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tERRITÓRIOS DA
SAÚDE E DA
AGROECOLOGIA
03 A 06 DE NOVEMBRO DE 2021
QUILOMBO DA FAZENDA - UBATUBA (SP)
Da Serra ao Mar,
Agroecologia não pode faltar!
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Reconhecer e intercambiar
experiências entre os
territórios, promovendo
vivências nas comunidades
diretamente envolvidas no
projeto;
Avançar na construção
coletiva da identidade do
projeto de integração;
Partilhar as propostas
atualizadas dos projetos
territoriais;
Monitoramento, avaliação e
sistematização: estratégia,
indicadores e plataforma
Agroecologia em Rede (AeR)
Comunicação: estratégias de
registro, diálogo e memória.
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4 de Novembro| mANHÃ
RECONHECENDO O TERRITÓRIO QUE NOS ACOLHE
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RECONHECENDO O TERRITÓRIO QUE NOS ACOLHE
Antes, nós vivíamos da pesca, da roça. A nossa cultura era muito viva,
a gente praticava as nossas festas, a gente plantava, a gente colhia, a
gente fazia trocas. A nossa pesca não era predatória, apenas para
consumo, porque a gente não precisava vender, a gente fazia muita
troca. A gente era feliz, apesar de não ter nenhum meio de
transporte, nenhum meio de comunicação, também não tinha a BR.
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O meu tio Leopoldo já morava aqui e com seis anos eu vim do
Quilombo do Campinho para cá. A Caixa autorizou o meu tio a
colocar 12 famílias para usufruto, para plantar, morar, e foi aí que
meu pai veio para cá. Vivíamos isolados, mas felizes e fazíamos a
nossa cultura. Era muito legal, a nossa cultura era viva mesmo.
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Realmente surgiram vários parceiros. Antes a gente não conhecia
ninguém. Veio o ITESP, o Instituto de Terras (do Estado de São
Paulo), e terminou o trabalho dele. O nosso território era de 3.780
hectares. Toda hora em negociação com o Parque eles pediam pra
gente: “abre mão da praia que a gente reconhece vocês”. A gente
abria mão, não acontecia nada. “Olha, abre mão do Cubatã
(cachoeira do Sertão do Cubatã), que a gente reconhece”. Desde
2010 que a gente vem nessa luta de negociação com eles e não
acontece nada. A gente foi abrindo mão. Hoje a gente tem um
hectare, 940 apenas, de 3780.
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Então nós não somos destruidores não, nós somos parceiros, estamos
aí para isso. Nossa geração é de 200 anos. Tinha que ter um olhar,
uma outra visão para os quilombolas, para os caiçaras, para os
indígenas. Eu costumo dizer que a nossa luta é tudo igual. Os
indígenas lutam pela terra, pelo território. Nós também lutamos pela
permanência na nossa terra. É isso que a gente quer.
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CUIDADO COMO PEDAGOGIA
A programação do Encontro
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APRESENTAÇÃO DOS PROJETOS
OTSS
Fórum Itaboraí
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“Em 2011, a comunidade passou pela tragédia que teve com as
chuvas. Tivemos que sair da comunidade e, com muita luta,
conseguimos retornar três anos depois. Foi um momento de
muita dificuldade, mas teve benefício em questão de visibilidade:
um Quilombo, que está ao final de um condomínio bem
renomado, bem escondidinho e poucas pessoas tinham
conhecimento... Quando veio a tragédia, foi quando muitos deles
conseguiram ter noção que naquela localidade tem uma
comunidade de remanescente de Quilombo.
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4 de Novembro| tarde
RODA DE PROSA: TERRITÓRIOS, SABERES E GESTÃO
CONDUZIREMOS ATIVIDADES
DE AVALIAÇÃO E
UTILIZAREMOS INDICADORES
DE SUCESSO OU DESEMPENHO
PARA MEDIR O PROGRESSO
DO PLANO DO PROJETO.
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É preciso inverter a lógica
Fazer com
Falar para fora
E falar pra dentro
É preciso ter a oportunidade de contar outras histórias
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Território que resiste para continuar existindo
Integrar ações e experiências
Transbordar emoções
Entrar na canoa
Para juntas e juntos não deixar ela virar
Porque às vezes não dá certo
Pra dar certo de muitas outras formas
E o que é comunicar?
