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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS


E EDUCAÇÃO

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM USO DE GESTOS COMO


AUXÍLIO NA APRENDIZAGEM DA MÚSICA NO CANTO CORAL
DE CRIANÇAS

Ponta Grossa
2023
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM USO DE GESTOS COMO
AUXÍLIO NA APRENDIZAGEM DA MÚSICA NO CANTO CORAL
DE CRIANÇAS

Pré-Projeto de Pesquisa apresentado


como exigência do processo de
seleção do Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Ciências e
Educação.

Ponta Grossa
2023
PESQUISADOR ORIENTADOR

1.
2.

LINHA DE PESQUISA

( ) Ensino de Ciências e Nível de Ensino


( ) Ensino de Ciências e Mídias
( ) Práticas de ensino em Ciências
( ) Ensinos de Ciências e Tecnologia nas relações com a Sociedade
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM USO DE GESTOS COMO AUXÍLIO NA
APRENDIZAGEM DA MÚSICA NO CANTO CORAL DE CRIANÇAS

1 . RESUMO DA PROPOSTA

Muito se tem visto coros de projetos sociais, escolares - tanto infantis


quanto juvenis – entre outros que podemos considerar amadores. Com isso,
vê-se que a prática coral é uma atividade de grande manifestação cultural.
Junker (1999) pontua que o canto coral muitas vezes se dá de forma amadora.
Explicando o termo “amador”, segundo o dicionário Michaelis diz-se que, é
aquele que faz “por amor à música”, sendo assim, se apropria também da
definição do dicionário para embasar sua afirmação.
Uma vez que a prática do canto coral então é vista muitas vezes de
forma não profissional, o regente de um coro leigo ou amador tem a
responsabilidade de inserir o corista às várias possibilidades vocais, superando
as suas limitações fazendo-o conhecer novas estéticas musicais. O regente é
aquele que orienta, capacita e contribui para o crescimento musical daqueles
que participam e praticam a música vocal em grupo (Figueiredo, 1989).
A partir do posicionamento de Figueiredo (1989), percebe-se que, o
regente, mesmo que com um coro leigo e/ou amador, tem o encargo de
formação. Para Kodály (1929) citado por Szony (1996, p. 14), o regente de um
coro iniciante tem a responsabilidade maior do que a de um regente de um
coral renomado, pois, ele é quem dará base musical, inserindo ao universo
musical àqueles que não tiveram contato com a música e que, “o mau regente
pode privar várias gerações de crianças e adultos de desfrutar
verdadeiramente música”. Por fim, esta pesquisa tem sua relevância no ensino
da música lançando mão de práticas corporais como técnica que auxiliará no
aprendizado dos elementos da música.

Palavras-chave: Música, Ensino, Gestos


2 . INTRODUÇÃO

Segundo Martins (2012) ao analisar a metodologia do maestro


americano Henry Leck, afirma que, o uso de âncoras (gestos) em vocalizes
gera mais compreensão. Nessa análise, o autor relata que o maestro, ao
aplicar os vocalizes, utiliza as mãos para ir “desenhando” o movimento sonoro.
Segundo Leck, a utilização das âncoras é importante, pois, teorizar conceitos
que são cinestésicos, muitas vezes não geram o resultado esperado.
A Teoria de Dalcroze defende que o indivíduo pode utilizar para
representar os parâmetros musicais à movimentação corpórea. Para esse
pedagogo musical, a consciência corporal resulta numa melhor concepção e
exteriorização dos conceitos aprendidos (Santos, 1986, 2001).
Para que a percepção seja mais bem compreendida, devem-se associar
movimentos musculares e, uma vez que a voz se dá no trato laríngeo, e as
pregas vocais são músculos, faz-se necessário associar movimentos corpóreos
que representem o movimento sonoro (Jacques-Dalcroze, 1967).
Leck (2009), afirma que mesmo bons cantores precisam ter a cinestesia
ao cantar e que por meio da metodologia de Dalcroze isso é possível
desenvolvendo a musicalidade, fazendo com que, o as habilidades musicais
sejam alcançadas e que o cérebro responda às nuances musicais com mais
sensibilidade.
O tempo, a energia e o espaço, na musica estão interligados e a
modificação de um dos componentes, afeta diretamente aos outros dois. O
objeto de Dalcroze na Eurritmia é fazer com que o indivíduo sinta a música com
o corpo e expresse-se com movimentos, uma vez que, ao perceber
cinestesicamente o que está sendo trabalhado referenciado nos símbolos
musicais terão mais sentido (Leck, 2009).
Costa (2009) em sua pesquisa aponta a questão da carência de estudos
sistemáticos e aprofundados da utilização da expressão cênica em meio à
atividade do canto coral e que há um número pouco expressivo de regentes
atuando na área do canto coral com utilização cênica, além disso, pontua a
falta de literatura que poderiam endossar e trazer depoimentos dessa prática.
Desse modo, para o trabalho de regente de coro, os critérios devem ter
boa percepção, conhecimento musical, estética além de ter uma boa formação,
sendo que, o conhecimento deve ser revisado periodicamente, de forma que
não seja acomodado e sempre com o espírito investigador (Figueiredo, 1989).
Com isso, surge a queixa sobre o papel do regente de coro leigo
levantada por Figueiredo (1989) que é a deficiência de resultados satisfatórios
e a assimilação por parte do coro a respeito dos ensinos transmitidos pelo
regente.
Borges (2007) relata que, o ensino de música por meio da prática coral
com jovens do Ensino Médio vem de maneira indissociável ao mesmo tempo
em que o regente representa a figura de professor e que o coro é e deve estar
na perspectiva de educação.

