Você está na página 1de 8

RELATÓRIO DE TRABALHO DE CAMPO

KWANZA – SUL
(município do amboim)

Empresa: GENOVA – CAFÉ

Responsáveis:

Djamila Gunza

Carolina Manuel

Luanda aos, 13 de Maio de 2021

1
I. INTRODUÇÃO

No dia 6 de Maio deslocou-se uma equipa, constituída por 3 elementos, com destino o
município do Amboim, província do Kwanza Sul. A viagem teve duração de três dias

A equipa constituída por Djamila Gunza, Carolina Manuel e José Kaponde partiu de Luanda
quando o relógio marcava 9 e 45 minutos tendo chegado a comuna sede, Gabela, por volta das
16 horas. A viagem teve como o principal objectivo entender como funciona a compra e
venda de café no município do Amboim; fazer contacto com os produtores com o intuito de
implementar um Centro onde o principal objectivo é organizar a produção e criar uma rede de
escoamento.

O município do Amboim tem apenas duas comunas, Gabela e Assango. Conhecida pela
produção de café Robusta, variedade amboim.

A variedade Amboim tem história como speciality Blend no mercado global, tem um prémio
de 30% no mercado de cafés robusta, constitui a larga maioria das plantações da província do
Kwanza-Sul, nomeadamente nos municípios do Amboim (que por sua vez alberga o maior
número de cooperativas ligadas a cafeicultura), Libolo, Conda, Seles, kilenda, Ebo e kibala.
Essa variedade contém menos cafeína em relação a outras variedades. Além disso, ela produz
uma chávena de café semelhante a que um café Arábica tradicional produz. Actualmente é
dos melhores Robusta cotado no mercado nacional

2
I. REUNIÃO

O presente relatório tem como objectivo principal relatar ao pormenor a visita feita ao
município do Amboim. Para cumprir com os objectivos da viagem adoptou-se uma estratégia,
que foi de contactar os responsáveis de cada comuna ou aldeia, ou seja, antes de contactarmos
os responsáveis das cooperativas, associações, até mesmo os produtores que não pertencem a
nenhuma associação contactamos os sobas de cada aldeia eles por sua vez nos autorizaram e
indicaram os produtores com quem mantemos contacto.
Para além da estratégia acima mencionada a empresa viu-se entre duas alternativas para
proceder as reuniões: primeira reunir os líderes de todas as cooperativas num mesmo local;
segunda visitar cooperativa por cooperativa. Optamos pela segunda alternativa, visto que
existia incompatibilidade de tempo entre os líderes das respectivas cooperativas. A empresa
solicitou as lideranças das cooperativas do kipindo e Quiconda e a liderença da comuna da
zambula, que se dispusessem a nos receber em suas terras. Elas aceitaram a solicitação,
condicionada às suas agendas. As reuniões ocorreram nas instalações das mesmas
cooperativas. Assim sendo procedemos a reunião com produtores das aldeias como acima
mencionadas na comuna da Gabela. Participaram das reuniões os representantes das
cooperativas Carlahungo e sangue do povo, bem como alguns produtores das localidades do
município do Amboim.
A empresa apresentou a ideia geral do projecto, recorrendo a uma linguagem simples e a
situações familiares dos produtores, procurando estabelecer relações de entendimento entre os
produtores no que se refere ao projecto. Recorremos a uma conversa aberta com os produtores
e ainda questionários para a recolha dos dados necessários ao projecto.