Relato Poético
“Aprendizados em
Rede”, com trechos
das falas de Flavia
Londres, Cristhiane
Amâncio, Marcela
Cananeia, Hermano
Castro e Marco
Menezes
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Participaram da roda de conversa enquanto representantes
institucionais: Marco Menezes, diretor da Escola Nacional de
Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP); Hermano Castro, Vice-
Presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde
(VPAAPS); Flavia Londres, secretaria executiva da Articulação
Nacional de Agroecologia (ANA);Cristhiane Amâncio, Chefe-
geral da Embrapa Agrobiologia; Marcela Cananéa, coordena-
dora do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT); e Davis
Sansolo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Clique para acessar o relato na íntegra
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Clique para acessar o relato da roda de prosa na íntegra
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RODA DE PROSA: COLHENDO FRUTOS E SEMEANDO
NOVOS HORIZONTES
QUAIS FRUTOS QUEREMOS COLHER AO LONGO E AO FIM
DA CAMINHADA?
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RODA DE PROSA: COLHENDO FRUTOS E SEMEANDO
NOVOS HORIZONTES
O QUE NÃO PODE FALTAR NA CAMINHADA?
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RODA DE CONVERSA DAS MULHERES
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RODA DE CONVERSA DAS MULHERES
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CINE PIPOCA CRIOULA COM O OTSS
CONDUZIREMOS ATIVIDADES
DE AVALIAÇÃO E
UTILIZAREMOS INDICADORES
DE SUCESSO OU DESEMPENHO
PARA MEDIR O PROGRESSO
DO PLANO DO PROJETO.
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5 de Novembro| mANHÃ
AVANÇANDO NO DESENHO DOS EIXOS DE TRABALHO
"A nossa música fala pra nós da nossa luta, dos nossos
antepassados..." Foi com a força da luta indígena, expressada no
canto Guarani, que o segundo dia do Encontro foi iniciado.
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As reflexões foram orientadas pelas seguintes perguntas
geradoras:
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Grupo 2 - Governança (coord: Déco e relatoria Claude)
Na plenária foi apresentada a proposta de dinâmica e
composição do Colegiado do Projeto Integração que foi proposta
pela Equipe do Projeto Integração e consensuada no grupo. A
dinâmica se refere à realização de encontros ampliados
semestrais (sendo mais 5 encontros a realizar e o próximo
previsto para abril/maio 2022) e encontros das comissões (Gestão
Físico Financeira, Coordenação Executiva das Atividades e
Comunicação, Memória e Sentidos) mensais ou conforme a
necessidade. O Colegiado de Gestão Compartilhada do projeto
será constituído de representantes dos projetos territoriais,
representantes das comunidades, representantes da Embrapa e
da Secretaria Executiva da ANA e membros da Equipe do Projeto
Integração/ VPAAPS e eventualmente pessoas/entidades
convidadas. Ficou pactuado realizar uma reunião extra do
Colegiado no dia 14 de dezembro, por via remota.
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2)Cuidados coletivos
Cuidado com linguagem
Participação das mulheres
Entender antes com as experiências visitadas as necessidades
locais, e realizar comunicação com comunitárias/os
Estrutura, cuidados com os participantes,equipe unida
Esclarecer totalmente na comunidade que recebe do que se
trata
Divulgação da cultura do território para conhecimento da
sociedade
Informação dentro da comunidade, acolhimento local
Cuidado com as frustrações dos projetos na comunidade
Ser no tempo da vida
Acolhimento e metodologia
Respeito com os registros dentro da comunidade
Cuidar do nosso território e proteger a natureza
Gerações participarem e alimentação
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Grupo 4 - Sistematização e monitoramento (coord: Helena e
relatoria André)
O grupo contou com um momento de reconhecimento das
diferentes compreensões que as/os presentes tinham sobre
sistematização, monitoramento e indicadores. O que de antemão
já anunciou a necessidade de nos formarmos enquanto coletivo
ao longo do projeto, garantindo partilhas e intercâmbios dos
diferentes conhecimentos e acúmulos de cada um/a. Ainda que
de forma breve, foi feita uma rodada sobre algumas experiências
que têm conseguido produzir monitoramentos e sistematizações
e coletar indicadores, combinando respostas técnicas com
dimensões que também fazem sentido para o cotidiano das
comunidades, sobretudo pensando em como envolvê-las
ativamente nesses processos. Ficou combinado que, antes de
tratar propriamente sobre indicadores, era importante dedicar a
compreender em profundidade as experiências de
monitoramento e sistematização, o que acontecerá, por meio de
uma oficina on-line. A partir daí, são ser disparados novos
processos, como a discussão sobre indicadores e estratégias de
monitoramento complementares ao longo do projeto. Como
instrumento para manter o contato e organização, foi
combinada a criação de um grupo de WhatsApp.
