do meio por


Alonsinho, Dário e Robson, pescadores, artesãos, caiçaras e
agricultores locais. Eles contaram suas experiências e a
importância da pesca artesanal de cerco.

Após tomar um café caiçara caprichado, tivemos a oportunidade


de conhecer, na prática, a “despesca”, retirada dos peixes do
cerco, pelos pescadores, momento de muita emoção para o
grupo. Ouvimos histórias sobre o território e a pesca e
presenciamos a beleza da Piscina Natural do Caixa D´aço, em uma
pausa rápida."

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“O que eu levo daqui hoje é muito carinho, muita afetividade,
muito cuidado um com o outro. Isso foi fantástico. Faz a gente
resgatar do ser humano que nós somos e que, às vezes, a gente
esquece. Em grupo, em coletivo, a gente lembra que a gente é um
só, é parte de um todo. O presente fantástico que a gente teve
hoje de apreciar a natureza.” Ana Aline Fragoso- Fórum Itaboraí

"Hoje eu levo um conhecimento geral


de tudo o que podemos produzir na
minha comunidade Quilombola.Levo
muita energia boa, positiva. A base de
tudo é isso que a gente viveu aqui hoje.
Vivências, acolhimento… Eu amei e
espero que possam vir outras
experiências como essa. Foi a primeira
vez que eu andei de barco. No começo,
eu fiquei com um pouquinho de medo,
mas depois, quando entrei no mar, eu
falei: “Ah, estou segura”. E foi uma
experiência tão fantástica que eu
repetiria mil vezes, se desse."
Maria Vitória Casciano -
Quilombo da Tapera

“Foi maravilhoso! O meu pai é de uma família grande de Paraty,


família da Silva, e eu morava em Patrimônio, em Laranjeira, e
morei aqui no meio, entre Trindade e Patrimônio. E eu vim aqui
quando eu era pequeno. Eu saí daqui criança e hoje é a realização
de um sonho. Faz 32 para 33 anos que não venho a Trindade.
Minha filha está quase na idade de quando eu saí daqui. Eu vim
com ela e é um sonho pra ela também andar de barco.”Marco
Antonio Braga Silva- Quilombo da Fazenda
“Foi legal. Eu vi a tartaruga, eu vi o peixe grandão e vi também a
cabeça do índio”, Sara Esther Braga da Silva

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“Pra mim, dá uma sensação de que eu não tô lutando contra a
maré, de que não tô sozinho. Porque uma coisa é quando você
luta por um ideal, quando você quer defender e por para frente a
cultura caiçara, com suas tradições, mas aquilo só faz sentido
para você, não faz sentido para outras pessoas… E eu vejo, em
cada um dos visitantes, essa satisfação de estar sendo recebido
por nós, com tudo o que a gente está mostrando - que, às vezes, a
gente acha até que é pouco-, e as pessoas gostam. Esse brilho nos
olhos alegra e fortalece a gente a continuar nessa busca, nessa
luta, por algo que a gente acredita e faz sentido pra nossa vida.”
Robson Dias Possidônio.

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ALMADA

A visita à praia da Almada, localizada no norte de Ubatuba (SP),


inicia com uma recepção e conversa conduzida pela Hellen e pelo
Chico, presidenta e vice-presidente da Associação dos Moradores
da Almada (AMA). Cerca de 200 pessoas vivem na vila de Almada;
a pesca artesanal é a principal fonte de renda e o turismo seu
complemento. Na ocasião, fomos apresentadas/os às principais
atividades da Associação, desafios e conquistas ligadas ao
reconhecimento como território tradicional e em articulação com
o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT). Também
conhecemos os principais festivais e atividades culturais
organizadas pelos moradores.

Após a roda de conversa, caminhamos até a praia e algumas


pessoas do grupo se aventuraram a experimentar a feitura de uma
rede de pesca artesanal. Na sequência, seguimos em dois barcos
até a área de pesca de cerco, e pudemos observar o momento de
recolhimento dos peixes na rede. Ao retornar do mar, partilhamos
um delicioso café caiçara, seguindo o diálogo com as lideranças
locais e os pescadores que nos conduziram ao cerco - Aline,
Manequinho, Santo, André, Lucas, Edinho. Despedimos com
alegria e vontade de poder retornar em breve a esse território tão
abundante e acolhedor!