II.1. ZAMBULA

No dia 7 começamos com as reuniões, o primeiro encontro foi na aldeia da Zambula como
referenciado, contactamos o soba da referida região, o senhor Dinis Camilo. É importante
realçar que os produtores contactados nesta zona não estão organizados em cooperativa por
esse motivo constituiu-se o Sr. Dinis Camilo (soba da Zambula) como o nosso contacto de
referência da referida zona, visto que para além de ser soba é também produtor.
Nesta zona a produção de café é muito reduzida o máximo de café que os produtores
conseguem colher é dois a três sacos de 100 kg em épocas de safra alta visto que muitas
plantações foram cortadas com o objectivo de serem substituídas por outras culturas,
exemplo: substituíram a cultura de café pela produção de banana, mandioca e outros produtos.
Foi visível a falta de interesse pela produção do café, pois em épocas em que produziam
enfrentavam dificuldades em vender o café fazendo o mesmo deteriorar.
Tivemos uma boa recepção, apresentamos o projecto e com grande satisfação fomos
ouvidos. Mantemos uma conversa com um grupo de produtores que não passava de 10
produtores. Da conversa foi possível conhecermos as dificuldades enfrentadas por cada um
dos produtores que no fundo eram as mesmas, para além das dificuldades ouvimos as

3
observações feitas por eles de como o Centro deveria funcionar, entre as várias observações
destacamos:
 O financiamento da produção que deveria ser feito para relançar a produção do café
nessa zona;
 Constituição de um armazém próximo da zona para o perfeito acondicionamento do
café produzido, um armazém ajudara a conhecer a quantidade produzida.
 O Centro deve ajudar os produtores a se organizarem e terem acesso a
financiamento mais justos, prestar assistência técnica.
Nesse momento os produtores estão interessados em realizarem podas com o objectivo de
haver produção no próximo ano.
Notamos que existe um interesse em produzir café desde que haja uma linha de
escoamento credível e que oferece preços justos, e se houver um acompanhamento nessa fase
vai ajudar a criar um ambiente de confiança fazendo com que todo café produzidos por eles
seja vendido através do Centro.
Pela falta de dinamização rural, é notável a falta de conhecimento de novas técnicas de
produção e de poda. Na Zambula para além da dinamização que tem que ser feito vai ser
necessário criar um programa de distribuição de mudas ou criação de viveiros de modo que
eles tenham acesso a plantas de boa qualidade para relançar a produção. Será necessário fazer
um trabalho de mapeamento para se conhecer a extensão das suas zonas de produção e assim
fazer um bom plano de produção para se ter o melhor rendimento por hectares.

II.2. KIPINDO

Na aldeia do Kipindo, reunimos com a cooperativa Carlahungo, organizada em treze (13)


associações contendo seiscentos (600) produtores familiares, toda área cultivada pelos
produtores dessa cooperativa é aproximadamente quatro mil hectares de extensão, importa
ressaltar que não é explorado por completo, estendida em 16 aldeias e dividida em grandes e
pequenos produtores. Mantemos uma conversa com os líderes da cooperativa, Sr. Quintino
presidente da cooperativa e Sr. Artur vice-presidente dessa conversa percebemos que,
 A cooperativa encontra-se agastada com a posição dos empresários que só se
importam com a produção final, isto é o produto em si, não olhando para a
plantação nova ou antiga. Temem que se assim continuar deixa de existir produção
para os próximos anos.
 A produção da cooperativa nas safras passadas rondava em quinze a vinte (15-20)
toneladas de café em coco. Essa produção pode ser aumentada caso haja um
financiamento mais justo.
 A falta de armazém faz com que cada produtor armazena o café na sua própria
casa.
Falou-se da necessidade de se estender a área de produção, haver assistência para aumentar
a produção e para isso seria interessante com a implementação de uma loja do produtor.

4
A presente safra a cooperativa vai apresentar uma baixa na sua produção tendo como
factor importante para essa redução o fenómeno bianualidade ou como é chamada a contra
safra, mas para além disso a falta de chuva e assistência também contribui para a baixa
produção.
Será feito um cadastramento de todos os produtores associados a cooperativa os líderes se
responsabilizaram em fazer esse levantamento e nos fornecerem, o cadastramento tem como o
objectivo principal conhecer a quantidade que cada produtor associado consegue produzir isso
através da sua produção histórica, a área explorada por cada produtor, localização de cada
parcela de produção e as suas principais dificuldades enfrentadas pelos produtores.

