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Boxe 7 – Evolução de meios digitais para

realização de transações de pagamento no Brasil

Introdução
O uso de meios digitais para fins de transações financeiras no Brasil cresceu de forma acelerada na última década.
Diversos fatores contribuíram para esse crescimento, desde o arcabouço legal e infralegal1 que conduziu ao
florescimento dos mercados de arranjos e instituições de pagamento, até as inovações tecnológicas e a introdução
do Pix. Esse processo de digitalização também foi acelerado pelos efeitos decorrentes das medidas preventivas
de isolamento social adotadas no transcorrer da pandemia da Covid-19.

Este boxe apresenta e analisa dados compilados da evolução das transações de pagamento realizadas por meios
digitais (instrumentos alternativos ao papel-moeda) no Brasil na última década, utilizando informações enviadas
pelos participantes do mercado e informações coletadas das infraestruturas operadas pelo Banco Central.

Os meios digitais para realizar pagamentos objeto da presente análise compreendem as transferências de saldo
interbancárias e intrabancárias, as transações com cartões de crédito, débito e pré-pago, e os pagamentos por meio
de Pix, boleto, convênio (por exemplo, pagamentos de contas de luz, água etc.) e débito direto (caso do débito
automático previamente autorizado de contas recorrentes e das tarifas, juros e outras cobranças realizadas na
conta pelas instituições financeiras). Nesse cenário, comparam-se as tendências no uso dos diversos instrumentos
de pagamento eletrônicos no país, com destaque para a participação do Pix.

Uso de meios digitais para transações financeiras no Brasil


Observam-se três momentos distintos no uso de meios digitais para pagamentos no país (Gráfico 1). No primeiro,
até 2016, há um crescimento da quantidade de transações per capita,2 ao passo que a relação entre o volume
financeiro transacionado e o PIB permanece relativamente estável. No segundo momento, de 2017 até 2020,
nota-se significativa elevação do volume financeiro transacionado por meios digitais comparado ao ritmo de
crescimento da atividade econômica, acompanhada pelo aumento mais acelerado da quantidade de transações
realizadas por cada indivíduo. Por fim, no período recente, de 2021 a 2022, verifica-se uma elevação vigorosa
da quantidade de transações per capita, além da continuidade do crescimento relativo do volume financeiro
transacionado.

1 A Lei 12.865, de 9 de outubro de 2013, e conseguintes regulamentações infralegais agiram como marco regulatório para criação dos arranjos e
instituições de pagamento. Esta Lei concedeu ao Banco Central do Brasil (BC) competências de regulamentação, vigilância e supervisão dos arranjos
e das instituições de pagamento.
2 Utilizado como base a população com faixa etária a partir de 15 anos.

2022 | Relatório de Economia Bancária | 1


Gráfico 1 – Evolução das transações por meio
digital
500 10

400 8

300 6

453
200 4
340

223 242
100 191 2
156 161 164 176
131 144

0 0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Transações per capita Volume transacionado/PIB (eixo dir.)

Essa revolução na forma de realização de pagamentos também espelha um processo contínuo de digitalização
da economia, que perpassa o avanço do e-commerce como meio usual de realização de compras, bem como a
revisão e adaptação do modelo de negócios de instituições financeiras tradicionais, ao mesmo tempo em que
fintechs, bigtechs, grandes varejistas e até empresas não financeiras passaram a intensificar suas atividades no
sistema financeiro.3

A partir de 2016, as instituições de pagamento (IPs) começaram a ser autorizadas a funcionar pelo BC
(Gráfico 2), observando-se a seguir, no período de 2017 a 2020, a aceleração do crescimento do volume
financeiro transacionado e da quantidade de transações.

Gráfico 2 – Número de instituições de pagamento


autorizadas a funcionar pelo BC
Instituições autorizadas
80
74

60

40 37

26

19
20

10
6
1
0
2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

No mesmo período, verifica-se o início do crescimento da utilização do telefone celular para fins de realização
de transações financeiras (Gráfico 3). A proporção de uso desse canal de atendimento, superando amplamente
nos últimos anos não só os canais presenciais como também o Internet Banking, representa uma nova fase de
digitalização do uso do sistema financeiro pela população brasileira.