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NOITE CULTURAL

Apresentação grupo "Ô de casa": Tambores da Fazenda


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6 de Novembro| mANHÃ
PENSANDO NOSSA IDENTIDADE COLETIVA

A manhã do terceiro dia do Encontro foi dedicada à construção


do nome do Projeto. Houve um momento de explicação inicial do
percurso metodológico que seria seguindo e as/os participantes
foram divididos em três grupos de trabalho. As seguintes
perguntas geradoras nortearam a reflexão sobre o renomeio da
iniciativa:

O que é o projeto?
Quais são os públicos principais? (5 no máximo)
Cite 1 nome de projeto/iniciativa que admira e por quê?
O que queremos comunicar com o nome do projeto? Quais são
nossos diferenciais?
Selecione de 5 a 10 palavras que resumam o que é o projeto
A partir dessas palavras, fazer colheita de ideias de nomes para
o projeto
Selecionar os 3 melhores nomes
Indicar e defender a viabilidade de 1 desses 3 nomes na
Plenária

De volta à plenária, foram apresentadas e defendidas as propostas


de nome:
Cambuci
Terras - Territórios de Agroecologia e Saúde
Elas - Elos da Agroecologia e Saúde
Ará

Em votação, Ará foi o nome escolhido pela maioria de


participantes.

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“ Ára quer dizer o tempo. Ára pyau quer dizer tempo novo. Ára
yma quer dizer tempo antigo. Ára céu; ára é o nosso mar. Então
todo esse processo de uma palavra , Ára, já envolve todos os
nossos pensamentos de coletivo, de olhar para o futuro, de como
é o tempo antigo, o tempo novo… Ára também quer dizer um
nome para as meninas dos povos Guarani, que elas se renovam,
Ára yma, Ára pyau e todo esse processo.
Ára também é onde fica o tempo. Tempo de plantar, tempo de
colher, tempo de capinar. Então envolve a cultura, o processo de
plantio, o processo de tempo, a chuva, a floresta. Uma palavra
envolve todos esses pensamentos” Júlio Karai, liderança Guarani
Mbya.

"Sugeri Ará porque tem similaridade com arar, de arar a terra, e


em yorubá, para as comunidades de terreiro de nação ketu, nós
assentamos o corpo e o corpo em yorubá é Ará. Assentamos o
corpo, pois ele é o primeiro território pelo qual nos
movimentamos no mundo." Sidélia Silva

Ará, mais que tempo e corpo, nosso primeiro território de


estadia e movimento, é a proposta de um marco civilizatório,
através das comunidades tradicionais, que mantém seus
modos de vida - Nhandereko- para preservar a terra bonita -
Yvi Porã- e habitável.

Ará: a palavra que materializa no ar de nossas palavras o corpo


e o tempo, o movimento e o espaço que ocupamos.

Território fértil de aragem, de terra e mar, do rastelo e da rede.


Ará é ferramenta que percorre caminhos de mar e da terra, de
serra e costa, de sertão e salina.

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PLENÁRIA DE ENCERRAMENTO E ENCAMINHAMENTOS

Deliberamos que a próxima reunião do Colegiado do projeto


acontece, de forma virtual, no dia 14 de dezembro, das 14h às 16h.

A avaliação do encontro se deu de forma coletiva, a partir de um


termômetro, considerando as múltiplas dimensões organizativas:
a programação, as metodologias usadas, a gestão do tempo, os
cuidados com a Covid, a alimentação, a hospedagem, as vivências,
o cumprimento dos objetivos iniciais e o nome do Projeto.

Houve ainda, no Restaurante Comunitário, um momento final de


agradecimento à comunidade que tão bem nos acolheu, bem
como a todas as pessoas que tornaram este encontro possível.

falta recuperar aqui brevemente pessoas e organizações a quem


agradecemos

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“SEM CRIANÇAS, NÃO HÁ AGROECOLOGIA!”

Floreando nosso encontro, tivemos um ambiente educativo e de


cuidados dedicado ao diálogo Saúde e Agroecologia para as
crianças, que proporcionou integração às crianças e maior
presença e tranquilidade na participação das mães e
responsáveis. A Ciranda Infantil foi mediada por Camila e Luciano,
brincantes da Quilomboteca do Quilombo da Fazenda - espaço da
biblioteca comunitária e de atividades de formação cultural.