II.3. QUICONDA

Contactamos o Sr. Domingos Francisco soba e responsáveis da Associação Mato Grosso e


com o Sr. Faustino José Bunga responsável pela Associação Manuela que nos indicaram o
responsável da cooperativa a quem pertencem, cooperativa Sangue do Povo na pessoa do Sr.
Zeca Kissimbico presidente da cooperativa procedemos uma reunião que foi muito
proveitosa. A cooperativa esta organizada em 13 associações, apresenta um histórico de 15
toneladas de café coco no ano passado e este ano prevê colher um número inferior essa baixa
tem os mesmos motivos da cooperativa Carlahungo.
A cooperativa diz-se injustiçada por parte do comprador em relação ao preço, estando
assim agastada com o comportamento dos compradores actuais, por não serem fieis ao
compromisso firmado.
A cooperativa mostrou-se bastante entusiasmada e desejosa em participar do projecto e
trabalhar com jovens. E comprometeu-se com a empresa em relação a safra futura. A mesma
possui um armazém que neste momento encontra-se inutilizável, devido as fortes chuvas que
se abateram na localidade deixou o armazém descoberto. Ficando a cooperativa sem um ponto
de armazenagem para o perfeito acondicionamento do café. Possui também uma loja do
cafeicultor, para a trocas de produtos, mas a muito que não é abastecida pelos empresários,
deixando assim alguns jovens desempregados.
Nesse momento a cooperativa precisa de mais de kz 600,000.00 para terminar de pagar o
imposto que deve ao Estado.
Assim como na cooperativa Carlahungo será feito um cadastramento de todos os
produtores associados a cooperativa os líderes se responsabilizaram em fazer esse
levantamento e nos fornecerem, o cadastramento tem como o objectivo principal conhecer a
quantidade que cada produtor associado consegue produzir isso através da sua produção
histórica, a área explorada por cada produtor, localização de cada parcela de produção e as
suas principais dificuldades enfrentadas pelos produtores.

II.4. PRODUTORES INDEPENDENTES

Para além de cooperativas tivemos contacto com alguns produtores familiares que assim
como os produtores da Zambula não pertencem a nenhuma associação ou cooperativa.
Falamos com o Sr. Venâncio, Sr. Zeca a conversa foi feita por telefone uma vez que eles não

5
tinham disponibilidade para nos atenderem pessoalmente. Pela conversa percebemos que
existe um descontentamento com os compradores pelo facto de que muitos compradores não
cumprem com o acordo feito sobre o preço, para além dos compradores, falta de organização
dos produtores fez com que o Sr. Venâncio não acreditou no projecto Centro do Café de
Angola a conversa por telefone também não ajudou, ele se disponibilizou em vender-nos o
seu café, garantindo que a sua produção não esta comprometida, ele reforçou para que ele
venda o seu café através de nos é necessário que nos acompanhemos a colheita. Que o perfaz
dizer que temos que voltar pra lá no mês de agosto para acompanhar a colheita.

II.5. ESTAÇÃO EXPERMENTAL DO AMBOIM (INCA)

Na estação tivemos um encontro com o Engº. Kaponde, responsável pela área técnica, com
uma extensão de 15 mil hactar, a estação experimental do Amboim apresenta um histórico de
produção de vinte toneladas de café cereja, equivalente a 4.5 toneladas de café comercial, isto
no ano passado. Estima-se para este ano, uma produção inferior em relação ao ano passado,
devido a triagens, a falta de chuvas e a natureza do café, ou seja, o chamado fenómeno
bianualidade ou contra-safra.
A estação tem como objectivo buscar ou procurar as melhores técnicas de produção e
variedades produtivas, para puder distribuir aos produtores, buscando a melhor tecnologia
possível para obter maior e melhor rendimento.
Na conversa com o responsável, fomos alertados sobre o surgimento de uma associação de
produtores empresariais que pretendem monopolizar o sector no município do Amboim e
quiçá na província em geral. Os mesmos produtores serão os exportadores e
consequentemente comprão o café dos pequenos produtores e produtores familiares. Nos
fazendo sentir ameaçados frente a tamanha concorrência.