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5 de Novembro| TARDE
VIVÊNCIAS NAS COMUNIDADES
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QUILOMBO DA FAZENDA
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Passamos também pelo Observatório de Pássaros, atividade que
vem crescendo no território, onde visitantes e pesquisadoras/es
aproveitam para observar e estudar as diversas espécies de aves
da região."
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ALDEIA BOA VISTA
"A visita ao povo indígena Guarani Mbya começa por uma trilha
na floresta Mata Atlântica, uma caminhada de aproximadamente
20 minutos. Ao longo de todo o trajeto fomos acompanhadas/os
pelo rio que passa também na aldeia. O acesso final à aldeia
acontece por uma ponte, de onde já se avista as casas e o campo
de futebol. A partir daí, Mirim, liderança indígena jovem da
aldeia, passa a nos acompanhar. O primeiro ponto de parada é
para conhecer o arco-flecha, arma de caça utilizada pelos
antepassados, como nos explica.
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TRINDADE
“Na década de 70, tinha uma empresa que queria nos expulsar
daqui de Trindade. Nossos avós e nossos pais lutaram pela
permanência. Em 1972, fizemos um acordo pela permanência no
lugar. Eles ficaram com a maioria do lugar e a gente com um
pedacinho. Até que, em 2016, um dos nossos primos, não
satisfeito com a forma de ser, de nos coagirem em um pedaço de
terra, na terra onde a gente não pode entrar pra comer fruta, não
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pode plantar, não pode nada... Um dos capangas deles tirou a
vida do nosso primo. A revolta da comunidade foi que por 40 anos
nós respeitamos os nossos mestres neste acordo, porque a gente
mais novo não é de acordo, porque sabe que a terra é direito
nosso, por nascença e porque a gente cuida da terra. Não ficou
por isso mesmo, foi a hora de a gente ter a retomada da terra e
aqui a gente está.A área é usada pra muitas coisas, uma área de
uso coletivo: a nossa casa de farinha, que a gente tem vivência.
Aqui é uma área que vem dinheiro que é usado na comunidade,
seja com escola, na questão da água. Tem os meninos que
trabalham com peixe, com pescado. Então a luta e a união é
como a gente consegue permanecer resistindo no território”,
afirmou.
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“O que eu levo daqui hoje é muito carinho, muita afetividade,
muito cuidado um com o outro. Isso foi fantástico. Faz a gente
resgatar do ser humano que nós somos e que, às vezes, a gente
esquece. Em grupo, em coletivo, a gente lembra que a gente é um
só, é parte de um todo. O presente fantástico que a gente teve
hoje de apreciar a natureza.” Ana Aline Fragoso- Fórum Itaboraí
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“Pra mim, dá uma sensação de que eu não tô lutando contra a
maré, de que não tô sozinho. Porque uma coisa é quando você
luta por um ideal, quando você quer defender e por para frente a
cultura caiçara, com suas tradições, mas aquilo só faz sentido
para você, não faz sentido para outras pessoas… E eu vejo, em
cada um dos visitantes, essa satisfação de estar sendo recebido
por nós, com tudo o que a gente está mostrando - que, às vezes, a
gente acha até que é pouco-, e as pessoas gostam. Esse brilho nos
olhos alegra e fortalece a gente a continuar nessa busca, nessa
luta, por algo que a gente acredita e faz sentido pra nossa vida.”
Robson Dias Possidônio.
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ALMADA
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NOITE CULTURAL
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6 de Novembro| mANHÃ
PENSANDO NOSSA IDENTIDADE COLETIVA
O que é o projeto?
Quais são os públicos principais? (5 no máximo)
Cite 1 nome de projeto/iniciativa que admira e por quê?
O que queremos comunicar com o nome do projeto? Quais são
nossos diferenciais?