3 . PROBLEMÁTICA
Como o uso do gesto cênico executado pelo coralista auxiliaria na
sonoridade e na afinação e no aprendizado da música?

4 . OBJETIVOS

4.1. Objetivo Geral

Verificar qual a eficácia do uso do gestual em relação ao benefício da


sonoridade e a precisão da afinação no ensino da música para crianças.

4.2 . Objetivos Específicos

- Analisar como a movimentação auxilia na sonoridade do coro;


- Examinar quão o gestual feito pelos coralistas contribui para a
compreensão da harmonia, ritmo e melodia;
- Contribuir com a área de Educação Musical e Regentes de Corais.
5 . FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Partindo do ponto de vista abordado anteriormente por Borges (2007), o


regente/professor, torna-se o organizador do som. Kerr (1989) ainda reafirma, e
atribui outras qualidades à figura do regente/professor:
“identificador das capacidades musicais, animador do
exercício musical [...] ao organizar o som possível, o regente se
exercita com compositor. Ao liderar as disponibilidades, ele se
exercita como regente.”

Mas organizar o som com conceitos, muitas vezes não são satisfatórios,
como é abordado por Leck (2009) embasado na teoria de Dalcroze, a vivência
do som passando pelo corpo tem mais sentido para o coralista/aluno que o
experimenta e expressa em movimentos. Outras áreas como pedagogia e
psicologia também afirmam de que, o gesto/movimento interioriza o
aprendizado.
Branco (2008) aponta que o gesto provoca reação no grupo, um
movimento, que resulta numa sonoridade e que o retorno dessa sonoridade
deve ser analisado para que se tenha o som desejado. Essa autora mostra o
pensamento de Laban que, há uma relação de reciprocidade entre mente e
corpo. Estudar as dinâmicas do movimento e suas qualidades faz com que o
individuo torne-o orgânico e assim expressar suas intenções adequadamente.
Comungando sobre a cinestesia, Pederiva (2004) mostra que, a
utilização e o estudo de movimentos motores minimizaria erros durante a
performance e que o ato motor integra à inteligência fazendo com que o
aprendizado seja internalizado.
Pederiva (2004) ainda alega que a aprendizagem motora,
desenvolvimento motor, ou ainda, corporeidade deve ser incorporado ao
trabalho dos professores e estudantes de música carecendo ainda uma
reflexão das práticas musicais.
Leck e Stenson (2012), afirmam que associar o movimento à execução
de vocalizes e também no repertório tem-se mais qualidade vocal, auxiliando
na afinação, no volume, além de se ter uma boa resposta na sustentação do
som e mais apoio respiratório e que, propicia trabalhar especificidades
musicais auxiliando a reter ideias de ritmo, fraseados, articulações.
Branco (2008) ainda disserta em seu estudo sobre a técnica de Laban
que, o movimento corporal é a ponte entre o mundo subjetivo ao objetivo e que
o movimento é fruto do emocional e mental e tem o objetivo de afetar e
conseguir resultados sonoros.
Em sua pesquisa, Branco (2008) cita uma análise onde houve uma
comparação de dois corais, um ensaiado com o método tradicional e outro com
a técnica de Laban executando a mesma peça. A gravação analisada resultou
uma qualidade maior no coral que foi preparado com as bases da técnica de
Laban.