3 Relatório de Economia Bancária, 2021 – Boxe 7 – A nova dinâmica da competição no SFN e no SPB.

2022 | Relatório de Economia Bancária | 2


Gráfico 3 – Canais de acesso a serviços 4
Quantidade de transações
%
100
5 9
14
21
28
80 36 38 38
40
38
38
35
69
34 79
60
29
25

40
64 61 58 56 53 51
45 14
20 43
36
16
17
5
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Canais presenciais Internet banking Telefones celulares

/ Canais presenciais: agências, ATM, centrais de atendimento, correspondentes no país e ponto de


atendimento cooperativo. Produtos: pagamento de conta e tributo, transferência de crédito e Pix

A evolução regulatória em prol da competição e da inclusão financeira, mantendo a solidez e eficiência, permitiu
ainda o desenvolvimento de um ecossistema de pagamentos cuja maturidade levou à introdução do Pix – arranjo
de pagamentos instantâneos instituído e operado pelo BC – em novembro de 2020, após profícua interação com
os diversos agentes do mercado. O Pix iniciou suas operações em meio à pandemia da Covid-19, cujas medidas
inéditas de restrição de mobilidade social já vinham estimulando o processo de digitalização. Adicionalmente,
amplificaram a velocidade de adoção desse novo instrumento a redução de custos em comparação a outros
instrumentos de pagamento, como as transferências (TED e DOC), os boletos e os cartões de débito e pré-pago,
aliado a uma estratégia de universalização, facilidade de uso, atendimento a necessidades dos usuários finais,
entre outras.

No que diz respeito à evolução do ticket médio dos diferentes meios de pagamento (Tabela 1), os dados apontam
o uso preponderante do Pix e dos cartões (especialmente o pré-pago) nas transações de valor mais baixo,
indicando seu papel importante na inclusão financeira, deixando as transferências interbancárias e intrabancárias
tradicionais como principais opções para transações corporativas, de valores substancialmente mais altos. Nesse
sentido, é razoável supor que o Pix e os cartões representaram importante papel na digitalização de camadas
mais amplas da população, provavelmente contribuindo para o grande aumento de transações per capita a partir
de 2020 (Gráfico 1).

Tabela 1 – Tíquete médio dos meios de pagamento


Cartão de Cartão de Cartão Débito Transferências Transferências
Ano Boleto Cheque Pix Saques
crédito débito pré-pago direto interbancárias intrabancárias
                     
2012 110 58 1.851 1.994 934 88.639 8.542 1.055
2013 113 60 1.882 2.251 1.125 69.980 9.603 1.111
2014 114 62 1.887 2.405 904 56.552 9.379 1.003
2015 117 63 1.903 2.482 795 48.877 9.019 922
2016 115 63 457 1.989 2.531 1.221 35.434 8.165 883
2017 114 62 114 2.108 2.582 1.345 30.179 9.094 796
2018 114 62 95 2.222 2.644 908 29.623 9.693 769
2019 111 61 72 2.233 2.765 772 25.489 9.780 719
2020 119 71 42 2.060 2.894 692 18.296 851 9.737 707
2021 123 67 31 2.340 3.354 714 30.683 552 14.746 667
2022 126 64 29 2.628 3.794 744 43.336 453 19.059 777
                     

4 Canais presenciais: Agências, ATM, centrais de atendimento, correspondentes no país e ponto de atendimento cooperativo. Produtos: Pagamento
de Conta/Tributo, Transferência de Crédito e Pix.

2022 | Relatório de Economia Bancária | 3


Quantidade de transações por instrumento de pagamento5
O objetivo desta seção é verificar o impacto que a digitalização financeira teve no uso dos instrumentos de
pagamento. Essa análise nos permite fazer inferências, ainda que não causais, sobre eventuais mudanças nos
hábitos de uso de meios de pagamento do cidadão brasileiro.

Avaliando-se a participação de cada instrumento de pagamento na quantidade total de transações financeiras ao longo
da última década (Gráfico 4), nota-se, para o período de 2010 até 2016, uma redução do uso de boletos e cheques
e aumento moderado dos cartões de débito. A partir de 2017, observa-se um crescimento mais acelerado no uso de
cartões, possivelmente pela entrada de instituições de pagamento, que emitem cartões de crédito e cartões pré-pagos.
Gráfico 4 – Quantidade de transações
Participação por instrumento – Dados anuais
%
100 4
5
16
20 21 22 21 20 18 17 15 15 29
80
3 2 2 12
7 6 5 4
23 21 21 9
60 24 24 15
27 26 26
28 11
7
40 9
28 29 28
24 25 27 23
19 21 22 19
20
20 20 20 21 22 22 23 25 23 22 20
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

1 Cartão de crédito 2 Cartão de débito


3 Cartão pré-pago 4 Boleto
5 Cheque 6 Débito direto
7 Transferências interbancárias 8 Pix
9 Transferências intrabancárias

A partir do final de 2020, o expressivo crescimento do uso do Pix reduziu, em termos relativos, a participação
dos demais meios de pagamento e de transferência na quantidade total de transações financeiras. Contudo, em
termos absolutos (Gráfico 5), a tendência que vinha se observando anteriormente foi mantida, com o contínuo
aumento da utilização de cartões,6 um discreto crescimento do débito direto, a estagnação da utilização de
boletos e, por fim, a redução ainda mais acelerada do uso de cheques.