Selecione de 5 a 10 palavras que resumam o que é o projeto
A partir dessas palavras, fazer colheita de ideias de nomes para
o projeto
Selecionar os 3 melhores nomes
Indicar e defender a viabilidade de 1 desses 3 nomes na
Plenária
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“ Ára quer dizer o tempo. Ára pyau quer dizer tempo novo. Ára
yma quer dizer tempo antigo. Ára céu; ára é o nosso mar. Então
todo esse processo de uma palavra , Ára, já envolve todos os
nossos pensamentos de coletivo, de olhar para o futuro, de como
é o tempo antigo, o tempo novo… Ára também quer dizer um
nome para as meninas dos povos Guarani, que elas se renovam,
Ára yma, Ára pyau e todo esse processo.
Ára também é onde fica o tempo. Tempo de plantar, tempo de
colher, tempo de capinar. Então envolve a cultura, o processo de
plantio, o processo de tempo, a chuva, a floresta. Uma palavra
envolve todos esses pensamentos” Júlio Karai, liderança Guarani
Mbya.
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PLENÁRIA DE ENCERRAMENTO E ENCAMINHAMENTOS
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“SEM CRIANÇAS, NÃO HÁ AGROECOLOGIA!”
Esta realização para nós é uma afirmação que “sem crianças não
há agroecologia” e que é essencial pensar uma programação que
acolha as crianças e que dialogue com o encontro para cultivar
novas sementes!
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COMER É UM ATO POLÍTICO
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HOSPEDAGEM EM TBC
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AVALIAÇÃO PÓS-ENCONTRO
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Por fim, em relação aos cuidados com a Covid-19, três indicaram
que apresentaram pelo menos dois dos seguintes sinais e
sintomas: febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse,
coriza, distúrbios olfativos e distúrbios gustativos. Duas delas
fizeram teste para Covid-19, com resultado negativo. Nenhuma
das 35 pessoas teve familiares (que vivem na mesma residência)
apresentando esses sintomas, após o encontro.
DEPOIMENTOS
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“Estou levando do encontro muito
aprendizado, muita coisa boa mesmo,
muita emoção. Adquirindo mais um
pouco de sabedoria e também estou
muito orgulhosa de fazer parte deste
grupo tão maravilhoso, que me deram
a oportunidade de estar junto com
vocês escolhendo o nome do projeto.
Eu fiquei muito feliz com isso. E mais
feliz ainda que fomos todos iguais no
encontro e teve um denominador
comum que foi o nome. Eu gostei
muito.
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“Eu trago do encontro muita força. Uma coisa que eu vi em
comum em todos os territórios foi a luta pela terra, a resistência,
a potência de resiliência… Lá nos territórios que a gente passa,
geralmente a remoção é constante, mas quando a gente vai perto
do Quilombo e conhece a história, vê que essa remoção não é só
no urbano pela especulação imobiliária, mas também dentro do
Quilombo, está muito também dentro da realidade dos povos
indígenas, está dentro dos caiçaras… Quando eu vi aquela costeira
e uma luzinha eu falei: “Ué, gente, mas tem gente ali?” e um dos
pescadores falou assim: “Têm duas famílias ali. As únicas que
resistiram a todas que foram tiradas”. Como é difícil se manter
onde as pessoas têm direito de estar! Dentro deste encontro, eu vi
que, independentemente do território que esteja, a luta é latente,
é constante contra essa especulação imobiliária que quer
dominar tudo e que quer tirar as pessoas e fazer, de fato, uma
gentrificação.
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RELAÇÃO DE PARTICIPANTES
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Fiocruz Mata Atlântica
Andrea Vanini
Robson Patrocinio
Kamila Teixeira Mynssen
Mayra Conrado Riscado Cabral
Marcos Antonio Fonseca
Valdirene de Oliveira Militão
Sandra Maria dos Santos de Azevedo representante das
comunidades
Fatima Maria Leandro da Silva representante das comunidades
Convidados
Marco Antonio Carneiro Menezes ENSP
Cristhiane Oliveira da Graça Amâncio Embrapa Agrobiologia
Mauro Sergio Vianello Pinto Embrapa Agroindústria de Alimentos
Flávia Londres ANA
Morgana Mara Vaz da Silva Maselli ANA
André Ruoppolo Biazoti Agroecologia em Rede
Hermano Albuquerque de Castro VPAAPS/Fiocruz
Carla Filizola Rodrigues secretária da VPAAPS
Adriana Miranda de Castro Promoção da Saúde/VPAAPS
Muriel Parreira Duarte Gonzales Comunicadora
Eduardo Di Napoli Comunicador
José Renato Porto UFF
Davis Gruber Sansolo Unesp
Danielle Santos Rede Nhandereko
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FICHA TÉCNICA
Revisão: