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Definição do objeto
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Da Tablatura á Partitura
Para que uma leitura básica da partitura seja feita, são necessários pelo menos três
conhecimentos simultâneos: o aprendizado das notas na pauta, o ritmo das figuras e a
localização das notas no instrumento. Buhlal (2002, p. 14) diz que, “o sistema de escrita
convencional é completo, porém mais complexo para se aprender, já que a representação é
abstrata”. Essa abstração, do sistema convencional de notação musical, acontece por este não
ter uma função representativa de nenhum instrumento. Na monografia Ensino coletivo de
violão: diferentes escritas no aprendizado de iniciantes, Teixeira (2008, p. 15), comenta sobre
a tentativa de Vieira, em contribuir com um material voltado à prática coletiva de violão,
porém critica a leitura proposta neste material, de notação tradicional, que se for priorizada,
pode inibir o aprendizado das crianças. Evidencia que pelo fato do violão possuir outras
formas de notação como a tablatura e a cifra, podem ser utilizadas no ensino básico. (Silva,
2013, p.36).
O sistema de notação da tablatura é o que usaremos no início do método. Este foi largamente
utilizado na escrita para violão, por aproximadamente 400 anos. Foi somente em 1799, que o
primeiro método para cordofone dedilhado (guitarra) usou notação musical convencional:
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Fernando Ferandière, Arte de tocar guitarra española por música, Dudeque, (1994, p. 53).
Nossa proposta metodológica segue o mesmo raciocínio e evolução histórica, começar pela
tablatura para chegar à partitura.
Encontramos base, para o uso de um sistema de notação mais simples, em importantes
educadores musicais. Segundo Goulart, “Kodály utiliza também o sistema de leitura/escrita de
John Curwen (1816-1880), que dispensa o pentagrama e usa as letras iniciais (d, r, m etc)
combinadas com o valor rítmico das notas” (2000, p. 26). Segundo Shaffer (2011, p. 23), “o
ideal, o que precisamos, é de uma notação que pudesse ser aprendida em dez minutos, após os
quais a música voltasse a seu estado original – como som”. Entretanto, a tablatura usada no
século XVI para violão, era eficaz, não apenas para estabelecer a localização dos dedos.
Diferente de muitas tablaturas atuais, também representava com figuras o ritmo, tão
importante para uma prática musical coletiva. Faremos o uso deste tipo de tablatura e
chamaremos de “tablatura rítmica”.
Comparando a Partitura com a Tablatura Rítmica
Analisando os dois exemplos acima, podemos constatar a simplicidade motora que podem
envolver fazer as notas mi, fá, sol, tocadas na primeira corda, do que fazer acordes
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correspondentes a essas notas. Neste último, serão necessários diferentes dedos em cordas
distintas, abertura longitudinal e vertical dos dedos de forma simultânea. Não queremos dizer
com isso, de uma impossibilidade de aprendizagem ao violão, a partir dos acordes, queremos
apenas mostrar, que pode ser mais fácil uma iniciação ao violão a partir de melodias dentro de
um processo de musicalização.
A evolução deste percurso se dará começando com acordes com um dedo, dois dedos etc. Até
que se cheghe aos acordes comumente usados nos metodos de violão popular.
A neurociencia também como base de nossa proposta metodologica
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memória que registrou o aprendizado e prática de ler as figuras rítmicas será ativada, podendo
conservá-la melhor. "Se uma informação for reativada um número suficiente de vezes, ou se
puder ser associada a sinais e pistas que levam a registros já disponíveis, a memória
operacional poderá conservá-la” Consenza (2011, p. 54). A neurociência prova que focar em
uma atividade de cada vez, é melhor para assimilação e aprendizagem do cérebro. “Ao tentar
dividir a atenção, o cérebro sempre processará melhor uma informação de cada vez”.
(CONSENZA, 2011, p. 47). Como falamos, preferimos que nos primeiros contatos do aluno
com o violão, aconteçam de forma melódica e não harmônica. O procedimento do foco é
como uma “lanterna” que se acende em cima da ação, propiciando um melhor desempenho.
(CONSENZA, 2011). A proposta melódica favorece um foco visual, auditivo e tátil, no único
som e dedo envolvidos naquele momento, podendo favorecer a execução de um som definido.
Referências
SILVA, Priscila Hygino Rodrigues. Os métodos brasileiros de violão para público infanto-
juvenil e o ensino coletivo de violão na infância-Monografia submetida ao curso de
Licenciatura em Música do Centro de Letras e Artes da UNIRIO. Rio de Janeiro, 2013.