5 a. As operações de débito direto contemplam:


i. convênios com Terceiros – débitos previamente autorizados pelo cliente em sua conta corrente, referente ao pagamento de contas recorrentes. Inclui tanto
pagamento a concessionárias de serviços (água, luz, telefone, TV por assinatura etc.) como a outras empresas; e
ii. relacionamento Bancário – débitos que a instituição financeira efetua na conta dos clientes em virtude de cobrança de tarifas pelos serviços prestados; de
juros, taxas e comissões incidentes sobre operações de crédito e aqueles referentes a venda de produtos ou utilização de serviços integrantes do portfólio da
instituição. Fonte: Instituições do SPB.
b. Pix: início em nov/2020. Contempla transações de compra e transferências. Fonte: BC.
c. Transferências intrabancárias (book transfers): transferências realizadas entre contas de clientes da Instituição Financeira, inclusive aquelas
envolvendo movimentações referentes a aplicações e resgates em fundos de investimento. Fonte: Instituições do SPB.
d. Transferências interbancárias: transferências realizadas por meio de TED (Transferência Eletrônica Disponível), DOC (Documento de Ordem de
Crédito) ou TEC (Transferência Especial de Crédito). Fonte: Instituições do SPB.
e. Boleto + convênio: além das transações com boleto, consideram as operações por meio de convênios, que contemplam:
i. arrecadações governamentais: arrecadação de tributos e encargos sociais em virtude de convênios firmados entre a instituição e as entidades governamentais
(guias de tributos federais, estaduais e municipais, do FGTS, INSS, DPVAT, Ibama etc.); e
ii. arrecadações não governamentais: arrecadações referentes aos convênios firmados entre a instituição financeira e entidades privadas, exceto aquelas pagas
por meio de boletos de pagamento - arrecadações de concessionárias de serviços públicos; entidades filantrópicas; taxas de inscrições; contribuições das
entidades de classe etc. Fonte: Instituições do SPB.
f. Os dados não incluem os créditos conhecidos como “Crédito Direto” ou “Transferências de Governo”, entendidos como créditos que a instituição
efetua na conta dos seus clientes, provenientes de transferências dos governos federal, estadual e municipal (pagamento de benefícios; proventos
de aposentadoria e pensão; rendimentos do PIS/Pasep; repasses dos programas sociais, devolução do Imposto de Renda, FGTS etc.).
6 No ano de 2020, para os cartões de crédito, observa-se uma estagnação pontual na quantidade transacionada devido às medidas preventivas de
isolamento social adotadas para enfrentamento da pandemia, as quais geraram maior impacto no primeiro semestre daquele ano, com a posterior
retomada de crescimento. Não se verificou, entretanto, esse mesmo efeito nos cartões de débito e pré-pagos, uma vez que o pagamento do Auxílio
Emergencial acabou por estimular o uso desses instrumentos.

2022 | Relatório de Economia Bancária | 4


Quanto às transferências interbancárias e intrabancárias, percebe-se o crescimento de ambas as funcionalidades
até 2020, quando atingem seu pico, mais fortemente nas interbancárias em função provavelmente do Auxílio
Emergencial pago pelo governo federal e transferido por muitos usuários para outros bancos ou instituições de
pagamento. Já em 2021 e 2022, os dois tipos de transferências apresentaram queda na quantidade de transações,
possivelmente em razão da introdução do Pix como opção para os usuários.

Gráfico 5 – Quantidade de transações


Dados anuais – R$ bilhões
1 Cartão 2 Cartão 3 Cartão 4 Boleto 5 Cheque
de crédito de débito pré-pago
2012 4,23 4,13 ​ 6,05 1,43
2013 4,60 4,91 ​ 6,40 1,30
2014 5,18 5,62 ​ 6,65 1,16
2015 5,52 6,21 ​ 6,76 1,04
2016 5,88 6,84 0,00 6,64 0,86
2017 6,40 7,93 0,03 6,92 0,73
2018 7,33 9,03 0,08 7,41 0,63
2019 9,56 10,88 0,41 7,82 0,55
2020 9,46 11,47 1,28 8,44 0,38
2021 12,68 13,52 4,02 8,81 0,31
2022 16,17 15,31 7,60 8,91 0,27