6 . JUSTIFICATIVA

Costa (2009) pontua a necessidade de literatura para faixa etária


proposta. A partir dessa necessidade, considera-se tal pesquisa relevante, visto
que, muitos educadores musicais e/ou regentes, atuam ou atuarão em escolas
e consequentemente, trabalharão com a faixa etária proposta, sendo que, o
recurso para absorção de conteúdos musicais pode ser facilitado pelo uso do
gesto por parte do coralista/aluno.
O canto coral durante a fase da adolescência torna-se importante pois a
faixa etária, dos 6 aos 14 anos, o individuo mostra-se mais talentoso segundo
Szony (1996), além de promover homens respeitáveis, de nobre caráter,
fazendo com que a experiência musical se torne decisiva.
Leck e Stenson (2012) afirmam que, aprender enquanto associa uma
movimentação com as mãos é mais eficaz, principalmente em meninos e que
quanto mais tempo parados, sem alguma atividade, mais desatentos tendem a
ficar e não absorvem o conteúdo.
Associando uma movimentação, não necessariamente na prática do
canto, em alguma explicação de conteúdos, o movimento é benéfico, pois, trará
à memória o que foi tratado. O movimento alia-se ao canto tornando o ensaio
mais produtivo além de combinar melhor as cores vocais do coral, deixando a
voz mais vibrante construindo uma boa técnica coral. (Leck; Stenson, 2012).
Para Levin (2005), o uso do corpo e dos gestos são imprescindíveis para
formação geral do indivíduo como ser humano e que os movimentos são
saberes que absorvemos e que estão à nossa disposição para serem
utilizados, além de que o estudo, por sua vez, deveria estar diretamente ligado
ao movimento corporal.
Levin (2005) também defende que, o uso de movimentos corporais
deveria ser incentivado durante toda a fase escolar e que até a puberdade (por
volta de 12/13 anos) elas são determinantes, e continua que,

“Quando uma coisa acontece pela primeira vez, precisa ser marcante
e positiva, para deixar boas recordações, ainda que inconscientes. O
uso do corpo permitirá que essas lembranças sejam prazerosas e a
pessoa vai associar o aprendizado a sensações gostosas.” (Levin,
2005).

Com isso, percebe-se que, o coro ao expressar-se a partir de suas


vivências individuais, explorando a absorção do repertório e o exteriorizando
essa absorção com gestual e/ou movimentação cênicos, pode ser benéfico
para potencializar o fazer da aprendizagem musical.

7 . METODOLOGIA

Pretendemos inicialmente confrontar mediante revisão de literatura as


principais propostas para o trabalho do coro infanto-juvenil e/ou juvenil,
abordadas pelos principais regentes e pesquisadores brasileiros, podendo ser
estendida para pesquisadores estrangeiros, contrapondo com as ideias dos
pedagogos musicais como Dalcroze, que afirma sobre o uso de movimento
para compreensão cinestésica e Kodály, que tinha como foco a educação
musical por meio vocal unindo a manossolfa em sua filosofia de trabalho.
Aliado a isso, uniremos materiais para endossar o trabalho das áreas da
psicologia e pedagogia apontando a eficácia de aprendizagem através do uso
do gesto, assimilação e absorção de conteúdos.
Na área da fonoaudiologia, que é a responsável pela ciência da voz,
pesquisaremos sobre as vertentes da educação vocal e se há estudos aliados
ao movimento e a técnica vocal, sem esquecer-se da técnica de Alexander e
sua aplicação.
A análise principal deste projeto é a proposta do maestro Randy
Stenson, fazendo cruzamento de dados das áreas citadas acima para perceber
então sua eficácia e aplicação.
Como base da pesquisa temos a metodologia abordada pelo maestro
Randy Stenson que atualmente diretor do coral St Mary’s em Tóquio/Japão e
rege alguns corais da instituição, além de dar aulas para 3º e 4º anos do ensino
de música em geral e também curso de teoria, composição. Stenson também
tem trabalhado com organizações musicais importantes como de Plácido
Domingo e outros cantores renomados. Seus corais têm feito apresentações
em festivais de corais.

