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EQB064 BIOCOMBUSTÍVEIS E BIORREFINARIAS

Curso de Engenharia Química - Integral

Atividade 3 - Importância da cana de açúcar

Docentes: Maria Antonieta Peixoto Gimenes Couto e Elcio Borges


Discente: Luiza Nazareth Simões Marçal DRE: 120023710
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Histórico:
“Trabalha negro escravo, corta cana no canavial. O corta cana, corta cana, corta cana, nego velho,
corta cana no canavial…” (Corta Cana - Mestre Toni Vargas)
“Estou no interior de São Paulo cortando cana meu filho. Não demora pai, acho que vou desmaiar,
de tanta fome.” (Corte de Cana, Pepe Moreno)

A cana de açúcar foi trazida pelos portugueses do Continente Africano logo no início
das colonizações. Como o comércio com as Índias estava em baixa, os impostos diminuindo e o
açúcar era muito requerido na Europa, viu-se um investimento rentável no plantio do engenho
de cana no Brasil colônia, considerando o solo fértil de Massapé. O que os portugueses não
contavam é com o fato do plantio de cana necessitar de áreas grandes de plantio para ser rentável.
Dessa forma, para extrair lucro máximo, Portugal começa a criação de plantations de
cana, ou seja, grandes latifúndios, mão de obra escrava, exportação e um único senhor de
engenho.A base da sociedade eram os escravos africanos, tratados com mercadorias e sendo
explorados ao máximo para máximo rendimento. Por serem objetificados, eram mão de obra
permanente e sem custos, além disso, dormiam nas senzalas e se alimentavam de forma pobre, ou
até mesmo não se alimentavam caso fossem “improdutivos”.
Toda a economia girava em torno do engenho de açúcar, então aumentava-se cada vez
mais a quantidade de vilas (com capatazes, senhores de terras etc) e senzalas ao redor da Casa
Grande. Os engenhos começaram a crescer bastante a partir de Pernambuco, mas com tal
dependência que os trabalhadores e moradores ficavam na miséria quando não havia trabalho a
ser feito, considerando também que o maior lucro era a do senhor de engenho. Dessa forma,
como vemos no verso de Pepe Moreno, quando o plantation cruzou o nordeste e começou a
crescer nos lotes de São Paulo, havia trabalhadores se deslocando para poderem trabalhar nos
lotes que mais cresciam em troco de uma renda mínima para que pudessem se alimentar e
alimentar a família.
Como os indivíduos dessa sociedade deviam obediência cega ao Senhor de Engenho e
tudo girava em torno do engenho, até mesmo os negros alforriados se encontravam sem saída, se
não trabalhar para o mesmo, tendo-se uma relação de dependência e escravidão contínua.

“Moinhos de Holanda. Girando nos Ventos. Chamando Terrais. Moinhos de Haia. Meus olhos
de águia. De longe enxergam os Canaviais.” (Moinhos, Alceu Valença)

O rendimento e lucro da plantação da cana de açúcar era tão grande que começava uma
corrida entre vários europeus, dentre eles, os holandeses, que devastaram matas em ilhas do
Caribe para a plantação e além disso, eram os responsáveis pela distribuição do mesmo, lucrando
ainda mais que o produtor.
Proibidos, pela Espanha, de continuar comercializando produtos tropicais, os
holandeses promoveram revoltas e ataques. Saquearem os portugueses em 1595 e atacaram a
capital Salvador em 1599, criaram a Companhia das Índias Ocidentais planejando ocupar o
nordeste brasileiro, atacou a Bahia em 1624 com a finalidade de tomar Salvador e atacaram
Pernambuco em 1630, conseguindo ocupar a região por mais de 20 anos, mantendo um
engenho de cana produtivo e de rendimento.
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O Samba Enredo de 2001 da Imperatriz Leopoldinense retrata todo esse histórico do


início e propagação da plantação da cana de açúcar, sendo propagados pela cultura árabe que
introduziram ferramentas para o refino do açúcar e os doces que se popularizaram em Portugal,
o desenvolvimento da produção no Brasil, a mão de obra escrava e os lotes que prosperaram mais
rapidamente, como Pernambuco.
Também nos versos de Chico Buarque, Ana de Amsterdam, podemos ver o uso das
invasões holandesas, para a produção de cana e rendimento, sendo refletido como forma de
identificar Ana, holandesa, vinda para o Brasil e provavelmente trabalhava como prostituta,
visto que as mulheres não possuíam espaço para trabalhar e a diversificação de trabalhos era
escassa, já que se centrava na produção de açúcar, como já falado.