Camila também é a realizadora do grupo cultural "Ô de Casa", que


fortalece a identidade quilombola com crianças e jovens, por
meio do jongo. Ela realizou uma série de atividades com as
crianças desde a chegada do encontro, fazendo uma caminhada
de apresentação da Quilomboteca e da Casa de Farinha.

Ainda no primeiro dia, fizeram a dinâmica “Que bicho sou eu?” na


qual cada criança recebeu uma folha em branco e lápis de cor
para desenhar o bicho que melhor representa sua personalidade.
Depois, trocaram os desenhos e comentaram o que entenderam
sobre o desenho recebido, tentando descobrir características
sobre o colega, através do bicho que foi desenhado. Reafirmando
a identidade, foi feita a leitura do livro “Amor de cabelo” e, logo
após, fizeram o desenho do que entenderam sobre o livro.

A programação do segundo dia contou com contação de história,


confecção de Abayomi e brincadeira com jogos (quebra cabeça,
lego, etc.). Após o almoço, retornaram à Quilomboteca e fizeram
desenhos com tintas em grupo, sobre o que viram e conheceram
no Quilombo. No último do encontro, realizaram atividade com as
crianças do Quilombo, na interação e trocas de brincadeiras
culturais entre participantes.

Esta realização para nós é uma afirmação que “sem crianças não
há agroecologia” e que é essencial pensar uma programação que
acolha as crianças e que dialogue com o encontro para cultivar
novas sementes!

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COMER É UM ATO POLÍTICO

"A agroecologia vai reacendendo lamparinas de conhecimento e


saúde por onde passa. Com as mulheres na linha de frente, o
movimento agroecológico vem resgatando e tornando visível em
todos os cantos do país os saberes e sabores tradicionais que
costuram inovação, agricultura, comida, saúde e cuidados que vão
além da alimentação" (Greenpeace)

Um dos cuidados fundamentais na construção do Encontro foi


priorizar a compra de comida de verdade cultivada e preparada
pela comunidade do Quilombo, como forma de fortalecer os
processos produtivos e a cultura alimentar locais. E quanto sabor
e saúde pudemos vivenciar juntas e juntos, não foi?

A mestra griô Laura Braga coordenou a cozinha com outras


mulheres no restaurante gerido pela
Associação, ofertando um cardápio
diverso e nutritivo, ao longo de
todo o encontro.

Falta destacar aqui de onde vieram


os alimentos

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HOSPEDAGEM EM TBC

Com a intenção de fortalecer as iniciativas protagonizadas pelas


comunidades tradicionais, o encontro estimulou que as/os
participantes se hospedassem nas casas do Turismo de Base
Comunitária (TBC).

Este modelo de gestão da visitação protagonizado pela


comunidade gera benefícios coletivos, promovendo a vivência
intercultural, a valorização da história e da cultura local, a
geração de renda, o respeito ao meio ambiente, bem como a
consolidação da luta em defesa do território tradicional.

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AVALIAÇÃO PÓS-ENCONTRO

Após o encontro, foi solicitado às/aos participantes que


respondessem uma pequena avaliação com suas impressões e
sugestões. Destacamos aqui os resultados:

A maior parte das pessoas avaliou que a hospedagem, vivências,


programação foram excelentes e consideraram o encontro bem
organizado e produtivo. Em relação à programação, foi sugerido
mais momentos de escuta das experiências dos territórios que
compõem o projeto ARÁ; maior tempo livre para desfrutar do
território do encontro e realização de reuniões paralelas, fora da
programação.

Muitas pessoas consideraram as vivências fundamentais e uma


atividade que deve ser valorizada nos próximos encontros. Alguns
sentiram falta de maior participação das comunidades e das
pessoas do quilombo da Fazenda nas atividades, um desafio
diante da restrição do número de participantes delimitada pelo
contexto da pandemia. Foi reforçada a importância da acolhida às
mães que queiram participar dos encontros, para que se sintam
seguras em levar seus filhos.