8 . CRONOGRAMA

2015
AÇÕES Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Revisão e Correção
de Tradução X x                
Revisão do Projeto X x x              
Levantamento
Bibliográfico   x x x x x         
Redação do Artigo     x x x   x    
Revisão da Escrita           x x X  
Entrega do Artigo                   x

9 . REFERÊNCIAS

BRANCO, Heloiza de Catesllo. A Contribuição do estudo do Sistema Laban


para o gestual do regente. 5º SIMPEMUS. Curitiba. Paraná. 2008. Acessível
em: http://www.uel.br/pos/musica/pages/arquivos/LabanSimpemus.pdf

BORGES, Gilberto André. Educação Musical no Ensino Fundamental e Canto


Coral: Uma reflexão a partir da experiência da Rede Municipal de Ensino de
Florianópolis.Florianópolis: 2007. Acessível em
http://www.musicaeeducacao.mus.br/artigos/
gilbertoborges_educacaomusicalecantocoral.pdf

COSTA, Patricia. A expressão cênica como elemento facilitador da


performance no coro juvenil. Per Musi, Belo Horizonte, n. 19, 2009, p. 63-71.

EISENTEIN, Evelyn. Adolescência: Definições, conceitos e critério.


Adolescencia e Saúde. Volume 2, n. 2, 2005
FIGUEIREDO, Sérgio Luiz Ferreira. A função do ensaio coral: Treinamento ou
Aprendizagem?. Opus. Local ?. Ano 1898. p. 72-78. Acessível em:
http://www.anppom.com.br/opus/data/issues/archive/1/files/OPUS_1_Figueired
o.pdf

JACQUES-DALCROZE. Emile. Rhythm, Music And Education. England. The


Dalcroze Society, 1967. Trad.Regina Márcia Simão Santos.

KEER, Samuel. BREIM, R. Monitores Corais. São Paulo: Secretaria do Estado


da Cultura. 1989.

LECK, Henry; JORDAN, Flossie.Creating Artistry Through Choral Excellence.


EUA.Ed. Hal Leonard. 2009.

LECK, Henry; STENSON, Randy.Creating Artistry Through Moviment and the


Maturing Male Voice. EUA.Ed. Hal Leonard.2012.

LECK, Henry; STENSON, Randy.Creating Artistry Through Moviment and the


Maturing Male Voice. Vídeo. EUA. Ed. Hal Leonard. 2012. DVD (1h16min):
color.

LEVIN, Esteban. O corpo ajuda o aluno aprender. Revista Nova Escola. 2005.
Disponível em <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/esteban-levin-corpo-
ajuda-aluno-aprender-423993.shtml>
MARTINS, Weider. Pedagogia coral com vozes em muda vocal masculina:
Uma análise da metodologia de Henry Leck. IV Semana de Educação Musical
IA-UNESP/ VIII Encontro Reginal Sudeste ABEM, 2012, ANAIS. Anais ABEM
2012.

MICHAELIS, Dicionário On-line. Acessado em 25/11/2014.


<http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/>

PEDERIVA, Patrícia. A aprendizagem da performance musical e o corpo. Música


Hodie. Volume 4. Número 1. 2004. p. 45-61

SANTOS, Regina Márcia Simão. A natureza da aprendizagem musical e suas


implicações curriculares. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade
Federal do Rio de Janeiro. 30.04.1986. p. 121 – 132.

SANTOS, Regina Márcia Simão. Jacques-Dalcroze, Avaliador da Instituição


Escolar: Em Que Se PodeReconhecer Dalcroze Um Século Depois?. Revista
Debates. Unirio, nº 4. Rio de Janeiro. RJ. 2001.

SILVA, Edna Lúcia da Metodologia da pesquisa e elaboração de


dissertação/Edna Lúcia da Silva, Estera Muszkat Menezes. – 4. ed. rev. atual. –
Florianópolis: UFSC, 2005. 138p.

SZÖNY, Erzsébet. A Educação Musical na Hungria Através do Método Kodály.


São Paulo. SP. Sociedade Kodály do Brasil. 1976.

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