Produção da Cana Atualmente - trabalhadores, indústria e produtos


Mesmo com todo o desenvolvimento que o mundo experimenta hoje em dia, a situação
de muitos trabalhadores rurais, inclusive os dos canaviais, ainda é precária. Os “boias-frias” são
trabalhadores agrícolas que se deslocam diariamente para propriedades rurais para trabalhar sem
direitos, educação, salário fixo e outras características que possuem um trabalho formal. A cana
de açúcar é, ainda, uma das atividades agroindustriais mais importantes do Brasil e continua se
expandindo, tendo cada vez mais demanda por trabalhadores.
Mesmo com toda automatização, antes da cana cortada chegar à indústria, temos um
intenso fluxo de trabalhadores informais entre as áreas rurais. Dessa forma, como exposto nos
versos de “Um Brinde” de Renan, os Joões, Marias e Zés que cortam a cana, andam a pé, se
desgastam fisicamente e não recebem o suficiente para viver, são a base do crescimento do
plantation, enriquecem a agroindústria, mas não usufruem de seus produtos, não possuem
acesso aos mesmos.

- Indústria e produtos
Através de processos industriais cada vez mais especializados, a cana ganhou diversas formas,
desde a garapa de “O Cio da Terra”, o álcool e o melaço de “Cana Caiana” e os biocombustíveis
como o etanol, que até mesmo substituem os derivados do petróleo, ou Ouro negro como
cantou o Acadêmicos do Salgueiro em 2004.
Dessa forma, o açúcar foi e continua sendo uma das principais fontes de desenvolvimento
econômico do Brasil, sendo um dos mais exportados e lucrando milhões para a economia.
A cana também é a fonte mais barata para a produção de etanol, e as exportações desse
combustível variam de 50 bilhões a 190 bilhões de litros, sendo o Brasil o maior produtor e
exportador do mesmo.
O papel da cana de açúcar é essencial na economia brasileira e na de outros países que importam
seus produtos. Os impactos na diminuição dos CFC’s é notório e temos condições de investir na
constante expansão desse plantation. Mas, ainda assim, temos desvantagens gravíssimas e que
precisam ser melhoradas, como o uso de muitos hectares destinados à monocultura e que podem
causar escassez na plantação de alimentos, a legislação do trabalho informal dos boias - frias, o
desgaste do solo devido o ciclo de plantação e o pouco investimento em outras fontes de energia
renováveis.
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BIBLIOGRAFIA

1. A cana de açúcar, o café e a escravidão. Disponível


em:<https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/6671065>. Acesso em: 31 de agosto de
2021.

2. O ciclo do açúcar e a escravidão no Brasil. Disponível


em:<https://schafergabriel.blogspot.com/2014/11/o-ciclo-do-acucar-e-escravidao-no-brasi
l.html>. Acesso em: 31 de agosto de 2021.

3. Cana de açúcar e a escravidão Brasil colônia. Disponível


em:<https://pt.slideshare.net/MarleteBilac/canade-acar-e-escravido-brasil-colnia>. Acesso
em: 31 de agosto de 2021.

4. DE MELO, José Evandro Vieira. O açúcar no café. Disponível


em:<https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-11062010-110407/publico/JOSE_
EVANDO_VIEIRA_DE_MELO.pdf>. Acesso em: 31 de agosto de 2021.

5. A cana de açúcar no Brasil Colônia. Disponível


em:<https://1library.org/article/cana-a%C3%A7%C3%BAcar-brasil-col%C3%B4nia-breve-
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2021.

6. Presença Árabe em Cantagalo. Disponível


em:<http://acervo.avozdaserra.com.br/colunas/historia-e-memoria/presenca-arabe-em-cant
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7. Trabalho e trabalhadores dos canaviais: perfil dos cortadores de cana da região de


Ribeirão Preto. Disponível
em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-3717201400020
0011>. Acesso em: 31 de agosto de 2021.

8. Impactos macroeconômicos do aumento da exportação de etanol. Disponível


em:<https://www.novacana.com/etanol/impactos-macroeconomicos-aumento-eportacao-
etanol>. Acesso em: 31 de agosto de 2021.

9. Exportação de Açúcar. Disponível


em:<https://www.fazcomex.com.br/blog/exportacao-de-acucar-saiba-mais/>. Acesso em:
31 de agosto de 2021.
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