7 Transferências 9 Transferências
6 Débito direto 8 Pix
interbancárias intrabancárias
2012 4,24 0,38 ​ 0,76
2013 4,95 0,46 ​ 0,78
2014 5,56 0,53 ​ 0,85
2015 5,42 0,58 ​ 0,89
2016 5,34 0,67 ​ 0,96
2017 5,36 0,81 ​ 1,06
2018 5,36 0,93 ​ 1,18
2019 5,77 1,25 ​ 1,35
2020 6,14 2,09 0,18 1,46
2021 6,71 1,39 9,43 1,08
2022 7,58 1,08 24,05 1,10

Ademais, a evolução da quantidade de transações por meio do Pix demonstra que esse instrumento teve
importante papel no significativo aumento na quantidade de transações do ecossistema de pagamentos como
um todo, proporcionando a participação de pessoas que nunca haviam realizado transferências.7 Em apenas
dois anos de operação, entre novembro de 2020 e dezembro de 2022, o Pix tornou-se o instrumento com maior
quantidade anual de transações.

Em paralelo, observamos o incremento expressivo da quantidade de transações com cartões de débito e pré-pago,
no caso deste último, fazendo parte do crescimento das instituições de pagamento. Essas instituições vêm tendo
papel relevante na inclusão financeira, ao proporcionar contas de pagamento a pessoas que anteriormente não
tinham nenhum relacionamento com o sistema financeiro, sendo, por exemplo, as instituições em que muitos
jovens iniciam seu relacionamento com o sistema financeiro.8

Pode-se supor que esse amplo processo de digitalização dos meios de pagamento possivelmente esteja sendo
acompanhado de uma gradual redução no uso de dinheiro em espécie pela população brasileira. O Gráfico 6
mostra que a quantidade e o volume financeiro de saques em ATMs e agências bancárias vêm se reduzindo
ao longo do tempo de forma gradual. De 2020 em diante, essa redução de uso parece ser mais acentuada, o
que pode ser explicado pelas mudanças comportamentais da pandemia, a introdução do Pix e o aumento de
transações com cartões.

7 Relatório de Cidadania Financeira 2021, páginas 127 e 128.


8 Relatório de Cidadania Financeira 2021, páginas 62 a 65.

2022 | Relatório de Economia Bancária | 5


Gráfico 6 – Saques em ATMs e agências bancárias

Bilhões R$ trilhões
5 4,8 5
4,5 4,5
4,3
3,9 4,0 3,9
4 4,3 3,8 4
4,0 4,1
3,9 3,4
3,7
3,1
3,4
3 3
3,1 2,6
3,0

2,5
2 2
2,1 2,1

1 1

0 0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Quantidade Valor (eixo dir.)

Valor transacionado por instrumento de pagamento


Quando se analisa a evolução recente da participação de cada instrumento de pagamento no volume financeiro
total das transações (Gráfico 7), o surgimento e crescimento gradual do Pix também se faz presente, porém
em menor proporção. Esse fato decorre das transferências interbancárias e intrabancárias continuarem sendo
bastante utilizadas para transações de valor mais alto, respondendo por cerca de 65% do volume financeiro
transacionado em 2022.

Gráfico 7 – Volume financeiro de transações


Participação por instrumento – Dados anuais
%
100
21 20 21 21 20 22 24 25 24 21 22
80
7
12

60 37 38 38 41 39 38
41 44 48
47
43
40
13 15 13 16
11 16 10
9 8 7
8 8 7 5 4 6
20 6
18 17 17 17 17 17 18 17 15 14 13
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

1 Cartão de crédito 2 Cartão de débito


3 Cartão pré-pago 4 Boleto
5 Cheque 6 Débito direto
7 Transferências interbancárias 8 Pix
9 Transferências intrabancárias

Os dados de volume absoluto anual (Gráfico 8) mostram significativa expansão do mercado como um todo,
com exceções apenas para o débito direto, que, após um pico no biênio 2016-2017, contraiu-se e se manteve
relativamente estagnado nos últimos anos, e para o cheque, em queda constante desde 2013. Os cartões apresentam
crescimento sustentado durante todo o período, mas seus volumes financeiros ainda são relativamente pequenos.
Já o boleto apresenta volume financeiro crescente e relevante. Com relação às transferências interbancárias e
intrabancárias, ambas continuam crescendo em termos de volume financeiro absoluto e respondendo pelo maior
volume transacionado em todo o período de análise.