Também foi sugerido um espaço mais sólido para as mulheres


poderem refletir como podemos construir coletivamente e
concretamente o projeto, considerando nossas diferenças e que
os homens na organização reflitam um espaço de construção para
eles mesmos durante que leve em consideração a elaboração do
que podem contribuir no projeto como um todo. Foi indicado,
ainda, que no próximo encontro pudéssemos ressaltar os
resultados deste primeiro, o impacto causado na comunidade e
nos lugares das vivências.

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Por fim, em relação aos cuidados com a Covid-19, três indicaram
que apresentaram pelo menos dois dos seguintes sinais e
sintomas: febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse,
coriza, distúrbios olfativos e distúrbios gustativos. Duas delas
fizeram teste para Covid-19, com resultado negativo. Nenhuma
das 35 pessoas teve familiares (que vivem na mesma residência)
apresentando esses sintomas, após o encontro.

DEPOIMENTOS

“Desse encontro, eu tô levando muito aprendizado para minha


comunidade, para minhas amigas dos quintais, as outras
agricultoras. Foi um aprendizado muito grande e estou indo de
bagagem cheia. Com certeza, eu vou poder passar isso não só
para as agricultoras, mas pros meus vizinhos, que eu costumo
sempre falar da agricultura urbana, o que significa isso pra gente.
Mesmo nessa pandemia toda, a gente fazer aquelas rodas de
conversa e, mesmo não podendo se tocar, a gente poder falar
muito “olho no olho”.

A agricultura pra mim tem muito a ver


com meu dia a dia, de quem eu era,
de onde que eu vim. Eu estava doente,
com depressão, só era dona de casa
cuidando, lavando, passando…
E a agroecologia mudou a
minha vida. Tudo o que eu passei
nesses quatro dias, vou querer
distribuir muito com as pessoas,
porque foi muita união aquele
conjunto de coisas e de aprendizados
fortes.” Sandra Maria dos Santos de
Azevedo, dos Quintais produtivos da
Colônia Juliano Moreira.

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“Estou levando do encontro muito
aprendizado, muita coisa boa mesmo,
muita emoção. Adquirindo mais um
pouco de sabedoria e também estou
muito orgulhosa de fazer parte deste
grupo tão maravilhoso, que me deram
a oportunidade de estar junto com
vocês escolhendo o nome do projeto.
Eu fiquei muito feliz com isso. E mais
feliz ainda que fomos todos iguais no
encontro e teve um denominador
comum que foi o nome. Eu gostei
muito.

Apesar de no meu grupo a gente não ter lembrado do arar a terra,


o outro grupo que escolheu também foi com muita sabedoria. Vai
ser um dia inesquecível pra mim. A solidariedade, os
companheiros, a organização, a comida, a dormida, o aconchego,
o acolhimento… Tudo foi bom! Eu gostei de tudo!” Fátima Maria
Leandro da Silva, moradora de Jacarepaguá.

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“Eu trago do encontro muita força. Uma coisa que eu vi em
comum em todos os territórios foi a luta pela terra, a resistência,
a potência de resiliência… Lá nos territórios que a gente passa,
geralmente a remoção é constante, mas quando a gente vai perto
do Quilombo e conhece a história, vê que essa remoção não é só
no urbano pela especulação imobiliária, mas também dentro do
Quilombo, está muito também dentro da realidade dos povos
indígenas, está dentro dos caiçaras… Quando eu vi aquela costeira
e uma luzinha eu falei: “Ué, gente, mas tem gente ali?” e um dos
pescadores falou assim: “Têm duas famílias ali. As únicas que
resistiram a todas que foram tiradas”. Como é difícil se manter
onde as pessoas têm direito de estar! Dentro deste encontro, eu vi
que, independentemente do território que esteja, a luta é latente,
é constante contra essa especulação imobiliária que quer
dominar tudo e que quer tirar as pessoas e fazer, de fato, uma
gentrificação.

Só pela resistência, só pela mobilização, só pelo coletivo,


realmente, a gente vai conseguir ficar onde é nosso lugar de
direito. Se nós estivermos juntos, temos força e potência, mas se
tivermos desarticulados e sozinhos, a gente não vai conseguir
fazer nada. A gente está construindo junto, está colocando nosso
nome junto, está fortalecendo os territórios na hora que se
alimenta, está fortalecendo os territórios na hora que a gente está
indo dormir na casa que a gente
ficou. Tem este cuidado de estar
gerando renda pra o território e para
as pessoas. Pensar na comida como
resistência, uma alimentação
saudável e adequada, ter coerência
com aquilo que nós falamos… O que
eu vi nesse encontro é que nossas
falas estão coerentes com tudo aquilo
que nós vivenciamos e acreditamos”.
Valdirene Militão, Fiocruz Mata
Atlântica.