II. DESCASQUE

Para que o projecto funcione é de suma importância que o Centro tenha parceiros, e uma
das parcerias importante é com as empresas de descasque, uma vez que as cooperativas e
produtores não possuem descasque, tivemos que fazer uma visita a descasque localizada na
vila da Cada comuna da Gabela, na tentativa de se estabelecer uma parceria com a mesma de
modo que o custo de descasque seja mais reduzido. E quando lá chegamos não encontramos
os responsáveis, só encontramos três funcionários que não tinham autorização para falar sobre
a parceria no entanto forneceram-nos o contacto do Sr. Raul que é o responsável pela
descasque.
Efectuamos uma conversa com o Sr. Raul por telefone, isso porque ele não tinha
disponibilidade para nos atender pessoalmente, pela conversa que mantivemos percebemos
que o Sr. Raul é um exportador e que o projecto da criação de um Centro lhe interessaria por
isso, concordamos que assim que ele estiver em Luanda teremos um encontro pessoal para

6
discutimos a possibilidade de se ter uma parceria e sobre os benefícios que terá com a criação
do Centro do Café de Angola.
Para além dessa descasque existe mais uma descasque já identificada por nos, mas que por
falta de tempo não foi possível visitar.
O preço da descasque nesse momento esta a rondar os akz 25.00 por quilo de café Mabuba.

III. DESPESAS

Fundo (disponibilizado pelo Sr. Joaquim Duarte) ----------------- akz 80,000.00


Despesas efectuadas:
 Saldo ----------------------------- akz 5,000.00
 Mascara -------------------------- akz 1,000.00
 Teste -----------------------------akz 18,000.00
 Alimentação --------------------- akz 7,800.00
 Combustível --------------------akz 28,000.00
 Hospedagem -------------------akz 16,200.00
 Moto-táxi------------------------ akz 2,200.00
 Compra de peça p/carro ------ akz 9,000.00
 Mão-de-obra ------------------- akz 6,500.00
 Portagem ----------------------- akz 1,000.00
 Lavagem do carro ------------ akz 1,000.00
 Fundo para o Osvaldo -------akz 18,000.00

Total: akz 113,700.00

Trabalhamos durante dois dias e durante esse período foi necessário trabalhar com o Sr.
Osvaldo Barbosa, o Sr. Osvaldo foi de grande ajuda praticamente ele foi o nosso contacto no
terreno dando-nos mais credibilidade junto dos produtores uma vez que ele é morador da
zona. Por esse motivo constituímos o Sr. Osvaldo como o nosso homem no terreno, ele ficou
responsável por fazer levantamento dos dados de todos os produtores associados as
cooperativas que contactamos e nos enviar. Ficou ainda responsável por contactar produtores
de outras localidades que por falta de tempo não foi possível visitar, localidades como
Assango comuna do município do Amboim, município da Kilenda e município do Ebo.

Para que essas visitas sejam uma realidade deixamos um fundo para o transporte e
comunicação como é possível verificar nas despesas.

7
CONCLUSÃO

No entanto, saímos satisfeitos do município do Amboim, pois houve apoio unânime à ideia
de criação do Centro do Café de Angola. O entendimento de que tal criação interessaria a
todos, seja produtores ou empresários, havendo disposição, em princípio, em participar do
projecto. Houve também, sugestões interessantes e comuns. Por exemplo, a criação de uma
loja do cafeicultor, aonde podem trocar seus produtos por produtos alimentícios e outros bens
de consumo.
Entendemos que, os produtores enfrentam dificuldades comuns como, a aquisição de
materiais e financiamento para a realização de capinas e produção de novas plantas.
Observou-se que este ano teremos uma produção inferior aos anos anteriores e
consequentemente mais custoso. A idade avançada dos produtores e a falta de interesse dos
filhos e netos em dar continuidade a produção e a falta de interesse dos empresários em
relação a plantação, constituem preocupação, apesar do esforço do INCA em distribuir as
melhores variedades aos produtores, sabe-se que não abrange a todos, daí a necessidade de o
empresário assistir o produtor. Teme-se que se assim não for deixa de existir produção de
café.

Você também pode gostar