2022 | Relatório de Economia Bancária | 6


Embora represente uma proporção relativamente pequena do volume total das transações, o Pix tem apresentado
crescimento acelerado no volume transacionado, gerando aumento de sua participação mesmo em um mercado
em expansão. O fato de o volume financeiro transacionado por meio de cartões, boletos e especialmente
transferências ter apresentado aumento sugere que o Pix pode ter trazido novas transações ao ecossistema dos
meios eletrônicos de pagamento, em função do florescimento de novos modelos de negócio, em linha com o
já observado em estudos anteriores como o apresentado no Relatório de Cidadania Financeira 2021 (Nota 9).

Gráfico 8 – Volume de transações


Dados anuais – Trilhões
1 Cartão 2 Cartão 3 Cartão 4 Boleto 5 Cheque
de crédito de débito pré-pago
2012 0,47 0,24 ​ 5,71 2,85
2013 0,52 0,29 ​ 6,13 2,92
2014 0,59 0,35 ​ 6,39 2,80
2015 0,65 0,39 ​ 6,53 2,58
2016 0,68 0,43 0,00 6,69 2,19
2017 0,73 0,50 0,00 7,30 1,89
2018 0,83 0,56 0,01 8,34 1,67
2019 1,06 0,67 0,03 8,96 1,52
2020 1,12 0,81 0,05 9,23 1,10
2021 1,56 0,91 0,12 10,73 1,05
2022 2,04 0,98 0,22 12,08 1,02

7 Transferências 9 Transferências
6 Débito direto 8 Pix
interbancárias intrabancárias
2012 3,96 11,75 ​ 6,45
2013 5,57 13,77 ​ 7,49
2014 5,03 14,17 ​ 7,97
2015 4,31 15,44 ​ 8,07
2016 6,52 15,63 ​ 7,80
2017 7,21 16,59 ​ 9,62
2018 4,87 19,06 ​ 11,47
2019 4,46 23,76 ​ 13,22
2020 4,25 28,65 0,15 14,25
2021 4,79 35,75 5,20 15,86
2022 5,64 40,78 10,89 20,92

Por fim, com relação especificamente ao mercado de cartões, ao se analisar a evolução dos volumes dos cartões
de crédito, débito e pré-pago (Gráfico 9), é possível identificar, dentro desse grupo de instrumentos, um fenômeno
similar ao que ocorreu com o Pix com relação ao mercado de pagamentos como um todo. Os cartões pré-pagos
ainda representam uma proporção pequena do volume total transacionado em cartões, mas é a modalidade que
apresenta maior crescimento dentro de um contexto em que o mercado de cartões tem volumes crescentes,
destacando-se seu papel na inclusão financeira.

Gráfico 9 – Volume financeiro


Mercado de cartões
Bilhões
2.077,9
2.000

1.580,7

1.500

1.141,3
1.093,1

1.000 863,0
757,6 983,6
672,4 699,3 910,3
613,6 811,6
540,4
486,6 667,6
500
561,7
495,5
430,6 219,9
348,3 389,7 125,3
295,3 54,1
238,0 0,7 3,5 10,0 31,5
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Crédito Débito Pré-pago

2022 | Relatório de Economia Bancária | 7


Considerações finais
Este boxe apresentou o expressivo crescimento das transações por meio digital (instrumentos de pagamento
alternativos ao papel-moeda e ao cheque) durante a última década no Brasil. Essa transformação foi o resultado
de inúmeros fatores conjunturais e principalmente estruturais.

O processo de digitalização observado no uso dos instrumentos de pagamento foi acompanhado de alteração no
padrão de utilização dos distintos canais de acesso aos serviços financeiros, constatando-se redução contínua e
substancial no uso de canais presenciais.

A introdução do Pix pelo BC, um arranjo de pagamento com infraestrutura pública, de baixo custo e acessível
a todos os usuários de serviços financeiros, representou importante papel nesse processo. As restrições de
mobilidade decorrentes da pandemia da Covid-19 também foram relevantes para a aceleração do processo de
digitalização das transações financeiras em curso no país.

As transações com cartões também contribuíram para a progressiva digitalização. As quantidades e os volumes
transacionados cresceram em suas três modalidades, crédito, débito e pré-pago, com destaque para este último,
que, apesar de ter ainda uma pequena participação no mercado de cartões, teve um crescimento expressivo,
decorrente da participação de fintechs com novos modelos de negócios, promovendo inclusão financeira de
novos segmentos da população.

A evolução regulatória voltada para a promoção da inovação e competição no Sistema Financeiro Nacional
(SFN) e no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) propiciou um ambiente de negócios seguro, com menores
barreiras à entrada e com melhores oportunidades, aumentando a oferta de novos produtos e serviços financeiros,
e levando as instituições incumbentes a readaptarem seus modelos de negócio à nova realidade.

2022 | Relatório de Economia Bancária | 8

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