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Clique para acessar mais fotos do Encontro

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Clique para acessar mais fotos do Encontro

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RELAÇÃO DE PARTICIPANTES

Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde


André Campos Burigo Agenda S&A/SAS/VPAAPS/Fiocruz
Andrea Vasconcellos PITSS/SASVPAAPS/Fiocruz
Angélica Almeida Agenda S&A/SAS/VPAAPS/Fiocruz
Claudemar Mattos Agenda S&A/SAS/VPAAPS/Fiocruz
Guilherme Franco Netto Coordenação SAS/VPAAPS/Fiocruz
Helena Lopes Agenda S&A/SAS/VPAAPS/Fiocruz
Lorena Soares Agenda S&A/SAS/VPAAPS/Fiocruz
Marcelle Felippe Agenda S&A/SAS/VPAAPS/Fiocruz
Natalia Almeida Agenda S&A/SAS/VPAAPS/Fiocruz

Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da


Bocaina
Edmundo Gallo
Mauro Gomes
Leonardo Freitas
Sidélia Silva
Hellen Diana Souza
Ana Maria Correia
Julio Garcia Karai Xiju
Ivanildes Pereira da Silva
Guilherme Euler Braga
Vinicius Carlos Carvalho
Gisele Bazzo Piccirilli
Aline de Oliveira Souza Limão
Luana Carvalho
Francisco Xavier sobrinho OTTS/ Comunitário
Fabiana Ramos
Aline Godois de Castro Tavares
Vagner do Nascimento FCT/representante das comunidades
Marco Braga Silva Vice-Presidente da Associação da Fazenda
Maria Madalena Vaz Da Silva Oliveira Sertão do Itamambuca
Nino representante das comunidades
Marcela Cananéia FCT/OTSS
Alessandra Aparecida da Silva Sertão do Itamambuca

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Fiocruz Mata Atlântica
Andrea Vanini
Robson Patrocinio
Kamila Teixeira Mynssen
Mayra Conrado Riscado Cabral
Marcos Antonio Fonseca
Valdirene de Oliveira Militão
Sandra Maria dos Santos de Azevedo representante das
comunidades
Fatima Maria Leandro da Silva representante das comunidades

Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde


Daiana de Melo Gomides
Lúcia Helena
Ana Alice Fragoso Andrade
Marcelo Mateus Izaias
Marina Rodrigues de Jesus
Maria Vitória Casciano André Quilombo Tapera
Eva Lucia Casciano Quilombo Tapera

Convidados
Marco Antonio Carneiro Menezes ENSP
Cristhiane Oliveira da Graça Amâncio Embrapa Agrobiologia
Mauro Sergio Vianello Pinto Embrapa Agroindústria de Alimentos
Flávia Londres ANA
Morgana Mara Vaz da Silva Maselli ANA
André Ruoppolo Biazoti Agroecologia em Rede
Hermano Albuquerque de Castro VPAAPS/Fiocruz
Carla Filizola Rodrigues secretária da VPAAPS
Adriana Miranda de Castro Promoção da Saúde/VPAAPS
Muriel Parreira Duarte Gonzales Comunicadora
Eduardo Di Napoli Comunicador
José Renato Porto UFF
Davis Gruber Sansolo Unesp
Danielle Santos Rede Nhandereko

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FICHA TÉCNICA

Equipe de Sistematização: André Campos Burigo, Angélica


Almeida, Claudemar Mattos, Helena Lopes, Lorena Soares,
Marcelle Felippe e Natalia Almeida

Revisão:

Diagramação: Angélica Almeida

Fotografia: Angélica Almeida, Eduardo Napoli, Marcelle Felipe,


Marcelo Mateus Izaias, Muriel Duarte e Valdirene Militão.

Vídeos: Angélica Almeida, Helena Lopes e Marcelo Mateus Izaias.

Painel Gráfico: Facilitação gráfica: Muriel Duarte; Colheita:


Lorena Portela; Tratamento final: Rodrigo Toscano

Ilustração: Camila Schindler

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